Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Irrigação e Drenagem Água no Solo O solo é constituído de partículas sólidas, líquidas e gasosas. Os gases e a solução do solo dividem o espaço poroso do solo. Macroporos: Ar do solo Microporos: Água do solo Solo saturado com água: solo com macroporos e microporos saturados com água. 1. Determinação da Umidade do Solo A umidade do solo influencia diretamente o volume de água nele armazenado, bem como a sua resistência e a compactação. É de grande importância o conhecimento da umidade do solo para estudos do movimento da água no solo, disponibilidade de água, erosão, época e quantidade de água a ser aplicada em irrigação e muitas outras questões. Há vários métodos para determinar a umidade do solo, sendo os gravimétricos, eletrométricos, tensiômetro, etc., os mais comuns e usados em irrigação. 1.1. Métodos Gravimétricos 1.1.2. Método – Padrão de Estufa É um método direto, bastante preciso, que consiste em retirar amostras do solo, na área e na profundidade em que se deseja saber a umidade, colocá-las em um recipiente fechado, geralmente de alumínio, e trazê-las para o laboratório. Pesa-se o recipiente com amostra de solo úmido (M1) e coloca-se o recipiente, aberto, em estufa a 105 - 110ºC. Após 24 horas no mínimo, retira-se o recipiente com o solo seco da estufa, pesando-o novamente (M2). Sendo (M3) o peso do recipiente, a percentagem de umidade em peso será dada pela seguinte equação: %Up = massa de água = M1 – M2 x 100 Eq. (1) massa de solo seco M2 – M3 Apesar deste método ser o mais preciso, apresenta o inconveniente, para irrigação, de só permitir o conhecimento do teor de umidade do solo 24 horas após a amostragem, além de exigir balança e estufa. Irrigação e Drenagem Exemplo: O quadro abaixo apresenta os resultados das massas de um solo determinado pelo método do padrão de estufa. De posse dos dados preencha as colunas em branco do quadro. Prof (cm) M1 (g) M2 (g) M3 (g) %Up 0 - 20 215,6 198,4 107,1 18,84 20- 40 225,2 200,4 106,2 26,33 Para determinação direta de umidade em volume, é necessário saber qual o volume da amostra que foi retirada do solo, ou pode-se determiná-la indiretamente, conhecendo a densidade do solo (ds), respectivamente, pelas equações 2 e 3. %Uv = M1 – M2 _______________ x 100 Eq. (2) Volume da amostra Volume anel = pi r2 h Eq. (3) %Uv = M1 – M2 ds x 100 = Up x ds Eq. (4) M2 – M3 Utilizando o exemplo anterior, tem-se ds = 1,2 para profundidade de 0 – 20cm e ds = 1,4 para profundidade de 20 – 40cm, então a umidade em volume para as duas profundidades será: Prof. 0 - 20cm: 18,84 x 1,2 = 22,6% Prof. 20 - 40cm: 26,33 x 1,4 = 36,8% 1.1.3. Método das Pesagens É também um método direto e de precisão relativamente boa. Tem uma grande vantagem sobre o método anterior, que é a de dar a resposta logo após a retirada da amostra. Ele consiste nos seguintes passos: - Colocar 100g de terra seca a 105 – 110ºC, proveniente da gleba onde se deseja irrigar, em um balão volumétrico de 500ml; - Completar o volume com água e pesar, para obter o peso-padrão M; Irrigação e Drenagem - Anotar o valor do peso-padrão M, que será determinado somente uma vez, para aquela gleba; - Em qualquer época que se deseja saber o teor de umidade daquela gleba, retirar amostra do solo, colocar 100g desta no referido balão, completar o volume com água e pesar, obtendo-se o peso M'. A percentagem de umidade do solo em base úmida – Ubu (em peso) é calculada pela equação a seguir: Ubu = (M - M') dps Eq. (5) dps – 1 Pela equação acima verifica-se que a umidade do solo nada mais é do que a diferença entre a pesagem – padrão (determinada uma só vez com cada tipo de solo) e a pesagem atual (determinada na época em que se deseja saber a umidade do solo), M - M', multiplicada pelo fator dps/dps – 1, em que dps é a densidade das partículas do solo (densidade real), podendo ser a densidade generalizada para todos os solos (dps = 2,65) ou determinada para o solo da gleba. Exemplo 1: O peso de 100g de terra seca a 105ºC colocada dentro de um balão de 500ml, e completado