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Variabilidade e Mudanças Climáticas Departamento de Meteorologia UFRJ Claudine Dereczynski 2° período/2014 Unidade 2 Técnicas para Reconstrução dos Climas do Passado Bradley, R. S., 1999: Paleoclimatology, Reconstructing Climates of the Quaternary. International Geophysics series, Volume 64. 613 p. Apenas quando as causas das flutuações climáticas do passado forem entendidas, será possível antecipar ou prever variações climáticas no futuro. Bradley e Eddy, 1991 Unidade 2 Técnicas para Reconstrução dos Clima do Passado 1) Reconstrução paleoclimática e Registros Históricos 2) Métodos de datação 3) Testemunhos de gelo 4) Dendroclimatologia 5) Sedimentos Marinhos 1) Reconstrução Paleoclimática e Registros Históricos • Paleoclimatologia é o estudo do clima anterior ao período de medição instrumental. Registros instrumentais cobrem apenas uma pequena fração da história do clima da Terra (<10-7). (Obs: Idade Terra ~ 4,6 bi = 4,6 x 109 anos). Registros mais antigos: 300 anos • Uma perspectiva mais longa da variabilidade climática pode ser obtida pelo estudo dos fenômenos naturais que são dependentes do clima, e que incorporam em suas estruturas uma medida dessa dependência. • Tais fenômenos fornecem um registro representativo (proxy records) do clima e a paleoclimatologia é fundamentada no estudo de tais registros. • O quaternário é o período geológico que cobre os últimos 1,6 Milhões de anos. Nesse período ocorreram muitas mudanças ambientais que foram possivelmente maiores do que em qualquer outro período nos últimos 60 milhões de anos. Os eons são divididos em eras. As eras são divididas em períodos. Os períodos são divididos em épocas. 600 Ma 1500 Ma 2000 Ma 500 Ma 88% da história da Terra Escala de Tempo Geológica Fig. 1.1 - História da Temperatura da Terra plotada como desvio relativo à temperatura média global presente (Frakes et al., 1992). Estudar os registros representativos do paleoclima é como olhar através de um telescópio pelo lado errado: para os períodos recentes existe evidência de variações climáticas de curto período, mas essas não podem ser resolvidas nos períodos anteriores (Bradley, 1999). Dados observacionais Dados mais antigos: 300 anos (poucas regiões) Na maior parte do mundo: há algumas décadas Dados Observacionais • Barômetro de Torricelli (1643) e termoscópio de Galileo Galilei (início de 1600) • Anemômetro e pluviômetro - mais antigos Problemas: – Exposição – Miscelânea de escalas e unidades (Por volta de 1792: 80 escalas diferentes de termômetros). Galileo Galilei -Em 1714, o alemão Daniel Gabriel Fahrenheit desenvolveu a escala de temperatura Fahrenheit. Em 1742, o astrônomo sueco Andres Celsius desenvolveu a escala Celsius. Torricelli (1608-1714) Fahrenheit (1686-1736) Celsius (1701-1744) Registros históricos: 1) Observações do tempo em si (Ex: freqüência e datas de geadas, ocorrência de precipitação de neve) anotadas em diários 2) Registros de fenômenos naturais dependentes do tempo, tais como secas, cheias, congelamento de rios e lagos. 3) Registros fenológicos (fenômenos biológicos dependentes do tempo), como datas de florescimento de árvores e arbustos, chegada de pássaros migrantes na primavera. 4) Registros de fatores forçantes que podem ter tido uma influência nas condições climáticas no passado (preço de grãos, safras de vinho) Registros históricos - Como são observações escritas, certas regiões possuem registros mais longos do que outras. - Poucos dados, disponíveis apenas para poucas centenas de anos. Área Primeira evidência escrita (datas aproximadas) Egito 3000 AC China 1750 AC Sul da Europa 500 AC Norte da Europa 0 Japão 500 AD Islândia 1000 AD América do Norte 1500 AD América do Sul 1550 AD Austrália 1800 AD Inscrições na pedra indicando níveis do Rio Nilo (5000 anos atrás) Registros mais antigos de clima Fontes potenciais de informação paleoclimática histórica: a) Inscrições antigas b) Anais, crônicas, etc. c) Registros do governo d) Registros privados e) Registros comerciais e marítimos f) Registros pessoais (agendas ou correspondências) g) Escritas científicas ou protocientíficas tais como informações de tempo (não instrumental) em jornais Problemas (diversos): - Interpretação de estilos de escrita a mão das muitas linguagens utilizadas. - Datas em termos de anos de reinados de um ou outro príncipe. Preço anual do centeio na Alemanha, no período 1500 a 1850. - Preços de trigo, centeio ou outro cultivo - Datas de safras de vinho Até o séc. XVIII (antes dos avanços na agricultura) as flutuações nos preços de grãos ou do pão respondiam à produção da última colheita, exceto em ocasiões de epidemias, guerras, pragas, desastres .. 