Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Revista Jurídica da Presidência Brasília v. 13 n°100 Jul/Set 2011 p. 375 a 391 375 O princípio da transparência e a compreensão da informação EVANDRO HOMERCHER Mestre em Direito (ULBRA). Especialista em Gestão e Controle da Administração Pública. Auditor Público Externo do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul. Artigo recebido em 28/05/2010 e aprovado em 15/09/2011. 10 SUMÁRIO: 1 Introdução 2 Transparência e legitimidade 3 Transparência e compreensão da informação 4 Conclusão 5 Referências bibliográficas RESUMO: O princípio da transparência incorporou-se ao cotidiano do cidadão, seja na perspectiva de otimizar seu direito fundamental de conhecer dos negó- cios públicos, seja na perspectiva de criar um ambiente de diálogo na formulação de políticas públicas. Numa dimensão pragmática, considera-se a Lei Complemen- tar nº 101/2000, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal, uma normativa básica para o estudo daquele princípio. Com o transcurso da primeira década de vigência desta Lei e partindo dela como texto de referência, mas a ela não se restrin- gindo, cria-se um ambiente favorável à análise do estágio seguinte: que a disponibili- zação da informação deflagra à compreensão da informação, especialmente no Brasil. PALAvRAS-ChAvE: Lei de Responsabilidade Fiscal Princípio da transparência Direito à informação Direito a ser informado. Revista Jurídica da Presidência Brasília v. 13 n°100 Jul/Set 2011 p. 375 a 391 O princípio da transparência e a compreensão da informação 376 The transparency’s principle and the information’s comprehension ABSTRACT: The principle of transpa- rency has been incorporated into the citizens daily routine, be it under the perspective of optimizing their funda- mental right to be fully informed about government business, be it by creating an environment of dialogue in the for- mulation of public policies. From a prag- matic viewpoint, the Complementary Law no. 101/2000 – known as Fiscal Responsibility Law – is considered a ba- sic norm for the study of the said princi- ple. With the passing of the first decade of this law’s existence and its use as a re- ference text, a favorable environment is created for the analysis of the following stage that the availability of information presents, especially in Brazil, that is the comprehension of information. KEywORDS: Law of Fiscal Responsibi- lity Principle of Transparency Right to information Right to be informed. Le principle de la transparence et la comprehension de l´information RÉSUMÉ: Le principe de la transparence s’est incorporé au quotidien du citoyen, soit dans la perspective d’optimiser son droit fondammental de connaître les affaires publiques, soit dans la cre- átion d’une ambiance de dialogue dans la formulation des politiques publiques. Partant d’une approche pragmatique, on prend en compte la Loi Complémentaire n. 101/00, connue comme la Loi de Res- ponsabilité Fiscale, une norme de base pour l’étude de ce principe. La loi est en vigueur depuis une décennie et cela sti- mule la formation d’une ambiance favo- rable à l’analise de l’étage actuel de la compréhension de l’information mainte- nant disponible. MOTS-CLÉS: Loi de Responsabilité Fis- cale Principe de la transparence Droit à l’information Droit d’être informé. Revista Jurídica da Presidência Brasília v. 13 n°100 Jul/Set 2011 p. 375 a 391 Evandro homercher 377 1 Introdução A Lei Complementar nº 101/2000, ou Lei de Responsabilidade Fiscal como mais comumente conhecida, não somente representou um instrumento de equilí- brio das contas públicas, como foi determinante no estabelecimento de uma nova cultura na gestão da coisa pública. Ainda que num primeiro lance possa parecer um diploma monolítico, voltado às questões financeiras e orçamentárias dos entes fede- rados, trata-se de um regramento que lançou bases para um compromisso republi- cano maior, de diálogo entre o cidadão e o Estado para a concretização das políticas públicas. Isso se deve ao tratamento dispensado ao princípio da transparência da gestão fiscal disciplinado nos artigos 48 e 48-A daquela norma. Mas como todo instrumento regulatório, especialmente na seara dos recursos públicos, e já transcorridos dez anos da sua edição, a Lei de Responsabilidade Fiscal não é indene a críticas e sugestões de modificação. O propósito deste texto é uma reflexão sobre o princípio da transparência, não centrada exclusivamente no que é, mas sim no seu objetivo último, ou seja, a efetiva participação do cidadão nas decisões públicas. Esse desiderato não pode ser contemplado só na sua essência formal, como é o caso de assistência às audiências públicas, mas na verdadeira dimensão democrática, ou seja, a possibilidade da compreensão verdadeira do que está posto nos diversos documentos administrativos, o que somente será factível através da qualidade da informação que lhe é disponibilizada. O desenvolvimento desse escrito firmou-se no estabelecimento de certas premis- sas, cujo desvelamento segue o instrumental típico de