Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/261126634 Cronobiologia na Alimentação e Nutrição; Chronobiology in Food and Nutrition Thesis · October 2013 CITATIONS 0 READS 1,484 1 author: Daniela Costa University of Porto 1 PUBLICATION 0 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Daniela Costa on 27 March 2014. The user has requested enhancement of the downloaded file. Cronobiologia na Alimentação e Nutrição Chronobiology in Food and Nutrition Daniela Alexandra Ferreira da Costa Orientação: Professora Doutora Rosa Maria Vilares dos Santos Coorientação: Dr. Pedro Miguel Fernandes Ramos Carvalho Revisão temática 1.º Ciclo em Ciências da Nutrição Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto Porto, 2013 iii Resumo Os ciclos de rotação e translação da Terra despoletou diversos ciclos nos seres que nela habitam, permitindo a evolução dos seus relógios internos, assim todas as espécies do nosso planeta possuem mecanismos que lhes permitem adaptar- se e até prever alguns eventos, o que possibilita e maximiza a sua sobrevivência. Nos mamíferos existe um relógio biológico central, nos núcleos supraquismáticos do hipotálamo, e relógios periféricos em órgãos como o fígado, o tecido adiposo e o intestino. Estes relógios são sincronizados pela luz, padrões de sono, alimentação, exercício, etc. Nos últimos anos, temos adotado estilos de vida muito diferentes dos praticados ao longo da nossa evolução, causando disrupções nos ritmos biológicos que podem potenciar algumas doenças, como doenças metabólicas, doenças cardiovasculares e cancro, aumentando a morbilidade e a mortalidade. Desta forma, torna-se relevante o restabelecimento desses ritmos ou encontrar alternativas para minimizar os efeitos das disrupções. A ciência que se dedica ao estudo da influência dos efeitos do tempo nos sistemas biológicos é a Cronobiologia, e o maior contributo que poderá trazer às Ciências da Nutrição será quando nos permitir saber qual a altura do dia, ou do ano, em que determinado nutrimento faz mais falta ao nosso organismo. Este trabalho é sobre a Cronobiologia na Alimentação e na Nutrição e teve como objetivo rever evidência científica recente sobre como a alimentação pode influenciar os ritmos biológico e vice-versa, e também outros aspetos importantes para a sincronização circadiana, como o sono, bem como mencionar o que é possível pôr em prática atualmente. Palavras-chave: Cronobiologia e alimentação, ritmos circadianos, sono e alimentação iv Abstrat Rotation and translocation cycles of the earth triggered several cycles in the beings that live in it, allowing the evolution of their internal clocks, therefore, all the species of our planet hold mechanisms which allow them to adapt and to anticipate some events, enabling and maximizing their survival. In mammals, there is a central biological clock, in the suprachismatic nucleus of the hypothalamus, and peripheral clocks in organs like liver, adipose tissue and gut. These clocks are synchronized by the light, sleep patterns, food, exercise, etc. Over the years, we have been adopting very different lifestyles from the ones practiced during our evolution, causing disruptions in the biological rhythms which can cause some diseases, such as metabolic diseases, cardiovascular diseases and cancer, raising the morbility and the mortality. This way, it is relevant to reestablish these rhythms or to find alternatives to minimize the effects of disruptions. The science which studies the influence of the time effects on biological systems is the Chronobiology, and the biggest contribute that it may bring to Nutrition Sciences will be when it will allow us to know in which time of the day, or of the year, there is a lack of a certain nutrient in our body. This essay is about the Chronobiology in Food and Nutrition and its aim is to review the recent scientific evidence about the way as food can influence the biological rhythms and vice-versa, and also some important aspects for the circadian synchronization, such as sleep, as well as to mention what is possible to implement nowadays. Keywords: Chronobiology and food, circadian rhythms, sleep and food v Índice Lista de Abreviaturas ............................................................................................. vii Introdução .............................................................................................................. 1 Conceitos gerais de Cronobiologia e a sua Aplicação na Nutrição ........................ 1 Cronobiologia dos Sistemas e do Metabolismo ...................................................... 3 Cronótipos e Hábitos Alimentares .......................................................................... 5 Importância do Sono para a Alimentação e Estado Nutricional .............................. 6 Melatonina – Hormona do Sono ......................................................................... 7 Timing da Alimentação ........................................................................................... 9 Frequência e Regularidade de Refeições ........................................................... 9 Horários de Refeições e a Composição destas ................................................ 10 Pequeno-almoço ............................................................................................ 10 Outras Refeições ........................................................................................... 11 Análise Crítica ...................................................................................................... 13 Conclusões ........................................................................................................... 15 Nota final .............................................................................................................. 