o volume com água, foi de 971,0g (M). A densidade real desse solo dps é de 2,65g/cm3. Na época em que se desejou saber a umidade do solo, retirou-se amostra de 100g, colocando-a dentro do referido balão, completou- se com água até o volume de 500ml, e o peso encontrado foi de 960,0g. Ubu = (971,0 – 960,0) (2,65 / 2,65 – 1) = 17,8% Para expressar o resultado em percentagem de umidade em base seca (em peso), basta usar a seguinte equação: Ubs = 100 x Ubu Eq. (6) 100 – Ubu Utilizando o exemplo anterior temos: Ubs = 100 x 17,8 = 21,6% 100 – 17,8 Irrigação e Drenagem Exemplo 2: O peso de 100g de terra seca a 105ºC colocada dentro de um balão de 500ml, e completado o volume com água, foi de 971,0g (M). A densidade real desse solo dps é de 2,32g/cm3. Na época em que se desejou saber a umidade do solo, retirou-se amostra de 100g, colocando-a dentro do referido balão, completou- se com água até o volume de 500ml, e o peso encontrado foi de 952,0g. Calcule a umidade do solo em base seca e em base úmida. Ubu = (971,0 – 952,0) (2,32 / 2,32 – 1) = 33,4% Ubs = 100 x 33,4 = 50,1% 100 – 33,4 1.2. Métodos Eletrométricos 1.2.1. Método de Bouyoucos Este método é baseado na resistência elétrica entre dois eletrodos inseridos em um bloco, em geral, de gesso. A resistência é medida por um “medidor” de corrente alternada, o qual é calibrado para leituras diretas de “porcentagem” de água no solo”. Os blocos de gesso, quando enterrados no solo, absorvem umidade, ou a perdem para o solo, até que a solução dentro deles atinja o equilíbrio com a água do solo, variando de acordo com umidade deste. A resistência elétrica entre os eletrodos de cada bloco varia conforme seu teor de umidade. A resistência elétrica do bloco será baixa quando ele estiver mais úmido, e alta quando estiver mais seco. Dessa maneira, a umidade do solo pode ser determinada indiretamente, por meio da medição da resistência elétrica nos blocos que se encontram enterrados no solo. Irrigação e Drenagem Figura 1. Medidor de Bouyoucos. 1.3. Tensiômetro É um método indireto para determinação da porcentagem de água no solo. Constitui-se de uma cápsula de cerâmica ligada por meio de um tubo a um manômetro, onde a tensão é lida. O tensiômetro só tem capacidade para leituras de tensão até 0,75 atm, por isso ele somente cobre uma parte da água disponível no solo. Figura 2. Tensiômetro. 2. Disponibilidade de Água no Solo A água no solo teoricamente considerada disponível para as plantas é aquela armazenada entre a capacidade de campo (Cc) e o ponto de murchamento (Pm). Diz-se teoricamente disponível porque, para a maioria das plantas, muito antes do solo atingir o Pm, a água já deixa de ser disponível, ou seja, a planta já não consegue absorver a quantidade de água necessária para o seu metabolismo e sua transpiração. De modo geral, um solo raso e/ou de textura grossa, apresenta Irrigação e Drenagem uma menorcapacidade de retenção de água e, conseqüentemente, exige irrigações mais freqüentes. A capacidade de campo (Cc) representa a quantidade de água retida pelo solo em condições de campo contra a força da gravidade. O ponto de murchamento (Pm) representa o teor de umidade de equilíbrio, entre a força de coesão (tensão), exercida pelas partículas do solo sobre a película de água aderente às mesmas e a força de sucção exercida pelas raízes das plantas. Em um solo no qual o Pm tenha sido atingido, ainda contém certa percentagem de umidade, a qual, entretanto, não pode ser utilizada pelas plantas, por estar fortemente retida pelo mesmo. Em outras palavras: A Capacidade de Campo – Cc Corresponde à quantidade máxima de água que um solo pode reter em condições normais de campo, ou seja, corresponde à quantidade de água submetida a tensões as quais tornam o movimento descendente, por drenagem natural, suficientemente pequeno em relação aos movimentos de absorção de água pelo sistema radicular . Pode ser expressa na base de peso ou de volume. O Ponto de Murcha Permanente – PMP é Teor de água de um solo no qual as folhas de uma planta que nele crescem atingem um murchamento