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FONTES DE FINANCIAMENTO ESSA P UBLICA ÇÃO NÃO P ODE S ER COME RCIALI ZADA GRATU ITA 7 M Ó D U LO 3 CAPACITAÇÃO DE AGENTES CULTURAIS ESTRATÉGIAS DE CULTURA E ARTE PARA O FUTURO 1 Para que uma ideia saia do papel e possa ser executada é preciso en-contrar um meio de financiá-la, o que significa encontrar uma forma de pagar os seus custos, ou seja, saber que verbas você terá e a qual tempo os objetivos do projeto serão alcançados, sempre tendo em mente que a sua execução resulta em benefícios para um público específico. A busca por financiamento também quer dizer a adesão de novos interessa- dos em sua realização. Sim, os financia- dores são terceiras partes atraídas pelos resultados que serão alcançados com o empreendimento futuro e, por isso, me- recem e demandam muita atenção. Há diferentes possibilidades de fi- nanciamento: investimentos pessoais, inscrições e aprovações em editais. Há também oportunidades com as leis de incentivo fiscais federais, estaduais e mu- APRESENTAÇÃO nicipais, assim como o financiamento co- letivo, convênios e emendas parlamenta- res, fontes internacionais e, até mesmo, gestão de renda. Neste fascículo, falaremos sobre es- ses meios de custear a realização do projeto, bem como sobre dicas relacio- nadas à importância de compreender os pontos fortes e fracos da sua ideia perante um determinado estilo de fi- nanciador, e as oportunidades que se abrem a partir dessa compreensão. Isto dá início a uma nova etapa no estudo de viabilidade da execução do empreendi- mento, juntamente com a elaboração de uma estratégia que priorize a diversida- de de mecanismos de financiamento. As oportunidades são diversas e variam de acordo com inúmeros critérios, como a localidade de realização do projeto, o tipo de proponente, os objetivos e resultados que serão alcançados, a linguagem artísti- ca utilizada, o tempo de entrega do produ- to cultural, entre outros. Assim, em relação às fontes de finan- ciamento vale utilizar a máxima de que conhecimento é poder, e, nesse caso, poder de escolha e planejamento. Desse modo, ao estudar os meca- nismos, preste bastante atenção às de- mandas que o financiador expõe como metas a serem atendidas, e entenda a responsabilidade que significa o pleito por subsídio ao projeto – seja verba pú- blica ou privada, lembrando-se sempre que o envolvimento do ente financia- dor abre os caminhos para novas obri- gações acordadas junto a este incenti- vador, que tem seus próprios objetivos e propósitos em custear a execução de projetos culturais. Então dedique-se, boa leitura e sucesso! 98 Fundação Demócrito Rocha Universidade Aberta do Nordeste Na sua busca por custeio de pro-jetos, o primeiro ponto é ob-servar quem será o respon-sável pela inscrição da ideia junto ao financiador. Este encarregado pode ser pessoa física (um CPF/Cadas- tro de Pessoa Física) ou pessoa jurídica (CNPJ/Cadastro Nacional de Pessoa Ju- rídica). Tratando-se de pessoa jurídica/ CNPJ, pode ser com fins lucrativos (So- ciedade Empresarial Limitada/Ltda, Em- presa Individual de Responsabilidade Li- mitada/Eireli, Sociedade Anônima/S.A., entre outras, ou sem fins lucrativos (Associações e Fundações, entre outras organizações da sociedade civil – Tercei- ro Setor – denominadas ONGs, ou, como atualmente, OSCs). O que todos os tipos de proponente têm em comum é a declaração de res- ponsabilidade sobre a realização da ideia, o que significa que o projeto é de sua autoria e incumbência. Proponente é aquele que se responsabiliza por dizer que todas as informações descritas são verdadeiras, desde a emissão de seu en- dereço até a declaração de não haver quaisquer impedimentos legais para a re- alização do empreendimento (exemplo: multas pendentes, brigas por direitos au- torais, débitos ajuizados etc.). Portanto, O PROPONENTE E A PROPOSITURA ser proponente de um projeto significa responsabilidade, diligência e compro- metimento às regras. Cadastrar um proponente responsá- vel pela proposta junto a um mecanismo de financiamento significa iniciar o pro- cesso de propositura (ou proposição) da ação. Este é o primeiro passo de inúme- ros editais, leis de incentivo, convênios e pleitos por verbas internacionais. É importante ressaltar que cada me- canismo tem um conjunto de regras que valida o proponente como habilitado a se inscrever. Em editais de Secretarias da Cul- tura dos estados, por exemplo, é necessá- rio residir e comprovar residência naquele estado por pelo menos 2 anos, assim como comprovar atuação profissional naquela área/linguagem que está sendo tema de seu projeto. Financiadores internacionais como a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unes- co), geralmente só aceitam propostas de organizações sem fins lucrativos (as tais OSCs que citamos anteriormente), e assim por diante. Essas diretrizes estarão sempre descritas nos regulamentos desses meca- nismos, portanto, ler atentamente os itens relacionados a quem pode ou quem não pode se inscrever é o início do estudo de viabilidade do pleito por aquela verba. 