2) Métodos de Datação Métodos de Datação • A datação acurada é de fundamental importância para estudos paleoclimáticos. • Sem estimativas confiáveis sobre a idade dos eventos é impossível investigar se eles ocorreram sincronamente ou se certos eventos ocorreram antes ou após outros, também é impossível avaliar a taxa de ocorrência das mudanças ambientais no passado. Principais métodos de datação: –Radioisotópicos (taxa de desintegração atômica na amostra) –Paleomagnéticos (campo magnético da Terra e seus efeitos na amostra) –Químicos orgânicos e inorgânicos (mudanças químicas na amostra) Método Radioisotópicos - Isótopos Esquema mostrando os 3 isótopos de carbono. Todos Têm o mesmo número atômico (Z=6), que é igual ao número de prótons no núcleo, mas números de massa diferentes (A=12, 13 ou 14), de acordo com o número de nêutrons (6, 7 ou 8) no núcleo. Lembrete: Para qualquer elemento o número de prótons (número atômico) é invariante, porém o número de neutrons pode variar, resultando em isótopos do mesmo elemento. O carbono tem dois isótopos estáveis ( 126C e 136C) e diversos radioisótopos (116C, 146C, 15 6C, etc.). Exemplos de Isótopos - Oxigênio • Todos os átomos de oxigênio tem 8 prótons no núcleo, e portanto possuem número atômico 8. • Contudo, átomos do oxigênio podem ter entre 8 e 10 nêutrons no núcleo, e então suas massas atômicas são aprox. 16, 17 e 18 (e nenhum deles é radioativo). 8 prótons + 8 nêutrons 8 prótons + 9 nêutrons 8 prótons + 10 nêutrons Exemplos de Isótopos - Hidrogênio • O Hidrogênio possui 3 isótopos estaveis: – Prótio – 1 próton e nenhum nêutron (99,98% de todos os átomos de hidrogênio) – Deutério – 1 próton e 1 nêutron – Trítio – 1 próton e 2 nêutrons O Decaimento Radioativo • O decaimento radioativo envolve a transformação espontânea de um elemento em outro. A única forma disto acontecer é mudando o número de protons no núcleo (um elemento é definido por seu número de protons no núcleo). Existem várias formas disso ocorrer e quando ocorre, o átomo foi modificado para sempre, é um processo irreversível. • O decaimento radioativo é um processo aleatório e espontâneo. É impossível saber exatamente quando cada um dos elementos radioativos numa rocha irão decair. O que conhecemos é sua probabilidade estatística (exemplo pipoca). Fonte: http://serc.carleton.edu/quantskills/methods/quantlit/RadDecay.html Conceito de Meia-vida • A meia-vida é o tempo de vida de metade dos isótopos radioativos em um sistema. • A unidade é sempre o tempo (segundos, minutos, anos …) • A cada meia-vida, metade dos átomos orignais (isótopos-pais) decai, transformando-se em isótopos-filhos. A tabela abaixo resume o que aconteceria com uma amostra contendo 1000 átomos de C14. Decaimento radioativo e o conceito de meia-vida. No curva de decaimento radioativo cada unidade de tempoequivale a uma meia-vida, que representa o tempo necessário para que metade dos átomos do elemento-pai (radioativo) se transforme em átomos do elemento- filho (radiogênico). N=Noe - t Ex: 14C decai para 14N em 5730 anos Meia-vida do carbono: 5730 ± 40 anos As meias-vidas dos radioisótopos variam de segundos a bilhões de anos Datação Absoluta das Rochas • A datação absoluta das rochas baseia-se na premissa de que uma rocha é um "sistema fechado", cuja composição química não sofre alterações por influência de fatores externos. • Sendo assim, qualquer alteração química que ocorrer na rocha, vai ser devido ao decaimento radiativo de isótopos instáveis presentes nessa rocha desde o momento de sua cristalização. • Isso é válido somente para rochas ígneas, a partir de sua cristalização e para rochas metamórficas depois de sua recristalização. • As rochas sedimentares, formadas por partículas dos outros tipos de rocha (ígneas e metamórficas) ou, ainda por partículas de outras rochas sedimentares e restos esqueletais de organismos, não podem ser datadas pelos tradicionais métodos baseados em isótopos radiativos. Isso se deve ao fato de que é impossível saber quando determinado isótopo foi incorporado à rocha sedimentar. • A datação absoluta das rochas é feita por um equipamento denominado Espectrômetro de Massa. Equação Fundamental da Geocronologia • N = número de átomos do isótopo radioativo (elemento-pai) medido hoje na amostra • N0 = quantidade inicial do isótopo radioativo no momento de fechamento do sistema – No=N+F (onde F = no. de átomos do isótopo radiogênico (elemento-filho) medido hoje na amostra) • t = tempo decorrido desde o fechamento do sistema isotópico (idade do sistema) • = constante de desintegração do elemento-pai N=Noe - t N=Noe - t )ln()ln( 0 te N N )ln( 1 )ln( 0 0 N N t N N t Sabendo que para t=t1/2, N será igual a N0/2, teremos: 2/1 2/1 693,0 2ln 1 t t • (Vestibular UFF – 2009) O decaimento de isótopos radioativos pode ser usado para medir a idade de fósseis. A equação que rege o processo é a seguinte: N=Noe - t • Sendo No>0 o número inicial de núcleos radioativos, N o no. de núcleos radioativos no tempo t e λ> 0 a taxa de