Buscar

AULA 2 PSIQUIATRIA E SAUDE MENTAL

Prévia do material em texto

PSIQUIATRIA E SAUDE MENTAL
CONTEXTO HISTÓRICO
PROF.: VÂNIA FARIAS
Onomatopeia Perambulante
No bairro Prainha, da cidade de Tombaqui, foi montada uma Residência Terapêutica onde moram seis pessoas egressas de longos anos de internação no Hospital Psiquiátrico da capital do Estado, Prainha é um bairro no qual se concentram importantes atividades comerciais, casas e prédios.
A relação entre as pessoas da vizinhança sempre foi bastante reservada, porém com a chegada dos novos moradores do bairro, essa situação começou a se modificar.
Nesse mesmo bairro, Romildo trabalha como agente comunitário da Equipe da Saúde da Família, realizando visitas domiciliares às casas da comunidade.
Numa de suas visitas rotineiras, Romildo chegou na casa de D. Maria e presenciou o seguinte diálogo entre ela e D. Rita.
Dona Maria disse:
- Meu vizinho faz uns barulhos esquisitos que me incomodam muito.
Dona Rita perguntou: - Que barulho é esse, mulher?
Dona Maria, então, respondeu: - Ele fala o tempo todo PÁ, PÁ, PÁ, e ainda tem também outros moradores, que são bem esquisitos acho que eles têm uma doença, porque, de vez em quando, o SAMU aparece na porta da casa.
Dona Rita disse: - Será, mulher, que eles são perigosos?
Dona Maria contou: - Algumas pessoas já estão falando em se organizar para pedir providências.
Romildo, ouvindo aquela história, resolveu entrar na conversa:
É uma daquelas casas que inventaram agora para tirar os “loucos” do hospital. Mas tem também
um outro lugar que eles vão. É um postinho de saúde criado pra isso. Chama-se CAPS.
Na história acima apresentada, há um diálogo sobre uma casa que foi criada para que os “loucos” saíssem do hospital, chamada Residência Terapêutica. A história fala também de um novo local de tratamento na comunidade: o “postinho” de saúde chamado CAPS. Esses novos locais são substitutivos do hospital psiquiátrico e surgiram como resposta ao questionamento do modelo manicomial, como tratamento da loucura.
Por que o hospital psiquiátrico começou a ser questionado? Que mudanças os serviços sofreram?
 O QUE É PSIQUIATRIA?????????
Psiquiatria é uma especialidade da Medicina que lida com a prevenção, atendimento, diagnóstico, tratamento e reabilitação das diferentes formas de sofrimentos mentais, sejam elas de cunho orgânico ou funcional, com manifestações psicológicas severas, onde a meta principal é o alívio do sofrimento psíquico e o bem estar psiquíco.
Para você...
O que significa saúde?
O que é importante para se ter uma vida saudável?
Saúde...
A definição oficial de Saúde possui implicações legais, sociais e econômicas; segundo a OMS, Saúde é um bem-estar físico, mental e social...
Para você...
O que significa saúde mental?
O que é importante para se ter uma vida saudável mental?
Saúde Mental...
A OMS define a saúde mental como “o estado de bem-estar no qual o indivíduo realiza as suas capacidades, pode fazer face ao stress normal da vida, trabalhar de forma produtiva e frutífera e contribuir para a comunidade em que se insere”.
Para você...
O que define família?
Definição...
“Família é quem você escolhe pra viver
Família é quem você escolhe pra você
Não precisa ter conta sanguínea
É PRECISO TER SEMPRE UM POUCO MAIS DE SINTONIA”
(O Rappa)
 E SER NORMAL, COMO SE DEFINE????
 SER NORMAL é estar dentro das regras e padrões de uma sociedade. 
 Você se considera normal?
 ESTE É O MUNDO EM QUE VIVEMOS!!!!
HISTÓRIA DA LOUCURA
A doença mental na Pré-história
O homem primitivo atribuía todas as doenças à ação de forças externas, forças sobrenaturais, maus espíritos, bruxos, demônios, deuses.
