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RESUMO AULAS 1 A 10 AV1 CLINICA PSICANALÍTICA ESTACIO

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REVISÃO AV1 CLINICA PSICANALÍTICA
Aula 01: Breve história da clinica psicanalítica
Introdução à histeria
O conceito de histeria abrange muitas modalidades e graus de quadros clínicos. A “neurose histérica”, porém, pode ser abordada sob aspectos variados — como o de uma personalidade histérica ou ainda da presença de “traços histéricos” que estão presentes em praticamente todas as personalidades normais ou psicopatológicas (ZIMERMAN, 1999). Do ponto de vista psiquiátrico pode ser dividida em dois tipos: conversiva e dissociativa.
Alguns autores acreditam que a histeria se modifica conforme o contexto sociocultural vigente de cada época. Segundo Zimerman (1999), a compreensão dos psicanalistas deixou de ser unicamente da psicodinâmica dos conflitos sexuais reprimidos, mas também como uma expressão de problemas relacionados (figuras parentais) e comunicacionais.
Século XIX Charcot distinguiu a histeria da epilepsia. Ele investigava a histeria através da hipnose. Foi durante as aulas de Charcot que Freud ficou intrigado com o fato de que a histeria, embora não demonstrasse nenhuma perturbação neurológica orgânica, não se caracterizava como fingimento e ainda o fato da histeria não se apresentar somente em mulheres
Desde a antiguidade e em particular com Hipócrates a histeria já era usada para designar transtornos nervosos em mulheres que não haviam tido gravidez. A palavra histeria – histeros, que em grego, quer dizer útero — ao longo da história estava, por definição, ligada de forma indissociável ao feminino e com o sexual. Na Idade Média a histeria passou a ser definida como possessão pelo demônio. No Século XVIII • A loucura e a histeria perdem suas prerrogativas divinas que tiveram em toda a Idade Média e passam a ser vistas como doenças da dimensão humana. • A desconstrução começou com a descoberta da Lei da Gravitação Universal com os físicos Johannes Kepler (1571-1630) e Isaac Newton (1642-1727)
Desenvolvimento Histórico
Freud — 1856-1939 (Sigmund Freud) • O termo Psicanálise foi criado por Freud e aparece pela primeira vez em um artigo chamado Novas observações sobre as neuropsicoses de defesa (1896), e buscava nomear um novo método terapêutico para tratar as neuroses. • O primeiro caso de Freud, na verdade foi de Breuer: Anna O. (Bertha Pappenheim).
Aula 02: Breve história da clínica psicanalítica
A histeria veio a contribuir largamente para o surgimento da Psicanálise, pois é na clínica da histeria que Freud começa a entrar em contato com as carências apresentadas pelas teorias e pelos métodos de estudo da mente. É a partir dessa clínica que ele começa a construir seu próprio método de análise.
O PROBLEMA DA HISTERIA
A noção de histeria é muito antiga, remonta à Antiguidade. Sua delimitação acompanhou as mudanças da história da Medicina. • Até a Idade Média, a histeria era considerada possessão, “coisa do diabo” e era tratada pelo padre ou pelo curandeiro. Com o avanço da Medicina, coloca-se a questão se a histeria seria ou não uma doença. Isto porque se observou que ela poderia apresentar os sintomas de várias doenças já conhecidas. Parecia, assim, que a histeria estava acima das demais afecções.
A partir do séc. XVIII, a histeria passa a ser considerada uma doença. 
• A história da histeria foi sempre percorrida por uma dupla corrente: uma baseada na observação de fatos, na compilação de dados objetivos (corrente médica); a outra seria aberta à imaginação, ao sonho, ao subjetivo. 
• No século XIX, a histeria e a epilepsia eram consideradas “irmãs”.
Charcot na Salpêtrière: quando este médico assumiu seu cargo neste hospital, o que lá encontrou foi uma ala inteira onde pacientes histéricos e epilépticos conviviam lado a lado.
 • No final deste mesmo século, Charcot e seus alunos ampliam a pesquisa sobre a histeria, utilizando-se do enorme material clínico encontrado na Salpêtrière, colocando essa doença em um lugar de destaque na Medicina, e tendo a incluído numa nova categoria: as psiconeuroses. 
• Charcot submete a histeria ao método anátomo-clínico, dando a ela a dignidade de doença, apontando seus sintomas, permitindo um diagnóstico específico e diferencial.
