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A doação acarreta

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A doação acarreta, unicamente, a obrigação do doador de entregar, gratuitamente, a coisa doada ao donatário.
A doação serve de titulus adquirendi, pois o domínio só se transmitirá pela tradição,s e móvel o bem doado, e pelo registro, se imóvel.
A doação é contrato unilateral (apenas um dos contratantes assume obrigações perante o outro, ou seja, apenas o doador se obrigará, não havendo para o donatário qualquer contraprestação), formal (o simples acordo de vontade não é suficiente para que o contrato esteja perfeito e acabado, sendo necessária a escritura pública ou instrumento particular. A doação verbal apenas terá validade se versar sobre bens móveis de pequeno valor e se lhe seguir in continenti a tradição), gratuito (o donatário terá um enriquecimento em seu patrimônio sem qualquer contraprestação) ou oneroso ( se for imposto ao donatário um encargo);
2 – Ânimo do doador de fazer uma liberalidade (animus donandi), proporcionando ao donatário certa vantagem á custa se seu patrimônio.
3- Transferência de bens ou de direitos do patrimônio do doador para o do donatário, ainda que de valor insignificante, uma vez que o donatário deverá enriquecer na medida em que o doador empobrece.
4 – Aceitação do Donatário, pois o contrato não se aperfeiçoará enquanto o beneficiário não manifestar sua intenção de aceitar a doação (art. 539 CC).
Por ser a doação um contrato benéfico, o donatário não precisará ter capacidade de fato para aceitar a doação pura e simples, embora se suponha necessário o consentimento de seu representante legal.
Mesmo o nascitura poderá receber doação, mais a aceitação deverá ser manifestada pelo seu representante legal, ou seja, pelo seu pai, mãe ou curador.
O consentimento do donatário pode ser expresso ou tácito e ser manifestado concomitantemente ou posteriormente ao ato que institui a liberalidade.
Revogação da Doação: será possível enquanto o donatário não aceitar expressa ou tacitamente a doação.
Após a aceitação, não será mais possível a revogação unilateral da doação pelo doador.
Se o doador vier a falecer antes da aceitação do donatário, resolver-se-á a doação.
Requisitos para validade da doação:
Além dos requisitos gerais reclamados para qualquer negócio, exige a doação a observância de outros requisitos:
1- Requisito Subjetivo: capacidade ativa e passiva dos contratantes;
Os absolutamente e os relativamente incapazes não poderá doar, ainda que por meio de representes legais, visto que as liberalidades não são feitas no interesse do representado.
Os cônjuges sem a devida autorização, exceto no regime de separação absoluta, não poderão fazer doação. (art. 1647 CC).
O cônjuge adúltero não pode doar a seu cúmplice, sob pena de anulabilidade.
Em relação a capacidade passiva ou capacidade para receber doação, não há qualquer empecilho se se tratar doação pura e simples, ante o caráter benéfico do ato.
2 – Requisito Objetivo: o objeto deve ser coisa que esteja no comércio: bens móveis, imóveis, corpóreos ou incorpóreos, presentes ou futuros, direitos reais, vantagens patrimoniais de qualquer espécie.
Se exige ainda a licitude e determinabilidade do objeto a ser doado.
Não valerá a doação de todos os bens (doação universal), sem reserva de parte do patrimônio que possa ser transformada em renda pecuniária.
3- Requisito Formal: por ser um contrato solene, o art. 541 do CC impõe uma forma que deverá ser observada, sob pena de não valer o contrato.
A doação deverá obrigatoriamente ser feita de forma escrita por instrumento público ou particular.
Poderá a doação ser feita verbalmente, seguida de tradição, se o seu objeto for móvel e de pequeno valor. (art. 541 § único do CC).
ESPÉCIES DE DOAÇÃO:
1- Doação pura e simples: é a que é feita por mera liberalidade, sem condição presente ou futura, sem encargo, sem termo, enfim, sem quaisquer restrições ou modificações para sua constituição ou execução. Ex: doação de um objeto a A porque é estudioso (doação meritória).
2- Doação modal ou com encargo ou onerosa: o doador impõe ao donatário um incumbência em seu benefício, em proveito de terceiro ou do interesse geral. Arts. 553 § único, 562 e 1938 do CC. Ex: doação de um terreno impondo ao donatário a obrigação de nele construir uma escola.
O encargo pode ser estabelecido em favor do próprio doador ou em benefício de terceiro ou ainda em prol do interesse geral
3- Doação Remuneratória: é aquela em que, sob a aparência de mera liberalidade, há firme propósito do doador de pagar serviços prestados pelo donatário ou alguma outra vantagem que haja recebido dele. Ex: doação de um objeto valioso a um médico que tratou do doador sem cobrar nada.
4- Doação Condicional: a que surte efeitos apenas a partir de determinado momento, ou seja, depende de acontecimento futuro e incerto. Ex: doação de imóvel feita em contemplação de casamento futuro.
Nesse tipo de doação, o donatário apenas terá direito ou perderá o direito á coisa doada, se se verificar a condição.
5- Doação a Termo: se tiver termo inicial ou final. Ex: doação de imóvel a duas pessoas, dando a uma delas o direito de usá-lo durante 10 anos e á outra a partir dessa data.
6- Doação de pais e filhos ou de um cônjuge a outro: importa em adiantamento da legítima, ou seja, daquilo que por morte do doador o donatário receberia. Ex: regime de comunhão parcial
7- Doação Conjuntiva: feita em comum a mais de uma pessoa, sendo distribuída por igual entre os diversos donatários, excetos se o contrato estipulou o contrário.
Art. 551 e § único do CC.
INVALIDADE DA DOAÇÃO:
A doação será inválida se ocorrer:
1- casos de nulidade comuns aos contratos em geral (art. 166 do CC). Ex: se não houver capacidade ativa ou passiva dos contratantes.
2- se se apresentarem os vícios que lhe são peculiares. EX: doação universal, compreendendo todos os bens do doador.
3- se houver presença de vícios de consentimento, como erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão, ou de vícios sociais, como simulação e fraude contra credores.
Revogação da Doação:
A doação é um ato de liberalidade por parte do doador que não poderá revogá-la unilateralmente, no todo ou em parte, se já houve aceitação pelo donatário, salvo:
1- por ingratidão do donatário (art. 555, alínea 1 do CC) por ter este obrigação moral de ser grato ao doador, devendo abster-se de atos que constituam prova de ingratidão (art. 557, I a IV, do CC);
Para que se legitime a revogação não será necessária a condenação criminal do donatário, bastando a simples ocorrência do fato.
A revogação por ingratidão só será possível nas doações puras e simples, posto que o CC no art. 564, I a IV dispõe que não se revogam por ingratidão:
A) as doações remuneratórias, salvo na parte que exceder ao valor do serviço prestado pelo donatário ao doador;
B) as doações modais que, exigirem contraprestação do donatário, o desobrigam do dever de gratidão. Logo, as oneradas com encargo já cumprido não poderão ser revogadas.
C) as doações que se fizerem por cumprimento de obrigação natural, por serem juridicamente inexigíveis, existindo para o doador apenas o dever moral de solvê-las. Ex: em caso de dívidas de jogo, dívidas prescritas, etc.
D) as doações feitas para determinado casamento, pois apenas se perfazem com a realização do ato nupcial, a sua revogação atingiria o cônjuge inocente e os filhos do casal.
Art. 563 do CC
A sentença de revogação da doação produz efeitos ex nunc, visto que os atos de disposição da coisa, anteriores a ela, não serão atingidos.
A sentença retroagirá, no entanto, a data da citação, posto que o donatário ficará obrigado a devolver, com o trânsito em julgado da sentença, os frutos percebidos depois de ser citado.
Art. 556 CC – O direito de revogar a liberalidade por ingratidão é irrenunciável, se manifestado antecipadamente, por se tratar de direito de ordem pública.
A renúncia do doador só valerá para fatos pretéritos e poderá ser expressa ou tácita (art. 560, 1ª alínea e 559 do CC).
