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Micoses superficiais

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MICOSES SUPERFICIAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maio de 2016 
 
 
 
 SUMÁRIO 
 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 3 
2. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL ............................................................................................................ 3 
3. MICOSES SUPERFICIAIS ESTRITAS ........................................................................................................ 4 
3.1 Pitiríase versicolor ...................................................................................................................... 4 
3.2 Piedra branca ............................................................................................................................. 5 
3.3 Piedra preta ............................................................................................................................... 6 
3.4 Tinea nigra ................................................................................................................................. 6 
4. MICOSES SUPERFICIAIS CUTÂNEO-MUCOSAS ................................................................................. 6 
4.1 Dermatofitoses ou tinhas .......................................................................................................... 6 
4.2 Candidíase ................................................................................................................................ 10 
 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 14 
 
 
 
3 
 1. INTRODUÇÃO 
Os fungos, agentes das micoses cutâneas, são conhecidos vulgarmente como cogumelos, bolores 
ou mofos e estão disseminados por toda a superfície terrestre. As micoses cutâneas podem ser 
classificadas em dois grupos, conforme sua localização: superficiais e profundas. As micoses 
superficiais ocorrem quando há o acometimento da porção superior do tegumento cutâneo-
mucoso, dos pelos e das unhas. Já as micoses profundas apresentam acometimento das camadas 
mais internas da pele associado, muitas vezes, ao envolvimento de outros órgãos. 
O Brasil possui altos índices de infecções causadas por fungos nas últimas décadas, principalmente, 
as micoses superficiais em decorrência do clima tropical.1,2 Vários motivos são apontados para 
explicar o aumento da incidência dessas doenças, entre eles o uso abusivo de antibióticos, de drogas 
citostáticas, além de outras drogas e de doenças que ocasionam imunossupressão.3 
As micoses superficiais podem ser subdivididas em dois grupos.1,3 O primeiro, denominado micoses 
superficiais estritas, é composto de micoses provocadas por fungos que vivem sobre a superfície da 
pele, penetrando nos interstícios da camada córnea ou ao redor dos pelos e caracterizam-se 
frequentemente por serem transmitidas por contato direto, provocarem inflamação local discreta 
e não apresentarem anticorpos séricos.3 É representado pela pitiríase versicolor (Malassezia sp), 
piedra branca (Trichosporum sp.), piedra preta (Piedrae hortae) e tinea nigra (Phaeoannellomyces 
werneckii). O segundo, composto de dermatofitoses ou tinhas e candidoses, é classificado como o 
grupo das micoses superficiais cutâneo-mucosas, cujos agentes (dermatófitos ou Candida sp.) 
possuem a capacidade de digerir a queratina presente na pele e seus anexos, podendo desencadear 
ou não resposta inflamatória no hospedeiro.3 
 
 2. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
O diagnóstico laboratorial das micoses superficiais consiste do exame micológico direto e da cultura 
em meio de Sabouraud (ágar, peptona e glicose). 
O material colhido é colocado sobre uma lâmina com solução de hidróxido de potássio (KOH) a 10% 
(pele) e 30% (pelos e unhas). A preparação é recoberta com lamínula. Aguardam-se 10 minutos para 
o exame de escamas de pele, 30 minutos para pelos e 2 horas para escamas ungueais. Para o exame 
microscópico, deve-se ajustar o condensador do equipamento, reduzindo-se a iluminação, a fim de 
se obter melhor contraste, permitindo a identificação das estruturas fúngicas. Na prática rotineira, 
o exame micológico direto geralmente é suficiente para a confirmação diagnóstica das micoses 
superficiais e fornece resultados bem anteriores às culturas, que podem levar dias a semanas.4 
O dermatologista está preparado, em virtude da sua formação dermatológica, para realizar esse 
procedimento em consultório, embora reconheçamos as dificuldades em se exigir que todos 
tenham um microscópio óptico à sua disposição em consultório. 
 