2 PARA REFLETIR Para ter em mente a importância do proponente como primeiro fator no pleito aos financiamentos, lembre-se do famoso trecho de O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. No caso, altere para “Tu te tornas eternamente responsável pelo projeto que inscreves.” E assim não se esqueça de estudar a idoneidade da pessoa física e/ou da pessoa jurídica que serão proponentes de seus projetos, e só seja proponente de empreendimentos nos quais você trabalha e confia. SAIBA MAIS Para entender as diferentes formas de constituição de Pessoas Jurídicas no Brasil, acesse o site do Sebrae: www.sebrae. com.br/sites/ PortalSebrae/artigos/ artigoshome/o-que-e- uma-organizacao-nao- governamental-ong,ba5 f4e64c093d510VgnVCM 1000004c00210aRCRD e www.sebrae.com.br/ sites/PortalSebrae/ ufs/sp/conteudo_uf/ quais-sao-os-tipos-de- empresas,af3db28a58 2a0610VgnVCM100000 4c00210aRCRD 99 FONTES DE FINANCIAMENTO Neste momento, vamos nos dedi-car em entender e elencar as di-versas oportunidades de custe-ar a execução do seu projeto por meio do que, normalmente, é conhecido como patrocínio. Nessa categoria estão as (1) leis de in- centivo fiscal, (2) os editais e prêmios, (3) os convênios e as emendas parlamenta- res, (4) os financiamentos coletivos e os (5) financiamentos internacionais. 3.1. Leis de Incentivo Fiscal à Cultura As leis de incentivo fiscal à cultura são mecanismos de mecenato que facultam às empresas (PJ) e a pessoas físicas (PF) destinar uma porcentagem de seus im- postos devidos para projetos previa- mente aprovados junto aos órgãos go- vernamentais. Portanto, são chamadas de fomento indireto, pois, o proponente, após a aprovação do seu projeto junto ao órgão competente, precisa passar pela análise e aprovação de um entre privado fomentador (o “mecenas”), seja ele uma PF ou PJ, que lhe disponibilizará esse re- curso, que é uma verba pública, uma vez que é um percentual de imposto devido. Daí, temos um triângulo formado pelo (1) proponente, que elabora o projeto e o apresenta ao (2) órgão governamental, por exemplo, a uma Secretaria da Cultura Esta- dual ou a Secretaria Especial da Cultura, e quando seu projeto é aprovado, ou seja, que tem a permissão de captar recursos, ele pas- sa a procurar um (3) incentivador/mecenas, que analisará o seu projeto, verá se alinha-se aos seus objetivos, negociará contrapartidas, e disponibilizará os recursos (percentual dos seus impostos permitidos pelo governo) para a execução de seu projeto. No fascículo 4 de nosso curso, já fa- lamos sobre a Lei Federal de Incentivo à Cultura (Rouanet) e a Lei do Audiovisual. Assim, nos deteremos um pouco mais nas leis estaduais e municipais. No Brasil são inúmeros os estados que possuem esse tipo de fomento indireto, como é o casodo Ceará, São Paulo, Ma- ranhão, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, para citar apenas alguns. E o mesmo acon- tece com os municípios, há leis de incenti- vo à cultura nas cidades de Fortaleza, São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória, Goiânia, en- tre outras. E isso ocorre porque cada esta- do e município tem a sua arrecadação pró- pria de impostos, e, portanto, fica a cargo de cada um instituir e aplicar suas leis. No caso dos estados, o imposto que corresponde à grande parcela da arreca- dação para os cofres públicos estaduais é o Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre pres- tações de serviços de transporte interes- tadual, intermunicipal e de comunica- ção (ICMS). A maioria das leis de incentivo MÚLTIPLAS OPÇÕES DE FINANCIAMENTO (PATROCÍNIO) 3 100 Fundação Demócrito Rocha Universidade Aberta do Nordeste fiscal à cultura em esfera estadual é baseada nesse imposto. É o caso do estado do Ceará, que através da lei estadual nº 13.811, de 16 de agosto de 2006, instituiu o Mecena- to Estadual, que visa fomentar as atividades culturais do e no estado do Ceará por meio da renúncia fiscal nas modalidades doação, patrocínio e investimento. Da mesma forma, o funcionamento de leis municipais será baseado nos impos- tos de grande arrecadação para os municípios, que são o Imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISSQN), também conhecido como ISS, e o Imposto predial e ter- ritorial urbano (IPTU). Como exemplo atual de implementação de lei municipal, o Programa Municipal de Apoio a Projetos Culturais (Pro-Mac) da cidade de São Paulo, instituído pela Lei nº 15.948/2013 e regulamentado pelo Decreto nº 59.119/2019, financia projetos culturais de proponentes sediados em São Paulo e que sejam realizados também no município, permitindo a destinação de até 20% do IPTU e ISS devidos. Dessa forma, o incentiva- dor que pagar os dois tributos no município não precisa escolher entre um ou outro, e, sim, pode usar os 20% de cada um dos impostos. Mas em outros municípios o cenário pode ser diferente, uma vez que cabe a cada cidade e a cada estado legislar e regula- mentar sobre o funcionamento das leis. É importante entender o percurso do imposto para entender o mecanismo, pois há três questões básicas que o tributo, no qual a lei se baseia, denota: A primeira é que as leis estaduais se basearão nos impostos pagos na esfera esta- dual, e as municipais nos impostos arrecadados pela administração pública do muni- cípio, assim como as leis federais se baseiam no Imposto de Renda, que é pago de for- ma nacional, independente da cidade ou estado de residência. O que nos leva para a segunda questão: para se qualificar como proponente para as leis estaduais é preciso comprovar residência naquele estado, assim como para pleitear recursos municipais, é preciso comprovar residência no município. E isso nos leva ao terceiro ponto, sobre quem são os potenciais incentivadores/ patrocinadores de seu projeto: serão aqueles pagadores desse imposto estadual e dos impostos municipais do estado e município em que você reside. Por exemplo, o proje- to inscrito e aprovado no Mecenato Estadual do Ceará (Secult) poderá ter como