A revogação por qualquer desses motivos deverá ser requerida judicialmentedentro do prazo decadencial de 1 ano, a contar do conhecimento do fato que a autorizar (art. 559 do CC).
O direito de revogar a doação é personalíssimo, não prejudicando herdeiros do donatário e não se transmitindo aos herdeiros do doador, que apenas poderão prosseguir na ação por ele iniciada, continuando-a na qualidade de substitutos processuais, contra os herdeiros do donatário, se este vier a falecer depois de ajuizada a lide (art. 560 do CC).
2- Por descumprimento do encargo (art. 562 do CC)
COMPRA E VENDA
ART. 481 a 532 do CC
Conceito: contrato em que uma pessoa (vendedor) se obriga a transferir a outra pessoa (comprador) a propriedade de uma coisa corpórea ou incorpórea, mediante o pagamento de certo preço em dinheiro ou valor fiduciário correspondente.
O contrato de compra e venda apenas confere aos contratantes um direito pessoal, gerando para o devedor apenas a obrigação de transferir o domínio.
O contrato de compra e venda produz apenas efeitos meramente obrigacionais, não conferindo poderes de proprietário àquele que não obteve a entrega do bem adquirido.
O contrato de compra e venda não opera, portanto, de per si, a transferência da propriedade, a qual apenas se perfaz pela tradição, no caso de coisa móvel, ou pelo registro do título aquisitivo no cartório de imóveis, no caso de bem imóvel.
Classificação do contrato de compra e venda:
1- Bilateral ou sinalagmático, porque cria obrigações para ambos os contratantes, que serão ao mesmo tempo credor e devedor.
2- Oneroso, porque ambas as partes contratantes auferem vantagens patrimoniais de suas prestações. Há uma equivalência entre os ônus e as vantagens.
3- Comutativo ou aleatório, conforme o seu objeto seja certo e seguro ou dependa de um evento incerto. Em regra, será comutativo. Excepcionalmente, será aleatório, nas hipóteses do art. 458 (empatio spei) e 459 (emptio rei speratae) do CC.
4- Consensual ou solene, se a lei o exigir. Comumente, é consensual, formando-se pelo mútuo consenso dos contratantes. Poderá ser solene, quando a lei exigir forma para sua manifestação. EX: Compra e venda de imóveis, em que a lei reclama escritura pública.
5- Translativo do domínio, não no sentido de operar sua transferência, mas de servir como título hábil a aquisição do domínio, o qual apenas se operará com a tradição (bem móvel) ou registro imobiliário (bem imóvel).
Elementos constitutivos da compra e venda:
Estes elementos são essenciais a existência do contrato de compra e venda e comuns a todos eles.
1- A coisa
2- O preço
3- O consentimento
Em alguns casos há um quatro elemento, qual seja, a forma, essencial apenas para o contrato de compra e venda de imóveis que requeiram forma especial, isto é, escritura pública, para serem válidos e eficazes.
Assim, basta nos termos do art. 482 do CC o acordo de vontades sobre a coisa, o preço e o consentimento para que o contrato tenha obrigatoriedade.
1- COISA
A) A coisa deverá ter existência, ainda que potencial, no momento da realização do contrato, seja ela corpórea (móvel, imóvel ou semovente) ou incorpórea direitos de invenção, créditos, direitos de propriedade literária).
Os direitos de sucessão também poderão ser objetos de desse contrato (cessão de herança), desde que se trate de sucessão aberta. Art. 426 do CC.
A coisa alienada deverá ter existência, sob pena de nulidade da compra e venda.
Nos termos do art. 483 do CC, o contrato de compra e venda pode versar sobre coisa futura.
Art. 483 do CC.
Se porventura, o objeto que existia antes da celebração vier a perecer ao tempo de sua formação, nulo será p contrato por falta de objeto.
Se o perecimento/destruição for parcial não poderá o comprador pedir a decretação da nulidade do contrato, mas apenas poderá optar pela rescisão contratual ou abatimento no preço. Agora se o vendedor estava de má-fé, terá, ainda, direito á indenização por perdas e danos.
B) A coisa tem que ser individuada, pois o contrato de compra e venda, por criar obrigações de dar, deverá recair sobre coisa perfeitamente determinada, ou pelo menos determinável, ou seja, suscetível de individuação no momento no momento de sua execução.
C)A coisa tem que ser disponível ou estar in commercio, uma vez que a sua inalienabilidade natural (insuscetível de apropriação pelo homem), legal (estar fora do comércio em virtude da lei, apesar de poder ser apropriada por sua natureza) ou voluntária (a indisponibilidade ocorre por força de declaração de vontade por ato entre vivos – doação- ou mortis causa – testamento) impossibilitaria a sua transmissão ao comprador.
D) A coisa tem que ser possível de ser transferida ao comprador,isto é, não pode pertencer ao próprio comprador, nem o vendedor poderá aliená-la se for de propriedade de terceiro.
2- Preço
A) Pecuniaridade, por constituir uma soma em dinheiro que o comprador paga ao vendedor em troca da coisa adquirida.
O preço pode ser pago também através de coisas representativas de dinheiro ou a ela redutíveis.
O preço não poderá ser convencionado mediante prestação de serviço, hipótese em que se configurará um contrato inominado e não um contrato de compra e venda.
B) Seriedade, pois deverá ser real, sério e verdadeiro, indicando firme objetivo de constituir uma contraprestação relativamente ao dever de entregar a coisa devida.
C) Certeza, isto é, deverá certo e determinado para que o comprador possa efetuar o pagamento devidamente. Logo, será nula a venda subordinada a cláusula de pague o que quiser. O preço, em regar, é fixado pelo contratantes (art. 489 do CC).
O preço também poderá ser determinável, se se deixar a sua fixação á taxa de mercado ou de Bolsa, em tal dia e lugar certo e determinado. (art. 486 do CC)
Art. 490 do CC.
3- Consentimento dos Contratantes
Este consentimento vai existir sobre a coisa, o preço e demais condições do negócio.
Exige-se que será necessário que o vendedor tenha capacidade de alienar, bastando que o adquirente tenha apenas capacidade de obrigar-se.
Há restrições legais a capacidade de contratar:
1- pessoa casada não poderá alienar ou gravar de ônus os bens imóveis do seu domínio sem autorização do outro cônjuge, exceto, se casado no regime de separação absoluta de bens, convenção antenupcial ou participação final nos aquestos.
2- os cônjuges não poderão, em regra, efetivar contrato entre si, pois a compra e venda entre marido e mulher está proibida.
3- os ascendentes têm o direito de, a qualquer tempo, alienar seus bens a quem quiserem, mas não podem vender ao descende (filho, neto, bisneto, etc.) sem que os demais descendentes e o cônjuge do alienante expressamente consintam por meio de escritura pública ou no mesmo instrumento público ou particular do negócio principal ou, ainda, por meio de mandato com poder especial.
4- os que têm, por dever de ofício ou por profissão zelar pelos bens alheios, estão proibidos de adquiri-los, mesmo em hasta pública, sob pena de nulidade, por razões de ordem moral, visto que zelam pelos interesses do alienante.Ex: curadores, tutores, testamenteiros, administradores (mandatários, gestores de negócio, síndicos, etc) não poderão comprar bens confiados a sua guarda.
Os servidores públicos não podem comprar os bens ou direitos da pessoa jurídica (União, Estados ou Municípios) a que servirem, ou estiverem sob sua administração direta ou indireta, visto que poderão influir na deliberação de vender ou na fixação do preço da venda.
Os juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares da justiça (oficial de justiça, depositário, contador, escrivão, etc) não poderão adquirir os bens ou direitos, sobre que litigar em juízo, tribunal ou conselho, no lugar onde servirem, ou que se estender a sua autoridade.
Também não podem comprar os bens de cuja venda estejam encarregados, os leiloeiros e seus prepostos.
5- os condôminos, enquanto pendente o estado de indivisão, não poderá vender a sua parte a estranho, se o outro consorte a quiser, tanto por tanto.