um texto dessa natureza, me- diante aportes doutrinários, legislativos e jurisprudenciais. Na parte primeira (trans- parência e legitimidade), registra-se a historicidade do princípio da transparência, sua relação com as transformações da década de sessenta do século passado, sua inerência ao valor da democracia e a concepção de legitimidade, a necessidade de dissociação entre transparência e publicidade, ultimando com a relação umbilical da transparência com o direito à informação no aspecto do direito a ser informado. A abordagem da parte segunda (transparência e compreensão da informação) parte do pressuposto de que o direito a ser informado, enquanto dimensão do direito à informação, é um elemento primordial para a perfeita apreensão do sentido que o princípio da transparência espraiou na ordem social e jurídica. Nessa delimitação, lança-se a importância da linguagem acessível como corolário à efetividade da con- cepção da transparência posta na Lei de Responsabilidade Fiscal. Revista Jurídica da Presidência Brasília v. 13 n°100 Jul/Set 2011 p. 375 a 391 O princípio da transparência e a compreensão da informação 378 2 Transparência e legitimidade Ao expressar a transparência como um de seus cânones, a Lei Complementar nº 101/2000 incorporou um valor contemporâneo, pois a visibilidade é uma “norma central de nossa sociedade. A figura do bem passa pelo fato de poder ser mostrado” (AUBENAS; BENASAyA, 2003, p.11), reveladora de um novo paradigma na relação cidadão-Estado. Mas uma concepção normativa do princípio da transparência pressupõe uma historicidade que lhe é própria. Não há possibilidade de dialogar sobre o tema da transparência, mesmo na ótica da Lei de Responsabilidade Fiscal, sem a compre- ensão prévia do desenvolvimento do próprio princípio. No ponto, não há um marco temporal preciso a indicar a integração daquele instituto nos debates públicos. Sua incorporação à consciência jurídica é um movimento típico do século XX, enquanto valor necessário ao desenvolvimento do Estado Democrático (MIRANDA, 1992, p. 207), como posto em relevo por Cerrilo I Martinez (1998, p. 27-28): En los últimos años se ha producido um movimento de apertura de las Administraciones públicas hacia los ciudadanos y ciudadanas con el que se ha roto su tradicional secreto. Este fenômeno, es decir, la posibilidad de poder ver qué pasa trás las puertas de las oficinas públicas, es conocido como “transparencia administrativa”. [...] Este proceso vino impulsado por las exigencias de incrementar la democracia y legitimación de la Adminis- tración pública. De esta forma, podemos considerar que a partir de los años 60 se produce una nueva actitud en los regímens democráticos tendentea la transparencia en la actuación administrativa y, el particular, a la con- sagración del derecho de acesso de los ciudadanos a la documentación administrativa. A este proceso también se incorporó plenamente la Unión Europea en los últimos años de la década de los 80.1 É de se realçar, até pelas especificidades culturais de transformação que década de 1960 refletiu, que o princípio da transparência não teve nos movimentos sociais “Nos últimos anos tem-se produzido um movimento de abertura das Administrações públicas aos cidadãos e cidadãs com o qual se tem rompido seu tradicional segredo. Este fenômeno, ou seja, a possibilidade de poder ver o que acontece atrás das portas dos gabinetes públicos, é conhecido como ‘transparência administrativa’. [...] Este processo veio impulsionado pelas exigências de incrementar a democracia e a legitimação da Administração Pública. Desta forma, podemos considerar que a partir dos anos 1960 se produz uma nova atitude dos regimes democráticos tendente à transparência na atuação administrativa e, em particular, à consagração do direito de acesso dos cidadãos à docu- mentação administrativa. A este processo também se incorporou plenamente a União Europeia nos últimos anos da década de 1980”. (tradução livre) 1 Revista Jurídica da Presidência Brasília v. 13 n°100 Jul/Set 2011 p. 375 a 391 Evandro homercher 379 uma representatividade maior, uma bandeira, uma exigência em relação à admi- nistração pública (CERRILO I MARTINEZ, 1998, p. 29). Este aflora motivado pelas novas relações da administração com o cidadão, pela maximização das intervenções estatais nas mais diversas esferas da vida. Trata-se de um fenômeno que se revelou mais intrínseco da modificação de paradigmas pela própria administração pública. Com a inversão da lógica do poder, preponderando o indivíduo na relação com o Estado, irrompe uma ideia de afastamento, ampliada pela própria construção da representatividade parlamentar. Ao Poder Legislativo, enquanto função de delega- ção popular, atribuiu-se exclusivamente a produção de normas jurídicas. Já à função executiva caberia um caráter auxiliar, de cega aplicação da lei. Logo, cumprindo a legislação, estaria o poder executivo acatando a decisão popular, exercida por seus representantes (CONDESSO, 1995, p. 74). Não havia uma consciência da necessidade de um processo de comunicação entre