Acredita-se que nessa época as pessoas com distúrbio de comportamento eram atendidas em rituais tribais, para corrigir tal distúrbio. E em caso de insucesso, o indivíduo era abandonado a própria sorte.
PSIQUIATRIA NA ANTIGUIDADE
No Egito:
- O tratamento das perturbações mentais incluía meios físicos, psíquicos e espirituais e eram realizados por mestres religiosos;
Na Grécia Antiga:
- A loucura era uma doença mental causada por espíritos malignos personificados em duas deusas – MANIA E LYSSA, não havia tratamento.
OBS.: Na Grécia antiga, a loucura era considerada como problema privado das famílias, e os loucos oriundos de famílias ricas eram mantidos em suas residências, com a atenção de acompanhantes. Já os pobres circulavam livremente pelas ruas e viviam da caridade. O poder público só interferia quando envolvia assuntos relacionados a invalidação ou anulação de casamentos ou por proteção patrimonial de insanos perdulários.
 ROMA
A loucura tem um conceito popular e influenciado por crenças.
Os médicos sofrem influência das idéias gregas e atribuíam valor importante aos sonhos;
Distinguiam a excitação mental c/ febre de FRENITE e a excitação mental s/ febre a qual chamavam de MANIA.
As alucinações foram muito bem descritas e seus tratamentos iam desde agentes físicos (fisioterapia) a dietas e atividades lúdicas (música, salas claras, convívio);
 IDADE MÉDIA
As doenças mentais voltam ao reino do sobrenatural, onde predominavam as idéias místicas e ocultistas;
O doente mental e seu tratamento voltam a ser encarados com mistério e magia, utilizando a feitiçaria. A mulher, a bruxa, é a causa e a cura; Possessão pelo demônio;
No tratamento usavam eméticos, sangrias, práticas de feitiçaria; exorcismo de demônios.
 Exceção só surge com os Árabes: constroem hospitais psiquiátricos, tratamento de forma mais humana;
 IDADE MÉDIA
O doente preso numa rede de significações religiosas (possessão), “o pecado” era de natureza religiosa e moral.
As pessoas mais ricas acreditavam que cuidando dos loucos estariam expiando seus pecados? Surgiu a expressão “lunático” (fases da lua).
No final da Idade Média os loucos passaram a ser isolados, quando representavam riscos aos demais habitantes, surge então a NAU DOS LOUCOS (Rios da Remânia/Alemanha e dos canais FLAMENGOS) e o TREM DE MINAS.
NAU DOS LOUCOS
Século XV –Renascimento
• Ao fim do século XV, na Europa, com o advento da manufatura inicial e a divisão social do trabalho ocorreu a ruptura da ordem feudal e a emergência do capitalismo mercantil com a urbanização maciça e a industrialização, o que resultou em: 
- Aumento de desocupados, mendigos, vagabundos; 
- Escassez de mão-de-obra. 
 Meados do século XVII
 A desorganização social e crise econômica na Europa pelas mudanças estabelecidas nos modos de produção – o mundo da loucura torna-se o mundo da exclusão – criam-se em toda a Europa, primeiro na Espanha, depois na Itália, estabelecimentos para internação, as casas de correção, casas de internamento chamados HOSPITAIS GERAIS, não só dos loucos, mas de toda série de indivíduos (inválidos, pobres, velhos, mendigos, portadores de doenças venéreas, prostitutas, pessoas a quem a família ou o poder real queria evitar castigo público, mantidos acorrentados – todos aqueles que, em relação à ordem da razão, da moral e da sociedade, dão mostra de “alteração)”. 
 Não tinham função curativa, possuíam estrutura semi-jurídica e o objetivo era limpar as cidades, punir a ociosidade, reeducar para a moralidade, mediante instrução religiosa e moral. 
