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TCC ALEITAMENTO


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INSTITUTO POLITÉCNICO DE ENSINO
Carlos Alberto Ribeiro Sacramento
Carolina Manhães Gomes Ferreira
Damilly Pereira da Silva Borges
Erenir Canuto Sousa Santos
Tamara Ferreira de Sena Queiroz
Aleitamento Materno
Macaé 
2018
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INSTITUTO POLITÉCNICO DE ENSINO
Carlos Alberto Ribeiro Sacramento
Carolina Manhães Gomes Ferreira
Damilly Pereira da Silva Borges
Erenir Canuto Sousa Santos
Tamara Ferreira de Sena Queiroz
ALEITAMENTO MATERNO
Trabalho apresentado ao Instituto politécnico de Ensino como parte dos requisitos necessários no Curso de Técnico em Enfermagem.
Orientador: Ketlyn Leal 
Macaé 
2018�
Carlos Alberto Ribeiro Sacramento
Carolina Manhães Gomes Ferreira
Damilly Pereira da Silva Borges
Erenir Canuto Sousa Santos
Tamara Ferreira de Sena Queiroz
ALEITAMENTO MATERNO
Trabalho apresentado ao Instituto Politécnico de Ensino como parte dos requisitos necessários no Curso de Técnico em Enfermagem.
Aprovado em __ de ________________ de 2018
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________
Prof.: Ketlyn Leal
Instituto Politécnico de Ensino
"Amamentação: Alimento Sagrado, Alimento do Corpo e da Alma, Alimento do Amor."
(Renata Aparecida de O. Ferraz Klaubgeg)
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Summary of the work to the Polytechnic Institute of Education as part of the requirements for obtaining a grade in the Nursing Technician Course.
BREASTFEEDING
CARLOS ALBERTO RIBEIRO SACRAMENTO
CAROLINA MANHÃES GOMES FERREIRA
DAMILLY PEREIRA DA SILVA BORGES
ERENIR CANUTO SOUSA SANTOS
TAMARA FERREIRA DE SENA QUEIROZ
Março / 2018
Orientador: Profa. Ketlyn Leal
A importância da amamentação natural tem sido abordada, principalmente sob o ponto de vista nutricional, imunológico e psicossocial; portanto, é um assunto de interesse multiprofissional envolvendo dentistas, médicos, fonoaudiólogos, enfermeiros, nutricionistas e psicólogos. Os benefícios da amamentação natural não atingem a criança apenas quando bebê, podendo as vantagens se estender para sua saúde futura e propiciam benefícios para a mãe. O sucesso na promoção do aleitamento materno advém do engajamento das autoridades públicas. O SUS, por exemplo, num esforço gerado para o controle da mortalidade infantil, tem registrado iniciativas em vários níveis de gestão. Políticas públicas para que o aleitamento materno seja esclarecido e livres de mitos são essenciais e com o decorrer das décadas vem ganhando força e resultados positivos, porém ainda tem muito a ser alcançado.
Palavras-Chaves: aleitamento e saúde.
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Summary completion of course work submitted to the University Estacio de Sa as part of the requirements for obtaining the degree in the 
nursing technician.
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BREASTFEEDING
CARLOS ALBERTO RIBEIRO SACRAMENTO
CAROLINA MANHÃES GOMES FERREIRA
DAMILLY PEREIRA DA SILVA BORGES
ERENIR CANUTO SOUSA SANTOS
TAMARA FERREIRA DE SENA QUEIROZ
March / 2018
Guiding: Prof. Ketlyn Leal
The importance of breastfeeding has been approached, mainly from a nutritional, immunological and psychosocial point of view; therefore, it is a subject of multiprofessional interest involving dentists, physicians, speech therapists, nurses, nutritionists and psychologists. The benefits of breastfeeding do not reach the child only as a baby, and the benefits may extend to their future health and provide benefits for the mother. Success in promoting breastfeeding comes from engaging public authorities. The SUS, for example, in an effort generated to control infant mortality, has recorded initiatives at various levels of management. Public policies for breastfeeding to be enlightened and free of myths are essential and over the decades has been gaining strength and positive results, but there is still much to be achieved.
