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CANCRO CÍTRICO Medidas essenciais de controle CANCRO CÍTRICO O cancro cítrico, causado pela bactéria Xanthomonas citri subsp. citri, pode ocorrer em todas as variedades de citros de importância comercial. A doença tem grande relevância para a citricultura por causar a desfolha das plantas e, principalmente, prejuízos à produção. Frutos afetados caem prematuramente e levam à redução da produtividade. Além disso, as lesões de cancro cítrico depreciam a qualidade dos frutos para o mercado in natura e restringem a comercialização da produção. Desde 1957, ano da primeira detecção em pomares do estado de São Paulo, até 2017, o cancro cítrico foi controlado por medidas de exclusão e erradicação. Durante esse período o objetivo foi eliminar a doença dos pomares ou evitar sua disseminação. No entanto, devido ao aumento do cancro cítrico nos últimos anos em São Paulo e outros estados, a legislação federal que regula o controle da doença foi alterada. A nova legislação possibilita que cada estado da federação adote diferentes estratégias de controle com base na presença e incidência da doença em seus pomares e possibilita pela, primeira vez, que o cancro cítrico seja controlado por medidas de manejo. Neste caso, as plantas com sintomas são mantidas e as medidas de controle visam proteger os frutos de infecções e reduzir ou mesmo evitar o impacto da doença na produção. CICLO O ciclo do cancro cítrico é composto por quatro fases que estão relacionadas à chegada da bactéria no pomar, aos danos às plantas e a continuidade da doença na área. Conhecer o ciclo do cancro cítrico auxilia na adoção adequada das medidas de controle. As sucessivas fases do ciclo do cancro cítrico e suas principais características são: DISSEMINAÇÃO: consiste no trânsito da bactéria de uma lesão previamente formada até plantas sadias ou até partes sadias de uma planta anteriormente afetada. Pode ocorrer por ação de chuvas, por intermédio do homem, de máquinas, ferramentas, equipamentos, mudas, material de colheita e vestuário infestados. O cancro cítrico não é disseminado por insetos. Nessa fase, o fator ambiental mais importante é a água, que serve como veículo para a bactéria. A disseminação por respingos de água da chuva ocorre, principalmente, na própria planta e naquelas que estão ao redor. No entanto, quando as chuvas são acompanhadas de ventos a bactéria pode ser transportada por alguns quilômetros a partir da árvore afetada. INFECÇÃO: ocorre quando a bactéria penetra na planta por aberturas naturais, como os estômatos, ou por ferimentos causados por equipamentos, atrito entre partes da própria planta, abrasão de partículas de poeira e por insetos, como o minador dos citros. A existência de ferimentos aumenta significativamente as chances de infecção. A presença de água na superfície da planta para onde a bactéria foi disseminada é o fator ambiental essencial para o sucesso da infecção. CICLO COLONIZAÇÃO: consiste no início da doença. É nesta fase em que os sintomas aparecem. O cancro cítrico não é uma doença sistêmica. As bactérias se multiplicam localmente apenas no ponto que penetram no tecido vegetal vivo, de onde liberam enzimas que degradam as células das plantas para obtenção de nutrientes. O rompimento das células da planta confere aspecto encharcado e escurecido ao tecido vegetal afetado. Este processo provoca a morte de células e a formação de lesões necróticas. As bactérias continuam o processo de colonização radialmente a partir do ponto de penetração e permanecem ativas nas margens das lesões. O fator ambiental mais importante nesta fase é a temperatura. A faixa mais favorável para a multiplicação da bactéria é de 25oC a 35oC. SOBREVIVÊNCIA: lesões