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MECANISMOS DE FOMENTO E INVESTIMENTOS NO CAMPO DA FORMAÇÃO EM DANÇA NA BAHIA – FAZCULTURA/FUNDO DE CULTURA -2014/2016

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MECANISMOS DE FOMENTO E INVESTIMENTOS NO CAMPO DA 
FORMAÇÃO EM DANÇA NA BAHIA – FAZCULTURA/FUNDO DE CULTURA 
-2014/2016 
 
Fernanda Andrade
1
 
 
Resumo: Este estudo, em andamento, é desdobramento de um artigo publicado no I 
Enicecult/UFRB, onde somente os investimentos via Fazcultura foram analisados. O 
objetivo deste artigo é analisar os investimentos destinados à área da formação em 
Dança tendo como objeto dois editais geridos através da Secretaria de Cultura do Estado 
da Bahia - Secult/BA. Pretende fomentar debates sobre essas demandas do campo da 
formação em artes/dança. Repensar nossa responsabilidade política como agentes 
culturais. Examinar, em uma perspectiva comparada, os relatórios anuais das edições 
dos Editais Setoriais da Dança fomentados via Fundo de Cultura do Estado da Bahia - 
FCBA (2014/2016) e os da Lei de Incentivo Fiscal do Estado da Bahia, o Programa 
Fazcultura, (2015/2016) propondo ainda pautas de pesquisas para futuras investigações. 
Insere-se no âmbito de discussões que reflete sobre a área da Dança e(m) Políticas 
Culturais e propõe refletirmos sobre políticas culturais para as artes no estado da Bahia 
evidenciando esses investimentos. Para a organização desta análise fez-se levantamento, 
tratamento e cruzamento de alguns dados levantados do Sistema de Informações e 
Indicadores em Cultura - SIIC, de responsabilidade da Secult/BA. Após um breve 
delineamento das principais componentes deste quadro são apresentados elementos para 
o desenvolvimento do financiamento na área da formação. 
 
Palavras-chave: financiamento da cultura, formação, dança. 
 
Na área da cultura, o fomento dirigido exclusivamente à formação é escasso em 
várias dimensões, correndo o risco de serem inexistentes em vários segmentos 
artísticos/culturais. Trata-se de um fenômeno que pode ser justificado pela nossa 
inexperiência, desejos contrários, desconhecimento ou falta de conscientização da 
necessidade de promover a formação/educação estética artístico/cultural dos sujeitos de 
forma nuclear e eficiente. Como a formação é a principal polarizadora de várias 
dimensões do sujeito, a falta de oportunidade de formação artístico/cultural para 
aprendizagens pode ter consequências tanto para a educação estética quanto para a 
sustentabilidade econômica da Dança. 
E como consta na Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) - DUDH, 
no Artigo 27, parágrafo 1 "toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida 
cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso científico e nos 
benefícios que deste resultam”. Já o ‘como’ esse direito se concretiza está diretamente 
 
1
Mestranda PPGDança (FAPESB)/UFBA. E-mail: fernanda.andrade.cultura@gmail.com 
 
ligado às políticas públicas direcionadas aos sujeitos pelos vários níveis federativos, 
pela participação da sociedade civil nos processos de construção dessas políticas e 
também pela classe artística. 
 Entendendo então, que usufruir de culturas é um direito básico dos cidadãos, 
como artistas da dança precisamos (re)pensar nossas próprias responsabilidades no 
âmbito das políticas públicas lidando com verba pública. Pois, refletir sobre 
financiamentos culturais advindos de investimento público implica considerar que todos 
os sujeitos da sociedade têm direito a usufruir os mesmos. E nessa sequência é 
necessário considerar a democratização dos bens artísticos culturais ampliando o acesso 
e a oportunidade da formação junto a esses bens “permitindo que as pessoas construam 
o seu modo próprio de ser e de participar na comunidade e na sociedade como um todo. 
” (MARTINS, 2007). 
No Brasil a Constituição Federal (1988) no artigo 215 consta que “O Estado 
garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura 
nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”. 
Visando modos de atingir essa meta, a Emenda Constitucional nº 48/2005 estabeleceu a 
criação do Plano Nacional de Cultura e, em 2012, com a Emenda Constitucional nº 71, 
conforme consta no artigo 216-A, almeja-se que “o Sistema Nacional de Cultura, seja 
organizado em regime de colaboração, de forma descentralizada e participativa”. 
Na Bahia os entendimentos sobre o conceito e medidas de democratização da 
cultura estão representados de forma ampla nas leis nº 12.365/2011, a Lei Orgânica da 
Cultura da Bahia e a lei nº 13.193/2014 que dispõe sobre o Plano Estadual de Cultura 
estruturado em sete diretrizes, vinte estratégias e sessenta e duas ações. Interessa-nos 
destacar o que diz respeito as estratégias 8, 9 e 10, presentes no parágrafo 2º da Diretriz 
II que trata do fomento e da ampliação do investimento em cultura e visa aperfeiçoar os 
mecanismos de financiamento. E a estratégia 18 do parágrafo 6º da Diretriz VI que 
cuida da formação visando ampliar e qualificar a formação em cultura, da disseminação 
do conhecimento e da ampliação da apropriação social do patrimônio cultural . 
Tendo em vista a importância da formação cultural, conduzimos este estudo com 
o objetivo de alargar o debate sobre as políticas culturais, financiamento e/ou fomento e 
questões que envolvem a formação nos vários âmbitos do campo cultural. 
Os atos convocatórios do Fazcultura têm como Unidade Executora a Secretaria 
de Cultura – Superintendência de Promoção Cultural. A Lei nº 7.014 que institui o 
 
