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CIÊNCIA DO COMPORTAMENTO
conhecer e avançar
4
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
 
 
 
INDEX 
BOOKS 
GROUPS 
 
 
Copyright © desta edição:
ESETec Editores Associados, Santo .Andre, 2004. 
Todos os direitos reservados
Dias, André Luiz Freitas et al.
Ciência do Comportamento - Conhecer e Avançar. - Vol.4. Orgs. André Luiz 
Freitas Dias, Adriana Cunha Cruvinel, Eduardo Neves de Cillo. 19 ed. Santo 
André, SP: ESETec Editores Associados, 2004.
196p. 23cm
1. Psicologia do Comportamento e Cognição
2. Behaviorismo
3. Psicologia individual
CDD 155.2 
CDU 159.9.019.4
ESETec Editores Associados
Direção Editorial: Teresa Cristina Cume Grassi
Capa: Flávia Castanheira
Agradecemos a todos que, direta ou indiretamente, colaboraram com a produção 
deste material. Cabe um crédito especial à designer Flávia Castanheira, que nos 
presenteou com um trabalho de especial beleza e sensibilidade.
Solicitação dc exemplares: cset@uol.eom.br 
Rua Santo Hilário, 36 - Vila Bastos - Santo André - SP CEP 09040-400 
Tel. 49905683/44386866 
www.esetec.eom.br
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
 
 
 
INDEX 
BOOKS 
GROUPS 
 
 
CIÊNCIA DO COMPORTAMENTO
conhecer e avançar
A d r ia n a C u n h a C r u v in e l 
A n d r é L u iz F r e it a s D ia s 
E d u a r d o N e v e s d e C illo
Organizadores
A d é u a M aria d o s S a n to s T eik e ir a 
A na C ar m en O liveira D olabela 
A nna E dith B ellico da C osta 
A n d r éa R o d r ig u e s V iana 
E liane M ar y d e O live ir a F alc o n e 
É rik L uca de M ello 
E rn aní H e n r iq u e F azzi 
H en r iq u e C o ü t in h c C er q u e i ra 
Jo ã o C arlos M ljniz M a r t in e l u 
JUDSMAR B o \ENTE BARBOSA 
Ju n ea R ez e n d e A ra ujo 
M an uela G o m e s L o p es 
M a r c o A n to nio A maral C he q u e r 
M ar ia C r ís h a n a S e ixa s V illani 
M aria R eg ina B arbosa A ss u n ç ã o 
M a r t in a R íllo O t e r o 
R enata G u im a r ã e s H orta 
R o b e r to G o m e s M a r q u e s 
R o b so n N a s c im e n t o da C r u z 
R o n a ld o R g c r ig j e s T eix e ir a J u n io r 
S onia M ey er 
T atiana A r a ujo C arvalho
ESETec
Editores A ssociados 
2004
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
 
 
 
INDEX 
BOOKS 
GROUPS 
 
 
T rib uto P ó stu m o à
P r o fa . D ra . CAROLINA MARTUSCELLI BORI
Nos dias 16 e 17 de agosto de 2003, realizamos a IV Jornada Mineira 
de Ciência do Comportamento em Belo Horizonte. Naquela ocasião, contamos 
com a presença da Professora Dra. CAROLINA MARTUSCELLI BORI e 
tivemos a sorte, a felicidade e o privilégio de homenageá-la por sua importante 
participação no surgimento e no avanço da Ciência do Comportamento em 
Minas Gerais.
O Volume 4 do livro CIÊNCIA DO COMPORTAMENTO-CONHECER 
AVANÇAR, que edita os trabalhos daquele evento científico, não poderia 
deixar de registrar, mais uma vez, o apreço dos mineiros àquela brilhante e 
querida professora e o profundo pesar experimentado com o seu recente 
falecimento.
A atuação da Professora Dra. CAROLINA MARTUSCELLI BORI, junto 
aos Cursos de Psicologia, nos níveis de graduação e pós-graduação, no 
Brasil é de conhecimento público.
Desde a primeira formulação, na década de 60, do currículo mínimo 
para os Cursos de Psicologia, a grande mestra, juntamente com parceiros 
igualmente notáveis, procurou destacar a necessidade de uma formação 
científica para os profissionais da área correspondente. Esse instrumento 
legal vigorou cerca de quarenta anos.
No final dos anos 60, já era reconhecida por seu investimento bem 
sucedido na divulgação e introdução da ANÁLISE EXPERIMENTAL DO 
COMPORTAMENTO e da TECNOLOGIA DE ENSINO dela derivada em 
diversos Cursos de Psicologia.
V
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
 