15 Referências Bibliográficas .................................................................................... 17 vi vii Lista de Abreviaturas AAA- Atividade Antecipatória da Alimentação CB – Ciclo(s) Biológico(s) CT - Cronótipo DM2 – Diabetes Mellitus Tipo 2 EP – Excesso de Peso HC – Hidratos de Carbono HTA – Hipertensão Arterial IG – Índice Glicémico IMC – Índice de Massa Corporal Mat – Matutino(s) NREM – Non Rapid Eyes Movement (Movimento Não Rápido dos Olhos) NSQ – Núcleos Supraquismáticos PA – Pequeno-almoço RB- Relógio biológico REM - Rapid Eyes Movement (Movimento Rápido dos Olhos) RP – Relógios Periféricos Vesp – Vespertino(s) 1 Introdução Os ciclos de rotação e translação do nosso planeta despoletaram diversos ciclos nos seres que nele habitam, permitindo a evolução dos seus relógios internos, que controlam não só os seus comportamentos como a sua fisiologia(1, 2). Assim, todas as espécies do nosso planeta possuem mecanismos que lhes permitem adaptar-se e até prever alguns eventos, o que possibilita e maximiza a sua sobrevivência(1). A esta sequência de eventos, que se repetem na mesma ordem e nos mesmos intervalos, chamamos ritmos ou ciclos biológicos (CB)(3, 4). Um exemplo, os ritmos circadianos têm a duração aproximada de um dia, entre 20 e 28 horas. Já, os ultradianos, duram menos de um dia e os infradianos, mais deum dia(3, 4). A ciência que se dedica ao estudo destes CB é a Cronobiologia(3, 5). O maior contributo que a Cronobiologia poderá trazer às Ciências da Nutrição será quando nos permitir saber qual a altura do dia, ou do ano, em que determinado nutrimento faz mais falta ao nosso organismo. Conceitos gerais de Cronobiologia e a sua Aplicação na Nutrição Pode parecer estranha a primeira vez que ouvimos falar de um relógio biológico (RB), mas se tivermos em conta o número de vezes que já acordámos mesmo antes do despertador tocar ou que sentimos fome, mesmo sem termos visto comida, exatamente às mesmas horas, percebemos que se deve a um sistema interno de temporização(2). Nos mamíferos o principal RB é constituído por aglomerados de neurónios localizados nos núcleos supraquismáticos (NSQ) do hipotálamo(4). O RB sincroniza os relógios periféricos (RP) que se encontram em órgãos como o fígado, o rim, o coração, o pulmão, o tecido adiposo, o pâncreas, o intestino e o 2 músculo, que se baseiam em osciladores celulares construídos a partir de um conjunto de genes relógio(1, 2, 6, 7). O sincronizador mais poderoso é a luz. A luminosidade atinge a retina e daí envia informação aos NSQ(1). Outros sincronizadores como a temperatura corporal, horários das refeições, restrição alimentar e o horário da prática de atividade física, são muito importantes para os RP, pois estes não respondem a estímulos luminosos(7). Estes sincronizadores quando ocorrem isolados têm pouco impacto nos NSQ, contudo quando conjugados, já são capazes de afetar o RB. Assim os horários alimentares e a restrição energética podem ajudar a ajustar ritmos(2, 4). Experiências de restrição alimentar e alteração dos horários das refeições habituais em roedores mostraram que ao fim de alguns dias há um aumento da sua atividade locomotora, da secreção de corticosterona, da temperatura corporal, entre outros, como forma de antecipação da refeição, ao que se chama, atividade antecipatória da alimentação (AAA). Como o horário da refeição é um potente sincronizador dos RP, mas tem pequena influência nos NSQ, pensa-se que existe um oscilador circadiano da alimentação, fora dos NSQ, responsável pela AAA e capaz de ser afetado pela palatibilidade, por exemplo(2, 8-10). Atualmente existem condições sociais com horários muito irregulares e/ou diferentes dos praticados ao longo da nossa evolução, como por exemplo o jet lag e o trabalho por turnos. Estas situações desregulam os nossos ritmos, pois alteram a sincronização com o ambiente, afetando os períodos de sono e o estado de vigília, a temperatura e a libertação de algumas hormonas(2). Estas disrupções podem potenciar algumas doenças, como doenças metabólicas e cardiovasculares, patologias gastrointestinais, cancro e algumas perturbações mentais, aumentando a morbilidade e a mortalidade(1, 2, 6, 7, 11). 3 Cronobiologia dos Sistemas e do Metabolismo Muitos órgãos e sistemas do nosso organismo apresentam um comportamento circadiano ao nível do seu funcionamento e das suas atividades, assim como os produtos que deles resultam (hormonas, enzimas, etc). O tecido adiposo atualmente já não é visto apenas como o depósito de gordura corporal, mas como órgão endócrino, e tem sido documentado que os seus relógios controlam oscilações circadianas de leptina, glicose, triglicerídeos, ácidos gordos livres e colesterol LDL (Low-Density Lipoprotein) no plasma. Os ritmos no tecido adiposo mantêm a homeostasia do tecido e a homeostasia da energia. Este tecido participa também na regulação temperatura corporal, que tem igualmente comportamento circadiano e é capaz de influenciar o apetite(8). A leptina é uma hormona libertada pelos adipócitos, que regula a fome/saciedade e a ingestão alimentar, apresenta níveis elevados no plasma sanguíneo à noite, quando o apetite diminui, favorecendo a fase de jejum e descanso; Durante o dia decresce, quando a fome aumenta, sendo os seus valores mais baixos entre as 8 e as 16 horas, aumentando lentamente a partir dessa altura(7, 9). A restrição do sono afeta os níveis de leptina, contribuindo para o aumento do apetite(12). Já a grelina, uma hormona produzida no estômago, pâncreas e hipotálamo, está envolvida na via de estimulação do apetite e também pode alterar a “função relógio” dos NSQ in vitro. Oscila com a alimentação, sendo uma candidata a sincronizador relacionado com alimentos. Os níveis de grelina estão elevados durante as primeiras fases da noite de sono, decrescendo de manhã antes do acordar. A privação do sono pode aumentar os níveis de grelina circulante acompanhada de aumento de apetite(9). 