BRASIL -PERÍODO COLONIAL
 Durante o período Colonial, a assistência médica e hospitalar dependia, sobretudo das irmandades religiosas – Santas Casas de Misericórdia que funcionavam como albergues para os pobres, órfãos, inválidos e, obviamente, loucos, amontoando nos porões insalubres, sem assistência médica, os loucos como os demais marginais, entregues a guardas e carcereiros, seus delírios e agitações reprimidos por espancamentos ou contenção. 
 Assim surgiram as Santa Casas de Misericórdia na sequência: Santos (1543), Salvador (1549), Olinda (1560), Rio de Janeiro (1567), São Paulo (1599), Paraíba (1602), Belém (1619) e São Luís (1657) (Medeiros, 1993).
 Séculos XVI e XVII – famílias mais abastadas escondiam seus doentes em casa,em quartos próprios ou em construções anexas. 
 A partir do meio do século XVIII, com as idéias do Iluminismo, os princípios da revolução Francesa (nova ordem social e a industrialização), e a declaração dos direitos do homem nos Estados Unidos – iniciam-se os primeiros movimentos de denúncias contra as internações liberando-se todos os outros indivíduos, exceto os loucos, herdeiros naturais do internamento e da exclusão. 
 Os “Reformadores” da Revolução Francesa delegaram a Phillipe Pinel (1745-1826) a tarefa de humanizar e dar sentido terapêutico aos hospitais gerais, onde os loucos encontravam-se recolhidos junto com outros marginalizados da sociedade.
 Pinel, conseguiu amenizar em parte as aterrorizantes condições existentes nos asilos para loucos, ainda não existiam tratamentos de rotina realmente efetivos no começo do século XXI. 
	Pinel na França, Samuel Tuke na Inglaterra, entre outros, serão os protagonistas de um movimento de reforma para separar os loucos dos seus colegas de infortúnio, passariam a receber cuidado psiquiátrico sistematizado – tratamento moral – utilização conveniente da disciplina. Assim surge a Psiquiatria, passando o louco a ser visto como um doente. 
	Ocupava-se o espírito e o corpo, em lugares – os asilos – onde os pacientes ficavam isolados da sociedade e o cérebro “em repouso” – tratamento alienista, moral.
O isolamento era definido como algo terapêutico e indispensável.
	O internamento torna-se medida de caráter médico. Substitui-se a violência franca pela violência velada da ameaça e das privações. Pinel transforma o asilo numa espécie de instância perpétua de julgamento; o louco tinha que ser vigiado nos seus gestos contraditos e no seu delírio, e ridicularizado nos seus erros: a sanção tinha que seguir uma conduta normal sob a direção do médico que estava mais encarregado de um controle ético do que de uma intervenção terapêutica. 
 Os tratamentos nos séculos XVII e XVIII consistiam em submeter o doente a banho(ducha) para refrescar seus espíritos; injetar sangue fresco para remover sua circulação perturbada. 
	
	Pinel e seus sucessores num contexto puramente repressivo e moral retomaram estas técnicas. 
 O asilo fundado na época de Pinel para o internamento representava a “medicalização”, o espaço da exclusão, com um regime moral cujas técnicas tinham, um caráter de precaução social e outras um caráter de estratégica médica.
 
		A loucura se torna verdade médica, onde a cura significava dar-lhes os sentimentos de dependência, humildade, culpa, reconhecimento que são a armadura moral da vida familiar e os meios para consegui-los: ameaças, castigos, privações alimentares, humilhações, tudo o que poderia culpabilizar o louco.
 
	Neste mundo moral que castiga, pela primeira vez no mundo ocidental, a loucura recebe status, estrutura e significação psicológicos. 
	A loucura é separada do desatino e adquire o status de doença mental, tornando-se objeto de um novo saber, surgido da prática do poder, ou da internação : a Psiquiatria.
HOSPITAL NACIONAL DOS ALIENADOS (1842)
	A Psiquiatria surge no Brasil, com a função de tomar para si a normatização social – transformação do desviante (o mendigo, o louco, o criminoso, o pobre em geral) num ser normalizado.