6- o proprietário da coisa alugada, para vendê-la,deverá dar conhecimento do fato ao inquilino, que terá direito de preferência para adquiri-la em igualdade de condições com terceiros.
Consequências Jurídicas do Contrato de Compra e Venda:
1- obrigação do vendedor de entregara a coisa com todos os seus acessórios, transferindo ao adquirente a sua propriedade, e do comprador de pagar o preço, na forma e no prazo estipulados.
Art. 493 do CC.
2- obrigação de garantia, imposta ao vendedor, nas relações de consumo, contra vícios aparentes e redibitórios e a evicção por ser elemento natural do contrato de compra e venda. Assim, o alienante deve garantir a qualidade e o bom funcionamento do objeto alienado e assegurar ao comprador a sua propriedade.
3- responsabilidade pelos riscos (perda, deterioração, desvalorização, qualquer perigo que a coisa pode sofrer desde a conclusão do contrato até a sua entrega) e despesas ante o fato de que, em nosso direito, sem tradição ou registro não se tem transferência da propriedade.
Art. 492 CC
4- direito aos cômodos (proveitos ou melhoramentos do bem, compreendendo os frutos naturais por ele produzidos e as acessões oriundas de fato do devedor) antes da tradição.
Art. 237 CC
5- responsabilidade do alienante por defeito oculto nas vendas de coisas conjuntas, pois, se o objeto do contrato for uma universalidade, ou melhor, um conjunto de coisas singulares não determinadas individualmente, Ex: venda de um rebanho, de uma biblioteca, etc, o alienante responderá apenas pela existência desse complexo, não respondendo individualmente pelos objetos que o compõem.
6- direito do comprador de recusar a coisa vendida mediante amostra por não ter sido entregue nas condições prometidas.
Art. 484 CC
7- direito do adquirente de exigir , se o contrato tem por objeto vendas de terras, o complemento da área, em caso de falta de correspondência entre a área efetivamente encontrada e as dimensões dadas, e, se isso não for possível, reclamar resolução do negócio ou abatimento proporcional do preço, desde que a venda seja ad mensuram (a área do imóvel vendido é determinada estipulando-se o preço por medida de extensão. O preço será fixado tendo por base cada unidade ou medida de cada alqueire, hectare, metro quadrado ou metro de frente. Ex: vendo 200 alqueires de terra a R$ 1.800,00 o metro quadrado ou a R$ 1.800,00 o alqueire.
Se o comprador constatar que o imóvel não corresponde as dimensões da escritura, pode exigir o complemento da área por meio de ação ordinária, denominada de EX EMPTO ou EX VENDITO.
Agora em não sendo possível completar a área, poderá optar pela rescisão contratual (ação redibitória) e o abatimento proporcional do preço (ação estimatória ou quanti minoris)
Somente o imóvel adquirido ad mensuram possibilita que o adquirente pleiteie a complementação da área ou reclame a rescisão do contrato ou abatimento do preço.
Se a venda for ad corpus, isto é, se o vendedor alienar o imóvel como corpo certo e determinado, não há que se exigir o implemento da área nem a devolução do excesso, pois se o bem é individuado, o comprador o adquiriu pelo conjunto e não em atenção à área declarada, que assume caráter meramente enunciativo, mesmo que não haja menção expressa de que houve venda ad corpus.
Art. 500 CC
Para se determinar se a venda se realizou ad corpus ou ad mensuram deverá sempre, o juiz, em primeiro lugar, verificar o título, as circunstâncias que precederam o negócio e a intenção dos contratantes.
Art. 501 CC.
8- exoneração do adquirente do imóvel, que exibir certidão negativa de débito fiscal a que possa estar sujeito o bem adquirido, de qualquer responsabilidade por dívida anterior do imóvel por impostos, cabendo ao fico exigi-las do transmitente.
9- nulidade de pleno direito, nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante o pagamento de prestações, sendo a relação de consumo, das cláusulas que estabelecerem a perda total das prestações pagas em benefício do credor que, em razão de inadimplemento, pleitear a resolução contratual e a retomada do produto alienado.
1- RETROVENDA OU CLÁUSULA DE RETROVENDENDO
É cláusula adjeta a compra e venda pela qual o vendedor se reserva o direito de reaver, no prazo máximo de 03 anos, o imóvel alienado, restituindo ao comprador o preço ou o valor recebido, mais as despesas por ele realizadas mesmo durante o período de resgate, desde que autorizadas por escrito, inclusive as empregadas em benfeitorias necessárias do imóvel.
Art. 505 CC
EX: A, não querendo perder sua propriedade, ante o fato de se encontrar em dificuldade financeira transitória, vende seu imóvel a B sob a condição de recobrá-lo no prazo pactuado ou legal, mediante restituição do preço e de todos os dispêndios feitos pelo comprador.
O pacto de retrovenda apenas admissível nas vendas de imóveis, torna a propriedade resolúvel, já que tem o condão de reconduzir as partes contratantes ao status quo ante, pois o imóvel vendido retornará ao patrimônio do alienante, que restituirá ao adquirente não só o preço recebido, atualizado monetariamente, mas também todas as despesas efetuadas com a escritura, impostos e taxas incidentes sobre o bem alienado.
Não haverá, porém, a restituição de aluguéis que, porventura, o adquirente recebeu pela utilização do imóvel.
A retrovenda se caracteriza como uma condição resolutiva aposta ao contrato de compra e venda, posto que a aquisição do imóvel é condicional, ou seja, o adquirente terá propriedade resolúvel que se extinguirá no instante em que o alienante exercer o seu direito de reaver o bem, mediante declaração unilateral de vontade, não sujeita a nenhuma forma especial.
Art. 506 e § único CC
Art. 505 CC
O direito de resgate é intransmissível, não sendo suscetível de cessão por ato inter vivos, por ser personalíssimo do vendedor, mas passa a seus herdeiros ou legatários.
Logo, o exercício da retovenda é cessível e transmissível por ato causa mortis.
Art. 507 CC
Se a coisa vier a perecer em virtude caso fortuito ou força maior extingue-se o direito de resgate, uma vez que houve perda do bem para o comprador, sem que ele esteja obrigado a pagar seu valor, e do direito para o vendedor.
Se o imóvel se deteriorar, o vendedor não terá direito a redução proporcional do preço, que deverá restituir ao comprador.
O comprador, enquanto detiver a propriedade sob condição resolutiva, terá direitos aos frutos e rendimentos do imóvel, não respondendo pelas deteriorações surgidas dentro do prazo reservado para o resgate, salvo se agir dolosamente.
Na retrovenda, o vendedor conserva sua ação contra os terceiros adquirentes da coisa retrovendida, ainda que eles não conhecessem a cláusula de retrato, pois o comprador tem propriedade resolúvel do imóvel. Art. 507 CC.
2- VENDA A CONTENTO E VENDA SUJEITA A PROVA
Conceito: é a cláusula que subordina o contrato á condição de ficar desfeito se o comprador não se agradar da coisa.
A venda a contento é que se realiza sob condição suspensiva simplesmente potestativa de sós e tornar perfeita e obrigatória se o comprador declarar que a coisa adquirida lhe satisfaz.
Enquanto não se realizar a condição, o contrato existe, porém os seus efeitos ficarão paralisados, até que o comprador aceite o bem alienado.
A compra e venda, qualquer que seja o seu objeto, comporta essa cláusula, inserida, geralmente, no contrato de compra de gêneros que se costumam provar, medir, pesar ou experimentar antes de aceitos. Ex roupas, bebidas.
Arts. 509 e 510 do CC.
Em razão da natureza suspensiva do pacto, o adquirente assumirá obrigações equivalentes ás de mero comodatário, enquanto não manifestar a intenção de aceitar o objeto comprado. Art. 511 do CC.
Art. 512 do CC
O direito resultante da venda a contento deve ser tido como personalíssimo, logo, não poderá ser cedido por ato inter vivos ou causa mortis, terminando com o falecimento do adquirente ou alienação de a coisa, pois terceiro não poderá valer-se do pactum displicentiae.
