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Aula 1 Ligações químicas, Hibridização, Fórmulas estruturais, Interações intermoleculares, Carga formal UFOP-ICEB-QUI-703 Química Orgânica para Ciências e Tecnologia de Alimentos Aula do dia 19 de março de 2018 1. Introdução • Fundamentos da química orgânica → metade do século XVIII • 1780 → os cientistas começaram a distinguir entre os compostos orgânicos e os inorgânicos Compostos Químicos Inorgânicos � originados de fontes não-vivas Orgânicos � obtidos a partir de organismos vivos Junto com esta distinção crescia uma crença!! “ Vitalismo” ⇓⇓⇓⇓ Segundo o Vitalismo a intervenção de uma “força vital” era necessária para a síntese de Compostos Orgânicos, que só poderia ocorrer em organismos vivos 1. Introdução → 1828, Friedrich Wöhler sintetizou: Esta síntese derrubou o Vitalismo Cianato de amônio Composto inorgânico Ureia Composto orgânico Química orgânica →→→→ química dos compostos de carbono Por quê o carbono é especial? - é um elemento do grupo 4A, compartilha 4 é na camada de valência e forma 4 ligações covalentes; - liga-se um ao outro formando cadeias e anéis (85% dos compostos conhecidos são orgânicos); - as substâncias bioquímicas são compostos orgânicos (DNA e RNA); - os compostos orgânicos diferem dos inorgânicos em muitas de suas propriedades 1. Introdução 2. Teoria Estrutural da Química Orgânica → August Kekulé, → Alexander M. Butlerov Archibald Scott Couper e implantaram a base da teoria estrutural Entre 1858 e 1861 Teoria Estrutural →→→→ concretização das idéias referentes à maneira como os átomos podem se agrupar para formar moléculas. 2. Teoria Estrutural da Química Orgânica Dois critérios fundamentam esta teoria: 1. Os átomos dos elementos nos compostos orgânicos podem formar um número de ligações fixas→ valência. 2. Um átomo de carbono pode utilizar uma ou mais de suas valências para formar ligações com outros átomos de carbono. 2a. Isômeros: Importância das Fórmulas Estruturais Exemplo: - Dois compostos com fórmula molecular C2H6O, têm propriedades diferentes. Por quê? À temperatura ambiente: líquido gás Teoria Estrutural →→→→ solucionou o problema do isomerismo. Isômeros→→→→ compostos diferentes com a mesma fórmula molecular. 2a. Isômeros: Importância das Fórmulas Estruturais Exemplo: - Fórmulas estruturais diferente conectividade revelam a diferença entre os átomos Fórmula Molecular Isômeros Constitucionais C2H6O Em 1916 G. N. Lewis e W. Kössel ���� deram as primeiras explicações da natureza das ligações químicas Idéia central →→→→ os átomos sem a configuração eletrônica de um gás nobre geralmente reagem para produzir tal configuração Regra do octeto 3. Ligações Químicas: A Regra do Octeto Dois tipos principais de ligações foram propostos: A ligação iônica (ou eletrovalente) →→→→ formada pela transferência de um ou mais elétrons de um átomo para outro para criar íons. A ligação covalente →→→→ uma ligação que resulta quando os átomos compartilham os elétrons. Os átomos podem ganhar ou perder elétrons formando Íons →→→→ partículas carregadas Fonte dos íons →→→→ é a reação entre átomos de eletronegatividades muito diferentes. 