 
 
4 
 3. MICOSES SUPERFICIAIS ESTRITAS 
3.1 Pitiríase versicolor 
A pitiríase versicolor é uma micose superficial crônica, geralmente oportunista, com tendência a 
recorrências. Há certa predisposição individual para a doença, sendo mais frequente em adultos 
jovens, devido à maior produção sebácea. Caracteriza-se por manchas múltiplas, com descamação 
fina, melhor observada após estirar-se a pele afetada (sinal de Zileri), de formatos e cores variáveis, 
podendo confluir e atingir grandes áreas, em especial no tronco, no pescoço e nas porções proximais 
dos membros superiores (FIG. 2).5 
 
FIGURA 2. Manchas hipocrômicas, lenticulares e coalescentes localizadas no dorso, típicos da 
pitiríase versicolor. 
 
 
Fonte: Prof. Claudemir Aguilar 
 
É provocada por várias espécies de leveduras pertencentes ao gênero Malassezia. Com os métodos 
moleculares modernos, foram identificadas doze espécies causadoras de pitiríase. Estudos 
brasileiros têm identificado as seguintes espécies em ordem decrescente de frequência: M. 
Simpodialis, M. furfur, M. globosa, M. restrita, M. obtusa, M. sloofiae.6,7 
O exame com lâmpada de Wood exibe fluorescência amarelo-esverdeada associada a M. furfur. O 
diagnóstico confirma-se pelo exame micológico direto de escamas das lesões, sendo considerado 
positivo, após clarificação pela potassa (solução aquosa de KOH 30%), quando se observa a presença 
de pseudo-hifas curtas e células leveduriformes dispostas em cachos ao aumento com a objetiva de 
 
 
5 
40X. Não é necessária a identificação da espécie em cultura para a condução dos casos. O 
isolamento do fungo só é possível em meios ricos em gordura que cresce em duas semanas, a 37 
graus. A colônia é leveduriforme branco-amarelada. O curso é crônico, sendo comuns as recidivas 
pós-tratamento. 
Acredita-se que a sua etiopatogenia deve-se a mudanças morfológicas ocorridas nas espécies de 
Malassezia sp pertencentes à flora residente da pele que passam da forma leveduriforme saprofítica 
usual (blastosporos arredondados) para a forma patogênica filamentosa (pseudo-hifas) 5, sob a 
influência de fatores predisponentes específicos. Esses fatores podem ser endógenos, como 
hereditariedade, hiperidrose, pele oleosa, alterações na composição química do sebo, 
corticoterapia ou exógenos, sendo os mais importantes o clima quente e úmido e as estações 
quentes do ano.8 
O tratamento pode ser realizado com agentes orais ou tópicos, ressaltando-se que o couro cabeludo 
deve também ser tratado no uso tópico, em virtude de ser um reservatório do fungo. Os tópicos são 
suficientes na maioria dos casos, podendo ser utilizado um derivado imidazólico 
(TAB. 1) em loção, xampu ou spray; sulfeto de selênio (xampu 2,5%); sabões com enxofre e ácido 
salicílico; hipossulfito de sódio a 25% em solução aquosa. O cetoconazol oral é eficaz na dose de 200 
mg/dia, durante 10 dias. O uso dessa droga deve ser limitado aos casos muito extensos e rebeldes 
às outras terapêuticas. O itraconazol, 200 mg/dia, por cinco dias e o fluconazol,150 mg/semana, 
por três semanas, são também eficazes. 
 
TABELA 1. Antimicóticos de uso local para tratamento de micoses superficiais 
GRUPO FÁRMACO 
Imidazólicos 
bifonazol, cetoconazol, clotrimazol, econazol, 
isoconazol, miconazol, oxiconazol, 
sertaconazol, tioconazol 
Alilaninas Terbinafina 
Hidroxipiridonas Ciclopirox-olamina 
Morfolinas Amorolfina 
 
3.2 Piedra branca 
É uma afecção do pelo caracterizada pela presença de depósitos nodosos, amolecidos, branco-
pálidos, com poucos milímetros, localizados geralmente no couro cabeludo, na região pubiana e 
axilar. É causada pelo Trichosporum sp. O exame micológico direto do pelo revela hifas e artrosporos 
ovais (artroconídeos) que o envolvem. O diagnóstico diferencial é com tricomicose, pediculose e 
 
 
6 
tricorrexe nodosa. O tratamento consiste no corte dos pelos e dos cabelos na região afetada, 
seguido pela aplicação de antifúngicos tópicos (TAB.1). 
 