A venda a contento será oponível aos sucessores do vendedor, assim, se o alienante vier a falecer,o direito do comprador subsistirá relativamente aos sucessores do vendedor.
3- PREEMPÇÃO
A preempção ou preferência é o pacto adjeto á compra e venda em que o comprador de coisa móvel ou imóvel fica com a obrigação de oferecê-la por meio de notificação judicial ou extrajudicial a quem lha vendeu, para que este use do seu direito de prelação em igualdade de condições com terceiro, no caso de pretender vendê-la ou dá-la em pagamento.
Art. 513 do CC.
O prazo decadencial para o exercício desse direito não poderá exceder a 180 dias, se móvel o bem, ou 02 anos , se imóvel, contado da data da tradição ou do registro. Art. 513 § único do CC.
A venda em que aparece tal cláusula é pura e simples, pois produz todos os seus efeitos, enquanto o adquirente não tiver intenção de revender a coisa ou dá-la em pagamento. Condicional será apenas a revenda ao vendedor que dependerá de pretender o comprador vendê-la ou dá-la em pagamento.
É um pacto estipulado em favor do alienante, visto que impõe ao comprador o dever de dar ciência ao vendedor de seu intuito de vender ou dar o bem em pagamento, para que ele possa usar seu direito de preferência, readquirindo a coisa vendida em igualdade de condições com terceiro.
Esse direito de preferência, pelo seu caráter pessoal é intransmissível por ato inter vivos ou causa mortis, não passando aos herdeiros. Art. 520 do CC.
Art.514 do CC.
O exercício do direito de preferência, inexistindo prazo estipulado, se subordina a um prazo de caducidade, que variará conforme a natureza do objeto, se este for móvel será de 03 dias e se imóvel, de 60 dias, contados da data da oferta, ou seja, da data em que se der a comunicação ou notificação judicial ou extrajudicial do comprador ao vendedor. Art. 516 CC.
ART. 517 CC.
É inadmissível a prelação parcial, se o adquirente recebeu a coisa mediante compra e venda das cotas ideais de diversos condôminos, assegurando a cada um deles a preferência na reaquisição da respectiva cota-parte, a preferência poderá ser exercida pro-parte.
Art. 518 CC
4- RESERVA DE DOMÍNIO
Arts. 521 a 528 do CC
Arts. 1070 e 1071 §§ 1º e 2º do CPC.
Tem-se a reserva de domínio quando se estipula em contrato de compra e venda, em regar de coisa móvel infungível que o vendedor reserva para si a sua propriedade e a posse indireta até o momento em que se realize o pagamento integral do preço.
Art. 521 CC
O comprador apenas adquirirá pleno iure o domínio da coisa se integralizar o preço, momento em que o negócio terá eficácia plena.
A tradição não transfere a propriedade, mas tão somente a posse direta e precária da coisa ao comprador.
É comum esta cláusula nas vendas a crédito ou a prestação com a investidura desde logo do adquirente na posse do objeto alienado, subordinando-se a aquisição do domínio ao pagamento da última prestação. Ex: eletrodomésticos, veículos, etc. Esta entrega é condicional e não definitiva.
Esse pacto dá plena garantia ao vendedor, por permitir que ele retenha o domínio da coisa alienada até o pagamento total do preço. De tal sorte que se o preço não for pago integralmente, o comprador não adquirirá o domínio, e o vendedor terá a opção de reclamar o preço ou de recuperar a própria coisa, por meio de ação de reintegração de posse.
O vendedor apenas poderá executar a cláusula de reserva de domínio após a constituição do comprador em mora, mediante protesto do título ou interpelação judicial.
O comprador deverá suportar os riscos da coisa, pois embora o vendedor conserve a propriedade, desde a celebração do contrato dá-se a tradição ao comprador, que usa e goza do bem, como mero possuidor.
Art. 524 CC.
5- VENDA SOBRE DOCUMENTOS
A venda sobre ou contra documentos decorrentes de usos e costumes é bastante utilizada em negócios de importação e exportação, ou seja, nas vendas internacionais.
Tem por objetivo agilizar as compras mercantis de mercadorias.
O vendedor ao remeter ou entregar o documento (título representativo da mercadoria) ao comprador, exonera-se da obrigação e tem o direito de receber o preço.
O comprador ao receber o documento poderá exigir a entrega da mercadoria nele especificada pelo transportador e, se tal mercadoria estiver na alfândega ou no armazém, poderá levantá-la.
Arts. 529 a 532 do CC
Esta cláusula substitui a tradição da coisa pela entrega do seu título representativo.
TROCA OU PERMUTA
Conceito: é o contrato pelo qual as partes se obrigam a dar uma coisa por outra que não seja dinheiro.
Características: contrato bilateral, oneroso, comutativo, translativo de propriedade no sentido de servir como título para aquisição do domínio da coisa, consensual (em regra), solene.
O objeto da permuta há de ser dois bens, pois se um dos contratantes, em vez de coisa, prestar um serviço, não se terá troca.
A coisa a se permutar não precisa ser perfeitamente individuada, bastando que seja passível de determinação.
São suscetíveis de troca todas as coisas que podem ser vendidas, não sendo necessário que os bens sejam da mesma espécie ou tenham valor igual ou equivalente.
Podem ser permutados: móveis por móveis, móveis por imóveis imóveis por imóveis, coisa corpórea por coisa corpórea, coisa por direito, direito por direito.
Conceito: é o contrato pelo qual as partes se obrigam a dar uma coisa por outra que não seja dinheiro.
Características: contrato bilateral, oneroso, comutativo, translativo de propriedade no sentido de servir como título para aquisição do domínio da coisa, consensual (em regra), solene.
O objeto da permuta há de ser dois bens, pois se um dos contratantes, em vez de coisa, prestar um serviço, não se terá troca.
A coisa a se permutar não precisa ser perfeitamente individuada, bastando que seja passível de determinação.
São suscetíveis de troca todas as coisas que podem ser vendidas, não sendo necessário que os bens sejam da mesma espécie ou tenham valor igual ou equivalente.
Podem ser permutados: móveis por móveis, móveis por imóveis imóveis por imóveis, coisa corpórea por coisa corpórea, coisa por direito, direito por direito.
CONTRATO ESTIMATÓRIO
Arts. 534 a 537 CC.
Também chamado de venda em consignação, é o negócio jurídico em que alguém (consignatário) recebe de outrem (consignante) bens móveis, ficando autorizado a vendê-los, em nome próprio, a terceiros, obrigando-se a pagar um preço estimado previamente, se não restituir as coisas consignadas dentro do prazo ajustado.
Nesse contrato, o consignante transfere, temporariamente, ao consignatário o poder de alienação da coisa consignada com opção de pagamento do preço estimado ou sua restituição ao final do prazo ajustado.
É um contrato típico, bilateral, oneroso e real, pois requerer a efetiva entrega da coisa móvel ao consignatário, que fica com a posse, conservando o consignante, apesar de transferir o poder de disposição, a propriedade, até que seja vendida a terceira pelo consignatário, ou até mesmo por ele adquirida ou restituída, dentro do prazo estabelecido, salvo se o contrário resultar do contrato.
O domínio dos bens será do consignante até que o consignatário os negocie com terceiros ou pague o preço preestabelecido pelo consignante.
Nada impede, portanto, que o consignatário fique com o bem, pagando o preço estipulado dentro de certo prazo, fixado contratualmente, embora tenha o dever de vendê-lo a outrem, entregando o preço estimado ao consignante auferindo, nesta operação, um lucro no sobrepreço que obtiver na consignação.
O consignante não perderá o domínio dos bens consignados, até que o consignatário os negocie com terceiros.
O consignante não poderá dispor das coisas consignadas antes de lhe serem restituídas ou lhe ser comunicada a restituição.