decaimento. • O intervalo de tempo necessário para que o número de núcleos radioativos seja reduzido à metade é denominado tempo de meia-vida. Pode-se afirmar que o tempo de meia-vida: (A) é igual a ln(2)/λ (B) é igual a ½ (C) é igual a 2 (D) é igual a –ln(2)/λ (E) depende de No • (Vestibular UFF – 2009) O decaimento de isótopos radioativos pode ser usado para medir a idade de fósseis. A equação que rege o processo é a seguinte: N=Noe - t • Sendo No>0 o número inicial de núcleos radioativos, N o no. de núcleos radioativos no tempo t e λ> 0 a taxa de decaimento. • O intervalo de tempo necessário para que o número de núcleos radioativos seja reduzido à metade é denominado tempo de meia-vida. Pode-se afirmar que o tempo de meia-vida: (A) é igual a ln(2)/λ (B) é igual a ½ (C) é igual a 2 (D) é igual a –ln(2)/λ (E) depende de No Exercícios 1) Sabendo-se que a meia vida do carbono-14 é de 5730 anos, qual o tempo necessário (em anos) para que um elemento que contém originalmente 10000 átomos radioativos de carbono fique reduzido a 625 átomos instáveis? (A) 4 (B) 358 (C) 5730 (D) 22920 (E) 91680 2) Suponha que um elemento que inicialmente continha 8000 átomos instáveis, contém hoje 7875 átomos estáveis (partículas-filhas) e 125 átomos instáveis (partículas-mãe). Qual o tempo em meias-vidas decorrido desde o momento de fechamento do sistema? Exercícios 1) Sabendo-se que a meia vida do carbono-14 é de 5730 anos, qual o tempo necessário (em anos) para que um elemento que contém originalmente 10000 átomos radioativos de carbono fique reduzido a 625 átomos instáveis? (A) 4 (B) 358 (C) 5730 (D) 22920 (E) 91680 2) Suponha que um elemento que inicialmente continha 8000 átomos instáveis, contém hoje 7875 átomos estáveis (partículas-filhas) e 125 átomos instáveis (partículas-mãe). Qual o tempo em meias-vidas decorrido desde o momento de fechamento do sistema? Resposta: 6 meia-vidas Exercícios 1) Você encontrou hoje um fóssil que tem 10% de carbono-14, comparado com uma amostra viva. Qual a idade do fóssil? Exercícios 1) Você encontrou hoje um fóssil que tem 10% de carbono-14, comparado com uma amostra viva. Qual a idade do fóssil? 0 0 0 ln 1 ln )ln()ln( N N t N N t e N N eNN t t o Mas, sabemos que: 2/1 2/1 693,0 2ln 1 t t Então: anost 19038)1,0ln(. 693,0 5730 Exercícios Meia-vida Fração do elemento pai remanescente % aprox. 0 1 = 1 100 1 1/2 = 1/2 50 2 1/2 x ½ = 1/4 25 3 ½ x ½ x ½ = 1/8 12,5 4 ½ x ½ x ½ x ½ = 1/16 6,25 5 ½ x ½ x ½ x ½ x ½ = 1/32 3,13 6 ½ x ½ x ½ x ½ x ½ x ½ = 1/64 1,56 7 ½ x ½ x ½ x ½ x ½ x ½ x ½ = 1/128 0,78 8 ½ x ½ x ½ x ½ x ½ x ½ x ½ x ½ = 1/156 0,39 9 ½ x ½ x ½ x ½ x ½ x ½ x ½ x ½ x ½ = 1/512 0,2 10 A tabela abaixo apresenta a taxa de decaimento de C-14 com o tempo (em meia-vidas). Analise a tabela e responda as questões 1 e 2: (1,0) Que fração de carbono original C-14 pode ser encontrado na amostra depois de 10 meia-vidas? ( A) 1/10 (B) entre 1/10 e 1/100 (C) entre 1/100 e 1/1000 (D) menos de 1/1000 (E) nenhum Exercícios Meia-vida Fração do elemento pai remanescente % aprox. 0 1 = 1 100 1 1/2 = 1/2 50 2 1/2 x ½ = 1/4 25 3 ½ x ½ x ½ = 1/8 12,5 4 ½ x ½ x ½ x ½ = 1/16 6,25 5 ½ x ½ x ½ x ½ x ½ = 1/32 3,13 6 ½ x ½ x ½ x ½ x ½ x ½ = 1/64 1,56 7 ½ x ½ x ½ x ½ x ½ x ½ x ½ = 1/128 0,78 8 ½ x ½ x ½ x ½ x ½ x ½ x ½ x ½ = 1/156 0,39 9 ½ x ½ x ½ x ½ x ½ x ½ x ½ x ½ x ½ = 1/512 0,2 10 A tabela abaixo apresenta a taxa de decaimento de C-14 com o tempo (em meia-vidas). Analise a tabela e responda as questões 1 e 2: (1,0) Que fração de carbono original C-14 pode ser encontrado na amostra depois de 10 meia-vidas? ( A) 1/10 (B) entre 1/10 e 1/100 (C) entre 1/100 e 1/1000 (D) menos de 1/1000 (E) nenhum (2,0) Sabendo que a meia-vida do Carbono-14 é 5730 anos qual é a idade aproximada de uma amostra que contém hoje 90% do carbono-14 original? (A) 900 anos (B) 1950 anos (C) 3000 anos (D) 5000 anos (E) 27500 anos (3,0) Assumindo que um isótopo pai (radioativo) tem uma meia- vida de 4,5 bilhões de anos, quanto (em porcentagem) aproximadamente do isótopo pai original permanece após 6,75 bilhões de anos terem passado. (A) 50% (B) 35% (C) 25% (D) 1% (E) 0,5% (2,0) Sabendo que a meia-vida do Carbono-14 é 5730 anos qual é a idade aproximada de uma amostra que contém hoje 90% do carbono-14 original? (A) 900 anos (B) 1950 anos (C) 3000 anos (D) 5000 anos (E) 27500 anos (2,0) Assumindo que um isótopo pai (radioativo) tem uma meia- vida de 4,5 bilhões de anos, quanto (em porcentagem) aproximadamente do isótopo pai original permanece após 6,75 bilhões de anos terem passado. (A) 50% (B) 35% (C) 25% (D) 1% (E) 0,5% 1) Raios cósmicos (formados por partículas de alta energia e raios gama) colidem com um átomo na atmosfera superior formando um nêutron energético. 