4 No fígado os genes envolvidos em processos hepáticos específicos, incluindo passos limitantes no metabolismo da ureia, glicose, álcool e bile, exibem também ritmos circadianos(13). Nos humanos é difícil aceder diretamente ao funcionamento do sistema do relógio circadiano do fígado, assim utilizam-se parâmetros representativos, como os níveis de plasmáticos de glicose e produção insulina. Os níveis de glicose aumentam de manhã antes de acordarmos, altura em que também existe um pico de insulina plasmática. A insulina volta a ter outro pico na parte da tarde e entra em declínio durante a noite. A resposta insulínica aos níveis de glicose varia ao longo do dia, verificando-se uma maior tolerância à glicose de manhã e menor à noite, o que leva alguns investigadores a propor que a ingestão de hidratos de carbono (HC) seja ideal de manhã, contudo ainda não existem estudos suficientes que confirmem esta hipótese(14). No trato gastrointestinal parecem existir genes relógio que geram ritmos das funções e atividades deste sistema, nomeadamente ritmos de esvaziamento gástrico, motilidade, secreções gástricas, transportadores de nutrientes e manutenção das células do epitélio intestinal. O esvaziamento gástrico, a motilidade e a absorção intestinal apresentam a velocidade máxima de manhã e vai decrescendo ao longo do dia(8, 15). A secreção do glucocorticoide cortisol, tem também ritmo circadiano com o ponto mais baixo durante a noite (coincidente com o repouso) e um pico de manhã (para o início da atividade)(16). Esta oscilação normal pode ser assegurada com um horário regular de acordar e de refeições, com uma exposição solar adequada e exercício físico(17, 18). O cortisol tem oscilação contrária à da leptina, ou seja, quando uma está no pico mais elevado a outra está no valor mínimo(19). Com uma 5 só noite de sono de má qualidade os níveis de cortisol são reduzidos significativamente de manhã e aumentam à noite(9). Cronótipos e Hábitos Alimentares O Homem é um animal diurno e tende a ser ativo de dia e a descansar à noite, mas a preferência pelo horário de descanso e de atividade pode diferir significativamente entre indivíduos e depende tanto de variações genéticas como de influências ambientais(3, 20, 21). Existem os que preferem estar ativos mais cedo – Matutinos (Mat) - e os que, pelo contrário, preferem horários mais tardios – Vespertinos (Vesp) – e os intermédios(3, 22). A estes diferentes padrões individuais chama-se cronótipo (CT)(20, 22), sendo que a idade é um dos fatores que o influencia. As crianças tendem a ser Mat, já os adolescentes e os adultos tendem a tornarem-se Vesp, uma vez que ocorre um atraso de fase do ciclo circadiano e, consequentemente, de muitos ritmos fisiológicos que incluem o descanso e atividade. Nos idosos há de novo tendência para matutinidade(3, 20, 23). Os Mat adaptam-se melhor aos horários comuns de trabalho. Já os Vesp têm dificuldade em acordar cedo, acumulam débito de sonoque compensam nos dias livres, têm pior qualidade de sono e sentem-se mais cansados. Para além disto têm mais problemas de saúde, fumam mais e consomem mais estimulantes (bebidas com cafeína e álcool) em comparação com os Mat(21). A mudança de horários de descanso entre os dias de trabalho e os dias livres, designa-se “jet-lag social”, pois esta pode ser tão grande que se assemelha ao jet lag. Para quem acorda frequentemente a horas idênticas o “jet lag social” é pouco significativo, sendo assim os Vesp com horários de trabalho comuns, normalmente, sofrem mais de “jet lag social”, pois compensam nos dias livres(21). 6 Os horários sociais (escola e trabalho, por exemplo) interferem consideravelmente com as preferências individuais para as horas de sono(21). Alguns autores defendem que estes horários deviam ter em conta os CT, pois o desempenho pode ser melhor se o horário de atividade não contrariar as preferências individuais(3, 21, 24). Os estudos recentes têm revelado que os Vesp têm um índice de massa corporal (IMC) superior, comem mais tarde e em maior abundância no final do dia, têm piores hábitos alimentares (consomem mais fast food e refrigerantes, e menos hortofrutícolas, peixe e cereais integrais), tomam menos vezes o pequeno-almoço (PA), têm maior risco de doença cardiovascular e, mais frequentemente, distúrbios alimentares(25-30). Importância do Sono para a Alimentação e Estado Nutricional O sono tem um papel fundamental na sincronização dos ritmos biológicos, daí ser de grande importância ter horários regulares para dormir e comer(9). O sono compreende duas fases principais, a fase Rapid Eye Movement (REM) e a Non Rapid Eye Movement (NREM), esta última, por sua vez tem 4 fases. No jovem adulto saudável cada ciclo NREM/REM dura cerca de 90-120 minutos e numa noite normal de sono (de cerca de 8 horas) ocorrem cerca de 4-5 destes ciclos(22). Esta arquitetura pode ser prejudicada quando há desalinhamento circadiano(9). As perturbações do sono podem ocorrer por alteração da sua duração, do horário (por ser incomum ou irregular) ou da qualidade (devido a alterações na duração normal das fases, independentemente da duração total do sono)(22). A restrição parcial do sono está associada a efeitos cardiovasculares adversos, ao aumento dos níveis de cortisol à noite e à diminuição dos níveis de leptina e da 7 tolerância à glicose(12), assim como a alterações nas concentrações da insulina e a desenvolvimento de Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) e obesidade(31). Alguns estudos têm mostrado associação entre a curta duração de sono (inferior a 7 horas) e um menor consumo de