	A partir de 1830, um grupo de médicos alienistas (criadores da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro), começou a pressionar para que se construísse um hospício para os alienados, devido as queixas de maus-tratos. Com o apoio do Conselho de Império que tinha o intuito de celebrar a maioridade do jovem Monarca Pedro II, mais a pressão da sociedade (elite política) e dos médicos (elite médica), surgiu à idéia da criação do hospício Pedro II, que foi criado no Rio de Janeiro, em 1841.
	O local era uma chácara na Praia Vermelha, de propriedade da Santa Casa de Misericórdia anexa ao Hospital, porém, tinha precárias condições para o atendimento e funcionamento.
 Assim, em 1842, na tentativa de atender este projeto, teve início a construção do Hospital Pedro II e subordina-se sua administração à Santa Casa de Misericórdia (as irmãs de caridade eram as diretoras de fato). As obras duraram de 1842 a 1852 (10 anos), onde foi inaugurado com capacidade para 350 pacientes.
 Em 1852, em São Paulo, foi criado o Asilo Provisório do Largo dos Curros (atual Praça da República), depois transferido para a Ladeira de Tabatingueira, esse serviço funcionou até a inauguração definitiva do Hospital de Juquery, cuja capacidade em 1895 era 534 pacientes e em 1904 eram 823 pacientes.
 A partir da experiência do Rio de Janeiro e de São Paulo, iniciou-se um processo de criação dos Hospitais Psiquiátricos públicos em todo o país, obedecendo a seqüência: Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira (em Salvador, 1874); Hospital Psiquiátrico São Pedro (em Porto Alegre, 1884); Asilo dos Alienados de São Vicente de Paula (em Fortaleza, 1886); Asilo Santa Leopoldina (em Maceió,1891); Asilo do Hospital Santa Ana (em Cruz do Peixe-PB, 1893); Hospício Eduardo Ribeiro (em Manaus,1894); Hospital do Juquery (em São Paulo, 1895); Centro Hospitalar Psiquiátrico (em Barbacena-MG,1903) e Instituto de Psiquiatria a USP (em São Paulo, 1945) (BASTOS, 2007).
 A Proclamação da República gerou um rompimento entre Estado e Clero, o que refletiu no Hospício Pedro II, passou de Santa Casa para o Hospício Nacional dos Alienados, cujo diretor Dr. João Carlos Teixeira Brandão, que em 1887 dispensou as Irmãs de Caridade, até então responsáveis pelo serviço de enfermagem e pela administração interna do hospício, pois eram acusadas de colaborar e acobertar os maus tratos sofridos pelos doentes por parte dos guardas.
 Com a saída das Irmãs, existiu uma carência de pessoas para realizar as atividades de cuidado e administração da assistência de uma forma geral, levando os médicos a organizarem uma escola para formação de pessoal de enfermagem para atuar no espaço deixado pelas Irmãs e preparar os guardas e serviçais do hospício. A enfermagem psiquiátrica brasileira surgiu no hospício, para vigiar, controlar e reprimir. 
 
 
 Até o séc. XX, o enfermeiro não deteve um papel terapêutico, pois exigia-se apenas alguma experiência com os enfermos, e sua atuação foi voltada à manutenção da ordem local.
	Nessa perspectiva, a enfermagem brasileira nasceu no hospício, com as funções de vigiar, reprimir e controlar os alienados que se encontravam internos naquele lugar, e cabia aos médicos decidir os meios de repressão e coerção e aos enfermeiros executá-los (BELMONTE et al., 1998).
	O enfermeiro deveria apresentar as seguintes qualidades: severidade, doçura, coragem, prudência, discrição, caridade, inteligência, capacidade para entender o médico e o doente, ser um homem, forte, ativo, zeloso, apresentar robustez e força física para o exercício da prática coercitiva aos doentes mentais. Portanto, naquela época os homens eram em maior quantidade na Enfermagem (PAES, 2009).