3.3 Piedra preta 
Acomete o pelo e se caracteriza pela presença de nódulos pétreos e enegrecidos sobre ele. É comum 
em regiões tropicais, particularmente na América do Sul. É causada pelo Piedraia hortae. O exame 
direto do pelo revela que os nódulos contêm ascos ovais com dois a oito ascósporos. Destaca-se 
que esse é o único fungo observado em vida parasitária no estágio de reprodução sexuada. O 
tratamento é o mesmo da piedra branca. 
 
3.4 Tinea nigra 
Afecção caracterizada por manchas negras, bem delimitadas, de contornos circulares, localizadas 
nas regiões palmares, plantares e bordas dos dedos. São geralmente assintomáticas, mas pode 
ocorrer prurido leve em alguns casos e descamação superficial da pele. O processo se restringe à 
camada córnea. É encontrada em zonas tropicais e subtropicais, predominantemente na América 
do Sul. O agente etiológico é o Phaeoannellomyces werneckii. O diagnóstico diferencial inclui 
distúrbios melanocíticos como nevos juncionais, lentigos acrais ou melanoma acral lentiginoso, 
descartados pelo exame micológico direto do raspado que revela hifas ramificadas escuras. O 
tratamento consiste na aplicação de um dos antifúngicos tópicos listados na tabela 1. 
 
 4. MICOSES SUPERFICIAIS CUTÂNEO-MUCOSAS 
4.1 Dermatofitoses ou tinhas 
Constituem um dos grupos de infecções fúngicas mais frequentes na prática clínica,1causadas por 
dermatófitos, fungos que utilizam a queratina como fonte de subsistência, parasitando as porções 
ceratinizadas ou semi-ceratinizadas da pele, pelos e unhas. Compreendem os gêneros Microsporum 
(pelo e pele), Trichophyton (pelo, pele e unha) e Epidermophyton (pele e unha). Quanto à origem, 
esses gêneros apresentam espécies antropofílicas (próprias do homem): T. rubrum, T. tonsurans, T. 
concentricum, T. Schoenleinii, E. floccosum, T. mentagrophytes, zoofílicas (próprias dos animais): M. 
canis, T. mentagrophytes var. zoofílica e geofílicas (próprias do solo): M. gypseum, M. amazonicum. 
O ser humano pode ser acometido por qualquer uma dessas espécies. A transferência de 
organismos infectantes do solo para outros animais ou seres humanos se dá por meio de artrósporo, 
escamas de pele ou pelos, não sendo necessário o contato direto pele a pele. A invasão da pele se 
segue à aderência das células do fungo aos queratinócitos.2 
O diagnóstico laboratorial das dermatofitoses é realizado pelo exame micológico direto de escamas 
cutâneas obtidas por raspado das lesões, fragmentos de unhas, cabelos e secreções de lesões 
 
 
7 
líquidas. Os agentes são visualizados como hifas hialinas septadas e artrosporadas como podem ser 
vistas na figura 3 após a clarificação pelo hidróxido de potássio (KOH). A cultura deve ser realizada 
em meio de Sabouraud, quando se quer determinar a espécie do dermatófito de acordo com as 
características macroscópicas das colônias. A determinação específica se completa por meio da 
análise microscópica das colônias por microcultivo em lâmina para definir a espécie. Ressalta-se, no 
entanto, que, para o tratamento, não é necessário determinar a espécie, bastando o exame 
micológico direto positivo. 
 