hortofrutícolas, uma alimentação rica em gordura, consumo frequente de fast-food, tendência para deixar de comer a horas convencionais e para substituir refeições por snacks(32). Se a curta duração de sono tem uma relação com a prevalência de obesidade e o ganho de peso, então é porque de alguma forma leva a um balanço energético positivo. Contudo ainda se desconhece se é por aumentar a ingestão alimentar e o valor gratificante (“alimentos recompensa”) de alguns alimentos, diminuir o gasto energético, afetar a regulação hormonal e o balanço energético ou por uma combinação de fatores(32). Um encurtamento na fase REM, sem que necessariamente exista uma redução na duração total do sono, ou seja, a perda de qualidade, pode afetar os níveis de cortisol e o balanço energético, existindo uma associação inversa com o peso corporal(9). Em indivíduos com elevado IMC, o encurtamento da fase REM parece aumentar o apetite por alimentos de elevada densidade energética e ricos em HC, incluindo doces, salgados e snacks(9). Gonnissen et al. recomendam que se restabeleça a higiene do sono e que se adote um padrão regular de refeições quanto ao número e aos intervalos. Defendem ainda que a dieta cetogénica, em adolescentes com obesidade mórbida, poderá ajudar a restaurar ritmos e no tratamento da obesidade (9). Melatonina – Hormona do Sono A melatonina é o principal marcador do ritmo circadiano, secretada principalmente pela glândula pineal, mas também pela retina, pelo intestino, entre outros(4). Além 8 da função desempenhada no sistema circadiano, tem funções como antioxidante, oncostático, anti-envelhecimento e imunomodelador(33, 34). Tem também influência na glicemia embora o mecanismo esteja ainda pouco estudado(33). Num estudo recente, em enfermeiras não diabéticas e não obesas, pequenas diminuições na secreção de melatonina noturna foram associadas à resistência à insulina(35). No entanto, serão precisos mais estudos e em populações mais diversificadas para verificar esta associação. Os níveis de melatonina afetam o sono e começam a aumentar ao início da noite, atingindo os valores máximos entre as 2 e as 4 horas da manhã. A partir daí decrescem e são mínimos durante o dia, sendo a sua síntese controlada pela luz e dependente do triptofano e de algumas vitaminas e minerais. Como alguns alimentos são ricos em melatonina, triptofano, serotonina e nos seus cofatores, vitaminas e minerais, tem sido estudada a possibilidade de fatores nutricionais interferirem com os níveis de melatonina(13). Os autores de uma revisão sobre esta matéria concluíram que apesar da deficiência em vitaminas e minerais poder restringir a síntese da melatonina, estas deficiências são raras nos países ocidentais. Desta forma, defendem que um estilo de vida e um peso saudável (relacionados com alimentação) podem ter tanto efeito nos níveis de melatonina como escolhas alimentares específicas, e sendo assim, parece ser mais importante o consumo frequente de alimentos ricos nos cofatores, nomeadamente hortofrutícolas e cereais integrais, em vez de nutrimentos isolados. Referem ainda que a influência da alimentação na síntese de melatonina noturna (a mais importante para o sono) é muito limitada, sendo mais óbvia nos níveis de melatonina durante o dia(13). 9 Timing da Alimentação Cronobiologia refere-se a tempo, e em relação à alimentação, podemos considerar 3 componentes: a hora da refeição, a frequência das refeições e a sua regularidade(15). Frequência e Regularidade de Refeições Nos países ocidentais é habitual fazerem-se 3 refeições principais, PA, almoço e jantar. Contudo, existem diferenças entre os países, quer na composição destas refeições quer no horário das mesmas(24). Marques-Vidal et al. analisaram as tendências de ingestão alimentar dos portugueses entre 1987-99 e observaram que a frequência de refeições decresceu e o número de merendas diárias aumentou, sugerindo que os indivíduos tendem a preferir merendas em vez de refeições tradicionais(36). Um estudo realizado na Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, no âmbito de uma tese de mestrado, mostrou que fazer pelo menos 1 refeição intercalar diminui o risco de baixo peso ou excesso de peso (EP), enquanto que para reduzir o risco de obesidade são necessárias pelo menos 2 refeições intercalares. Um maior número de refeições intercalares associou-se a uma melhor relação entre o peso e a estatura e verificaram também que um padrão alimentar com 3 refeições principais é o mais efetivo para prevenir o baixo peso e a obesidade(37). Alguns investigadores defendem que um maior número de refeições pode ser protetor contra o EP ou obesidade(38-45), outros que é um fator que preditor do aumento do peso(46-48), existindo ainda, outros que referem que não há associação entre o número diário de refeições e o peso corporal(49-51). 10 Os estudos mais recentes sugerem queo mais importante é a regularidade das refeições e dos seus intervalos e não especificamente a sua frequência, e o benefício das merendas depende do tipo de alimentos incluídos(9, 52). Algumas investigações mostraram que um padrão irregular de refeições pode ter efeitos negativos na sensibilidade à insulina, nos lípidos plasmáticos e no balanço energético, constituindo um fator de risco cardiovascular, e que pelo contrário um padrão regular tem efeitos benéficos(53-55), prevenindo flutuações nas concentrações de glicose e insulina no plasma, evitando a sensação de fome(15). Num estudo com homens saudáveis, a omissão da merenda da tarde, passando o número de refeições de 4 para 3, durante um mês, aumentou a adiposidade(56). A mudança no horário de refeições induz modificações na secreção de hormonas como a insulina, a leptina, a melatonina, a glucagina e os corticosteroides, e pode também afetar a AAA(7, 