2) Tais neutrons colidem com átomos de Nitrogênio- 14 (7 prótons + 7 neutrons), formando o carbono-14 (6 prótons + 8 neutros) e um átomo de Hidrogênio (1 próton + 0 neutrons) 3) O carbono-14 se combina com o oxigênio (é oxidado) para formar o dióxido de carbono e desta forma “cai” no ciclo global do carbono. 4) As plantas absorvemdióxido de carbono e incorporam carbono-14 através da fotossíntese. 5) Animais e pessoas comem plantas e ingerem carbono-14. 6) Após a morte, madeira e ossos perdem C-14 a medida que este decai para N-14 através de decaimento de partículas beta. Formação e Decaimento do 14C HCnN 11 14 6 1 0 14 7 neutrinoNC 147146 • Durante o curso de tempo geológico, alcança-se um equilíbrio entre a taxa de novo 14C produzido na atmosfera superior e a taxa de decaimento de 14C no recervatório global de carbono. • Isto significa que os 7,5 Kg de novos 14C estimados a serem produzidos a cada ano na atmosfera superior é aproximadamente igual ao peso de 14C perdidos através do mundo pelo decaimento radioativo de 14C em nitrogênio. Reservatório de carbono (atmosfera, biosfera, e oceanos): – 42 x 1012 ton de 12C – 98,89% – 47 x 1010 ton de 13C -1,11% – 62 ton de 14C - 0.00000000010%. Então aproximadamente 1,5 átomos de C14 existe na natureza para cada 1012 átomos de C12 12 1212 14 1048,1 1042 62 ton ton C C O constante abastecimento de carbono-14 faz com que a proporção de 14C/12C seja aproximadamente a mesma do ambiente (atmosfera) • Embora o 14C decaia para 14N, sua contínua formação na atmosfera mantém a razão 14C/12C praticamente constante, a qual é incorporada e mantida pelos organismos vivos. • Ao morrer, o organismo deixa de absorver C, embora seu 14C continue a decair para 14N, alterando essa razão e iniciando em termos geocronológicos, a contagem do relógio geológico. • Quanto mais tempo passar após a morte da planta ou animal, menor será sua quantidade de 14C. Desta forma, comparando-se a razão 14C/12C medida na amostra com a razão moderna universal, é possível calcular o tempo decorrido desde a morte do organismo. 12 1212 14 1048,1 1042 62 ton ton C C • Até o início da década de 1980, quase todos os laboratórios que faziam datação com radiocarbono usavam métodos convencionais. Por exemplo, na técnica de contagem proporcional de gás, o carbono era convertido em um gás (metano, dióxido de carbono ou acetileno), que era então colocado em um contador proporcional que era capaz de detectar partículas β. Neste método era difícil separar o sinal da partícula β da amostra do ruído ambiental, particularmente nas amostras mais antigas, com baixos níveis de 14C. • Um dos problemas de datar amostras muito antigas pelos métodos convencionais era o grande tamanho da amostra necessária para obter radiocarbono suficiente para que sua atividade β fosse contada. • A revolução tecnológica na datação com radiocarbono ocorreu no final da década de 1970, quando um método para datar amostras orgânicas muito pequenas foi desenvolvido, usando um acelerador acoplado a um espectrômetro de massa. Ao invés de medir a quantidade de 14C indiretamente numa amostra, contando-se emissões de partículas β, a concentração de ions individuais (12C, 13C, 14C) são medidos. Apenas 1 mg de carbono é requerido, de forma que amostras pequenas de foraminíferas, grãos de pólen, sementes podem ser datados. • A técnica de datação a partir de radiocarbono tem sido utilizada para datar amostras de: – Madeira – Carvão – Semente – Papel – Tecido orgânico – Ossos – Conchas – Paleossolos – Sedimentos marinhos e lacustres – CO2 atmosférico preso nos gelos das geleiras Fontes de erros na datação com 14C: • Problemas com a seleção de amostras e contaminação • Variações no conteúdo de 14C do reservatório oceânico • Efeitos de fracionamento Limite da Técnica de Radiocarbono: • Na prática após 10 meia-vidas (50.000-60.000) existe muito pouca quantidade de carbono radioativo na amostra e assim datas de 14C > 45000 anos AP devem ser vistas com muita cautela. • As plantas “discriminam contra” o dióxido de carbono contendo 14C. Ou seja, elas absorvem menos do que seria esperado, e desta formam parecem mais antigas do que são na realidade. Além disso, diferentes tipos de plantas “discriminam” de forma diferenciada. • Em segundo lugar, a razão de 14C/12C na atmosfera não tem sido constante nos últimos anos – por exemplo, ela foi maior no passado antes da era industrial quando a massiva queima de combustíveis fósseis liberou muito dióxido de carbono pobre em 14C. Além disso ocorreram mudanças no campo magnético da Terra e na atividade solar que podem ter afetado a concentração de carbono-14. Fontes de Erros na datação com Carbono-14 • Além disso houve um aumento de 14CO2 com os testes de bombardeamento atômico nos anos 1950s. Isto poderia fazer com que coisas datadas por carbono daquela época parecessem mais jovens do que sua idade real. • Conchas com idade infinita (aquelas bem além da faixa de técnica de datação de 14C) contaminadas por apenas 1% de carbono