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2º BIMESTRE: DIREITO CIVIL II – PROF. JOÃO TOSO Efeitos da posse Posse: Situação de fato juridicamente protegida. Esbulho: Ato que resulta em perda da posse. Priva outra pessoa, contra vontade dela do poder de fato sobre a coisa. Turbação: Perturba o exercício da posse, mas sem perda da mesma. Não há perda da posse. Espécies de turbação: De fato, direta, mediante direitos positivos; Indireta, mediante atos negativos; De direito. Proteção individual da posse: Alguns doutrinadores consideram o principal efeito decorrente da posse “jus possessionis”: Posse sem título, posse formal e posse autônoma. AÇÕES TIPICAMENTE POSSESSÓRIAS: Ação de manutenção da posse: Art. 926 do CPC; (560 NCPC): Aplica-se quando há turbação da posse; Ação de reintegração da posse: Art. 926 do CPC; (560 NCPC): Aplica-se quando há a perda da posse; Ação de interdito proibitório: Art. 932 do CPC; (567 NCPC): Aplica-se quando há o risco de perda da posse, têm caráter preventivo. PRINCÍPIOS APLICÁVEIS ÀS AÇÕES POSSESSÓRIAS TÍPICAS: PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE: Art. 920 do CPC (554 NCPC): O juiz define à ação que melhor se enquadra conforme os fatos apresentados. Obs.: Bens fungíveis são os que podem ser substituídos; Infungíveis não podem ser substituídos, não há outro igual. Exemplo: Uma obra de arte, um quadro de Picasso. AÇÕES TIPICAMENTE POSSESSÓRIAS: Ação de manutenção da posse; AÇÕES POSSESSÓRIAS TÍPICAS: Ação de reintegração de posse; AÇÕES DE INTERDITOS POSSESSÓRIOS: Ação de interdito proibitório. Quando movida ação possessória, instala o juízo possessório. Ação de reintegração de posse contra o proprietário: Exemplo: Locatário vai viajar e o locador aluga a casa para outro. O locador terá a possibilidade de entrar com ação de reintegração de posse contra o locador / proprietário. Art. 924 / 928 do CPC: Liminar “inaudita altera parte” = não se houve a outra parte para concessão da liminar. Esta liminar só cabe para ação nova, ou seja, menor que um ano e um dia a contar da perda da posse no caso de esbulho. PRINCIPIOS APLICÁVEIS ÀS AÇÕES TIPICAMENTE POSSESSÓRIAS: FUNGIBILIDADE: Você pede uma coisa e o juiz lhe concede algo além ou diferente do pedido, pois o juiz entendeu que no caso concreto a coisa é outra. “ULTRA PETITA” ou “EXTRA PETITA”: Coisa fora ou além do que foi pedido. Este princípio só cabe em ações possessórias. EXEMPLO: Você pede a manutenção da posse e o juiz lhe concede a reintegração da posse por assim entender que este ato é o que cabe no fato concreto. Ou seja, neste ato não cabe dizer que a sentença foi viciada, que houve “ultra petita ou extra petita”. Vale ressaltar que o erro não pode ser grosseiro e deve ser escusável (desculpável). DUAS CIRCUNSTÂNCIAS QUE GERAM A POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE: Dificuldade de distinguir a espécie de agressão a posse; A possibilidade de que à agressão se altere no decorrer da demanda; Dúvida objetiva: A dúvida não é sua, mas sim da doutrina, ou seja, um juiz decide de um jeito e outro decide de outra forma. Você não têm como saber com exatidão. Ação que discute propriedade: Ação reivindicatória. Demais ações discutem posse, discutem quem tem a melhor posse. Cognição = Conhecimento. Rito especial: Rito mais rápido. Envolve ações possessórias. Cabe somente em ação de força nova devido à possibilidade de concessão de liminar “inaudita altera parte”. Se o juiz estiver plenamente convencido do esbulho contra o reclamante, este concede liminar sem consultar a parte contrária, o esbulhador. Rito ordinário: Rito mais lento. Houve-se às duas partes, não existe concessão de liminar, possibilita recursos. Em casos de ação de força velha, a melhor opção para o proprietário é a de ingressar direto com ação reivindicatória e discutir propriedade, pois discutir posse gera certo risco ao proprietário que se perder a ação que discute melhor posse, terá que ingressar com nova ação, a reivindicatória. O rito é ordinário, além do risco ao proprietário ainda é moroso demais. Obs.: O rito é especial até o cumprimento da sentença, a concessão da liminar. Após o mesmo segue o rito ordinário como as demais ações. O rito especial é uma exceção a regra que têm por objetivo agilizar a reintegração a posse, onde beneficia em sua grande maioria (95%) os proprietários. CUMULAÇÃO DE DEMANDAS: Art. 921 do CPC (555NCPC); Tem a peculiaridade de possibilitar o acúmulo de pedidos possessórios como: Condenação em perdas e danos; Cominação de pena para caso de nova turbação ou esbulho; Desfazimento de construção ou plantação feita em detrimento de sua posse. Novidade: Concede a possibilidade de que esses pedidos sejam cumulados sem prejuízo do rito especial, isto é, sem obstáculo a concessão de liminar possessória. A cumulação não gera prejuízo do rito especial. A situação mais complicada é no que se refere a cumulação de pena que caráter pecuniário e sua aplicação está condicionada a um evento futuro e incerto, isto é, depende que ocorra a prática de novo esbulho ou turbação. Na ocorrência de o réu reincidir na prática de novo esbulho ou turbação, a multa será devido, porém a dúvida que surge é se pode ser aplicada nos próprios autos ou se haverá a necessidade de uma nova ação, outra ação. Conforme art. 572 do CPC, pode-se utilizar o mesmo auto, desde que seja possível provar por documentos a existência de novo esbulho ou turbação. Nada impede tal procedimento. Porém se for necessária a produção de prova oral ou pericial, o interessado deverá ajuizar nova ação de conhecimento para cobrança da multa. Uma observação importante é que, sendo julgada procedente a ação com trânsito em julgado e cumprido o mandado de reintegração de posse, a prática de outro esbulho, com