remanescentes de cancro cítrico existentes na planta de um ano para outro são a principal forma de continuidade da bactéria no pomar. Quando ocorre o molhamento das lesões, a bactéria nada para o filme de água na superfície da planta de onde pode ser disseminada e reiniciar o ciclo da doença. A bactéria não possui plantas hospedeiras alternativas aos citros, não possui estruturas especializadas de sobrevivência, como esporos, tampouco sobrevive em insetos. Nesta fase não há fator ambiental determinante. A sobrevivência da bactéria depende da permanência de lesões velhas na planta. A bactéria apresenta um período de sobrevivência muito curto fora das plantas cítricas. Esse período pode variar de algumas horas, quando as células bacterianas se encontram em superfícies inertes secas, expostas à luz direta e altas temperaturas, até alguns meses, quando em lesões presentes em restos de cultura em decomposição. SINTOMAS Os sintomas de cancro cítrico podem ocorrer em folhas, frutos e ramos. De modo geral, as lesões da doença são semelhantes nas diferentes partes da planta. FOLHA: os sintomas tornam-se visíveis em folhas de duas a cinco semanas após a infecção. No início, formam-se pontos escurecidos, muitas vezes com amarelecimento ao redor, resultado da multiplicação da bactéria e encharcamento do tecido vegetal. Os sintomas evoluem para pústulas de coloração marrom-clara. As lesões são observadas primeiro na face inferior. Com o progresso da doença, tornam-se maiores e podem atingir mais de um centímetro de diâmetro. Nesta fase são circulares, salientes e visíveis nos dois lados da folha. Na maioria das vezes, apresentam halo amarelado evidente, mas é possível encontrar lesões com diferentes níveis de amarelecimento ao seu redor ou mesmo sem halo. É possível ainda que ocorram sintomas com bordas mais escuras. Em ferimentos mecânicos ou provocados pelo minador dos citros, as lesões apresentam a mesma textura e coloração, mas o formato e o tamanho variam, resultado da penetração da bactéria em maior extensão do tecido das Halo amarelo Escuras Ferimento por minador Ferimento por espinho LESÕES EM FOLHA Face superior Face inferior folhas. De modo geral, as brotações de plantas de laranja permanecem suscetíveis à infecção por quatro a seis semanas. FRUTO: é mais comum as lesões aparecerem na parte voltada para o exterior da copa das plantas. Isso ocorre devido à maior exposição desse lado a chuvas e ventos, fatores que aumentam a predisposição às infecções. À medida que ocorre o aumento da área afetada, as lesões em frutos podem apresentar anéis circulares e rachaduras. As lesões de cancro cítrico não afetam diretamente a qualidade da polpa dos frutos. Os frutos de laranja são suscetíveis durante os primeiros quatro meses após a queda de pétalas, até atingirem aproximadamente 50 mm de diâmetro. RAMO: lesões de cancro cítrico em ramos são menos frequentes que nos demais órgãos. Estas lesões são importantes para a sobrevivência da doença no pomar, pois permanecem na planta por vários anos. Além disso, podem resultar em rachaduras, que levam à seca do ramo e prejudicam o seu desenvolvimento, sobretudo nos primeiros anos da planta. O cancro cítrico não provoca a morte das árvores doentes. FRUTO RAMO DIFERENÇAS DE OUTRAS DOENÇAS Os sintomas de cancro cítrico podem ser confundidos com outras doenças. Veja as principais diferenças: LEPROSE DOS CITROS: em frutos as lesões de leprose diferem das de cancro cítrico por serem deprimidas e não corticosas. Em folhas são lisas e maiores. Em ramos, ocorre a descamação da área lesionada, o que não é observado no cancro cítrico. VERRUGOSE: em folhas e frutos as lesões de verrugose são menores. Em folhas podem causar deformação e apresentar saliência em apenas um