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eFólio A _ 2016/17 _ Ambiente, Saúde e Bem-estar i “Poucas pessoas, em qualquer lugar do mundo, podem continuar sem consciência do facto de que suas atividades locais são influenciadas, e às vezes até determinadas, por acontecimentos, ou organismos distintos […]. Hoje, as ações quotidianas de um individuo produzem consequências globais […]” (Giddens, 1997:23) eFólio A_2016/17 Figura 1- https://www.facebook.com/Humanity4Life/?fref=ts eFólio A _ 2016/17 _ Ambiente, Saúde e Bem-estar Cecilia Rocha_1202746 | universidade Aberta 1 “todos têm direito a um ambiente de vida humano, sadio e ecologicamente equilibrado e o dever de o defender”. (Artº66, nº 1, CRP) Os crimes ambientais constituem um flagelo que alcança dimensões cada vez mais preocupantes. Podem, por vezes, comprometer a sobrevivência do ecossistema. Questões sobre os crimes do ambiente nem sempre foram uma preocupação para a humanidade, não existindo uma consciencialização pública de que “o ambiente é essencial para a existência e a sobrevivência dos seres humanos (…)” (Costa, 2016a:1). Nas últimas décadas passou a existir uma maior consciencialização acerca desta temática, no entanto isso nem sempre se reflete nas atitudes quotidianas da população. Podemos apontar três razões essenciais para este comportamento: económicas, jurídicas e de valores. Contudo, não havendo grande consciencialização sobre os problemas ambientais, também não podem existir normas jurídicas relevantes que penalizem os poluidores. A interferência dos cidadãos na proteção do ambiente, individual ou coletivamente, é elementar para garantir a existência e o uso sustentável dos recursos naturais, podendo esta intervenção ser preventiva ou mais reativa, tendo por isso mesmo, tanto os cidadãos como as ONG’s ao seu dispor vários instrumentos para promover a proteção ambiental tendo como objetivo principal o bem-estar da humanidade. eFolio A _ 2016/17 Ambiente, Saúde e Bem-estar 2 No presente trabalho é pedida uma análise ao nível do ambiente, saúde e bem-estar da população da área da minha residência, ou seja, o município de Paredes, que se localiza na parte nascente da Área Metropolitana do Porto1 (NUTS III). Trata-se de uma região em que a industria de mobiliário assume uma grande importância, embora outros sectores de atividade também sejam importantes como: a construção civil, a indústria têxtil e a indústria alimentar. Também é uma região de solos muitos férteis onde se produzem produtos hortícolas, frutas e vinhos e favorável à criação de gado bovino. Sendo um município bastante industrial e atravessado pelos Rios Sousa e Ferreira podemos assinalar vários problemas ambientais, a saber: • A poluição do ar por gases poluentes gerados pela queima de combustíveis fósseis e industrias (caldeiras, estufas e cabines de envernizamento das fabricas do mobiliário) e pelo ruído provocado pelas máquinas da indústria do mobiliário e da construção civil, e pela emissão de monóxido de carbono devido à excessiva circulação de veículos automóveis. • A poluição do Rio Sousa e Rio Ferreira é provocada por descargas ilegais, oriundas principalmente das ETAR’s dos municípios vizinhos, que permitem o esvaziamento de esgotos e lixos e alguns acidentes isolados derivados a descargas ilegais dirigidas para os rios provenientes das industrias de agropecuária. • A poluição dos solos provocada por contaminação de fertilizantes e produtos químicos e por algumas lixeiras a ‘céu aberto’; e • Os incêndios florestais e desmatamento com corte ilegal de árvores para comercialização de madeira; Desta forma, todos estes problemas ambientais vão repercutir-se negativamente ao nível da saúde das populações gerando a proliferação de doenças e patologias associadas. De acordo com a Direção Geral da Saúde, viver num ambiente de poluição atmosférica causa uma maior propensão ao desenvolvimento de complicações a nível pulmonar e cardiovascular, que podem levar à debilidade do sistema imunitário e em casos extremos à morte. Doenças como o cancro do pulmão, asma, rinite e bronquite são as que têm maior índice de mortalidade e as que são mais suscetíveis de ser contraídas num ambiente poluído. De acordo com dados consultados no site da PORDATA2 podemos verificar que o Município de Paredes tem feito investimentos ao nível da prevenção e proteção do ambiente, no entanto esse investimento não tem sido eficaz uma vez que no ano de 2015 os incêndios que se registaram foram 1 http://portal.amp.pt/pt/ 2 http://www.pordata.pt/Home eFolio A _ 2016/17 Ambiente, Saúde e Bem-estar 3 mais do dobro dos registados no ano anterior. Em relação a mortes por doenças respiratórias verificamos uma ligeira diminuição, mas em relação a tumores verifica-se um ligeiro aumento do número de mortes. Este município tem em vigor um Plano Diretor Municipal (PDM) elaborado de acordo com o disposto no Decreto-Lei nº 316/2017, de 19 de setembro e no Decreto-Lei nº 232/2007, de 15 de