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UNINASSAU Curso de Psicologia Disciplina: Psicopatologia Período: 5º ALUNA: SILVINA RODRIGUES DE OLIVEIRA SILVINA RODRIGUES DE OLIVEIRA Tema da aula de hoje: Observações a partir do texto ´O paradigma psiquiátrico’ (de Paulo Amarante, in: AMARANTE, Paulo. O homem e a serpente; outras histórias para a loucura e a psiquiatria. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1996. p. 37-64) SILVINA RODRIGUES DE OLIVEIRA As coisas não pararam ... Claude Bernard [1813-1878]: • Fisiologista e arauto do POSITIVISMO lançou, em meio ao espírito iluminista e determinista de sua época, as bases para o estabelecimento definitivo de uma Medicina Científica No fundo, todas as ciências seguem a mesma linha de raciocínio e tendem ao mesmo objetivo. Todas querem chegar ao conhecimento da lei dos fenômenos, de maneira a poder prever, variar ou dominar esses fenômenos. (...) Em uma palavra, o determinismo (...) é um axioma científico que não poderia ser violado tanto nas ciências da vida como nas dos corpos brutos. (...) É ainda tal relação, estabelecida pela observação e pela experiência, que permite ao físico, ao químico, ao fisiologista, não somente predizer os fenômenos da natureza, mas ainda, modificá-los à sua vontade e com toda segurança, desde que não saia das relações que a experiência indicou, ou seja, da lei. (Claude BERNARD. Introduction a l'étude de la médecine expérimentale. Paris: Champs Flammarion, 1984. p. 47 e 128). As doenças são apenas, no fundo, (...) modificações fisiológicas das propriedades dos elementos histológicos de nossos tecidos. (...) a primeira condição para fazer Medicina Experimental é (...) compreender a relação do estado patológico com o estado normal ou fisiológico (Claude BERNARD. Introduction a l'étude de la médecine expérimentale. Paris: Champs Flammarion, 1984. p. 279/80). a Introdução ao estudo da medicina experimental, de Claude Bernard [1813 - 1878]: testemunha a história do conceito de NORMAL e PATOLÓGICO em 1865, Ou seja, Claude Bernard aplica o postulado científico dos corpos inertes (domínio das ciências da natureza) aos corpos vivos Possibilitador desta transposição: • redução da qualidade à quantidade O patológico, doravante, será: • A variação do normal, em termos quantitativos; • logo, o fora-da-medida, a disparidade em relação à norma; A psiquiatria, surge já em meio ao espírito da reforma. E produz uma alquimia: A transformação da LOUCURA em DOENÇA MENTAL: “Nesse período acontece algo de extremamente novo, que se pode expressar numa só frase: a loucura é apropriada conceitualmente pelo discurso médico, tornando-se, a partir de agora, única e exclusivamente, doença mental.” (AMARANTE, 1996, p. 37) Isto implica em tornar a loucura (doravante, doença mental) uma entidade hospitalar: “Para Machado (1982:63-64), ‘não se trata, malgrado o nome, de uma instituição médica, mas de uma estrutura semijurídica, entidade assistencial e administrativa que se situa entre a polícia e a justiça.” (AMARANTE, 1996, p. 38) “Conhecer a loucura é observar, descrever e classificar o que se chama às vistas do alienista como sendo estranho ao padrão moral. Para Bercherie (1989:31), Pinel funda uma tradição – a da Clínica – como orientação consciente e sistemática. Os hábitos bizarros, as atitudes estranhas, os gestos e olhares são registrados e comparados com o que está perto, com o que é semelhante ou diferente. Colocado em um lugar da ciência que, acredita-se, não é contaminado pelas influências da cultura, da economia e da sociedade, o alienista, valendo-se de sua percepção social, determina o que é normal e o que é patológico. Esse é o método do conhecimento, o que opera a passagem da loucura para a alienação mental.” (AMARANTE, 1996, p. 41) SILVINA RODRIGUES DE OLIVEIRA O dilema entre o físico e o moral: “O desenvolvimento da anatomopatologia e da clínica médica constitui-se obstáculo para o alienismo, pois permanece sendo um problema a existência de uma doença exclusivamente moral. Para Birman (1978: 31-32), o conceito de doença moral significa, de certa forma, uma contradição entre os termos, já que a hegemonia do saber médico determina que, para existir doença, deve haver lesão.” (AMARANTE, 1996, p. 51) Uma certa aliança entre o físico e o moral: por intermédio da doutrina da degeneração “A ‘doutrina das degenerações’ de Morel impõe nova reviravolta no saber sobre a alienação mental. Com ele o debate entre o físico e o moral encontram um termo comum, uma relação de interdependência.” (AMARANTE, 1996, p. 53) DEGENERAÇÃO -> RAÇA -> MAL HEREDITÁRIO • “... As degenerações levam os indivíduos a entregarem-se com maior facilidade ao mal moral que, ao mesmo tempo uma causa a um efeito, imprime novos atributos degenerados e, assim por diante, conformam um círculo vicioso que termina no ineroxável fim da linhagem.” (AMARANTE, 1996, p. 54) Na sequência, temos não só a moralização do louco (ou do indivíduo) , mas a moralização das massas (cf. AMARANTE, 1996, p. 56) “Com o conceito de endogeneidade, Morel traz para a sociedade a premência de que sejam interrompidas as linhagens degeneradas, donde a origem da eugenia em psiquiatria. No entanto, consolida a noção de prevenção da alienação no meio social e moral, o que desloca a atuação do alienismo do interior do asilo para o meio social e político.” (AMARANTE, 1996, p. 56)
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