Fazcultura foi publicada no Diário Oficial do Estado em 5 de dezembro de 1996 e 
regula sobre a promoção de ações de patrocínio que tem como base a renúncia de 
recebimento do “Imposto de Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços – 
ICMS pelo Estado em favor da aplicação direta em projetos e atividades culturais”. 
(Secult-BA, 2016). Nesta fica acordado que a empresa patrocinadora deve investir um 
percentual de, no mínimo 20%, com recursos próprios para a efetivação do projeto. 
Fazcultura é um mecanismo de fomento que tem bases de programa e “contribui 
para estimular o desenvolvimento cultural da Bahia, ao tempo em que possibilita às 
empresas patrocinadoras associar sua imagem diretamente às ações culturais que 
considerem mais adequadas” (Secult-BA, 2016). É um mecanismo de fomento não 
reembolsável concedido sempre sob forma de recurso financeiro. No biênio 2014/2015 
o montante total anual destinado ao programa pelo estado foi de R$15.000.000,00 
(quinze milhões). 
Assim, pretendemos investigar futuramente uma dessas possíveis explicações 
usando como base diagnóstica o resultado desta pesquisa sobre estes editais distintos e 
importantes para a Bahia entre outros documentos. A nossa pesquisa criará bases para, 
por exemplo, determinar a extensão que os projetos executados trazem para o segmento 
Dança e planejar ações estratégicas de fomento para ‘formação’. 
Com relação aos procedimentos metodológicos; recolhemos, tratamos e 
cruzamos alguns dados levantados do Sistema de Informações e Indicadores em 
Cultura-SIIC. Em sequência comparamos os dados a partir de variáveis de observação 
como ‘município’ e ‘território do proponente’, ‘valor apresentado’ e ‘situação da 
proposta’. Enfim, destacamos as características estruturantes de cada edital, além de 
ressaltarmos a emergência de aprofundamento nos estudos sobre a gestão da dimensão 
econômica na área da Dança. 
 Nesta pesquisa foi adotada a nomenclatura das categorias utilizadas pela 
Secretaria de Cultura nos relatórios gerados pelo SIIC. Estabelecemos que não 
entrariam nesta análise preliminar o nome das propostas, dos proponentes, ou 
beneficiados. Mesmo por que esses dados são de domínio público. Em seguida 
inserimos nos relatórios as colunas intituladas ‘principalnatureza’ e/ou ‘principal 
segmento’ dos projetos culturais alimentadas com informações disponíveis no SIIC. 
Os resultados parciais da pesquisa apontam que no biênio 2014/2015 o SIIC 
registrou o envio de (705) propostas pelo Fazcultura. Dentre estas, cento de dezessete 
 