moderno terão uma idade aparente de 37000 anos. • As Figs. a seguir mostram os erros associados com diferentes níveis percentuais de contaminação por material moderno e antigo. Problemas de Contaminação •Uma amostra de 5000 anos, 20% contaminada com carbono 16000 anos, resulta numa data com erro de apenas 1300 anos. Por outro lado, uma amostra de 20000 anos contaminada com apenas 10% de carbono moderno pode resultar numa idade aparente de 15000 anos. •Uma amostra de 5000 anos, 20% contaminada com carbono 16000 anos, resulta numa data com erro de apenas 1300 anos. Por outro lado, uma amostra de 20000 anos contaminada com apenas 10% de carbono moderno pode resultar numa idade aparente de 15000 anos. 3) Testemunhos de gelo • A acumulação neve em mantos glaciais polares e em geleiras continentais ao redor do mundo fornecem um registro extraordinariamente valioso de condições paleoclimáticas e paleoambientais. • Essas condições são estudadas por análises físicas e químicas do gelo e de “firn” ou campos de neve (neve que sobreviveu a ablação da estação do verão). • A precipitação de neve fornece um registro único, não apenas da quantidade de precipitação em si, mas também temperatura do ar, composição atmosférica, ocorrência de erupções vulcânicas, e mesmo variações de atividade solar passadas. Regiões onde são extraídos os testemunhos de gelo atualmente: Groenlândia Antártica Fonte: http://nicl.usgs.gov/coresite.htm Pausa para Filme NASA: A Tour of the Cryosphere • As informações paleoclimáticas têm sido obtidas a partir de testemunhos de gelo de 4 formas principais : a) Isótopos estáveis de O2 da água e da atmosfera b) Outros gases a partir das bolhas de ar contidas no gelo c) Matéria particulada e dissolvida no gelo e na neve granulada d) Características físicas do gelo e da neve granulada Cada método tem também fornecido um meio de estimar a idade do gelo com a profundidade nos testemunhos de gelo. a) Análise de Isótopos Estáveis • O estudo de isótopos estáveis (primariamente deutério e 18O) é o principal foco da pesquisa paleoclimática. A maior parte dos trabalhos tem sido sobre variações nos isótopos estáveis no gelo e na neve granulada e nos testes de fauna marinha recuperada dos testemunhos oceânicos. • Os átomos de oxigênio (que sempre têm 8 prótons) podem ter 8, 9 e 10 neutrons, resultando em 3 isótopos: 16O, 17O, 18O. Na natureza esses isótopos ocorrem em proporções relativas de: – 99,76% (16O) – 0,04% (17O) – 0,2% (18O) • O Hidrogênio tem 2 isótopos estáveis, 1H e 2H (deutério) com proporções relativas de: – 99,984% (1H) – 0,016% (2H) • Conseqüentemente, moléculas de água podem existir em 1 das 9 combinações isotópicas possíveis: variando do 18 (1H2 16O) até o 22 (2H2 18O): – 1H 1H 16O – 1H 1H 17O, – 1H 1H 18O – 1H 2H 16O – 1H 2H 17O – 1H 2H 18O – 2H 2H 16O – 2H 2H 17O – 2H 2H 18O • Contudo, como água com mais do que um isótopo “pesado” é muito raro,geralmente apenas 4 combinações isotópicas principais são mais comuns, e apenas 2 são mais importantes na pesquisa paleoclimática: – 1H 2H 16O (geralmente escrita como HDO) – 1H2 18O • As bases para as interpretações paleoclimáticas de variações no isótopo estável no conteúdo de moléculas de água é que: – a pressão do vapor de H2 16O é > do que no HDO e H2 18O • (10% > do que no HDO e 1%> no H2 18O). A evaporação da água então resulta num vapor que é mais pobre em deutério e 18O do que a água inicial, e contrariamente a água restante é (relativamente falando) enriquecida em deutério e 18O. Quando a água oceânica evapora, as moléculas mais pesadas são deixadas para trás. Este desbalanço é mais marcado para os climas mais frios do que para os mais quentes. Consequentemente: -Durante períodos de avanço das geleiras os oceanos que contém menos água, têm uma concentração mais alta de 18O. -Durante os períodos mais quentes o degelo leva água mais rica em 16O para dentro dos oceanos. Além disso, as temps. mais elevadas compensam a dificuldade de evaporação dos isótopos pesados, pois o ar mais quente contém mais moléculas pesadas de água. Então, nos períodos mais frios (quentes) os oceanos estarão enriquecidos de 18O (16O). Nos períodos mais frios (quentes) as geleiras estarão enriquecidas com 16O (18O) . FRIOQUENTE 00 03 1618 16181618 18 10 / // x OO OOOO O SMOW SMOWamostra SMOW = Standard Mean Ocean Water Um valor de δ18O de -10 significa uma amostra com uma razão 18O/16O 1% ou 10‰ menor do que o SMOW Obs: No clima presente, o valor mais baixo de δ18O registrado na natureza foi de -58‰ (-454 em δD) na neve da Antártica A concentração das espécies isotópicas estáveis expressa-se de forma absoluta adimensional, através da notação delta (δ), ou seja, desvio em permilagem (o/oo) obtida através da seguinte equação: δ = [(Ramostra / Rpadrão) – 1] x 1000 onde Ramostra representa a razão 2H/1H ou 18O/16O medida na amostra, enquanto