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Ponto 9 - revisão contratual

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REVISÃO CONTRATUAL
Destina-se principalmente aos contratos comutativos (valor das prestações é conhecido), de trato sucessivo e execução diferida
Estabelece-se por cláusula que prevê a execução ante a inalterabilidade da situação fática
Quando se tornar, por razões fáticas, excessivamente oneroso para o devedor (teoria da imprevisão), o adimplemento pode ser isento total ou parcialmente pelo juiz
Sempre que houver alteração da situação fática (quebra da base contratual), de forma superveniente.
PRINCÍPIO DA REVISÃO CONTRATUAL
Revisão legal ou judicial limitam a força obrigatória dos contratos;
Revisão legal: casos estabelecidos expressamente em lei
Revisão Judicial: nos demais casos, quando houver a necessidade de acordo com os requisitos gerais 
 Importa em:
fator externo do ajustamento;
Fator de reequilíbrio das prestações
Decisão judicial (quando não há acordo).
Revisão legal e judicial 
REVISÃO CONTRATUAL NO CDC: 
- Ex. de revisão legal :art. 6º , V 
-finalidade: revisão da base contratual
 ou restauração da base contratual
Mecanismo de revisão contratual:
Cláusula geral (ou condição geral) 						 ⇩
	 			 NULIDADE	
					 ⇩
				Abusividade ou 
			Presunção de Vulnerabilidade
	
REVISÃO NO CÓDIGO CIVIL DE 2002:
Mecanismo de revisão contratual 
⇩
Nulidade total ou Nulidade parcial 
⇩
		Redução de encargos desproporcionais (317)
					 ou 
	Interp. em conformidade com princípios fundamentais (421, 422, 423, 478)
					 ou
 Integração dos deveres gerais de conduta
Pode haver previsão expressa em lei especial.
Ex: Lei de Locações – art. 19 da Lei 8245/91
REVISÃO JUDICIAL DOS CONTRATOS:
- Decorre do Estado Social de Direito – intervenção pública nas rel. privadas
Base: vedação ao enriquecimento sem causa (884 e segs. CC)
Busca (somente) manter a equivalência do contrato (razoabilidade)
Manifestações judiciais devem observar a equidade ou poder de moderação ( 317, 413, 479, CC)
REVISÃO CONTRATUAL E TEORIA DA IMPREVISÃO:
 - Trouxe a necessidade, ao lado da excepcionalidade, da ocorrência de algo imprevisto no início para a revisão contratual ser possível
Gera a possibilidade de desfazimento ou revisão forçada do contrato quando a prestação ficar excessivamente onerosa para uma das partes, pela situação excepcional e imprevisível
Desproporcionalidade entre o que foi avençado e o que deverá ser cumprido pelo devedor
TEORIA DA IMPREVISÃO X CLAUSULA REBUS SIC STANTIBUS X ONEROSIDADE EXCESSIVA
T. Imprevisão: teoria que permite a revisão dos contratos em face da ocorrência de acontecimentos novos, imprevisíveis às partes e a elas não imputados
Cláusula Rebus:em todo o contrato de prestações sucessivas há cláusula implícita de que a convenção não permanece em vigor se as coisas não permanecerem como eram no momento da celebração (daí a correção monetária)
Onerosidade excessiva (art. 478 a 480 CC):
Importa na revisão ou extinção por estar mais focada na desproporção do que não imprevisão.
APLICAÇÃO DA TEORIA DA IMPREVISÃO: PRESSUPOSTOS
Superveniência de circunstância imprevisível
Alteração da base econômica objetiva do contrato
Onerosidade excessiva
Teoria da imprevisão x lesão (157 CC)
Na lesão, é defeito do negócio jurídico, nasce com ele, invalidando-o. (171, II CC)
Na Imprevisão, contrato válido, de execução diferida ou de trato sucessivo, com alteração da base objetiva por fato posterior (imprevisível)
Teoria da Imprevisão x Inadimplemento fortuito (C.Fortuito ou Força Maior)
CF ou FM (393 CC) – inadimplemento fortuito, não geram obrigação de indenizar
Imprevisão pode gerar dever de indenizar, na repactuação ou pela extinção da avença. 
