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Aspectos Gerais, Fisiologia e Fisiopatologia da Obesidade e Emagrecimento

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Brasília-DF. 
Aspectos GerAis, FisioloGiA e 
FisiopAtoloGiA dA obesidAde e 
emAGrecimento
Elaboração
Rodrigo Ferro Magosso
Guilherme Borges Pereira
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APrESEntAção .................................................................................................................................. 5
orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA ..................................................................... 6
introdução ..................................................................................................................................... 8
unidAdE i
Histórico da Prevalência e da definição de obesidade ............................................................. 11
CAPÍtuLo 1
definição e classificação da obesidade ....................................................................... 11
CAPÍtuLo 2
obesidade na infância, na adolescência e na velHice ................................................. 20
unidAdE ii
etiologia do sobrePeso e da obesidade ...................................................................................... 24
CAPÍtuLo 1
sobrePeso e obesidade ..................................................................................................... 24
CAPÍtuLo 2
a genética molecular da obesidade .............................................................................. 27
CAPÍtuLo 3
controle da comPosição da dieta e da ingestão de alimentos ................................. 31
CAPÍtuLo 4
o desenvolvimento do tecido adiPoso branco e os estoques desse tecido no 
organismo ........................................................................................................................ 38
CAPÍtuLo 5
o gasto energético total ................................................................................................ 42
unidAdE iii
o tecido adiPoso como centro regulador do metabolismo................................................. 64
CAPÍtuLo 1 
tecido adiPoso como reservatório energético .......................................................... 64
4
CAPÍtuLo 2
liPogênese e liPólise ......................................................................................................... 73
CAPÍtuLo 3
utilização dos triglicerídeos como fonte de energia ................................................ 77
unidAdE iV
fatores Proteicos e não Proteicos Produzidos e secretados Pelo tecido adiPoso branco ..... 79
CAPÍtuLo 1
adiPocinas com função imunológica ......................................................................... 80
CAPÍtuLo 2
adiPocinas com função cardiovascular .................................................................... 82
CAPÍtuLo 3
adiPocinas com função endócrina ............................................................................. 84
CAPÍtuLo 4
adiPocinas com função metabólica ............................................................................. 88
unidAdE V
eixos Hormonais na obesidade .................................................................................................... 92
CAPÍtuLo 1
o controle HiPotalâmico da fome e da termogênese: imPlicações no 
desenvolvimento do sobrePeso e da obesidade ............................................................ 93
unidAdE Vi
asPectos fisiológicos e Psicológicos do balanço energético no sobrePeso e na 
obesidade........................................................................................................................................ 97
CAPÍtuLo 1
sedentarismo e obesidade .............................................................................................. 101
unidAdE Vii
obesidade e sistemas orgânicos ................................................................................................ 106
CAPÍtuLo 1
obesidade ......................................................................................................................... 107
AnExo ............................................................................................................................................ 111
o PaPel dos Hormônios lePtina e grelina na gênese da obesidade ............................. 111
rEfErênCiAS .................................................................................................................................. 115
5
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem 
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela 
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade 
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos 
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma 
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para 
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar 
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a 
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
6
organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de 
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões 
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao 
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e 
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos 
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer 
o processo de aprendizagem do aluno.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
7
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não 
há registro de menção).
Avaliação Final
Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, 
que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única 
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber 
se pode ou não receber a certificação.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
8
introdução
A obesidade é uma doença complexa de etiologiamultifacetada, com sua própria fisiopatologia, 
co-morbidades e capacidades desabilitantes. Aceitar a obesidade como uma doença é fundamental 
para o seu tratamento. Atualmente, o tecido adiposo é um dos principais focos das pesquisas em 
obesidade, devido a uma revolução no entendimento da função biológica desse tecido desde a última 
década. Já está muito claro que o tecido adiposo branco secreta múltiplos peptídeos bioativos, 
denominados adipocinas (proteínas sintetizadas e secretadas pelo tecido adiposo). Nesse sentido, 
este Caderno irá abordar os principais aspectos relacionados ao desenvolvimento do sobrepeso e da 
obesidade.
“O peso corporal dos brasileiros vem aumentando nas últimas décadas.” Essa conclusão faz parte 
dos dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (2008-2009), realizada pelo IBGE em parceria 
com o Ministério da Saúde. Esse estudo revela que 49% da população adulta estão acima do peso, 
enquanto 14,8% dessa amostragem já se encontram obesas. Os homens adultos foram os que mais 
engordaram: o percentual dos considerados acima do peso subiu de 18,5% (1974-1975) para 41,4% 
(2002- 2003), chegando a 50,1% em 2008-2009. Entre as mulheres, a situação é menos crítica, mas 
ainda preocupante: passou de 28,7% para 40,9% e 48%, nos mesmos períodos anteriores.
Oferecemos a você, caro aluno, neste Caderno de Estudos, informações sobre o desenvolvimento e 
classificação da obesidade no Brasil ao longo dos anos até a atualidade. Serão abordadas, também, 
a relação existente entre as desordens alimentares, como o gasto energético do indivíduo e sua 
relação com o desenvolvimento do tecido adiposo no organismo.
Finalmente, serão tratados temas importantes, como “obesidade na infância”, “obesidade na 
adolescência”, “obesidade na velhice” e “aspectos genéticos no desenvolvimento da obesidade”, 
tudo com o objetivo de contribuir para a atualização do seu conhecimento e prepará-lo para as 
próximas disciplinas deste curso.
Bom estudo!
objetivos
 » Aprofundar os conhecimentos teóricos sobre a obesidade e o emagrecimento.
 » Compreender as relações existentes entre a história e o desenvolvimento da 
obesidade.
 » Refletir criticamente sobre questões relativas à obesidade, construindo habilidades 
e competências pertinentes à ação docente.
 » Aprofundar os conhecimentos teóricos sobre o tema.
9
 » Compreender os mecanismos fisiopatológicos envolvidos no desenvolvimento do 
sobrepeso e obesidade.
 » Ampliar a compreensão das diversas concepções acerca do tema.
 » Refletir sobre as questões pertinentes ao ensino do assunto.
 » Estimular a reflexão crítica e a produção discente na área em questão.
11
unidAdE i
HiStóriCo dA 
PrEVALênCiA E dA 
dEfinição dE obESidAdE
CAPÍtuLo 1
definição e classificação 
da obesidade
 A obesidade é considerada uma doença universal de prevalência crescente e hoje 
assume caráter epidemiológico, como o principal problema de saúde pública na 
sociedade moderna. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, a doença 
mata por ano, somente no Brasil, cerca de 100 mil pessoas. A Pesquisa de Orçamentos 
Familiares (2008-2009), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE) em parceria com o Ministério da Saúde revelou que 49% da população adulta 
(acima dos 20 anos) está acima do peso, enquanto 14,8% dessa amostragem já se 
encontra obesa.
Antes de iniciarmos os estudos sobre a prevalência da obesidade no mundo e Brasil, 
iremos estudar um pouco sobre sua história, definição e classificação.
definição de sobrepeso e de obesidade
A Organização Mundial de Saúde, em 1997, definiu a obesidade como o acúmulo excessivo de 
gordura corporal com potencial prejuízo à saúde, decorrente de vários fatores, sejam esses genéticos 
ou ambientais, como padrões dietéticos e de atividade física ou, ainda, fatores individuais de 
susceptibilidade biológica, entre muitos outros, que interagem na etiologia do seu desenvolvimento. 
Mais recentemente, a definição de obesidade e de sobrepeso foi bastante simplificada. Leia abaixo 
a nova definição.
A OMS define sobrepeso e obesidade como o excesso ou acúmulo anormal de 
gordura corporal que apresenta risco para a saúde. 
(WHO, 2010)
Após essa definição, algumas perguntas podem ser levantadas, como, por exemplo:
 » Quais são os métodos que permitem diagnosticar o sobrepeso e a obesidade?
 » Obesidade é considerada doença?
 » O que será da espécie humana se a obesidade não for controlada?
12
UNIDADE I │ HISTÓRICO DA PREVALÊNCIA E DA DEFINIÇÃO DE OBESIDADE
Todas essas e outras questões serão discutidas no decorrer deste caderno, no intuito de favorecer a 
sua reflexão e a consolidação do seu conhecimento.
 Como diagnosticar o sobrepeso e a obesidade?
A obesidade ou até mesmo o sobrepeso geralmente não são difíceis de 
serem reconhecidos, mas o diagnóstico correto requer que os níveis de risco 
sejam identificados e isso, frequentemente, necessita de algumas formas de 
quantificação. (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, 2004)
O diagnóstico do sobrepeso e da obesidade pode ser realizado por meio de métodos que avaliam a 
composição corporal. Esses procedimentos podem ser classificados em métodos direto, indiretos e 
duplamente indiretos. Veja no quadro 1, alguns deles e suas principais características.
quadro 1 – métodos para o diagnóstico do sobrepeso e da obesidade
Método Direto Características
Dissecação de cadáver
Ocorre a separação dos diversos componentes estruturais do corpo humano a fim de pesá-los e 
estabelecer relações entre eles e o peso corporal total.
Métodos Indiretos
Pesagem hidrostática 
(determinação do peso subaquático)
Define o volume corporal pelo cálculo da diferença entre o peso corporal aferido normalmente e a 
medição do corpo submerso em água.
Tomografia computadorizada
O exame consiste em uma imagem que representa uma secção ou "fatia" do corpo, obtida por 
meio do processamento por computador de informação recolhida após expor o corpo a uma 
sucessão de raios X.
Ressonância magnética
Método de diagnóstico por imagem por meio da utilização de campo magnético e que não utiliza 
radiação, permitindo retratar imagens de alta definição dos órgãos do corpo.
Absorciometria de feixe duplo de raios – X 
(DEXA – dual X-ray absorptiometry)
É uma metodologia que apresenta validade, precisão e fidedignidade, além de ser uma técnica não 
invasiva de coleta de informações sobre os diferentes tecidos que compõem o corpo humano.