FIGURA 3. Exame direto com hifas hialinas septadas e artrosporadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Prof. Claudemir Aguilar 
 
Podem-se dividir as dermatofitoses de acordo com a área acometida do tegumento em tinha do 
couro cabeludo, da barba, da pele glabra, crural, do pé, da mão e da unha. Essa subdivisão é útil em 
virtude das características clínicas, de os agentes etiológicos variarem conforme o sítio anatômico 
afetado e o tratamento para cada uma das situações. Serão descritos os principais achados clínicos 
de cada uma e, ao final, será dada uma orientação terapêutica geral. 
A tinha do couro cabeludo ocorre geralmente em crianças, é causada por fungos do gênero 
Trichophyton ou Microsporum nos pacientes imunocompetentes. A possibilidade do gênero 
Epidermophyton pode ser levantada nos pacientes imunossuprimidos. A forma mais frequente é a 
tonsurante, que se apresenta como placas alopécicas únicas ou múltiplas, arredondadas, 
descamativas, com cabelos em pequenos cotos (FIG. 4). Pode ser classificada em dois subtipos 
clínicos: a tinha microspórica que se caracteriza por poucas e grandes placas, enquanto a tricofítica, 
por pequenas e múltiplas placas. Há uma forma aguda com intensa reação inflamatória chamada 
Kerion celsi. As espécies mais encontradas são o M. Canis, T. tonsurans, T. mentagrophytes, 
M.gypseum, este mais frequente em kerion. Ao exame direto, identificam-se esporos dentro e/ou 
fora dos pelos. 
 
 
8 
 
FIGURA 4. Tinha do couro cabeludo, microspórica em placa de tonsura. 
 
 
Fonte: Prof. Claudemir Aguilar 
 
A tinha da barba ocorre somente em adultos masculinos, é essencialmente uma tricofitose 
profunda. A doença começa como uma foliculite isolada que se torna purulenta e é espalhada pelo 
barbear. Pode haver formação de abscessos, complicando o processo. Os pelos podem ser retirados 
de forma indolor. A espécie causal mais comum é o T. mentagrophytes variedade zoofílica. Essa 
patologia deve ser diferenciada da foliculite bacteriana pelo exame micológico direto. Pode haver 
lesões circinadas, com bordas eritêmato-pápulo-descamativas em progressão centrífuga (FIG. 5). 
A tinha da pele glabra caracteriza-se pelo surgimento de placas eritêmato-descamativas, 
pruriginosas, anulares ou policíclicas, com bordas pápulo-vesiculosas, com crescimento centrífugo 
e tendência à cura central (FIG.5). As lesões podem ser únicas ou múltiplas. Há formas em placa sem 
tendência à cura central e vesiculosas com tendência à cura espontânea. As espécies causais mais 
frequentes são T. rubrum, M. canis e o T. mentagrophites. O uso de corticoide tópico pode mascarar 
o processo, diminuindo o prurido e a inflamação, Esse aspecto é relevante e por isso, em toda lesão 
eritêmato-descamativa, deve-se considerar a possibilidade de dermatofitose. 
 
FIGURA 5. Detalhe de placa eritêmato-descamativa, com a carcterística demarcação do eritema 
marginal observado nas dermatofitoses. 
 
 
 
9 
 
 
Fonte: Prof. Claudemir Aguilar 
 
A tinha crural é uma das dermatofitoses mais frequentes. É muito pruriginosa, com tendência ao 
crescimento centrífugo (FIG. 5), inicia-se nas regiões inguino-crurais, podendo-se estender às 
regiões glúteas, períneo e abdome inferior. É mais frequente no sexo masculino devido à oclusão 
proporcionada pela bolsa escrotal. Os agentes mais comuns são o E. floccosum e o T. rubrum. O 
primeiro determina o tipo epidêmico, agudo, de tinha crural, acometendo a região inguino-crural e 
partes superiores das coxas. O T. rubrum determina o tipo endêmico, crônico, que se espalha paraas nádegas e o abdome. O diagnóstico diferencial com outras dermatoses que podem afetar a 
região, como eritrasma, dermatite de contato ou seborreica e intertrigo é realizado pelo exame 
micológico direto. O exame dos pés é fundamental para a detecção de eventual foco de infecção. 
Na tinha das mãos, a natureza unilateral das lesões é notória, sendo as espécies mais comuns o T. 
rubrum e o T. mentagrophytes. Na tinha dos pés, os patógenos mais comuns são o T. rubrum, 
seguido pelo T. mentagropytes e E. floccosum. As formas mais hiperceratóticas e descamativas são 
provocadas pelo T. rubrum em 90% das vezes. As formas vesiculosas são geralmente provocadas 
pelo T. mentagropytes, variação zoofílica. O exame micológico direto deve ser realizado na parede 
das vesículas, com resultados melhores do que do líquido. As formas maceradas ocorrem mais 
comumente entre o 3º, 4º e 5º pododáctilos. 
Na tinha da unha, verifica-se a invasão do leito ungueal por dermatófitos com envolvimento 
secundário da lâmina ungueal. O agente mais comum é o T. rubrum, mas quase todos os outros 
dermatófitos podem causá-la. Os gêneros mais freqüentes são Trichophyton e Epidermorphyton, 
mas relatos de Microsporum já foram descritos em pacientes imunossuprimidos. As unhas dos pés 
são mais comumente afetadas. Iniciam-se, geralmente, na borda livre e evoluem em direção 
proximal (onicomicose distal-lateral). Pode ocorrer invasão pelo eponíqueo, com posterior 
acometimento distal (onicomicose proximal). 
 