Teoria da Imprevisão no CDC=Onerosidade excessiva (art.6, V)
CDC não exigiu a imprevisibilidade para se rediscutir os termos do contrato daí a doutrina e jurisprudência chamam de teoria da onerosidade excessiva
Teoria da Imprevisão nos contratos unilaterais (480 CC)
Caso ocorra algo imprevisivel, poderá ser modificada a forma de cumprimento daquele contrato.
REVISÃO COM BASE NA TEORIA DA IMPREVISÃO NO CC:
478 (e 317)– nos de execução diferida
479 – mudança equitativa
480 – contratos benéficos ou gratuito
TEORIA DA IMPREVISÃO – NÃO APLICÁVEL AOS CONTRATOS ALEATÓRIOS (pela natureza destes já incluem o risco)
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO. MÚTUO. DIREITO À REVISÃO CONTRATUAL. Art. 6º, inciso V, da Lei nº 8.078/90. Princípio da função social dos contratos. Permitida a revisão do contrato por abuso presente à contratação ou por onerosidade excessiva derivada de fato superveniente (Teoria da Imprevisão). Hipótese dos autos em que o desequilíbrio contratual já existia à época da contratação uma vez que o fornecedor inseriu unilateralmente nas cláusulas gerais do contrato de adesão obrigações claramente excessivas, a serem suportadas exclusivamente pelo consumidor. JUROS REMUNERATÓRIOS. Constatada a abusividade da taxa pactuada é imperativa sua limitação à taxa média de juros publicada pelo Banco Central, conforme posicionamento adotado pelo e. STJ. CAPITALIZAÇÃO MENSAL. Afastamento em razão da não juntada do contrato. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. Afastamento em razão da não juntada do contrato. IOF. LEGALIDADE. A cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras não é ilegal, tampouco abusiva, pois se trata de um encargo fiscal de aplicação obrigatória, decorrente de lei federal. TARIFAS. Mantida a exclusão. Precedente REsp 899.287-RS (Agravo Regimental). COMPENSAÇÃO E REPETIÇÃO DE INDÉBITO. Admissibilidade. Pagamento indevido. Devolução de modo simples. Princípio que veda o enriquecimento injustificado do credor. INSCRIÇÃO EM CADASTROS DE INADIMPLENTES. IMPOSSIBILIDADE. DESCARACTERIZAÇÃO DA MORA. Orientação do STJ. Descaracterizada a mora, incabível a inscrição. LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. Necessidade. Decorrência lógica do comando judicial de compensação ou repetição. ART. 359 DO CPC (PRESUNÇÃO DE VERDADE). Incidência. Não juntada dos documentos. SUCUMBÊNCIA REDIMENSIONADA. APELOS PARCIALMENTE PROVIDOS. (Apelação Cível Nº 70028726743, Segunda Câmara Especial Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Lúcia de Fátima Cerveira, Julgado em 29/09/2010)
JURISPRUDÊNCIA
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. REVISÃO CONTRATUAL. CONTRATO DE CONCESSÃO MERCANTIL DE VENDA COM EXCLUSIVIDADE COM TERMO ADITIVO DE COMODATO. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. INAPLICABILIDADE. AUSÊNCIA DE RELAÇÃO DE CONSUMO. REVISÃO DE JUROS E OUTROS ENCARGOS. PROVA PERICIAL. AUSÊNCIA DE ABUSIVIDADE. HONORÁRIOS. REDUÇÃO. Somente há incidência das normas do Código de Defesa do Consumidor nas relações de consumo, assim compreendida as que têm em seus pólos, de um lado, o consumidor e, do outro, o fornecedor, focados em um objeto, que pode ser um bem (móvel ou imóvel, matéria ou imaterial, público ou privado) ou uma prestação de serviço. Hipótese em que não é possível caracterizar a demandante como "consumidora, pois que utiliza os produtos adquiridos da ré como "meio (pois derivados de combustíveis, que são por ela revendidos no posto de combustível que administra, e do qual retira seu sustento), e não como "destinatária final. Multa que não se mostra abusiva frente à atividade dos litigantes. Não é abusiva a cobrança de juros moratórios de 1%. Ausência de previsão de capitalização mensal. Repetição de indébito indevida, art. 965 do Código Civil. Caso em que merecem redução os honorários, diante das diretrizes dos §§ 3.º e 4.º, do art. 20, do CPC. Apelo provido, em parte. (Apelação Cível Nº 70027406339, Décima Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marco Aurélio dos Santos Caminha, Julgado em 13/08/2009)