Métodos Duplamente Indiretos
Antropometria
Este método pode incluir medidas de peso, estatura, perímetros corporais, diâmetros ósseos e 
espessura de dobras cutâneas.
Impedância Bioelétrica 
É um método rápido, não invasivo e relativamente barato para avaliar a composição corporal. 
A técnica tem como base a medida da resistência total do corpo à passagem de uma corrente 
elétrica.
Os métodos indiretos são aqueles em que não há manipulação dos componentes corporais 
separadamente, mas a partir de princípios químicos e físicos que visam a extrapolação da quantidade 
de tecido gorduroso e de tecido muscular. Os exemplos mais conhecidos do método indireto são a 
absorciometria de feixe duplo de raios – X (DEXA), a ressonância nuclear magnética, a pesagem 
hidrostática e a tomografia computadorizada. Esses métodos são os mais precisos para a avaliação 
da composição corporal, porém são exames de alto custo. Os aparelhos são sofisticados e acabam 
sendo utilizados mais em centros especializados e de pesquisa.
A pesagem hidrostática tem sido considerada como referência para a validação de métodos 
duplamente indiretos. Ela é baseada no Princípio de Arquimedes, em que um corpo, quando 
13
Histórico da Prevalência e da definição de obesidade │ Unidade i
mergulhado em água, desloca um volume de água igual ao seu próprio volume. Entre os métodos 
duplamente indiretos, o mais comum é o uso de métodos antropométricos e impedância bioelétrica. 
Os antropométricos incluem proporções entre o peso e a estatura,circunferências corporais e 
medidas de dobras cutâneas (BAUMGARTNER; JACKSON, 1995).
antropometria 
(antropo- + -metria)
substantivo feminino
1. Parte da antropologia que estuda o corpo humano considerado em 
relação às suas dimensões.
2. Medição das diversas partes do corpo humano.
3. Registro feito sobre certas particularidades do corpo humano (impressões 
digitais, perímetro torácico, etc.).
As medidas antropométricas são aplicáveis em diversos estudos e sua utilização é recomendada 
no dia a dia dos profissionais da área da saúde. As medidas antropométricas permitem analisar 
grandes amostras e podem proporcionar estimativas nacionais e dados para a análise de mudanças 
seculares (ROCHE, 1996). Este método pode incluir medidas de peso, estatura, perímetros 
corporais, diâmetros ósseos e espessura de dobras cutâneas, sendo esta última a mais utilizada 
quando o objetivo é medir indiretamente a quantidade de gordura corporal.
A lógica para a medida das dobras cutâneas baseia-se no fato de que aproximadamente metade do 
conteúdo corporal total de gordura fica localizada nos depósitos adiposos existentes diretamente 
debaixo da pele e essa está diretamente relacionada com a gordura total (McARDLE; KATCH; 
KATCH, 1985).
Tendo em vista o baixo custo operacional dos métodos duplamente indiretos e sua relativa 
simplicidade de utilização, esses métodos têm sido preferencialmente utilizados por órgãos 
governamentais, organizações e profissionais da área da saúde.
A antropometria é o método mais útil e prático para identificar pessoas obesas pois é o mais 
barato, não invasivo, universalmente aplicável e com boa aceitação pela população. A partir da 
antropometria podem ser obtidos índices por meio da combinação de duas ou mais informações 
antropométricas básicas como o peso, sexo, idade e altura. 
A mais favorável medida de massa corporal tradicionalmente tem sido o peso 
isolado ou peso ajustado para a altura. Mais recentemente, tem sido notado 
que a distribuição de gordura é mais preditiva de saúde. A combinação de 
massa corporal e distribuição de gordura é, provavelmente, a melhor opção 
para preencher a necessidade de uma avaliação clínica. Deve ser notado, a 
princípio, que não há avaliação perfeita para sobrepeso e obesidade. (Sociedade 
Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, 2004)
14
UNIDADE I │ HISTÓRICO DA PREVALÊNCIA E DA DEFINIÇÃO DE OBESIDADE
Atualmente, o índice mais utilizado para identificar pessoas com sobrepeso e obesidade é o Índice 
de Massa Corporal (IMC), calculado pela fórmula peso corporal (em kg) dividido pelo quadrado da 
altura (em metros) do indivíduo.
 figura 1 – cálculo do índice de massa corporal (imc). m, metros; kg, quilogramas.
O cálculo do IMC foi desenvolvido pelo matemático Lambert Adolphe Jacques Quételet, no fim do 
século XIX. Trata-se de um método fácil e rápido para a avaliação da relação existente entre a massa 
corporal e a estatura do indivíduo. Esse simples índice é utilizado como preditor internacional 
de sobrepeso e obesidade adotado pela Organização Mundial de Saúde. Esse índice tem seu uso 
praticamente consensual na avaliação nutricional de adultos cujos limites inferior e superior 
dos valores de normalidade são baseados em critérios estatísticos que correlacionam uma maior 
morbidade e mortalidade em pessoas com o IMC acima ou abaixo desse intervalo. O quadro 2 
demonstra a classificação internacional do baixo peso, sobrepeso e obesidade, baseado no cálculo 
do IMC. Essa classificação é amplamente utilizada por órgãos internacionais como, por exemplo, a 
Organização Mundial de Saúde.
quadro 2 – classificação do indivíduo a partir do resultado do cálculo do índice de massa corporal (imc) e risco 
associado à saúde.
Classificação
Resultado do cálculo
IMC (kg/m2)
Riscos associados à saúde
Baixo peso <18,50 baixo (mas com risco aumentado de outros problemas clínicos)
Magreza severa <16,00
Magreza moderada 16,00 – 16,99
Magreza leve 17,00 – 18,49
Peso normal 18,50 – 24,99
Sobrepeso ≥ 25,00
Pré-obesidade 25,00 – 29,99 Aumentado
Obesidade ≥ 30,00
Obesidade classe I 30,00 – 34,99 Moderadamente aumentado
Obesidade classe II (severa) 35,00 – 39,99 Severamente aumentado
Obesidade classe III (mórbida) ≥40,00 Muito severamente aumentado
adaptada da oms, 1995, oms, 2000 e oms 2004.
15
Histórico da Prevalência e da definição de obesidade │ Unidade i
Ao mesmo tempo que o cálculo do IMC e sua classificação permitem correlacionar com os 
riscos à saúde, o IMC apresenta algumas limitações importantes que devem ser conhecidas por 
todos os profissionais da área da saúde. A lista abaixo demonstra as principais limitações desse 
cálculo.
 » Impossibilidade de diferenciar a composição corporal do indivíduo. Ou seja, não 
sabemos a quantidade de tecido muscular e de tecido adiposo da massa corporal 
total do indivíduo. Por exemplo, em indivíduos mais velhos pode ser subestimado, 
em decorrência de sua perda de massa magra e diminuição do peso, e superestimado 
em indivíduos musculosos.
 » O IMC não reflete, necessariamente, a distribuição da gordura corporal. A medida 
da distribuição de gordura é importante na avaliação de sobrepeso e obesidade 
porque a gordura visceral (intra-abdominal) é um fator de risco potencial para a 
doença, independentemente da gordura corporal total.
 » Indivíduos brevilíneos (baixa estatura) e/ou musculosos podem ter um valor 
inadequado do IMC e serem considerados obesos. Por exemplo: pessoas com pernas 
curtas terão IMC aumentado.
 » Diferenças entre as etnias. Por exemplo: populações da Ásia e do Pacífico são 
consideradas mais obesas que as demais etnias. Para elas existe uma classificação 
diferente para o sobrepeso e a obesidade. No entanto, independente da etnia do 
indivíduo, IMC maior que 25,00 aumenta os riscos para a saúde.
 » O cálculo do IMC não leva em consideração a idade e gênero do indivíduo.
 » Para crianças e idosos, o IMC possui uma classificação diferente.
Selecione indivíduos adultos e calcule o IMC de cada um deles. Agora, classifique-os, 
segundo a OMS, baseado no resultado do cálculo do IMC.
A combinação de IMC com medidas da distribuição de gordura pode ajudar 
a resolver alguns problemas do uso do IMC isolado. (Sociedade Brasileira de 
Endocrinologia e Metabologia, 2004)
Outra medida antropométrica bastante utilizada para avaliar a composição corporal são as 
espessuras de dobras cutâneas (GUEDES; GUEDES, 1998). Existem dezenas de equações para 
esse objetivo, no entanto, é muito importante ter a consciência de que essas equações foram 
criadas para populações específicas (outros países e etnias) e podem produzir resultados 
distorcidos quando utilizadas em indivíduos diferentes daqueles que fazem parte da amostra 
que deu origem à equação (COSTA, 1996). Para minimizar os erros é muito importante escolher 
adequadamente a equação, verificando, por exemplo, em que população ela foi criada: homens, 
mulheres, crianças, jovens, idosos, indivíduos ativos, atletas, etc. Além disso, tem sido utilizada a 
medida de circunferências.
16
UNIDADE I │ HISTÓRICO DA PREVALÊNCIA E DA DEFINIÇÃO DE OBESIDADE
A relação circunferência abdominal-quadril foi, inicialmente, a medida mais comumente usada 
para obesidade central. Entretanto, em 1990, foi reconhecido que isso pode ser menos válido como 
uma medida relativa, após perda de peso, com diminuição da medida do quadril. Para a população 
brasileira, a relação circunferência abdominal-quadril também mostrou estar associada a risco 
de comorbidades. No entanto, foi demonstrado que a medida da circunferência abdominal pode 
refletir melhor o conteúdo de gordura visceral que a relação circunferência abdominal-quadril e que 
também apresenta grande associação com a gordura corporal total.
Neste curso, você terá a oportunidade de conhecer e ampliar as principais equações, as técnicas de 
medida da circunferência para avaliação da composição corporal derivadas de estudos científicos 
na população brasileira.
Godoy-MatosAF, Oliveira J. Sobrepeso e Obesidade: Diagnóstico. Sociedade 
Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, 2004. 
Disponível em: <http://www.projetodiretrizes.org.br/projeto_diretrizes/089.pdf>. 
Acesso em: 25 out. 2010.