As coisas consignadas não poderão ser objeto de sequestro ou penhora pelos credores ou consignatário, enquanto não for pago integralmente o seu preço.
A consignatário deverá pagar as despesas atinentes á custódia, á venda, e, se for o caso, á expedição reexpedição das coisas, compensando-se, porém, com a diferença entre o preço estimado e o preço de venda a terceiro.O consignatário não se liberará da obrigação de pagar o preço, se a restituição dos bens consignados, em sua integridade, se tornar impossível, ainda que por fato a ele não imputável.
EMPRÉSTIMO
Conceito: contrato pelo qual uma pessoa entrega a outra, gratuitamente, uma coisa, para que dela se sirva, com a obrigação de a restituir.
Consiste na utilização de bem pertencente a outrem, acompanhada do dever de restituição.
São duas as espécies de contratos:
1- COMODATO: empréstimo de uso, em que o bem emprestado deverá ser restituído em espécie, ou melhor, em sua individualidade, razão pela qual não poderá ser fungível ou consumível.
2- MÚTUO: é o empréstimo de consumo, pois a coisa emprestada, sendo fungível ou consumível, não poderá ser devolvida, de modo que a restituição se fará no seu equivalente, ou seja, por outra coisa do mesmo gênero, espécie, quantidade e qualidade.
No mútuo operar-se-á uma transferência do domínio da coisa a quem a emprestou, que poderá até mesmo aliená-la, o que não ocorrerá no comodato, pois o comodatário ao alienar incorrerá nas penas do crime de estelionato.
O comodatário apenas terá o direito de usar a coisa restituindo-a posteriormente ao comodante.
O mutuário, por se tornar proprietário da coisa emprestada, assumirá os riscos pela sua perda, o que não ocorrerá com o comodatário, de modo que, se o bem emprestado se perder por força maior ou caso fortuito, o comodante é que sofrerá com isso.
Objeto do Comodato: Coisa Infungível
Objeto do Mútuo: Coisa Fungível
No mútuo haverá obrigação de restituir não a própria coisa emprestada, destinada a ser consumida, mas outra da mesma espécie, qualidade e quantidade, enquanto no comodato deverá ser entregue o memso bem emprestado.
As partes no empréstimo são o comodante e o mutuante (quem empresta a coisa) e comodatário e mutuário (quem toma a coisa emprestada).
COMODATO
É contrato unilateral, a título gratuito, pelo qual alguém entrega a outrem coisa (móvel ou imóvel)infungível, para ser usada temporariamente e depois restituída.
Características do Comodato:
1- Contratualidade, pois decorre de um acordo de vontades, sendo: a) unilateral, porque apesar de requerer duas declarações de vontade, coloca uma só das partes em condições de devedor, ficando a outra na de credor, uma vez que uma delas se obriga em face da outra; b) gratuito, por ser cessão sem contraprestação, onerando um dos contratantes, proporcionando ao outro uma vantagem; c) real, pois sós e completará com a tradição de objeto, ou seja, com a entrega do bem emprestado ao comodatário, que passará a ter a posse direta, ficando a indireta com o comodante; d) intuito personae, porque o objeto não poderá ser cedido pelo comodatário, sob o mesmo título, a terceiro, se traduzir um favorecimento pessoal.
2- Infungibilidade e Não Consuntibilidade do Bem dado em comodato. Desde que fungível, a coisa emprestada poderá ser móvel ou imóvel ou consistir na fruição de determinado lugar. Entretanto, o comodato poderá versar sobre bem fungível e consumível. Ex: emprestar uma cesta de frutas ou garrafas de uísque para ornamentação ou exibição em uma exposição.
COMODATO
3- Temporariedade, pois o uso da coisa dada em comodato deverá ser temporário, podendo o prazo para sua restituição ser determinado ou indeterminado. Durante o prazo convencionado ou durante o tempo suficiente ou adequado ao uso normal da coisa não poderá o comodante exigir a restituição do bem, salvo necessidade imprevista e urgente reconhecida pelo juiz.
4- Obrigatoriedade de restituição da coisa emprestada após o uso, pois o comodante não perdeu o domínio,e continua sendo o seu proprietário. Se o comodatário se recusar a devolver a coisa emprestada poderá o comodante mover ação de reintegração de posse ante a configuração de esbulho por parte do comodatário. Se o comodante falecer, o comodatário deverá restituir a coisa emprestada ao inventariante ou aos herdeiros.
REQUISITOS DO CONTRATO DE COMODATO:
1- Subjetivo: visto que além de exigir capacidade genérica para praticar os atos da vida civil, o art. 580 CC, com o intuito de preservar interesses de certas pessoas, estabelece incapacidades especiais para a outorga de comodato.
2- Objetivo: só podem ser dados em comodato bens infungíveis e inconsumíveis, móveis ou imóveis, que deverão ser entregues ao comodatário, que os receberá como se encontram, sem que exista para o comodante qualquer dever de repará-los. Pode consistir também no direito de usar certo local. Ex: para estacionamento gratuito de veículos.
3- Formal: pois sua forma é livre, não exigindo forma solene da manifestação de vontade para o seu aperfeiçoamento, é portanto, consensual.
Obrigações do Comodatário:
1- Guardar e conservar a coisa emprestada como se fosse sua, procurando não desgastá-la ou desvalorizá-la. Art. 582, 1ª alínea. Não poderá o comodatário alienar o objeto do comodato, sob pena de incorrer no crime de estelionato.
Ficarão por conta do comodatário os ônus oriundos da guarda e manutenção do bem, não podendo recobrar do comodante as despesas ordinárias (água, luz, IPTU, trca de fechaduras, de janelas, etc) feitas com o seu uso e gozo.
2- Limitar o uso da coisa ao estipulado no contrato ou de acordo com sua natureza - art. 582 CC, sob pena de responder por perdas e danos. Ex: se o comodante emprestou um carro para ir para Recife, não poderá o comodatário ir com o carro para São Paulo; se emprestou para uso próprio não poderá cedê-lo a terceiro.
3- Restituir a coisa emprestada “in natura” no momento devido, e, se não houver prazo estipulado, findo o tempo necessário ao uso concedido. Ex: se alguém emprestar um barco para uma pescaria, deverá devolvê-la assim que ultimá-la.
4- Responder pela mora, suportando os riscos, arcando com as consequências da deterioração ou perda da coisa emprestada, e pagar o aluguel arbitrado com base no valor de mercado, pelo comodante.
5- Responder pelos riscos (deterioração ou perda) da coisa no caso do art. 583 CC.
6- Responsabilizar-se, solidariamente, se houver mais comodatários, devido ao caráter benéfico do comodato e ao disposto no art. 585 CC.
Obrigações do Comodante:
Como o comodato é contrato unilateral não gera obrigações contratuais ao comodante, que apenas assumirá obrigações decorrentes de lei ou fatos supervenientes ao curso do negócio, que poderão ou não ocorrer, tais como:
1- Não pedir a restituição do bem dado em comodato, antes do prazo estipulado ou do necessário para o uso concedido, a não ser de acordo com as circunstâncias do art. 581 CC, mas se o prazo for indeterminado, o bem poderá ser retomado a qualquer momento sem necessidade de qualquer justificativa.
2- Pagar não só as despesas extraordinárias e necessárias feitas pelo comodátario com a conservação da coisa, em caso de urgência, se não pôde ser avisado oportunamente para autorizá-las. Responderá também pelo pagamento de dispêndios não relacionados com a fruição do bem dado em comodato. Ex: multas decorrentes de edificação irregular da casa emprestada.
3- Responsabilizar-se, perante o comodatário, pela posse útil e pacífica da coisa dada em comodato, se procedeu dolosamente.
MÚTUO
CONCEITO: é o contrato pelo qual um dos contratantes transfere a propriedade de bem fungível ao outro, que se obriga a lhe restituir a coisa do mesmo gênero, espécie e quantidade.
