Buscar

Unidade 1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Formação do Brasil Colonial
Aula 1
Exploração do território e consolidação do projeto colonizador.
Em 9 de março de 1500, a armada de Pedro Álvares Cabral saía de Lisboa. Eram mais de 1.500 homens em 13 navios que, tendo sua tripulação devidamente munida das informações fornecidas por Vasco da Gama, obtidas no ano anterior, partiam segundo um planejamento cuidadosamente feito para repetir a ligação marítima direta com as Índias. A documentação largamente estudada pela historiografia, seja de orientação tradicional ou mais recente, indica que a frota tinha como destino chegar às Índias, muito embora tenham sido levantadas hipóteses quanto à existência de um conhecimento anterior das terras, à execução de um plano secreto de posse da terra ou, ainda, se teria sido fruto do acaso. Isso não impede de inferir que a experiência das navegações realizadas anteriormente havia possibilitado aos portugueses navegar pela costa brasileira. Seguindo essa concepção, pouco importa a que se deveu a chegada dos portugueses ao Brasil, é preciso compreender as razões da exploração e as especificidades da sociedade que se constituiu em seguida. Esse debate serve como ponto de partida para começarmos a pensar o Brasil depois de 1500 como parte da construção de um império marítimo-comercial, cujos traços se delineavam naquele momento, consolidando-se tempos depois.
Nos anos de 1501 e 1503, Portugal enviou expedições exploratórias para o Brasil e, até 1530, quando chegou a expedição de Martim Afonso de Sousa, com o objetivo de tomar posse da terra conquistada, a ocupação se deu por meio do que a historiografia convencionou chamar de colonização de feitorias. Durante esses anos, não houve nenhuma tentativa de instauração de órgãos administrativos ou jurídicos nem de legislação voltada para a terra recém-descoberta. Inicialmente, pensou-se que a nova terra não possuía muitos atrativos, e a sua natureza era descrita como exótica e diversificada, da qual foi possível a extração do pau-brasil, destinada à produção de corante e à construção de embarcações, dada a qualidade e a resistência da madeira. O sistema de feitorias caracterizava-se, fundamentalmente, pelo predomínio dos interesses da burguesia mercantil lusitana e, como nos diz Fernando Novais, circunscrevia-se nos limites da circulação de mercadorias. O grande lucro dos portugueses dava-se na diferença entre os preços de compra e venda, devido à raridade dos produtos fornecidos à Europa, o que garantia seus preços compensadores. O processo produtivo, seja das especiarias, seja do ouro africano, era desconhecido, e, ao preço da aquisição, somava-se o cálculo dos gastos na armação das frotas e sua equipagem (LINHARES, 1990, p. 54). Esse sistema era aplicado também para a exploração do litoral africano, e os lucros auferidos com o exclusivo sobre o comércio com o Oriente tornaram Lisboa o centro de um império comercial, não justificando o deslocamento dos recursos para a ocupação de uma terra que não oferecia riquezas comerciais — tal como a carreira das Índias — nem ouro, prata e metais preciosos.
A efetiva ocupação territorial e a superação do esquema das feitorias como possibilidade de povoamento e exploração começaram a se delinear com a expedição de Martim Afonso de Sousa, entre os anos de 1530 e 1533. Enviada por D. João III (1521-1557), a missão deveria expulsar corsários que incursionavam pela costa brasileira, investigar a existência de metais preciosos, explorando o litoral até o Rio da Prata, e promover a ocupação, distribuindo terras em caráter não hereditário entre aqueles que viajaram com ele (FAUSTO, 2004, p. 43). Junto com ele, vieram também as primeiras mudas de cana-de-açúcar — suficientes para iniciar um cultivo sistemático — e homens de origem italiana, portuguesa e flamenga com experiência na atividade açucareira na Ilha da Madeira. Porém, as prerrogativas para a concessão de terras não equivaleram ao sucesso da empreitada, tornando necessária a tentativa de centralização com a instauração do governo-geral, a partir de 1549.
A doação das capitanias não tornava os donatários proprietários da terra administrada, mas detentores da posse, condição que permitia o exercício de poderes administrativos e econômicos, como a arrecadação de tributos da exploração do pau-brasil, da atividade mineral e da pesca, dos quais lhes cabia uma parcela. Além disso, deveriam fundar vilas, doar sesmarias, efetivando a ocupação, e alistar colonos, a fim de criar grupos de defesa sob seu comando.
Aula 2
Aspectos econômicos: o açúcar e a mineração, expansão agropecuária e subsistência.