Histórico da obesidade
No decorrer da história, pode-se dizer que a humanidade lutou muito contra a fome. No entanto, 
desde a antiguidade existem relatos e figuras de pessoas obesas. Em algumas civilizações da 
antiguidade ser obeso era considerado sinal de saúde e beleza. Já em outras, como no Japão medieval, 
era considerado um deslize moral cometido pelo indivíduo. Na Europa, o estigma da obesidade era 
fundamentado pela Igreja Católica no pecado capital da gula. Na África, o homem obeso é sinal de 
domínio, poder e sucesso, e nas mulheres a obesidade é associada a maior fertilidade.
Desde os tempos da pré-história, a obesidade sempre esteve presente em corpos de homens 
e mulheres de forma marcante, muitas vezes sendo vista como padrão de beleza e fertilidade. 
Cunha (1998), fazendo um resgate histórico da obesidade, lembra que no período Neolítico 
(aproximadamente 10.000 anos a. C.), as “Deusas” eram cultuadas e admiradas por seios, quadris 
e coxas volumosas. Porém, na medicina greco-romana, Hipócrates já alertava sobre os perigos da 
obesidade para a saúde em seus manuscritos, afirmando que a morte súbita era mais comum em 
indivíduos naturalmente gordos do que nos magros.
Nesse mesmo período, um discípulo de Hipócrates, chamado Galeno, classificou a obesidade em 
natural (moderada) e mórbida (exagerada). Na sua concepção, a obesidade era consequência da falta 
de disciplina do indivíduo. Galeno preconizava um tratamento que incluía: corridas, massagens, 
banho, descanso ou algum passatempo e, então, a refeição com comida em abundância, mas pouco 
calórica. Os padrões de beleza foram modificando e, durante o Império Romano, a apreciação ao 
corpo esbelto e magro obrigava as damas a fazer sofridos e prolongados jejuns. Porém, na sociedade 
greco-romana as personalidades socialmente privilegiadas (artistas, nobres ou políticos) tinham 
total liberdade para manter seus hábitos alimentares excêntricos.
Por meio da História da Arte a ideia de que a beleza feminina em outros tempos foi sinônimo de 
excesso de gordura, termina com as obras do século XIII ao século XX, que retratam poucas figuras 
17
Histórico da Prevalência e da definição de obesidade │ Unidade i
mitológicas ou pessoas gordas. As damas ou musas presentes nos quadros da época são, na maioria, 
magras e com formas delineadas.
No século XVI surgiu a primeira monografia sobre obesidade, abrindo caminho para o surgimento de 
outras. Foi escrita em latim e tinha por objetivo enfocar os aspectos clínicos da obesidade. A partir daí, 
o enfoque em torno da obesidade já não tinha relação com precauções ou padrões estéticos, e sim com 
os problemas ocasionados pelo excesso de peso relacionado à saúde. (CUNHA, A.C.P.T. da, NETO, 
C.S.P. ; JÚNIOR, A.T. da C. Indicadores de obesidade e estilo de vida de dois grupos musculares 
submetidos à cirurgia bariátrica. Fitness & Performance Journal, v. 5, nº 3, p. 146-154, 2006.) 
Por volta do ano 1950, começaram-se a acumular evidências científicas de que a obesidade era uma 
condição que poderia prejudicar a saúde das pessoas. Atualmente, está bem estabelecido que o 
sobrepeso e a obesidade aumentam o risco para o desenvolvimento de diversas doenças. Veja no 
quadro 1 as principais doenças comprovadamente associadas à obesidade.
quadro 3 – doenças associadas à obesidade e informações básicas relacionadas a cada doença.
Doenças Informações básicas sobre a doença
Cardiovasculares Doença arterial coronariana, hipertensão, dislipidemias e derrames.
Síndrome metabólica Caracterizada pela distribuição central da obesidade, diminuição nos níveis das lipoproteínas de alta densidade 
(HDL), aumento nos níveis de triglicerídeos, hipertensão arterial sistêmica e hiperglicemia.
Câncer Diversos tipos de câncer, incluindo: endometrial, cervical, ovariano, próstata, mama, cólon, retal, rins e fígado.
Diabetes Diabetes do tipo II e resistência à insulina.
Esteatose hepática não alcoólica Caracterizada por um processo inflamatório crônico (persiste por muitos anos) do fígado, ocasionado por 
deposição de gordura.
Osteoartrite ou artrose Inflamação crônica das articulações caracterizada pela degeneração da cartilagem e do osso adjacente.
Embolia pulmonar Obstrução súbita de uma artéria pulmonar, geralmente devido a um coágulo sanguíneo.
Trombose venosa profunda Desenvolvimento de um coágulo de sangue dentro de um vaso sanguíneo venoso e consequente reação 
inflamatória do vaso.
Síndrome da apneia do sono Pausas respiratórias durante o sono.
Síndrome do ovário policístico Caracterizada por oligomenorreia ou amenorreia (alterações no ciclo ovariano e menstrual), sinais clínicos ou 
bioquímicos de hiperandrogenia e ovários policísticos.
Nesse sentido, podemos perceber claramente que o sobrepeso e a obesidade podem contribuir para 
o desenvolvimento de diversas doenças no homem. A ocorrência de complicações da obesidade 
depende não apenas do excesso de peso, mas também da distribuição da gordura corporal, a qual 
pode estar localizada na região central ou abdominal (conhecida como obesidade em forma de maçã 
ou androide) ou na região inferior ou do quadril (conhecida como em forma de pêra ou ginoide). No 
decorrer deste Caderno, abordaremos com maior clareza a relação existente entre a localização da 
gordura e risco do desenvolvimento das doenças.
 A obesidade pode ser considera uma doença? O que é doença?
18
UNIDADE I │ HISTÓRICO DA PREVALÊNCIA E DA DEFINIÇÃO DE OBESIDADE
 Doença 
1. Interrupção, cessação, ou desordem na função corporal, sistêmica ou 
orgânica; 
2. Uma entidade mórbida caracterizada usualmente por pelo menos dois 
dos três critérios: agentes etiológicos reconhecidos; grupo de sinais e 
sintomas identificados; ou consistentes alterações anatômicas; 
3. Literalmente, doença é o oposto de saúde, em que algo está errado na 
função corporal. Fonte: Stedman’s Medical Dictionary, 2000.
A obesidade claramente se encaixa na definição acima, sendo reconhecida oficialmente como doença 
desde 1985. Veja abaixo a definição categórica da obesidade como doença.
A obesidade é uma doença complexa de etiologia multifacetada, com sua própria fisiopatologia, 
co-morbidades e capacidades desabilitantes. Aceitar a obesidade como uma doença é fundamental 
para o seu tratamento. (CONWAY; RENÉ, 2004)
Ao mesmo tempo em que se descobria o quanto o sobrepeso e a obesidade podem ser prejudiciais à 
saúde, foi constatado, nos últimos 50 anos, um aumento da prevalência da obesidade mundial, ao 
ponto da Organização Mundial de Saúde considerá-la uma epidemia global. No mundo, estima-se o 
quantitativo 1,7 bilhão de indivíduos com sobrepeso ou obesidade.
Nos Estados Unidos da América, a obesidade em adultos aumentou de 14,25%, em 1978, para 31% 
no ano de 2000. No Reino Unido, a obesidade em adultos aumentou de 6% nos homens e 8% nas 
mulheres para, 21% em homens e 23,5% nas mulheres em 2001. (DEITEL, 2003) 
No Brasil, a situação não está diferente – 49% da população adulta (acima dos 20 anos) está acima 
do peso, enquanto 14,8% dessa amostragem já se encontra obesa. Além disso, os dados mostram 
que os homens adultos foram os que mais ganharam massa gorda; o percentual dos considerados 
acima do peso subiu de 18,5% (1974-1975) para 41,4% (2002- 2003), chegando a 50,1% em 2009. 
Entre as mulheres, passou de 28,7% para 40,9% e 48%, nos mesmos períodos anteriores. A Região 
Sul do país concentra os maiores percentuais de adultos com sobrepeso, 56,8% dos homens e 51,6% 
das mulheres. Os números referentes à obesidade na região também são os maiores do país: 15,9% 
(homens) e 19,6% (mulheres).
Além da elevada incidência de sobrepeso e obesidade na população adulta brasileira, recentes 
pesquisas científicas demonstram que o aumento da prevalência da obesidadetambém está ocorrendo 
entre crianças e adolescentes, tanto em países desenvolvidos quanto em países emergentes.
Embora nem todos os adultos obesos tenham sido obesos na infância, já está bem demonstrado 
que crianças e adolescentes obesos, principalmente a partir dos 5 anos de idade, tornam-se adultos 
obesos. As diversas doenças associadas à obesidade que antes eram observadas apenas em adultos 
obesos, hoje já são observadas na infância e principalmente na adolescência.
19
Histórico da Prevalência e da definição de obesidade │ Unidade i
Veja a figura abaixo e reflita sobre as seguintes questões:
Você encontra indivíduos com sobrepeso ou obesidade no seu dia a dia? Com qual 
frequência?
O que será da espécie humana se a doença obesidade não for controlada?
figura 2 – evolução questionada da espécie humana.
20
CAPÍtuLo 2
obesidade na infância, na 
adolescência e na velhice
obesidade na infância e na adolescência
A prevalência mundial da obesidade infantil e na adolescência vem apresentando um rápido 
aumento nas últimas décadas, sendo caracterizada como uma epidemia de magnitude mundial. 
Esse aumento é bastante preocupante, pois a associação da obesidade com diversas outras doenças 
já foi evidenciada. (Veja o quadro 3). O que era evidente em adultos, hoje já pode ser observado em 
faixas etárias mais jovens, como, por exemplo, em crianças menores de 8 anos.