administração e o cidadão. A lei era o veículo por excelência. Conforme Condesso (1995, p. 75), duas situações foram relevantes à reformula- ção do quadro de dissociação administração – administrado: a) o aumento da com- petência legislativa do poder executivo, criando uma administração que obedece “a si própria”, b) a maior proximidade da Administração com o cidadão, derivada da sua constante “intervenção em todos os domínios da vida social”. Nesse contexto, a manutenção de uma administração pública introversa mostra- -se inconsistente, ante “las reinvindicaciones sociales em favor de la plena incorporación del principio democrático a la actuación pública” (CERRILO I MARTINEZ, 1998, p. 31)2, que se corporifica na idéia de “democracia administrativa”: Quanto à idéia democrática, ela não pode deixar de implicar a realização da democracia administrativa a que corresponderá a cidadania administra- tiva, tradução para o plano da Administração do direito de participação e do conhecimento da actividade pública que o cidadão há muito usufruiu no plano político e que já estava ínsito no Art.º 15º da Declaração dos Direitos do homem e do Cidadão de 1789. (CONDESSO, 1995, p. 55) E nesse movimento de consolidação do ideal democrático no âmbito da admi- nistração pública, torna-se corolário o princípio da transparência: Como pone de relieve Arena: “en nuestra sociedad, sobre todo em los últimos años, la transparencia y la democracia han devenido dos conceptos tan rela- “as reivindicações sociais em favor da plena incorporação do princípio democrático à atuação pública” (tradução livre). 2 Revista Jurídica da Presidência Brasília v. 13 n°100 Jul/Set 2011 p. 375 a 391 O princípio da transparência e a compreensão da informação 380 cionados que no es posible citar uno sin pensar em el outro, de tal modo que parece obvio afirmar que no puede ejercerse uma verdadera democracia sin transparencia y al revés.” (CERRILO I MARTINEZ, 1998, p. 32)3 Enquanto reflexo do princípio democrático no espaço da administração pública, o princípio da transparência torna-se instrumento de legitimidade daquela, numa perspectiva de legitimidade-equidade, ou seja, a transparência como um elo entre a administração pública e o cidadão. Adota-se, em relação à perspectiva de trans- parência-legitimidade, a proposta de Cerrilo I Martinez (1998, p. 33). É na ótica da legitimidade, e não somente de legalidade, que a Lei de Responsabilidade Fiscal proporciona uma nova contextualização da visibilidade do poder público, na medida em que conduz a necessária dissociação entre publicidade e transparência. Se a concepção de publicidade afirmou-se, primariamente, no âmbito da di- vulgação dos atos parlamentares, a fim de satisfazer a presunção de conhecimento por todos da lei, e posteriormente migra para os demais atos administrativos como condição de eficácia dos mesmos, não se pode, com a difusão social e a respectiva integração legislativa do princípio da transparência, pretender manter uma acepção sinônima das expressões, mas aceitar que são institutos jurídicos diversos, ainda que possam ser interagentes em determinadas situações, porque a transparência “ultra- passa o âmbito limitado da publicidade” (MARTINS JÚNIOR, 2004, p. 19). Essa distinção – transparência e publicidade – mostra-se como expressão nor- mativa no artigo 48 da Lei Complementar nº 101/2000, na redação determinada na Lei Complementar nº 131/2009: Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos. Parágrafo único. A transparência será assegurada também mediante: I – incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretri- zes orçamentárias e orçamentos; “Como ressalta Arena: ‘em nossa sociedade, sobretudo nos últimos anos, a transparência e a democracia tem desenvolvido dois conceitos tão relacionados que não é possível citar um sem pensar no outro, de tal modo que parece óbvio afirmar que não pode se exercer uma verdadeira democracia sem transparência, pelo contrário” (tradução livre). 3 Revista Jurídica da Presidência Brasília v. 13 n°100 Jul/Set 2011 p. 375 a 391 Evandro homercher 381 II – liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentá- ria e financeira, em meios eletrônicos de acesso público; III – adoção de sistema integrado de administração financeira e controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder Execu- tivo da União e ao disposto no art. 48-A. Art. 48-A. Para os fins a que se refere o inciso II do parágrafo único do art. 48, os entes da Federação disponibilizarão a qualquer pessoa física ou jurídica o acesso a informações referentes a: I – quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades gestoras no decorrer da execução da despesa, no momento de sua realização, com a disponibilização mínima dos dados referentes ao número do correspon- dente processo, ao bem fornecido ou ao serviço prestado, à pessoa física ou jurídica beneficiáriado pagamento e, quando for o caso, ao procedimento licitatório realizado; II – quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda a receita das unidades gestoras, inclusive