finan- ciadores as empresas pagantes de ICMS no estado do Ceará. Quadro de Resumo Lei Estadual e Lei Municipal LEI ESTADUAL LEI MUNICIPAL • Proponente precisa comprovar residência no estado do pleito; • Projetos devem ser realizados no estado do mecanismo; • Só pagantes de ICMS e registrados no estado do pleito é que poderão utilizar do benefício fiscal. • Proponente precisa comprovar residência no município do pleito • Projetos devem ser realizados no município do mecanismo • Incentivadores precisam estar registrados no município do pleito para utilizar o benefício fiscal Hoje em dia há muito mais acesso às informações sobre as leis de incentivo à cultu- ra de estados e municípios devido à publicação da legislação nos websites das secreta- rias responsáveis, e porque a maioria dos sistemas de inscrição é digital. SAIBA MAIS A Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza (SecultFOR) oferece editais diversificados, como editais de apoio ao Carnaval, aos Blocos de Rua do Ciclo Carnavalesco, de Festival de Música, de Teatro, de Apoio aos Festejos Juninos e o tradicional Edital de Artes (Audiovisual, Artes Visuais, Fotografia, Literatura, Música, Teatro, Dança, Circo, Humor, Moda, Mídia Digital, Artesanato e Cultura Tradicional e Popular), entre outros. PARA REFLETIR As leis de incentivo fiscal são organismos vivos, pois estão em constante mudança. O processo de seu funcionamento pressupõe, no mínimo, dois passos básicos: (1) a publicação da lei e (2) publicação do decreto regulamentador. A lei institui o mecanismo, diz que “ele existe”, já o decreto regulamenta seu funcionamento. Entendemos, então, que sem um decreto uma lei não tem como ser operacionalizada. Além do mais, mesmo após a regulamentação, pode ser que o ela, a lei, sofra alterações ou passe pela criação de novas normas, e a comunicação dessas mudanças para os proponentes e incentivadores é feita através de novos decretos, editais, portarias e manuais, ou seja, de novas publicações de conteúdo oficial daquela secretaria de cultura. SAIBA MAIS Em 3 de junho de 2020 foi publicado um novo decreto, nº 33.611, que reformulou as regras do Mecenato Estadual do Ceará. Acesse mais informações nos sites: www.secult.ce.gov. br/2020/06/15/secult- publica-decreto-que- reformula-as-regras- do-mecenato-estadual/ www.secult.ce.gov.br/ wp-content/uploads/ sites/43/2020/06/ Decreto-n%C2%BA- 33.611-de-0-3.06.2020- Mecenas.pdf 101 FONTES DE FINANCIAMENTO Importante salientar que os prazos de inscrição de projetos variam de mecanismo para mecanismo, e que há leis de incentivo fiscal, como o Mecenato Estadual do Ceará, que publica um edital de abertura do sistema de cadastramento de projetos, sendo as- sim estipulado um prazo diferente a cada ano. Já a Lei Estadual de Incentivo à Cultura do estado de São Paulo (conhecida como Proac ICMS) mantém seu sistema de cadastramento de proponentes e projetos aberto o ano todo. Então, lembre-se de pesquisar sobre a forma e prazo de cadastramento de proponentes e projetos das leis de incentivo fiscal que buscará pleitear. A característica principal deste fomento indireto é a necessida- de de, após ter o projeto homologado junto ao órgão competente, ou seja, após inscrever o proponente (enviando toda a documen- tação solicitada) e submeter o projeto para análise de pareceris- tas, e receber a aprovação desse órgão, vem a terceira parte que fecha o triângulo do fomento indireto do qual falamos anterior- mente: a busca por incentivadores para o financiamento, pois serão eles que, de acordo com seu foro e residência, juntamente com o montante de impostos devidos, que serão seus patrocina- dores. Esse processo de busca e convencimento dos contribuin- tes de tributos (ICMS estadual; IPTU e ISS municipal) a patrocina- rem o empreendimento é chamado de captação de recursos. No fascículo 8 do curso, detalharemos sobre esse processo. 3.2. Editais e Prêmios Os editais e prêmios são mecanismos de financiamento/ fomento direto, uma vez que a verba sai dos cofres do incenti- vador diretamente para a conta do projeto sem precisar passar pela validação/aprovação de um intermediador. Outra característica dos editais é a diferença no tempo de inscrição, que é mais curto. Normalmente, na esfera pública, após a publicação das regras do edital em sites e no Diário Ofi- cial, tem-se 45 dias para cadastramento de proponente e pro- jeto nos sistemas para envio. Contudo, em editais promovidos por entes privados, o tempo pode ser mais curto ou mais longo. Aliás, o tema editais de patrocínio privado será mais explorado no fascículo 9, pois além da variação de prazos, há também ou- tras características que você deverá conhecer por se tratarem de financiadores da esfera privada. Editaise prêmios também se diferem das leis de incentivo porque o escopo de seus objetivos e regras para inscrição ten- dem a ser mais específicos, limitando apresentação de orça- mentos, além de segmentar as inscrições por áreas artísticas. Por exemplo, pode existir um edital da área de música, no qual apenas proponentes que comprovem atuação nessa área artís- tica possam se inscrever. Junto com o critério de área e propo- nente, pode existir um teto de valor orçamentário e de objeti- vos para a apresentação da proposta. Por exemplo, um edital para área da música que premie 10 iniciativas de no máximo R$ 50.000,00 cada, e que realizem pelo menos 5 shows em espaços abertos de um município/estado específico. As temáticas dos editais, a prestação de contas e o prazo de execução das