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26/03/2018 1 PODER CONSTITUINTE 1. Introdução Histórica ➢Teoria do Poder Constituinte: desenvolvida no século XVIII, momento de profunda mudança de mentalidade em relação aos séculos anteriores. ➢Passagem da Idade Média para a Moderna: substituição do teocentrismo para o antropocentrismo - Deus - centro de tudo deu lugar ao homem. ➢ Surgimento do racionalismo: as teorias políticas não mais explicadas com base na existência de Deus, mas por motivos racionais. ➢Ideias racionalistas: desenvolvimento do Iluminismo e do Constitucionalismo, fazendo surgir a Teoria da origem popular do poder. 26/03/2018 2 ➢Abade francês Emmanuel Sieyès: desenvolve a teoria do poder constituinte em sua obra denominada "O que é o Terceiro Estado?"' às vésperas da Revolução Francesa. ➢Tratou da situação do Terceiro Estado (povo), na ordem dos Estados Gerais (clero, nobreza e povo). Ele questionava a condição do povo, o que era o povo, e o que tem sido o povo. ➢ Sieyès sustentava que existiria um poder de origem popular chamado de poder constituinte e que teria a força de elaborar a Constituição com uma característica de superioridade. ➢Seria superior aos próprios poderes constituídos, pois estes seriam criados pelo poder constituinte. 2. Conceito “se revela sempre como uma questão de ‘poder’, de ‘força’ ou de ‘autoridade’ política que est[a em condições de, numa determinada situação concreta, criar, garantir ou eliminar uma Constituição entendida como lei fundamental da comunidade política”. (J.J. Gomes Canotilho) 26/03/2018 3 3.Titularidade. ➢O titular do poder constituinte originário seria a Nação (passado, presente e futuro) – diferente de povo. ➢Sieyès: representantes designados pelo povo para elaborar a Constituição. ➢Para ele, a Assembleia Nacional Constituinte seria formada por representantes extraordinários do povo, porque seriam eleitos especificamente com essa atribuição e depois de encerrados os trabalhos está seria dissolvida. Esse é o modelo ideal, mas não obrigatório, por se tratar de poder incondicionado. ➢A CF/88 não observou esse modelo, porque a Assembleia Nacional Constituinte foi formada pelos congressistas eleitos em 1986 que exerceram a função parlamentar e constituinte. ➢Também alguns senadores com o mandato em curso participaram da Assembleia sem terem sido eleitos para tanto, não recebendo a delegação do povo para o exercício do poder originário. 26/03/2018 4 ➢Após a promulgação da Constituição, a constituinte não foi dissolvida passando a atuar como Congresso Nacional. ➢Por isso alguns alegaram que o texto de 1988, não representava autenticamente outra Constituição, mas não foi a ideia que prevaleceu, pois o poder constituinte originário é incondicionado e aquela foi a forma encontrada para o seu exercício. 4. O Poder Constituinte Originário, Inicial, Inaugural, Genuíno ou de Primeiro Grau ➢ Poder que cria a Constituição de um Estado. ➢Ele inaugura a ordem jurídica constitucional, que é o seu ponto de partida. ➢ Inicial: não está fundado na ordem jurídica anterior. Criará o fundamento primeiro da nova ordem jurídica que é a própria ordem constitucional. Ele pratica atos jurídicos primários, iniciais, prevendo os poderes constituídos, como Legislativo, Executivo e Judiciário, daí esse traço de poder criador, inaugural, daí sua superioridade. 26/03/2018 5 ➢Por ser inicial e superior é autônomo, como consequência de ser um poder inaugural. ➢Autônomo: porque não está vinculado à ordem jurídica anterior, por isso que é um poder político e não um poder jurídico. ➢ Por ser inicial, superior e autônomo é também um poder ilimitado. ➢Sieyès já considerava o poder constituinte originário ilimitado, mas para ele deveria se respeitar o direito natural, já que é anterior ao poder constituinte e anterior ao próprio Estado. ➢Jorge de Miranda: essa característica da teoria primeira do poder constituinte originário decorria da oposição que se fazia àquela época ao Poder Absoluto dos governantes. A ideia era criar um poder popular com a mesma força para reagir àquele poder, daí o chamado Absolutismo do Poder Constituinte (traço ilimitado). 