Caracteres do mútuo:
1- Contratualidade, pois por ser um contrato requer a manifestação de duas vontade´, sendo: a) real, pois só se perfaz com a tradição; b)gratuito, porque o mutuante nada recebe do mutuário em troca do favor que lhe faz, podendo ser oneroso, se houver alguma contraprestação por parte do mutuário (ex: pagamento de juros nos empréstimos de dinheiro);c) unilateral, já que uma vez entregue o bem emprestado apenas o mutuário contrairá, em regar, obrigações.
2- Temporariedade, pois o mútuo é, geralmente, concluído por certo prazo, visto que, se fosse perpétuo, ter-se-ia uma doação.
Art. 592 do CC.
3- Fungibilidade da coisa emprestada, embora possa recair sobre coisa inconsumívelpelo uso que, por convenção ou por destinação, se torne infungível. Ex:empréstimo tomado a um livreiro de dois exemplares de uma obra, com a obrigação de restituí-los em igual número.
4- Translatividade de domínio do bem emprestado que por ser fungível e, em regra, consumível, possibilita a transferência de sua propriedade ao mutuário com a simples tradição.
5- Obrigatoriedade da restituição de outra coisa da mesma espécie, qualidade e quantidade, pois se teria troca ou compra e venda se a restituição fosse de coisa diversa ou de dinheiro.
Requisitos do Mútuo:
1- Subjetivos: para que possa contratá-lo será necessária a capacidade dos contratantes, não só a comum, como também a especial. O mutuante deverá ter aptidão para dispor da coisa emprestada, por ser condição essencial do mútuo a transmissão da coisa de seu patrimônio para o do mutuário.
2- Objetivos: por ser empréstimo de consumo, requer que o objeto emprestado seja fungível, ou seja, que possa ser substituído por outro da mesma espécie, quantidade e qualidade. Ta l empréstimo é feito comumente em dinheiro.
3- Formais: por não requerer a lei modo especial para sua celebração terá forma livre, exceto se for oneroso, caso em que deverá ser convencionado expressamente.
Efeitos Jurídicos do Mútuo:
1- gerar obrigações ao mutuário, como as de: 1) restituir o que recebeu em coisa de mesma espécie, quantidade e qualidade, dentro do prazo estipulado; se for impossível a sua devolução, por causa que lhe é inimputável, poderá devolver a coisa devida pelo equivalente pecuniário. Não poderá compelir o mutuante a receber pro parte, se isto não tiver sido convencionado.
2- conferir direitos ao mutuante: a) exigir garantia da restituição, se o mutuário vier a sofrer, antes do vencimento do prazo, notória mudança no seu patrimônio ou na sua situação econômica que dificulte o recebimento do quantum emprestado. Se o mutuário não cumprir esta exigência, ter-se á vencimento antecipado da dívida; b) reclamar a restituição da coisa equivalente, uma vez vencido o prazo ajustado. Se não foi ajustado prazo, a exigência da devolução poderá ocorrer a qualquer tempo, desde que se notifique o mutuário, fixando prazo razoável para a solução do débito; c) demandar a resolução do contrato se o mutuário, no mútuo feneratício (destinado a fins econômicos), deixar de pagar os juros.
CAUSAS DE EXTINÇÃO DO MÚTUO:
1- Vencimento do prazo convencionado para sua duração;
2- Ocorrência das hipótese do art. 592 CC
3- Resolução por inadimplemento das obrigações contratuais.
4- Distrato, se mutuante e mutuário resolverem, de comum, acordo por termo ao contrato antes do seu vencimento.
5- Resilição unilateral por parte do devedor. Não há presunção de que o mutuário terá direito de por fim ao negócio a qualquer momento, oferecendo a prestação
6- Efetivação de algum modo terminativo previsto no próprio contrato, em uma de suas cláusulas.
DEPÓSITO
Conceito: é o contrato pelo qual um dos contratantes (depositário) recebe do outro (depositante) um bem móvel, obrigando-se a guardá-lo, temporária e gratuitamente, para restituí-lo quando lhe for exigido.
O depositante é a pessoa que entrega a coisa em depósito e o depositário é quem a recebe. Ex: A é obrigado a sair do Brasil, por algum tempo,não podendo levar consigo seus pertences e não tendo com quem deixá-lo, contrata B, pessoa de sua confiança, para guardá-los até a sua volta, ocorrerá o depósito.
Elementos característicos do depósito:
1- Natureza contratual, pois exige mútuo consenso, sendo: a) unilateral, por originar obrigações apenas para o depositário, embora as vezes possa ser bilateral no curso da execução; b) gratuito, embora a gratuidade não seja de sua essência, pois pode ser oneroso; c) real, pois é necessária a efetiva entrega da coisa para efetivação do contrato; d) intuitu personae, porque se funda nas qualidades pessoais do depositário.
2- Entrega da coisa móvel corpórea pelo depositante ao depositário, visto que por ser um contrato real exige para seu aperfeiçoamento a entrega do bem depositado, não havendo qualquer transferência de propriedade, nem permissão pra uso da coisa.
3- Obrigação de Custódia, pois o depositário deverá apenas guardar a coisa que lhe foi confiada, não desnaturando o depósito a execução de serviços de conservação ou melhoria da coisa.
4- Restituição da coisa pelo depositário na ocasião ajustada ou quando reclamada.
5- Temporariedade, pois é das essência do contrato de depósito a devolução do objeto depositado no termo préfixado ou quando o depositante o exigir. Não há perpetuidade para o objeto.
6- Gratuidade, mas as partes poderão estipular que o depositário seja gratificado pela atividade negocial ou pelo serviço profissional prestado.
Requisitos:
1- subjetivos: capacidade genérica para praticar os atos da vida civil e especial, por ser imprescindível o consentimento inequívoco e comum de entregar-se uma coisa em depósito e de haver aceitação pelo outro contratante.
2- objetivos, pois só podem ser objeto desse contrato coisas móveis corpóreas.
3-formais: sendo livre a sua forma, por não estar adstrito a forma especial. Alei reclama, porém, o instrumento escrito para o depósito voluntário, dispensando-se esse requisito para o depósito necessário, que se prova por todos os meios admitidos em direito.
MODALIDADES DE DEPÓISTO:
1- DEPÓSITO VOLUNTÁRIO OU CONVENCIONAL, se resultante da vontade livre das partes;
2- DEPÓSITO NECESSÁRIO, que se triparte em: a) Depósito Legal (decorrente da lei); b) Depósito Miserável (efetuado por ocasião de alguma calamidade pública); c) Depósito de Hoteleiro ou Hospedeiro.
3- DEPÓSITO IRREGULAR, se incidir sobre bens fungíveis e REGULAR, se tiver por objeto coisas infungíveis.
4- DEPÓSITO JUDICIAL OU SEQUESTRO, se realizado pelo juiz, opera-se em decorrência de medida processual como busca e apreensão, penhora e arresto, podendo incidir sobre imóvel ou móvel.
5 – DEPÓSITO CIVIL E EMPRESARIAL – ART. 628 CC.
1- Depósito Voluntário ou Convencional
Arts. 627 a 646 CC.
Advém da livre manifestação de vontade dos contratantes, visto que o depositante escolhe espontaneamente o depositário, confiando a sua guarda coisa móvel corpórea para ser restituída quando reclamada, sem sofrer quaisquer das pressões das circunstâncias externas. Somente se prova por escrito, podendo ser feito por instrumento público ou particular.
2- Depósito Necessário
Arts. 647 a 652 CC
É o que independe da vontade das partes, por resultar de fatos imprevistos e irremovíveis, que levam o depositante a efetuá-lo, entregando a guarda de um objeto a pessoa que desconhece
Pode ser:
A) Legal
Se feito em desempenho de obrigação legal. Ex: o depósito que é obrigado a fazer o descobridor de coisa perdida; o depósito de dívida vencida, na pendência da lide, se vários credores disputarem o montante, uns excluindo os outros; o depósito feito pelo administrador dos bens do depositário que tenha se tornado incapaz.