 
10 
O mais comum é haver o acometimento de uma única unha com posterior envolvimento de outras. 
Assimetria e diferentes estágios de envolvimento lado a lado são típicos. Distúrbios da circulação são 
fatores predisponentes comuns. Há uma forma clínica especial chamada superficial branca, em que o 
acometimento se inicia sobre a lâmina ungueal e, não, no leito ungueal. O T. mentagrophytes é o agente 
usual dessa forma nos pacientes imunocompetentes, enquanto o T. rubrum ou a candida são os agentes 
usuais das onicomicoses superficiais brancas nos imunodeprimidos. 
O tratamento das dermatofitoses pode ser realizado com agentes orais ou tópicos. Os tópicos são 
suficientes para casos localizados, podendo ser utilizado um derivado imidazólico (TAB. 1) em loção 
ou creme. Formas distais mais localizadas de onicomicose podem ser tratadas com esmalte 
contendo amorolfina ou ciclopiroxolamina por longos períodos (6 a 12 meses). Outros casos mais 
extensos de dermatofitoses e a tinha do couro cabeludo requerem medicação sistêmica (TAB.2). 
 
TABELA 2. Tratamento oral das dermatofitoses 
Formas 
Clínicas 
Itraconazol Terbinafina Griseofulvina 
Onicomicose, 
mais de 2/3 da 
unha ou 
acometimento 
proximal 
Adulto: 400 mg/d durante 7 
dias por mês por 3 a 5 meses. 
Criança: 16 a 20 kg-100mg/d; 
21 a 40 kg-100mg 2X/d; 40 
kg-200 mg 2X/d por 3 a 5 
meses. 
Adulto: 250 mg/d por 3 a 
5 meses. 
Criança: 20 kg-62,5 
mg/d; 20 a 40kg-
120mg/d; 40 kg-250 
mg/d por 3 a 5 meses. 
Não indicada. 
Tinha do couro 
cabeludo 
Não indicada. 
Adulto: 250 mg/d durante 
por 2 a 3 meses. 
Criança: 20 kg-62,5 
mg/d; 20 a 40kg-
120mg/d; 40 kg-250 
mg/d por 2 a 3 meses. 
15mg/kg peso 
corporal, divididos 
em uma a duas 
tomadas após 
refeições por 2 a 3 
meses. 
Outras 
dermatofitoses 
extensas 
Adulto: 100 mg/d por 2 a 4 
semanas. 
Criança: 16 a 20 kg-100mg/d; 
21 a 40 kg-100mg 2X/d; 40 
kg-200 mg 2X/d por 2 a 4 
semanas. 
Adulto: 250 mg/d por 2 a 
4 semanas. 
Criança: 20 kg-62,5 
mg/d; 20 a 40kg-
120mg/d; 40 kg-250 
mg/d por 2 a 4 semanas. 
Não indicada. 
Fonte: Prof. Claudemir Aguilar 
 