26/03/2018 6 ➢Se existia esse propósito àquela época, a doutrina contemporânea, como faz Jorge Miranda, concorda que deve ser possível identificar algumas limitações a esse poder constituinte originário, como, por exemplo, limites transcendentes, que são aqueles que decorrem além do direito natural, decorrem também de valores éticos, superiores e de uma consciência jurídica coletiva da sociedade. ➢Limites imanentes (inerente): decorrem da natureza, da configuração do Estado, como o princípio da soberania nacional, já que não teria sentido imaginar que um poder imaginário que criaria a Constituição de um Estado não respeitaria a ideia da soberania nacional. Por lógica teria o próprio poder originário que respeitar a noção de direito sustentada por ele mesmo no movimento revolucionário que o impulsionou. ➢Limites heterônimos: emanam da conjugação de outros ordenamentos jurídicos (Direito Internacional), que impõem a integração do Estado na comunidade internacional. O Estado deverá adaptar-se às regras de direito internacional, da mesma forma que os Estados já existentes. 26/03/2018 7 ➢O Poder Constituinte Originário é incondicionado, já que não está submetido a condições preestabelecidas de exercício. É ele quem define as regras procedimentais para o seu exercício. Isto é, não há, por exemplo, a obrigatoriedade de uma Assembleia Nacional Constituinte, muito embora seja desejável. ➢Classificação do poder constituinte (Jorge Miranda): ➢Poder constituinte material: seria a própria força revolucionária que provocou a ruptura com a ordem jurídica anterior e a necessidade e impulso para adoção de nova ordem constitucional. ➢Este poder é permanente, pois a qualquer momento o povo pode impor sua vontade. Não é plausível que uma geração pudesse impor suas regras a gerações futuras, segundo Sieyès. É inclusive o que dispôs o art. 28 da Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão do século XVIII. Daí o caráter de permanência própria do poder constituinte originário. 26/03/2018 8 ➢Poder constituinte formal: é o nome dado a forma pela qual se reveste aquela manifestação revolucionária (o poder constituinte material), como, por exemplo, a Assembleia Constituinte, esta sim deveria ser temporária, já que dissolvida com o término de seus trabalhos. ➢Portanto, o poder constituinte material seria permanente, mas o poder constituinte formal que elabora a Constituição em nome do titular, este seria temporário. 4. 1. Distinção entre espécies de poder constituinte originário ➢Poder Constituinte Originário Histórico Fundacional: é aquele que faz a primeira Constituição de um país. ➢No caso brasileiro, foi aquele que fez a Constituição de 1824. 26/03/2018 9 ➢Poder Constituinte Originário Revolucionário: é o que faz uma nova Constituição. O termo "revolucionário" refere-se a um sentido amplo de revolução, não apenas no sentido bélico, mas na concepção de ruptura profunda e substancial com a ordem política e social anterior. ➢Provoca uma mudança drástica de estrutura, o que exige uma nova ordem constitucional, que reflita essa nova ordem política e social. ➢Por isso, que todo poder que cria uma nova constituição é chamado de revolucionário. ➢Isso pode ocorrer de forma pacífica, através de manifestaçõespopulares pacíficas e até por manifestações plebiscitárias. ➢Assim, todas as Constituições Brasileiras depois da de 1824 são revolucionárias. 