referente a recursos extraordinários. Afirmativa nesse sentido a posição de Limberger (2006, p. 70) de que o “enun- ciado proferido pela Lei de Responsabilidade Fiscal não é de publicidade, mas sim de transparência”. A inserção topográfica do princípio da transparência demonstra o distanciamento do seu ideal em relação ao da publicidade na ordem normativa. Enquanto a publicidade se alinha a uma idéia de validação das decisões adminis- trativas, através da sua exteriorização, a transparência não se cinge a este “limitado” âmbito, mas busca, primordialmente, a integração do sujeito, mediante o conhecer, na própria formação das decisões públicas. Cabe aqui referir Gordillo (2003, p. 15): “Pero aun más, se va advirtiendo que la administración no puede ni debe administrar sola: el pueblo administrativo debe participar em la decisión administrativa misma”4. Na abalizada lição de Mileski (2002, p. 27): Assim, a transparência fiscal se revela como um mecanismo democráti- co que busca o fortalecimento da cidadania, servindo de pressuposto ao controle social e foram de valorar e tornar mais eficiente o sistema de controle das contas públicas, na medida em que enfatiza a obrigatoriedade de informação ao cidadão sobre a estrutura e funções de governo, os fins política fiscal adotada , qual a orientação para elaboração e execução dos planos de governo, a situação das contas públicas e as respectivas contas. “Mas ainda mais, adverte-se que a administração não pode nem deve administrar sozinha: o povo administrado deve participar na própria decisão administrativa.” (tradução livre) 4 Revista Jurídica da Presidência Brasília v. 13 n°100 Jul/Set 2011 p. 375 a 391 O princípio da transparência e a compreensão da informação 382 A publicidade incorpora uma noção de legalidade. O princípio da transparên- cia revela uma concepção de legitimidade (MARTINEZ, 1998, p. 33). Reafirmando a dimensão de controle da legitimidade que a transparência induz, é a posição de Mendes (2001, p. 335): O princípio da transparência ou clareza foi estabelecido pela Constituição de 1988 como pedra de toque do Direito Financeiro. Poderia ser conside- rado mesmo um princípio constitucional vinculado á idéia de segurança orçamentária. Nesse sentido, a idéia de transparência possui a importante função de fornecer subsídios para o debate acerca das finanças públicas, o que permite maior fiscalização das contas públicas por parte dos ór- gãos competentes e, mais amplamente, da própria sociedade. A busca pela transparência é também a busca pela legitimidade. Isso se depreende do próprio núcleo-objetivo desse princípio – visibilidade para compreender os assuntos públicos. Ultrapassa-se com tal norma uma noção de con- trole do ato estatal, radicado na sua conformação com o ordenamento jurídico, ideia que a publicidade expressa, para um sentido maior, de zelo “pela íntegra das diretri- zes superiores” (FREITAS, 2004, p. 76). Essa compreensão verte do próprio ordenamento constitucional, que, de forma expressa e peremptória, determina no artigo 31, §3º da Constituição a obrigatorie- dade dos entes municipais deixarem à disposição aos contribuintes, anualmente, as contas municipais, para fins de exame e apreciação. E ao cidadão é deferido o direito de, querendo, questionar-lhes a legitimidade: O termo legitimidade é utilizado pela Lei Maior como possuindo um conteú- do próprio, consistente na adequação de algo, não a letra fria da lei, mas aos princípios e valores que informam o ordenamento jurídico do país e até mesmo a consciência jurídica e moral da nação (BASTOS, 2002, p. 338). Mas a norma constitucional, ao exteriorizar a legitimidade como uma condição de integridade dos atos estatais, impõe, como de forma assecuratória, o direito de acesso do cidadão às contas públicas, enquanto valor republicano que impera desde o advento da Constituição de 1988, a qual “rejeita o poder que oculta e não tolera o poder que se oculta” (BRASIL, 1992). Noutra dimensão, a Lei de Responsabilidade Fiscal, da mesma forma que torna compulsória a divulgação pública dos documentos orçamentários e prestações de contas indicados, revela como necessária a participação do cidadão na sua formação (artigo 48, parágrafo único, inciso I da Lei Complementar nº 101/2001). A trans- Revista Jurídica da Presidência Brasília v. 13 n°100 Jul/Set 2011 p. 375 a 391 Evandro homercher 383 parência assume, assim, papel relevante na estruturação do próprio Estado, numa perspectiva de um buen gobierno: El buen gobierno comprende las tradiciones, instituciones y procesos que determinan como el poder es ejercido, como los ciudadanos utilizan su voz y como las decisiones se toman de acuerdo com el interés general. (ESPA- NhA, 2002, p. 16)5 Nesse ativismo cidadão nos processos de decisões públicas, “a livre discussão é um componente jurídico prévio à tomada de decisão que afeta a coletividade e é im- prescindível para sua legitimação” (LIMBERGER, 2006, p. 39). Assim, a transparência se mostra como “termo que parece tender a uma omnicompreensividade à medida da ânsia dos cidadãos