No Brasil, as últimas décadas foram marcadas por um processo de transição nutricional. Entre 
os anos 1974 e 1989 houve redução da prevalência da desnutrição infantil (de 19,8% para 7,6%) e 
um aumento na prevalência de obesidade em adultos (de 5,7% para 9,6%). Os dados da Pesquisa 
Nacional sobre Saúde e Nutrição (1989) da população brasileira demonstraram uma prevalência 
de 7,6% de sobrepeso em adolescentes. Mais recentemente, comparando-se os dados do Estudo 
Nacional da Despesa Familiar (1974) com os dados da Pesquisa sobre Padrões de Vida (1996), 
verificou-se um aumento na prevalência de sobrepeso e obesidade de 4,1% para 13,9% em crianças 
e adolescentes de 6 a 18 anos.
Atualmente, no Brasil, a desnutrição continua em queda em todas as faixas etárias, persistindo em 
graus pouco intensos entre as crianças do Norte ou em famílias com rendimentos mais baixos. Em 
contrapartida, o sobrepeso e a obesidade apresentaram crescimento em todas as idades (5-9 anos e 
10-19 anos), principalmente o sobrepeso em crianças de 5 a 9 anos de idade, que cresceu de forma 
mais acelerada que nas demais faixas. Veja a Figura 3 e analise a evolução do tempo, do déficit de 
peso, sobrepeso e obesidade da população brasileira nas diferentes faixas etárias.
figura 3 – evolução de indicadores antropométricos na população brasileira de 5 a 9 e 10 a 19 anos de idade, 
por sexo – brasil – períodos 1974-1975, 1989, 2002-2003 e 2008-2009. estado nutricional de crianças de 5 a 9 
anos de idade
21
Histórico da Prevalência e da definição de obesidade │ Unidade i
estado nutricional da população de 10 a 19 anos de idade
figura adaptada da Pesquisa de orçamentos familiares, realizada pelo instituto brasileiro de geografia e estatística em 
parceria com o ministério da saúde.
Podemos observar na Figura 3 que, independente da faixa etária (5 a 9 e 10 a 19 anos de idade) e 
gênero (masculino ou feminino), houve uma redução do déficit de peso e aumento do excesso de 
peso e obesidade do ano de 1974 para o ano de 2009, indicando mudanças no padrão alimentar e 
antropométrico da população estudada.
Neste momento, você deve estar se perguntando: quais são os fatores que 
contribuem para a gênese da obesidade em crianças e adolescentes?
 Substantivo feminino - Gênese 
1. origem; geração; formação; criação; 
2. Série de fatos e causas que concorreram para a formação de alguma coisa.
Fonte: Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa
Vários fatores são importantes e contribuem para a gênese da obesidade, como, por exemplo, as 
alterações genéticas, fisiológicas e metabólicas. No entanto, os que poderiam explicar esse crescente 
aumento do número de indivíduos obesos no mundo e no Brasil parecem estar mais relacionados às 
mudanças no estilo de vida e aos hábitos alimentares. O aumento no consumo de alimentos ricos em 
açúcares simples e gordura, com alta densidade energética, e a diminuição da prática de exercícios 
físicos são os principais fatores relacionados ao meio ambiente.
A obesidade infantil foi inversamente relacionada com a prática da atividade 
física sistemática, com a presença de TV, computador e videogame nas 
residências, além do baixo consumo de verduras, confirmando a influência do 
meio ambiente sobre o desenvolvimento do excesso de peso em nosso meio. 
(OLIVEIRA; CERQUEIRA; SOUZA; OLIVEIRA, 2003)
Diante do que foi discutido e dos números apresentados, podemos perceber a importância da 
implementação de medidas intervencionistas no combate e prevenção a esse distúrbio nutricional 
22
UNIDADE I │ HISTÓRICO DA PREVALÊNCIA E DA DEFINIÇÃO DE OBESIDADE
em crianças e adolescentes. Algumas áreas merecem muita atenção, como a educação da população 
e dos profissionais da área da saúde, a indústria alimentícia e os meios de comunicação.
Como profissional da área da saúde, qual é a sua participação no controle da 
obesidade infantil?
“WALL-E” – Estados Unidos, 2008. 97 min., animação. Distribuição Walt Disney 
Pictures. Direção de Andrew Stanton.
Este filme mostra que, após entulhar a Terra de lixo e poluir a atmosfera com gases 
tóxicos, a humanidade deixou o planeta e passou a viver em uma gigantesca nave. 
O plano era que o retiro durasse alguns poucos anos, com robôs sendo deixados 
para limpar o planeta. Wall-E é o último desses robôs, realizando diariamente sua 
função. Além dessa maravilhosa abordagem, o filme faz uma excelente crítica ao 
sedentarismo, a hábitos alimentares inadequados, à obesidade e ao futuro da 
humanidade. Vale a pena assistir com atenção! Convide os familiares e amigos para 
assistir e aproveite para conscientizá-los do desafio chamado obesidade.
obesidade na velhice
A distribuição etária da população mundial tem apresentado visível alteração nas últimas décadas, 
em razão do aumento da expectativa de vida e do coerente aumento de idosos. O Brasil, à semelhança 
dos demais países da América Latina, está passando por um processo de envelhecimento rápido 
e intenso. A evolução da população idosa brasileira constitui um grande desafio – enquanto a 
população brasileira crescerá 3,22 vezes até o ano 2025, o segmento da população acima de 65 anos 
aumentará 8,9 vezes, e o acima de 80 anos, 15,6 vezes. Com isso, a proporção de idosos que, em 
1980, era menor que 6%, subirá em menos de 50 anos, para 14%, devendo o Brasil ocupar o sexto 
lugar na esfera mundial no ano 2025, com uma estimativa de 31,8 milhões de idosos.
Com o processo de envelhecimento, ocorrem muitas transformações fisiológicas que podem 
particularizar o uso da antropometria na análise do sobrepeso e obesidade entre os idosos. 
Basicamente, o envelhecimento é caracterizado por uma perda progressiva da massa magra e 
aumento da massa gorda, diminuição da estatura, relaxamento e enfraquecimento da musculatura 
abdominal, cifose e alteração da elasticidade da pele. Todos esses fatores devem ser conhecidos e 
levados em consideração ao avaliar os parâmetros antropométricos de indivíduos idosos.
MENEZES, T. N.; MARUCCI, M. F. N. Antropometria de idosos residentes em instituições 
pediátricas. Rev Saúde Pub, v. 39, n. 2, p. 169-175, 2005. Disponível em: <http://www.
scielo.br/pdf/rsp/v39n2/24038.pdf>. Acesso em: 04 out. 2010.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a massa corporal total tende a aumentar até a faixa de 
60 anos. Esse aumento é diferenciado entre homens e mulheres. O aumento de peso do homem 
23
Histórico da Prevalência e da definição de obesidade │ Unidade i
alcança seu ápice aos 65 anos, e a partir dessa fase há uma diminuição do peso. Já nas mulheres, o 
ápice ocorre próximo aos 75 anos. A diminuiçãodo peso a partir dos 65 anos, principalmente entre 
os homens, pode estar associada à perda de massa muscular. Em linhas gerais, há uma prevalência 
maior de sobrepeso e obesidade entre as mulheres, inclusive nos idosos. Em ambos os sexos, o 
maior pico de sobrepeso e obesidade ocorre na faixa etária dos 45 e 64 anos. 
É importante recordar que é considerado indivíduo com sobrepeso e obesidade um IMC maior ou 
igual a 25 kg/m2 e 30kg/m2, respectivamente. Essa definição de sobrepeso e obesidade não se 
diferenciam na população idosa, apesar de haver uma tolerância maior dos idosos com o aumento 
de IMC, podendo, assim, a obesidade ser definida em um patamar de IMC mais elevado nessa 
faixa etária. Nesse sentido, o IMC sempre foi um método muito questionado por não considerar as 
mudanças de composição corporal dos idosos, como o aumento de gordura na região abdominal e 
perda de estatura. Assim, foram estabelecidos diferentes pontos de corte para classificar o IMC para 
idosos. A classificação proposta pela Organização Mundial de Saúde é a mais utilizada:
quadro 4 – classificação do indivíduo idoso a partir do resultado do cálculo do índice de massa corporal (imc).
Classificação
Resultado do cálculo
IMC (kg/m2)
Magreza < 22,00
Eutrófico 22,00 – 26,99
Obesidade  27,00
 Faça um resumo da Unidade I, contemplando os seguintes tópicos:
 » Histórico, definição e classificação da a obesidade
 » Como diagnosticar o sobrepeso e a obesidade
 » Obesidade na infância, na adolescência e na velhice
 » Doenças associadas à obesidade
24
unidAdE ii
EtioLogiA do 
SobrEPESo E dA 
obESidAdE
CAPÍtuLo 1
Sobrepeso e obesidade
 Substantivo feminino - Etiologia 
1. (aitía + logos) é o estudo das causas. Uma espécie de ciência das causas.
2. O conceito abrange toda a pesquisa que busca as causas de determinado 
objeto ou conhecimento.
Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O peso corporal é função do equilíbrio energético e de nutrientes por um longo período de tempo. 
Esse equilíbrio energético é determinado pela ingestão de macronutrientes, pelo gasto energético 
diário e pela distribuição de energia ou de nutrientes. Quando o balanço positivo perdura por 
semanas ou meses, o resultado é um ganho de peso, enquanto que um balanço energético negativo 
exerce efeito oposto.
O aumento na prevalência dos casos de sobrepeso e obesidade, em todo o mundo, está ocorrendo 
proporcionalmente à diminuição progressiva da energia gasta em atividades de trabalho, 
ocupacionais, no cumprimento de afazeres domésticos e necessidades diárias. A diminuição do gasto 
energético associada à atividade física, resultante da automação e das alterações nas circunstâncias 
ambientais, domésticas e profissionais, não foi menos do que drástica, durante a segunda metade 
do século passado.
Ao contrário, o gasto energético em atividades físicas desenvolvidas nos períodos de lazer pode 
ter aumentado ligeiramente, mas não o suficiente para se equiparar às alterações decorrentes da 
urbanização e automação.