26/03/2018 10 5. Poder Constituinte Derivado ➢Pode ser dividido em: 5.1 Reformador: esta é a expressão que designa o poder encarregado de reformar a Constituição. ➢O titular desse poder, em regra, é o povo (art. 1º, parágrafo único, da CF), mas de fato os representantes populares é que exercem esse poder. ➢Em certos países (Itália, Espanha) há a participação direta do poder de reforma. Após a reforma constitucional, em certos casos, há um referendo popular para que o povo se manifeste sobre a reforma aprovada, se aceita ou não a modificação do texto constitucional proposta pelo Legislativo. 26/03/2018 11 ➢É um poder secundário ou de segundo grau, pois é instituído pelo Poder Originário. Ele não se funda em si mesmo. É um poder subordinado à Constituição, por isso é considerado um poder jurídico ou de direito ao contrário do Poder Originário que é um poder de fato, um poder político. ➢Como é subordinado, trata-se um poder limitado pela própria CF, como as limitações materiais, (cláusulas pétreas), não podendo alterar a CF o que bem entender, devendo respeitar o núcleo que recebeu proteção especial, por vontade do Constituinte originário. ➢É um poder condicionado, já que sujeito a regras procedimentais definidas pela própria CF, como por exemplo, o art. 60 da CF (regras procedimentais para aprovação de emendas). ➢É um poder instituído, derivado, subordinado, limitado e condicionado. 26/03/2018 12 ➢Pode ser classificado de duas maneiras distintas: (1ª) tendo em vista o ordenamento que irá reformar, aí teremos um poder reformador federal se o objetivo é a reforma da Constituição Federal e ainda o poder reformador estadual das Constituições Estaduais. ➢(2ª) tendo em vista a extensão das modificações que se pretende realizar, aí podemos ter o poder revisional, que é mais amplo, mais abrangente do texto constitucional, ressalvada a essência da CF que não poderá ser atingida e, por outro lado, temos o poder de emenda, quando temos reformas pontuais de temas específicos. ➢O poder reformador seria o gênero do qual são espécies o poder revisional e o poder de emenda. ➢A CF de 1988 previu em sua parte permanente no art. 60 que a emenda constitucional é instrumento de reforma, de exercício do poder constituinte reformador. 26/03/2018 13 ➢Considere-se também que o § 3º, do art. 5º, da CF estabelece que os tratados de direitos humanos firmados pelo Brasil terão status de emenda constitucional, se apreciados e aprovados pelo mesmo quorum previsto para as emendas. ➢O art. 3º do ADCT previu o poder revisional, estabelecendo que a CF deveria se submeter à revisão depois de 5 anos da sua promulgação (a partir de 5/10/93). Não houve a previsão de uma data específica, mas poderia se dar a qualquer tempo a partir desta data. Ela deveria ser aprovada por maioria absoluta em sessão unicameral do Congresso Nacional. ➢A revisão foi realizada em 1994 e apenas tratou de questões pontuais, assumindo natureza de emendas de revisão. ➢O STF se manifestou na ADIN 815/96 que esta era a única revisão permitida na CF. 26/03/2018 14 ➢No momento da realização da revisão constitucional surgiram algumas correntes doutrinárias em relação à sua natureza, como se verá: ➢(1ª) sustentou que o poder revisional teria natureza de poder constituinte Originário já que o art. 3º do ADCT não havia especificado se a revisão deveria ou não respeitar as cláusulas pétreas e pelo silêncio teria reconhecido a natureza de poder originário que seria o único apto a ignorar cláusulas pétreas. Não foi a posição que prevaleceu. ➢(2ª) sustenta que a revisão tem a natureza de poder constituinte derivado reformador, o que foi chancelado na ADIN citada. Portanto, deve respeitar as cláusulas pétreas. 26/03/2018 15 ➢Isso decorre da própria lógica do sistema constitucional, pois se a emenda tem processo de aprovação mais rigoroso do que o processo de revisão, não teria sentido imaginar que a revisão, com o mecanismo procedimental menos complexo do que a emenda pudesse ignorar cláusula pétrea. ➢O próprio art. 3º do ADCT definiu condições de exercício do poder revisional, estabelecendo quorum de maioria absoluta, sessão unicameral, etc., mas, contudo, o poder originário é incondicional e a revisão já recebeu regras procedimentais da própria da CF, portanto, um poder condicionado, isto é, derivado. Essa corrente foi a que prevaleceu. ➢(3ª) parte da doutrina entendeu que aquela revisão não deveria ser aprovada naquele momento e em nenhum outro, porque a razão de ser daquela revisão estava no art. 2º do ADCT, que previa o plebiscito sobre escolha da forma e sistema de governo, que seria realizado em 1993. 