 
 
INDEX 
BOOKS 
GROUPS 
 
 
Nos anos 70, promoveu a instalação de programas de pós-graduação 
em Psicologia em diversas instituições universitárias. Presidiu diversas 
sociedades científicas com destaques para a SOCIEDADE BRASILEIRA PARA 
O PROGRESSO DA CIÊNCIA (SBPC) e a SOCIEDADE BRASILEIRA DE 
PSICOLOGIA (SBP). Fundou, editou e promoveu diversas revistas com o 
objetivo de estimular a publicação científica no campo de estudos da 
Psicologia.
Em 1999, presenteou nossa comunidade com um documento que 
apontava novas DIRETRIZES CURRICULARES PARA O CURSO DE 
GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA, ao participar da Comissão de Especialistas 
encarregada de formular tal proposta a pedido do Ministério de Educação e 
Cultura (MEC). Novamente, pudemos identificar seu compromisso com a 
melhoria da formação científica dos estudantes de Psicologia. Essa proposta, 
após vários ajustes, foi finalmente aprovada pela Câmara de Educação 
Superior do Conselho Nacional de Educação (CES/CNE/MEC) em 12/04/ 
2004. Sem dúvida, os cursos de graduação em Psicologia obtiveram grandes 
ganhos com a nova legislação que embute uma visão prospectiva e mais 
rigorosa da formação cientifica e profissional correspondentes. As novas 
DIRETRIZES CURRICULARES corrigem a perda de identidade científica 
observada nos Cursos de Psicologia, a partir dos anos 70.
Diante dessa sucinta amostra de contribuições da Professora Dra. 
CAROLINA MARTUSCELLI BORI para a formação em Psicologia no nosso 
País, é natural que nos sintamos consternados e que lamentemos 
profundamente a perda de sua presença física em nosso meio acadêmico.
No entanto, reconhecemos que a importância de seus trabalhos 
extrapolou os limites contidos na dimensão física de nossas relações, tendo 
sido incorporada num nível muito mais abstrato e racional de nossas histórias, 
constituído pelo conjunto de idéias e valores que nos legou.
Como herdeiros acadêmicos legítimos, estaremos apropriando-nos 
desse legado, dando continuidade aos sonhos, ideais e objetivos da grande 
mestra.
A Professora Dra. CAROLINA MARTUSCELLI BORI está viva em cada 
um de nós que tivemos o privilégio de conviver com ela como alunos e amigos 
e, em conseqüência, na sucessão de gerações de nossos alunos e amigos. A 
continuidade de suas influências está assegurada e passará, sem dúvida, 
de geração a geração por um longo período de tempo. Levaremos adiante 
seus sonhos, ideais e objetivos, especialmente, o de tornar a Psicologia 
uma ciência forte e influente em todos os campos de estudo que incluam o 
comportamento humano entre suas variáveis relevantes.
Convém registrar ainda, e em destaque, uma contribuição cientifica 
da Professora Dra. CAROLINA MARTUSCELLI BORi muito relevante mas
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
 
 
 
INDEX 
BOOKS 
GROUPS 
 
 
pouco conhecida em nosso próprio meio acadêmico. Em 1974, privilegiando 
trabalhos sobre ensino e educação, descreveu um procedimento muito eficaz 
para planejar o processo ensino/aprendizagem, agregando-lhe a propriedade 
de tornar-se efetivo para todos os alunos. Aqueles que tiveram a oportunidade 
de lidar com tal procedimento, além de confirmarem sua eficácia, puderam 
verificar a possibilidade de expandi-lo como instrumental metodológico para 
a pesquisa e especialmente para a aplicação da ANÁLISE DO 
COMPORTAMENTO em situações sociais de quaisquer naturezas. Talvez, 
esse instrumental, descrito e utilizado por ela, constitua a contribuição mais 
original e significativa da produção científica em Psicologia no Brasil. De 
uma maneira muito sucinta, propõe a identificação de contingências de 
interesse paraum trabalho, seja lá qual for, seguida de sua programação por 
novas contingências, conforme os princípios da
ANÁLISE EXPERIMENTAL DO COMPORTAMENTO, em função de 
um objetivo visado. Com esse procedimento, pode-se intervir e planejar em 
qualquer nível e em qualquer ambiente psicossocial. O futuro poderá confirmar 
a propriedade desse instrumental metodológico.
A produção acadêmica da Professora Dra. CAROLINA MARTUSCELLI 
BOR) é imensa e pode ser identificada nos trabalhos de seus inúmeros alunos 
e na sucessão de alunos de seus alunos. As suas concepções, o seu rigor 
metodológico, o seu grande conhecimento de Psicologia e a sua sabedoria 
como ser humano estão gravados nesses trabalhos.
Finalmente, inspirados por ela e irmanados, reafirmamos nosso 
propósito de realizar o seu sonho e ideal de tornar a Psicologia uma ciência 
forte e influente nos demais campos de investigação científica.
ADELIA MARIA SANTOS TEIXEIRA 
25/10/2004
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
 