em conhecer tudo o que se mantém oculto em domínios que dizem respeito ou mexe com a vida da colectividade” (CONDESSO, 1995, p. 35). Tal necessidade de visibilidade das ações administrativas, contemporaneamente, não se cinge, tão só, à publicação de atos legislativos, judiciais ou administrativos, mas se relaciona com novas formas de integração do cidadão nas ações estatais, para conformação da realidade social. Aqui se pode lançar que a publicidade tem uma natureza restrita, enquanto condição sem a qual os atos estatais não produzem seus efeitos necessários. Já a transparência ostenta um caráter dinâmico, de participação, envolvimento, mas também de conhecimento. A transparência é integrativa do cidadão nos meandros da administração, seja para participar ou saber. Não obstante essas percepções, o valor da transparência encerra uma condição fática sem a qual a mesma será tão somente mais uma promessa que, efetivamente, um movimento de transformação. Isso decorre da relação necessária entre o princí- pio da transparência e o direito à informação, eis que o “princípio do acesso público às informações fiscais é intrínseco à transparência” (MILESKI, 2002, p. 31). E no contexto do direito à informação, enquanto instrumento que dá voz à transparência, é irrecusável à menção de sua tríplice fisionomia, ou seja, os direitos de informar, de se informar e o direito a ser informado. Essa referência não é mera- mente classificatória, mas representativa de uma visão atual do fenômeno do acesso às informações públicas, cuja inerência ao tema da transparência é inequívoca. “O bom governo compreende as tradições, instituições e processos que determinam como o poder é exercido, como os cidadãos utilizam sua voz e como as decisões são tomadas de acordo com o interesse geral.” (tradução livre) 5 Revista Jurídica da Presidência Brasília v. 13 n°100 Jul/Set 2011 p. 375 a 391 O princípio da transparência e a compreensão da informação 384 No tocante à conformação daqueles direitos – de, de se e a ser informado – especialmente da sua irradiação no âmbito administrativo, averbam Canotilho e Moreira (2007, p. 573, grifos no original): Iv. O direito de informação (nº 1, 2ª parte) integra três níveis: o direito <<de informar>>, o direito << de se informar>>, e o direito << de ser informado>>. O primeiro consiste, desde logo, na liberdade de transmitir ou comunicar informações a outrem, de as difundir sem impedimentos; mas pode tam- bém revestir de forma positiva, enquanto direito a informar, ou seja,direito a meios para informar. O direito de se informar consiste, designadamente, na liberdade de recolha de informação, de procura de fontes de informação, isto é, no direito de não ser impedido de se informar, embora admissíveis algumas restrições à recolha de informações armazenadas em certos arqui- vos (ex: arquivos secretos dos serviços de informação). Finalmente, o direi- to a ser informado é a versão positiva do direito de se informar, consistindo num direito a ser mantido adequadamente e verdadeiramente informado, desde logo, pelos meios de comunicação (cfr. Arts. 38º e 39º) e pelos po- deres públicos (art. 48º - 2), sem esquecer outros direitos específicos à informação reconhecidos na Constituição, directamente (arts. 54º - 5/ a, 55º - 6, 60º - 1 e 268º -1) ou indirectamente (cfr. Arts. 56º - 2/a, 77º -2, etc). 3 Transparência e compreensão da informação O dever estatal de disponibilização de diversos documentos fiscais e orçamen- tários previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal cria um espaço de possibilidades ao cidadão para se inteirar das decisões sobre políticas públicas que lhe digam respeito. Pela natureza da norma, já se pode extrair uma conclusão: o problema não reside mais em assegurar o acesso documental, tanto pela previsão já mencionada, quanto pela própria garantia constitucional do artigo 5º, inciso XXXIII. No contexto atual, não é o direito de acesso o problema, mas sim que a infor- mação propicie a formulação de um juízo de valor a respeito do que lhe é oferecido por diversos canais de comunicação estatal, dito de outra forma, que o cidadão compreenda o que lhe alcança. Assim, hoje, não há mais que se preocupar com os direitos de informar e de se informar, mas principalmente o avanço no tratamento do direito a ser informado no âmbito da administração pública. Mas tal assimilação pressupõe uma menção brevíssima ao próprio direito à informação, cujo referencial está expresso na Decla- ração Universal dos Direitos Humanos de 1948: Revista Jurídica da Presidência Brasília v. 13 n°100 Jul/Set 2011 p. 375 a 391 Evandro homercher 385 Artigo XIX. Todo ser humano tem o direito à liberdade de opinião e expres- são; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras. A liberdade de informação prevista no art. XIX da Declaração de 1948 fixa um primeiro estágio do desenvolvimento do direito à informação enquanto instituto ju- rídico dotado de fisionomia própria. Naquele dispositivo, a liberdade de informação ainda é marcada pelo conteúdo negativo característico dos direitos