Rpadrão se refere à mesma razão isotópica (2H/1H ou 18O/16O) determinada no padrão. Valores δ positivos indicam concentrações em isótopos pesados superiores às do padrão, enquanto valores negativos correspondem a amostras empobrecidas nas espécies isotópicas pesadas, ou seja, em oxigénio-18 e em deutério relativamente ao padrão. A escolha da notação delta (δ) justifica-se por ser mais simples obter valores de concentração relativamente a um padrão, através de espectrômetros de massa do que a obtenção de concentrações absolutas nas amostras. O padrão adotado que expressa as concentrações em oxigénio-18 (δ18O) e em deutério (δ2H) em amostras de água, em estudos hidrogeológicos, é o Vienna - Standard Mean Ocean Water (VSMOW). Este representa uma mistura de água oceânica. Por conseguinte, a concentração isotópica da água do mar, expressa em unidades delta é para o δ2H e para o δ18O, próxima de 0 o/oo (CRAIG, 1961; FONTES, 1981). Fig. – Variações de δ18O durante o quaternário médio e superior (Emiliani, 1978) construída pela combinação de dados de δ18O em alguns testemunhos submarinos de águas profundas. Os números de 1 a 20 correspondem aos estágios isotópicos de Emiliani. Números pares (ímpares) representam períodos glaciais (interglaciais). Datando os testemunhos de gelo • Um dos problemas mais importantes nos estudos de testemunhos de gelo é determinar a relação idade- profundidade do gelo. • Várias técnicas têm sido usadas e está claro que escalas temporais muito acuradas podem geralmente ser desenvolvidas por pelo menos 10000-12000 anos. Antes disso existe um aumento na incerteza sobre a idade do gelo. • Vamos ver 2 métodos utilizados para datar testemunhos de gelo: métodos radioisotópicos e de variações sazonais. a) Métodos Radioisotópicos • Vários isótopos radioativos têm sido analisados em testemunhos de gelo numa tentativa de fornecer métodos cronológicos quantitativos para datar o gelo. Isto inclui: 10Be, 14C, 36Cl, 39Ar, 81Kr, e 210Pb. Atualmente, contudo apenas análises a partir do 210Pb e 14C, são rotineiramente utilizadas. • O 210Pb (meia vida: 22,3 anos) é lavado da atmosfera com decaimento para 222Rn. Ele têm sido utilizado em estudos de acumulação de neve sobre os últimos 100-200 anos, fornecendo uma importante perspectiva sobre registros de acumulação muito curtos. • A datação com 14C no CO2 aprisionado em bolhas de ar no gelo pode ser obtida a partir de amostras de gelo menores do que 10 kg (equivalente a um testemunho de gelo convencional de 1,5 m de extensão), contudo a precisão é melhorada com amostras maiores. Infelizmente, as datas obtidas no CO2 podem diferir da idade de aprisionamento no gelo por centenas ou milhares de anos, devido ao tempo de atraso que as bolhas de gás tornaram-se inteiramente seladas da atmosfera. Este problema limita a datação de 14C em amostras de testemunhos de gelo. b) Variações Sazonais • Certos componentes dos testemunhos de gelo exibem variações sazonais muito nítidas, que permitem que camadas anuais sejam detectadas. • Estatigrafia Visual: fornece uma primeira avaliação identificando incrementos anuais num testemunho de gelo. Testemunhos são examinados numa tabela para identificar mudanças na estrutura e a presença de camadas de poeira. Ex: Nos testemunhos de Quelccaya (Peru), uma pronunciada camada de areia, que é diagnóstica de condições de Maio-Agosto, permite a contagem de camadas anuais. • δ18O: Devido ao maior resfriamento que ocorre nos meses de inverno, concentrações muito menores de δ18O são encontradas na neve do inverno do que na neve de verão. Isto resulta num forte sinal sazonal que pode ser usado como uma ferramenta cronológica, desde que as taxas de acumulação tenham sido razoavelmente elevadas (equivalente a > 25 cm de água por ano), o vento não tenha sido muito severo, e nenhum degelo de neve tenha ocorrido. De fato, a espessura das camadas anuais podem ser identificadas contando cada pico de altos e baixos valores de δ18O, do topo para o fundo. Infelizmente, nas maiores profundidades das geleiras continentais a amplitude do sinal sazonal é reduzida até que é eventualmente obstruída. • Vários registros longos de testemunhos de gelo da Antártica estão disponíveis, contudo a “jóia da coroa” da Antártica é o registro de Vostok no platô leste da Antártica (78°28’ S, 106°48’ E, 3488 m acima do nível médio do mar). • Extensão do testemunho: 3350 m ~ 426000 anos (onde complicações devido ao escoamento do gelo e distúrbios no leito ou base são mínimas). Além disso, a relação entre fracionamento isotópico e temperatura é clara nesta região, tornando a interpretação climática do registro isotópico quase direto. Então Vostok fornece o mais longo registro de testemunho de gelo bem-resolvido da Terra. Registros de testemunhos de gelo da Antártica 4) Dendroclimatologia • Variações na largura dos anéis das