Como é necessário um balanço energético positivo para que ocorra um ganho de peso, os hábitos 
dietéticos têm uma função importante na prevalência do sobrepeso e da obesidade. Nos países 
desenvolvidos, a oferta de alimentos altamente palatáveis, em abundância quase ilimitada, tem 
contribuído, sem dúvida alguma, para a epidemia: alguns dos indivíduos afetados comem muitas 
vezes ao dia e consomem grandes porções. A quantidade de calorias derivadas das gorduras também 
está potencialmente envolvida, em particular para os consumidores de dietas ricas em gorduras 
25
Etiologia do SobrEpESo E da obESidadE │ UNidadE ii
aliadas a um estilo de vida sedentária. Entretanto, a contribuição exata da dieta rica em gorduras na 
epidemia atual de obesidade permanece controvertida.
Além disso, durante o mesmo período de tempo citado, e especialmente nas duas ou três últimas 
décadas, tem havido um aumento contínuo de distúrbios alimentares: os comportamentos alimentares 
restritivos e dietas rigorosas são duas ocorrências frequentes; às vezes são seguidas por períodos de 
ingestão voraz e de descontrole alimentar. Tais padrões alimentares resultam em grandes flutuações 
na ingestão de calorias e nutrientes, influenciando o ganho de peso de alguns indivíduos.
Os processos têm sido mais lentos na área da participação de energia ou de nutrientes, certamente 
porque esse fator não havia sido considerado um determinante com importância no balanço 
energético de longo prazo, em humanos. Entretanto, muitos estudos fisiológicos e metabólicos 
sobre a modulação no armazenamento de nutrientes em forma de gorduras e proteínas em vários 
órgãos do tecido, foram desenvolvidos no campo do manejo animal, tendo fortes implicações na 
compreensão do fenótipo da participação de nutrientes em humanos. Esses estudos indicam que a 
insulina, hormônios esteroides, tireóideos e do crescimento, e vários fatores do crescimento, todos 
influenciam a taxa de alimento ingerido. O metabolismo hepático e do músculo esquelético, assim 
como a atividade da lipase lipoproteica no tecido adiposo e no músculo esquelético apresentam 
também uma função importante. A composição do alimento ingerido, incluindo a composição em 
aminoácidos das proteínas necessita, também ser levada em consideração. Essa linha de pesquisa 
indica que se comportar como um “acumulador de gordura” em oposição a um “acumulador de 
tecido magro” é um fator de risco para a obesidade. 
Fonte: Bouchad, 2003, p. 08-09.
O quadro abaixo foi retirada do livro Bouchad (2003). Nela são demosntradas algumas correlações 
entre sobrepeso, obesidade e ganho de peso no decorrer do tempo. Algumas dessas correlações são 
consideradas verdadeiras determinantes do ganho de gordura corporal e podem ser consideradas 
fatores de risco para o sobrepeso e a obesidade.
quadro 5. correlações de diferentes variáveis com o sobrepeso e a obesidade.
Variável Comentário
Idade » A obesidade infantil é um fator de risco para a obesidade no adulto.
 » O conteúdo de gordura corporal aumenta na vida adulta.
 » As taxas máximas de sobrepeso e obesidade são atingidas entre 55 e 65 anos.
Sexo » As mulheres apresentam mais gordura corporal.
 » As diferenças sexuais na prevalência de obesidade variam entre populações e grupos étnicos.
Condição 
socioeconômica
 » Há mais obesos nas classes de condição socioeconômica alta dos países pobres.
 » Há mais obesos nas classes de condição socioeconômica baixa de países ricos.
Ingestão de energia » A superalimentação provoca ganho de peso e leva à obesidade.
Ingestão de gordura » A gordura está relacionada com a prevalência de sobrepeso em estudos.
 » Dieta rica em gorduras causa ganho de peso.
 » Dieta pobre em gorduras reduz o ganho de peso.
Taxa metabólica 
basal
 » Baixa massa corporal e taxa metabólica basal ajustada à composição são fatores de risco para o ganho de peso, mas 
foram encontrados dados contraditórios.
 » Pessoas com sobrepeso e obesas têm taxa metabólica basal mais alta.
26
UNIDADE II │ ETIOLOGIA DO SOBREPESO E DA OBESIDADE
Variável Comentário
Resposta térmica 
dos alimentos
 » Obesos apresentam uma resposta deprimida em alguns estudos, mas os resultados contraditórios são abundantes.
Nível de atividade 
física
 » O baixo nível de atividade física é um fator de risco para o ganho de peso.
 » O nível de sedentarismo é mais alto em pessoas obesas.
 » A atividade física regular altera a composição corporal.
 » Atividade física regular contribui para a perda e a manutenção do peso.
Taxa de oxidação 
lipídica
 » A gordura corporal diminui o quociente respiratório.
 » Quociente respiratório alto é um fator de risco para o ganho de peso, mas há resultados contraditórios.
 » Ex-obesos têm quociente respiratório mais alto do que aqueles que nunca foram obesos.
Atividade do sistema 
nervoso simpático
 » Atividade baixa do sistema nervoso simpático pode ser um fator de risco para o ganho de peso.
 » A atividade do sistema nervoso simpático aumentacom a superalimentação e com o ganho de peso.
Participação 
de energia e de 
nutrientes
 » Sob condições de balanço energético positivo, algumas pessoas canalizam mais carbonos, originados dos alimentos, 
para as proteínas.
 » Taxas altas de acréscimo de lipídios podem ser um risco para o ganho de peso posterior.
Fumo » O hábito de fumar está associado a um menor ganho de peso.
 » A interrupção do hábito aumenta o peso corporal na maioria das pessoas.
modificada de bouchad, 2003, p. 10-12.
 SOUZA, D. P.; SILVA, G. S.; OLIVEIRA, A. M.; SHINOHARA, N. K. S. Etiologia da obesidade 
em crianças e adolescentes. Rev Bras Nutr Clin; v. 22(1), p. 72-6, 2007. Disponível em: 
<www.rebrae.com.br/artigo/etiologiaobesidade.pdf>. Acesso em: 25 out. 2010.
27
CAPÍtuLo 2
A genética molecular da obesidade
Ao estudar a Unidade I percebemos que a prevalência da obesidade tem crescido rapidamente e 
representa um dos principais desafios de saúde pública mundial e brasileira para as próximas décadas. 
A escalada vertiginosa da obesidade em diferentes populações, incluindo países industrializados e 
economias em transição, levanta a questão de que fatores estariam determinando essa epidemia. 
Considerando-se que o patrimônio genético da espécie humana não pode ter sofrido mudanças 
importantes nesse intervalo de poucas décadas, certamente os fatores ambientais devem explicar 
essa epidemia. Quando se avalia clinicamente um paciente obeso, entretanto, deve-se considerar 
que diversos fatores predisponentes genéticos podem estar desempenhando um papel expressivo 
no desequilíbrio energético determinante do excesso de peso. 
Este capítulo objetiva elucidar os principais fatores genéticos relacionados às alterações do 
comportamento alimentar e aos hábitos de vida sedentária, favorecendo o desenvolvimento 
da obesidade.
Substantivo feminino - Genética
1. (do grego genno; fazer nascer) é a ciência dos genes, da hereditariedade 
e da variação dos organismos. 
2. Ramo da biologia que estuda a forma como se transmitem as características 
biológicas de geração para geração. 
Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Genética>, 
Acessado em 25 outubro/2010.
Após a leitura da definição de genética, você acredita que os fatores genéticos 
podem favorecer o desenvolvimento da obesidade?
Vários estudos científicos estimaram a contribuição dos fatores genéticos para o desenvolvimento 
da obesidade. Estima-se que os fatores genéticos possam responder por 24% a 40% da variância 
no índice de massa corporal, por determinarem diferenças em fatores como taxa de metabolismo 
basal, resposta à superalimentação e outros. No entanto, a hipótese mais aceita para a obesidade 
é a resultante de fatores poligênicos complexos e de um ambiente obesogênico (favorece o 
desenvolvimento da obesidade). 
Existe um grande esforço dos cientistas em desvendar o chamado mapa gênico da obesidade 
humana. Esse mapa está em processo constante de evolução, à medida que se identificam novos 
genes e regiões cromossômicas associados com a obesidade. Atualmente, o mapa gênico relatou 
mais de 430 genes, marcadores e regiões cromossômicas associadas com fenótipos de obesidade 
humana. Nesse sentido, as alterações genéticas que favorecem o desenvolvimento da obesidade 
foram classificadas em: obesidade monogênica e síndromes genéticas associadas à obesidade.
28
UNIDADE II │ ETIOLOGIA DO SOBREPESO E DA OBESIDADE
obesidade monogênica
 Monogênica
As características monogênicas em geral são chamadas de mendelianas, pois, assim 
como as características das ervilhas estudadas por Gregor Mendel, elas ocorrem 
em média em proporções fixas entre a prole de tipos específicos de reprodução. Os 
distúrbios monogênicos são primariamente, mas de modo algum exclusivamente, 
distúrbios da faixa de idade pediátrica. Menos de 10% manifestam-se após a 
puberdade e apenas 1% ocorre após o final do período reprodutivo. Embora 
individualmente raros, como um grupo são responsáveis por uma proporção 
significativa de doenças e mortes na infância. 
Fonte: Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. 
Disponível em: <http://genetica.ufcspa.edu.br/Mendeliana.htm>. Acesso em: 25/out/2010.
Diversas mutações monogênicas já foram associadas com a obesidade grave e a hiperfagia (fome 
excessiva), com um grande número de novas correlações genótipo-fenótipo sendo identificadas a 
cada ano. Algumas alterações genéticas envolvendo diversos hormônios e seus receptores já foram 
estabelecidas e relacionadas ao desenvolvimento da obesidade. Para favorecer seu entendimento, 
leia abaixo algumas características fisiológicas dos seguintes hormônios: Pró-Ópio-Melanocortina 
(POMC), Melanocortina e Leptina.
Pró-ópio-Melanocortina (PoMC)
A POMC é expressa em vários locais do organismo, como hipófise, pele, sistema 
imunológico e sistema nervoso central. Nesse último, a POMC é sintetizada por 
neurônios adjacentes àqueles que regulam a ingestão alimentar.