propostas contempladas também estarão descri- tos no edital, e podem variar de categoria para categoria: pode ser uma para o projeto de música e outra para o de literatura, e de ano para ano, ou seja, não é porque existe um edital de mon- tagem de espetáculos teatrais infantis em 2020 que ele seguirá existindo em 2021. Quadro de Resumo e Comparação entre Leis de Incentivo e Editais Privados LEIS DE INCENTIVO EDITAIS Período mais abrangente de sistema aberto para inscrição de proponente e projetos Normalmente 45 dias de sistema aberto para inscrição de proponentes e projetos Inscrição de projetos por área artística (música, dança, teatro, literatura etc.), com mais flexibilidade de teto orçamentário Inscrição de projetos por área artística (música, dança, teatro, literatura etc.), COM limite orçamentário Prazo de Execução do projeto começa apenas após a captação de recursos Prazo de execução do projeto de acordo com a regulamentação do edital As alterações vêm através das publicações de novos decretos, instruções normativas ou portarias Alterações das regras propostas podem acontecer a cada ano, a partir da publicação do edital Em relação aos prêmios, estes são uma categoria dentro dos editais que pressupõem menos burocracia no momento de repasse da verba e da prestação de contas do produto (bem/ 102 Fundação Demócrito Rocha Universidade Aberta do Nordeste SAIBA MAIS No Brasil não existem apenas as leis de incentivo à cultura, mas também de incentivo ao esporte (LIE), à promoção de projetos sociais que garantam os direitos das pessoas idosas (Fundo do Idoso), as que garantem os direitos de crianças e adolescentes (FIA), bem como leis voltadas para a atenção à saúde, como o Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon) e o Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência (Pronas/ PCD). Para saber mais sobre essas outras leis de incentivo fiscal, acesse os links www.gov.br/ cidadania/pt-br/acoes- e-programas/lei-de- incentivo-ao-esporte www.gov.br/saude/ pt-br/assuntos/ noticias/projetos-do- pronon-e-pronas- pcd-poderao-ser- suspensos-durante-a- pandemia-de-covid-19 serviço) cultural realizado, exigindo ape- nas a comprovação física do objeto, por meio de relatórios, fotos, vídeos etc., e não a comprovação financeira, por meio de notas e cupons fiscais, recibos, cote- jamento de propostas orçamentárias, ex- tratos bancários etc. Enquanto a maioria dos editais traz páginas e páginas sobre documentações de validação do proponente, critérios particulares sobre os objetivos da utili- zação da verba em produtos culturais es- pecíficos e prazos rígidos e tipificados de prestação de contas, os prêmios são mais genéricos e acolhedores no que diz res- peito à exigência de documentação. No Brasil, agora em 2020, por conta da pandemia, temos o caso da Lei Aldir Blanc, que instituiu o repasse, a título de emergência, de verbas federais para o setor cultural brasileiro, por conta dos prejuízos trazidos aos trabalhadores da cultura e ao setor pelas consequências de paralisação de suas atividades. Estados e munícipios se cadastraram e receberam montantes de verba para transferir aos artistas, técnicos de luz e som, coletivos, espaços de leitura etc., e a modalidade de transferência de recursos que vem sendo mais utilizada pelos entes públi- cos são os prêmios, pois como a verba precisa ser repassada rapidamente e é emergencial, editais de premiação se apresentam como uma solução para que os recursos cheguem a quem de direito de forma rápida, facilitando o caminho burocrático (referência ao inciso III da lei nº 14.017, de 29 de junho de 2020). 3.3. Convênios Um convênio é uma parceria entre dois ou mais entes da esfera pública junto a en- tes privados com o objetivo de realizar um empreendimento que tenha finalidade pública. O termo “convênio”, dentro das normas jurídicas, significa cooperação, ou seja, há uma expectativa de que todas as partes envolvidas trabalharão juntas para alcançar os objetivos comuns. Assim, é justo dizer que os convênios pressupõem inter-relacionamento e cooperação mútua, uma vez que cada parte tem uma relação jurídica e responsabilidade com os demais participantes do convênio para a efetivação dos objetivos do empreendimento que, de- verão ser de interesse público. Os convênios podem ser estabele- cidos entre governo federal e estadual, entre prefeituras e ministérios, entre se- cretarias estaduais e secretarias munici- pais, e também podem atender a diversas áreas de interesse público, como saúde, educação, cultura etc. Assim, a partir do momento que a finalidade de execução da proposta cultural for considerada pe- los entes públicos como um bem comum, esta deve ser apoiada através desta coo- peração firmada por um convênio. PARA REFLETIR Faça o download de toda a legislação (lei, decreto, portarias, editais e manuais) da Lei de Incentivo à Cultura (municipal, estadual, federal) que você deseja se inscrever, e monte uma pasta em seu computador. Além disso, crie alertas sobre as leis de incentivo do seu interesse em programas que fazem pesquisa automática na internet. Assim, cada vez que uma notícia relacionada àquela lei específica for publicada, você terá acesso, e poderá se manter informado e atualizado, não perdendo oportunidades de se inscrever. 103 FONTES DE FINANCIAMENTO O pleito de financiamento por convê- nios também pressupõe o envio de docu- mentos do proponente e do projeto para os órgãos responsáveis conduzirem a avalia- ção e posterior repasse das verbas e demais orientações para os cumprimentos das re- gras estabelecidas pelo chamamento. 