(117) propostas constam em situação de ‘publicada' nos relatórios com o total de 
R$45.140.517,35. Isto é, passaram por etapas de avaliação documental feita por 
analistas, por pareceristas técnicos que avaliaram a executabilidade da mesma e pela 
comissão de mérito que avaliou a proposta com toda a complexidade e de forma 
conjunta emitiu o parecer favorável ou não a aprovação. Sendo assim, nesta penúltima 
etapa do fluxograma, em que as propostas estão em 'situação de aprovadas', que elas 
têm maiores chances de serem realizadas. 
Considerando a distribuição territorial de propostas com indicativo de patrocínio, 
ou seja, aquelas que apresentaram carta de intenção de patrocínio, constatou-se que das 
(117) propostas 'publicadas', (101) foram apresentadas por proponentes da capital 
(Salvador). Juntas estas somaram um total de R$39.116,194,24. Dezesseis (16) foram de 
outras cidades do estado que somaram R$6.294.323.,11. Dos vinte e sete territórios de 
identidade distribuídos por regiões estaduais, somente seis (6) conseguiram que suas 
propostas tramitassem até a etapa final 'situação publicada', no Fazcultura. Estar em 
situação publicada significa que a proposta foi publicada o Diário Oficial do Estado da 
Bahia e pode ser executada. 
 
Tabela - 1 Distribuição territorial das propostas publicadas (Fazcultura-2014/2015) 
 
Municípios Nº propostas Soma de Valor Apresentado 
Cachoeira 1 R$ 1.000.000,00 
Camaçari 2 R$ 889.842,00 
Feira de Santana 7 R$ 1.477.151,11 
Lauro de Freitas 1 R$ 944.840,00 
Luís Eduardo Magalhães 1 R$ 202.070,00 
Mata de São João 1 R$ 1.000.000,00 
Salvador 101 R$ 39.116.194,24 
Vera Cruz 1 R$ 249.630,00 
Vitória da Conquista 2 R$ 530.790,00 
Total Geral 117 R$ 45.410.517,35 
Fonte: Dados trabalhados pela autora. 
 
Quando uma proposta é apresentada ao sistema SIIC o proponente é obrigado a 
identificar a principal natureza do seu projeto. Ele opta entre as seguintes opções 
disponíveis; Criação, Difusão ou Distribuição, Fomento, Formação, Fruição e Consumo, 
Memória e Preservação ou Produção. 
Com relação a esses dados disponíveis nos relatórios, das (117) propostas em 
situação ‘publicada’, (49) foram identificadas como de “Produção”, totalizando R$ 
20.155.265,99. Vinte (20) foram identificadas como “Difusão ou Distribuição” somando 
R$ 9.615.803,89. Quatorze (14) como “Formação” com o montante de R$ 4.540.215,26. 
Dez (10) como “Criação” no valor total de R$ 2.886.353,99. Oito (8) propostas estão 
identificadas como "Fomento" somaram R$ 3.485.841,01. Oito (8) propostas 
identificadas como "Fruição e Consumo” totalizaram R$ 2.555.325,39 e oito (8) 
propostas identificadas como “Memória e Preservação” somaram R$ 2.171.711,82. 
 
Tabela - 2 Principal natureza de projetos publicados (Fazcultura-2014/2015) 
 
Principal Natureza do Projeto Dados Total 
Criação Propostas 10 
 
Soma de Valor Apresentado R$ 2.886.353,99 
Difusão ou Distribuição Propostas 20 
 
Soma de Valor Apresentado R$ 9.615.803,89 
Fomento Propostas 8 
 
Soma de Valor Apresentado R$ 3.485.841,01 
FORMAÇÃO Propostas 14 
 
Soma de Valor Apresentado R$ 4.540.215,26 
Fruição e Consumo Propostas 8 
 
Soma de Valor Apresentado R$ 2.555.325,39 
Memória e Preservação Propostas 8 
 
Soma de Valor Apresentado R$ 2.171.711,82 
Produção Propostas 49 
 
Soma de Valor Apresentado R$ 20.155.265,99 
Total de propostas 117 
Total Valor Apresentado R$ 45.410.517,35 
Fonte: Dados trabalhados pela autora 
 
Das (117) propostas em situação ‘publicada’, quatorze (14) foram identificadas 
como “Formação” pelo proponente somando o montante de R$ 4.540.215,26 em 
 