Alguns fatores foram preponderantes para que D. João III decidisse instalar um governo-geral no Brasil. Como um dos mais importantes, destacam-se o insucesso do sistema de capitanias hereditárias e as incursões francesas ao litoral, especialmente no Rio de Janeiro, com apoio da burguesia inglesa. Em 1548, foi enviada a expedição de Tomé de Sousa para estabelecer um controle mais direto por meio de um governador e outros representantes diretos do poder régio. Era preciso integrar o Brasil no império marítimo português e expandir a ocupação para o interior do território. Foram a grande propriedade, a mão de obra escrava e a produção açucareira os elementos sobre os quais se fundou o processo de colonização, constituindo-o. Caio Prado Júnior (1994, p. 144), parafraseando Heródoto, afirma que o Brasil é um “dom do açúcar”, uma vez que a sua indústria serviu de base material para o estabelecimento do europeu neste território. Há dois períodos caracterizados pela historiografia a partir do critério da produção e comercialização do açúcar. O primeiro compreende os anos de 1570 a 1670, marcados pela expansão da quantidade de engenhos, pelo crescimento da produção e pelo elevado preço do produto no mercado europeu, sendo interrompido pelos efeitos das invasões holandesas nas capitanias de Pernambuco e da Bahia. As invasões holandesas afetaram negativamente a produção em Salvador, porém, como vimos anteriormente, o mesmo não se pode dizer quanto a Pernambuco, exceto quando essa capitania teve seus recursos voltados para as lutas contra os holandeses, na segunda invasão, momento em que a escassez do açúcar supervalorizou o produto no mercado europeu. A segunda fase começa na década de 1670 e é caracterizada pelo declínio da produção açucareira, cujas causas geralmente apontadas são a concorrência do açúcar antilhano e a exploração do ouro.
Uma representação cartográfica importante desse período é a Tabula hec regionis magni Brasilis, ou Terra Brasilis, atribuída aos cartógrafos Lopo Homem e Pedro e Jorge Reinel, no ano de 1519, pertencente à Biblioteca Nacional da França. Ela representa o escambo do pau-brasil no século XVI, sendo considerada a primeira carta econômica do Brasil e a primeira imagem do desmatamento no país. A Biblioteca Nacional possui uma reprodução que você pode acessar clicando aqui.
Em relação à economia do açúcar, a exploração aurífera deslocou populações do litoral, contribuiu para o aumento no preço da mão de obra escrava e transferiu o centro administrativo do nordeste para o centro-sul do país, o que se evidencia na transferência do vice-reinado da Bahia para o Rio de Janeiro em 1763: de lá saíam os carregamentos de ouro, e por lá entravam suprimentos e escravos. À medida que a colonização avançava, seja geograficamente para o interior, seja economicamente quanto à consolidação da estrutura produtiva, atividades de extrativismo e culturas de subsistência foram sendo implantadas, considerando tanto as necessidades dos colonos — isto é, era preciso produzir alimentos para consumo e sobrevivência da população — ou quanto às implicações da empresa colonial, o que podemos exemplificar com a cultura do tabaco (que avança pelo século XVIII), produto utilizado no comércio de escravos na costa africana. Quanto ao extrativismo, a exploração do pau-brasil continuou por todo o período colonial, em função da demanda europeia pelo corante na produção de tecidos e madeira paraa navegação, mas a sua comercialização utilizou rotas já consolidadas, e o surgimento de outros produtos acabou por arrefecer sua importância no conjunto das exportações.
A economia brasileira conseguiu vivenciar transformações sem, contudo, promover mudanças na estrutura construída no período colonial. Dessa maneira, manteve-se agrária, monocultora, latifundiária, dependente do mercado externo e da mão de obra escrava até fins do século XIX, apesar das transformações ocorridas durante o Império, particularmente durante o Segundo Reinado.
Aula 3
Trabalho na Colônia: escravização indígena e negra no Brasil Colonial.
É preciso considerar que a estrutura da produção açucareira, suas tecnologias e a posição do açúcar no mercado europeu foram fundamentais para a constituição das relações sociais, delineando as posições dos senhores de engenho, escravos e comerciantes. A historiografia que estuda a sociedade brasileira colonial a partir da divisão do trabalho a caracteriza como escravista, não pela óbvia constatação da utilização de mão de obra escrava, mas devido ao impacto da distinção entre livres e escravos na estruturação hierárquica da sociedade, à demarcação de atitudes senhoriais, à distinção daqueles considerados socialmente inferiores e à percepção das gradações dos segmentos sociais existentes entre esses dois extremos.
A vigência legal da escravidão indígena durou de 1500 a 1570 e foi caracterizada pela coerção, pelas guerras de apresamento, pela suscetibilidade indígena às patologias trazidas pelo europeu e pela mortalidade nas lides do engenho e nos conflitos. Ao chegarem, os portugueses encontraram grupos tupi-guarani desde o litoral do Maranhão até São Vicente, dentre esses, os tupinambás, predominantes na Bahia, porém presentes desde Sergipe até Camamu, entre outros. As comunidades praticavam a agricultura de subsistência, havendo pouca troca de artigos entre aldeias, portanto não havia a acepção de lucro tal como entre os europeus nem a noção de esgotamento da capacidade técnica de trabalho ou de organização racional do tempo para otimização da produtividade, mas apenas a produção de autoconsumo. As tradições culturais e as expressões de relação com o sagrado eram consideradas pelos jesuítas (cujas fontes produzidas nos dão a conhecer muito do cotidiano indígena do período) uso improdutivo do tempo disponível.