árvores de um ano a outro: importante fonte de informação cronológica e climática. – Na Europa: vários estudos do início do século XVIII, comentam a estreiteza dos anéis das árvores, associada ao inverno severo de 1708-1709. – Na América do Norte: Twining (1833) foi o primeiro a chamar atenção para o grande potencial dos anéis das árvores como um indicador paleoclimático. – A. E. Douglas, astrônomo interessado na relação entre atividade de manchas solares e clima. Para testar tal hipótese utilizou variações dos anéis das árvores em árvores da região árida do sudoeste dos EUA (Douglas, 1914, 1919). Dendrocronologia: uso de anéis das árvores para datação Dendroclimatologia: uso dos anéis das árvores como indicador representativo do clima Pinheiro Bristlecone com mais de 4000 anos. Fonte: http://www.worsleyschool.net/science/files/tree/rings.html Fundamentos da Dendroclimatologia • Seção transversal das árvoresde florestas temperadas: alternação de bandas mais claras (“earlywood” – lenho inicial) durante a primavera/início do verão e mais escuras (“latewood” – lenho tardio) durante o final do verão/início do outono mostrando diferenças no crescimento sazonal. – earlywood + latewood = anel da árvore (incremento de crescimento anual) • Largura média de um anel é função: espécie da árvore, idade da árvore, disponibilidade de alimento estocado dentro da árvore e de importantes nutrientes do solo, e um complexo conjunto de fatores climáticos (brilho solar, precipitação, temperatura, vel. do vento, umidade e suas distribuições através do ano). • Problema: Extrair o sinal climático e distinguí-lo do ruído de fundo. Além disso o dendroclimatologista deve saber precisamente a idade de cada anel de árvore. bark=casca, cortiça stem=tronco Variações na densidade (dendroclimatologia densiométrica) inter e intra- anualmente têm sido também utilizadas para informação climática. A densidade da madeira é uma medida integrada de várias propriedades (espessura da parede da célula, diâmetro do lúmen, tamanho e densidade dos receptáculos ou dutos, proporção de fibras, etc.). A densidade média da earlywood e latewood variam marcadamente e estas variações podem ser usadas (assim como a largura dos anéis) para identificar incrementos de crescimentos anuais e para cruzar datas nas amostras. As variações de densidade são medidas em negativos de raio x para preparar seções transversais e a densidade ótica dos negativos é inversamente proporcional à densidade da madeira. Variações na densidade são particularmente valiosas na dendroclimatologia porque elas tem uma função de crescimento relativamente simples (aproximadamente linear com a idade). Geralmente 2 valores são medidos em cada anel de árvore: densidade mínima (na earlywood) e densidade máxima (na latewood), apesar da densidade máxima parecer ser um melhor indicador climático do que valores de densidade mínima. • Variações isotópicas (ex: do carbono, oxigênio e hidrogênio) na madeira têm sido estudadas como um representativo possível de variações de temperatura através do tempo, mas a complexidade de fracionamento, ambos dentro do sistema hidrológico e nas próprias árvores, tornam simples interpretações muito complicadas. • Abordagens de largura de anéis, variações densiométricas e isotópicas para reconstrução paleoclimática são complementares, e em algumas situações poderiam ser usadas independentemente para checar reconstruções paleoclimáticas baseadas apenas em um dos métodos ou coletivamente para fornecer reconstruções mais acuradas. • Nos estudos de dendroclimatologia convencionais, onde variações da largura do anel são a fonte de informação climática, as amostras de árvores são escolhidas em locais onde elas estão sob stress (estão crescendo próxima a sua faixa ecológica extrema). Em tais situações, variações climáticas irão influenciar grandemente incrementos de crescimento anual e as árvores são ditas “sensitivas”. • Em situações mais beneficentes, talvez próximo ao meio da faixa das espécies, o crescimento da árvore pode não ser notavelmente influenciado pelo clima, e isto se refletirá na baixa variabilidade interanual da largura dos anéis. Tais anéis de árvores são ditos “complacentes”. Seleção da Amostra water table = lençol freático • Nos ambientes marginais 2 tipos de stress climáticos são comumente reconhecidos: umidade e temperatura. – Árvores que crescem nas áreas semi-áridas são freqüentemente limitadas pela disponibilidade de água, e variações na largura dos anéis refletem primariamente esta variável. – Árvores crescendo próximo ao limite de vegetação arbórea (treeline) estão principalmente sob limitações impostas pela temperatura e então a variação da largura dos anéis em tais árvores contém um forte sinal de temperatura. – Contudo outros fatores climáticos podem estar envolvidos indiretamente. Os processos biológicos