 
11 
4.2 Candidíase 
Também denominada candidose ou monilíase, é uma infecção oportunista que pode acometer as 
mucosas, a pele e os órgãos internos com quadro clínico polimórfico. É causada por leveduras do 
gênero Candida, que é composto por cerca de 196 espécies, das quais pelo menos 13 já foram 
descritas como agentes patogênicos. 
Essas leveduras estão amplamente distribuídas na natureza. Foram isoladas do solo, da água, do ar 
e dos vegetais em decomposição. Algumas espécies são restritas ao homem e a outros animais. 
A Candida albicans, principal levedura branca, agente da candidíase (60%,l dos casos), ocorre 
geralmente como agente saprófita no trato digestivo e genital feminino. Pode ser encontrada 
também nas áreas úmidas da pele e das mucosas. Torna-se patogênica quando se converte para sua 
forma filamentosa, em decorrência de sua virulência e do estado imunológico do hospedeiro. Nessa 
ocasião, ela se multiplica intensamente, causando doenças na pele, nas mucosas ou nos órgãos 
profundos. Os fatores predisponentes sistêmicos são a imunodeficiência hereditária ou adquirida, 
a gravidez, o diabetes mellitus, a antibioticoterapia e, localmente, pelas alterações cutâneas que 
levam a umidade e maceração, como ocorre na dermatite decorrente do uso de fraldas, do 
intertrigo dos obesos e do contato ocupacional. 
As candidoses mucocutâneas podem ser subdivididas de acordo com a topografia do acometimento 
em candidose oral, genital (vulvovaginal ou balanoprepucial), intertriginosa, folicular, periungueal e 
ungueal. 
O diagnóstico laboratorial das candidoses é feito, geralmente, pelo exame microscópico direto com 
a visualização de células levedurifomes, com brotamento, associado a pseudo-hifas. O crescimento 
em cultura é rápido (24 a 48 h) com a formação de colônias brancas e cremosas. 
A forma oral apresenta-se como placas esbranquiçadas, cremosas, que são removidas com certa 
facilidade por meio de raspagem. Podem se tornar erosadas ou membranosas. Atinge, com maior 
frequência, lactentes após a segunda semana de vida, devido à colonização no canal do parto. Pode 
afetar idosos e indivíduos subnutridos com próteses ou dentes mal conservados, bem como 
pacientes imunodeprimidos, especialmente pelo HIV. Nestes, o acometimento, geralmente, é mais 
grave, atingindo toda a cavidade oral, a faringe, o esôfago e, eventualmente, as vias aéreas 
superiores. A candidíase oral típica é característica, mas as formas erosivas ou ulceradas podem ser 
confundidas com infecção herpética primária, mucosite por drogas, eritema polimorfo, líquen 
plano, leucoplasia e sífilis secundária. 
A estomatite angular ou perlèche caracteriza-se pela ocorrência de fissuras na junção dos lábios, 
consequente ao acúmulo local de saliva, que facilita a proliferação da Candida. A má oclusão 
dentária constitucional ou secundária ou a prótese mal ajustada podem ser também fatores 
desencadeantes. A nistatina suspensão oral é a primeira opção terapêutica, três a quatro vezes por 
dia, podendo ser “pincelada” e ingerida. O miconazol gel oral, a solução aquosa de violeta de 
genciana, a 0,5%, e o bicarbonato de sódio, solução a 2%, são as outras opções tópicas. Os casos 
extensos devem ser tratados com medicação oral (TAB. 3). 
 
 
12 
A mucosa vaginal de pacientes grávidas e diabéticas é comumente atingida, ocasionando 
corrimento branco e intenso eritema local. O acometimento do prepúcio e glande denominado 
balanite ou balanopostite pode ocorrer em 30% dos parceiros, mesmo na ausência de fatores 
predisponentes. A higiene inadequada, o uso de corticoide tópico, fimose e a idade avançada podem 
favorecer a ocorrência dessa condição. A vulvovaginite é tratada com nistatina creme vaginal, 
miconazol ou outro derivado imidazólico em creme ou óvulos vaginais. Cremes, contendo 
imidazólicos (TAB.1), completam as opções tópicas. Em casos extensos ou que não respondem aos 
medicamentos tópicos deve-se associar a medicação sistêmica (TAB. 3). 
A forma intertriginosa (FIG.6)ocasiona eritema, maceração e erosão das dobras axilares, inguinais 
e submamárias, podendo se observar uma descamação periférica circular (colarete) e lesões 
satélites vesiculosas ou pustulosas. Há queixa de ardor e prurido. O diagnóstico diferencial deve ser 
feito com as dermatofitoses, dermatite de contato, dermatite seborreica, psoríase intertriginosa, 
eritrasma e o intertrigo. 
 