junho, no qual estabelece regras de “avaliação ambiental dos efeitos de determinados planos e programas, suscetíveis de induzir efeitos significativos no ambiente com o intuito de estabelecer um nível elevado de proteção do ambiente e contribuir para a integração das considerações ambientais (…), com vista a promover um desenvolvimento sustentável”. Globalmente estamos na presença de uma problemática de contestação social, uma vez que as relações entre sociedades e os seus ambientes detêm limitações substanciais. Se observarmos os problemas ambientais atrás referidos podemos aferir que todos eles influenciam o bem-estar das populações, daí surgir a necessidade de termos um desenvolvimento sustentável, este caracteriza-se por três princípios: o social, o económico e o ambiental. Sendo assim, constitui desta forma um desafio para as sociedades modernas, pois é através de um firme planeamento, acompanhamento e avaliação de resultados que se poderá ambicionar um desenvolvimento sustentável. Esta analise, dos problemas ambientais, num contexto social é cada vez mais importante, aliás, como já referi esta é uma preocupação constante das entidades governamentais, quer nacionais, quer internacionais, notando-se um crescente aumento dos movimentos sociais relacionados com esta questão, bem como a organização de várias Cimeiras para que se encontrem soluções para este flagelo que assola o mundo. Segundo Giddens (2009:na) a Comissão Mundial sobre o Ambiente e Desenvolvimento, realizada em 1987, define desenvolvimento sustentável como “o desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações atenderem a suas necessidades”, neste sentido reconhecemos que para haver um bom ambiente e um bem-estar é necessário haver um equilíbrio. Para que esse equilíbrio possa ser atingido pode-se aplicar vários princípios, que não podem ser confundidos, nem com as políticas, nem com as normas sendo que os primeiros surgem de forma mais genérica e menos rígida e pormenorizada procurando determinar uma solução para uma situação em concreto. Neste sentido, os princípios de política pública não procuram oferecer indicações acerca da regulação substantiva de uma situação, tendo antes o propósito de avalizar a eficácia da situação que for encontrada, a qual envolveu a participação e debate de intervenientes com diferentes interesses (ver Robinson, 2006:23-36 e Costa, 2016c:1-3). Como princípios de Direito, em sentido estrito, podemos referir oito: prevenção, precaução, correção da fonte, reposição da situaçãoanterior, poluidor-pagador e utilizador-pagador, desenvolvimento sustentável e responsabilidade (ver eFolio A _ 2016/17 Ambiente, Saúde e Bem-estar 4 Costa, 2016c:3-28). No caso dos princípios de política pública podemos mencionar três: integração, cooperação internacional e participação (ver Costa, 2016c:28-32). Não obstante os princípios de Direito do Ambiente poderem parecer ter um carácter vago e impreciso, obstaculizando a sua aplicação prática e concreta em certas situações, são claramente relevantes na tentativa de identificação das soluções a usar em certos casos específicos (na senda de Canotilho, 1998:43 e Costa, 2016c:33). Os problemas ambientais são uma preocupação de todos nós, não basta um município tomar medidas preventivas se os municípios vizinhos não as tomarem também, é uma preocupação global onde todos se devem aliar com medidas preventivas e de ação, como tem sucedido por exemplo com as medidas acordadas no Protocolo de Quioto e o Acordo de Paris. No entanto temos noção de que este tipo de medidas é difícil de implementar, porque não são compreendidas e são muitas vezes contestadas pelos cidadãos, devido ao “individualismo, ao materialismo e ao desejo de gratificação imediata, que dificultam a implementação de políticas altruístas e solidárias, que incluam os outros seres humanos (e as gerações futuras) e valorizem os restantes seres vivos” (Costa, 2016a:3). ___________________________________________ ✓ Alves, F.; Azeiteiro M. U.; Mendonça, A. (2015) – Felicidade, Bem-Estar e Sustentabilidade: da Globalização à Adoção de Formas de Racionalidade(s) Inclusiva(s): Sensos 10. Vol. V – N. 2. Revista do Centro de Investigação e Inovação em Educação – disponibilizado na sala de aula virtual ✓ Canotilho, J.J. Gomes (1998), Introdução do Direito do Ambiente, Lisboa: Universidade Aberta. ✓ Costa, P.M., (2016a). Recurso Didático n.º 01, Ambiente, política e proteção jurídica, Lisboa: Universidade Aberta ✓ Costa, P.M., (2016c), Recurso Didático n.º 03: Os princípios do Direito do Ambiente, Lisboa: Universidade Aberta ✓ Declaração ambiental – Avaliação Ambiental Estratégica – Revisão do Plano Diretor Municipal de Paredes. Disponível em http://siaia.apambiente.pt/AAEstrategica/DA_AAE650.pdf acedido a 02 de abril de 2017 ✓ Giddens, A (2009) A Politica da Mudança Climática. Zahar ✓ Giddens, A. (1991) As consequências da Modernidade. São Paulo: Editora Unesp
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