3.4. Emendas Parlamentares As emendas parlamentares também são dispositivos de fomento direto, onde o fi- nanciador é o poder público, que, a partir de uma nova solicitação de um parlamentar (representante do legislativo), altera a pro- posta de execução do orçamento do ano seguinte, alocando recursos para o custeio de uma ação específica que atenda às de- mandas de uma comunidade. Por exemplo, um deputado federal pode fazer uma emen- da parlamentar solicitando verba para a compra de ambulâncias para um município. Entretanto, diferente dos editais e prêmios, que normalmente serão geridos por secreta- rias de culturas, as emendas que beneficiam a área cultural, como o próprio nome diz, estão vinculadas aos parlamentares, e seu pleito passa por outros ritos processuais de apresentação e prestação de contas. Antes do momento de análise do orça- mento (geralmente agosto de cada ano), é possível pleitear junto aos parlamentares, por meio de ofícios ou requerimentos com propostas elaboradas e justificadas, que determinado valor seja destinado a uma ação de um município ou organização da sociedade civil (OSC). Senadores, deputa- dos (federais e estaduais) e vereadores, que já tem como uma de suas funções a discus- são e aprovação dos gastos orçamentários, são os responsáveis por acatar os pedi- dos, transformá-los em emendas que, por sua vez, destinarão verbas para a reali- zação de obras específicas em seus estados e municípios, e deverão sempreser execu- tadas por entes públicos ou organizações sem fins lucrativos. Por envolver o calendário de avaliação orçamentária, as propostas de emendas parlamentares normalmente devem che- gar com tempo hábil de serem apresenta- PARA CURIOSOS Por se tratar de verba pública é possível pesquisar os convênios celebrados por determinados municípios e estados buscando em seus portais da transparência. No caso do município de Fortaleza-CE, o acesso pode ser feito neste link (transparencia. fortaleza.ce.gov.br/ index.php/convenio). No governo federal há o Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse (Siconv), que surgiu em 2008, e hoje se chama “Plataforma + Brasil”. É possível acessar e pesquisar projetos de convênios das mais diversas áreas: saúde, educação, cultura etc. através do website plataformamais brasil.gov.br/ PARA CURIOSOS Acesse o site “Agenda 2030” (www.agenda 2030.com.br/) e se familiarize com o plano que diversos países elaboraram quando de uma reunião em Nova York em 2015. A Agenda 2030 contém os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que foram escritos a partir da percepção de líderes mundiais da necessidade de atingir metas para uma sociedade humana mais sustentável. 104 Fundação Demócrito Rocha Universidade Aberta do Nordeste das e discutidas. Assim, caso possua um projeto que será executado por um propo- nente sem fins lucrativos, e que beneficie o setor cultural de um município, o primei- ro passo é estudar o perfil de legislado- res para selecionar aqueles que estejam mais vinculados à área cultural, e iniciar com eles a defesa da sua ideia. A partir do aceite dos parlamentares em advogar pela solicitação de uma emenda parlamentar para beneficiar determinada parcela da população, por meio de serviços/bens cul- turais, aguarda-se a aprovação ou não da emenda. Se aprovada, o recurso vai dire- tamente para a conta do poder público municipal, para que seja utilizada para seu fim específico. Em resumo, as emendas parlamentares são os meios pelos quais os vereadores, deputados e senadores podem influenciar a utilização da verba pública, neste caso, em benefício das causas culturais de co- munidades que eles representam, muitas vezes, sua base eleitoral. Assim, é possível pleitear por emendas parlamentares para a área cultural todos os anos, pois a discus- são sobre os gastos públicos e a destinação das verbas públicas acontece anualmente. Importante é estudar e entender o histórico de pedidos, aprovações e exe- cuções de emendas parlamentares pelos atuais ocupantes dessas cadeiras legisla- tivas que representam o seu município e estado, pois assim é possível compreen- der com quem iniciar o diálogo. Lembre- -se que emendas parlamentares só po- dem ser executadas por organizações sem fins lucrativos. 3.5 Fontes Internacionais Organismos e entidades internacio- nais como a Unesco e a Fundação Ford, por exemplo, podem lançar chamadas públicas e editais de financiamento para segmentos específicos do mercado cul- tural no qual proponentes e iniciativas brasileiras estejam aptos a concorrer. As chamadas por empreendimentos cultu- rais dessas organizações normalmente estarão vinculadas ao enfrentamento a problemas sociais, juntamente com a promoção de iniciativas inovadoras que fomentem o bem-estar social de determi- nadas macrorregiões. Portanto a perio- 105 FONTES DE FINANCIAMENTO PARA CURIOSOS Para saber mais sobre o Matchfunding BNDES, acesse: www.bndes.gov. br/wps/portal/site/ home/onde-atuamos/ cultura-e-economia- criativa/patrimonio- cultural-brasileiro/ matchfunding- bndes-mais- patrimonio-cultural dicidade e a temática desses editais são associadas ao contexto social que deter- minados países de interesse destas orga- nizações estão vivendo. O ponto crucial é saber que as oportu- nidades de financiamento internacional existem, e quando são lançadas seguem o mesmo procedimento de critérios de seleção de proponentes, bem como é preciso sub- meter o projeto com propósito e objetivos muito alinhados aos dessas organizações internacionais, que, por sua vez, têm metas vinculadas a acordos multilaterais de comér- cio, de sustentabilidade e diplomáticos. 