26/03/2018 16 ➢A lógica para essa vertente doutrinária era de que como a CF de 1988 previu um plebiscito para 1993 para manifestação popular direta sobre a forma e sistema de governo, se o plebiscito alterasse a forma ou o sistema de governo, haveria a necessidade de uma adaptação da CF, por isso a revisão foi prevista no art. 3º do ADCT. E como estes não foram alterados, não haveria razão para a aprovação da revisão. Essa posição não prevaleceu. ➢Portanto, hoje a Constituição só pode ser alterada por emendas ou tratados internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados pelo Congresso Nacional (da mesma forma que as emendas constitucionais). ➢5.2. Decorrente: só existe nos países que adotam a forma de estado Federativo. Nas Federações existem estados-membros autônomos. Devido a autonomia dos estados-membros, nas federações cada ente federado tem a chamada capacidade de auto-organização, ou seja, o poder de elaborar suas próprias Constituições, as chamadas Constituições Estaduais. Portanto, identifica-se o poder constituinte. 26/03/2018 17 ➢Resta evidente, que pelas características desse poder constitucional, deve ser classificado como poder constituinte derivado, já que não é um poder inicial que se funda em si mesmo, pois sua existência decorre de previsão na Constituição Federal. ➢Também não é um poder autônomo, já que está limitado e condicionado pela Constituição Federal. A Constituição Estadual deve respeitar as normas da Constituição Federal. ➢Para que esse poder constituinte não fosse confundido com o poder derivado típico, que é o poder constitucional de reforma (revisão e emenda), recebeu o nome de poder constituinte derivado decorrente. 26/03/2018 18 ➢No Brasil, a CF/88 prevê esse poder no art. 25, observando sempre o respeito à Constituição Federal. Também ficou estabelecido no art. 11 do ADCT um limite temporal a este poder estadual, segundo o qual deveria ser exercido e concluída sua tarefa no prazo de 1 ano da promulgação da CF/88. ➢Surgiu uma discussão relativa ao reconhecimento ou não de um poder constituinte derivado municipal, devido ao fato que a CF/88 inovou ao incluir os Municípios no rol dos entes da federação brasileira, ao lado da União, Estados-membros e do Distrito Federal. ➢Esse reconhecimento vem expresso no art. 1º da CF/88 (a República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados- membros, Distrito Federal e Municípios) e o art. 18 que prevê como entes autônomos da Federação a União, Estados-membros, DF e os Municípios. 26/03/2018 19 ➢Como receberamstatus de ente da Federação possuem autonomia política, financeira, administrativa e capacidade de auto-organização. O art. 29 da CF prevê que cada Município elaborará sua própria Lei Orgânica, no prazo de 6 meses da promulgação da Constituição do respectivo Estado-membro (art. 11, parágrafo único, doADCT). ➢A CF/88 agiu diferentemente do modelo anterior, já que antes dos Estados elaboravam as Leis Orgânicas de seus Municípios. ➢Alguns autores chegaram a denominar a Lei Orgânica Municipal como uma verdadeira Constituição Municipal, até mesmo porque sua essência é muito semelhante às Constituições estaduais, já que disciplinam a organização dos próprios poderes do Município. 