idênticas circunstâncias e pelas mesmas pessoas, não existirá a propositura de nova possessória, bastando ao interessado requerer o REVIGORAMENTO DO MANDADO. CARÁTER DÚPLICE Este dispositivo permite ao réu formular pedido na contestação; O réu, em sua contestação pode cumular além da defesa, 1 - pedido de proteção possessória, 2 - indenização, 3 - desfazimento de construções e plantações e 4 - sanção para o caso de prática de novo esbulho ou turbação. São mesmos pedidos que o autor pode cumular na petição inicial sem prejuízo do rito especial. (Por simetria, medidas iguais para ambas às partes) OBS.: EM HIPOTESE ALGUMA SERÁ PERMITIDO AO RÉU REQUERER LIMINAR NA CONTESTAÇÃO. Para outros pedidos, o réu não poderá valer-se do caráter dúplice, devendo se assim couber, utilizar-se da reconvenção. EXCEÇÃO DE DOMÍNIO: Art. 1.210,§ 2º do CPC. O juiz deve julgar ação possessória exclusivamente em favor daquele que tiver melhor posse, sem qualquer indagação a respeito da propriedade. Sobre propriedade, deverá ser discutida em ação reivindicatória (via própria). O proprietário que sofrer perda da posse judicialmente, não fica totalmente impedido de recuperar a coisa, já que esgotado a via possessória, será possível utilizar a petitória (ação reivindicatória). “PROIBIÇÃO DA EXCEPTIO PROPRIETATIS ou EXCEPTIO DOMINII ou QUARELLA PROPRIETATIS” CÓDIGO DO PROCESSO CIVIL – ARTIGOS RELACIONADOS COM A MATÉRIA. Art. 292: É permitida a cumulação, num único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão (1). § 1º. São requisitos de admissibilidade da cumulação (2): I - que os pedidos sejam compatíveis entre si; II - que seja competente para conhecer deles o mesmo juízo; III - que seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento. § 2º. Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, admitir-se-á a cumulação, se o autor empregar o procedimento ordinário. Art. 299. A contestação e a reconvenção serão oferecidas simultaneamente, em peças autônomas; a exceção será processada em apenso aos autos principais. Art. 333. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direitodo autor. Parágrafo único. É nula a convenção que distribui de maneira diversa o ônus da prova quando: I - recair sobre direito indisponível da parte; II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito. Art. 572: Quando o juiz decidir relação jurídica sujeita a condição ou termo, o credor não poderá executar a sentença sem provar que se realizou a condição ou que ocorreu o termo. Art. 920. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela, cujos requisitos estejam provados. Art. 921. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de: I - condenação em perdas e danos; Il - cominação de pena para caso de nova turbação ou esbulho; III - desfazimento de construção ou plantação feita em detrimento de sua posse. Art. 922. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor. Art. 923. Na pendência do processo possessório, é defeso, assim ao autor como ao réu, intentar a ação de reconhecimento do domínio. (Redação dada pela Lei nº 6.820, de 16.9.1980) Art. 924. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da seção seguinte, quando intentado dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho; passado esse prazo, será ordinário, não perdendo, contudo, o caráter possessório. Art. 925. Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido ou reintegrado na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de decair da ação, responder por perdas e danos, o juiz assinar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias para requerer caução sob pena de ser depositada a coisa litigiosa. Art. 926. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado no de esbulho. Art. 927. Incumbe ao autor provar: I - a sua posse; Il - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; III - a data da turbação ou do esbulho; IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção; a perda da posse, na ação de reintegração. Art. 928. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração; no caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada. Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais. Art. 929. Julgada procedente a justificação, o juiz fará logo expedir mandado de manutenção ou de reintegração. Art. 930. Concedido ou não o mandado liminar de manutenção ou de reintegração, o autor promoverá, nos 5 (cinco) dias subseqüentes, a citação do réu para contestar a ação. Parágrafo único. Quando for ordenada a justificação prévia (art. 928), o prazo para contestar contar-se-á da intimação do despacho que deferir ou não a medida liminar. Art. 931. Aplica-se, quanto ao mais, o procedimento ordinário. Art. 932. O possuidor direto ou indireto, que tenha justo receio de ser molestado na posse, poderá impetrar ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório, em que se comine ao réu determinada pena pecuniária, caso transgrida o preceito. Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. § 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. § 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa. Lei nº 6.820, de 16 de setembro de 1980 Dá nova redação ao art. 923 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o CONGRESSO NACIONAL decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º O art. 923 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, modificada pela Lei nº 5.925, de 1º de outubro de 1973, passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 923. Na pendência do processo possessório é defeso, assim ao autor como ao réu, intentar ação de reconhecimento do domínio.” Art. 2º Esta Lei entrará em vigor trinta dias após a sua publicação. Art. 3º Revogam-se as disposições em contrário.
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