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PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PROF. ELYESLEY SILVA Módulo introdutório para concursos www.econcursos.net 2 1. Conceito São valores e diretrizes que orientam a elaboração das leis administrativas, direcionam a atuação da Administração Pública e condicionam a validade de todos atos por ela praticados. “Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, seu verdadeiro alicerce, disposição fundamental que irradia sobre diferentes normas, compondo-lhes o espírito e servindo de critério para exata compreensão e inteligência delas, exatamente porque define a lógica que lhe dá sentido harmônico. Eis porque violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma. A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio violado, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão da sua estrutura mestra” (CELSO ANTONIO BANDEIRA DE MELLO, “Curso de Direito Administrativo”, Ed. Malheiros, 25ª Ed., 2007, p.53). 2. Princípios Expressos na Constituição (L I M P E) 2.1. Legalidade • Particulares (art. 5º, II, CF/88): autonomia da vontade: podem fazer tudo aquilo que a lei não proíbe; e • Administração: só faz o que está previsto em lei; • Consequências: a) Lei como pressuposto de toda atuação administrativa; e b) Caráter infralegal dos atos normativos da Administração. 2.2. Impessoalidade • Princípio da finalidade: todos os atos da Administração devem perseguir a finalidade de interesse público. • Princípio da isonomia: tratar a todos isonomicamente, sem quais discriminações benéficas ou detrimentosas. • Vedação à promoção pessoal (art. 37, § 1º. CF/88): “A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos”. 2.3. Moralidade • Princípio da probidade: dever de atuação ética, dentro de padrões de decoro, lealdade e boa-fé. • Não é suficiente obedecer a letra fria da lei, deve-se também concretizar os valores nela consagrados. • Nem tudo o que é legal, é moral. 2.4. Publicidade • Princípio da transparência (art. 5º, XXXIII, CF/88): “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”. • A divulgação em imprensa oficial constitui, como regra geral, requisito de eficácia dos atos praticados pela Administração. Ou seja, em regra, os atos administrativos só produzem efeitos jurídicos a partir da sua publicação em imprensa oficial. 2.5. Eficiência (inserido pela EC nº 19/98) • Administração: reestrutução e reorganização da máquina administrativa com vistas à superação de um modelo burocrático (foco no processo) e passagem para um modelo gerencial (foco no resultado) de Administração Pública. • Agentes Públicos: rapidez, perfeição, celeridade e rendimento. • Princípio da Economicidade: obtenção dos melhores resultados com o menor dispêndio possível de recursos públicos (relação custo X benefício). 3 3. Princípios Implícitos na Constituição Federal 3.1. Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade • Aplica-se na aferição da legitimidade dos atos discricionários praticados pela Administração, sobretudo daqueles restritivos de direitos (estabelecem limitações ou condicionamentos ao exercício de direitos e atividades individuais, impõem obrigações ou aplicam sanções). • É um dos principais instrumentos de controle judicial da Administração Pública. • Aspectos de avaliação da razoabilidade: a) adequação: o meio utilizado pela Administração é capaz de atingir o fim? b) necessidade: há outra medida menos restritivo e que tenha igual eficácia? c) proporcionalidade em sentido estrito: os benefícios superam os prejuízos? 3.2. Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Privado • Princípio fundamental do Direito Administrativo; • Fundamento das prerrogativas especiais (poderes administrativos); • Concretização: a) atributos do ato administrativo; b) cláusulas exorbitantes dos contratos administrativos; e c) intervenção do Estado na propriedade privada. 3.3. Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público • Juntamente com o princípio da supremacia, compõe o Regime Jurídico-Administrativo; • Fundamento das restrições especiais; • Objetivo: garantir que a Administração se guiará sempre pelo interesse público e não ferirá deliberadamente direitos individuais; • Indisponível: indica a não-propriedade da coisa (o interesse público não pode ser transferido a terceiros; é irrenunciável). • Concretização: a) Inalienabilidade dos bens e interesse públicos; e b) Intransferibilidade das competências administrativas. 3.4. Princípio da Autotutela • A própria Administração pode controlar os atos que pratica, anulando os ilegais e revogando os inconvenientes e inoportunos. • Súmula n° 473, STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. • Não afasta o controle judicial da Administração Pública. QUESTÕES DE CONCURSO 1. (Analista do Ministério dos Esportes 2008) Legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência são princípios constitucionais da administração pública. 2. (Agente Técnico MPE AM 2008) O princípio da legalidade determina que a administração, além de não poder atuar contra a lei ou além da lei, somente pode agir segundo a lei. 3. (Analista Judiciário – Administração do TJDFT 2007) Diferentemente do exercício do poder em âmbito privado, o administrador público, dentro dos limites legais e sempre que for caracterizado o interesse público, tem o dever de agir. 4. (Administrador DFTRANS 2008) Considerada um princípio fundamental da administração pública, a impessoalidade representa a divulgação dos atos oficiais de qualquer pessoa integrante da administração pública, sem a qual tais atos não produzem efeitos. 4 5. (Analista do TCU 2007) O atendimento do administrado em consideração ao seu prestígio social angariado junto à comunidade em que vive não ofende o princípio da impessoalidade da administração pública. 6. (ICMS Acre 2006) A vedação constitucional e legal de promoção pessoal de autoridades e de servidores públicos sobre suas realizações administrativas decorre do princípio da finalidade ou impessoalidade. 7. (Analista do MC 2008) A contratação de assessores informais para exercerem cargos públicos sem a realização de concurso público, além de ato de improbidade, configura lesão aos princípios da impessoalidade e da moralidade administrativa. 8. (Agente Técnico Administrativo MPE AM 2008) Para atuar em respeito à moral administrativa, é suficiente que o agente cumpra a letra fria da lei. 9. (Agente Administrativo da Universidade do Pará 2008) O princípio da moralidade está diretamente relacionado aos princípios éticos da boa-fé e da lealdade. 10. (Analista da HEMOBRAS2008) O princípio da eficiência impõe ao administrador público a obtenção da plena satisfação da sociedade a qualquer custo. 11. (Agente Administrativo da Universidade do Pará 2008) O princípio da eficiência da administração pública não está vinculado a padrões modernos de gestão administrativa. 12. (Analista da Área Administrativa do STF 2008) Os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade estão previstos de forma expressa na CF. Gabarito 1. C 2. C 3. C 4. E 5. E 6. C 7. C 8. E 9. C 10. E 11. E 12. E
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