26/03/2018 20 ➢Teria, portanto, uma essência de Constituição, mas prevaleceu o entendimento, na doutrina e na jurisprudência, que Lei Orgânica Municipal não possui status de norma constitucional e, portanto, não é produzida por um poder constituinte derivado decorrente. Assim, Lei Orgânica Municipal tem status de norma legal. ➢A violação da Lei Orgânica Municipal não gera inconstitucionalidade, mas apenas ilegalidade. ➢A mesma discussão recaiu sobre a Lei Orgânica do DF, já que a CF/88 o considerou como ente autônomo da federação. ➢A natureza do DF não é a mesma dos Estados, tampouco dos Municípios. O DF exerce as competências dos Estados-membros e dos Municípios (art. 32, da CF). Desse modo, a Lei Orgânica Distrital tem natureza híbrida, pois trata de assuntos de competência estadual e outras de natureza municipal. 26/03/2018 21 ➢A parte da Lei Orgânica do DF que trata de matérias que seriam de competência estadual tem status de norma constitucional, portanto, pode ser protegida através dos meios de controle de constitucionalidade perante o TJ/DF, conforme a parte final Lei nº 9.868/99. ➢Consequentemente, a parte desta Lei que trata de matérias que seriam de competência municipal não tem status de norma constitucional, mas de norma legal. ➢Portanto, daí o poder que a elaborou ter natureza híbrida. ➢Por ser um poder constituinte limitado, o poder decorrente se sujeita a várias restrições impostas pela CF, por isso, a doutrina apresenta várias classificações dos princípios da CF que restringem a atuação do poder decorrente. 26/03/2018 22 ➢Muitas vezes são princípios que vinculam os Municípios, mesmo não existindo na esfera municipal o poder constituinte decorrente. ➢De acordo com a classificação mais conhecida, esses princípios da CF podem ser divididos da seguinte forma: ➢(1º) Princípios Constitucionais Estabelecidos: são aqueles que impõem aos entes federados limitações explícitas, diretas, como também limitações implícitas e indiretas, restringindo a atuação dos entes federados. ➢Exemplos: art. 19 da CF impõem limitações explícitas, inclusive a todos os entes da federação, estabelecendo que todos eles não podem instituir um culto oficial, nem relação de dependência com seus representantes; não podem recusar fé a documentos públicos; nem discriminar brasileiros em razão da procedência nacional, impedindo a discriminação dos próprios entes. 26/03/2018 23 (b) art. 149, da CF prevê que é privativo da União instituir a CIDE, isto significa que os demais entes não têm competência para tanto, portanto, uma limitação implícita. (2º) Princípios Constitucionais Sensíveis: são aqueles expressos na CF e que se forem violados geram ou poderão gerar a intervenção federal no Estado transgressor. ➢ Esses princípios estão relacionados no art. 34, VII, da CF (forma republicana de governo, regime democrático e o sistema representativo, autonomia municipal, os direitos da pessoa humana, a prestação de contas pela Administração Pública (direta e indireta) e a aplicação de parte dos recursos estaduais, originários de transferências, nos setores de ensino e saúde). 26/03/2018 24 (3º) Princípios Constitucionais Extensíveis: são normas da CF que disciplinam a organização da União. Em nenhum momento fazem referência a instituições dos Estados, DF e dos Municípios. Mas devido a importância desses princípios para a unidade e harmonização do federalismo brasileiro, estes princípios devem ser observados pelos demais entes da federação no momento em que disciplinarem as instituições equivalentes, daí o nome princípios extensíveis, pois são extensíveis aos demais entes. ➢De acordo com o STF, são exemplos de princípios extensíveis as normas da CF sobre processo legislativo, eleição do Chefe do Executivo, matéria orçamentária, organização e funcionamento de Tribunal de Contas, dentre outras. Também foi considerado pelo STF como princípio extensível a norma que prevê que cabe ao Congresso Nacional autorizar o Presidente da República a permanecer mais de 15 dias fora do país. ➢No entanto, em muitos casos é inviável a reprodução na íntegra da norma que a CF previu para União, isso em razão das peculiaridades dos demais entes. É preciso um critério de adequação desses princípios extensíveis às outras esferas da federação (princípio da simetria). 