Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
José Francisco Castelo Branco Filho 12 9.5 - FUNÇÕES DE REDE 9.5.1 - DEFINIÇÃO Uma generalização da impedância e da admitância é chamada função de rede, que no caso de uma única excitação e resposta, é definida como a relação entre o fasor resposta e o fasor excitação. Por exemplo, se E(s) e I(s) são as tensões e correntes fasoriais associadas a uma rede de dois terminais, então a Impedância de entrada �� = �(�) (�) → ��� ���� → ������çã� é a função de rede se � é a excitação e �� a resposta. Por outro lado, se �� é a entrada e � a saída, então a admitância de entrada é �� = (�) �(�) é a função de rede. Se a entrada e a saída são medidas em terminais diferentes, então a função de rede é também chamada “função de transferência” Exemplo Se no circuito da Figura 9.6, � é o fasor de saída, e ��(�) o de entrada, então a função de rede é a admitância de saída dada por: i 5( )ΩΩΩΩ 2(H) + − 25 2te e cos( t)V−= Figura 9.6 - Circuito excitado por uma senóide amortecida �� = ���(�) = 1 2� + 5 Capítulo 9 - Funções de rede 13 Exercícios 1 - Dada a função de rede �(�) = 4(� + 5)�� + 4� + 5 e a entrada ��(�) = 2� !° Calcule a resposta forçada #!(�) se , � = −2 ; &) � = −4 + '1 ; �) � = −2 + '3 Resps. (a) - )*(�) = 24�+�, V ; (b) - )*(�) = −2�+-, sen(�) ) ; (c) - )*(�) = −3√2�+�, cos(3� + 45º) ) 9.5.2 - POLOS E ZEROS Em geral, a função de rede é um quociente de polinômios em ‘s’ com coeficientes reais que são independentes da excitação. E(s), contudo, é função de uma frequência generalizada, denominada s. Equação representativa do sistema No caso geral, se a entrada e a saída de um circuito são ei(t) e e0(t), respectiva- mente, então a equação representativa do sistema é: 56�7 8 7�! 8�7 9 + �!�!7 = 56&: 8 :�� 8�: 9 + &!��: �7 8 7�! 8�7 + �7+; 87+;�! 8�7+; + − − − + �; 8�! 8� + �!�! = &: 8 :�� 8�: + &:+; 8:+;�� 8�:+; + − − − + &; 8�� 8� + &!�� José Francisco Castelo Branco Filho 14 Onde os a’s e b’s são constantes reais e independentes de ei . Como anteriormente, se �� = �<� ��,, então a saída deve ter a forma �! = �<! ��, onde �<�(�) e �<!(�) são representações fasoriais de ei e e0 . Como os valores de ei e e0 são expressões genéricas senoidais representadas por exponenciais em s, onde 87 8�7 � �, = �7��, Substituindo esses valores em s, temos: (�7�7 + �7+;�7+; + − − − + �;�+ �!)�<! ��, = (&:�: + &:+;�:+; + − − − + &;�+ &!) �<� ��, = Desta equação obtemos a função de rede �!(�) ��(�) = �(�) = &:�: + &:+;�:+; + − − − + &;�+ &! �7�7 + �7+;�7+; + − − − + �;�+ �! que é um coeficiente de polinômios em s. Na forma fatorada, obtemos: &: (� − =;)(� − =�)(� − =>) − − − (� − =:) �7 (� − ;)(� − �)(� − >) − − − (� − 7) onde z1, z2, --- zm são os zeros da função e p1, p2, --- pn são seus polos. z1, z2, --- zm são chamados zeros, porque eles são valores de s para os quais a função torna-se zero. Os números p1, p2, --- pn são valores de s para os quais a função torna-se infinita. Os valores dos polos e zeros, em conjunto com os fatores an e bm determinam perfeitamente a função de rede. Exemplo �(�) = 6(� + 1)(� � + 2� + 2) �(� + 2)(�� + 4� + 13) Capítulo 9 - Funções de rede 15 Zeros onde as raízes de (�� + 2� + 2) são os zeros da função onde: =; = −1 =� = −2 + √4 − 82 = −1 + '1 => = −2 − √4 − 82 = −1 − '1 Polos As raízes de (�� + 4� + 13) são os polos da função onde : ; = −2 � = −4 + √16 − 522 = −2 + '3 > = −4 − √16 − 522 = −2 − '3 Portanto, a função de rede resultante, torna-se: �(�) = 6(� + 1)(� + 1 − '1)(� + 1 + '1)�(� + 2)(� + 2 − '3)(� + 2 + '3) Como os valores dos a’s e b’s são reais, polos ou zeros complexos sempre existem em pares conjugados. Visto que a função de rede do exemplo anterior é o quociente entre um polinômio de 3º grau e um de 4º grau, ela tende a zero quando s tende a infinito. Desta forma teremos um zero em s=∞ . Se o numerador fosse maior que o denominador, s=∞ seria um polo. Os polos e zeros de uma função de rede podem ser esboçados em um diagrama de polos e zeros, que é simplesmente o plano s consistindo do eixo B e jω. Os polos são marcados em forma de uma pequena cruz, e os zeros como pequenos círculos. José Francisco Castelo Branco Filho 16 Exemplo 1 2 3 0 1− 2− 3− 2− 1−3− ⊗ ⊗ ⊗ σ jω 2 j3− + 1 j1− + 1 j1− − 2 j3− − Figura 9.7 - Diagrama de polos e zeros Exercícios 1) - Se os zeros de H(s) são: � = −1,−1 + '1, e H(0)=4 , Calcule H(s). 