 • Preocupou-se tanto com a etiologia – causa – da doença, quanto com os seus mecanismos.
CHARCOT E A HIPNOSE
Importante contribuição de Charcot, fundamental para o estudo e tratamento da histeria e que teve uma importante influência sobre Freud; foi a introdução da hipnose como forma de investigação e tratamento desta doença. A hipnose era tida como não científica.
Charcot demonstrava, nas suas exposições de casos clínicos, que, com o uso da hipnose, poderíamos trazer à tona os sintomas histéricos. • Ele teorizou a origem psicogênica* da histeria, já que os sintomas poderiam ser tratados apenas por ideias. • Charcot foi o primeiro a demonstrar que a explicação da histeria está na Psicologia. * Relacionada às doenças causadas por transtornos psíquicos
Charcot fez surgir em Freud o interesse pela Psicopatologia (o que muda seu caminho da Neuroanatomia para esta nova área); • Demonstrou ser a histeria uma doença que tem uma causa psíquica e que pode ser tratada apenas por ideias; • A histeria se comporta como se a anatomia não existisse, o que demonstra claramente o caráter psíquico da sua etiologia.
As primeiras tentativas de investigação e tratamento de Freud com seus pacientes (ao retornar de Paris) foram com a utilização de eletroterapia, banhos e massagens.
No final de 1887, ele voltou-se para a sugestão hipnótica. Freud achava que nem sempre era capaz de induzir seus pacientes à hipnose por completo ou de modo suficiente para que o tratamento desse os resultados almejados.
Aula 03: Breuer, Anna O. e o método catártico
O famoso caso Anna O. influenciou Freud enormemente na criação de uma nova técnica de investigação e tratamento da histeria – a livre associação – e, consequentemente, na descoberta da Psicanálise.
A partir do caso Anna O., Breuer passou a utilizar a hipnose de forma diferente da usada na época, para fazer surgir a origem dos sintomas.
Anna O. foi um caso muito importante para a história da Psicanálise, porque permitiu o surgimento da “cura pela fala” e o do método catártico, segundo o qual podemos considerar o “meio do caminho” para o surgimento da associação livre
Método catártico
No método catártico, o paciente era hipnotizado e levado a lembrar-se da história do desenvolvimento de sua doença. • O paciente era reconduzido até o momento das primeiras manifestações de seu sofrimento, ou seja, até a cena traumática, e incentivado a revivê-la de forma adequada, liberando a reação afetiva necessária e que, na época da vivência do trauma, por algum motivo, não foi efetivada.
O método catártico, descoberto por Breuer, teve influência fundamental para o surgimento da Psicanálise. Foi através dele que Freud percebeu a importância da cura pela fala, o que mais tarde iria se tornar a livre associação, pedra angular da Psicanálise.
Breuer X Freud
Freud (1914) considera a teoria de Breuer relativa à histeria muito incompleta por não tocar no problema da etiologia das neuroses. • Enquanto Freud acreditava que toda histeria tinha na sua base uma problemática sexual, Breuer acreditava que a doença não era determinada pelo conteúdo da lembrança, mas pelo estado psíquico do sujeito no momento do trauma, estado que ele chamava de hipnóide*.
Mas ao adotar esse método, Freud deparou-se com duas dificuldades:
 • a primeira era que nem todas as pessoas podiam ser hipnotizadas; 
• a segunda seria o que caracteriza a histeria e a distingue de outras neuroses, ou seja, o método catártico era ineficaz quanto à etiologia da histeria, pois só eliminava os sintomas.
O PROBLEMA ETIOLÓGICO DA HISTERIA
Inicialmente, Freud formula o problema etiológico da histeria em termos de quantidade de energia: 
• A histeria deve-se a um excesso de excitação que não foi descarregada por via verbal, ou somática, porque a representação psíquica do trauma, ao ter sido impedidade expressão, torna-se um corpo estranho que atua no psiquismo. 
• O afeto como excitação psíquica é convertido em excitação somática, ou seja, em sintoma corporal.
A histeria é uma neurose geralmente latente que eclode por ocasião de acontecimentos marcantes, ou em períodos críticos da vida de um sujeito.
 • É possível pensar a histeria como o teatro da subjetividade, como um fundamento da construção subjetiva que tem necessariamente seu eixo na ênfase da relação com o outro. 