 
 
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BOOKS 
GROUPS 
 
 
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
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INDEX 
BOOKS 
GROUPS 
 
 
S um ário
T r ib u t o P ó s t u m o à P r o f a . D r a . CAROLINA MARTUSCELLI BORI
A délia M aría do s S an t o s T e ix e ir a ........................................................................................................................
C o n t r ib u iç õ e s d a A n á l is e d o C o m p o r t a m e n t o p a r a R e f l e x ã o s o b r e
RESPONSABILIDADE SOCIAL
M artina R i l lo O t e r c .......................................................................................................................................................
A n á l is e F u n c io n a l d o C o m p o r t a m e n t o V io l e n t o n o s g r a n d e s c e n t r o s u r b a n o s
M aria C ristiana. S eixas V il l a n i.............................................................................................................
C o m p o rta m e n to A n t i-s o c ia l: O q u e o s S e h a v io r is ta s r a d ic a is tê m a d iz e r
R o b erto G o m es M a r q ues e M ar ia R eg ín a B a r bo s a A s s u n ç ã o ...............................................................
Q u a l o p r o b l e m a d o C o n t r o l e C o m p o r t a m e n t a l ?
R ob son N a s cim ento da C rijz. M aria C r ís iia n a S eixas V il l a n i...................................................................
S o b r e C o m p o r t a m e n t o M o r a l e C u lt u r a
R enata G uimarães H o r t a ..............................................................................................................................................
O q u e é C o n t r o l e C o m p o r t a m e n t a l ?
E rnaní H en riq ue F a z z í....................................................................................................................................................
A C o l o n iz a ç ã o S o c ia l d o Ín t im o
J udsàiar B om en te B a r b o s a ..........................................................................................................................................
A n á lis e do C o m p o rta m e n to , 'R e s p o n s a b ilid a d e ' S o c ia l e F o rm a ç ã o 
P ro f is s io n a l na UNIVALE
J o ã o C a r l o s M u w M a r tin e lli e M a r c o A n to n io A m a r a l C h e q u e r ................................................
A t iv id a d e s d e e n s in o e m u m C u r s o d e P s ic o l o g ia : u m a A n á l is e C o m p o r t a m e n t a l
R onaldo R o d r ig u e s T eixeira J ú n io r , H c ^ ío l “ C o u tin h o C e r c u eif .a e A délia M aría S antos 
T e ix e ir a ..................................................................................................................................................................................
O C o n t e x t o d e P r e s t a r S e r v iç o s n a C l In ic a C o m p o r t a m e n t a l e R e s p o n s a b il id a d e 
S o c ia l
M as c o A n to n io A m aral C h e q u e r e J oãc C arlos M un iz M artinelli
V
1
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
 
 
 
INDEX 
BOOKS 
GROUPS 
 
 
A n á l is e d a s C o n t in g ê n c ia s d e u m C a s o C l ín ic o d e T r a n s t o r n o O b s e s s iv o -
CO M PU LSIVO
É rik Luca de M e l l o .................................................................................................................... 9 7
A n á l is e d e C o n t in g ê n c ia s d o s C o m p o r t a m e n t o s d e N e t o n o F il m e “ B ic h o d e 
S e t e C a b e ç a s ": As im p l ic a ç õ e s da C l a s s if ic a ç ã o D ia g n ó s t ic a p a r a o T r a b a l h o 
d o A n a l is t a d o C o m p o r t a m e n t o
J umea R eze n d e A raújo e M anuela G o m e s Lc p e s ............................................................................................. 117
A b a l o s n o P r o c e s s o T e r a p ê u t ic o : u m C o n v it e a T r o c a r a s L e n t e s . O P r o c e s s o 
T e r a p ê u t ic o d e M u d a n ç a d o P o n t o d e V is t a C o m p o r t a m e n t a l .
A nd r éa R o d r ig u e s V ia n a ............................................................................................................................................... 127
P e s q u is a B á s ic a : u m E s t u d o s o b r e D e p r e s s ã o
A na C armen O liveira Dolabela e T atiana A raújo C arvalho....................................... 137
U m m o d e l o C o g n it iv o d e R e s is t ê n c ia e m P s ic o t e r a p ia
E liane M ary oe O liveira F alCo n e ............................................................................................................................. 141
P r o c e s s o s C o m p o r t a m e n t a is n a P s ic o t e r a p ia
SoniaMeyer............................................................................................................................... 151
F o r m a ç ã o d o A n a l is t a d o C o m p o r t a m e n t o e R e s p o n s a b il id a d e S o c ia l
Anna Edith Bellico da Costa..................................................................................................... \ 5 9
X
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
 