Key Words: breastfeeding and health .
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SUMÁRIO
	Introdução....................................................................................................
	7
	Desenvolvimento......................................................................................... 
	11
	Conclusão e Recomendação.....................................................................
	16
	Referências...................................................................................................
	17
	
	
	
	
	
	
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CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO 
Durante décadas de existência da espécie humana, com exceção dos últimos anos, a alimentação ao seio foi considerada a forma natural e praticamente exclusiva de alimentar a criança em seus primeiros meses de vida (ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA, 2003).
A mitologia Grega conta a história de Rômulo e Remo que foram amamentados por uma loba, e Zeus, por uma cabra. Já os egípcios, babilônios e hebreus, tinham como tradição amamentarem seus filhos por três anos, enquanto as escravas eram alugadas por Gregos e Romanos ricos, como amas-de-leite (BITAR, 1995).
Entre os povos gregos e romanos, havia o hábito de utilizar as amas-de-leite para amamentar os seus recém-nascidos, não sendo tão freqüente a amamentação ao peito da própria mãe, porém, Hipócrates foi um dos primeiros a reconhecer e escrever sobre os benefícios da amamentação, evidenciando a maior mortalidade entre aqueles bebês que não amamentavam no peito. Posteriormente, Sorano se interessou pelos aspectos cor, odor, sabor e densidade do leite humano, e Galeno foi o primeiro a considerar que a alimentação deveria ser feita sob a supervisão de um médico (VINAGRE; DINIZ, 2001).
A proteção às crianças e o incentivo à prática da amamentação aumentou com o surgimento do cristianismo. Além do incentivo à prática da amamentação, também promoviam a proteção às crianças órfãs e abandonadas. Com o descobrimento das Américas, os povos nativos dessas regiões chamavam a atenção, pois tinham por hábito amamentar as suas crianças por um período aproximado de 3 a 4 anos. Nessa época, o aleitamento materno estava em declínio, principalmente na França e na Inglaterra (SILVA, 1989).
Estudos apontam que, no século XVIII, a prática de amamentar não era mais vista pelas pessoas da sociedade européia com admiração, sendo utilizado as amas-de-leite mercenárias como um hábito rotineiro. Em função do desmame precoce, a mortalidade infantil aumentou muito, chegando a alcançar a cifra de 99,6% das crianças em Dublin, as quais não tinham a opção da ama-de-leite. Em Paris e em Londres este índice chegou a 80% e 56%, respectivamente, mesmo as crianças sendo amamentadas pelas amas-de-leite. Na Inglaterra, o índice menor foi devido ao trabalho de Cadogan, que instituiu alguns cuidados na alimentação das crianças com amas-de-leite, e com esta teoria de amamentar e introduzir mais tardiamente os alimentos ele conseguiu salvar muitas vidas (BITAR, 1995).
No clássico tratado de Nils Rosen von Rosentein, cujo título é As doenças das crianças e seus remédios, publicado em 1764, encontra-se os seguintes ensinamentos: “...uma criança para se desenvolver bem deve ingerir uma quantidade suficiente de um bom alimento. O melhor para tanto, sem nenhuma dúvida, é o leite materno. Assim, achamos que as crianças amamentadas por suas mães se desenvolvem bem.” (ICHISATO; SHIMO, 2002).
Durante a história da humanidade, houve uma média de 15% a 25% de mortes em crianças chegando a 90% quando as crianças eram órfãs e não tinham mãe substituta para a amamentação. Até o final do século XIX a amamentação ao peito era uma opção de vida ou morte, sendo o processo de amamentar, bastante complicado (VINAGRE; DINIZ, 2001).
Devido à falta de incentivo ao aleitamento materno pelos pediatras durante a década de 70, o índice de aleitamento materno no Brasil era muito baixo, havia também propaganda não ética de substitutos do leite materno e grande venda desses produtos, e distribuiçãogratuita de leite em pó pelo governo (REA, 2004).
