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8 - Crimes contra a família

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CRIMES CONTRA A FAMÍLIA (ARTS. 235 A 249)
Proclama a Constituição Federal (art. 226), que “a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.”
Seguindo ditame constitucional, o CP, no Título VII da Parte Especial, divide os crimes contra a família da seguinte forma:
Capítulo I – Dos crimes contra o casamento (arts. 235 a 240);
Capítulo II – Dos crimes contra o estado de filiação (arts. 241 a 243);
Capítulo III – Dos crimes contra a assistência familiar (arts. 244 a 247); e
Capítulo IV – Dos crimes contra o poder familiar, tutela ou curatela (arts. 248 e 249).
1. BIGAMIA
Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento:
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
§ 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três anos.
§ 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia, considera-se inexistente o crime.
1.1. Objeto jurídico 
É a proteção do casamento monogâmico.	
1.3. Sujeito ativo 
Na figura do caput somente a pessoa casada comete o crime. O crime é de mão própria ou de conduta infungível, assim, a participação é admitida e a coautoria vedada. 
Aponta Celso Delmanto, contudo, que “o partícipe do caput deve ficar sujeito à pena mais branda do § 1º, pois em face dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, não se pode puni-lo com sanção superior à cominada para o próprio agente, que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa já casada, ciente da circunstância (§1º).”
Já na conduta descrita no § 1º, qualquer pessoa pode cometer o crime (crime comum), desde que ciente que contrai casamento com pessoa já casada. 
O crime é plurissubjetivo de conduta convergente. Anota André Estefam que “é de ver, contudo, que no crime de bigamia pune-se, de regra, somente o cônjuge que contraiu novo matrimônio mesmo sendo casado; a pessoa com que fez o enlace, por sua vez, somente será punida se conhecia o fato de que seu consorte era casado ao tempo da celebração.”�
 
1.4. Sujeito passivo
As vítimas são o Estado, o cônjuge do primeiro casamento e o contraente do segundo casamento que desconhece o matrimônio anterior.
1.5. Núcleo do tipo
	
A ação incriminada é contrair casamento, que significa a formalização da união entre o homem e a mulher, para fins de instituição da família.
No caso do agente casado contrair união estável, o crime de bigamia não se perfaz, tendo em vista que o tipo penal não faz menção à união estável e a analogia in malam partem é vedada no direito penal.
Saliente-se que o agente para se casar, na fase de habilitação, subscreve documento com conteúdo falso ao afirmar ser solteiro. A falsidade ideológica, no entanto, é absorvida pela bigamia, por se tratar de crime-meio, incidindo o princípio da consunção, na modalidade do crime progressivo.
1.7. Elemento subjetivo
Na conduta do caput é o dolo, direto ou eventual.
No § 1º, exige-se que o solteiro conheça a circunstância que contraiu casamento com pessoa casada. Assim, o dolo direto é imprescindível. 
.
1.8. Consumação
	
Consuma-se com a efetiva realização do casamento, ou seja, quando a autoridade competente declara os contraentes casados. (crime material).
É crime instantâneo de efeitos permanentes. Instantâneo porque a consumação ocorre em determinado momento e de efeitos permanentes por ser de índole duradoura.
1.8. Tentativa
A tentativa é admissível a partir do momento do início da celebração do casamento.
1.9. Concurso de crimes
	
Na hipótese do agente casado que contrai vários casamentos, observando as mesmas condições de tempo, lugar e modo de execução, responde apenas uma vez pelo crime de bigamia, com a pena majorada, em razão do crime continuado (art. 71 do CP). Caso contrário, por exemplo, se os matrimônios forem realizados em cidades distintas, o agente responde em concurso material (art. 69 do CP).
1.10 Causa excludente da tipicidade
O crime de bigamia torna-se inexistente caso o primeiro ou o segundo casamento (salvo se o segundo casamento for anulado por bigamia) seja declarado nulo ou anulável. 
Pode incidir no processo-crime por bigamia questão prejudicial heterogênea (art. 92 do CPP), quando o réu suscita a existência de ação anulatória do primeiro casamento no juízo cível. O processo-crime, assim como o curso do prazo prescricional (art. 116, I, do CP), deverão ser suspensos, aguardando a solução na esfera cível.
	
1.10. Prescrição
O termo inicial da prescrição da pretensão punitiva do crime de bigamia é a data em que o fato se torna conhecido da autoridade competente, fugindo à regra geral da data da consumação do crime (art. 111, IV, do CP).
1. INDUZIMENTO A ERRO ESSENCIAL E OCULTAÇÃO DE IMPEDIMENTO (ART. 236)
Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.
1.5. Núcleo do tipo
	
A ação incriminada é contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior.
O crime retrata norma penal em branco em sentido homogêneo, isto é, o tipo penal é complementado pelo Código Civil, que traz os casos de erro essencial (art. 1557) e impedimento matrimonial (art. 1521).
É imprescindível que o agente empregue fraude, induzindo em erro essencial a vítima ou ocultando-lhe o impedimento.
1.6. Ação penal privada personalíssima
Só pode ajuizar a ação o contraente enganado. Não há direito de sucessão processual previsto no art. 100, § 4º, do CP.
1.5. Condição de procedibilidade da ação penal
	
A vítima somente pode ajuizar a ação penal privada se houver sentença que anule o casamento por motivo de erro essencial ou impedimento.
1.5. Tentativa
	
A tentativa é inadmissível, tendo em vista que o crime é condicionado 
à anulação do casamento por motivo de erro ou impedimento. 
1. CONHECIMENTO PRÉVIO DE IMPEDIMENTO (ART. 237)
Art. 237 - Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
1.5. Núcleo do tipo
É norma penal em branco em sentido homogêneo, pois o complemento advém do art. 1521 do Código Civil (impedimentos matrimoniais).
A distinção entre os crimes de induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento (art. 236 do CP) e conhecimento prévio de impedimento (art. 237 do CP) consiste que neste o agente simplesmente se omite quanto ao impedimento matrimonial, não havendo emprego de fraude.
1.7. Elemento subjetivo
É imprescindível no art. 237 do CP o dolo direto do agente acerca do impedimento.
� ESTEFAM, André. Direito Penal. Parte Geral. Saraiva. São Paulo: 2010, p. 84.

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