B)Depósito Miserável
É o efetuado por ocasião de alguma calamidade (naufrágio, incêndio, saque,etc) quando o depositante, ante tal circunstância especial, é obrigado a se socorrer da primeira pessoa que aceitar depositar os bens que conseguiu salvar.
Art. 648 CC.
C)Depósito do Hospedeiro
É o depósito de bagagem dos viajantes ou hóspedes nas hospedarias onde eles estiverem, abrangendo, ainda, internatos, colégios, hospitais, etc. em que se recebem pessoas para estada a troco de dinheiro.
O hospedeiro responderá pela bagagem não só como depositário, mas também pelo furtos e roubos que perpetrarem as pessoas empregadas ou admitidas em seus estabelecimentos, dispensando-se prova por escrito, seja qual for o valor.
Art. 649 CC
O hospedeiro poderá excluir tal responsabilidade:
1-celebrar convenção com o hóspede, desde que não seja abusiva; logo não poderá conter cláusula de não indenizar, prevendo isenção total da responsabilidade do hospedeiro por qualquer dano sofrido pelo hóspede.logo, não bastarão simples declarações unilaterais ou regulamentos internos baixadospor ele nas dependências da hospedaria.
2- provar que houve prejuízo do hóspede, viajante ou freguês, não poderia ter sido evitado, por ter ocorrido força maior(eventos inevitáveis) ou caso fortuito (eventos imprevistos). No caso de furto simples com emprego de chave falsa, ou sem outras violências, terá responsabilidade.
3-houver culpa do hóspede que deixou a porta de seu quarto aberta, recebeu pessoas estranhas em seu quarto, esqueceu carteira na piscina, etc.
O depósito do hospedeiro é remunerado, sendo tal remuneração incluída no preço da hospedagem, diante do dever que tem o hospedeiro de zelar pela bagagem guardada no seu estabelecimento e de responsabilidade pelos eventuais danos, exceto se inevitáveis.
4-Depósito Regular e Irregular
Depósito Regular ou Ordinário é o atinente á coisa individuada infungível e inconsumível que deve ser restituída in natura, isto é, o depositário deverá devolver exatamente a própria coisa depositada.
Depósito Irregular é o que recai sobre bem infungível ou consumível, de modo que o dever de restituir não tem por objeto a mesma coisa depositada, mas outra do mesmo gênero, qualidade e quantidade.
5- Depósito Judicial
Também chamado de sequestro é o determinado por mandado do juiz que entrega a terceiro coisa litigiosa (móvel ou imóvel) com o intuito de preservar sua incolumidade, até que se decida a causa principal, para que não haja prejuízo aos direitos dos interessados.
Esse depósito é remunerado e confere poderes de administração, necessários á conservação dos bens.
Arts. 635 CC
Arts. 664, 822, 998, 1016 § 1º CPC
CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS:
O depósito gera:
1- Direitos e Obrigações do Depositário
O depositário terá direito de:
A) receber do depositante as despesas necessárias feitas com a coisa e a indenização dos prejuízos oriundos do depósito. Art. 643 CC
B) reter a coisa depositada até que lhe pague a retribuição devida e o valor líquido das despesas necessárias e dos prejuízos a que se refere o art. 643, provando-os de imediatamente de modo suficiente. Art. 644 CC
C) exigir, havendo cláusula contratual expressa, a remuneração pactuada, pois estará afastada a gratuidade do depósito.
D) requerer depósito judicial da coisa, quando por motivo plausível a não puder guardar e o depositante não lhe queira receber e nos casos do art. 633 CC. Ex: doença grave, viagem inadiável, etc.
E) compensação, se se fundar noutro depósito.
Obrigações do depositário:
A) guardar a coisa sob se u poder, sendo-lhe permitido invocar a ajuda de auxiliares, que ficarão sob sua responsabilidade.
B) ter na custódia da coisa depositada o cuidado e diligência que costuma com o que lhe pertence, respondendo pela sua perda ou deterioração, se contribuiu dolosa ou culposamente para que isso acontecesse.
C) não utilizar a coisa depositada sem autorização expressa do depositante, sob pena de responder por perdas e danos.
D) manter a coisa no estado em que lhe foi entregue.
E) restituir á custa do depositante no local estipulado ou no lugar do depósito, o objeto depositado in nantura ou seu equivalente (depósito irregular, perda da coisa por caso fortuito, força maior ou fato inimputável ao depositário)
Art. 633 CC
ART. 629 CC
F) responder pelos riscos da coisa , mesmo por caso fortuito ou força maior: a) se houver convenção nesse sentido, b) se estiver em mora de restituir a coisa depositada; c) se o caso fortuito sobreveio quando o depositário, sem licença do depositante, se utilizava do bem depositado.
G) não transferir o depósito sem autorização do depositante.
DIREITOS E DEVERES DO DEPOSITANTE
Terá direito de:
1-exigir a restituição da coisa depositada, com todos os seus acessórios, a qualquer tempo, mesmo antes do vencimento do prazo estipulado, salvo disposição em contrário, esta restituição deverá ocorrer no local em que tiver de ser guardada, correndo as despesas de restituição á conta do depositante.
2- impedir o uso da coisa depositada, se não o autorizou
3- exigir a conservação da coisa no estado em que a entregou.
Terá deveres de:
1- pagar a remuneração do depositário, se convencionado.
2- reembolsar ex lege o depositário das despesas necessárias feitas com a coisa, indenizando-o dos prejuízos resultantes do depósito, e pagar as úteis e voluptuárias, desde que autorizadas.
3- responder pelos riscos do contrato de depósito, por ser ele o proprietário da coisa depositada.
4- dar caução idônea, exigida pelo depositário, se as dívidas, as despesas ou prejuízos não forem provados suficientemente ou forem ilíquidos.art. 644 § único.
EXTINÇÃO DO CONTRATO DE DEPÓSITO:
1- pelo vencimento do prazo
2- pela manifestação unilateral do depositante, que tem direito de exigir a restituição do bem a todo tempo
3- por iniciativa do depositário que, se não quiser mais custodiar o bem, devolvê-lo-á ao depositante, e, se este se recusar a recebê-lo, poderá o depositário, tendo motivo plausível para não o guardar, requerer o seu depósito judicial.
4- pelo perecimento da coisa depositada, em razão de força maior ou caso fortuito, sem sub-rogação em outro bem.
5- pela morte ou incapacidade superveniente do depositário, se o contrato de depósito for intuitu personae.
6- pelo decurso do prazo de 25 anos, quando não reclamado o bem.
FIANÇA
CONCEITO: É o ajuste que visa dar ao credor uma segurança de pagamento, que poderá efetivar-se mediante a entrega de um bem móvel ou imóvel, pertencente ao próprio patrimônio do obrigado, pra responder preferencialmente pelo resgate da dívida, caso em que se terá garantia real, ou, então, mediante promessa de terceiro, estranho á relação jurídica, de solver por debitore, hipótese em que se configurará garantia pessoal ou fidejussória, ou melhor, a fiança, que, além de garantir a boa vontade do devedor, completará a sua insuficiência patrimonial com o patrimônio do fiador.
Na fiança se o devedor não pagar os débitos ou seus haveres forem insuficientes para cumprir a obrigação assumida, o credor poderá voltar-se contra o fiador, reclamando o pagamento da dívida, para assim se cobrar.
Fiança ou Caução Fidejussória: é a promessa, feita por uma ou mais pessoas, de garantir ou satisfazer a obrigação de um devedor, se este não a cumprir, assegurando ao credor o seu efetivo cumprimento.
Arts. 818 a 839 CC.
Haverá contrato de fiança sempre que alguém assumir, perante o credor, a obrigação de pagar a dívida, se o devedor não o fizer.
É um negócio entabulado entre credor e fiador, prescindindo da presença do devedor, podendo até mesmo ser levado a efeito sem o seu consentimento ou contra sua vontade. Art. 820 CC.
O devedor não é parte na relação jurídica fidejussória que, em relação a ele, é res inter alios.
O contrato de fiança será intuitu personae relativamente ao fiador, porque para a sua celebração será imprescindível a confiança que inspirar ao credor.