irrecuperável, mesmo quando colocada em uma atmosfera saturada de vapor d'água. 3. Cálculo da Água Disponível 3.1 Disponibilidade Total de Água no Solo - DTA Em irrigação, a disponibilidade total de água no solo é uma característica do solo, que corresponde á água nele armazenada no intervalo entre as umidades correspondentes à capacidade de campo e ao ponto de murchamento. Pode ser expressa em altura de lâmina de água, por profundidade do solo, geralmente de mm de água por cm de solo. DTA = (Cc – Pm) x dap Eq. (7) 10 Irrigação e Drenagem Em que: DTA = Disponibilidade Total de Água no Solo, em mm/cm de solo; Cc = Capacidade de campo, % em peso; Pm = Ponto de murchamento, % em peso; dap = densidade do solo, g/cm3. Exemplo 1: Calcule a Disponibilidade Total de Água em um solo que possui as seguintes características: Cc = 27% ; Pm = 15% ; Dap = 1,2 g/cm3 Resolução: DTA = (27 – 15) x 1,2 = 1,44 mm/cm de solo 10 Exemplo 2: Calcule a Disponibilidade Total de Água em um solo que possui as seguintes características: Cc = 30% ; Pm = 18% ; Dap = 1,4 g/cm3 Resolução: DTA = (30 – 18) x 1,4 = 1,68 mm/cm de solo 10 A disponibilidade total de água geralmente aumenta à medida que a textura do solo vai diminuindo. No quadro 1 são apresentados os limites comumente encontrados nas texturas básicas do solo. Quadro 1 – Limites de DTA para solos de diferentes texturas. Textura Disponibilidade Total de Água mm por cm de solo m3 ha-1 por cm de solo Grossa 0,4 a 0,8 4 a 8 Media 0,8 a 1,6 8 a 16 Fina 1,2 a 2,4 12 a 24 3.2 Disponibilidade Real de Água no Solo - DRA A disponibilidade real de água no solo é definida como a fração da disponibilidade total de água no solo que a cultura poderá utilizar sem afetar significativamente a sua produtividade, podendo ser expressa por: Irrigação e Drenagem DRA = DTA x f Eq. (8) Em que: DRA = Disponibilidade Real de Água no Solo, em mm/cm solo; f = fator de disponibilidade de água no solo, sempre menor que 1, adimensional. O fator de disponibilidade de água (f) varia entre 0,2 e 0,8. Os valores menores são usados em culturas mais sensíveis ao déficit de água no solo, e os maiores, nas culturas mais resistentes. De modo geral, podem-se dividir as culturas irrigadas em três grandes grupos (Quadro 2). Quadro 2 – Fator de disponibilidade de água no solo (f). Grupo de Culturas Valores de f Hortaliças 0,2 a 0,6 Frutas e forrageiras 0,3 a 0,7 Grãos e algodão 0,4 a 0,8 Dentro de cada grupo, o valor de f a ser usado dependerá da maior ou menor sensibilidade da cultura ao déficit de água no solo e da demanda evapotranspirométrica da região. Em uma mesma cultura, quanto maior for a demanda evapotranspirométrica da região, menor deverá ser o valor de f. É comum o uso do valor de f = 0,4 para hortaliças, f = 0,5 para frutas e forrageiras e f = 0,6 para grãos e algodão. Exemplo: Calcule Disponibilidade Real de Água em um solo que possui DTA = 1,44 mm/cm de solo e onde deseja-se fazer irrigação na cultura do feijão, utilizando-se para tal o valor de f de 0,6. Resolução: DRA = 1,44 x 0,6 = 0,864 mm/cm solo 3.3 Capacidade Total de Água no Solo – CTA É a lâmina de água armazenada na profundidade de interesse para agricultura. Tanto a quantidade de água de chuva como a de irrigação só devem ser consideradas disponíveis para a cultura no perfil do solo que esteja ocupado pelo seu sistema radicular. Por isso, CTA somente deve ser calculada até a profundidade do solo correspondente à profundidade efetiva do sistema radicular da cultura a ser irrigada, ou seja: Irrigação e Drenagem CTA = DTA x Pef Eq. (9) Em que: CTA = Capacidade Total de Água no Solo em mm; Pef = Profundidade efetiva do sistema radicular, em cm. A Pef deve ser tal que, pelo menos, 80% do sistema radicular da cultura esteja nela contido. Ela depende da cultura e da profundidade do solo na área. Exemplo: Calcule a Capacidade Total de Água em um solo que possui DTA = 1,44 mm/cm solo, e onde pretende-se irrigar a cultura do feijão, o qual possui Pef = 40 cm. Resolução: CTA = 1,44 x 40 = 57,6 mm = 57,6 l/m2 Quadro 3 – Profundidade efetiva do