Em virtude disso, foi assinada em 1979 a declaração OMS/UNICEF que propôs a valorização do aleitamento materno. Em 1981, foi aprovado por 118 países o Código Internacional de Substitutos do Leite Materno, e em 1991 foi assinado o Acordo firmado pela Associação de Fabricantes de Alimentos Infantis de cessarem com a distribuição gratuita de leites artificiais aos serviços de saúde a baixo custo (CARVALHO; TAMEZ, 2003).
Em 1990, o Brasil assinou a Declaração de Innocenti, na Itália, onde comprometeu-se em fortalecer a promoção da amamentação no país. Já na Reunião de Cúpula Mundial, em Nova York também em 1990, assumiu o compromisso de reduzir a mortalidade infantil (CARVALHO; TAMEZ, 2003). Ao mesmo tempo, autoridades da OMS e do UNICEF lançaram um documento que se pode reputar como fundamental hoje: a Declaração Conjunta sobre o Papel dos Serviços de Saúde e Maternidades, na qual se mencionam dez ações relacionadas a incentivar o aleitamento materno, com o resumo do que as maternidades deveriam fazer – os chamados dez passos para o sucesso do aleitamento materno (BADINTER, 1985).
Para haver o cumprimento dos Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento materno e os hospitais receberem o título de Hospital Amigo da Criança, foram necessárias mudanças de rotinas hospitalares, que objetivavam mobilizar profissionais e demais funcionários de hospitais e maternidades para promover mudanças de condutas e rotinas que visassem a prevenção do desmame precoce (CLARK, 1984).
Os Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno, de acordo com a Organização Mundial da Saúde e Fundo das Nações Unidas para a Infância (CARVALHO; TAMEZ, 2003), são:
Ter uma norma escrita sobre aleitamento materno, a qual deve ser rotineiramente transmitida a toda a equipe do serviço.
Treinar toda a equipe, capacitando-a para implementar esta norma.
Informar todas as gestantes atendidas sobre as vantagens e o manejo da amamentação.
Ajudar as mães a iniciar a amamentação na primeira meia hora após o parto.
Mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação, mesmo se vierem a ser separadas de seus filhos.
Não dar a recém-nascido nenhum outro alimento ou bebida além do leite materno, a não ser que tenha indicação clínica.
Praticar o alojamento conjunto - permitir que mães e bebês permaneçam juntos 24 horas por dia.
Encorajar a amamentação sob livre demanda.
Não dar bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas.
Encorajar o estabelecimento de grupos de apoio à amamentação, para onde as mães devem ser encaminhadas por ocasião da alta hospitalar.
Entre 1996 e 2002, houve um incremento na duração da amamentação com um período mediano que vai de sete meses a dez meses. Outras atividades também foram realizadas para incentivar o aumento da duração do aleitamento materno nesta época (AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS, 2006).
A importância da amamentação natural tem sido abordada, principalmente sob o ponto de vista nutricional, imunológico e psicossocial; portanto, é um assunto de interesse multiprofissional envolvendo dentistas, médicos, fonoaudiólogos, enfermeiros, nutricionistas e psicólogos. (Neiva; et .al) 
O sucesso na promoção do aleitamento materno advém do engajamento das autoridades públicas. O SUS, por exemplo, num esforço gerado para o controle da mortalidade infantil, tem registrado iniciativas em vários níveis de gestão. Outros órgãos como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância, também estão na luta para a promoção da amamentação. Entretanto, ainda está longe de se alcançar a meta recomendada pela OMS, fato esse que deve reforçar o compromisso das unidades básicas de saúde na promoção do aleitamento materno.
Desse modo, a presente revisão de literatura objetiva argumentar, através de informações atuais e esclarecedoras, sobre o aleitamento materno e seus benefícios para a mãe e o bebê.
CAPÍTULO II – DESENVOLVIMENTO
O delineamento metodológico do presente estudo configura-se como pesquisa bibliográfica. 