dentro da árvore são extremamente complexos. • As árvores são amostradas radialmente usando um trado para remover a parte central da madeira (geralmente de diâmetro 4-5 mm) sem danificá-la. • É importante notar que estudos de dendroclimatologia são duvidosos, a menos que um número adequado de amostras sejam recuperadas (2 ou 3 de cada árvore) e pelo menos em 20 árvores de um único local (e nem sempre isto é possível). Continuação Seleção da Amostra • O cruzamento de datas é importante: – Para árvores modernas de idades similares – Para combinar registros de árvores modernas e espécies arqueológicas (voltando atrás no tempo) – Cuidado: Ocasionalmente as árvores produzirão falsos anéis ou bandas de crescimento intra- anual, que podem ser confundidas com a real transição earlywood/latewood. Cruzamento de Datas • Em anos extremos as árvores podem não produzir uma camada de crescimento anual, ou pode ser descontínua em torno da árvore ou tão fina que fica indistinguível do “latewood” adjacente. • Os registros novos de árvores vivas são confrontados com material arqueológico da mesma idade, que podem por sua vez serem confrontados com material mais antigo. Este procedimento é repetido inúmeras vezes para estabelecer uma cronologia confiável. Nos EUA os troncos de madeira usados nos “pueblos” dos índios têm possibilitado cronologias de até 2000 anos atrás. • Os anéis das árvores são os únicos entre os indicadores paleoclimáticos que, através dos múltiplos cruzamentos de datas é possível estabelecer a idade absoluta de uma amostra. Correlação entre os anéis anuais de crescimento das árvores. (a) Anéis anuais de pinheiro do Arizona de 1815 a 1885.(b) Anéis anuais de outras árvores da mesma região, onde o anel correspondente ao ano de 1857 está ausente. Os comprimentos dos traços verticais são mais longos quando os anéis são menos espessos e B representa os anéis anormalmente espessos. Subtraindo-se um ano em (b), entre 1815 e 1857,a correlação dos anéis nos dois diagramas é perfeita. • Uma vez que a cronologia para cada testemunho tenha sido estabelecida, larguras individuais de anéis são plotadas para estabelecer a forma geral dos dados. • É comum séries temporais de largura de anéis apresentarem uma componente de baixa freqüência resultante inteiramente do próprio crescimento da árvore, com anéis mais largos geralmente produzidos durante o início da vida da árvore. • Para que as variações na largura da árvore a partir de diferentes testemunhos possam ser comparadas, é necessário primeiro remover a função de crescimento peculiar àquela árvore particular. • Funções de crescimento são removidas ajustando-se uma curva aos dados e dividindo-se cada valor de medida de largura do anel pelo valor esperado de crescimento da curva. Padronização de Dados de Largura do Anel Os anéis das árvores fornecem um registro anual que no caso do pinheiro bristlecone podem se estender até 4000 anos. Índice do anel da árvore: largura real do anel/largura esperada baseada na idade da árvore. • Uma vez que a cronologia de padronização dos índices de largura do anel tenham sido obtida, o próximo passo é desenvolver um modelo relacionando variações nesses índices à variações nos dados climáticos. Este processo é conhecido como calibração. • O primeiro passo na calibração é a seleção dos parâmetros paleoclimáticos que primariamente controlam o crescimento da árvore. Este procedimento, conhecido como análise da função resposta, envolve regressão de: – preditando (dados de anéis das árvores) X preditores (dados climáticos mensais: geralmente temperatura e precipitação) • para identificar que meses ou combinações de meses, são mais altamente correlacionados com o crescimento da árvore. Usualmente meses durante e antes da estação de crescimentosão selecionados mas a relação entre o crescimento da árvore no ano t0, t-1 pode também ser examinado se o crescimento da árvore no ano t0 é influenciado pelas condições no ano precedente. • Uma vez que os parâmetros climáticos que influenciam os anéis das árvores tenham sido identificados, dados de anéis das árvores podem ser usados como preditores. Calibração de Dados de Anéis das Árvores • A figura ao lado mostra a reconstrução de temperaturas no início do século XIX, em torno da época da erupção do vulcão Tambora (8°S/118 ° E). • O Tambora explodiu em Abril de 1815 (considerado a maior erupção dos últimos milhares de anos, senão do Holoceno inteiro). O ano seguinte no oeste da Europa e EUA ficou conhecido como o “ano sem verão”. Pausa para Vídeos com técnicas para determinação dos climas do passado O que acontece com o tempo? (parte I) O Mundo Congelado (21 min) Discovery Channel Outras Técnicas de Reconstrução Paleoclimáticas • Sedimentos Marinhos e Corais • Evidência Biológica (não marinha) • Análise de Pólen
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