26/03/2018 25 ➢Isso não afasta a autonomia dos entes federativos na produção de normas, ainda que consideradas as normas de reprodução obrigatória. 5. 3. Limitações Impostas pela Constituição Federal ao Poder Reformar referentes às Emendas. ➢Há dois grupos de limitações: (a) as circunstanciais (art. 60, §§ 1º e 5º). (b) as formais/processuais/procedimentais (art. 60, I a III, § 2º). 5. 4. Limitações Materiais do art. 60, § 4º da CF ➢As limitações materiais referem-se às cláusulas pétreas ou núcleo intangível da Constituição, seria a parte que representaria o núcleo da CF, portanto, merecedora de proteção especial em face do poder de reforma. 26/03/2018 26 ➢São interpretadas de forma restritiva, já que a regra é a possibilidade de reforma dos dispositivos constitucionais, exceto aqueles que a própria CF impede. 5.5. Limitações Implícitas ➢Há discussão doutrinária relacionada à existência de limites implícitos ao poder reformador e, portanto, da existência ou não de cláusulas pétreas implícitas. Como a regra geral é a possibilidade de reforma da CF, muitos entendem que é incoerente o reconhecimento de limites implícitos, mas boa parte da doutrina reconhece a sua existência. ➢Seriam elas: o titular do poder constituinte originário; o titular do poder constituinte derivado e; o § 4º, do art. 60 da CF, pois se não fosse uma cláusula pétrea implícita, seria possível a aprovação de uma emenda alterando a relação das cláusulas pétreas. 26/03/2018 27 ➢ Há quem entenda também que todo art. 60 representa uma clausula pétrea implícita, pois se fosse possível sua alteração, uma emenda poderia transformar a CF que é rígida em uma que é flexível, alterando as regras procedimentais de reformas, equiparando o processo de reforma ao processo da lei ordinária. 6. Poder Constituinte Difuso ➢ O texto da Constituição pode manter-se inalterado, entretanto, diante de uma nova realidade social é possível extrair daquele texto constitucional uma outra norma, um outro sentido, favorecendo o fenômeno da "Mutação Constitucional", segundo o qual há o reconhecimento de reforma da Constituição por mecanismos não oficiais, como a fixação de uma nova interpretação. 7. A Nova Constituição e Ordem Jurídica Anterior 7. 1. Recepção ➢ O sistema infraconstitucional anterior deve se submeter a um juízo de conformidade material, ou seja, verifica-se se o conteúdo da legislaçãoanterior é compatível com o texto da nova Constituição. 26/03/2018 28 ➢Se houver a compatibilidade, a vigência da legislação anterior é mantida. ➢ Esse mecanismo foi criado para se evitar um caos jurídico, em nome da própria segurança jurídica, porque, em tese, uma nova Constituição exigiria uma reelaboração do sistema jurídico inferior, já que a Constituição é o fundamento de validade de todo ordenamento jurídico. ➢ Para fins de recepção verifica-se tão somente a compatibilidade material, não importa eventual incompatibilidade forma ➢Somente será permitida a recepção de lei constitucional à luz da Constituição anterior, ou seja, se ela for material e formalmente compatível com a Constituição anterior. 7. 2. Repristinação ➢ Trata-se da revalidação de norma revogada pela Constituição anterior, mas que viesse a se compatibilizar com a atual. ➢ Somente poderia ser admitida por força de expressa previsão no texto constitucional. 26/03/2018 29 7. 3. Desconstitucionalização ➢ Não reconhecido no Brasil, mas o é em outros Estados. ➢As normas da Constituição anterior que não foram reproduzidas pela nova Constituição e que não a contrariarem terão sua vigência mantida, mas com outra natureza, não mais com natureza de norma constitucional, mas sim com natureza de norma infraconstitucional.
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