 
 
INDEX 
BOOKS 
GROUPS 
 
 
C o n t r ib u iç õ e s da A n á lis e d o C o m p o r t a m e n t o 
PARA REFLEXÃO SOBRE RESPONSABILIDADE SOCIAL
Martina Rillo Otero1
As relações possíveis entre Responsabilidade Social e Análise do Com­
portamento podem ser exploradas a partir de diversos pontos de vista. Neste 
capítulo elas são tratadas a partir de dois pontos: um que pode ser chamado 
de "ético”, no qual levantam-se contribuições da Análise do Comportamento 
no delineamento do que seriam atuações mais éticas na nossa sociedade. O 
outro ponto é um esboço de análise com a identificação de possíveis contribui­
ções para a noção de “Responsabilidade Social”, a partir de conceitos da 
Análise do Comportamento.
R esponsabilidade S ocial c o m o a ética na atuaçAo do a n a u s ta do com porta­
mento
A Análise do Comportamento tem como objeto de sua investigação o 
comportamento. Dizer algo, aparentemente tão simples, tem duas implica­
ções: enquanto uma ciência, a Análise do Comportamento busca produzir um 
conhecimento que possa servir de instrumento para prever e controlar seu 
objeto - o comportamento. Além disso, comportamentoé entendido como a 
forma pela qual o organismo e o ambiente se relacionam. Se buscamos enten­
der o comportamento, temos que conhecer como se dá essa relação ~ não 
basta levarmos em consideração apenas aspectos do organismo, nem 
tampouco apenas dados do ambiente.
Quando tratamos de comportamento humano estamos lidando, primor­
dialmente, com um ambiente social, ou seja, com um ambiente em que as
1 Pesquisadora òo Laboratório de Psicologia Experimental da Pontifícia Universidade Católica de São 
Paulo.
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
 
 
 
INDEX 
BOOKS 
GROUPS 
 
 
outras pessoas, o que elas fazem, e os produtos do que fazem, são os princi­
pais aspectos que influenciam o comportamento (Skinner, 1953/1994). Se­
gundo Skinner (1953/1994) o comportamento social envolve a relação de 
pessoas entre si ou com um ambiente comum a elas. Ambiente social é a parte 
do ambiente que afeta o organismo e que é composto por outros organismos 
- direta ou indiretamente.
Ao adotar a abordagem da Análise do Comportamento, entendemos, 
então: 1) o comportamento como a relação entre organismo e ambiente e 2) 
esse ambiente caracterizado primordialmente, no caso do comportamento 
humano, de um ambiente social. Dessa forma, assume-se que aquilo que 
fazemos - ou deixamos de fazer - altera, transforma ou configura, de maneira 
geral, o ambiente relevante no controle do comportamento de outros organis­
mos. Ao tratarmos da responsabilidade social como compromisso do analista 
do comportamento enquanto profissional e cidadão destaca-se portanto, o 
exercício de análise de seu próprio comportamento e da consequente refle­
xão acerca do ambiente que ele está contribuindo para configurar para o outro 
(vale a pena ver a análise feita por Holland, 1978 um tanto informal, não? 
Questão de estilo?). Nessa linha, destacam-se as contribuições da Análise do 
Comportamento acerca da algumas práticas sociais e suas conseqüências 
sobre os indivíduos que compõe a sociedade, (exemplos cairiam bem)
O desenvolvimento da abordagem permitiu o acúmulo de conhecimen­
to sobre práticas sociais amplamente utilizadas para controlar o comporta­
mento de seus membros que têm efeitos indesejáveis sobre o indivíduo que 
poderiam e deveriam ser evitadas (Sidman, 1989/1995), assim como outras 
que poderiam ser estimuladas. Destacam-se aqui apenas alguns exemplos 
tanto das primeiras como da segunda: 1) evitar o uso de controle aversivo; 2) 
evitar o uso excessivo de reforçadores arbitrários e; 3) evidenciar o papel do 
ambiente na determinação do comportamento.
E v it a r o u s o d e c o n t r o l e a v e r s iv o
Do ponto de vista da Análise do Comportamento o comportamento se 
define como a interação entre organismo e ambiente e os componentes dessa 
relação são: uma situação antecedente, a resposta do organismo e a conse­
qüência dessa resposta. A ação do sujeito produz conseqüências no meio, 
que, por sua vez, controlarão a probabilidade de emissão de tal ação no 
futuro. O ambiente seleciona o comportamento, de modo que tanto a mudança 
como a manutenção do comportamento mantém relação com as condições 
ambientais. A relação entre esses três termos define uma unidade de análise 
comportamental chamada tríplice contingência.
Utilizando uma classificação proposta por Sidman (1989/1995), "Gene­
ricamente falando, há três tipos de relações controladoras entre conduta e
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
 