fundamentais de primeira geração. Como fica claro por sua leitura, uma liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações. Mas desde a Carta de 1948, a evolução dos meios e instrumentos de comunica- ção, a informação enquanto bem comercializável, o desvelamento de novos direitos fundamentais, impulsionaram a visualização autônoma de um direito à informação, destacando-o das liberdades clássicas de opinião e expressão, afastando-o da noção de um direito de primeira geração, de forma a compreendê-lo, na atualidade, como um direito coletivo, conforme ilustrado pelo Superior Tribunal de Justiça: [...] direito à informação é de natureza coletiva, titularizado pela Socieda- de, que o exerce primacialmente por intermédio da informação jornalística, que há de ser livre, essencial que é aos direitos fundamentais e à democra- cia. (BRASIL, 2005) Essa nova dimensão foi acolhida pelo constituinte originário, ao sacar na Consti- tuição de 1988 o direito à informação do seu núcleo histórico – liberdade de opinião e expressão – dotando-o de autonomia normativa, como se extraí da literalidade dos dispositivos constitucionais (artigo 5º, incisos Iv, XIv, XXXIII, todos da Constituição). Em relação ao direito à informação é dito ser assegurado a todos o acesso à infor- mação (artigo 5º, inciso XIv) e que todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse (artigo 5º, inciso XXXIII). Mesmo com fisionomia própria, na sua literalidade a Constituição não delimita, explicitamente, sua dimensão de conteúdo, o que pode levar à interpretação de que aquele contém, tão somente, as condutas preventivas postas na Declaração de 1948 – ou seja, procura, recepção e transmissão da informação. Essa lógica era aceitável no século passado; hoje, numa sociedade da informação, que é a marca do nosso tempo, cede-se espaço a um ambiente mais abrangente quanto à irradiação do di- reito à informação, pois, assegurado o acesso a esta, procura e recepção são seus consectários lógicos, e a transmissão, uma decorrência natural. Deve a interpretação Revista Jurídica da Presidência Brasília v. 13 n°100 Jul/Set 2011 p. 375 a 391 O princípio da transparência e a compreensão da informação 386 atual do direito à informação manifestar-se de forma ampliativa e não minimalista. E como um parêntese, uma visão reducionista implicaria, inclusive, num paradoxo, tendo em conta as novas tecnologias que desnudam o mundo e as pessoas de forma instantânea. Assim, para uma formulação de juízo sobre os assuntos públicos, com a cada vez maior participação do cidadão nas decisões governamentais (consultas públicas, audiências públicas), conceber-se aquele direito somente sob perspectiva de procura e recebimento da informação dissolve sua essência no estágio de nossa sociedade. Na perspectiva da legislação comparada, pode-se buscar como exemplo a previsão do artigo 15º, item 1, do Tratado sobre o funcionamento da União Europeia: “A fim de promover a boa governação e assegurar a participação da sociedade civil, a actuação das instituições, órgãos e organismos da União pauta-se pelo maior respeito possível do princípio da abertura” (UNIÃO EUROPEIA, 2010, p. 54). Dessa forma, não basta que ao cidadão seja garantido o direito de acesso à informação, sob ângulo da procura, recebimento e difusão, é necessário adicionar um novo componente, uma nova dimensão, a de um direito a ser informado. Numa síntese, este direito compreende aquele que tem o público receptor de notícias di- fundidas pelos meios de comunicação a uma informação veraz. Mesmo que radicado no âmbito das relações da mídia com a sociedade, no tocante ao poder público não é o valor de veracidade o elemento primordial, pois esta, inclusive por dever legal, é pressuposta a qualquer ato comunicativo estatal, o relevante, o importante, é o componente qualitativo. Assim, não é o conteúdo valorativo, o dever de veracidade das informações pú- blicas que está em questão, mas sim sua dimensão qualitativa, ou seja, de que a informação prestada seja apta a ser compreendida pelo receptor. Se o direito à in- formação incorpora o direito a ser informado, na órbita pública afirma-se cada vez mais como necessária à efetividade de um direito à explicação: E, pois, partindo de uma avaliação semelhante da conjuntura atual, que tanto o pensador alemão quanto Balle concluem estar a liberdade de in- formação dependendo, nos dias de hoje, da realização de um processo permanente de tradução das informações oriundas do Estado para termos inteligíveis para o homem comum. [...] O direito de ser informado, nos fins do século XX, não pode deixar de implicar também um direito à explicação, sob pena de perder sua própria razão de ser. (SEELAENDER, 1991, p. 147) No Estado Democrático de Direito o processo de comunicação entre o Estado e o cidadão não pode ser traduzido como sinônimo de hermetismo, de uma zona de Revista Jurídica da Presidência Brasília v. 13 n°100 Jul/Set 2011 p. 375 a 391 Evandro homercher 387 exclusão por incompreensão. Esse desafio foi percebido pelo legislador, sendo obje-to de expressa