Com a criação do sistema de donatarias, a partir de 1530, a racionalização do trabalho e da produção requerida pela empresa açucareira demandava uma nova organização do trabalho, à qual o escambo não mais atendia, passando os portugueses a recorrerem à escravidão. Vejamos o que diz Schwartz a respeito da passagem do escambo à escravidão:
O escambo enquadrava-se, de maneira muito simples, nos padrões culturais tradicionais, mesmo quando o que estava sendo trocado era o trabalho coletivo temporário da construção. Já o trabalho na grande lavoura não se ajustava àqueles padrões. Evidentemente as culturas indígenas tinham capacidade de adaptação; todavia o que os portugueses demandavam ia de encontro a aspectos fundamentais da vida e da mentalidade dos nativos. Para estes últimos, agricultura era ‘trabalho de mulher’. Se um homem conseguisse o suficiente para comer e algumas ferramentas e armas novas, por que haveria de desejar ou trabalhar por mais? [...] O índio — visivelmente capaz de grandes esforços — era considerado um preguiçoso nato e alguém com quem não se podia contar. Levados para os engenhos, recusavam-se a trabalhar; [...] ou simplesmente fugiam. Recusavam-se a responder às condições objetivas de mercado criadas pelos portugueses. Assim, as formas de produção estabelecidas não foram simplesmente uma questão de escolha por parte dos europeus; sofreram também influência da natureza da sociedade indígena e da dinâmica interna das percepções e necessidades dos nativos.
(SCHWARTZ, 1988, p. 45)
A questão social decorre e se acirra a partir da Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra no século XVIII. A aceleração dos bens de produção causou não só o desenvolvimento econômico, inovações tecnológicas e o processo de globalização por meio das novas relações de produção, que se instauram a partir de então, com vistas a atingir os objetivos da expansão comercial, mais do que isso, trouxe para os trabalhadores impactos definitivos na forma de organização da classe enquanto classe, posto que, dicotomicamente, os trabalhadores começaram a vislumbrar a substituição de sua força de trabalho por máquinas sofisticadas e, consequentemente, o surgimento de novos papéis no interior do modelo econômico, no qual passam a vender sua força de trabalho para os donos do capital.
A compreensão de que, aliado à mercantilização da mão de obra, observa-se o crescimento do processo de migração do campo para a cidade, proporcionando uma aceleração do processo de urbanização, surge em conjunto com problemas não só de ordem ambiental, mas principalmente social, como, por exemplo: fome, escassez de moradias, prostituição, violência, drogadição, entre outros.
Decorre, desse modo, a necessidade de controlar as refrações da questão social com a criação de políticas públicas sociais. Portanto, as manifestações da questão social fazem com que o Serviço Social passe a atuar com vistas à superação da realidade de exclusão a que estão submetidos determinados indivíduos, grupos ou comunidade. O profissional é impelido a atuar de forma crítica e propositiva no interior da sociedade, a fim de contribuir com a diminuição da desigualdade social, política e econômica.
Quais foram as razões iniciais da colonização portuguesa?
Ao dar início ao processo de colonização do Brasil, Portugal almejava explorar riquezas e dominar o território. Nos primeiros 30 anos após o descobrimento, as iniciativas desse projeto foram tímidas, porém, gradualmente, a extração de matérias-primas locais tornou a colônia fundamental à potencialização do comércio português no capitalismo europeu.
Quais as características da organização política a America Portuguesa?
Nos anos iniciais da colonização, foram estabelecidas as chamadas feitorias, grandes entrepostos nos quais eram armazenadas as mercadorias a serem transportadas para Portugal. Posteriormente, as terras brasileiras foram divididas em capitanias para assegurar a ocupação do território. Como esse projeto não foi exitoso, em 1548, foi estabelecido o governo-geral de Tomé de Souza para expandir a ocupação para o interior e afastar as tentativas de invasão da parte de incursões francesas no litoral do Rio de Janeiro.
Qual o significado do trabalho escravo no contexto da colonização?
Significou o estabelecimento de uma sociedade cuja divisão do trabalho desencadeou relações hierárquicas entre senhores e escravos. O trabalho servil foi uma das bases do projeto colonial, sem o qual seria impossível a extração e a transposição das riquezas brasileiras para o comércio português. Marcada pela extrema desumanização, a escravidão é, por vezes, percebida como um mal necessário ao desenvolvimento histórico do Brasil. Tal visão retira desse fenômeno o seu lado trágico, que impulsionou o capitalismo europeu e destruiu milhares de vidas.

Outros materiais