3.a. Ligações Iônicas � Na tabela periódica a eletronegatividade cresce da esquerda para a direita e de baixo para cima. 3.a. Ligações Iônicas Exemplo: reação entre os átomos de lítio e flúor. Li + F Li + F + - Lítio, metal típico ↓ Eletronegatividade muito baixa Flúor, não-metal ↓ Contém a maior eletronegatividade de todos Cátion lítio Ânion fluoreto Atração eletrostática Ligação Iônica Quando 2 ou mais átomos da mesma ou de eletronegatividade similares reagem ���� não ocorre uma transferência completa de elétrons Os átomos alcançam a configuração de gás nobre compartilhando elétrons ���� Ligações Covalentes se formam →→→→ produtos são chamados moléculas 3.b. Ligações Covalentes 3.b. Ligações Covalentes Exemplo 1 : molécula do Hidrogênio Exemplo 2 : molécula do Metano � Estrutura de ponto de elétrons � Estrutura de Kekulé ou fórmula de traços 4. Escrevendo as Estruturas de Lewis Exemplo: átomo de H está no grupo 1A e têm 1 elétron de valência Exemplo: átomo de C está no grupo 4A e têm 4 elétrons de valência PERíODOS GRUPOS Estruturas de Lewis → elétrons da camada de valência � são iguais ao número do grupo ao qual pertence o átomo 4. Escrevendo as Estruturas de Lewis Exemplo: Escrever a estrutura de Lewis do CH3F. 1. Encontramos o número total de elétrons de valência de todos os átomos: 4 + 3(1) + 7 = 14 elétrons ↑ ↑ ↑ C H F 2. Depois é necessário determinar qual é o átomo central, e ligá-lo aos átomos periféricos por pares de elétrons. 4. Escrevendo as Estruturas de Lewis Até agora usamos 8 elétrons para formar as ligações covalentes. 14 – 8 = 6 elétrons de valência que ficaram faltando 3. Os demais 6 elétrons de valência são atribuídos ao átomo de flúor em três pares não-ligantes. 5. Ressonância Estruturas de Lewis → impõem aos elétrons uma localização artificial. Exemplo: Podemos escrever 3 estruturas diferentes para o íon carbonato (CO32-) As estruturas de 1-3 são equivalentes (mesma estabilidade). 5. Ressonância Estruturas de ressonância → usamos setas de duas pontas para ligá-las, indicando que são hipotéticas e não reais. C O: : .. .. O: .. .. O:- - C O: : .. .. O: .. .. O:- - C O: : .. .. O: .. .. O: -- Íon carbonato→ híbrido destas estruturas 1 2 3 2- 5. Ressonância As energias relativas das estruturas contribuintes de ressonância são regidas pelas seguintes regras: 1 - estruturas com maior número de ligações covalentes são mais estáveis. 2 - estruturas com a menor quantidade de cargas formais são mais estáveis. 3 - se todas as estruturas possuem cargas formais, a mais estável tem sinal negativo sobre o átomo mais eletronegativo e um sinal positivo sobre o átomo mais eletropositivo. 4 - Estruturas com cargas formais semelhantes em átomos adjacentes (vizinhos) têm alta energia. 6. Carga Formal Exemplo: Considere a molécula do ácido fórmico H2CO2 6. Carga Formal 7. Prótons, Nêutrons e Elétrons → é o modo como os elétrons se distribuem no átomo O Princípio da Construção: Os orbitais com menos energia são preenchidos primeiro O Princípio da Exclusão de Pauli: - Somente dois elétrons podem ocupar um orbital e eles devem ter spins opostos - Spins opostos tem a seguinte notação: 8. Configuração Eletrônica 8. Configuração Eletrônica A Regra de Hund: Quando temos orbitais de mesma energia, adicionamos a cada um, um elétron com seus spins não-emparelhados, até que cada um dos orbitais contenha um elétron. Depois começamos a adicionar um segundo elétron a cada orbital para que o spin fique emparelhado. 1 s 2 p 2 s orbitais 144424443 Oxigênio Número atômico = 8 9. Orbitais Atômicos • Orbital → região do espaço onde, com maior probabilidade, se pode encontrar o elétron. • Existem quatro tipos diferentes de orbitais⇒ s, p, d e f • Os orbitais s e p são os orbitais mais importantes na formação das moléculas orgânicas. 9. Orbitais Atômicos Orbital s→ é uma esfera ao redor do núcleo. y z x orbital s Orbital 1s→ corresponde ao nível de energia mais baixo. 