 
 
INDEX 
BOOKS 
GROUPS 
 
 
conseqüências: reforçamento positivo, reforçamento negativo e punição” (p. 
51). Resumidamente, o reforçamento positivo envolve a apresentação ou a 
produção de um estímulo reforçador que aumenta a probabilidade de emis­
são da resposta que o antecedeu ou da qual foi produto. O reforçamento 
negativo envolve a eliminação ou remoção de algum estímulo contingente à 
emissão da resposta, que também toma mais provável a emissáo dessa res­
posta no futuro. Nos dois casos de reforçamento a probabilidade de emissão 
da resposta é aumentada no futuro. Já a puniçào envolve uma resposta que 
“seja seguida ou pela perda de reforçadores positivos ou ganho dereforçadores 
negativos” (Sidman, 1989/1995, p. 59). Sidman (1989/1995) ressalta que “Esta 
definição nada diz sobre o efeito de um punidor sobre a ação que o produz. Ela 
não diz que punição é o oposto de reforçamento. Ela não diz que punição 
reduz a probabilidade futura de ações punidas” (p. 59). Apesar de comumente 
ser vista como uma estratégia de redução de determinados comportamentos, 
a punição não funciona dessa forma. A punição não garante a não emissão de 
uma resposta futura e, assim como outras estratégias coercitivas, causam 
extremo prejuízo para o organismo que é submetido a ela.
Segundo Sidman (1989/ 1995): a “coerção entra em cena quando nos­
sas ações são controladas por reforçamento negativo ou punição” (p. 51). Há, 
ainda, outro tipo de controle que também pode ser caracterizado como coerci­
tivo, que submete o indivíduo à privação socialmente imposta:
“Outro mau uso de reforçamento positivo é deliberadamente criar tipos de 
privações que tornamos reforçadores efetivos: prisioneiros primeiro são colocados 
em solitária e, então, se permite a eles ter contatos sociais como reforçamento por 
docilidade; primeiro submetidos a privação extrema de alimento, eles podem, então, 
obter alimento em retribuição por subserviência. Liberdade e alimento parecem 
reforçadores positivos, mas quando eles são contingentes a cessação de privações 
artificialmente impostas, sua efetividade é um produto de reforçamento negativo; 
eles se tornam instrumentos de coerção” (Sidman, 1989/1995, p. 61, grifos nossos).
A utilização de punição, reforçamento negativo e privações socialmen­
te impostas no controle do comportamento definem o que Sidman (1989/1995) 
chamaria de controle coercitivo do comportamento.
Já foram realizados estudos experimentais (Ver Sidman, 1989/1995 e 
Catania, 1998/1999 para alguns exemplos) e análises de práticas sociais (por 
ex. Sidman, 1989/1995) sobre os efeitos colaterais do uso de procedimentos 
aversivos para controlar o comportamento que evidenciam que:
... “mesmo quando a coerção atinge seu objetivo imediato ela está, a longo 
prazo, fadada ao fracasso. Sim, podemos levar pessoas a fazer o que queremos por 
meio da punição ou da ameaça de puni-las por fazer qualquer outra coisa, mas 
quando o fazemos, plantamos as sementes do desengajamento pessoal, do isola­
mento da sociedade, da neurose, da rigidez intelectual, da hostilidade e da rebelião"
{Sidman, 1989/1995,p. 18).
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
 
 
 
