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Mormo: Doença Fatal em Equídeos

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Mormo
Doença contagiosa e fatal de cavalos, jumentos e mulas causada pela infecção com a bactéria Burkholderia mallei. A doença se manifesta nas formas nasal, pulmonar e cutânea, presença de nódulos e ulcerações no trato respiratório superior e pulmões, e abscessos nos linfonodos. Transportes irregulares facilitam a transmissão. Caracteriza-se por uma hipersecreção respiratória com pus, e é uma zoonose e produz os mesmos tipos de lesões e evolução: linfangite aspirativa. Não há notificação de casos desde 1968, o que não quer dizer que não existam casos. 
Um grande surto ocorreu no norte de AL e sertão de PE em 1998 em fazendas canavieiras da região. Necessário para o transporte: via negativa para AIE e mormo.
A transmissão ocorre através de contato direto com secreções e excreções de animais doentes (nasal e pus dos abscessos) e de forma indireta através da contaminação ambiental – comedouros, bebedouros e etc. O pus presente nos abscessos dos linfonodos também contaminam o ambiente, além das secreções respiratórias.
As espécies acometidas são os equídeos submetidos a regime intenso de trabalho – cavalos apresentam a forma crônica e os sintomas podem ser confundidos com outras doenças respiratórias. O manejo em conjunto e aglomeração aumentam a probabilidade de contaminação. No homem, geralmente a infecção é fatal – pneumonia abscedente. Já foi descrito em caprinos, ovinos e carnívoros.
Até bons animais (atletas) podem entrar em contato com material infectado no pasto. Quando é detectado um caso positivo na propriedade, o rebanho deve ser interditado e dois testes com 60 e 90 dias de diferença devem ser realizados. Dois exames negativos liberam a propriedade da interdição e os animais do rebanho permanecem em quarentena durante esse tempo. Sacrifício sanitário para animais positivos, realizado na propriedade. 
O agente etiológico Burkholderia mallei é um bacilo Gram-negativo e não tem grande sobrevida no ambiente e depende do hospedeiro para sobrevivência. Possui um fator de resistência e é sensível a luz solar, calor e desinfetantes comuns. Sobrevive até seis semanas em ambientes sombreados e úmidos. 
Patogenia: o agente tem um fator de virulência (invasinas), e entra no organismo através de inalação ou ingestão, causa lesões nos linfonodos mesentéricos, pulmões e mucosa do trato respiratório superior, penetra na mucosa digestiva ou respiratória, é absorvida na via linfática e circula no sistema linfático, entra no estagio de bacteremia e acomete pulmões e mucosa nasal produzindo nódulos, e por fim os sinais clínicos aparecem. Os problemas sistêmicos estão relacionados à via de entrada da bactéria. A forma aguda (acomete asininos e muares) tem: septicemia, já a forma crônica apresenta bacteremia (número reduzido de bactérias), nódulos na região rostral, pele do ventre e membros torácicos e pélvicos principalmente, e abscessos nos linfonodos. 
Na forma aguda, ocorre septicemia e podemos observar secreção respiratória produtiva, densa e volumosa e que impede a expectoração – a morte ocorre por anóxia. No mormo cutâneo, observam-se lesões de ponta de rosário – linfonodos subcutâneos em cadeia e inflamados –, edemas e úlceras que surgem na mucosa nasal e que se disseminam rapidamente, nódulos cutâneos nos membros inferiores ou abdome. 
Na forma crônica temos bacteremia e a presença de nódulos em vários órgãos (mais comum na boca e na pele), pneumonia que tende à cronicidade e rinorréia purulenta e unilateral, presença de doença respiratória que não chama atenção, secreção purulenta e edema no linfonodo submandibular – semelhante à Adenite Equina/Garrotilho -, recuperação com retração do colágeno na recuperação forma cicatriz em forma de cruz ou estrela. Os sintomas podem estar relacionados à localização das lesões: pulmonar com tosse crônica, epistaxe e respiração dificultosa; nasal e cutânea com corrimento seroso/purulento/sanguinolento e aumento do linfonodo submandibular. O cavalo pode ter claudicação, “proteger o purvo (?)”, sem sinais de problemas na articulação. O linfonodo profundo lesiona as fibras musculares de acordo com o seu aumento de tamanho. A doença se torna branda e os cavalos se tornam os grandes disseminadores do mormo. 
Na necropsia podemos observar na forma aguda broncopneumonia catarral grave, dilatação dos linfonodos brônquicos, lesões abscedentes generalizadas e hemorragias petequais múltiplas pelo corpo; a forma crônica apresenta nódulos miliares pulmonares semelhantes à tuberculose miliar, úlceras na mucosa da porção superior das vias respiratórias, linfonodos regionais com focos de pus, focos necróticos em outros órgãos internos. 
O grau de disseminação é diretamente proporcional à resistência do animal, e o pus no interior dos abscessos é de cor acastanhada. 
É uma doença de notificação obrigatória e o diagnostico clinico não é definitivo – diagnostico diferencial para linfoadenopatias ou outras doenças respiratórias como esporotricose, pneumonia, garrotilho e linfangite enzoótica. 
O diagnostico é feito através da prova de fixação de complemento (teste de triagem) e maleína (semelhante à técnica de inoculação dérmica da tuberculose; inoculação intrapalpebral inferior). Em 18h observa-se corrimento purulento e edema em animal positivo. Esse teste confirmatório é feito pelo serviço oficial. Os animais reagentes ao teste de FC e que não apresentam sintomatologia e animais não reagentes no teste de Fc e que apresentam sintomatologia são submetidos ao teste de maleína. O teste de maleína não é realizado quando animais reagentes ao teste de FC apresentam sintomatologia clínica – nesse caso, a prova de FC é conclusiva –, e animais de propriedade reincidente, em que a prova de FC é conclusiva. Animais sem reação ao teste de maleína terão diagnostico negativo conclusivo e receberão atestado com validade de 120 dias.
Diagnostico diferencial: esporotricose, pneumonias, garrotilho, linfangite enzoótica. 
O controle consiste em só permitir o transito de animais de propriedades negativas, rastreamento para vínculo epidemiológico e saneamento – que envolve o sacrifício de todos os animais infectados – desinfecção das instalações e de todo o material que esteve em contato com doentes. 
Propriedade com um ou mais animais positivos é considerada foco da doença, é imediatamente interditada e submetida a Regime de Saneamento. A interdição só é suspensa quando todos os animais positivos forem sacrificados e dois exames sucessivos de FC de todo o plantel com intervalos de 45 a 90 dias derem resultados negativos. 
Após o sacrifício sanitário, o animal é enterrado e incinerado, assim como o EPI dos que realizaram esse processo. O tratamento não é indicado, pois a bactéria tem fator de resistência que impede a entrada de moléculas de antibiótico de entrarem, e com isso os animais se tornam portadores crônicos e fontes de infecção para outros animais. No caso do homem, realiza-se antibióticoterapia e monitoramente, porque existe a possibilidade de recidivas. Animais se tornam portadores crônicos e servem de fonte de infecção. 
Igualmente para AIE, o atestado negativo para o mormo vale por 60 dias para propriedades sem certificação, e seis meses para propriedades certificadas como livres de mormo. A certificação de propriedade livre de mormo é de adesão voluntária, e consiste em dois exames clínicos e sorológicos negativos, com intervalo de 30 a 90 dias em todo o plantel, com validade de 12 meses.

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