3.6. Financiamento Coletivo Os financiamentos coletivos apresen- tam a possibilidade de um grupo de incen- tivadores colaborarem, cada um com o que puder, para a realização de um projeto. Esse modelo de custear iniciativas se popularizou a partir de 2006, com o sur- gimento de diversos websites que cata- logavam os projetos e proviam os meios de pagamento (cartão de crédito, bole- to bancário, transferência entre contas etc.), oferecendo também um acompa- nhamento em “tempo real” do montante já adquirido e a possibilidade do propo- nente expor suas ideias e comunicar os possíveis resultados e benefícios de se in- vestir em determinado empreendimento. Pode-se dizer que esse modelo lembra o das “vaquinhas” feitas informalmente en- tre parentes e amigos para angariar fundos para que um amigo comprasse um remé- dio, ou conquistasse um famigerado ele- trodoméstico ou a viagem dos sonhos. Mas existe uma grande diferença: uma vez que é uma proposta cultural, há a expectativa de propósito e resultados que beneficiem uma parcela da sociedade, e não apenas um indivíduo. Assim, os financiamentos coletivos, também conhecidos pela expres- são em inglês crowdfunding, operam de forma muito semelhante às leis de incenti- vo: há a inscrição de um proponente e pro- jeto (e aqui é importante comentar que há websites mais específicos para projetos so- ciais e culturais, como o Benfeitoria (www. benfeitoria.com/) e o Queremos! (www. queremos.com.br/), depois há um período para “captação de recursos”, ou seja, para a comunicação da ideia à comunidade para buscar angariar os fundos. A plata- forma de financiamento oferece as formas 106 Fundação Demócrito Rocha Universidade Aberta do Nordeste de aporte no projeto, então é possível que cada incentivador, individualmente, esco- lha o montante com o qual irá contribuir, sabendo de antemão o retorno específico que terá (contrapartidas do incentivador/ recompensas), bem como os proventos ge- rados para a sociedade como um todo pela realização do empreendimento. E quando o projeto é realizado cada pa- trocinador/investidor recebe as suas contra- partidas acordadas, que muitas vezes são itens pequenos que podem até ser enviados via postal, ou apenas ter a experiência de ouvir o seu nome citado durante a realiza- ção de um show, por exemplo. Outro ponto importante a mencionar sobre o financia- mento coletivo são as taxas cobradas pelas plataformas, que variam de 5 a 10% dos va- lores arrecadados para “gerenciar e disponi- bilizar os projetos on-line”. Há quem compa- re essas taxas com o percentual de captação (normalmente de 10% em projetos) previsto nas leis de incentivo fiscal à cultura. Existem também os programas de ma- tchfundig, onde um determinado financia- dor se compromete a fazer patrocínios equivalente a valores já doados por ou- tros incentivadores, por vezes uma em- presa se compromete a cobrir as doações que pessoas físicas já fizeram. Essas são aquelas campanhas que divulgam que “a cada um real doado por pessoa física para o projeto, outros dois reais serão aportados no projeto pela empresa”. A mecânica se assemelha ao do finan- ciamento coletivo, pois existe uma neces- sidade de mobilização de um grande pú- blico para realizar doações/patrocínios de quantidades menores para chegar no montante total necessário de custeio. Um ótimo exemplo de matchfunding na área cultural é o programa do BNDES. 3.7. Enfim, sobre o Patrocínio... O que todas essas formas de custeamen- to de projetos culturais têm em comum é que os investidores, sejam eles pessoas físi- cas contribuindo através do financiamento coletivo, seja o Poder Público via editais e prêmios, ou seja uma empresa contribuinte PARA REFLETIR O financiamento coletivopode ser uma boa opção para quem tem um projeto de valor menor, e que quer se experimentar, pois acaba sendo um “curso prático” de como apresentar, comunicar e engajar o público com o tema e propósito do seu projeto. Após entender melhor sobre estratégias de captação de recursos no próximo fascículo, volte e se pergunte: fazer uma campanha de financiamento coletivo se encaixa como mecanismo de financiamento do meu projeto? PARA REFLETIR Você já observou os flyers e anúncios de iniciativas culturais? Nas redes sociais, nos jornais impressos, nas propagandas de rádios há sempre algumas palavras- chave que denotam a presença de contrapartidas de visibilidade de marca para os realizadores. São as palavras “apresenta”, “patrocina”, “apoia” e que podem estar em uma régua de logos, com todas as marcas distribuídas, ou no topo dos panfletos/anúncios, com destaque. Fique atento! Os panfletos, cartazes, flyers, anúncios são ótimas fontes de informação sobre as fontes de financiamento e de potenciais patrocinadores. 