dos lados. Dificilmente ocorre a formação de halo amarelo ao seu redor. Ao contrário do que acontece com o cancro cítrico, as lesões de verrugose podem ser parcialmente removidas de folhas e frutos e nãoocorrem em folhas de laranja doce, somente em frutos. Leprose em folha Verrugose em folha Verrugose em frutoLeprose em fruto DIFERENÇAS DE OUTRAS DOENÇAS DIAGNÓSTICO Existem diversas metodologias empregadas para o diagnóstico de cancro cítrico. No entanto, na maioria das vezes, em condições de campo a doença pode ser confirmada em amostras de folhas, frutos e ramos apenas pelo reconhecimento dos sintomas típicos. Caso isso não seja possível pode-se utilizar o teste sorológico que é composto por uma pequena bolsa plástica com solução tampão e uma fita específica para detecção da bactéria causadora do cancro cítrico. Basta macerar parte ou toda a lesão dentro da bolsa com tampão e inserir a fita. O resultado aparece em poucos minutos. Duas linhas horizontais vermelhas na fita confirmam a presença da bactéria do cancro cítrico na amostra. Quando o resultado é negativo, apenas a linha controle aparece. Por não exigir infraestrutura e treinamento específicos, essa ferramenta é de grande utilidade tanto em laboratórios como no campo, onde o próprio produtor ou encarregado podem confirmar com segurança a ocorrência de cancro cítrico. Teste sorológico CONTROLE RESULTADO POSITIVO ESTRATÉGIAS DE CONTROLE De acordo com a nova legislação federal, Instrução Normativa nº. 37 de 05/09/2016 (IN 37), as estratégias de controle do cancro cítrico a serem adotadas dependem do status fitossanitário da doença na área, que pode ser quatro: 1. ÁREA COM PRAGA AUSENTE: são os estados da federação sem ocorrência prévia ou presente da doença. Nestes locais, as medidas de controle são focadas na prevenção da entrada do cancro cítrico no estado, como o monitoramento do trânsito de material vegetal e plantio de mudas sadias. 2. ÁREA LIVRE DA PRAGA (ALP): área específica e definida sem ocorrência da doença em estado onde a doença está presente. Nestas áreas, as medidas de controle também são focadas na prevenção da entrada do cancro cítrico pelo controle do trânsito de material vegetal e uso de mudas sadias. 3. ÁREA SOB ERRADICAÇÃO OU SUPRESSÃO: área onde a praga ocorre com distribuição restrita ou em baixa incidência em estado onde a doença está presente. Em pomares nesta situação, o controle do cancro cítrico é feito principalmente pelo plantio de mudas sadias e pela eliminação de plantas cítricas contaminadas e daquelas suspeitas de contaminação. 4. ÁREA SOB SISTEMA DE MITIGAÇÃO DE RISCO (SMR): área onde o cancro cítrico está amplamente distribuído entre as plantas em estado onde a doença está presente. Nestes pomares o controle do cancro cítrico deverá ser realizado por um conjunto de medidas de manejo que visam reduzir o impacto da doença na produção. Além disso, frutas para o mercado in natura deverão ser beneficiadas em unidades de consolidação (UC) para evitar a comercialização de frutas com sintomas da doença. ESTADO DE SÃO PAULO: No estado de São Paulo, conforme determinado pela Resolução da Secretaria de Agricultura e Abastecimento nº. 10 de 20/02/2017 (Resolução SAA 10), a estratégia de controle oficial adotada a partir de 2017 é o SMR. A mitigação de risco permitirá ao citricultor manter as plantas com sintomas de cancro cítrico em seus pomares. As ações que eram concentradas na inspeção de pomares e eliminação de plantas doentes passaram a focar na adoção de medidas integradas de manejo que visam a minimização tanto das perdas provocadas pela doença no campo e em casas de beneficiamento de frutos como dos riscos de comercialização de frutos com sintomas da doença. ESTRATÉGIAS DE CONTROLE INDÚSTRIA: pomares cuja produção é destinada à indústria de suco não precisam ser inscritos no SMR. Frutos destinados à produção de suco dentro do estado em que foram colhidos dispensam a necessidade de higienização e triagem em unidade de beneficiamento antes de serem processados. O cancro cítrico não afeta diretamente a qualidade do suco. O maior potencial de impacto da doença nesses pomares é na redução da produção pela queda prematura de frutos sintomáticos. No entanto, os produtores de fruta para a indústria devem empregar as mesmas medidas de manejo integrado da doença previstas no SMR. Além disso não devem dispensar os cuidados com o transporte da fruta, como por exemplo, a cobertura apropriada da carga para evitar a dispersão involuntária de frutos possivelmente contaminados com a bactéria causadora do cancro cítrico. FRUTA DE MESA: pomares destinados à produção de frutos de mesa para outros estados ou países devem aderir ao SMR. Isso exige, em linhas gerais, a inscrição de pomares e unidades de consolidação no SMR, aplicação de medidas de manejo da doença durante o ciclo de cultivo, liberação para colheita aos pomares com níveis mínimos de frutos sintomáticos e o beneficiamento dos frutos em UC devidamente estruturadas para higienização dos frutos e detecção de lotes de frutos sintomáticos eventualmente colhidos. Estes pomares devem ser acompanhados durante todo o processo por um responsável técnico (RT) e auditado por órgão de defesa sanitária do estado a fim de evitar a comercialização de lotes com frutos sintomáticos e o rechaço de cargas de frutos exportadas. Frutos para mesa produzidos e comercializados dentro do estado não precisam passar por UC. No entanto, a comercialização de frutos com sintomas de cancro cítrico não é permitida. LEGISLAÇÃO QUALIDADE ASSEGURADA UC emite o Certificado Fitos- sanitário de Origem Consoli- dado (CFCO), que atesta a inexistência de sintomas de cancro cítrico nos frutos liberados. LACRE E IDENTIFICAÇÃO Cabe à CDA garantir que a partida enviada seja lacrada na origem e que o número do lacre conste na PTV. CAIXA PLÁSTICA RETORNÁVEL Caso o citricultor opte pelo transporte dos frutos em caixa plástica retorná- vel, o RT encarregado da certificação na origem deverá acrescentar no CFO e CFCO uma Decla- ração Adicional (DA) assegurando que o material foi higienizado. FRUTA DE MESA ADESÃO AO SMR O citricultor solicita à Coorde- nadoria de Defesa Agropecuária (CDA) o cadastramento do imóvel produtor de citros e a inscrição das Unidades de Produção (UP) no Sistema de Mitigação de Risco (SMR) com antecedência mínima de 180 dias em relação à colheita. MEDIDAS DE CONTROLE O controle do cancro cítrico deve ser realizado pelo plantio de mudas sadias, uso de variedades menos suscetíveis à doença, aplicação de bactericidas à base de cobre, plan- tio de quebra-ventos, controle do minador de citros,desinfestação de máquinas e ferramentas. TRANSPORTE Com CFCO em mãos, o citricultor ob- tém a Permissão de Trânsito de Vege- tais (PTV), emitida pela CDA. HABILITAÇÃO PARA COLHEITA Para obter o termo de habilitação para colheita, emiti- do pela CDA, deve-se realizar no máximo até 30 dias antes da colheita prevista a inspeção de 10 mil frutos por UP ou todos os frutos em UP com até 500 plantas. O relatório deve ser assinado pelo citricultor e pelo Responsável Técnico (RT) e enviado à CDA até dez dias após a inspeção. UNIDADE DE CONSOLIDAÇÃO Acompanhados do CFO, frutos ingressam na Uni- dade de Consolidação (UC) para higienização, tria- gem e embalagem. Lotes de frutos com sintoma de cancro cítrico serão destruídos (o termo “destruído” admite o proces- samento pela indústria). PERMISSÃO PARA COLHEITA Em até 15 dias depois de receber o relatório de inspeção, a CDA emite a