57). Horários de Refeições e a Composição destas Pequeno-almoço No que toca a refeições em particular, as publicações têm mostrado conclusões muito concordantes em relação ao PA. Após a análise de alguns estudos, todos mostram benefícios com a ingestão do PA: menor risco de desenvolver EP ou obesidade em crianças(58), menos gordura corporal, melhor performance cardiorrespiratória e menor risco cardiovascular em adolescentes(59), um IMC mais baixo e menor risco de desenvolver DM2 em homens adultos(60) e redução da fome no resto do dia em mulheres jovens(53). Quanto aos nutrimentos mais adequados para esta refeição, os estudos ainda não são suficientes para fazer recomendações, no entanto, os já realizados têm apontado para maiores vantagens quando há inclusão de HC complexos, fibras e 11 proteínas. Em crianças, papas de aveia em vez de cereais prontos a comer melhorou a performance cognitiva(61), em mulheres jovens, um PA hiperproteico (35g em 350 kcal) causou mais saciedade que um PA normoproteíco (13g)(53) e num estudo de coorte, a ingestão de cereais integrais ao PA conferiu um menor risco de Hipertensão Arterial (HTA) em homens adultos(62). Já o aumento de ingestão de HC em substituição de lípidos ao PA, foi inversamente relacionado com incidência de DM2(63) e numa intervenção para perda de peso, um PA rico em HC e proteínas face a um hipoenergético e baixo em HC, reduziu mais acentuadamente os níveis de grelina e os desejos alimentares (por doces e alimentos ricos em gordura), e durante a fase de manutenção houve redução do peso, enquanto o outro grupo recuperou o peso(64). Apesar de não se conhecer a composição ideal do PA os benefícios da ingestão são claros(65, 66). Outras Refeições As restantes refeições não estão tão estudadas, contudo vão aparecendo alguns estudos relativos aos horários do almoço ou jantar e à sua composição. Num estudo experimental, foram comparados dois grupos de acordo com o horário do almoço (antes ou após as 15 horas) constituídos por pratos típicos da população mediterrânica. No grupo que almoçou mais tarde perderam menos peso, eram mais Vesp e “saltavam” mais vezes o PA. A energia ingerida, as hormonas do apetite e a duração do sono foram semelhantes(67). Porém, o estudo não permite saber se tal sucedeu devido à hora de almoço ou se por terem estilos de vida menos saudáveis no geral. Noutro estudo 6 voluntários saudáveis, trabalhadores por turnos, consumiram refeições em 4 ocasiões. Estas eram de baixo ou elevado índice glicémico (IG), 12 tinham no total 2000 kcal, mas 60% desta energia era consumida ou ao PA ou ao jantar. Com uma refeição de elevada energia e elevado IG ao jantar, houve um aumento da glicemia, e independentemente do IG, com uma refeição abundante ao jantar houve pior sensibilidade à insulina. Os autores sugerem que evitar refeições abundantes e de elevado IG pode ser benéfico para melhorar o perfil glicémico e reduzir o risco de DM2(68). Noutro estudo recente Barone et al., concluíram que comer à noite ou antes de dormir pode predispor os indivíduos para o aumento de peso(69). Uma maior ingestão alimentar ao PA foi também associada a menor prevalência de hipertensão, e pelo contrário, uma grande ingestão à noite foi associada a maior prevalência e incidência de HTA e maiores elevações da tensão arterial(70). Assim refeições mais abundantes parecem ser mais adequadas para o início do dia. Relativamente a nutrimentos específicos, apesar de existir uma maior tolerância à glicose e melhor resposta glicémica de manhã(14), o que poderia sugerir que estes deveriam ser evitados à noite, alguns estudos recentes em indivíduos com EP ou obesidade, têm mostrado benefícios com a inclusão de HC ao jantar. Um estudo com polícias israelitas, onde foi instituído um plano alimentar hipoenergético com HC fornecidos principalmente ao jantar mostrou mais benefícios do que quando distribuídos ao longo do dia. Este plano melhorou os níveis de leptina e grelina, havendo um aumento da saciedade, e o estado de saúde em geral, resultando num melhor controlo glicémico, melhor perfil lipídico e estado inflamatório(71). Com os mesmos participantes foi feito outro estudo, com avaliação de outros parâmetros, o grupo experimental obteve melhores resultados quer redução de peso, perímetro da cintura e massa gorda, quer em saciedade e marcadores bioquímicos(72). Sofer et al. concluíram que uma refeição pouco 13 energética com HC à noite pode modular o perfil hormonal diário, ajudando na perda de peso, a prevenir a sensação de fome e a melhorar o estado metabólico(71). Noutro estudo, Alves et al. concluíram que ingerir HC predominantemente ao jantar versus HC predominantemente ao almoço, num plano hipoenergético tem efeitos semelhantes na composição corporal e nos marcadores bioquímicos, mas maior efeito termogénico em comparação com os controlos, e que HC ao almoço pode ter um impacto negativo na homeostasia da glicose(73). Análise Crítica O número ideal de refeições diárias é uma questão que ainda não apresenta consenso, sendo que, nalguns casos um maior número de refeições apresenta benefícios porém, noutras situações não, dependendo também do tipo de alimentos que se incluem e do balanço energético total. Assim perante as evidências é necessário avaliar cada situação e decidir conforme os hábitos e preferências dos indivíduos e os objetivos pretendidos para cada caso. No que diz respeito a refeições específicas, o consumo do PA apresenta benefícios claros, assim como o consumo de refeições abundantes no início do dia e mais reduzidas ao final. A composição de cada refeição em determinada altura do dia está pouco estudada, e tal como nos outros componentes, também a composição do PA está melhor explorada, apontando para maiores benefícios com um PA rico em HC