INDEX 
BOOKS 
GROUPS 
 
 
Quando submetido a controle coercitivo, o organismo tem reações fisi­
ológicas que configuram respostas emocionais dolorosas, que identificamos 
como medo, dor, etc. Estímulos da situação antecedente à resposta que é 
punida adquirem propriedades aversivas, de forma que situações diversas 
que sinalizam esse tipo de conseqüência também tornam-se aversivas para o 
organismo. Poderíamos dizer que, numa sociedade em que a utilização de 
punição ou de controle coercitivo no geral é muito difundida, o mundo dos 
membros que a integram se torna extremamente aversivo.
A Análise do Comportamento mostra que a utilização de controle coer­
citivo do comportamento, por punição, reforçamento negativo, ou privação 
socialmente imposta é extremamente questionável tanto do ponto de vista da 
eficiência do controle (já que a supressão da resposta indesejada é apenas 
temporária), como dos subprodutos que acarretam no indivíduo que é subme­
tido a ele. Segundo Sidman (1989/1995): “Os efeitos colateraisda punição, 
longe de serem secundários, freqüentemente têm significação comportamenta! 
consideravelmente maior que os esperados ‘efeitos principais”' (p.94). A iden­
tificação de tais subprodutos, a supressão temporária da resposta e o estabe­
lecimento de estímulos aversivos condicionados, faz com que a utilização de 
procedimentos coercitivos para controlar o comportamento deva ser evitada 
por analistas do comportamento.
E vitar o uso excessivo de refo rçado r es a r b itr á r io s
O uso de reforçadores arbitrários ou extrínsecos, apesar de necessária 
para estabelecer alguns repertórios (por exemplo o de ler) tem alguns desdo­
bramentos que tomam problemática a sua utilização excessiva. Reforçadores 
intrínsecos ou naturais são definidos como produtos naturais ou resultados “au­
tomáticos'' da resposta (Comunidad Los Horcones, 1992, Catania, 1998/1999). 
Já os reforçadores extrínsecos ou arbitrários são aqueles originados a partir de 
outras fontes que não a própria resposta (Comunidad Los Horcones, 1992, 
Catania, 1998/1999). No exemplo do repertório envolvido na leitura, reforçadores 
intrínsecos são aqueles associados à própria atividade ler e os reforçadores 
extrínsecos são aqueles como a aprovação da professora e a nota.
A discussão existente é que, muitas vezes, o controle estabelecido por 
reforçadores arbitrários toma a ocorrência do comportamento dependente de 
agentes externos e, por isso, fica mais passível de manipulação deliberada 
por tais agentes. Respostas sob controle de reforçadores naturais são mode­
ladas mais rapidamente, já que a apresentação do reforço tende a ser imedi­
ata e ocorrendo saciação, apenas a resposta diretamente relacionada com 
aquele reforço é extinta. Comportamentos sob controle de reforçadores arbi­
trários podem ficar condicionados a situações muito restritas, nas quais o
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agente responsável pela liberação do reforço está presente. Ainda no exem­
plo do repertório de ler, o aluno pode emitir as respostas apenas na presença 
do professor, de modo que o repertório de leitura fica sob controle dessa 
conseqüência e não de outras condições que seriam também desejáveis, 
como o prazer pela leitura. Finalmente, repertórios sob controle de reforçadores 
arbitrários tendem a envolver menos variabilidade ou menos criatividade 
(Comunidad Los Horcones, 1992).
A utilização de reforçadores arbitrários é necessária em diversos casos 
de repertórios mais complexos em que é preciso planejar um processo em 
que o organismo passe a ser sensível às conseqüências naturais daquele 
comportamento. Porém, mesmo nesses casos, sua utilização deve estar 
inserida em um processo no qual haja perspectivas claras e planejamento da 
transferência do controle para os reforçadores naturais.
E v id e n c ia r o papel do am b ien te na d eter m in aç ão do c o m po r tam en to .
Da mesma forma como o analista do comportamento tem instrumentos 
para analisar seu próprio comportamento de modo a prever e refletir sobre as 
conseqüências de sua ação, ao evidenciar o papel do ambiente na determina­
ção do comportamento ele favorece que outras pessoas possam também en­
tender e manipular melhor seu próprio ambiente de modo a controlar melhor 
seu comportamento. Segundo Skinner (1971/1973):
“Segundo o ponto de vista tradicional, o indivíduo é livre. É autônomo no 
sentido em que seu comportamento não tem causa. Pode-se, portanto, considerá- 