investimentos neste campo no âmbito da cultura na Bahia. Isto equivale afirmar que em 
média 10% do investimento total de financiamento via incentivo fiscal, através do 
programa Fazcultura, foi identificado como direcionado à promoção de algum tipo de 
ação ou projeto de formação na área cultural. A média anual, com intenção de 
financiamento, foi de sete propostas para cada ano, somando em 2014 o total de 
R$2.394,918,11 e em 2015 o montante de R$2.145.297,15. Dos quinze (15) projetos de 
formação, constata-se que 85% podem ter ficado concentradas na região Metropolitana 
de Salvador, visto que, treze (13) propostas são de proponentes que se identificam como 
sendo de Salvador e somente dois de Feira de Santana, território Portal do Sertão. 
Quando cruzamos os dados das 117 propostas 'publicadas' que tem como 
'principal natureza' “Formação” com os dados dos 'principais segmentos' constata-se que 
seis (6) propostas são da área de Música e que, somadas, resultaram em R$ 
2.339.557,47 de investimentos neste segmento artístico. Quatro (4) propostas 
identificadas tendo como principal segmento ‘Áreas transversais: cultura associada a 
outras áreas’ somaram R$ 1.350.000. Uma (1) proposta de formação identificada como 
principal segmento ‘Moda’ no valor de R$ 376.294,79. Uma (1) proposta de formação 
no segmento do ‘Patrimônio Imaterial – Saberes: conhecimentos, técnicas, modos de 
fazer, ofício, culinária’ no valor de R$ 305.100,00. Uma (1) proposta publicada na área 
da formação identificada como principal segmento ‘Audiovisual’ no total de R$ 
120.000,00 e uma (1) proposta de formação identificada como principal segmento 
‘Dança’ no valor de R$ 49.263,00 com o menor valor aprovado para financiamento em 
formação, via Fazcultura, no biênio 2014/2015. 
 
Tabela - 3 Principais segmentos de propostas de formação (Fazcultura-2014/2015) 
Principais segmentos Propostas Valor apresentado 
Áreas transversais: cultura associada a outras áreas 4 R$ 1.350.000,00 
Audiovisual 1 R$ 120.000,00 
Dança 1 R$ 49.263,00 
Moda 1 R$ 376.294,79 
Música 6 R$ 2.339.557,47 
Patrimônio Imaterial – Saberes: conhecimentos, 
técnicas, modos de fazer, ofício, culinária 
1 R$ 305.100,00 
 
Total 14 R$ 4.540.215,26 
Fonte: Dados trabalhados pela autora 
 
Estes números apontam a disparidade que há entre as linguagens e projetos 
culturais que atuam com formação fomentados via Fazcultura. Isto quer dizer que não 
podemos abandonar nosso papel de fiscalizador como sociedade civil ou como artistas. 
É preciso observar para nos mobilizarmos. 
O Fundo de Cultura da Bahia - FCBA, “instituído pela Lei 9.431/2005, é o 
instrumento legal que garante que uma parcela da arrecadação do ICMS do Estado deve 
ser investida na área cultural.” (Secult/BA, 2017). Também é gerido pela Secult/BA e 
tem o objetivo de “incentivar e estimular as produções artístico-culturais baianas”. 
Como é de conhecimento da maioria, o fundo de cultura custeia “sem reembolso, total 
ou parcialmente, projetos e atividades estritamente culturais de iniciativa de pessoas 
físicas ou jurídicas de direito público ou privado.” Ao contrário do Fazcultura, as 
propostas culturais apoiadas pelo FCBA são propostas sem apelo mercadológico que 
coincidentemente não atendem as demandas da iniciativa privada. 
Uma das linhas de apoio do FCBA é chamada de Editais Setoriais. E como o 
próprio nome já indica, os editais setoriais são organizados por setores como Dança, 
Teatro, Música dentre outros. Neste artigo tratamos dos Editais Setoriaisda Dança de 
2014 e 2016. Ou seja, onde propostas relativas à circulação, produção, formação, 
pesquisa entre outros disputam o mesmo edital. No Edital Setorial de Dança de 2014 
foram conveniadas 15 (quinze) propostas. Ou seja, os quinze responsáveis pelos 
projetos assinaram o Termo de Acordo e Compromisso – TAC, somando o total de 
R$1.363.880,90. O Edital Setorial de Dança de 2016 teve investimento total de R$ 
1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais) com 116 (cento e dezesseis) propostas 
recebidas e 16 (dezesseis) selecionadas e 15 (quinze) conveniadas somando o total dos 
TACs em R$1.459.904,00. Então, nos relatórios Setoriais de Dança do FCBA de 2014 e 
2016, pois, 2015 não houve chamada via edital, verificamos que trinta (30) propostas 
constam em situação de ‘conveniadas’ totalizando R$ 2.823.784,90 em investimentos na 
área da Dança. 
No que diz respeito à divisão territorial das propostas, o levantamento demonstra 
que destas trinta propostas conveniadas, somente sete (7) territórios foram 
contemplados. Vinte e uma (21) propostas são de proponentes do município de 
 