complexos, fibras e proteínas. Nos estudos(71-73) em que foi analisada composição de refeições, seria útil a inclusão dos padrões de sono, pois como já abordado, afetam diversas hormonas e o metabolismo. Estes estudos foram feitos em indivíduos com EP ou obesidade e a cumprir planos de emagrecimento, com 14 ingestões muito distantes das praticadas pela maioria da população, o que não permite extrapolar para outros casos. Em estudos futuros seria importante existir consenso nos termos utilizados, como por exemplo na definição de “refeição”. Alguns autores definem-na como todos os momentos de ingestão, outros agrupam-na em “refeições principais” e “merendas”, e alguns não referem qual a definição assumida, dificultando a interpretação e a análise. Outra informação que poderia ser considerada seria a inclusão das horas dasrefeições. Este tema é sem dúvida muito complexo e necessita ainda de muita investigação, principalmente estudos de maior duração e que permitam estabelecer relações de causa-efeito, em maiores e mais diversos grupos populacionais e nas diferentes faixas etárias, uma vez que os ritmos biológicos se alteram com a idade. As evidências atuais são ainda insuficientes para que se possa recomendar mais do que tomar o PA diariamente, comer em maior abundância no início do dia e em menor no final (para horários de sono e atividade considerados convencionais), e criar um padrão regular de frequência de refeições e dos seus intervalos. Nas últimas décadas, o Homem tem vindo a alterar muito rapidamente os estilos de vida praticados ao longo de milhares de anos; até existir a luz artificial certamente os horários de descanso e atividade eram controlados pela luz natural e a maioria dos trabalhos exigiam despertar cedo, uma alimentação rica ao PA e um horário de descanso também menos tardio. Dados antropológicos referem que a duração do sono tem decrescido, existem mais perturbações do sono e alguns indivíduos tomam regularmente fármacos para conseguir dormir. 15 Sendo a Alimentação Mediterrânea um modelo de alimentação, talvez possamos também analisá-la ao nível dos horários e estilos de vida que essas populações praticavam. Em Portugal existem alguns estudos sobre o sono, mas poucos o relacionam com hábitos alimentares ou estado nutricional, o que também seria importante investigar. Um padrão regular de sono parece ser o ponto de partida para a sincronização do RB não se podendo dissociar de um padrão regular de refeições. Assim, os estudos referem que o sono adequado deve durar cerca de 7 a 9 horas, ocorrer durante a noite e sem grandes oscilações na hora de adormecer e de acordar. Dada a importância e o impacto do sono para o estado nutricional, talvez fosse uma boa prática incluir algumas questões sobre os padrões de sono e a sua qualidade nos dados recolhidos nas consultas de Nutrição, e alertar também para a sua importância. Conclusões Os estilos de vida atuais estão a afetar muito significativamente a nossa saúde (como perturbações do sono e doenças metabólicas), sendo da maior importância criar ritmos e respeitá-los, devido aos mecanismos de antecipação e flutuações hormonais. Para situações como o jet lag e trabalho por turnos torna-se imperativo encontrar alternativas para minimizar os efeitos por elas causadas, quer através do sono quer através da alimentação. Nota final Apesar das evidências atuais, um francês, Dr. Alain Delabos aplica um método designado chrononutrition®, desde 1986, aprovado pelo IREN (Institut de Recherché Européen Sur La Nutrition et La Santé)(74, 75). 16 17 Referências Bibliográficas 1. Kovac J, Husse J, Oster H. A time to fast, a time to feast: The crosstalk between metabolism and the circadian clock. Molecules and Cells. 2009; 28(2):75‐80. 2. Mendoza J. Circadian Clocks: Setting Time By Food. Journal of Neuroendocrinology. 2007; 19(2):127‐37. 3. Couto DA. Questionário de Cronótipo em Crianças: adaptação portuguesa do Children´s chronotype Questionnaire. Universidade de Aveiro; 2011. 4. Hidalgo MPL. Perfil Cronobiológico em Amostra Populacional Caucasiana: Abordagem Cronobiológica dos Sintomas Depressivos. Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2011. 5. Smolensky MH, D'Alonzo GE. Medical Chronobiology: Concepts and Applications. American Review of Respiratory Disease. 1993; 147(6_pt_2):S2‐S19. 6. Froy O. Metabolism and Circadian Rhythms—Implications for Obesity. Endocrine Reviews. 2010; 31(1):1‐24. 7. Cagampang FR, Bruce KD. The role of the circadian clock system in nutrition and metabolism. British Journal of Nutrition. 2012; 108(03):381‐92. 8. Li M‐D, Li C‐M, Wang Z. The Role of Circadian Clocks in Metabolic Disease. Yale Journal of Biology and Medicine 2012(85):pp.387‐401. 9. Gonnissen HKJ, Hulshof T, Westerterp‐Plantenga MS. Chronobiology, endocrinology, and energy‐ and food‐reward homeostasis. Obesity Reviews. 2013; 14(5):405‐16. 10. Feillet CA, Albrecht U, Challet E. “Feeding time” for the brain: A matter of clocks. Journal of Physiology‐Paris. 2006; 100(5–6):252‐60. 11. Gale JE, Cox HI, Qian J, Block GD, Colwell CS, Matveyenko AV. Disruption of Circadian Rhythms Accelerates Development of Diabetes through Pancreatic Beta‐Cell Loss and Dysfunction. Journal of Biological Rhythms. 2011; 26(5):423‐33. 12. Spiegel K, Leproult R, L’Hermite‐Balériaux M, Copinschi G, Penev PD, Van Cauter E. Leptin Levels Are Dependent on Sleep Duration: Relationships with Sympathovagal Balance, Carbohydrate Regulation, Cortisol, and Thyrotropin. Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism. 2004; 89(11):5762‐71. 13. Peuhkuri K, Sihvola N, Korpela R. Dietary factors and fluctuating levels of melatonin [melatonin; 6‐sulphatoxymelatonin; diet; vegetable; alcohol; B vitamins]. 2012. 