JURISPRUDÊNCIA:
Ementa: AÇÃO REVISIONAL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. APLICAÇÃO DO CDC. JUROS REMUNERATÓRIOS. CAPITALIZAÇÃO. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. ENCARGOS MORATÓRIOS. COMPENSAÇÃO E/OU REPETIÇÃO DO INDÉBITO. CADASTRO DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO. MULTA PELO DESCUMPRIMENTO DE ORDEM JUDICIAL. 1. APLICAÇÃO DO CDC. O Código de Defesa do Consumidor
implementou uma nova ordem jurídica, viabilizando a revisão contratual e a declaração de nulidade absoluta das cláusulas abusivas, o que pode ser feito inclusive de ofício pelo Poder Judiciário. 2. JUROS REMUNERATÓRIOS. É nula a taxa de juros remuneratórios em percentual superior a 12% ao ano porque acarreta excessiva onerosidade ao devedor em desproporção à vantagem obtida pela instituição credora, por aplicação do art. 51, IV, do CDC. (...) 5. ENCARGOS MORATÓRIOS. 5.1. Mora do Devedor. Por ter sido elidida a mora debendi, não há exigir os encargos moratórios. 5.2. Juros de mora. Incidem à taxa de 1% ao ano. Disposição de ofício. 6. COMPENSAÇÃO E/OU REPETIÇÃO DO INDÉBITO. São possíveis em caso de pagamento indevido, que pode se dar no plano objetivo ou subjetivo, sob o fundamento essencial da ausência de causa para pagamento, evitando o enriquecimento sem causa do credor e empobrecimento excessivo do devedor. Disposição de ofício 7. CADASTRO DE CRÉDITO. INSCRIÇÃO NEGATIVA. Discussão da dívida que revela probabilidade, ainda que mínima, de sucesso do devedor. Inveracidade de dados e constrangimento desnecessário vedados no CDC. 8. MULTA PELO DESCUMPRIMENTO DE ORDEM JUDICIAL. É adequada a cominação de multa pelo descumprimento de ordem judicial (art. 461, § 4º, do CPC) APELO DESPROVIDO COM DISPOSIÇÕES DE OFÍCIO. (Apelação Cível Nº 70009140476, Décima Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Dorval Bráulio Marques, Julgado em 19/08/2004)
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. PROMESSA DE COMPRA E VENDA. IMÓVEL. REVISÃO DE CONTRATO. DISTRATO. POSSIBILIDADE. CLÁUSULA ABUSIVA. APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. PRELIMINAR DE FALTA DE INTERESSE DE PROCESSUAL. REJEITADA. MAJORAÇÃO DA CLÁUSULA PENAL. PRETENSÃO AFASTADA. TERMO INICIAL PARA INCIDÊNCIA DE CORREÇÃO MONETÁRIA. REVISÃO. 1. INTERESSE PROCESSUAL. Presente o interesse processual para o ajuizamento da demanda de devolução, diante da caracterização de cláusula abusiva nas disposições do distrato, que estabelece a retenção no percentual de 50% dos valores adimplidos pela autora. Jurisprudência desta c. Câmara e deste e. Tribunal. 2. PERCENTUAL DE RETENÇÃO. Percentual de 10% fixado na sentença que se mostra razoável. 3. TERMO INICIAL PARA INCIDÊNCIA DE CORREÇÃO MONETÁRIA. Data do vencimento da parcela de restituição prevista no distrato. APELAÇÃO PROVIDA EM PARTE. (Apelação Cível Nº 70052633914, Vigésima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Glênio José Wasserstein Hekman, Julgado em 14/08/2013)
STJ- Enunciados das súmulas: 
297:O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras.
380: A simples propositura da ação de revisão de contrato não inibe a caracterização da mora do autor.
381: Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas. (Origem 543C, do CPC e 51 do CDC)

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