HISTÓRIA DA ENFERMAGEM PSIQUIÁTRICA 
Escola de Enfermagem Alfredo Pinto - UNIRIO
A PSIQUIATRIA BRASILEIRA DO SÉCULO XX	
 
 No começo do século XX, com o desenvolvimento do comércio importador/exportador, através do portos, aumento da atividade comercial e bancária, inúmeros avanços tecnológicos (telefone, televisão, computador, internet) – ocorre um aumento da população urbana com deterioração das condições de higiene e saneamento, proliferação de cortiços e favelas, focos e reservatórios de vetores de doenças infecciosas (febre amarela), surgindo o ensino sistematizado da Enfermagem, tendo, o propósito de formar profissionais que contribuíssem no sentido de garantir o saneamento dos portos. 
	Ocorre adesão política de construção de colônias agrícolas – surgem os primeiros hospitais agrícolas que utilizavam a laborterapia como técnica terapêutica – sinônimo da garantia de disciplina e ordem, de forma a docilizar os incuráveis.Utilizavam modernas técnicas da medicina mental” do período:
Hidroterapia - aplicação externa de água – quente ou fria, por meio de longos banhos, de imersão ou duchas;
Malarioterapia - Febre induzida pela inoculação do germe da malária – o plasmodium no organismo do doente, para que a febre e os tremores “curassem” a doença mental;
Insulinoterapia – aplicação de insulina, em doses crescentes, que provocava convulsões, coma e um sofrimento físico intenso, para tratar a esquizofrenia.
	No Brasil, o funcionamento asilar precede o início de uma atividade psiquiátrica formal. A loucura é apropriada pelo saber médico, torna-se então alienação mental. Surge a necessidade de uma atuação terapêutica, reconhecendo-se nos loucos a existência de uma doença, com uma localização no corpo, exigindo desta forma um tratamento, uma estrutura de cuidados médicos. 
	Apenas em 1881 vão ser criadas as cadeiras de clínica das moléstias mentais das escolas médicas do Rio de Janeiro e Bahia.
Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras
	Foi a primeira escola criada no Brasil, no Hospital Nacional de Alienados e seus objetivos eram formar enfermeiros e enfermeiras psiquiátricos para trabalhar nos hospícios. Foi nele que surgiu a Enfermagem Psiquiátrica brasileira. O Governo Provisório da República manda buscar, na França, enfermeiras leigas. Elas deveriam organizar uma escola para enfermeiros no Hospício Nacional dos Alienados. Foi a primeira tentativa de sistematização de ensino de enfermagem no Brasil, pautada no modelo da Escola Francesa. 
 Esta escola contava com um grupo ministrado pelos médicos do hospício, durava dois anos e no final recebia um diploma do Diretor Geral de Assistência Médico-legal de alienados. 
 Nesse processo de treinamento, baseado na transmissão oral do saber, a ênfase era dada no atendimento das necessidades de higiene, alimentação, técnicas de administração de medicamentos(placebos), aplicação das terapias de choque, e as formas de se defender das possíveis manifestações agressivas dos pacientes. 
	Em 1949, a Lei 775 determina a obrigatoriedade da disciplina “Enfermagem Psiquiátrica” nos cursos de graduação. No período de 1930 a 1964 a ênfase é dada aos aspectos clínicos da doença mental e às terapêuticas biológicas –“cura” da doença mental. 
	Na metade da década de 50 , aparecem alguns reflexos da psicanálise (Freud), com referências aos aspectos psicológicos do comportamento humano. Há o lançamento dos psicotrópicos (Clorpromazina - amplictil).
	Nos anos de 1930, no período do Estado Novo, os grandes hospícios construídos foram reformados e ampliados, tornando-se o centro de toda a política de saúde mental. Até a década de 1950, foi visível a estatização dos grandes hospitais.
	Durante a ditadura militar (1964-1985), a atenção psiquiátrica manteve sua característica hospitalocêntrica, manicomial e excludente, sendo marcada pelo aumento das instituições psiquiátricas, subsidiadas e mantidas pelo governo federal.