14. R. J. JARRETT IAB, H. KEEN, N. W. OAKLEY. Diurnal Variation in Oral Glucose Tolerance: Blood Sugar and Plasma Insulin Levels Morning, Afternoon, and Evening. British Medical journal. 1972 15. Ekmekcioglu C, Touitou Y. Chronobiological aspects of food intake and metabolism and their relevance on energy balance and weight regulation. Obesity Reviews. 2011; 12(1):14‐25. 16. Tataranni PA, Larson DE, Snitker S, Young JB, Flatt JP, Ravussin E. Effects of glucocorticoids on energy metabolism and food intake in humans. American Journal of Physiology ‐ Endocrinology And Metabolism. 1996; 271(2):E317‐E25. 17. Dallman MF, la Fleur SE, Pecoraro NC, Gomez F, Houshyar H, Akana SF. Minireview: Glucocorticoids—Food Intake, Abdominal Obesity, and Wealthy Nations in 2004. Endocrinology. 2004; 145(6):2633‐38. 18. Van Someren EJW, Riemersma‐Van Der Lek RF. Live to the rhythm, slave to the rhythm. Sleep Medicine Reviews. 2007; 11(6):465‐84. 19. Licinio J, Mantzoros C, Negrao AB, Cizza G, Wong M‐L, Bongiorno PB, et al. Human leptin levels are pulsatile and inversely related to pituitary‐ardenal function. Nat Med. 1997 20. Eisenstein M. Chronobiology: Stepping out of time. Nature. Nature Publishing Group, a division of Macmillan Publishers Limited; 2013. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1038/497S10a. 21. Wittmann M, Dinich J, Merrow M, Roenneberg T. Social Jetlag: Misalignment of Biological and Social Time. Chronobiology International. 2006; 23(1‐2):497‐509. 22. Gomes ACA. Sono, sucesso académico e bem‐estar em estudantes universitários. Universidade de Aveiro; 2005. 18 23. Hagenauer MH, Ku JH, Lee TM. Chronotype changes during puberty depend on gonadal hormones in the slow‐developing rodent, Octodon degus. Hormones and Behavior. 2011; 60(1):37‐45. 24. Chiva M. Cultural aspects of meals and meal frequency. British Journal of Nutrition. 1997:S21‐‐ S28. 25. Culnan E, Kloss JD, Grandner M. A prospective study of weight gain associated with chronotype among college freshmen. Chronobiology International. 2013; 30(5):682‐90. 26. Reutrakul S, Hood MM, Crowley SJ, Morgan MK, Teodori M, Knutson KL, et al. Chronotype Is Independently Associated With Glycemic Control in Type 2 Diabetes. Diabetes Care. 2013 27. Lucassen EA, Zhao X, Rother KI, Mattingly MS, Courville AB, de Jonge L, et al. Evening Chronotype Is Associated with Changes in Eating Behavior, More Sleep Apnea, and Increased Stress Hormones in Short Sleeping Obese Individuals. PLoS ONE. 2013; 8(3):e56519. 28. Meule A, Roeser K, Randler C, Kübler A. Skipping breakfast: morningness‐eveningness preferenceis differentially related to state and trait food cravings. Eating and Weight Disorders. 2012:pp. e305‐e08. 29. Fleig D, Randler C. Association between chronotype and diet in adolescents based on food logs. Eating Behaviors. 2009; 10(2):115‐18. 30. Kanerva N, Kronholm E, Partonen T, Ovaskainen M‐L, Kaartinen NE, Konttinen H, et al. Tendency Toward Eveningness Is Associated With Unhealthy Dietary Habits. Chronobiology International. 2012; 29(7):920‐27. 31. Shi S‐q, Ansari TS, McGuinness Owen P, Wasserman David H, Johnson Carl H. Circadian Disruption Leads to Insulin Resistance and Obesity. Current biology : CB. 2013; 23(5):372‐81. 32. St‐Onge M‐P. The Role of Sleep Duration in the Regulation of Energy Balance: Effects on Energy Intakes and Expenditure. Journal of Clinical Sleep Medicine. 2013:73‐80. 33. Korkmaz A, Topal T, Tan D‐X, Reiter R. Role of melatonin in metabolic regulation. Rev Endocr Metab Disord. 2009; 10(4):261‐70. 34. Starka L DM, Racz B, Simunkova K, Hill M, Kancheva R. . Melatonin negatively correlates with C‐peptide after food intake. Physiol Res. 2008:Suppl 1:S187‐92. 35. McMullan CJ, Curhan GC, Schernhammer ES, Forman JP. Association of Nocturnal Melatonin Secretion With Insulin Resistance in Nondiabetic Young Women. American Journal of Epidemiology. 2013; 178(2):231‐38. 36. Marques‐Vidal P, Ravasco P, Dias CM, Camilo ME. Trends of food intake in Portugal, 1987‐ 1999: results from the National Health Surveys. Eur J Clin Nutr. 2006:1414‐22. 37. Lima RMdC. Number of daily meals and snacks according to categories of body mass índex in Portuguese adult. Universidade do Porto; 2012. 38. Fábry P, Hejl Z, Fodor J, Braun T, Zvolánková K. THE FREQUENCY OF MEALS ITS RELATION TO OVERWEIGHT, HYPERCHOLESTEROLÆMIA, AND DECREASED GLUCOSE‐TOLERANCE. The Lancet. 1964; 284(7360):614‐15. 39. Toschke AM, Küchenhoff H, Koletzko B, Von Kries R. Meal Frequency and Childhood Obesity. Obesity Research. 2005 40. Kontogianni MD, Farmaki A‐E, Vidra N, Sofrona S, Magkanari F, Yannakoulia M. Associations between Lifestyle Patterns and Body Mass Index in a Sample of Greek Children and Adolescents. Journal of the American Dietetic Association. 2010; 110(2):215‐21. 41. Barba G, Troiano E, Russo P, Siani A. Total fat, fat distribution and blood pressure according to eating frequency in children living in southern Italy: the ARCA project. Int J Obes. 2006 42. Ma Y, Bertone ER, Stanek EJ, Reed GW, Hebert JR, Cohen NL, et al. Association between Eating Patterns and Obesity in a Free‐living US Adult Population. American Journal of Epidemiology. 2003; 158(1):85‐92. 43. Kirk TR. Role of dietary carbohydrate and frequent eating in body‐weight control. Proceedings of the Nutrition Society. 59:349‐‐58. 19 44. Addesa D, Addezio L, Martone D, Censi L, Scanu A, Cairella G, et al. Dietary Intake and Physical Activity of Normal Weight and Overweight/Obese Adolescents. International Journal of Pediatrics. 2010; 2010 45. Lagiou A, Parava M. Correlates of childhood obesity in Athens, Greece. Public Health Nutrition. 2008; 11(09):940‐45. 46. Yoon J‐S, Lee N‐J. Dietary patterns of obese high school girls: snack consumption and energy intake. Nutr Res Pract. 2010; 4(5):433‐37. 