Benefícios para o bebê
O ato de amamentação propicia o contato físico entre mãe e bebê, estimulando pele e sentidos. Se a amamentação é feita com amor e carinho, sem pressa, o bebê não só sente o conforto de ver suas necessidades satisfeitas, mas também sente o prazer de ser segurado pelos braços de sua mãe, de ouvir sua voz, sentir seu cheiro, perceber seus embalos e carícias. Logo, ao estabelecer esse vínculo entre mãe e filho, há compensação do vazio decorrente da separação repentina e bruta que ocorre pós-parto,corrigindo fantasias prematuras frustrantes que o parto possa lhe ter causado como abandono, agressão, ataque e fome3.
Os aspectos psicológicos do aleitamento materno estão relacionados ao desenvolvimento da personalidade do indivíduo. As crianças que mamam no peito tendem a ser mais tranqüilas e fáceis de socializar-se durante a infância. As experiências vivenciadas na primeira infância são extremamente importantes para determinar caráter do indivíduo quando adulto (Duncan, 2004) .
A sucção, deglutição e respiração, funções primárias do bebê, são desenvolvidas através de uma correta forma de amamentação,devendo constituir um sistema equilibrado (Minayo, 2004). Mamar não supre apenas a necessidade de alimentação, satisfazendo duas "fomes": a fome de se nutrir, de se sentir alimentado, como também a "fome" de sucção, que envolve componentes emocionais, psicológicos e orgânicos (Minayo, 2004). Essas duas "fomes" devem estar em equilíbrio, caso contrário, a necessidade de sucção pode não ser alcançada, causando uma insatisfação emocional, e assim a criança buscará substitutos como dedo, chupeta, ou objetos, adquirindo hábitos deletérios (Rodrigues, 2005 e Faleiros, 2006).
No ato de amamentar, a criança estimula um exercício físico contínuo que propicia o desenvolvimento da musculatura e ossatura bucal, proporcionando o desenvolvimento facial harmônico. Isso direciona o crescimento de estruturas importantes, como seio maxilar para respiração e fonação, desenvolvimento do tônus muscular, crescimento ântero-posterior dos ramos mandibulares, anulando o retrognatismo mandibular (Ichisato, 2002). Além disso, ele impede alterações no sistema estomatognático, a saber: prognatismo mandibular, musculatura labial superior hipotônica, musculatura labial inferior hipertônica, atresia de palato, interposição de língua e atresia do arco superior (Brito) e evita maloclusões, como mordida aberta anterior, mordida cruzada posterior e aumento de sobressaliência (Voucher, 2005).
A amamentação proporciona à criança uma respiração correta, mantendo uma boa relação entre as estruturas duras e moles do aparelho estomatognático e proporciona uma adequada postura de língua e vedamento de lábios (Ramos, 2003). Além disso, associada ao mecanismo de sucção, desenvolve os órgãos fonoarticulatórios e a articulação dos sons das palavras, reduzindo a presença de maus hábitos orais e também de patologias fonoaudiológicas (Brito, 2006).
O desenvolvimento da articulação temporomandibular (ATM) durante o período em que os dentes ainda não erupcionaram também está relacionado à amamentação. Essa articulação fica prejudicada se houver um menor esforço muscular para extrair alimento, como na amamentação artificial, causando uma anulação da excitação da ATM e da musculatura mastigatória do recém-nascido (Ramos, 2003).