Melanocortina
As melanocortinas são peptídeos obtidos do processamento das pro-
opiomelanocortinas (POMC), cuja expressão gênica é limitada quase que 
exclusivamente ao hipotálamo. A a-melanocortina é regulada pela ingestão 
alimentar, em parte pela ativação de neurônios que expressam o RNAm das 
proopiomelanocortinas modulado pela leptina.
Leptina
A leptina é um hormônio peptídico, secretado principalmente pelo tecido adiposo 
e, em escala menor, pela medula óssea, placenta, estômago e tecido hipotalâmico. 
As concentrações de leptina são proporcionais ao volume de células adiposas e 
aumentam em proporção à elevação do percentual de gordura corporal. Ela atua em 
centros hipotalâmicos, para controlar o apetite, a termogênese e o peso corporal.
Fonte: Barroso, S. G.; Abreu, V. G.; Francischetti, E. A. A Participação do Tecido Adiposo Visceral na 
Gênese da Hipertensão e Doença Cardiovascular Aterogênica. Um Conceito Emergente. Arq Bras 
Cardiol, v. 78 (nº 6), p. 618-30, 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/abc/v78n6/11859.
pdf> Acessado em: 25/outubro/2010.
29
Etiologia do SobrEpESo E da obESidadE │ UNidadE ii
Mutações envolvendo a via de sinalização da melanocortina já descritas incluem mutações no 
gene da leptina, do receptor da leptina, da pró-ópio-melanocortina (POMC), e do receptor da 
melanocortina (MC4R). As mutações com perda de função no gene da POMC resultam, em um 
fenótipo característico em humanos, com hiperfagia, obesidade grave, deficiência de hormônio 
adrenocorticotrófico (regula da secreção de cortisol) com insuficiência adrenal, hipopigmentação 
cutânea e cabelo avermelhado. Já as mutações do receptor MC4 são as causas monogênicas mais 
comuns de obesidade, chegando a acometer 6% dos pacientes com obesidade grave.
Além de todas as alterações citadas, sabe-se que o adipócito (célula adiposa), além do seu papel no 
armazenamento de gordura, possui função endócrina, produzindo hormônios que influenciam os 
centros de regulação de energia no hipotálamo. 
Em decorrência de estudos recentes (últimos 12 anos), com a descoberta 
da propriedade do tecido adiposo de secretar substâncias (hormônios) com 
importantes efeitos biológicos, grande importância foi atribuída ao seu papel 
endócrino. Desde então, um novo conceito sobre a função biológica desse 
tecido vem amadurecendo, consolidando a ideia de ele não ser apenas um 
mero estocador de energia, um protetor mecânico e/ou um regulador da 
temperatura corporal, mas sim um órgão dinâmico envolvido em uma variada 
gama de processos metabólicos e fisiológicos.
(PRADO; LOFRANO; OYAMA; DAMASO, 2009)
A leptina, secretada pelo adipócito, atua em nível hipotalâmico, estimulando os neurônios produtores 
de POMC que, por sua vez, é clivada produzindo o hormônio estimulador do melanócito (α-MSH), 
agonista potente do MC4R. Quando o MC4R está ligado ao agonista, as vias neurais anorexigênicas 
são estimuladas, diminuindo o apetite e a ingestão alimentar. Já as vias orexigênicasdiminuem sua 
atividade (down-regulation) pela leptina, que inibe a produção da proteína relacionada com o agouti 
(agouti-related protein), que é antagonista do MC4R. Veja a Figura 4 para melhor entendimento.
Em outra oportunidade, essa via de sinalização e controle neuroendócrino do peso corporal será 
estudada e analisada com mais clareza e detalhes. 
figura 4 – controle neuroendócrino do peso corporal. PYY, peptídeo YY; ccK, colecistocinina; nPY, neuropeptídeo 
Y; agrP, proteína relacionada à agouti; Pomc, próopiomelanocortina; cart, transcrito regulado pela cocaína e 
anfetamina; α-msH, α-melanocortina; mc4r, receptor 4 da melanocortina. 
adaptado de rodrigues, suplicy, radominski, 2003.
30
UNIDADE II │ ETIOLOGIA DO SOBREPESO E DA OBESIDADE
Outro aspecto muito importante e interessante é o recente estudo realizado pelos pesquisadores do 
Medical Research Council´s Epidemiology Unit. Nesse estudo, foram selecionados adultos entre 
39 e 79 anos, focando nos 12 marcadores genéticos conhecidos por aumentar o Índice de Massa 
Corporal e o risco de obesidade. Após analisar os genes de mais de 20 mil homens e mulheres, eles 
concluíram que um estilo de vida ativo ajuda a combater nossa herança genética e a queimar cerca 
de 40% do peso extra relacionado a ela.
Aquele mito de que a obesidade é inevitável quando temos antecedentes familiares começou a 
ruir, indicando que praticar algum tipo de atividade física diariamente pode ser benéfica mesmo 
em indivíduos que carregam maior predisposição genética para o sobrepeso e a obesidade. E não 
pensem que é necessário fazer grandes sacrifícios, ou correr maratonas: “passear com o cachorro ou 
trabalhar no jardim é suficiente’, afirmam os pesquisadores. Isso mostra que não somos completos 
escravos da nossa constituição genética e que podemos fazer uma grande diferença para nossa saúde 
futura, alterando nosso comportamento.
RODRIGUES, A. M.; SUPLICY, H. L.; RADOMINSKI, R. B. Controle Neuroendócrino do 
Peso Corporal: Implicações na Gênese da Obesidade. Arq Bras Endocrinol Metab, 
v. 47, nº 4, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/abem/v47n4/a12v47n4.
pdf>. Acesso em: 04/out/2010.
Síndromes genéticas associadas com 
a obesidade
As duas síndromes genéticas que tiveram sua associação com a obesidade são resultantes de defeitos 
de um gene único – a Síndrome de Prader-Willi e a síndrome de Bardet-Biedl. Abordaremos de 
maneira breve e superficial cada uma delas:
A Síndrome de Prader-Willi foi descrita em 1956 por Prader, Labhart e Willi. É uma doença genética 
devida à deleção da porção proximal do braço longo do cromossomo 15 paterno (15q11-q13) ou, mais 
raramente, translocações, dissomia materna do cromossomo 15 ou anormalidades do imprinting 
cromossômico. A incidência é de cerca de 1:15.000 nascidos vivos e a prevalência de 60:1.000.000. 
O quadro clínico se caracteriza por deficiência mental, hipotonia muscular, excesso de apetite, 
obesidade progressiva, baixa estatura, hipogonadismo, distúrbios do sono e do comportamento. 
Após os quatro anos de idade, inicia-se a hiperfagia, a obesidade e os problemas de saúde. Na 
fase escolar nota-se dificuldade do aprendizado associada à deficiência mental, que pode ser leve 
ou moderada. Problemas comportamentais e sociais podem estar presentes, principalmente a 
compulsão alimentar, e a maioria dos pacientes é incapaz de ter uma vida independente. A obesidade 
é a complicação mais séria, tornando-se um fator de risco para o desenvolvimento de intolerância à 
glicose, doenças cardiovasculares e respiratórias, reduzindo a expectativa de vida desses indivíduos.
A síndrome de Bardet-Biedl é uma doença genética de tipo ciliopático que produz efeitos muito 
diversos nos sistemas orgânicos (multisistêmica). Caracteriza-se por manifestações de obesidade, 
distrofia retiniana, polidactilia, atraso mental, hipogonadismo e insuficiência renal. Essa síndrome 
é absolutamente rara, com uma prevalência que varia de 1:17.500 a 1:160.000.
31
CAPÍtuLo 3
Controle da composição da dieta e da 
ingestão de alimentos
A dieta inadequada e o estilo de vida sedentário compõem um complexo de causas de grande 
importância para a saúde da população. Esses fatores se associam fortemente ao desenvolvimento 
de muitas doenças crônicas, como, por exemplo, obesidade, diabetes tipo 2 e doença coronariana. 
Por outro lado, importante parcela das deficiências nutricionais, com destaque para a anemia 
ferropriva, tanto no Brasil quanto no mundo, também tem na dieta seu principal fator etiológico. 
No Brasil, os indicadores de consumo alimentar são monitorados por meio das Pesquisas de 
Orçamento Familiar. 
Neste capítulo, abordaremos a disponibilidade e evolução nacional de alimentos. Diversos 
trabalhos científicos sugerem que a ingestão de nutrientes e seu o metabolismo podem ser 
controlados ou modulados por estruturas neurais e por sistemas neuroquímicos e neuroendócrinos 
específicos. Alterações nesses sistemas neurais podem estar associadas às mudanças no 
comportamento alimentar. Neste capítulo também serão abordados os aspectos psicobiológicos 
primordiais ao desencadeamento da alimentação, evocando algumas estruturas neuroanatômicas, 
neurotransmissores, precursores, processos sensoriais, apetite e saciedade.
O objetivo é caracterizar os alimentos consumidos pela população brasileira e evidenciar a relação 
entre os processos psicobiológicos e a alimentação, demonstrando a importância dessa relação no 
comportamento alimentar. É importante ressaltar que outras disciplinas deste curso abordarão 
novamente o comportamento alimentar, com mais complexidade e relacionado à gênese do 
sobrepeso e obesidade.
O quadro 6 mostra a participação relativa de alimentos e de grupos de alimentos na disponibilidade 
alimentar domiciliar dos brasileiros. A disponibilidade domiciliar média de alimentos no Brasil foi 
estimada em 1.800 kcal por pessoa por dia, sendo essa disponibilidade próxima de 1.700 kcal no 
meio urbano e de 2.400 kcal no meio rural. 
Os alimentos básicos de origem vegetal (cereais, leguminosas e raízes e tubérculos) correspondem 
a cerca de 50% das calorias totais, vindo, a seguir, com cerca de 28%, os alimentos essencialmente 
calóricos (óleos e gorduras vegetais, gordura animal, açúcar e refrigerantes e bebidas alcoólicas) e, 
com cerca de 18%, os produtos de origem animal (carnes, leite e derivados e ovos). Frutas, verduras 
e legumes correspondem a apenas 2,3% das calorias totais.