47. Forslund HB, Lindroos AK, Sjöström L, Lissner L. Meal patterns and obesity in Swedish women—a simple instrument describing usual meal types, frequency and temporal distribution. European Journal of Clinical Nutrition. 2002; 56(8) 48. Chapelot D. The Role of Snacking in Energy Balance: a Biobehavioral Approach. The Journal of Nutrition. 2011; 141(1):158‐62. 49. Palmer MA, Capra S, Baines SK. Association between eating frequency, weight, and health. Nutrition Reviews. 2009 50. Crawley H SC. Feeding frequency and BMI among teenagers aged 16‐17 years. Int J Obes Relat Metab Disord. 1997; 21:159‐61. 51. Hampl JS, Heaton CLB, Taylor CA. Snacking patterns influence energy and nutrient intakes but not body mass index. Journal of Human Nutrition and Dietetics. 2003; 16(1) 52. Kong A, Beresford SAA, Alfano CM, Foster‐Schubert KE, Neuhouser ML, Johnson DB, et al. Associations between Snacking and Weight Loss and Nutrient Intake among Postmenopausal Overweight to Obese Women in a Dietary Weight‐Loss Intervention. Journal of the American Dietetic Association. 2011; 111(12):1898‐903. 53. Leidy HJ, Ortinau LC, Douglas SM, Hoertel HA. Beneficial effects of a higher‐protein breakfast on the appetitive, hormonal, and neural signals controlling energy intake regulation in overweight/obese, "breakfast‐skipping," late‐adolescent girls. American Journal of Clinical Nutrition. 2005; 97(4):677‐88. 54. Farshchi HR, Taylor MA, Macdonald IA. Regular meal frequency creates more appropriate insulin sensitivity and lipid profiles compared with irregular meal frequency in healthy lean women. Eur J Clin Nutr. 2004 55. Farshchi HR, Taylor MA, Macdonald IA. Decreased thermic effect of food after an irregular compared with a regular meal pattern in healthy lean women. International Journal of Obesity. 2004; 28(5):653‐60. 56. Chapelot D, Marmonier C, Aubert R, Allègre C, Gausseres N, Fantino M, et al. Consequence of omitting or adding a meal in man on body composition, food intake, and metabolism. Obesity (Silver Spring, Md). 2006; 14(2):215‐27. 57. Rapin JR, Wiernsperger N. Food, Biological Clocks ans Health: the Deadly Triangle? Journal of Endocrionology and Metabolism. 2011:209‐14. 58. Szajewska H, Ruszczyński M. Systematic Review Demonstrating that Breakfast Consumption Influences Body Weight Outcomes in Children and Adolescents in Europe. Critical Reviews in Food Science and Nutrition. 2010; 50(2):113‐19. 59. Hallström L, Labayen I, Ruiz JR, Patterson E, Vereecken CA, Breidenassel C, et al. Breakfast consumption and CVD risk factors in European adolescents: the HELENA (Healthy Lifestyle in Europe by Nutrition in Adolescence) Study. Public Health Nutrition. 2013; 16(07):1296‐305. 60. Mekary RA, Giovannucci E, Willett WC, van Dam RM, Hu FB. Eating patterns and type 2 diabetes risk in men: breakfast omission, eating frequency, and snacking. The American Journal of Clinical Nutrition. 2012; 95(5):1182‐89. 61. Mahoney CR, Taylor HA, Kanarek RB, Samuel P. Effect of breakfast composition on cognitive processes in elementary school children. Physiology & Behavior. 2005; 85(5):635‐45. 62. Kochar J, Gaziano JM, Djoussé L. Breakfast cereals and risk of hypertension in the Physicians’ Health Study I. Clinical nutrition (Edinburgh, Scotland). 2012; 31(1):89‐92. 20 63. Almoosawi S, Prynne CJ, Hardy R, Stephen AM. Diurnal eating rhythms: Association with long‐ term development of diabetes in the 1946 British birth cohort. Nutrition, Metabolism and Cardiovascular Diseases. 2013(0) 64. Jakubowicz D, Froy O, Wainstein J, Boaz M. Meal timing and composition influence ghrelin levels, appetite scores and weight loss maintenance in overweight and obese adults. Steroids. 2012; 77(4):323‐31. 65. Timlin MT, Pereira MA. Breakfast Frequency and Quality in the Etiology of Adult Obesity and Chronic Diseases. Nutrition Reviews. 2007 66. Rampersaud GC, Pereira MA, Girard BL, Adams J, Metzl JD. Breakfast Habits, Nutritional Status, Body Weight, and Academic Performance in Children and Adolescents. Journal of the American Dietetic Association. 2005; 105(5):743‐60. 67. Garaulet M, Gomez‐Abellan P, Alburquerque‐Bejar JJ, Lee Y‐C, Ordovas JM, Scheer FAJL. Timing of food intake predicts weight loss effectiveness. International Journal of Obesity. 2013:604‐11. 68. Morgan LM, Shi J‐W, Hampton SM, Frost G. Effect of meal timingand glycaemic index on glucose control and insulin secretion in healthy volunteers. British Journal of Nutrition. 2012; 108(07):1286‐91. 69. Baron KG, Reid KJ, Horn LV, Zee PC. Contribution of evening macronutrient intake to total caloric intake and body mass index. Appetite. 2013; 60(0):246‐51. 70. Almoosawi S, Prynne CJ, Hardy R, Stephen AM. Time‐of‐day of energy intake: association with hypertension and blood pressure 10 years later in the 1946 British Birth Cohort. Journal of Hypertension. 2013; 31(5):882‐92 10.1097/HJH.0b013e32835ecc06. 71. Sofer S, Eliraz A, Kaplan S, Voet H, Fink G, Kima T, et al. Changes in daily leptin, ghrelin and adiponectin profiles following a diet with carbohydrates eaten at dinner in obese subjects. Nutrition, Metabolism and Cardiovascular Diseases. 2012(0) 72. Sofer S, Eliraz A, Kaplan S, Voet H, Fink G, Kima T, et al. Greater Weight Loss and Hormonal Changes After 6 Months Diet With Carbohydrates Eaten Mostly at Dinner. Obesity. 2011; 19(10):2006‐14. 73. Alves R, Oliveira F, Hermsdorff H, Abete I, Zulet M, Martínez J, et al. Eating carbohydrate mostly at lunch and protein mostly at dinner within a covert hypocaloric diet influences morning glucose homeostasis in overweight/obese men. European Journal of Nutrition. 2013:1‐12. 74. Institut de Recherche Européen sur la Nutrition. Disponível em: http://irens.free.fr/. 75. La Chronutrition. Disponível em: http://www.la‐chrononutrition.com/index.php. View publication statsView publication stats
Compartilhar