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NOTA TÉCNICA SOBRE A ABORDAGEM HOMEOPÁTICA DA DENGUE EM COMUNIDADES 
COMISSÃO DE SAÚDE PÚBLICA – AMHB
Considerações iniciais
No Brasil, a homeopatia é uma especialidade médica reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina em 1980 e está presente no Sistema Único de Saúde desde o final da década de 80. Desde então foi regulamentada por outras portarias até que, em 2006, foi incluída na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares - PNPIC (BRASIL, 2006).
A homeopatia tem uma técnica específica para profilaxia e para tratamento de doenças epidêmicas, tendo sido o tratamento homeopático extensamente utilizado nos séculos XIX e XX no continente europeu e nos Estados Unidos em epidemias de tifo, cólera, difteria, escarlatina, malária e febre amarela, entre outras. Cabe destacar o fato histórico: o primeiro reconhecimento público da eficácia da homeopatia se deu com os resultados obtidos no tratamento de pacientes acometidos por tifo em uma epidemia. (DARUICHE, 2012)
Atualmente, com o advento da "era científica", em que as exigências para validação de métodos diagnósticos e terapêuticos foram modificadas, essa técnica foi relegada a um segundo plano ou simplesmente desconsiderada.
No Brasil, a epidemia de dengue assola o país em movimentos cíclicos desde a década de 80 e se apresenta com um perfil epidemiológico cada vez mais agressivo. Nessas décadas, vários homeopatas que trabalham no Sistema Único de Saúde (SUS) aplicaram a técnica da homeopatia para epidemias, como tratamento e como profilaxia, em maior ou menor escala, em diferentes cidades. Entretanto, os resultados e estudos produzidos a partir destes trabalhos ainda não lograram incorporar a homeopatia nas medidas de enfrentamento da dengue recomendadas pelo Ministério da Saúde.
Tendo em vistas estas questões, cabe algumas considerações a respeito da abordagem da dengue com a homeopatia de forma complementar, segundo o grau de evidência científica.
Revisão da literatura
	Recentemente foi publicado na revista Cadernos de Saúde Pública um artigo de revisão de literatura sobre a homeopatia na prevenção da dengue (Martinez e Nunes, 2014).
Nessa revisão, foram encontrados cinco estudos do tipo ensaios clínicos ou de comunidade, ou estudo de avaliação de resultado sobre a profilaxia ou tratamento da dengue com medicamentos homeopáticos. Três destes estudos foram realizados no Brasil, um em Honduras e outro no Paquistão.
	Outros oito foram encontrados, porém são estudos meramente descritivos (não comparativos), relatos de experiências ou de trabalhos não concluídos: dois são alemães, dois venezuelanos e os demais, brasileiros.
	Embora possamos observar uma maior preocupação dos pesquisadores com relação ao assunto, especialmente no Brasil, ainda são insatisfatórias as conclusões no que tange à produção de evidências científicas valorizadas no meio científico contemporâneo.
	Apenas o trabalho em Honduras (Jacobs et al,, 2007), dentre os analisados nessa revisão, foi realizado na forma de ensaio clínico duplo cego randomizado. Este tipo de avaliação é considerado “padrão ouro” e concede nível de evidência IB. A pesquisa avaliou o tratamento de uma fórmula homeopática fixa e não estudou a possível ação profilática. As medidas de desfecho utilizadas foram o tempo médio de duração dos sintomas dor e febre, apenas. A amostra foi pequena (60 pacientes) e a conclusão foi de que não houve diferença estatisticamente significativa nos resultados entre os tratados com o complexo homeopático (embora com leve tendência positiva para estes pacientes) e os que utilizaram o placebo nas medidas de desfecho analisadas. Além disso, não houve confirmação de que se tratasse de casos de dengue efetivamente. Esse trabalho foi avaliado pelos revisores (Martinez e Nunes, 2014) como de moderada evidência científica.
Os demais trabalhos analisados têm baixo impacto devido ao seu desenho ou a problemas metodológicos que comprometem os resultados. Comparando os resultados obtidos nesta pesquisa com os de anos anteriores, e como a epidemia de dengue é cíclica e circunscrita a uma região, a diminuição da incidência pode não ter qualquer relação com as medidas empregadas, mas com a oscilação natural de uma epidemia em uma cidade, ou até mesmo em um bairro (por exemplo, a população adoecida por um sorotipo num determinado ano estará imune a este sorotipo no ano seguinte).
A mesma crítica se faz quando se utiliza outras regiões, que a não abordada com a homeopatia, para representar o controle (para a comparação de resultados). A baixa incidência de casos pode ser um fenômeno natural, devido ao caráter circunscrito da doença e não o resultado da intervenção testada (a profilaxia homeopática).