A mãe é considerada a principal fonte de microorganismos importantes para o estabelecimento da microbiota digestiva da flora do recém-nascido tanto no parto quanto na amamentação, através do colostro e do leite humano, que oferece condições nutricionais (fatores de crescimento) favoráveis para essa implantação (Santos, 2005). A fase de colonização é crítica, pois uma implantação anormal pode acarretar uma microbiota menos eficiente nas suas funções (Santos, 2005). Esse fato pode estar correlacionado à formação de fezes menos consistentesatravés do crescimento de microorganismos, como os lactobacilos, que ajudam na digestibilidade de lipídeos e fermentam açúcar do leite materno no intestino, fato que vem impedir a instalação de outras bactérias que atuariam evitando diarréia e conseqüente desnutrição (Santos, 2005 e Vasconcelos, 2006). As propriedades antiinfectivas do colostro e do leite materno manifestam-se através dos componentes solúveis (IgA, IgM, IgG, IgD, IgE, lisozimas, lactobacilos e outras substâncias imunorreguladoras) e componentes celulares (macrófagos, linfócitos, granulócitos, neutrófilos e células epiteliais) (Ramos, 2003 e Silva, 2007). As infecções comumente evitadas são: diarréia, pneumonia, bronquites, gripe, paralisia infantil, infecções urinárias, otite (Spyredes, 2005) , infecção no trato intestinal (Santos, 2005). Além disto, a amamentação no primeiro ano de vida pode ser a estratégia mais exeqüível de redução da mortalidade pós-neonatal oriunda das infecções (Escobar, 2002).
O leite materno propicia à criança ferro em alta biodisponibilidade e proteção contra infecções, condições essas protetoras da anemia (Audi, 2003). Independente das causas que determinam o estado anêmico, associa-se ao mesmo graves prejuízos para o desenvolvimento cognitivo e motor da criança e para o seu futuro aproveitamento escolar (Audi, 2003). Além disso, há interferência nos processos de crescimento e desenvolvimento da criança com prejuízo de desenvolvimento mental, motor e de linguagem; alterações comportamentais e psicológicas como falta de atenção, fadiga, insegurança e diminuição da atividade física (Frota, 2005).
A icterícia precoce, por discreta imaturidade do fígado, pode ocorrer em neonatos, onde a alta concentração de leite e colostro ajuda eliminar o mecônio pelas primeiras fezes estimulando o desaparecimento da cor (Ramos, 2003).
As doenças atópicas como alergias podem ser desencadeadas pelo contato com o leite de vaca. Logo, crianças que possuem esse risco hereditário buscam através de dietas restritivas e outras medidas preventivas, como o aleitamento natural, fazer uma profilaxia da doença (Barbosa, 2007).
Os benefícios da amamentação natural não atingem a criança apenas quando bebê, podendo as vantagens se estender para sua saúde futura. Crianças amamentadas por certo período de tempo têm taxa de infecção por parasitas reduzidas, visão melhor aos 4 meses e aos 36 meses e três vezes menos a presença de xeroftalmia (Spyredes, 2005). Na fase adulta, a presença de amamentação quando bebê está relacionada à diminuição de risco para doenças cardiovasculares, redução ou adiamento do surgimento de diabetes em indivíduos susceptíveis (Frota, 2007), risco reduzido de desenvolver câncer antes dos 15 anos por ação imunomoduladora fornecida pelo leite (Spyredes, 2005) e metade do risco de disfunção neurológica (Spyredes, 2005).
Um pequeno, porém detectável aumento na habilidade cognitiva e desempenho escolar da criança está associado ao aleitamento natural, fato esse concluído em 70% de estudos sobre esse tema (Giugliani, 2004). Isto está associado à presença marcante de ácidos graxos de cadeia longa no leite materno. Eles são essenciais ao desenvolvimento cognitivo de crianças que nasceram prematuras, as quais apresentaram QI mais elevado que quando comparados àquelas que se alimentavam de fórmulas (Spyredes, 2005).
Benefícios para a mãe
Para a mulher, a amamentação tem papel importante sob vários aspectos. Ao amamentar, o instinto maternal é satisfeito e supre a separação abrupta ocorrida no momento do parto, que pode causar até depressão, amenizada pela formação de um "cordão psíquico" duradouro até o desmame progressivo (Duncan, 2004).
A satisfação no instinto sexual da mãe tem sido relacionada a esse ato devido a respostas da lactação serem semelhantes às do coito na estimulação da contratibilidade uterina e ao aumento do interesse sexual pós-parto (Duncan, 2004).