Salvador e da região Metropolitana. Considerando que um (1) proponente é da cidade 
de Camaçari, um (1) de Candeias, um (1) de Lauro de Freitas, um (1) de Simões Filho e 
17 (dezessete) da capital soteropolitana. Duas (2) propostas de Juazeiro, território do 
Sertão do São Francisco; duas (2) de São Félix no Recôncavo; uma (1) de Itacaré no 
Litoral Sul; uma (1) de Lençóis na Chapada Diamantina; uma (1) de Valença no Baixo 
Sul, uma (1) de Ribeira do Pombal no Semiárido Nordeste II e uma (1) de Palmeiras na 
Chapada Diamantina. 
Como o objeto de cada proposta dentro do mesmo edital é diverso, foi necessário 
categorizar cada uma das propostas com base na descrição dos objetivos preenchidos 
pelos proponentes. Nós consideramos como ‘formação’ ações que envolveram oficinas, 
formação de plateia, worshops, formação continuada, e qualificação. Não que as outras 
ações presentes como criação de espetáculo ou circulação não possa ser considerada um 
tipo de formação. Mas, o que ocorre é que, estes outros projetos considerados da nossa 
perspectiva como ‘formação’ deixaram explícitos em seus objetivos determinadas 
nomenclaturas que (re)afirmam a intenção de ter a formação como ação nuclear na 
proposta cultural. Sendo assim, constatamos sete (7) propostas tendo como ‘principal 
natureza’ dos projetos a ‘formação’, totalizando R$ 685.409,90. Esses dados equivalem 
a quase 30% de investimentos na área da formação em Dança no estado da Bahia. 
Somados os investimentos na área de formação em Dança no Estado da Bahia 
via editais Fazcultura e FCBA temos o resultado de R$734.672,90 dissolvidos em dois 
ou três anos. Esse número é aproximado quando consideramos, por exemplo, que vários 
projetos executam ações periféricas de formação como oficinas, ações de formação de 
público, palestras, bate-papos, ensaios abertos e outras, mas, não definem a formação 
como ação nuclear dos projetos culturais. 
Depois de clarificarmos alguns dados sobre investimentos em formação e 
formação em dança na Bahia, podemos esclarecer alguns pontos desta reflexão. O 
principal motivo de pensarmos a formação foi por conta da interrogação que paira sobre 
nossas cabeças quando se pensa sobre “estudos de público” das artes do espetáculo em 
geral, mas, particularmente da dança. E concomitantemente articulado com outras 
dimensões da reflexão inicial chega-se a hipótese de que é necessário haver formação 
em geral, mas também formação de públicos. Por que quando se tem público, e não 
queremos dizer que devemos nos sujeitar aos desejos de um público, existem condições 
para a sustentabilidade das manifestações artísticos/culturais acontecerem sem o 
 
subsídio exclusivo do financiamento público. Mas, para isso realmente e efetivamente 
acontecer é necessário o fomento inicial através do apoio dos mecanismos de 
financiamento públicos da cultura. 
No entanto, refletindo sobre a questão da sustentabilidade, do mercado cultural e 
da importância do financiamento na área da formação, percebe-se que, longe de resolver 
demandas do campo, entendemos que é muito importante começarmos juntos a debater 
sobre o assunto. Sabe-se que uma parte significativa de atividades culturais é financiada 
através da atuação no mercado (SARAVIA, 1999). E segundo Silva (2015, p. 11) “este 
financiamento acontece na medida em que o resultado da atividade cultural é uma 
mercadoria que é colocada no mercado para venda e aferição de lucro, tanto pelos 
artistas que a realizaram, quanto pelos grupos envolvidos na produção da mercadoria, 
ou as empresas.” 
Mas, também existem grupos que se autofinanciam, ou seja, bancam seus custos 
de produção quando colocam suas “produções à venda e, assim, as financiando com os 
recursos que seu público lhes dedica para ter direito de usufruir de suas criações.” 
(SILVA, 2015, p. 11). E muitos outros grupos, coletivos e companhias se mantêm assim 
conjuntamente com seus outros empregos que muitas vezes não têm nada a ver com a 
área artístico/cultural. No entanto, sabemos que hoje no Brasil a isenção fiscal é o 
principal mecanismo de financiamento a cultura. E quais as implicações dessa 
predominância? Sabemos que a principal implicação se atém ao fato dos recursos 
públicos estarem submetidos às regras dos departamentos de marketing das empresas 
privadas. Sabemos também que propostas culturais que não tem apelo mercadológico 
não ‘lhes’ interessa por conta de não atrair muitos públicos/consumidores, ou seja, 
“retornos”. 
As novas linguagens, a dança dita ‘contemporânea’ ou a performance art são 
ótimos exemplos de atividades que não tem uma boa aceitação do grande público e do 
mercado. Então são expressões que ficam quase que totalmente sob a tutela do FCBA. E 
como alinhar a isenção fiscal com as políticas públicas da cultura existentes no estado 
da Bahia, por exemplo? Será que, da forma que funciona, o Programa Fazcultura 
contribui mesmo para estimular o desenvolvimento cultural da Bahia? Sabemos que a 
isenção fiscal, no caso do Fazcultura, é baseado em aspectos administrativos, mas, 
precisamos discutir mais sobre o Programa e lutar para o estabelecimento de critérios 
importantes também para a comunidade artístico/cultural. Colocar em pauta discussões 
 