referência no Projeto de Lei nº 41/2010 (BRASIL, 2010) que regula o acesso às informações públicas. Este dispôs no seu art. 5º como dever estatal garan- tir o direito de acesso à informação, que será franqueada, mediante procedimentos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão. O evocado na parte final do preceito – linguagem de fácil compreensão – mostra-se como uma ruptura do louvor à linguagem técnica. É que a efetividade do direito à informação não existe se o documento público que corporifica o objeto da pretensão deduzida seja cognoscível tão somente àqueles que detenham um conhecimento específico da matéria. Um exemplo elucidativo da linguagem técnica. A Lei de Responsabilidade Fiscal ordena no seu art. 48, parágrafo único, inciso II, que a transparência será assegurada, também, mediante liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da socie- dade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira. A pergunta que se faz: será de pleno conhecimento de todos o que seja execução orçamentária e financeira? Se o objeto do direito não é de pronto assimilável, como se pretender que a informação subseqüente seja hábil para estabelecer um potencial juízo de valor. há nesse caso efetividade da norma? Se às informações governamentais, especialmen- te aquelas relativas aos gastos públicos, foco de interesse crescente da sociedade, não forem disponibilizadas de forma que todo o cidadão possa compreender o seu significado e alcance, pode-se afirmar que o princípio da transparência está sendo efetivado? Em relação a este apontamento, cabe menção ao afirmado por Helio Saul Mileski (2002, p. 28) sobre o sentido da transparência: Transparência não significa divulgar por divulgar, dar acesso a informa- ção por dar. O sentido da transparência é promover a participação popu- lar nos atos de governo, democratizando a gestão fiscal, a fim de que o cidadão, tendo conhecimento da ação governamental, possa contribuir para o seu aprimoramento e exercer um controle sobre os atos de go- verno, agindo em colaboração ao sistema oficial de controle da atividade financeira do Estado. Desta forma, não é mais, como em tempos passados, a pouca transparência ou a inexistência de formas de acesso à informação pública o desafio a ser vencido na relação de comunicação entre o Estado e a sociedade, mas sim, que aquele reconhe- ça como inerente ao princípio democrático o seu dever de se explicar claramente. Revista Jurídica da Presidência Brasília v. 13 n°100 Jul/Set 2011 p. 375 a 391 O princípio da transparência e a compreensão da informação 388 4 Conclusão A edição da Lei de Responsabilidade Fiscal firmou uma nova cultura na Adminis- tração Pública brasileira. A afirmação do princípio da transparência nesse diploma revelou-se dotada de autonomia em face dos regramentos de ordem financeira e orçamentária próprios daquela lei, ampliando assim a dimensão de sentido da norma, na medida em que estabeleceu uma nova forma de relacionamento entre o cidadão e os entes estatais. Na sua essencialidade, o princípio não somente convoca o cidadão a ser um parceiro na gestão das ações do poder público, como criou um ambiente para um exercício efetivo do controle social da administração pública. Mas a ideia de com- partilhamento, no seu duplo sentido – gestão/controle – encontra-se ainda num estágio intermediário, pois uma assimilação plena das potencialidades derivadas da transparência tem como pressuposto a concreta possibilidade de formulação de juízos de valor sobre as ações estatais por parte do cidadão. Nesse contexto, um novo processo democrático mostra-se emergente e neces- sário, na medida em que a introversão, que era a característica dos modelos adminis- trativos pretéritos à Constituição, foi substituída por um regime de extroversão, cuja moldura está exposta no artigo 5º, inciso XXXIII da Lei Fundamental. O importante neste dispositivo, para a percepção hodierna do princípio da transparência, reside em que o direito à informação não pode ser interpretado de forma minimalista, de molde a ver tão somente um direito de procura e recebimento da informação, mas mais do que isso, que ao cidadão seja assegurado o direito a ser informado. Mas a ampliação do direito de acesso às informações públicas, ainda que seja uma identidade natural ao regime democrático, não significa o estabelecimento de uma relação informacional propriamente considerada. No caso da Lei de Responsabi- lidade Fiscal, o alargamento da esfera de conhecimento propiciada no capítulo rela- tivo à transparência é somente o primeiro componente de uma concepção complexa como é a da informação. É que a informação não pode ser confundida com os dados passíveis de acesso, pois aquela é a síntese da compreensão do conteúdo do documento. Logo, só é com- pletado o ciclo da informação se ao agente receptor torne-se inteligível o que está expresso nos documentos públicos. Isso significa agregar componentes qualitativos, ou seja, a informação prestada deve ser apta a ser compreendida pelo cidadão. Se com a edição da Lei de Responsabilidade Fiscal