A redução de estresse e mau humor tem sido relatada por mães após as mamadas. Este efeito é mediado pelo hormônio ocitocina, que é liberado na corrente sanguínea durante a amamentação em altos níveis. Além disso, a sensação de bem-estar referida pela lactante no final do tempo da mamada deve-se também à liberação endógena de beta-endorfina no organismo materno.
O início da liberação da ocitocina começa na hora do parto para a promoção da contração uterina. Sua ação é continuada e potencializada no ato da amamentação pela estimulação que a sucção causa sobre a hipófise. A descarga de hormônio que ocorre reduz o tamanho do útero, libera a placenta, diminui o sangramento pós-parto, causa atraso da menstruação e conseqüente prevenção à anemia.
Os benefícios relacionados à mulher após a amamentação são vários: a forma física retorna ao peso pré-gestacional, menor risco de desenvolver artrite reumatóide, risco reduzido de osteoporose aos 65 anos e menor probabilidade de desenvolver esclerose múltipla (Spyredes, 2005).
Em relação aos diversos tipos de câncer, amamentar por no mínimo dois meses reduz o risco de câncer no epitélio ovariano em 25% (Spyredes, 2005); de 3 meses a 24 meses é um dos principais fatores protetores do câncer de mama que ocorre antes da menopausa, além de estabilizar o progresso da endometriosematerna diminuindo o risco de câncer endometrial e de ovário.
Técnicas de Amamentação
É relativamente recente o conhecimento de que o posicionamento adequado da dupla mãe/bebê e a pega/ sucção efetiva do bebê favorecem a prática da amamentação exclusiva. Uma posição da mãe e/ou do bebê que dificulta o posicionamento adequado da boca do bebê em relação ao mamilo pode resultar no que se denomina de má pega. Esta, por sua vez, interfere na dinâmica de sucção e extração do leite materno, podendo dificultar o esvaziamento da mama e levar à diminuição da produção do leite. Como conseqüência, a mãe pode introduzir precocemente outros alimentos, contribuindo, assim, para o desmame precoce (Neifert, 1999 e Righard, 1992). Um estudo mostrou que uma orientação sobre técnica adequada de amamentação na maternidade pode reduzir a incidência de mulheres que relatam baixa produção de leite5. Além disso, a pega inadequada pode gerar lesões mamilares, causando dor e desconforto para a mãe, o que pode comprometer a continuidade do aleitamento, caso não seja devidamente corrigida (Ingran, 2002 e Ziemer, 1990). 
Com alguns cuidados, a amamentação não machuca o peito. A melhor posição para amamentar é aquela em que a mãe e o bebê sintam-se confortáveis. A amamentação deve ser prazerosa tanto para a mãe como para o bebê. O bebê deve estar virado para a mãe, bem junto de seu corpo, bem apoiado e com os braços livres. A cabeça do bebê deve ficar de frente para o peito e o nariz bem na frente do mamilo. Só coloque o bebê para sugar quando ele abrir bem a boca. Quando o bebê pega bem o peito, o queixo encosta na mama, os lábios ficam virados para fora, o nariz fica livre e aparece mais aréola (parte escura em volta do mamilo) na parte de cima da boca do que na de baixo. Cada bebê tem seu próprio ritmo de mamar, o que deve ser respeitado.
CAPÍTULO III – CONCLUSÃO
Diante do exposto conclui-se que o aleitamento materno é muito importante para a saúde do recém nascido, por vários motivos, e sendo exclusivo nos seis primeiros meses há maiores benefícios. Além de haver benefícios para o bebê, amamentar trás condições mais saudáveis para a mãe.
A introdução de outros alimentos como, por exemplo: farinhas e leite de vaca podem desencadear alergias e doenças.
Políticas públicas para que o aleitamento materno seja esclarecido e livres de mitos são essenciais e com o decorrer das décadas vem ganhando força e resultados positivos, porém ainda tem muito a ser alcançado.
	Segundo Diniz e Vinagre (2001, p.1), “o leite humano representa a resposta que a natureza deu à pergunta do melhor alimento para o Homem que se desenvolve.”
REFERÊNCIAS
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