• O sofrimento histérico expressa-se, principalmente, através de sintomas somáticos que, em sua maioria, são transitórios, não resultam de nenhuma causa orgânica e que, em sua localização corporal, não obedecem a nenhuma lei anatômica ou fisiológica.
A PERSONALIDADE / Teorias... Histeria de conversão – patologia caracterizada pela existência de sintomas descritos por pacientes, mas que não têm causa patológica. Existe o sintoma, mas não uma doença. Somatizações – Caracterizam-se pelo adoecimento motivados por causas emocionais. As doenças são reais. Atualmente todas as doenças são consideradas psicossomáticas.
A neurose será definida como uma “afecção patogênica onde os sintomas são a expressão simbólica de um conflito psíquico com raízes na história infantil do sujeito, e constitui compromissos entre o desejo e a defesa”. (LAPLANCHE e PONTALIS)
A histeria é uma forma neurótica de funcionamento do aparelho psíquico, que se manifesta por meio de múltiplas maneiras, sendo que as duas formas sintomáticas mais bem identificadas são a histeria de conversão e a histeria de angústia (a fobia )
Na histeria, encontramos a escolha de um mecanismo de defesa específico, entre outros: a conversão Conversão – a carga de afeto ligada à ideia é transformada em sintoma somático
ALTERAÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE
Conversão: Surgimento abrupto de sintomas físicos (paralisias, anestesias, cegueira) de origem psicogênica. Ocorre geralmente em situações estressantes, de ameaça ou conflito intrapsíquico ou interpessoal significativos para o indivíduo. A conversão expressa a representação simbólica de um conflito psíquico em termos de manifestações motoras. Frequente na histeria e no transtorno de personalidade histriônica.
Histeria de Angústia, de caráter fóbico, como no caso do Pequeno Hans (1909).
A partir das noções de resistência, defesa e conversão ocorre a mudança de concepção de terapia. Objetivo da terapia – não mais produzir a abreação do afeto, mas tornar conscientes as ideias patogênicas possibilitando sua elaboração. Método catártico Método psicanalítico
Aula 04: Caracterização da clínica freudiana
A regra fundamental ou regra da livre associação
Pode ser conceituada como o compromisso assumido pelo paciente de comunicar ao analista tudo o que lhe vier à mente, independentemente de suas inibições ou do fato de achá-las insignificantes ou não.
Freud desenvolveu a técnica da associação livre gradualmente a partir da hipnose, da sugestão e do método catártico. • O conhecimento desses métodos anteriores à associação livre torna possível uma melhor compreensão a respeito do desenvolvimento da regra fundamental. • Esse aprimoramento, na técnica psicanalítica, possibilitou o acesso do material recalcado para a consciência e revelou ao paciente a natureza de seu inconsciente
Alguns médicos (na Alemanha e na Áustria) apresentavam resistência à hipnose. • Freud se posicionou a favor da hipnose e apoiou a utilidade desse método no tratamento das patologias nervosas, particularmente da histeria.
Freud, em um artigo intitulado Histeria, define as principais características do método de tratamento a essa patologia. Freud recomenda dois tipos de tratamento para a neurose histérica:
O método de Breuer, chamado de catártico, era fundamentalmente baseado na hipótese de que os sintomas dos pacientes histéricos eram situações passadas que tiveram grande repercussão, mas que foram esquecidas.
A terapêutica catártica consistia então em induzir o paciente através da hipnose a relembrar os traumas esquecidos e a reagir a eles com expressões de afeto. Quando isso ocorria, o sintoma, que até então tomara o lugar dessas expressões de emoção, desaparecia.
Ao desistir da hipnose e desenvolver a técnica da associação livre, Freud estava criando o que seria considerada “a regra fundamental” da Psicanálise
A ASSOCIAÇÃO LIVRE NA OBRA DE FREUD
A interpretação dos sonhos — a partir de sua observação de que os sonhos fluem segundo certa lógica temporal, foi possível, a Freud, descobrir as leis da associação livre. O discurso do paciente deveria ser livre de sentido linear consciente, ou seja, o indivíduo deveria desfrutar de uma liberação do conhecimento lógico. Então, Freud concluiu que, assim como nos sonhos, a ordem em que o paciente diz o que está em sua mente pode revelar sua própria lógica intrínseca.