9. Orbitais Atômicos Orbitais p → têm a forma de duas esferas achatadas quase tangentes. Os eixos destes três orbitais são perpendiculares entre si e cruzam-se sobre o núcleo Orbitais Atômicos→ modelos para o entendimento de como osátomos se combinam para formar moléculas Ex: formação da molécula de H2 a partir de dois átomos de H. 10. Orbitais Moleculares H H H H HH Orbitais s separados Orbitais s em sobreposição Orbital molecular - geometria cilindrica - orbital sigma - ligação sigma Exemplo: elemento carbono 11. Teoria da Hibridização Orbital Configuração eletrônica do C no estado fundamental Configuração eletrônica do C no estado excitado 11. Teoria da Hibridização Orbital Hibridização sp3 do carbono – quando o orbital 2s se une a 3 orbitais 2p, dando origem a 4 orbitais híbridos chamados sp3. 1s2 2s1 2p3 1s2 2sp3 Configuração eletrônica do C no estado excitado 4 orbitais híbridos sp3 11. Teoria da Hibridização Orbital Exemplo: CH4 geometria tetraédrica O ângulo entre os orbitais hídridos sp3 é de 109,5º, dessa forma a distância entre eles é máxima. 11. Teoria da Hibridização Orbital Exemplo: formação da molécula do etano ( ) ⇒ Os 2 átomos de C com hidridização sp3 se aproximam um do outro, formando uma ligação sigma pela sobreposição sp3-sp3. 11. Teoria da Hibridização Orbital Hibridização sp2 do carbono – quando o orbital 2s se une a 2 orbitais 2p, dando origem a 3 orbitais sp2 e um orbital p. 1s2 2s1 2p3 1s2 2sp2 2p Entre os 3 orbitais híbridos sp2 temos um ângulo de 120o. Configuração eletrônica do C no estado excitado 3 orbitais híbridos sp2 e um orbital p 11. Teoria da Hibridização Orbital Exemplo: formação da molécula do eteno ( ) 11. Teoria da Hibridização Orbital Hibridização sp do carbono – quando o orbital 2s se une a 1 orbital 2p, dando origem a 2 orbitais sp e 2 orbitais p. Configuração eletrônica do C no estado excitado 1s2 2s1 2p3 1s2 2sp 2p Entre os dois orbitais híbridos sp teremos um ângulo de 180o. 2 orbitais híbridos sp e 2 orbitais p 11. Teoria da Hibridização Orbital do etino Exemplo: formação da molécula do etino ( ) 11. Teoria da Hibridização Orbital 11. Teoria da Hibridização Orbital 11. Teoria da Hibridização Orbital Hibridação Ácido pKa Ácido pKa sp3: 25% carácter s H3C-CH3 50 (H3C)3NH - 10 sp2: 33% carácter s H2C=CH2 44 5,2 sp: 50% carácter s HC≡≡≡≡CH 25 H3CC≡≡≡≡NH -10 O efeito da diferença de eletronegatividade entre os carbonos com hibridização sp3, sp2 e sp é percebido na acidez. A cid ez a u m enta Eletro n egativid ad e •••• Na acidez 12. Ligações Covalentes Polares Quando dois átomos de eletronegatividades diferentes formam uma ligação covalente, os elétrons não são divididos igualmente entre eles. O átomo com maior eletronegatividade puxa o par de elétrons para si, resultando em uma ligação covalente polar. Exemplo: - U m d ip o lo + δδδδ+ δδδδ- ⇒ Momento de dipolo O momento de dipolo é uma propriedade física que pode ser medida experimentalmente. Momento de dipolo = carga (ue) x distância (cm) µ = e x d = D (debye) ue = unidades eletrostáticas 12. Ligações Covalentes Polares A direção da polaridade de uma ligação polar pode ser simbolizada pela quantidade vetorial No HCl, o momento de dipolo é indicado do seguinte modo: H ClA extremidade cortada da seta é o pólo positivo Cabeça da seta: pólo negativo 12. Ligações Covalentes Polares Moléculas diatômicas formadas por átomos iguais são sempre apolares. Exemplos: H2, O2, N2, Cl2 e Br2. Moléculas diatômicas