FIGURA 6. Eritema, erosão submamária, descamação periférica em colarete e lesões satélites 
pustulosas. 
 
 
 
Fonte: Prof. Claudemir Aguilar 
 
O acometimento interdigital ocorre tipicamente no terceiro espaço interdigital das mãos, podendo 
afetar outras áreas. O manuseio de água e sabão causado pela profissão é um importante fator 
predisponente para essas lesões. O tratamento deve ser feito com cremes imidazólicos (TAB.1), e, 
sempre que possível, excluir ou atenuar as causas desencadeantes. 
 
 
13 
A paroníquia ou “panariço” das lavadeiras é a forma clínica cutânea de candidose mais frequente, 
em que a presença constante da água e do sabão determina o desenvolvimento do processo, 
levando à intensa inflamação das dobras periungueais. Subsequentemente, podem surgir 
alterações por invasão do leito ungueal (onicomicose por Candida) ou por acometimento da matriz 
ungueal. A lâmina ungueal torna-se pardacenta, muitas vezes estriada e, nos casos crônicos, com 
distrofia irregular. A presença de coloração verde-escura indica infecção associada por 
Pseudomonas. A paroníquia por Candida se diferencia da paroníquia bacteriana por não apresentar 
secreção purulenta quando submetida à compressão. 
 A onicomicose pode ocorrer pelo acometimento direto da lâmina ungueal na forma superficial 
branca dos imunodeficientes ou associada aos dermatófitos na onicomicose mista. 
No tratamento, deve-se primeiramente corrigir os fatores predisponentes ou desencadeantes, 
mantendo as áreas afetadas secas, complementando-se com o uso de um imidazólico em veículo 
cremoso (TAB. 1). Nos casos mais graves, indica-se o tratamento sistêmico (TAB. 3). 
 
TABELA 3. Tratamento oral das candidoses 
Formas clínicas Fármaco Dose e duração 
Oral, esofagiana Nistatina (não absorvida) 
Adulto: 5000.000u 3X/d. 
Criança: 100.000u 3X/d; 
por 7 a 14 dias. 
Oral, esofagiana Cetoconazol 
Adulto: 400 mg/d por 5 dias. 
Criança: 20 kg-50 mg/d; 20 a 
40 kg-100 mg/d; 40 kg-200 mg/d 
por 5 dias. 
Oral, genital, esofagiana Itraconazol 
Adulto: 200 mg/d por 5 dias. 
Criança: 20 kg-25 mg/d; 20 a 40 
kg-50 mg/d; 40 kg-100 mg/d por 
5 dias. 
Oral, genital Fluconazol 
150 mg dose única (forma 
vulvovaginal); 50-100 mg/d 
por 7-14 dias. 
Fonte: Prof. Claudemir Aguilar 
 
 
 
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 REFERÊNCIAS 
 
1. Araújo GML, Araújo ND, Farias RP, Cavalcanti CN, Lima MLF, Braz AFS. Micoses superficiais 
na Paraíba: análise comparative e revisão literária. An Bras Dermatol 2010; 85(6):943-6. 
2. Criado PR, Oliveira CB, Dantas KC, Takiguti, et al. Micoses superficiais e os elementos da 
resposta imune. An Bras Dermatol 2011; 86(4):726-31. 
3. Oliveira JAA, Barros JÁ, Cortez ACA, Oliveira JSRL. Micoses superficiais na cidade de Manaus, 
AM, entre março e novembro/2003. An Bras Dermatol 2006; 81(3):238-43. 
4. Brasil KW, Pinheiro RL, Pimentel IC. Diagnóstico laboratorial de micoses superficiais e 
cutâneas: comparação dos métodos do hidróxido de potássio e do calcofluor white. An Bras 
Dermatol 2003; 78(5):547-51. 
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