sistema radicular (Pef) de algumas culturas. Culturas Pef (cm) Alface 15 – 30 Melão 20 – 40 Pepino 35 – 70 Tomate 25 - 70 Feijão 20 – 40 Milho 30 – 60 Banana 30 – 50 Citros 60 – 150 Pastagens de gramíneas 40 – 100 Soja 40 – 70 Sorgo 50 - 100 3.4 Capacidade Real de Água no Solo – CRA É a porção da CTA que deve ser consumida, para que a espécie cultivada permaneça em condições de umidade ótimas. O fator f indica a percentagem da CTA que podemos deixar esgotar antes de irrigar novamente. CRA = CTA x f Eq. (10) Em que: CRA = Capacidade Real de Água no Solo, em mm; CTA = Capacidade Total de Água no Solo em mm; f = fator de disponibilidade de água no solo, adimensional. Explicação: Irrigação e Drenagem � Se f = 1, permitimos que CTA se esgote completamente antes de fazer nova irrigação. � Se f < 1, deixamos que apenas parte da CTA se esgote e fazemos nova irrigação. Observação: Geralmente f < 1. Em irrigação, nunca se deve permitir que o teor de umidade do solo atinja o ponto de murchamento, isto é, deve-se somente usar, entre duas irrigações sucessivas, uma fração da disponibilidade real de água do solo. A CRA leva em consideração a profundidade de interesse, que normalmente corresponde à profundidade efetiva do sistema radicular (Pef). Quadro 4 – Grupos de culturas de acordo com a resistência ao déficit de água no solo. GRUPO CULTURAS 1 Cebola, pimenta, batata, alho, folhosas 2 Banana, repolho, uva, ervilha, tomate, ervilha 3 Alfafa, feijão, cítricas, amendoim, abacaxi, girassol, melancia, trigo 4 Algodão, milho, azeitona, açafrão, sorgo, soja, beterraba, cana, fumo Quadro 5 – Fator de disponibilidade de água no solo (f) em função do grupo de culturas e da evapotranspiração de referência (ETo). Grupo de Culturas Eto (mm/dia) 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 0,5 0,42 0,35 0,3 0,25 0,22 0,2 0,2 0,18 2 0,68 0,58 0,48 0,4 0,35 0,33 0,28 0,25 0,223 0,8 0,7 0,6 0,5 0,45 0,42 0,38 0,35 0,3 4 0,88 0,8 0,7 0,6 0,55 0,5 0,45 0,42 0,4 Exemplo: Calcule a CRA de um solo onde pretende-se irrigar a cultura do feijão, a qual possui profundidade efetiva do sistema radicular de 40 cm. Para tanto será utilizada CTA de 43,2 mm e f = 0,6. Resolução: CRA = CTA x f Irrigação e Drenagem CRA = 57,6 x 0,6 = 34,56 mm = 34,56 l/m2 3.5 Irrigação Real Necessária – IRN Considerando a irrigação real necessária (IRN) como sendo a quantidade de água que se aplica por irrigação, apresentam-se dois casos: a) Irrigação total: Quando toda a água necessária à cultura for suprida pela irrigação, a IRN deverá ser igual ou menor do que à CRA. IRN ≤ Cc – Pm x dap x Pef x f (em mm ou m3/ha) Eq. (11) 10 Exemplo: Calcule a IRN para a cultura do feijão utilizando-se a irrigação total com os seguintes dados: Cc = 27%; Pm = 15%; dap = 1,2 g/cm3; Pef = 40 cm; f = 0,6. IRN ≤ 27 – 15 x 1,2 x 40 x 0,6 ≤ 34,56 mm 10 b) Irrigação suplementar: Quando uma parte da água necessária à cultura for suprida pela irrigação e a outra parte pela precipitação efetiva (Pe). Como nem toda a água precipitada é utilizada no suprimento às culturas, denomina-se precipitação efetiva (Pe), aquela parte da precipitação que fica retida na zona radicular e é efetivamente utilizada pela cultura. IRN ≤ Cc – Pm x dap x Pef x f - Pe (em mm ou m3/ha) Eq. (12) 10 Exemplo: Calcule a IRN para a cultura do feijão utilizando a irrigação suplementar com os seguintes dados: Cc = 27%; Pm = 15%; dap = 1,2 g/cm3; Pef = 40 cm; f = 0,6; Pe = 10mm. IRN ≤ 27 – 15 x 1,2 x 40 x 0,6 - 10 ≤ 24,56 mm 10 3.6 Irrigação Total Necessária – ITN Irrigação e Drenagem A ITN é a quantidade total de água que se necessita aplicar por irrigação. ITN = IRN Eq. (13) Ea Em que: ITN = Irrigação Total Necessária, em mm ou m3/ha; Ea = eficiência de aplicação da irrigação, em decimal. Os valores da Ea dependem do sistema de irrigação utilizado. Normalmente, os valores de Ei são os seguintes: - Para métodos de irrigação por superfície: 40 a 60%; - Para métodos de irrigação por aspersão: até 85%; - Para métodos de irrigação localizados: até 95%. Exemplo: Calcule a ITN para a cultura do feijão