 Enfim, se analisarmos os trabalhos existentes, como fizeram os autores da revisão, observamos: a) não há dados que neguem a hipótese da ação terapêutica ou profilática da homeopatia na dengue, ou seja, não há evidências fortes de que a homeopatia não contribua para o cuidado da dengue; b) há relatos com baixo nível de evidência indicando efetividade dos medicamentos homeopáticos na redução da incidência/melhora dos sintomas no nível local; c) ausência de relatos de efeitos adversos importantes, pelo que se pode inferir o grau de segurança do medicamento homeopático no auxílio à dengue; e d) os trabalhos pretendem uma ação complementar às medidas já instituídas para o cuidado dos pacientes com dengue, tanto no uso profilático, quanto no terapêutico. Não há recomendações para utilização em massa da homeopatia para tratar populações em epidemias de dengue em substituição ao tratamento convencional.
Posição atual das instituições sanitárias brasileiras
O Ministério da Saúde lançou uma nota técnica (BRASIL, 2011) não apoiando o uso do tratamento homeopático em comunidades para o tratamento da dengue, por falta de evidências cientificas mais contundentes. Temia-se o relaxamento (por parte da comunidade) para com as medidas oficiais de prevenção à doença. Mas a ANVISA aprovou em 2008 o medicamento homeopático PRODEN® que tem como objetivo o tratamento da dengue (BRASIL, 2008), o que demonstra haver uma contradição entre as posturas das autoridades sanitárias no país a respeito do tema.
Posição atual da AMHB
Na dengue bem como nas doenças epidêmicas emergentes (Chicungunya e Zica) e re-emergentes (Dengue e Influenza), a Homeopatia preza pela individualização 
de cada caso por Médico Homeopata e na impossibilidade da individualização pode se usar o recurso do gênio epidêmico e medicamentoso para cada comunidade afetada. No caso de grandes populações pode-se recomendar a utilização de uma medicação específica validada cientificamente pela ANVISA, conforme já referido nesta nota técnica
Considerações finais
Concluindo, a situação ideal é que os municípios que queiram trabalhar com dengue e homeopatia apliquem estudos randomizados controlados, sendo que para 
tanto já existe um desenho de projeto pronto, apresentado na International Homeopathy Research Conference em Barcelona e disponível aos interessados no site da AMHB.
Porém, este processo é de alto custo e de grande grau de dificuldade de execução para ser realizado por prefeituras que não têm tradição na realização de tais frentes de trabalho. A homeopatia tem muita dificuldade de permeio nos centros de pesquisa das faculdades de medicina das universidades brasileiras. Em 2008, Salles publicou que apenas 12 universidades possuíam alguma iniciativa de conteúdo homeopático, dificultando ainda mais a questão da pesquisa no setor.
Sendo a dengue uma doença para a qual não existe tratamento curativo nem preventivo medicamentoso, como vacinas e soros, até o momento, não haveria nenhum prejuízo em agregar de forma complementar o emprego de medicamentos homeopáticos autorizados para uso no país. Esta estratégia apresenta potencial para ser utilizada como mais uma opção de acesso aos usuários do sistema público de saúde em todo país, ainda que a sua utilização em epidemias demande a concordância com os gestoreslocais, presença de homeopatas na rede de saúde e parceria com a Vigilância Epidemiológica.
Por outro lado, fica a sugestão para que as autoridades sanitárias incentivem pesquisas no setor com financiamento suficiente e apoio técnico às iniciativas que já se mostram significativas (medicamento registrado na ANVISA, protocolo de pesquisa multicêntrico disponível e experiências locais em epidemias).
 
Referências:
BRASIL. Portaria GM 971. Dispõe sobre a Política Nacional de Práticas 
Integrativas e Complementares no SUS. Diário Oficial da União. Brasília, 03 de maio de 2006. 
_______. Registro na ANVISA. do medicamento homeopático Proden sob nº 1.0266.0168.001-3 com a indicação de auxiliar no tratamento dos sintomas da dengue. Diário Oficial da União. Brasília, 08 de dezembro de 2008. 
_______. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Nota Técnica nº 140 / 2011 – Tratamento da dengue e uso da homeopatia. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. Disponível em: 
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/tratamento_dengue_uso_homeopatiaHYPERLINK "http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/tratamento_dengue_uso_homeopatia_6_6_2011.pdf"_6_6_2011.pdf. 
DARUICHE, PSJ. Homeopatia nas epidemias: estudo de caso com base em experiências recentes. Tese (mestrado) - Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina. 196 f. São Paulo, 2012.
JACOBS J; FERNANDEZ, E.A.; MERIZALDE, B., AVILA-MONTES, G.A.; CROTHERS, D. The use of homeopathic combination remedy for dengue fever symptoms: a pilot RCT in Honduras. Homeopathy, Luton, v. 96, n. 1, p. 22–26, 2007. 
MARTINEZ, E.Z.; NUNES, A.A. A homeopatia na prevenção e tratamento da dengue: uma revisão. Cad saúde colet, Rio de Janeiro, v. 22, n. 4, p. 321-328, oct/dez 2014 
SALLES, S.A.C. A presença da homeopatia nas faculdades de medicina brasileiras: resultados de uma investigação exploratória. RBEM, Manguinhos, v. 32, n. 3, p. 283-290, 2008
Comissão de Saúde Pública da AMHB

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