	Na década de 1960, os hospitais e clínicas psiquiátricas privadas aumentaram de forma assustadora em todo o território nacional e a assistência psiquiátrica se tornou fonte lucrativa, pois a Previdência Social destinava 97% do total dos recursos em Saúde Mental para os internamentos psiquiátricos, caracterizando a chamada mercantilização da loucura (AMARANTE, 1998; COUTO; ALBERTI, 2008).
	Para exemplificar a situação caótica da assistência, o número de internações psiquiátricas em instituições manicomiais, em 1965, era de 5.186. Em cinco anos, esse número quase quadriplicou, alcançando o total de quase 19.000 internações. Em 1975, a quantidade de pessoas internadas era de 70.383 e em mais dois anos esse valor atingiu 200.000 (GUIMARÃES et al.,2010).
	A partir do final da década de 60, é enfatizado a terapia de família e a assistência de enfermagem no “relacionamento terapêutico”.
	A partir de 1975 sugere-se a integração da saúde mental com as outras disciplinas, propondo intervenções sobre a comunidade, com finalidades preventivas.
 
 No período posterior a II Guerra Mundial surgiram as comunidades terapêuticas, que acreditavam na importância do relacionamento entre os membros da equipe terapêutica e os pacientes – surgem propostas que apontam um processo de desistitucionaização.
 Diante desse contexto, o papel da Enfermagem muda significativamente, aproximando-se do paciente, do médico e dos demais profissionais que compõe a equipe de saúde. 
 Torna-se importante ouvir o que o paciente tem a nos dizer, pois poderão expressar seus conflitos conscientes e inconscientes – estabelecer o relacionamento terapêutico. 
Balada Do Louco (Os Mutantes)
Dizem que sou louco por pensar assim
Se eu sou muito louco por eu ser feliz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Se eles são bonitos, sou Alain Delon
Se eles são famosos, sou Napoleão
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu
Se eles têm três carros, eu posso voar
Se eles rezam muito, eu já estou no céu
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu
Sim, sou muito louco, não vou me curar
Já não sou o único que encontrou a paz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, eu sou feliz
REFERÊNCIAS 
ARANHA, M.L.A.; MARTINS, M.H.P. Temas de filosofia. 3a. ed. São Paulo: Moderna, 2005.
 KOK, H.; TEIJEIRO, R.; BERGHOUT, K. Restricción de movimientos y aislamiento. Rev Psiquiatria on line 2003. Disponível em: <http://www.psiquiatria.com/articulos/psiq_general_y_otras_areas/urgencias_psiq/9929/>. Acesso em 20 jan. 2012.
PAES, M.R. Cuidado de enfermagem ao paciente com comorbidade clínico-psiquiátrica no pronto atendimento de um hospital geral. 144fls. (Dissertação) Mestrado em Enfermagem. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Universidade Federal do Paraná, 2009.
PEREIRA, M.E.C. Pinel - a mania, o tratamento moral e os inícios da psiquiatria contemporânea. Rev latino-am psicop fund v. 7, n.3, p. 113-116, 2004.
SILVA, A.L.A. e; FONSECA, R.M.G.S. da. Os nexos entre concepção do processo saúde/doença mental e as tecnologias de cuidados. Rev. Latino-Am. Enfermagem  v. 11,  n. 6, 2003.
SILVEIRA, L.C. ; BRAGA, V.A.B. Acerca do conceito de loucura e seus reflexos na assistência de saúde mental. Rev. Latino-Am. Enfermagem. v. 13, n. 4, p. 591-5, 2005.
TORRE, E.H.G.; AMARANTE, P. Protagonismo e subjetividade: a construção coletiva no campo da saúde mental. Ciênc. Saúde Coletiva. v.6, n.1, p.73-85, 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232001000100006>. Acesso em: 30 jan.
OBRIGADA !!!

Continue navegando