O método psicanalítico em Freud — Nesse texto, Freud diz que, no relato da história clínica, irão surgir lacunas na memória do paciente, que seriam como amnésias resultantes de um processo de recalcamento e cuja motivação é associada a um desprazer. A associação livre permitiria então atingir com mais facilidade os elementos responsáveis pela liberação dos afetos, das lembranças e das representações. 
Fragmento da análise de um caso de histeria — a regra fundamental passa a ocupar uma posição central na técnica analítica freudiana. 
Cinco lições de Psicanálise — Freud, comentando sobre a técnica psicanalítica e ressaltando os trabalhos de Jung e do grupo de Zurique, com a associação de palavras, observa que uma recordação em conexão com um número suficiente de “associações livres” permitirá que se desvende o que Freud chamava de um “complexo reprimido”. Para tanto, recomenda-se ao paciente falar sobre o que quiser, porém sabe-se que, frequentemente, se ouvirá como resposta que o paciente não tem nada a dizer ou que nada lhe surge à mente.
A dinâmica da transferência — A expressão “regra fundamental” foi utilizada pela primeira vez no artigo técnico A dinâmica da transferência, quando Freud discutia a questão da resistência transferencial. 
Sobre o início do tratamento — Freud elabora algumas regras, que prefere chamar de recomendações, para o início do tratamento psicanalítico. Chama a atenção, no entanto, para a diversidade de situações e fatores que se opõem a qualquer mecanização da técnica. Nesse trabalho, Freud relata que o material inicial trazido pelo paciente é indiferente, mas em todos os casos deve-se permitir ao paciente ser livre para escolher por onde ele deverá começar a falar.
Freud deixa claro que a associação livre é a técnica com a qual se pode tornar consciente o material reprimido que está retido pelas resistências. O autor ressalta também que a associação livre não seria realmente livre. Embora o paciente não esteja dirigindo suas atividades mentais para um determinado assunto, ele está permanentemente sob a influência da situação analítica e da transferência, e tudo que lhe ocorre tem alguma referência com essas situações.
Resistência e repressão — Freud relata que a primeira coisa que se consegue, ao estabelecer a regra fundamental, é que ela se transforma no alvo dos ataques da resistência. Enfatiza que seja feita uma “advertência expressa”, insistindo para que o paciente siga apenas a superfície de sua consciência, abandonando toda a crítica sobre aquilo que encontra.
Inibições, sintoma e ansiedade — Na tentativa de explorar mais profundamente os motivos que interferem na livre associação, em “inibições, sintoma e ansiedade”, Freud discorreu sobre as dificuldades específicas do neurótico obsessivo em seguir à regra fundamental.
Embora a técnica da associação livre tenha passado por diferentes descrições, ao longo da obra de Freud, ela permaneceu praticamente inalterada e continuou sendo considerada um dos principais meios de acesso ao material inconsciente.
Aula 05: A regra da atenção flutuante
De acordo com o pai da Psicanálise,a atenção flutuante seria a contrapartida do terapeuta à regra fundamental da associação livre que o paciente deve seguir para que a análise funcione
A regra da associação livre é uma técnica que, se seguida à risca, possibilita ao paciente acompanhar o fluxo de trabalho do inconsciente. O inconsciente nunca para de trabalhar, independente da atividade que estejamos realizando. Nem na hora da refeição!
O terapeuta deve, portanto, evitar fixar sua atenção em certos conteúdos, privilegiando-os em detrimento de outros. Por isso, a metáfora aquática utilizada por Freud é bastante precisa. A atenção do analista deve flutuar pelos significantes que o paciente enuncia, como um barco que perdeu o leme, evitando tomar algum fragmento do discurso como cais
A atenção flutuante é a contrapartida da associação livre, proposta ao paciente.
Ao suspender sua atenção habitual e deixar-se levar pelas associações do paciente, o analista acabará por seguir o fluxo de trabalho do seu próprio inconsciente. Assim, em condições ideais, isto é, caso o paciente obedecesse fielmente à regra da associação livre e o analista adotasse plenamente a atenção flutuante, se estabeleceria uma comunicação entre os inconscientes do terapeuta e do analisando.
Aula 06: Recomendações aos médicos que exercem a Psicanálise
A regra de prestar igual reparo a tudo constitui a contrapartida necessária da exigência feita ao paciente, de que comunique tudo 
o que lhe ocorre, sem crítica ou seleção. 
Se o médico se comportar de outro modo, estará jogando fora a maior parte da vantagem que resulta do paciente obedecer à 
‘regra fundamental da Psicanálise’. 