utilizando os seguintes dados: IRN = 34,56 mm (irrigação total); Sistema de aspersão: Ei = 85%. Resolução: ITN = 34,56 = 40,65 mm 0,85 4. Infiltração de Água no Solo Infiltração é o nome dado ao processo pelo qual a água penetra no solo, através de sua superfície. A velocidade de infiltração (VI) de água em um solo é fator muito importante na irrigação, visto que ela determina o tempo em que se deve manter a água na superfície do solo ou a duração da aspersão, de modo que se aplique uma quantidade desejada de água. Ela é expressa em altura de lâmina de água ou volume de água por unidade de tempo, em geral, nas unidades de mm/h, cm/h ou l/s. A VI depende diretamente da textura e da estrutura dos solos. Em solos arenosos ou argilosos com partículas bem agregadas, em razão de sua maior percentagem de poros grandes, têm-se maiores velocidades de infiltração. Em um mesmo tipo de solo, a VI varia com a percentagem de umidade do solo na época da irrigação, a temperatura do solo, a porosidade do solo, a Irrigação e Drenagem existência de camada menos permeável (compactada) ao longo do perfil, e cobertura vegetal, etc. Com a operação de preparo, a estrutura do solo é modificada, o que provoca um aumento na porosidade; à medida que vão ocorrendo as precipitações naturais ou as irrigações, o solo tende a voltar à condição inicial. Logo, a velocidade de infiltração tende a reduzir de irrigação para irrigação. Geralmente, essa variação é grande da primeira para a segunda irrigação, diminuindo da segunda para a terceira, sendo praticamente desprezível a partir de então. A velocidade de infiltração nos solos diminui com o aumento do tempo de aplicação de água. Inicialmente, ela é relativamente alta, depois vai diminuindo, gradativamente, até atingir um valor quase constante. Nesse ponto, em que variação da VI é muito pequena, praticamente constante, ela é chamada de velocidade de infiltração básica (VIB). Normalmente, solos arenosos apresentam grandes valores de VI e consequentemente, podem ocorrer grandes perdas por percolação, sendo dessa forma, impróprios para a irrigação por superfície. Por outro lado, a VIB é usada no momento da escolha do aspersor, já que a intensidade de aplicação, típica de cada um deles, deve ser menor ou igual a ela. Se num solo com baixa capacidade de infiltração aplicarmos água a uma taxa elevada, poderá haver escoamento superficial daquela água aplicada na taxa excedente à sua capacidade de infiltração. Figura 3 – Velocidade de infiltração versus tempo. Outro termo muito usado é a infiltração acumulada (I), que é a quantidade total de água infiltrada durante determinado tempo. Ela é geralmente expressa em mm ou cm, referindo-se à altura da lâmina de água que infiltrou na superfície do solo, em litros por unidade de superfície de infiltração ou em litros por unidade de comprimento de sulco. Irrigação e Drenagem A infiltração acumulada em função do tempo pode ser utilizada para se determinar o tempo necessário para infiltração de determinada quantidade de água, o que é de suma importância no dimensionamento de irrigação por superfície. Figura 4 – Curva típica de infiltração acumulada. No caso de irrigação localizada, em função da baixa intensidade de aplicação, normalmente não é necessário determinar a capacidade de infiltração de água no solo. Um solo pode ser classificado, segundo sua velocidade de infiltração básica, em: Solo de VIB muito alta ................. > 30 mm/h Solo de VIB alta ........................... 15 – 30 mm/h Solo de VIB média ....................... 5 – 15 mm/h Solo de VIB baixa ........................ < 5 mm/h O valor da VIB de um solo é um fator de grande importância em irrigação, pois é ele que indicará quais os métodos de irrigação possíveis de serem usados naquele solo, bem como determinará a intensidade de precipitação máxima que poderá ser permitida na irrigação por aspersão. Os valores da VIB em função da textura do solo são: Arenosa: 25 a 250 mm/h Franco-arenosa: 13 a 76 mm/h Franco-areno-argilosa: 5 a 20 mm/h Franco-argilosa: 2,5 a 15 mm/h
Compartilhar