lo responsável por seus atos e puni-lo mereci da mente por seus erros. Esse ponto de 
vista, bem como as práticas dele decorrentes, deve ser reexaminado no momento 
em que a análise cientifica descobre relações insuspeitadas de controle entre o 
comportamento eo ambiente” (Skinner, 1971/1973, p. 19).
Evidenciar o papel do ambiente na determinação do comportamento é 
uma questão especialmente difícil para o analista do comportamento, já que 
socialmente é rejeitada a idéia de que o comportamento é determinado e de 
que pode ser investigado e controlado. Porém, assumindo ou não tal determi­
nação, qualquer indivíduo tem seu comportamento sob controle de contingên­
cias. Negar o controle e rejeitar o fato de que o comportamento é determinado 
não muda em nada a realidade de que o comportamento é produto da relação 
do organismo com o ambiente. Ao negar o papel do ambiente, menos pessoas 
discutem e sugerem modificações para o ambiente no qual vivemos. Ao evi­
denciar o papel do ambiente na determinação do comportamento inaugura-se 
um espaço no qual as contingências que controlam o comportamento dos 
indivíduos da sociedade possam ser discutidas abertamente, de maneira que 
haja maior oportunidade de participação na definição de tais contingências. 
Podemos favorecer que as pessoas tenham instrumentos para elas mesmas
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manipularem o seu ambiente de modo a direcionarem seu comportamento no 
sentido que elas e o conjunto considerarem adequado.
C o n tr ibu iç õ es da A nálise do C om portam ento n a r eflexão so br e c o m po r ­
tamentos socialm ente responsáveis
Além da contribuição da Análise do Comportamento no sentido de 
indicar efeitos de algumas práticas sociais sob o comportamento, também é 
possível realizar uma análise da própria noção de responsabilidade social de 
modo a evidenciar aspectos relacionados com a evocação de tal conceito 
recentemente e, ainda, propor algumas contribuições na reflexão sobre a 
temática.
Para proceder à análise da noção de “responsabilidade social” desta- 
ca-se, primeiro, a compreensão do termo "responsabilidade”. Segundo Skinner 
(1971/1973), quando dizemos, na nossa sociedade, que alguém é “responsá­
vel” por algo, estamos dizendo que ela é “merecedora", ou seja, estamos 
buscando identificar o ator que emitiu algum comportamento em questão. 
Skinner (1971/1973) evidencia que, na nossa sociedade, o ator considerado 
responsável pelo comportamento é o próprio indivíduo que se comporta, su­
postamente a partir de suas motivações internas. Se o comportamento é con­
siderado adequado dão-se créditos ao indivíduo “responsável”, e se o com­
portamento é considerado inadequado, ele é punido.
A noção de que cada um é responsável por sua conduta é amplamente 
difundida e aceita na nossa sociedade e conflita com a visão de que o compor­
tamento é produto da relação entre o organismo e seu ambiente. Como já foi 
destacado, nessa visão socialmente aceita, o papel do ambiente na determi­
nação do comportamento é menosprezado em prol da supervalorização de 
motivações internas, vontades, propósitos e intenções do indivíduo. Dessa 
forma, quando são elaborados programas que visam mudar o comportamento 
dos indivíduos que integram a sociedade (e isso se faz a todo instante - na 
escola, no posto de saúde, pela televisão, nas prisões, pelo sistema de justi­
ça) busca-se fazê-lo especialmente por meio de ações que supostamente 
agirão sobre tais motivações internas. Numa visão comportamental são 
priorizadas estratégias de transformação das contingências ambientais rela­
cionadas a esse comportamento.
Outra característica das estratégias de controle do comportamento da 
nossa sociedade, é que elas são baseadas prioritariamente em controle 
aversivo (Sidman, 1989/995). Quer dizer, nossa sociedade, usualmente, con­
trola o comportamento de seus membros pelo uso da punição, reforçamento 
negativo ou de privações socialmente impostas. Para evitar que o indivíduo 
roube, são criados prisões e outros tipos de castigo. Os alunos são motivados
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a estudar pela ameaça da nota baixa ou da reprovação e as crianças são 
castigadas pelos seus comportamentos considerados inadequados.
Esse processo resulta numa prática social amplamente difundida: se o 
agente identificado como responsável pelo comportamento é o próprio indiví­
duo que se comporta, é também sobre ele que recaem as estratégias de 
controle prioritariamente coercitivas amplamente utilizadas. Responsabiliza- 