A regra para o médico pode ser assim expressa:
‘Ele deve conter todas as influências conscientes da sua capacidade de prestar atenção e abandonar-se inteiramente à ‘memória inconsciente’. 
Ou, para dizê-lo puramente em termos técnicos: ‘Ele deve simplesmente escutar e não se preocupar se está se lembrando de alguma coisa’.
Qual é a justificativa de Freud para essa orientação? 
A frieza emocional no analista cria condições mais vantajosas para ambas as partes: 
para o médico, uma proteção desejável para sua própria vida emocional, 
para o paciente, o maior auxílio que lhe podemos dar.
Qual o objetivo para essas diferentesregras? 
Todas essas regras se direcionam, se destinam a criar, para o médico, uma contrapartida à ‘regra fundamental da Psicanálise’.
Transição da atitude do médico para o tratamento do paciente: 
o médico deve controlar-se e guiar-se pelas capacidades do paciente em vez de por seus próprios desejos; 
ser tolerante com a fraqueza do paciente;
contentar-se em ter reconquistado certo grau de capacidade de trabalho e divertimento.
A ambição educativa é de tão pouca utilidade quanto a ambição terapêutica
Aula 07: O início do tratamento psicanalítico e os fenômenos da resistência
Freud anuncia que a primeira meta da análise é a de ligar o paciente ao seu tratamento e à pessoa do analista. • Sendo mais explícito em relação a pelo menos uma função desse tratamento de ensaio: a do estabelecimento do diagnóstico e, em particular, a do diagnóstico diferencial entre neurose e psicose.
Condição absoluta - “não há entrada em análise sem as entrevistas preliminares”. Na prática, nem sempre é possível demarcar nitidamente esse umbral da análise. Isto ocorre por quê? Tanto nas entrevistas preliminares quanto na própria análise o que está em jogo é a associação livre. 
Diz Freud - O “ensaio preliminar”, é o início da análise e deve conformar-se às suas regras... “deixa-se o paciente falar quase o tempo todo e não se explica mais que absolutamente o necessário para fazê-lo prosseguir no que está dizendo.
Nesse momento, a tarefa do analista é apenas relançar o discurso do analisante
As entrevistas preliminares têm a mesma estrutura da análise, mas são distintas desta.
Disso se conclui que: 
1º— A associação livre mantém a identificação das entrevistas preliminares com a análise (EP=A).
 2º — Esse tempo de diagnóstico faz com que se distinga entrevistas preliminares da análise (EP# A). 
Paradoxo do analista – aceitar ou não aceitar aquela demanda de análise. Com isso, para tomar essa decisão as E.P. podem ser divididas em dois tempos : Um tempo de compreender; Momento de concluir - no qual o analista toma sua decisão.
É nesse momento de concluir que se coloca o ato psicanalítico, assumido pelo analista, de transformar o tratamento de ensaio em análise propriamente dita.
 • O ato psicanalítico - o divã
2º — A função diagnóstica Só pode ser buscado (o diagnóstico) no registro simbólico, onde são articuladas questões fundamentais do sujeito: sexo, morte, procriação e paternidade. (QUINET, 2000) É a partir do simbólico que se pode fazer o diagnóstico diferencial estrutural por meio dos três modos de negação do Édipo correspondentes às três estruturas clínicas.
 • recalque (Verdrängung) do neurótico, nega conservando o elemento no inconsciente e
 • desmentido (Verleugnung) do perverso, o nega conservando-o no fetiche 
• foraclusão (Verwerfung) do psicótico é um modo de negação que não deixa traço ou vestígio algum: ela não conserva, arrasa. 
Os dois modos de negação que conservam implicam a admissão do Édipo no simbólico, o que não acontece na foraclusão.
2º — A função diagnóstica Cada modo de negação é concomitante a um tipo de retorno do que é negado segundo Quinet (
2º — A função diagnóstica
 • No recalque, o que é negado no simbólico retorna no próprio simbólico sob a forma de sintoma: o sintoma neurótico. 
• No desmentido, o que é negado é concomitantemente afirmado retornando no simbólico sob a forma de fetiche do perverso. 
• Na psicose, o que é negado no simbólico retorna no real sob a forma de automatismo mental, cuja expressão mais evidente é a alucinação.