em torno do volume de recursos destinado a cada área, a quantidade de projetos 
apoiados em cada linguagem ou expressão artística e levar em consideração a demanda 
da comunidade artística em cada segmento. 
Pois bem, um dos objetivos da ‘formação’, em geral é também formar 
apreciadores. Logo formar um determinado tipo de público, emancipado esteticamente, 
é pensar que eles não se atêm ao simplório discurso do gosto. Ao contrário entre estes 
existe maior flexibilidade em aceitar a diversidade de manifestações e por isso é 
interessante que se patrocine propostas com objetivos de formação. Estimular a fruição 
através da visitação a equipamentos e espaços culturais e artísticos, ou melhor, 
incentivar o acesso a eventos artísticos/culturais implica planejamento de ações de 
formação ou mediação cultural. É preciso então ter metas e objetivos claros que 
proporcionem acesso a atividades, através da formação, para pensarmos em ampliação 
de público e também de mercado. 
É necessário também que mais recursos orçamentários alimentem o fundo de 
cultura para que isso ocorra e é preciso que a distribuição territorial seja correspondente 
às demandas locais. Podem não ser semelhantes, mas podem estar em concordância. É 
necessário descentralizar e capilarizar os recursos, ou seja, fazer com que sejam 
melhores distribuídos tanto no Fazcultura quanto no FCBA em várias dimensões.É 
preciso retirar da dependência o acento do “apelo mercadológico” das propostas do 
Fazcultura e retirar da dependência o acento na “insuficiência do apelo mercadológico” 
do FCBA. 
Nada do que foi argumentado até o momento é novidade já que “todas as 
propostas têm importância e significado”. E é por isso que os Planos de Cultura tem 
previsto e/ou discutido ou deveriam discutir sobre a destinação dos recursos através de 
estratégias e ações. Para equalizarmos os discursos, para agirmos com mais 
responsabilidade e equidade compartilhando as decisões. Será que a sociedade baiana 
está de acordo com a alocação destes recursos apontados neste artigo? Será que estas 
informações ficam claras para a maioria dos cidadãos para que possam refletir ou ficam 
a mercê de um grupo seleto? De acordo com esse breve levantamento de dados e essa 
humilde reflexão que compartilhamos, concluímos que precisamos de novas diretrizes 
para os investimentos na cultura no estado da Bahia, que inclua a ‘formação’, é claro. 
É preciso sair da centralidade e partirmos para distribuição equitativa tanto dos 
investimentos, quanto no que diz respeito à regionalidade. Enfim, diante destes 
 
primeiros apontamentos percebe-se que talvez ainda seja necessário amplo debate e 
deliberação sobre o significado e atuação dos mecanismos que ainda restam no 
panorama de financiamento e fomento à cultura no cenário baiano. E se é que é possível 
chegarmos a números que satisfaçam o fomento/financiamento à formação na área da 
dança. Sabemos que transformações e mudanças demandam tempo e não esquecendo e 
muito menos desconsiderando o atual governo deste nosso país, agora que é urgente 
mesmo pensarmos em resoluções ou nos prepararmos como der para o futuro ainda 
incerto. Não trago soluções nesta conclusão somente a certeza da necessidade de 
continuarmos debatendo e acreditando. 
 
Referências Bibliográficas 
 
BAHIA. (Estado) Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. Programa Fazcultura. 
Salvador: Secult/BA, 2017. Disponível em: http://www.cultura.ba.gov.br/. Acesso em: 
20 dez. de 2017. 
______. Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. Fundo de Cultura. Salvador: 
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