a cultura da transparência foi Revista Jurídica da Presidência Brasília v. 13 n°100 Jul/Set 2011 p. 375 a 391 Evandro homercher 389 apresentada aos cidadãos, convocando-o a ser um parceiro na gestão e controle das ações do Poder Público, passados já dez anos de vigência daquele diploma legal, o grande compromisso público é a forma de expressão dos dados detidos pela admi- nistração pública e disponibilizados à sociedade. Assim, resguardado os objetivos propostos na Lei de Responsabilidade Fiscal, com seus dispositivos enunciativos da transparência, permite-se concluir que não é mais o direito de acesso à informação o obstáculo a ser vencido, mas sim a clareza e a possibilidade de compreensão dos dados disponibilizados pela administração pública, que não só foram eleitos como um direito fundamental do cidadão, mas, principalmente, um dever fundamental do Estado. 6 Referências bibliográficas AUBENAS, Florence; BENASAyAG, Miguel. A fabricação da informação. Trad. Luiz Paulo Rouanet. São Paulo: Loyola, 2003. BASTOS, Celso Ribeiro; MARTINS, Ives Gandra. Comentários à Constituição do Brasil. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2002, v. 3, t. 2. BRASIL. Senado Federal. Projeto de Lei da Câmara nº 41/2010. Lei Geral de Acesso à Informação. Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras pro- vidências. Autor: Dep. Reginaldo Lopes. Disponível em: <http://legis.senado.gov.br/ mate-pdf/76710.pdf>. Acesso em: 24 de maio de 2011. ________. Superior Tribunal de Justiça. Ação Penal nº 388/DF. Ação penal originária. Cri- mes contra a honra. Lei nº 5.250/67. Direito de informar e direito à informação. Nature- za relativa. Proteção constitucional à honra. Queixa. Recebimento parcial. Relator: Min. hamilton Carvalhido. Data do Julgamento: 15 de junho de 2005. Data da Publicação: 26 de setembro de 2005, p. 160. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/webstj/Pro- cesso/justica/detalhe.asp?numreg=200401560171>. Acesso em: 24 de maio de 2011. ________. Supremo Tribunal Federal. Mandado de Injunção nº 284/DF. Mandado de injunção. Natureza jurídica. Função processual. ADCT, art. 8, parágrafo 3º (Portarias reservadas do Ministério da Aeronáutica). A questão do sigilo. Mora inconstitucional Revista Jurídica da Presidência Brasília v. 13 n°100 Jul/Set 2011 p. 375 a 391 O princípio da transparência e a compreensão da informação 390 do Poder Legislativo.Exclusão da União Federal da relação processual. Ilegitimidade passiva ad causam. Writ deferido. Relator: Min. Marco Aurélio. Relator para Acórdão: Min. Celso de Mello. 26 de junho de 1992, p. 10103. Disponível em: <http://www. stf.jus.br/portal/geral/verPdfPaginado.asp?id=81767&tipo=AC&descricao=Intei ro%20Teor%20MI%20/%20284>. Acesso em: 24 de maio de 2011. CANOTILhO, Joaquim José Gomes; MOREIRA, vital. Constituição da República Portu- guesa Anotada. 1. ed. brasileira. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. CERRILO I MARTINÉZ, Agusti. La transparencia administrativa: Unión Europea y me- dio ambiente. valencia: Tirant Lo Blanch, 1998. CONDESSO, Fernando. Direito à informação administrativa. Lisboa: Pedro Ferreira, 1995. ESPANhA. Universitat Politécnica de Catalunya. Fundación Amics. Transparencia y buen gobierno. Catalunya: Içaria Editorial, 2002. FREITAS, Juarez. O controle dos atos administrativos. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 2004. GORDILLO, Agustín. Tratado de Derecho Administrativo. 7. ed. Belo horizonte: Del Rey, 2003, v. 1. LIMBERGER, Têmis. Transparência administrativa e novas tecnologias: o dever de publicidade, o direito a ser informado e o princípio democrático. Interesse Público. Porto Alegre, n. 39, 2006. MARTINS JÚNIOR, Wallace Paiva. Transparência administrativa. São Paulo: Saraiva, 2004. MENDES, Gilmar Ferreira Mendes. Comentários aos artigos 48 a 59. In: MARTINS, Ives Gandra; NASCIMENTO, Carlos valder do (Orgs.). Comentários à Lei de Responsa- bilidade Fiscal. São Paulo: Saraiva, 2001. MILESKI, Helio Saul. Transparência do Poder Público e sua fiscalização. Interesse Público. Porto Alegre, 2002 [Ed. especial: Lei de Responsabilidade Fiscal]. MIRANDA, Jorge. O direito de informação dos administrados. In: SARAIvA, Paulo Lopo (Org.). Antologia luso-brasileira de direito constitucional. Brasília: Brasília Ju- rídica, 1992. Revista Jurídica da Presidência Brasília v. 13 n°100 Jul/Set 2011 p. 375 a 391 Evandro homercher 391 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948. Disponível em: <http://unicrio.org.br/img/DeclU_D_humanosversoInternet. pdfwww.onu-org.br>. Acesso em: 28 de maio de 2011. SEELAENDER, Airton Leite. O direito de ser informado – base do paradigma moderno do direito de informação. Revista de Direito Público, São Paulo, n. 99, 1991. UNIÃO EUROPEIA. Versão Consolidada do Tratado Sobre o Funcionamento da União Europeia. Jornal Oficial da União Europeia. 30 de março de 2010. Disponível em: <http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?Uri=OJ:C:2010:083:0047:020 0:PT:PDF>. Acesso em: 29 de maio de 2011. Capa e expediente Evandro
Compartilhar