32
UNIDADE II │ ETIOLOGIA DO SOBREPESO E DA OBESIDADE
quadro 6 – Participação relativa (%) de alimentos e grupos de alimentos no total de calorias determinado pela 
aquisição alimentar domiciliar por situação do domicílio. brasil, 2002/2003. 
Grupos de alimentos Total
Situação do domicílio 
Urbano
Rural
Cereais e derivados
Arroz polido
Pão francês
Biscoitos 
Macarrão
Farinha de trigo
Outros
Feijões e outras leguminosas
Raízes, tubérculos e derivados
Batata
Mandioca
Outros
36,4
17,8
5,5
3,1
2,7
2,8
4,6
6,6
5,8
0,7
0,4
4,6
36,4
17,3
6,5
3,3
2,9
2,5
3,9
5,8
4,3
0,8
0,2
3,3
36,3
19,3
1,9
2,4
2,0
3,8
6,8
9,0
10,6
0,6
0,9
9,2
Carnes
Bovina
Frango
Suína
Peixes
Embutidos
Outras
Leites e derivados
Leite 
Queijos
Outros
Ovos
Frutas e sucos naturais
Bananas
Laranjas
Outras
Verduras e legumes
Tomate
Outros
Óleos e gorduras vegetais
Óleo de soja
Margarina
Outros
Gordura animal
Manteiga
Toucinho
Açúcar e refrigerantes
Açúcar
Refrigerantes
Bebidas alcoólicas
Cerveja
Aguardente
Outras
Oleaginosas
Condimentos
Refeições prontas e misturas industrializadas
11,8
5,1
2,5
1,2
0,6
2,2
0,1
6,3
4,6
1,1
0,6
0,3
1,6
0,7
0,2
0,8
0,7
0,2
0,6
12,8
10,5
1,8
0,5
1,3
0,4
1,0
13,4
11,9
1,
0,5
0,3
0,1
0,1
0,2
0,6
1,7
12,3
5,4
2,7
1,1
0,5
2,5
0,1
6,7
4,6
1,3
0,7
0,3
1,8
0,7
0,2
0,9
0,8
0,2
0,6
13,5
10,9
2,1
0,6
1,2
0,4
0,8
13,4
11,7
1,7
0,5
0,4
0,1
0,1
0,1
0,7
2,0
10,04,1
1,8
1,7
1,0
1,1
0,3
5,1
4,4
0,5
0,1
0,5
0,9
0,4
0,1
0,3
0,5
0,1
0,4
10,4
9,3
0,8
0,3
1,8
0,2
1,7
13,3
12,8
0,6
0,2
0,1
0,1
0,0
0,4
0,3
0,9
Total 100,0 100,0 100,0
Total de calorias (kcal/dia per capita) 1.811 1.690 2.402
adaptado de levy-costa rb et AL, 2005.
33
Etiologia do SobrEpESo E da obESidadE │ UNidadE ii
A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação recomenda para a população 
brasileira o consumo de pelo menos 400 gramas diárias ou cerca de 6-7% das calorias totais de uma 
dieta de 2300 kcal diárias de frutas, verduras e legumes. Podemos perceber que a disponibilidade de 
frutas, verduras e legumes para a população brasileira está aquém da recomendada pela Organização 
das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação.
A importância na dieta de cereais e derivados foi semelhante nas áreas urbanas e rurais do País, 
havendo maior participação de pão, biscoitos e macarrão no meio urbano. Já no meio rural houve 
maior a participação de arroz e farinha de trigo. Foi evidenciado, no meio urbano, maior participação 
na dieta de frutas, verduras e legumes, carnes e leite e derivados, enquanto no meio rural foi maior 
a participação de feijões e outras leguminosas e de raízes e tubérculos.
Identifique no quadro a participação da dieta de refeições prontas e misturas 
industrializadas. Houve diferenças entre o meio urbano e rural? Em qual deles há um 
consumo maior desse tipo de dieta?
R. A participação na dieta de refeições prontas e misturas industrializadas foi três 
vezes maior no meio urbano do que no meio rural (Quadro 3).
O Brasil é uma república federativa presidencialista localizada no continente sul-americano, formada 
pela união de 26 estados federados e um distrito federal, agrupados em cinco regiões geográficas, 
que são: Centro-Oeste, Nordeste, Norte, Sudeste e Sul. Foi observado perfis diferenciados da 
disponibilidade domiciliar de alimentos entre as cinco grandes regiões do País. 
Observe no quadro 7 que a participação do arroz e óleo de soja na disponibilidade alimentar da 
região Centro-Oeste excede em uma e meia vez a participação nas demais regiões. Além disso, a 
participação da farinha de trigo na região Sul excede em quatro a dez vezes a participação observada 
nas demais regiões. Situações semelhantes são vistas com relação a feijões e biscoitos na região 
Nordeste, a farinha de mandioca nas regiões Norte e Nordeste e a carnes nas regiões Norte e 
Sul. Ademais, há maior disponibilidade domiciliar de peixes e oleaginosas (castanha do Pará) na 
região Norte e carne suína e toucinho na região Sul. Nas regiões Sul e Sudeste há também maior 
disponibilidade domiciliar de frutas, sucos naturais, refrigerantes, bebidas alcoólicas, condimentos 
e refeições prontas.
34
UNIDADE II │ ETIOLOGIA DO SOBREPESO E DA OBESIDADE
quadro 7 – Participação relativa (%) de alimentos e grupos de alimentos no total de calorias determinado pela 
aquisição alimentar domiciliar por grandes regiões. brasil, 2002/2003. 
Grandes regiões
Grupos de alimentos Norte Nordeste Sul Sudeste Centro-Oeste
Cereais e derivados
Arroz polido
Pão francês
Biscoitos 
Macarrão
Farinha de trigo
Outros
Feijões e outras leguminosas
Raízes, tubérculos e derivados
Batata
Mandioca
Outros
Carnes
Bovina
Frango
Suína
Peixes
Embutidos
Outras
Leites e derivados
Leite 
Queijos
Outros
Ovos
Frutas e sucos naturais
Bananas
Laranjas
Outras
Verduras e legumes
Tomate
Outros
Óleos e gorduras vegetais
Óleo de soja
Margarina
Outros
Gordura animal
Manteiga
Toucinho
Açúcar e refrigerantes
Açúcar
Refrigerantes
Bebidas alcoólicas
Cerveja
Aguardente
Outras
Oleaginosas
Condimentos
Refeições prontas e misturas industrializadas
29,6
17,6
4,5
2,2
1,7
1,2
2,4
50
19,3
0,3
0,6
18,4
14,9
6,5
2,9
0,9
3,1
1,1
0,5
3,7
3,1
0,3
0,3
0,5
1,2
0,7
0,1
0,4
0,5
0,1
0,4
10,9
9,3
1,4
0,2
0,7
0,4
0,3
10,8
9,9
0,9
0,2
0,1
0,0
0,0
1,7
0,3
1,0
36,7
17,7
5,3
4,0
2,8
0,8
6,1
9,4
10,1
0,4
0,3
9,4
10,9
5,9
2,2
0,6
0,7
1,2
0,2
4,4
3,4
0,6
0,3
0,4
1,2
0,5
0,1
0,5
0,7
0,2
0,5
10,4
8,1
2,0
0,3
0,7
0,4
0,3
13,6
12,7
0,8
0,2
0,1
0,1
0,0
0,1
0,3
1,1
37,0
13,3
4,8
2,9
2,9
9,1
4,1
4,6
2,6
1,2
0,7
0,7
14,3
5,9
2,8
2,5
0,2
2,7
0,1
7,5
5,5
1,3
0,8
1,0
1,9
0,7
0,3
0,9
0,7
0,1
0,6
12,1
9,3
1,8
0,9
2,2
0,1
2,0
12,2
10,4
1,8
0,7
0,4
0,1
0,2
0,1
0,9
2,3
36,9
18,3
6,2
2,9
2,9
2,1
4,5
5,9
2,2
0,9
0,3
1,0
11,1
4,0
2,6
1,1
0,3
2,9
0,1
7,6
5,2
1,6
0,8
0,0
1,9
0,7
0,2
0,9
0,8
0,2
0,6
14,4
12,0
1,8
0,6
1,6
0,4
1,2
14,2
12,3
1,9
0,6
0,4
0,1
0,1
0,0
0,8
2,1
38,7
26,2
4,0
2,1
2,1
2,3
2,0
5,5
1,9
0,4
0,4
1,1
10,6
5,2
2,3
1,2
0,2
1,6
0,1
6,6
5,3
0,8
0,5
0,5
1,2
0,5
0,2
0,6
0,7
0,2
0,5
17,0
15,4
1,4
0,2
1,2
0,3
0,9
13,7
12,3
1,4
0,5
0,4
0,1
0,1
0,0
0,5
1,4
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Total de calorias (Kcal/dia per capita) 1.884 1.761 1.984 1.787 1.714
adaptado de levy-costa rb et AL, 2005.
35
Etiologia do SobrEpESo E da obESidadE │ UNidadE ii
Faça uma lista dos alimentos disponíveis em sua casa e compare com os dados 
apresentados no quadro 7, respeitando a sua região. Houve concordância entre os 
dados regionais e os alimentos, da sua casa?
figura 5 – Participação relativa de macronutrientes na disponibilidade alimentar domiciliar.
adaptado de levy-costa rb et AL, 2005.
A Figura 5 demonstra que a participação relativa de macronutrientes alimentares disponíveis na 
população brasileira encontra-se adequada segundo as recomendações nutricionais (entre 55% e 75% 
para calorias de carboidratos, entre 10% e 15% para calorias protéicas e entre 15% e 30% para calorias 
lipídicas). Interessantemente, a proporção de mais de 50% de proteinas de origem animal (de maior 
valor biológico) e o teor de ácidos graxos saturados inferior ao limite máximo recomendado de 10% 
das calorias totais foram também evidenciados, indicando adequação nutricional da disponibilidade 
alimentar média nacional. Devemos lembrar que a Figura 5 mostra a média da participação relativa 
de macronutrientes na população brasileira. Ao descrever a participação relativa de cada região do 
país, foi evidenciado que a participação de lipídios na dieta se aproxima, ou mesmo, supera 30% 
(limite superior das recomendações) no meio urbano, nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. O 
teor de gorduras saturadas está muito próximo do limite máximo de 10% nas regiões Sul e Sudeste 
(9,9% e 9,3% das calorias totais). Ademais, o teor de açúcar na dieta supera largamente o limite 
máximo de 10% em todo o País.