107 FONTES DE FINANCIAMENTO de ICMS no estado do Ceará que optou por destinar parte dos seus impostos devidos a uma proposta aprovada no Mecenato Estadual, todos eles subentendem que a realização do empreendimento cultural implicará contrapartidas sociais para o público bene- ficiado, ou seja, que os resultados trarão benefícios qualitativos e quantitativos para a sociedade. E, além disso, há a expectativa dos financiadores da visibilidade da sua marca como financiadores da cultura. A marca do Poder Público aparece na forma dos logotipos institucionais de secretarias de cultura, departamentos culturais e agências setoriais, já os patrocinadores privados utilizam-se de seus logotipos/marcas. Essa é a oportunidade de associação da marca do patrocinador (que, por exemplo, pode ser da indústria alimentí- cia, portanto de um segmento bem distante do mercado cultural) ao produto (bem/serviço) cultural que estes mecanismos de fomento citados proporcionam, e que é a chave para o entendimento desta relação chamada de patrocínio. Observe que, além das contrapartidas sociais, que o fascícu- lo 1 deste curso abordou em detalhes, e que são as ações de de- mocratização de acesso e acessibilidade vinculadas ao propósito da realização do projeto, podem existir outras entregas que serão determinadas nas publicações dos editais ou nos contratos de patrocínio firmados entre proponente e financiador. 108 Fundação Demócrito Rocha Universidade Aberta do Nordeste SOBRE RECEITAS DO PROJETO E O CONCEITO DE PERMUTA Permutas A rigor, significa “troca”, ou seja, é a cessão de serviços e/ou produtos necessários para a realização de um projeto. É muito comum empresas participarem de ações como apoiadores sem entrar com nenhum centavo, mas disponibilizando serviços úteis para a execução de seu projeto. Por exemplo, hotéis que cedem diárias para os convidados de outros estados, companhias aéreas que assumem as passagens aéreas (ou oferecem descontos especiais), gráficas que, também por meio de bons descontos, assumem a folheteria de um grande evento, instituições que cedem o espaço para a realização de seu evento etc. Todos esses apoios reduzem os custos de execução da sua ideia. Lembre-se dessa possibilidade quando for planejar a sua ação. Quando se fala em oportunida-des de viabilizar os projetos por meio de mecanismos de financiamento é importante não nos esquecermos que vários produtos culturais, quando executados, têm o po- tencial de gerar receita: o livro realizado e que pode ser vendido, o ingresso daque- le espetáculo de dança que será adquirido pelo público (mesmo a preço popular), uma caneca com as pinturas da exposição financiada, a camiseta com a imagem da banda ou o seu CD daquele show, o lápis temático da exposição do Museu, entre tantas outras possibilidades. Em contraponto, as permutas de serviços e apoios institucionais tam- bém influenciam demais os custos de produção das iniciativas culturais, mes- mo quando não se tratam da efetiva en- trada de dinheiro na conta do projeto, mas significam economia através da realização da prestação de serviços ou de compra de materiais. A geração de receita no mercado cul- tural é algo possível, basta observar que existem as franquias de projetos de suces- so, bilheterias, os espetáculos de teatro, que depois de anos em cartaz migram para o cinema, os direitos autorais que podem ser explorados, os licenciamentos de mar- cas para produtos (canecas, camisetas, copos, canetas etc.). Portanto, quando for pensar no financiamento do empreendi- mento lembre-se que o próprio produto PARA CURIOSOS Equipamentos Culturais Vinculados à SecultFOR Biblioteca Pública Municipal Cristina Poeta, Biblioteca Pública Municipal Dolor Barreira, Biblioteca Pública Municipal Herbênia Gurgel, Centro Cultural Belchior, Centro Cultural Casa do Barão de Camocim, Estoril, Mercado Cultural dos Pinhões, Mercado da Aerolândia, Mercado dos Pinhões, Passeio Público, Vila das Artes, Teatro Antonieta Noronha e Teatro São José. 4 cultural é fonte de renda, que além de custos, o projeto pode gerar receita, ou seja, recursos podem entrar no caixa a par- tir de sua realização. E ao mesmo tempo é possível reduzir os custos do projeto ao dar atenção às formas de “economizar”, ao fa- zer as parcerias de serviços e de descontos em produtos através de permutas. O financiamento de um projeto não está apenas vinculado a procurar financiadores, mas a entender o potencial que o empre- endimento possui de geração de renda e de possibilidade de redução de custos. 109 FONTES DE FINANCIAMENTO Entender sobre a viabilidade de fi-nanciamento da proposta cultu-ral significa compreender a fundo os objetivos e resultados e estudar os diferentes mecanismos de custeio dis- poníveis para o seu tipo de proponente (PF ou PJ, com ou sem fins lucrativos). Uma fer- ramenta aliada para este entendimento é a Análise FOFA, aquela que você já aprendeu como aplicar no fascículo 2 deste curso. Pois bem, agora, depois de estudar sobre os diferentes mecanismos de financiamen- to, busque conhecer as Forças, Oportuni- dades, Fraquezas e Ameaças que o seu empreendimento/projeto possui de acordo com cada potencial financiador. Mas, dessa vez, observe os pontos cruciais de análise das oportunidades de custeio – tipo de pro- ponente, localidade do proponente e de realização do projeto, propósito dos resul- tados e objetivos da proposta em compara- FERRAMENTAS DO ESTUDO DA VIABILIDADE DO PROJETO: ANÁLISE FOFA E DIVERSIFICAÇÃO ção com os objetivos que o financiador visa alcançar, bem como os que ele já alcançou com os financiamentos anteriores (sempre importante conhecer projetos já apoiados por esses potenciais financiadores). Uma dica: faça a Análise FOFA em conjunto com outras pessoas. Aprenda a explicar seu projeto e suas considera- ções sobre a possibilidade de custeio em voz alta, na presença de outras pessoas que não estão 100% dedicadas à elabo- ração e à inscrição da proposta. O olhar externo é de suma importância para tra- zer respiros e novas considerações. Lem- bre-se de que você precisa estar apto a convencer as pessoas que sua ideia é boa e vale a pena ser executada. A busca