formadas por átomos diferentes são sempre polares. µ = 0 D Algumas moléculas com mais de dois átomos, entretanto, possuem ligações polares, mas não possuem momento dipolo. Exemplo: CCl4 Cl C Cl Cl Cl C−Cl → polares Molécula tetraédrica → momentos de dipolo se anulam µ = 0 D 12. Ligações Covalentes Polares Exemplo: Clorometano (CH3Cl) C−H → eletronegatividades quase iguais ↓ quase não contribuem para o dipolo total H C H Cl H C−Cl → eletronegatividades diferentes ↓ contribui para a maior parte do momento de dipolo µ = 1,87 D 13. Forças Intermoleculares São divididas em vários tipos, conforme a natureza das partículas: a) Íon-Dipolo Atração entre um íon e uma molécula polar. Ocorre quando compostos iônicos como NaCl, CaCl2, Na2SO4 e outros são dissolvidos em solventes polares como água ou álcool. Exemplo: 13. Forças Intermoleculares b) Forças Dipolo-Dipolo Observa-se em moléculas polares e resulta da atração mútua entre a extremidade positiva de uma molécula e a extremidade negativa de outra. Exemplo: Um exemplo de como a intensidade da força de interação dipolo-dipolo tem influência sobre a temperatura de ebulição dos compostos pode ser demonstrada pelos dois isômeros do 1,2-dicloroeteno: 13. Forças Intermoleculares c) Ligações Hidrogênio São atrações dipolo-dipolo muito fortes que ocorrem quando um átomo de hidrogênio serve de ponte entre dois átomos fortemente eletronegativos (F, O ou N), firmando-se a um por uma ligação covalente e ao outro por forças eletrostáticas. Uma ligação hidrogênio é representada por uma linha tracejada. Exemplo: A ligação de hidrogênio pode ser de dois tipos: - intramolecular - Intermolecular 13. Forças Intermoleculares d) Forças dipolo induzido-dipolo induzido (Van der Waals) Os elétrons de uma molécula apolar podem causar momentaneamente um desequilíbrio na distribuição da carga nas moléculas vizinhas, induzindo um momento dipolar temporário. Estes dipolos induzidos resultam em forças de atração fracas. 13. Forças Intermoleculares Forças intermoleculares: propriedades físicas 14. Solubilidade Forças intermoleculares⇒ explicam as solubilidades das substâncias. Exemplo: dissolução de um composto iônico pela água. A água rodeia os íons individualmente. Íons positivos são cercados por moléculas de água com extremidade negativa do dipolo apontada da direção do íon positivo. Íons negativos são solvatados de maneira oposta. ⇒ Semelhante dissolve semelhante Compostos iônicos e polares⇒⇒⇒⇒ dissolvidos em solventes polares Composto apolares ⇒⇒⇒⇒ dissolvidos em solventes apolares ⇒ Estrutura também irá definir a solubilidade Exemplo: Etanol: Decanol: (devido à formação de ligações hidrogênio) (Hydro: água; photos, temor) Grupo hidrofílico (hydro: água; philos, amado) 14. Solubilidade insolúvel em água Composto é solúvel em água⇒ 3 g se dissolvem em 100 mL. Compostos que possuem grupos hidrofílicos seguem algumas regras: 1) compostos com 1 a 3 átomos de C são solúveis; 2) compostos com 4 a 5 átomos de C estão no limite da solubilidade; 3) compostos com 6 ou mais de 6 átomos de C são insolúveis. Os polissacarídeos, as proteínas e os ácidos nuclêicos são solúveis em água porque possuem vários grupos hidrofílicos. 14. Solubilidade Qual composto é mais solúvel em água? CH3CH2CH2CH2OH ou HOCH2CH2CH2CH2OH 15. Formas de Representação Indica o tipo de átomos que formam uma molécula e a proporção mais simples em que se encontram 15. Formas de Representação ou fórmula de linhas de ligação
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