2º — A função diagnóstica A partir da escuta, sob transferência, deve-se fazer o diagnóstico da estrutura clínica do sujeito (neurose, psicose ou perversão) e a queixa inicial, presente no pedido urgente, deve dar lugar à demanda, que será modificada a partir da reorganização do sintoma. 
3º — A função transferencial • Para Lacan, o começo da analise é a transferência, mas seu pivô é o sujeito suposto saber.
O surgimento do sujeito sob transferência é o que dá o sinal de entrada em análise, e esse sujeito é vinculado ao saber
O estabelecimento da transferência é necessário para que uma análise se inicie: é o que denominamos a função transferencial das entrevistas preliminares. 
• A transferência não é condicionada ou motivada pelo analista. Como diz Lacan - Ela está aí por graça do analisante. • A transferência não é uma função do analista, mas do analisante. A função do analista é saber utilizá-la
Os fenômenos da resistência É sempre em torno de alguma forma de mudança e transformação subjetiva que gira a experiência psicanalítica
Sempre que o trabalho de análise se aproxima de uma representação recalcada, a resistência se manifesta, tentando impedir esse trabalho, como obstáculo à rememoração
Na obra freudiana, a relação direta do conceito de resistência com outros importantes elementos do edifício teórico da Psicanálise, tais como: o recalque, a interpretação dos sonhos e, principalmente, a transferência.
Com relação ao recalque - a resistência pode ser considerada a manifestação exterior desse mecanismo de defesa, cuja função é manter fora da consciência uma representação ameaçadora. 
Quanto mais o trabalho analítico se aproxima de uma representação recalcada, maior e mais intensa é a resistência contra esse trabalho. 
Com relação aos sonhos - a resistência atua tanto no processo de formação do sonho, impondo a censura como agente deformador dele, como também dificultando, seja pelas dúvidas ou esquecimentos, o trabalho de interpretação deste sonho.
Com relação à transferência - é precisamente o silêncio que acometeo paciente, interrompendo o processo de associação livre, que faz Freud considerar a transferência como o pior obstáculo à análise, servindo inteiramente aos propósitos da resistência.
Freud postula a existência de cinco formas de resistência espalhadas por todo aparelho psíquico, a saber: 
• três formas de resistência ligadas ao ego (a resistência do recalque, a resistência de transferência e o ganho secundário da doença);
 • a resistência do id (compulsão à repetição); 
• a resistência do superego (reação terapêutica negativa).
Aula 08: Aspectos da técnica clínica
O manejo da transferência
É um vínculo que se estabelece exclusivamente nas relações humanas. Manifesta-se, mais comumente, pela percepção de um afeto desproporcional não fundamentado pela realidade empírica.
Para que ela serve? A transferência serve para tirar o sujeito das amarras da realidade empírica. Ela abre para o sujeito a possibilidade de entrada em uma outra cena
A Dinâmica da Transferência (FREUD, 1912) “Essa transferência foi precisamente estabelecida não apenas pelas ideias antecipadas conscientes, mas também por aquelas que foram retidas ou que são inconscientes.”(FREUD, A dinâmica da transferência, p. 112
O vínculo amoroso com o analista Uma forma de manifestação dos fenômenos da transferência que, em grande parte, chamou a atenção de Freud — o amor do analisando dirigido ao analista.
Se o amor, por um lado, é um vinculo preenchedor, por outro lado leva também à análise.
 • Freud é impelido, então, a enfrentar este problema: o da ambiguidade ou ambivalência da transferência. 
Como ele enfrenta essa questão? Por meio da distinção entre “transferência positiva”, “transferência erótica” e “transferência negativa”
O manejo da transferência: “Todo principiante em Psicanálise provavelmente se sente alarmado, de início, pelas dificuldades que lhe estão reservadas quando vier a interpretar as associações do paciente e lidar com a reprodução do recalcado. Quando chega a ocasião, contudo, logo aprende a encarar estas dificuldades como insignificantes e, ao invés, fica convencido de que as únicas dificuldades realmente sérias que tem de enfrentar residem no manejo da transferência.”
Quais são os movimentos ou as estratégias que promovem o manejo da transferência?
 Fundamentalmente, compete ao analista apresentar-se ora de forma mais intensa bem como, quando necessário, ausentar-se atentando para: 
• O intervalo entre as sessões; 
• O tempo de duração da sessão; 
• A função do corte interpretativo.
Aula 09: A interpretação em psicanálise
A Psicanálise fundamentou-se na aposta de que a cura de um sofrimento psíquico poderia ser conduzida pela palavra.
