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AULA 1 – TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Conceito de Direito Não há um consenso sobre este conceito, ou seja, os doutrinadores apresentam definições diferentes. De forma geral, o direito se traduz no conjunto de normas que regulam a vida social, as relações humanas, assegurando as condições de equilíbrio da vida em sociedade. Direito em latim = directum (aquilo que é reto, que esta de acordo com a lei). Na medida em que o ser humano tem o livre arbítrio, ou seja, tem liberdade de escolha na conduta a ser tomada nesta ou naquela ocasião, podemos entender o Direito também como a ciência do “dever ser” (devo agir assim ou assado...) Na vida em sociedade costumamos observar, além das normas jurídicas, normas morais e religiosas. Normas jurídicas e morais são normas de comportamento distinguindo-se principalmente pela sanção (que no Direito é imposta pelo Poder Público para constranger o indivíduos a observar a norma e que na Moral é imposta pela consciência do indivíduo que sentirá remorso, arrependimento). Em síntese, ninguém esta obrigado a cumprir umas norma de ordem moral pois não há força coercitiva, diferente do direito que obriga a todos. Ex.: Dívida de jogo Direito Positivo e Direito Natural O Direito Positivo é o ordenamento jurídico em vigor. É o direito posto. O Direito Natural é a ideia abstrata de Direito (justiça superior). Corrente doutrinária conhecida por Jusnaturalismo e defendida por Santo Agostinho e São Tomás de Aquino e pela Igreja de uma forma geral nos séculos XVII e XVIII. A Escola Positivista REFUTA o Jusnaturalismo, atendendo à realidade concreta do Direito Positivo e obedecendo apenas a história. Se utilizarmos o mesmo exemplo dado anteriormente (Dívida de jogo), para o Direito Positivo, não é exigível, enquanto que para o Direito Natural, ética obrigatório! Direito Objetivo e Subjetivo Direito Objetivo é o conjunto de normas impostas pelo Estado as quais estão compelidos os indivíduos mediante coerção. É o direito posto. É a norma de agir (norma agendi). Direito Subjetivo é a faculdade individual de agir de acordo com o Direito Objetivo, invocando sua proteção. É a faculdade de agir (facultas agendi). Nascem juntos! Se o Direito Objetivo é modificado, altera-se o Direito Subjetivo. A teoria de HANZ KELSEN (Teoria Pura do Direito) integra a doutrina negativista, ou seja, que não admite a existência do Direito Subjetivo. Para KELSEN, a obrigação jurídica não é senão a própria norma jurídica e o Direito Subjetivo não é senão o próprio Direito Objetivo. No entanto, no nosso Direito, predominam as doutrinas afirmativas que se desdobram em : a) teoria da vontade (Savigny): para a qual o Direito Subjetivo constitui o poder da vontade reconhecido pela ordem jurídica; b) teoria do interesse (Ihering): para a qual o Direito Subjetivo é o interesse juridicamente protegido por meio de uma ação judicial; c) teoria mista: conjuga o elemento vontade com o elemento interesse. Na verdade Direito Subjetivo e Direito Objetivo são aspectos da mesma realidade, o primeiro revelando-se como expressão da vontade individual e o segundo, da vontade geral. Para Maria Helena Diniz, o Direito Objetivo é sempre um conjunto de normas impostas ao comportamento humano, autorizando-o a fazer ou não fazer algo, prescrevendo uma sanção em caso de violação. O Direito Subjetivo é sempre permissão que tem o individuo de agir conforme o Direito Objetivo. Um não pode existir sem o outro! Ex: A Constituição Federal garante o direito de propriedade (direito objetivo). A prerrogativa do proprietário fazer uso desse direito para defender seu interesse é direito subjetivo. Direito Público e Direito Privado Divisão oriunda do Direito Romano, mas para a qual não há consenso quanto aos traços diferenciadores até os dias atuais. Na verdade o Direito deve ser visto como um todo, cabendo a presente divisão apenas por motivos didáticos. Direito Público é o destinado a disciplinar os interesses gerais da coletividade enquanto o Direito Privado contém preceitos reguladores das relações dos indivíduos entre si. O mais correto é afirmar que o Direito Público regula as relações entre o Estado e outros Estados e entre o Estado e os cidadãos, e que o Direito Privado é o que disciplina as relações entre os indivíduos como tais (interesse de ordem particular). Integram hoje o Direito Privado: Civil; Comercial; do Trabalho; do Consumidor, (ha divergências quanto ao Direito do Trabalho). O Direito Público: Constitucional, Administrativo, Tributário, Penal, Processual, Internacional. Normas de ordem pública são normas cogentes (de aplicação obrigatória). Normas de ordem privada são normas dispositivas (vigoram enquanto a vontade dos interessados não convencionar de forma diversa – caráter supletivo). No direito Civil predominam as normas de ordem privada! Desde o final do século XIX há uma tendência de unificação do Direito Privado, disciplinando de forma conjunta e uniforme o Direito Civil e Comercial. O C.C. de 2002 trouxe uma melhor solução para este impasse, unificando as obrigações civis e mercantis, trazendo para o seu bojo a matéria constante da primeira parte do Código Comercial (CC, art. 2045). A CODIFICAÇÃO Após a Independência do Brasil em 1822, a legislação portuguesa (Ordenações Filipinas) continuou a ser aplicada entre nós, mas com a ressalva de que vigoraria até que se elaborasse o Código Civil. Varias tentativas foram feitas, mas somente após a proclamação da Republica, com a indicação de Clóvis Bevilaqua, foi o Projeto de Código Civil, por ele confeccionado, encaminhado ao Congresso Nacional, em 1900, sendo aprovado em janeiro de 1916 e entrando em vigor em 1º de Janeiro de 1917. O CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO O Código Civil de 2002 resultou do Projeto de Lei n. 634/75, elaborado por uma comissão de juristas, sob supervisão de Miguel Reale, que unificou, parcialmente, o direito privado. Contem 2046 artigos e divide-se em: Parte Geral, que trata das pessoas, dos bens e dos fatos jurídicos, e Parte Especial, dividida em cinco livros com os seguintes títulos, nesta ordem: Direito das Obrigações, Direito de Empresa, Direito das Coisas, Direito de Família e Direito das Sucessões. O atual Código manteve a estrutura do Código Civil de 1916, afastando-se, porém, das concepções individualistas que o nortearam, para seguir orientação compatível com a socialização do direito contemporâneo. Conceito de Direito Civil Para Maria Helena Diniz, “O Direito Civil é, pois, o ramo do direito privado destinado a reger relações familiares, patrimoniais e obrigacionais que se formam entre indivíduos encarados como tais, ou seja, enquanto membros da sociedade.” Princípios do Direito Civil Princípio da Personalidade – aceita todo ser humano como sujeito de direitos e deveres. Princípio da Autonomia da Vontade – reconhece a capacidade jurídica do ser humano conferindo-lhe o poder de praticar ou abster-se de praticar determinados atos, de acordo com sua vontade. Princípio da Liberdade e da Estipulação Negocial – outorga de direitos e deveres que originam negócios jurídicos. Princípio da Propriedade Individual – o homem, através de seu trabalho e outras formas legais, exterioriza sua personalidade em bens que constituem seu patrimônio. Princípio da Intangibilidade Familiar – reconhece a família como seu “ser” pessoal. Princípio da Legitimidade da Herança e do Direito de Testar – poder de transmitir os bens (total ou parcialmente) aos seus herdeiros. Princípio da Solidariedade – concilia as exigências da coletividade com os interesses particulares (negócios jurídicos).
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