auto- rização de colheita para as UP que apresentarem no máximo 1% de frutos com sintomas de cancro cítrico e o Certificado Fitossanitário de Origem (CFO). Frutos de UP indeferidas só po- dem circular dentro do estado de São Paulo. INDÚSTRIA PROCEDIMENTOSO citricultor não precisa inscrever o pomar no SMR. Frutos destinados à produção de suco dentro do estado dispensam a necessidade de hi- gienização e triagem em unidade de beneficiamento antes de serem processados. Os produtores devem empregar as mesmas medidas de manejo integrado do cancro cítrico previstas no SMR. MEDIDAS DE CONTROLE MUDAS SADIAS: as mudas são um meio muito rápido e eficiente de disseminação do cancro cítrico. Além disso, pomares jovens são mais vulneráveis ao cancro cítrico pela presença abundante de brotações, suscetíveis às infecções. Desta forma, a aquisição de mudas de citros certificadas, produzidas em viveiros registrados pela Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA), é a primeira medida de controle para a formação de um pomar saudável e para evitar a rápida disseminação da doença nos pomares do estado. Altamente suscetível Pomelo (Grapefruit), lima ácida Galego, limões verdadeiros NÍVEL DE RESISTÊNCIA VARIEDADE/ESPÉCIE Altamente resistente Calamondim, Kumquat Resistente Tangerinas Ponkan, Satsuma, Cleopatra, Sunki Moderadamente resistente Laranja Folha Murcha, lima ácida Tahiti, Mexerica do Rio Moderadamente suscetível Laranjas Pera, Valência, Iapar 73, Tangerinas Clementina, Dancy, Cravo, Tangor Murcott Suscetível Laranjas Hamlin, Westin, Rubi, Seleta Vermelha, Pineapple, Baía, Baianinha, Navelina, Natal VARIEDADE/ESPÉCIE: esta é a medida de controle de menor custo e de maior eficiência. O uso de plantas resistentes ou menos suscetíveis pode dispensar ou reduzir a adoção de medidas de controle complementares. Todas as espécies e variedades comerciais podem ser afetadas pelo cancro cítrico, mas, existem diferenças significativas de suscetibilidade entre os citros. MEDIDAS DE CONTROLE QUEBRA-VENTO: é uma medida essencial em pomares que produzem fruta para mesa. Quando a fruta é destinada à produção de suco o uso de quebra-ventos tem maior importância em pomares de variedades mais suscetíveis ao cancro cítrico ou regiões de topografia acidentada com alta incidência de ventos. As barreiras de quebra-ventos são plantadas nos limites da propriedade e também entre talhões. Os quebra-ventos não devem formar uma barreira compacta, mas permeável. É recomendado colocar os quebra-ventos perpendicularmente à direção dos ventos predominantes ou em sistemas de compartimentação. O espaçamento entre as linhas de quebra-vento pode variar de 100 a 400 metros. O ideal é que sejam instalados antes ou junto com o plantio Corymbia torelliana do pomar para proporcionar proteção nos primeiros anos das plantas de citros, quando são mais suscetíveis ao cancro. As árvores atuam formando um obstáculo natural, reduzindo a velocidade de rajadas de vento e, consequentemente, sua capacidade de disseminar a bactéria do cancro cítrico por gotas de chuva e de causar ferimentos nas folhas pela abrasão de partículas de poeira e atrito de galhos, que facilitam a entrada da bactéria. A espécie Corymbia torelliana é a mais indicada para as condições do estado de São Paulo. Casuarina cunninghamiana também é uma opção como quebra-vento, porém a morte de plantas de casuarina causada pela infestação de brocas no sul do Brasil, Argentina e Uruguai tem desencorajado seu uso como quebra-vento. Corymbia torelliana ESTRATÉGIAS DE CONTROLE COBRE: a aplicação de cobre não previne a entrada da bactéria no pomar. Esta medida ajuda a reduzir a quantidade de sintomas nas plantas e a queda de frutos. Os produ- tos usados são à base de cobre fixo como