Freud sustentou que a cura psicanalítica deveria ser feita por meio da capacidade de perceber e compreender os conteúdos da memória trazidos pelos pacientes Esses conteúdos eram comunicados pela fala ao analista, ao qual caberia ajudar a rememorar e reconstruir esse material, como meio de chegar às causas do sofrimento psíquico.
Onde estaria a causa desse sofrimento? Teria uma origem específica? Origem: trauma real ou fantasiado Deve-se ter acesso, a esse sofrimento, pela análise e interpretação dos sintomas, reconectando-o à sua origem.
Para Freud o inconsciente é um sistema próprio, marcadamente diferente da consciência
O inconsciente é algo que foge ao racional, mas não ao lógico, sendo passível de interpretação através de uma análise de seus simbolismos.
No inconsciente, fica impressa a história dos investimentos libidinais, que ao se frustrarem na realidade objetiva, retornam ao aparelho psíquico, recalcando-se. 
Qual é, então, o objetivo da análise? 
Rememorar o recalcado, trazer entendimento e racionalidade ao material inconsciente e fazer com que os afetos causadores do sofrimento psíquico possam ser revividos e elaborados no momento presente.
A interpretação é o caminho pelo qual o analista desvenda os sentidos latentes das palavras e comportamentos dos sujeitos em análise.
Para ele, esses métodos não proporcionavam ao paciente a tomada de consciência dos conteúdos latentes ao discurso, responsáveis pela produção sintomática. 
Passa então a um novo método investigativo, capaz de trazer à tona os afetos recalcados causadores dos sintomas: a associação livre.
O trabalho psicanalítico consiste na tradução do texto inconsciente para uma fala consciente, decodificada de modo a alcançar a racionalização consciente; 
Esse movimento não é considerado fácil. Além disso, em uma análise, temos que lidar com as resistências do sistema psíquico
É dentro do campo transferencial que a interpretação funcionaria, dobrando as resistências e resgatando lembranças afetivas que atualizariam o desejo recalcado; e a partir da identificação dessa resistência poderia surgir uma interpretação
Uma análise não seria apenas interpretativa, mas teria como finalidade uma construção do passado esquecido dos pacientes, reconectando fragmentos da sua história individual a outros fragmentos de memória.
Freud aponta uma diferenciação entre os conceitos de interpretação e construção
• Interpretação — ação do analista sobre algum material simples que apareceria no discurso do paciente, como um chiste, uma associação ou uma parapraxia (ato falho).
• Construção em análise – reconstrução da história individual do paciente, história que ele havia esquecido e que dizia respeito aos seus sintomas atuais.
Resumindo: A interpretação traz à luz (do paciente) as modalidades do conflito defensivo e os desejos e as produções do seu inconsciente, permitindo que ele compreenda a origem de seus problemas. A interpretação está no centro maior da doutrina e das técnicas da Psicanálise, podendo caracterizá-la como peça fundamental para o trabalho de perlaboração do paciente, frente aos seus conflitos e suas patologias, ou seja, a interpretação possibilita a eliminação do recalcado, pois é a base da elaboração/perlaboração.
Por quê?
Porque Freud parte do pressuposto que a pessoa que sonha sabe o significado do seu sonho, apenas não sabe que sabe, e isso ocorre porque a censura a impede de saber. 
Neste momento, a Psicanálise se articula com a linguagem e rompe definitivamente com o referencial neurológico.
O termo “interpretação” não é reservado somente à produção do sonho. Aplica-se também às outras produções do inconsciente (atos falhos, sintomas etc.) e, mais geralmente, àquilo que, no discurso e no comportamento do sujeito, traz a marca do conflito defensivo (desejo x defesa) e do afeto (desagradável). • Atos Falhos – desejo se realiza de uma maneira evidente.
Aula 10: Aspectos da técnica clínica
Recordar, repetir e elaborar
A técnica psicanalítica sofreu profundas alterações desde o início.
Bastava hipnotizar o paciente e reproduzir o contexto psíquico, no qual a pessoa estava no momento em que o sintoma se formou. O foco do tratamento era: o da formação do sintoma
Quando a hipnose foi abandonada, a tarefa transformou-se em descobrir, a partir das associações livres do paciente, o que ele deixava de recordar. Freud acreditava que na fala do paciente estariam conteúdos ICS, e que através da arte interpretativa era possível derrubar as resistências do paciente.