2) Desenhe o diagrama de polos e zeros da função de rede do exemplo anterior. 9.5.3 - RESPOSTA NATURAL Como sabemos, a saída de um circuito consiste na soma das respostas natural e forçada. Nos itens anteriores estivemos envolvidos com cálculo da resposta forçada, e vimos que a técnica de fasores nos possibilita fazer isso de uma maneira muito fácil e muito direta nos casos de excitações senoidais amortecidas e exponenciais. Em estudos de sistemas de potência, a resposta forçada é, evidentemente, uma resposta de regime permanente ca e está sempre presente. Portanto, a resposta forçada é normalmente de maior interesse que a resposta natural, que é transitória e desparece após um breve período de tempo. Com excitações senoidais amortecidas, por outro lado, tanto a resposta forçada como a natural, são transitórias. (Num circuito real a resposta natural deve ser um Capítulo 9 - Funções de rede 17 transitório, pois de outra forma teríamos: ou uma resposta permanente, ou crescente, sem uma excitação externa. Desta forma, a resposta natural assume maior importância em relação à resposta forçada, do que no caso de regime permanente ca. A solução através de equações diferenciais representativas se tornam mais difíceis a medida que a ordem do circuito aumenta. Contudo, como veremos nesta seção, a resposta natural pode ser obtida de forma relativamente fácil a partir da repre- sentação fasorial. Os resultados anteriores ilustraram que podemos obter a função de rede facilmente a partir de suas equações representativas. Por exemplo, se a equação geral 56�7 8 7�! 8�7 9 + �!�!7 = 56&: 8 :�� 8�: 9 + &!��: é a equação representativa, então a função de rede é �(�) = �!(�)��(�) = D(�) E(�) sendo o numerador, D(�) = &:�: + &:+;�:+; + − − − + &;�+ &! e o denominador: E(�) = �7�7 + �7+;�7+; + − − − + �;�+ �! As frequências naturais são calculadas tornando E(�) = 0 Substituindo as potências de s pelas derivadas correspondentes de v0 , resulta na equação homogênea do sistema , onde �7 G HIJ G,H + �7+; GHKLIJ G,HKL + − − − + �; GIJ G, + �!�! = 0 Por conseguinte, a equação que iguala a zero o denominador, é a equação representativa e suas raízes são as frequências naturais do circuito. Visto que essas José Francisco Castelo Branco Filho 18 raízes são também os polos da função de rede, vemos que a resposta natural do circuito é �7 = M;�NL, + M��NO, + − − − + M7�NH, onde as frequências naturais p1, p2, ... pn são os polos da função de rede, e A1, A2, ... An, são constantes arbitrárias. Modificações, é claro, devem ser feitas, se as frequências naturais não são distintas. Temos nesteponto um método extremante simples, baseado em fasores, para calcular a resposta completa do circuito. Tudo que necessitamos é achar a função de rede a partir da qual, pela equação representativa de sua função, podemos obter o fasor de saída. A resposta forçada é encontrada da resposta fasorial na forma usual, e a resposta natural é dada pela equação anterior onde as frequências naturais são polos da função de rede. O fasor de entrada é da forma: ��(�) = �:� P onde Em e Q são constantes. Então teremos �!(�) = �:� P �(�) Portanto, visto que Ei(s) não tem polos, os polos de �! (s) são os polos de H(s). E assim, a resposta completa e0(t) pode ser obtida de sua representação fasorial E0(s). A resposta forçada é obtida como antes e as frequências naturais são os polos de E0(s) a partir dos quais a resposta natural pode ser calculada. REFERÊNCIA 1- JOHNSON, DAVID E. , HILBORN - Fundamentos de Análise de Circuitos Elétricos, LTC, 2000, Rio de Janeiro.
Compartilhar