por potenciais financiadores e mecanismos de financiamento de proje- tos culturais é constante, assim como são constantes e diversas as oportunidades de acordo com o escopo do seu empre- endimento. Assim, ao invés de se ater a uma única possibilidade, pense em múl- tiplas, pense no mínimo em um trio de mecanismos para pleitear verba. Isso se chama diversificação de sustentabili- dade financeira: nunca dependa apenas de uma fonte, pois se essa fonte secar, também desaparece o projeto. Outra dica: Para considerar o tripé de sustentação financeira, pesquise como as organizações culturais mais antigas da sua cidade de mantém. Analise oswebsites, veja quais são as marcas/lo- gotipos que aparecem, investigue se há programas de doação, de financiamen- to coletivo, patrocinadores perenes etc. Aqueles que estão há tempos no merca- do e seguem de pé são ótimos casos de estudo das alterações históricas e das oportunidades vigentes. 5 110 Fundação Demócrito Rocha Universidade Aberta do Nordeste CONCLUSÃO Encontrar as oportunidades de fi-nanciamento que melhor se encai-xam ao tema, propósito e resulta-dos do seu projeto/produto cultural significa estar atento ao contexto e ao his- tórico que o mercado cultural apresenta. E o mercado é algo sempre em movimento, em transição, em adaptação, assim é im- portante manter atenção às mudanças e novas oportunidades que sempre surgem, e seguir analisando e aprendendo. A responsabilidade e a compreensão de quem é/será o proponente é condição básica para pleitear qualquer possibilida- de de financiamento do projeto, e como, dicas finais, concentre-se em: • estudar os projetos anteriormente fi- nanciados pelos editais que visa pleitear; • criar alertas sobre as leis de incenti- vo para sempre se manter atualizado sobre as mudanças; • fazer análise FOFA do projeto versus o mecanismo selecionado; • montar uma estratégia diversificada de custeio da iniciativa, não dependen- do apenas de uma única fonte (lembre- -se da imagem do tripé: apoie o finan- ciamento do produto cultural em, no mínimo, três oportunidades). Referências AVELAR, Rômulo. O Avesso da Cena: no- tas sobre produção e gestão cultural, 2ª edição/DUO editorial, 2010. NATALE, Edson e OLIVIERI, Cristiane. Guia Brasileiro de Produção Cultural 2007: Educar para a cultura. São Paulo: Editora Zé do Livro, 2006. OLIVIERI, Cristiane. Guia Brasileiro de Pro- dução Cultural 2010-2011. Editora: Sesc-SP. 6 111 FONTES DE FINANCIAMENTO Guabiras (Ilustrador) É cartunista, autor de histórias em quadrinhos e de muitos personagens. Publicou mais de 5 mil tirinhas em veículos como jornais, fanzines, livros (antologias), revistas (MAD-SP, Gibi Quântico-SP, Tarja Preta-RJ, entre outras) e na web, entre eles, no jornal EXTRA de Nova York (EUA) e na obra Marcatti 40 (Ugra/SP). Recebeu, em parceria, 3 troféus HQMIX e o Troféu Ângelo Agostini de “Melhor Cartunista de 2016”, as maiores comendas de quadrinhos do país. REALIZAÇÃOAPOIO CAPACITAÇÃO DE AGENTES CULTURAIS ESTRATÉGIAS DE CULTURA E ARTE PARA O FUTURO Larissa Biasoli (Autora) É bacharel em Artes Cênicas (Unicamp) com especialização em Gestão Cultural e Políticas Culturais pelo Goldsmiths College – University of London. Teve diferentes experiências em produção, que incluem trabalhos com Les Commediens Tropicales, Boa Companhia e o Grupo Matula Teatro, além de trabalhos com produção de eventos corporativos. Desde 2013 está à frente da Sorella Produções Artísticas e atua em diferentes frentes, como produtora executiva, gerente de projetos culturais e sociais, além da coordenação de programas e festivais de teatro. Trabalhou com o Grupo Barracão Teatro de Campinas, Alecrim Produções Artísticas e Instituto Bem Cultural do DF, Bons Ventos Produtora de Campinas, Zózima Trupe e Labor Educacional. Desde 2017 é captadora de recursos para o Centro Cultural Aliança Francesa de São Paulo, e, desde 2018, trabalha com o Programa Municipal de Apoio a Projetos Culturais (Promac) da cidade de São Paulo. FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR) Presidente: Luciana Dummar Diretor Administrativo-Financeiro: André Avelino de Azevedo Gerente Geral: Marcos Tardin Gerente Editorial e de Projetos: Raymundo Netto Gerente Canal FDR: Chico Marinho Analistas de Projetos: Aurelino Freitas, Emanuela Fernandes e Fabrícia Góis | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE (UANE) Gerente Pedagógica: Viviane Pereira Coordenadora de Cursos: Marisa Ferreira Designer Educacional: Joel Bruno | CURSO CAPACITAÇÃO DE AGENTES CULTURAIS Coordenador Geral, Editorial e Estabelecimento de Texto: Raymundo Netto Coordenadora de Conteúdo: Daniele Torres Assistente Editorial Emanuela Fernandes Projeto Gráfico e Edição de Arte: Andrea Araujo Designer Gráfico: Carlos Weiber Ilustrador: Guabiras Roteirista, Locutora e Mediadora (radioaulas): Lílian Martins Produtora: Luísa Duavy ISBN: 978-65-86094-49-7 (Coleção) ISBN: 978-65-86094-39-8 (Fascículo 7) Todos os direitos desta edição reservados à: Este fascículo é parte integrante do projeto Estratégias de Cultura e Arte para o futuro: capacitação de agentes culturais, em decorrência do Termo de Fomento celebrado entre a Fundação Demócrito Rocha (FDR) e a Secretaria Municipal de Cultura de Fortaleza (SecultFOR), sob o nº 02/2020. Fundação Demócrito Rocha Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora CEP: 60.055-402 - Fortaleza-Ceará Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148 fdr.org.br fundacao@fdr.org.br
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