Finalmente, o analista abandona a tentativa de colocar em foco um momento ou problemas específicos. 
A técnica sistemática hoje utilizada
 • O analista não foca mais o seu trabalho em “um” momento específico ou problema, ele vai considerar tudo que o paciente expõe, todo o conteúdo presente na superfície da mente do paciente;
 Emprega a arte da interpretação principalmente para identificar as resistências que lá aparecem, e torná- las conscientes ao paciente
Freud divide seu trabalho da seguinte forma: 
• O médico revela ao paciente as resistências, que são desconhecidas;
 • Quando as resistências estiverem vencidas, o paciente vai poder relacionar situações e vinculações esquecidas, sem dificuldade.
 Apesar das técnicas terem sofrido mudanças, o objetivo continua sendo o mesmo, “preencher as lacunas da memória” e assim vencer as resistências formadas pela repressão. O objetivo dessas técnicas permaneceu inalterado, sem dúvida.
Em termos descritivos: preenchimento das lacunas da recordação; 
Em termos dinâmicos: superação das resistências da repressão.
Ao que diz respeito aos processos psíquicos, devem ser considerados separadamente, na relação entre o esquecer e recordar. Freud fala que com frequência acontece de ser “recordado” algo que na verdade nunca poderia ser “esquecido”, em ocasião nenhuma foi “notado” — nunca tendo sido consciente. O paciente não nota a diferença de algo que foi esquecido e algo que nunca foi CS, e a convicção que o paciente alcança no decurso da análise, independe da lembrança.
Há certos casos, em que Freud diz, que alguns pacientes não recordam coisa alguma do que esqueceu ou reprimiu, mas expressa-o pela atuação (acting out). Esses conteúdos irão se expressar pela atuação, ou seja, irão se reproduzir não como lembrança e sim como ação, atuando, sem ter a CS de que está repetindo. 
• O paciente em tratamento, tem uma compulsão à repetição. A repetição é um modo de recordar. 
• No processo analítico, o que interessa é a relação desta compulsão à repetição com a transferência e a resistência.
A transferência é, ela própria, uma parcela de repetição, e a repetição é uma transferência do passado esquecido, [transferência] não só para o médico, mas para todos os âmbitos da situação presente.
O analisando se entrega à compulsão de repetir, que substitui o impulso à recordação, não apenas na relação pessoal com o médico, mas também em todos os demais relacionamentos e atividades contemporâneas de sua vida; por exemplo, quando, no decorrer do tratamento, escolhe um objeto amoroso, toma para si uma tarefa, começa um empreendimento. 
• Quanto maior a resistência, maior a atuação (acting out)
Se a terapia se inicia com uma suave e discreta transferência positiva, ela permite inicialmente um aprofundar da recordação, durante o qual mesmo os sintomas patológicos silenciam; 
• Mas, se no decurso da terapia, a transferência se torna hostil ou muito intensa, por isso necessitando de repressão, imediatamente o recordar cede o lugar à atuação.
Nessa nova técnica, o médico deve estar preparado para uma luta perpétua com o paciente, para manter na esfera psíquica todos os impulsos que o paciente insiste em dirigir à esfera motora. • É um triunfo para o tratamento o fato do paciente conseguir utilizar o recordar ao invés de descarregar em ação.
ATENÇÃO! Para isso, devemos considerar que o instrumento principal para reprimir a compulsão do paciente à repetição, e transformá-la em um motivo para recordar, reside no “manejo da transferência
A transferência cria uma região intermediária entre a doença e a vida real. A partir das reações repetitivas exibidas na transferência, despertam-se as lembranças sem dificuldade, após a resistência ter sido superada.
A nova condição representa uma doença artificial acessível à nossa intervenção
Como se sabe, a superação das resistências tem início quando o médico desvela a resistência jamais reconhecida pelo paciente e a comunica a ele
Deve-se dar ao paciente tempo para conhecer a resistência, para elaborá-la. • Só quando a resistência está em seu auge é que pode o analista, trabalhando em comum com o paciente, descobrir os impulsos instintuais reprimidos que estão alimentando a resistência; • Esta elaboração das resistências pode, na prática, revelar-se uma tarefa árdua para o sujeito da análise e uma prova de paciência para o analista. Todavia, trata-se da parte do trabalho que efetua as maiores mudanças no paciente.

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