Esses dados deixam clara a importância da interpretação adequada e detalhada dos resultados 
encontrados nas diferentes pesquisas. Além disso, podemos perceber que a maioria das regiões do 
país consomem muito lipídios, gorduras saturadas e açúcar. Hábitos alimentares privilegiando o 
consumo de gorduras e açúcares podem estar favorecendo o desenvolvimento do sobrepeso e da 
obesidade na população brasileira.
Ao comparar as variações na disponibilidade domiciliar de alimentos nas áreas metropolitanas do 
País, no período 1974-2003, foi observado aumento do consumo de carnes em geral (aumento de 
quase 50%), carne bovina (+22%), carne de frango (+100%), embutidos (+300%), leite e derivados 
(+36%), óleos e gorduras vegetais (+16%), biscoitos (+400%), refrigerantes (+400%) e refeições 
36
UNIDADE II │ ETIOLOGIA DO SOBREPESO E DA OBESIDADE
prontas (+80%). Alguns alimentos e grupos de alimentos mostraram tendência inversa, como o 
arroz (redução de 23%), feijões e outras leguminosas (-30%), raízes e tubérculos (-30%), peixes 
(-50%), ovos (-84%) e gordura animal (-65%). A participação de frutas e verduras e legumes na dieta 
permaneceu relativamente constante durante todo o período (entre 3% e 4%) e bastante aquém, 
portanto, da recomendação de 6 a 7% das calorias totais para a ingestão desse grupo de alimentos.
Este capítulo mostra as tendências de evolução do padrão alimentar da população brasileira. Essa 
evolução acompanha o aumento da morbi-mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis,particularmente, com o aumento da prevalência do sobrepeso e da obesidade no País, evidenciado 
desde os anos 80.
Super Size Me, a Dieta do Palhaço. Ano 2004. 01 hs 38 min. Documentário. 
O diretor Morgan Spurlock decide ser a cobaia de uma experiência: se alimentar 
apenas em restaurantes da rede McDonald’s, realizando neles três refeições ao dia 
durante um mês. Durante a realização da experiência o diretor fala sobre a cultura 
do fast food nos Estados Unidos, além de mostrar em si mesmo os efeitos físicos e 
mentais que os alimentos desse tipo de restaurante provocam.
Você acha que é possível prevenir o sobrepeso e a obesidade?
As várias modalidades de tratamento da obesidade são caracterizadas por taxas apenas modestas 
de sucesso (com exceção a cirurgia bariátrica) e pela tendência, relatada frequentemente, de perda 
de peso seguida por novo ganho de peso. Assim, mostra-se prudente considerar a prevenção da 
obesidade como um item importante da programação. Se a obesidade severa é tão incurável quanto 
parece ser, tendo-se como base as experiências dos últimos 30 a 40 anos, a prevenção do ganho de 
peso deveria tornar-se uma prioridade.
O apoio racional à ideia de que uma boa parcela dos casos de obesidade poderia ser evitada está 
baseado nas seguintes considerações. Primeira: o nível de hereditariedade da obesidade ou do teor de 
gordura corporal é apenas moderado. Segunda: a maioria dos fenótipos intermediários (que podem 
ser definidos como determinantes do teor de gordura corporal) é também caracterizada por níveis 
de hereditariedade de baixos a moderados. Terceira: a prevalência de sobrepeso e obesidade tem 
aumentado regularmente nos últimos 50 anos, aproximadamente, e estudos em populações dos países 
ocidentais parecem indicar que ela continua aumentando. Esse aumento ocorreu durante um período 
de tempo muito pequeno para ter sido causado por alterações na frequência dos genes da obesidade 
ou da susceptibilidade dos alelos. Quarta: o aumento na prevalência da obesidade pode, então, ser 
devido apenas ao fato de que um maior número de crianças e adultos está em balanço energético 
positivo crônico. Quinta: um grande número de pessoas em balanço energético positivo, por períodos 
ininterruptos, é um fato que só pode ser explicado pelas três circunstâncias definidas anteriormente.
Um estilo de vida fisicamente mais ativo é certamente o fundamento para uma estratégia de 
prevenção baseada no conceito de estimulação de um peso saudável. No entanto, é igualmente 
37
Etiologia do SobrEpESo E da obESidadE │ UNidadE ii
importante reconhecer que o balanço energético será mais facilmente atingido, a longo prazo, se 
um modo de vida fisicamente ativo estiver associado a uma dieta pobre em gorduras (cerca de 30% 
das calorias). O balanço energético e, particularmente, o equilíbrio entre a ingestão de lipídios e a 
oxidação lipídica são bastante difíceis, e talvez, mesmo impossíveis, de serem sustentados, quando 
a ingestão de gorduras é alta.
Das outras linhas de evidências dão suporte ao conceito de que o sobrepeso e a obesidade podem 
ser prevenidos em uma fração ainda não determinada de indivíduos afetados, como os primeiros 
resultados da comparação dos estudos realizados entre os índios Pima do Arizona e os índios Pima 
Mexicanos, que vivem em Maycoba, uma área remota e pobre do México. Os índios Pima que vivem 
no Arizona mostram as mais altas taxas de obesidade e de diabetes tipo 2 no mundo. Ao contrário, 
os 208 índios Pima mexicanos estudados, de uma população total de cerca 600 indivíduos, conforme 
dados do censo, mostraram um IMC médio de 25,9 kg/m2 para mulheres (idade média de 34,1 anos) 
e de 23,6 kg/m2 para homens (idade média de 39,8 anos), valores que são significativamente mais 
baixos do que seus consanguíneos do Arizona. Esses dados são preliminares, mas sugerem de forma 
clara que o ambiente e o estilo de vida têm alto impacto na massa corporal, em relação à altura.
Para prevenir a obesidade, devem ser estabelecidos como alvos principais as crianças pequenas, 
os adolescentes e os adultos jovens (a urgência parece ser relativa às crianças e aos adolescentes). 
Estudos contemporâneos mostraram que níveis baixos de atividade física em crianças com idade pré-
escolar, estimados pelo uso de régua duplamente marcada, já eram indicativos de um teor de gordura 
corporal mais alto; é como se o cenário fosse preparado nesses primeiros anos da fase pós-natal 
para que o fenótipo da obesidade seja revelado mais facilmente com o tempo. É provável que o risco 
seja ainda mais acentuado em crianças menos ativas e crianças mais velhas, que tenham herdado 
os genes que as tornam mais susceptíveis a permanecerem em um balanço energético positivo e a 
ganharem gordura corporal.
As ferramentas necessárias para reverter essa tendência doentia são extremamente simples, na 
aparência, desde que estejam centradas no estímulo de refeições regulares e saudáveis, evitando-se 
os lanches, bebendo-se água em vez de líquidos que contêm energia, mantendo-se a gordura cerca 
de 30% das calorias, diminuindo-se o tempo em frente à TV, andando-se mais frequentemente, 
participando-se mais de atividades esportivas e de lazer que consomem energia e outras medidas 
semelhantes. Entretanto, é uma tarefa desanimadora alterar o curso de nações que se tornaram 
progressivamente muito confortáveis com um estilo de vida sem esforços, no qual o consumo 
individual é praticamente ilimitado. Serão necessários recursos maciços em um nível sem 
precedentes de concentração entre os órgãos de saúde pública e as organizações privadas para se 
dar início à reversão das tendências que surgiram nas últimas décadas.
Fonte: Bouchad, 2003, p. 14-16.
38
CAPÍtuLo 4
o desenvolvimento do tecido adiposo 
branco e os estoques desse tecido 
no organismo
Todas as espécies se especializaram para garantir sua sobrevivência, mesmo em condições de 
escassez de nutrientes no meio ambiente. Nesse sentido, os mamíferos são capazes de estocar o 
excesso de calorias consumidas e não requisitadas para suprir suas necessidades metabólicas 
imediatas, como lipídios (triacilgliceróis), proteínas e carboidratos (glicogênio). Os lipídios, por 
serem hidrofóbicos, podem ser armazenados em grandes quantidades, dispensando a participação 
da água como solvente, e contêm, por unidade de massa, mais do que o dobro de energia armazenada 
que os outros dois componentes, fornecendo mais energia metabólica quando oxidados.
O tecido adiposo é o principal reservatório energético do organismo. Os adipócitos são as únicas 
células especializadas no armazenamento de lipídios na forma de triacilglicerol em seu citoplasma, 
sem que isso seja nocivo para sua integridade funcional. Essas células possuem todas as enzimas 
e proteínas reguladoras necessárias para sintetizar ácidos graxos, um processo intracelular 
denominado lipogênese, e estocar triacilglicerol em períodos em que a oferta de energia é abundante, 
e para mobilizá-los, processo intracelular denominado lipólise, quando há déficit calórico. A 
regulação desses processos será abordada em outra oportunidade, quando serão estudados os 
nutrientes, sistemas neurais e hormonais envolvidos na lipogênese e lipólise.
Nos mamíferos, existem dois tipos de tecido adiposo: o branco e o marrom. O adipócito branco 
maduro armazena os triacilgliceróis em uma única e grande gota lipídica que ocupa de 85-90% 
do citoplasma e empurra o núcleo e uma fina camada de citosol para a periferia da célula. Os 
adipócitos brancos maduros são células grandes, muitas vezes maiores que hemácias, fibroblastos 
e células do sistema imune, e podem alterar acentuadamente seu tamanho (volume e diâmetro) 
conforme a quantidade de triacilglicerol acumulada. A proporção de lipídios no tecido adiposo 
branco pode ocupar até 85% da massa total do tecido, sendo o restante da massa representado por 
água e proteínas. Já o tecido adiposo marrom é especializado na produção de calor (termogênese) 
e,

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