O fiador terá responsabilidade por débito alheio.
Fiador: pessoa que assume a fiança.
Afiançado: pessoa quem o fiador garante.
CARACTERÍSTICAS DA FIANÇA:
1- Acessoriedade: é um contrato acessório que não poderá existir sem o principal, cujo adimplemento objetiva assegurar. Há dois contratos: o principal entre o credor e o devedor; e um acessório, entre o fiador e o credor.
A fiança por ser um contrato acessório seguirá o destino do principal. Logo, se o contrato principal for nulo, nula também será a fiança. No entanto, a recíproca não é verdadeira, visto que a nulidade da fiança não atingirá o contrato principal.
A fiança não limitada em relação á obrigação principal compreenderá todos os acessórios da dívida principal. Ex: juros do capital mutuado, acréscimos legais do aluguel mensal, etc.
A fiança poderá ser de valor inferior e mesmo contraída em condições menos onerosas do que a obrigação principal, porém jamais poderá ser de valor superior ou mais onerosa. Se isso ocorrer não se terá a anulação da fiança, mas apenas reduzir-se-á tão somente o seu montante até o valor da obrigação afiançada, pois valerá penas o limite da obrigação afiançada. Art. 823 CC.
2- Unilateralidade:pois gera apenas obrigações para o fiador em relação ao credor, que só terá vantagem, não assumindo qualquer compromisso em relação ao fiador.
3- Gratuidade: que incidirá sobre o crédito concedido ao devedor, pois, em regra, o fiador não receberá uma remuneração, mas apenas procurará ajudar o afiançado, pessoa em quem confia e que, espera, cumprirá a obrigação assumida.
A fiança dar-se-á por escrito e não admitirá interpretação extensiva, de modo que o fiador apenas responderá pelo que estiver expresso no instrumento da fiança, e se alguma dúvida existir, será ela solucionada em favor do fiador.
4- Subsidiariedade: pois devido ao seu caráter acessório, o fiador só se obrigará se o devedor principal ou afiançado não cumprir a prestação devida, a menos que se tenha estipulado solidariedade. Nesse caso, assumirá a posição de co-devedor, sem que isso desfigure a fiança.
REQUISITOS DO CONTRATO DE FIANÇA:
1- SUBJETIVOS: pois para afiançar ser imprescindível não só a capacidade genérica par praticar os atos da vida civil, isto é, capacidade de administrar os bens e aliená-los, mas também legitimação para afiançar. Ex: pessoa casada, exceto no regime da separação absoluta, não poderá prestar fiança sem a outorga do consorte.
Arts. 825 e 826 CC
2- OBJETIVOS:
A) A fiança poderá ser dada em qualquer tipo de obrigação, se já ela de dar, fazer ou de não fazer, pois o contrato acessório dependerá da existência de um contrato principal, ao qual deverá vincular-se, como elemento de garantia.
B) A fiança dependerá da validade e da exigibilidade da obrigação principal. Art. 824 CC.
C) A fiança poderá assegurar obrigação atual ou futura, mas quanto a esta última,a fiança somente vigorará como acessória no instante em que ela surgir ou se firmar. A fiança, portanto, só entrará em vigor depois da existência da obrigação principal, de tal sorte que, se a obrigação futura não chegar a existir, resolver-se-á a fiança.
D) A fiança não pode ultrapassar o valor do débito principal, nem ser mais onerosa do que ele, sob pena e ser reduzida ao nível da dívida afiançada. Art. 823 CC
3- FORMAIS: a fiança nos termos do art. 819 se dará por escrito. Assim, impõe-se-lhe a forma escrita podendo constar de instrumento público ou particular.
MODALIDADES DE FIANÇA:
Quanto ao seu objeto:
1- CIVIL: se o devedor afiançado não for empresário ou se a obrigação garantida não tiver natureza mercantil. EX: outorga a respeito de locação de imóveis.
2- COMERCIAL: se o devedor afiançado for empresário ou a obrigação tiver uma causa ou natureza mercantil, ou quando vier a assegurar negócio oriundo de atividade empresarial, embora o fiador não seja empresário. Será sempre solidária. O fiador não gozará do benefício de ordem.
Quanto a sua forma:
1- CONVENCIONAL OU CONTRATUAL: se decorrer espontaneamente da vontade do devedor ou do credor, mesmo sem a anuência do devedor afiançado.
2- LEGAL: se oriunda da lei. Ex: art. 1280, 495 CC.
3- JUDICIAL: se proveniente de exigência do processo ou de imposição judicial, tanto na seara cível como na criminal, ex officio ou por solicitação das partes. Ex: ARTS. 588, I e II e art. 925do CPC.
EFEITOS DA FIANÇA:
Dada a acessoriedade e gratuidade os efeitos da fiança são restritos quanto ao tempo, ao objeto e ás pessoas, não podendo ir além do valor da dívida garantida, nem exceder em onerosidade.
Nas relações entre credor e fiador:
1- o credor não poderá escolher entre o devedor e o fiador, exigindo o pagamento de qualquer deles, porque a fiança só produzirá efeitos a partir do momento em que o devedor afiançado deixar de realizar a prestação. Logo, o credor deverá dirigir-se contra o devedor principal, e somente se este não puder cumprir a obrigação assumida é que poderá procurar o fiador para receber a prestação.
2- o credor só poderá exigir a fiança no termo fixado para a obrigação principal.
3- o fiador poderá oferecer exceções á ação do credor. Arts. 824 § único e 588.
Art. 827 CC – BENEFÍCIO DE ORDEM
4- a pluralidade de fiadores dará origem a três situações : 1) responsabilidade solidária dos co-fiadores entre si- art. 829 CC; 2) benefício de divisão (só existirá se houver estipulação)- art. 829 e § único; 3) limitação da responsabilidade de cada um dos fiadores – art. 830 CC.
5- a insolvência de um dos co-fiadores na solidariedade entre co-fiadores ou no benefício de divisão, fará com que parte de sua responsabilidade na dívida seja distribuída entre os demais co-fiadores solváveis, no momento da exigibilidade da prestação.
Nas relações entre devedor afiançado e fiador:
1- o fiador, em caso de solidariedade entre co-fiadores, que pagar integralmente a dívida, ficará sub-rogado nos direitos do credor, mas poderá demandar a cad um dos outros fiadores pela respectiva cota. Ter-se-á uma sub-rogação legal e o fiador terá direito de reembolsar-se do que despendeu em razão da garantia fidejussória.
2- o fiador tem certos direitos antes do pagamento do débito afiançado, pois poderá quando o credor, sem justa causa, demorar a execução iniciada contra o devedor, promover-lhe o andamento. Art. 834 CC.
3- a obrigação do fiador falecido passará aos seus herdeiros, mas a responsabilidade da fiança se limitará ao tempo decorrido até a sua morte, e não poderá ultrapassar as forças da herança. Art. 836 CC.
4- o fiador poderá exonerar-se da obrigação a todo tempo, se a fiança tiver duração ilimitada, mas ficará obrigado por todos os efeitos da fiança, durante 60 dias após a notificação judicial ou extrajudicial do credor de sua intenção de não mais garantir o débito afiançado. Art. 835 CC.
5- a interrupção de prescrição produzida contra o devedor prejudicará o fiador.
EXTINÇAÕ DA FIANÇA:
1- Por causas terminativas comuns ás obrigações em geral. Ex: extinção da dívida principal por ela assegurada; pagamento direto ou indireto.
2- Por modos extintivos próprios á natureza da fiança:
1- Expiração do prazo determinado para sua vigência, ou não o havendo quando assim convier as fiador. Art. 835 CC
2- Existência de exceções pessoais ou extintivas da obrigação. Art. 837 CC
3-Ocorrência das situações previstas no Código Civil art. 838 I e II.
4- Retardamento do credor na execução, resultando na insolvência do devedor. Art. 839 CC.
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Jardel Araújo
(Parte 2 de 2)

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