oxicloreto de cobre, hidróxido de cobre e óxido cuproso. Os cobres fixos apresen- tam baixa solubilidade em água e, por isso, proporcionam efeito residual na planta. Quando aplicados, estes bactericidas for- mam uma camada protetora e agem pre- ventivamente evitando novas infeções em folhas e frutos jovens. As aplicações podem ser realizadas utilizando 40 a 50 mg de co- bre metálico/m3 de copa até atingir 1 kg de cobre metálico/ha. Quando isso ocorrer, as plantas estarão adultas e menos predispos- tas à doença e o aumento da dose não é necessário. O volume de calda pode variar de 40 a 70 mL/m3 de copa. Em pomares jovens que ainda não estão em produção as aplicações devem ser realizadas durante a primavera e verão sempre que houver bro- tações ou a cada 21 dias. Em pomares em produção, as aplicações devem ser realiza- das a cada 21 dias durante 120 dias a partir da floração, até os frutos atingirem 50 mm de diâ- metro aproxima- damente. Depois desta fase as apli- cações podem ser realizadas quando houver brotações apenas. Em pomares com múltiplas flora- das as aplicações devem ocorrer regularmente a cada 21 dias durante a primavera, ve- rão e, caso necessário, início do outono. Aplicações de maio a agosto normalmente são dispensáveis pela baixa ocorrência de chuvas e ausência ou baixa quantidade de folhas e frutos jovens. CONTROLE DO MINADOR DOS CITROS: o minador dos citros (Phyllocnistis citrella) é um inseto que provoca ferimentos na plan- ta, principalmente nas brotações e abre entradas para a penetração da bactéria do cancro cítrico. O controle deste inseto deve ser feito preventiva- mente com insetici- das à base de aba- mectina, quando as plantas apresentam brotações. Inseti- cidas neonicotinoi- des, normalmente utilizados para o con- trole de Diaphorina ci- tri, em plantas de até três anos, também promovem o controle de adultos do minador. INDUTORES DE RESISTÊNCIA: os ingredien- tes ativos mais estudados, com ação com- provada como indutores de resistência sis- têmica adquirida para o controle do cancro cítrico, e com registro comercial para a cul- tura de citros no Brasil são os neonicotinoi- des imidacloprido e tiametoxam. Além de promover o controle de importantes pragas e vetores que afetam os citros, como o psilí- deo D. citri, inseto vetor do huanglongbing (HLB/greening), esses produtos promovem reduções significativas na intensidade do cancro cítrico, principalmente em plantas jovens, com até três anos. Essa redução não ocorre pela ação bactericida desses com- postos ou somente pelo controle do mi- nador dos citros, mas principalmente pela ativação do sistema de defesa natural das plantas. Plantas tratadas com indutores se tornam mais resistentes e dificultam a co- lonização da bactéria causadora do cancro cítrico e a formação de lesões da doença. Estudos recentes indicam que em pomares jovens o controle promovido por estes pro- dutos pode ser similar àquele obtido com aplicações frequentes de cobre. MEDIDAS COMPLEMENTARES: o controle do acesso de pessoas e veículos nos poma- res, instalação de bins, desinfestação de equipamentos e máquinas e inspeções dos pomares continuam sendo importantes. Em alguns pomares a doença poderá levar anos para chegar ou não ser disseminada naturalmente com facilidade. Estas medi- das contribuirão para prevenir ou reduzir a disseminação do cancro cítrico entre dife- rentes talhões ou propriedades. Av. Dr. Adhemar Pereira de Barros, 201 Vila Melhado, Araraquara/SP 16 3301 7000 / 0800 112155 www.fundecitrus.com.br Autor: Franklin Behlau, Ivaldo Sala e Renato B. Bassanezi | Revisão: Jaqueline Ribas Projeto gráfico: Valmir Campos | Fotos: Arquivo Fundecitrus | 2017 © - 3ª Edição atualizada
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