se o indivíduo pelo seu comportamento e é ele que será punido caso sua 
conduta não seja considerada adequada. Dessa lógica derivam explicações 
como “o indivíduo comete crimes porque é violento, preguiçoso ou mau-cará- 
ter e deve ser castigado". A soòedade como um todo, o Estado e as condições 
oferecidas a esse indivíduo para que ele desenvolva outros comportamentos 
são menosprezadas. Ou seja, as condições ambientais presentes na história 
do indivíduo que estiveram relacionadas ao fato dele emitir esses comporta­
mentos são legadas a segundo plano e não são realmente consideradas na 
relação causal, nem tampouco objeto prioritário de transformação. A noção de 
responsabilidade como é utilizada usualmente serve especialmente como 
forma de atribuir culpa ao próprio indivíduo pelo seu comportamento.
Segundo Sidman (1989/1995), na nossa sociedade o fato de que as 
causas do comportamento são localizadas “dentro" do indivíduo, unido ao uso 
recorrente de controle aversivo e à conseqüente freqüência com que os indi­
víduos são submetidos a esse tipo de controle estiveram associados a um 
processo de distanciamento dos indivíduos de questões coletivas. Sidman 
(1989/1995) diz que “quando examinadas de perto, descobriremos que quase 
todas as formas de inação via desengajamento contém fortes componentes 
de esquiva" (p. 171). Quando o comportamento de um organismo é exposto à 
punição, qualquer resposta que interrompa a estimulação aversiva tende a 
ser reforçada - tende a ter sua freqüência aumentada no futuro. Esse processo 
é chamado fuga. A situação que precede a apresentação do estímulo aversivo 
ou a interrupção do estimulo reforçador passa a sinalizar a situação aversiva, 
passa a ser um estimulo pré-aversivo (Catania, 1998/1999). A apresentação 
do estímulo pré-aversivo pode já evocar respostas que evitam a situação 
aversiva. Chama-se esse processo de esquiva. Segundo Sidman (1989/1995), 
“esquiva é, então, outra forma de reforçamento negativo" (p. 136).
Segundo Sidman (1989/1995) envolver-se com atividades relaciona­
das a interesses da coletividade tende a ter um alto custo de resposta. Quer 
dizer, para nos dedicarmos a atividades de interesse coletivo, temos que nos 
deslocar de outras atividades, e dedicar tempo a isso. Porém, mais importante 
do que o alto custo de resposta, Sidman (1989/1995) evidencia a aversividade 
que nossa sociedade estabeleceu em torno do envolvimento dos indivíduos 
em questões coletivas e que faz com que fujamos ou nos esquivemos delas.
Ficamos suscetíveis a sanções quando nos envolvemos com questões 
de interesse da coletividade e também acompanhamos de perto alguns com­
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portamentos de indivíduos de modo a identificar falhas ou ações ilegais. Jus­
tamente pelo fato de que socialmente tais comportamentos foram tratados 
com punição, os indivíduos se protegem uns dos outros, evitando situações 
de monitoramento e avaliações de suas atividades. Dessa forma, “botar a 
boca no trombone”, como diria Sidman (1989/1995), e alertar sobre tais com­
portamentos e suas conseqüências, tende a nos colocar em situações 
aversivas. Assim, tendemos a não nos envolver com essas situações ou ain­
da, ser coniventes com tais comportamentos.
Além disso, quando estamos tratando de questões que envolvem inte­
resses de outros corremos o risco de ferir tais interesses, ou de interferir de 
maneira a transformar as condições que normalmente são reforçadoras para 
alguns indivíduos, apesar de aversivas para outros. E ao lidar com possíveis 
perdas para alguns, novamente ficamos suscetíveis a sanções e punições por 
parte deles.
Finalmente, o produto desse processo é uma sociedade marcada por 
indivíduos que se abstém de envolver-se nas questões de interesse coletivo, 
e na qual predomina a apatia e a insensibilidade a realidades desumanas e 
cruéis. Porém, Segundo Sidman (1989/ 1995):
“Mais cedo ou mais tarde uma política naciona de evitar a responsabilida­
de social deve terminarem catástrofe nacional. A polarização econômica inevitavel­
mente leva á conclusão social violenta. Evitando problemas atuais, garantimos 
choques severos mais tarde; os gatos gordos de hoje estão criando seus filhos e 
netos para o desastre. Entretanto, conseqüências atrasadas controlam fracamente 
o comportamento:‘Deixe que se defendam sozinhos”’ (p. 170).
“Recusar-se a tomar uma decisão é em si mesmo uma decisão; acreditar 
que realmente nos abstemos de envolvimento, que nos isentamos da responsabi­
lidade, é uma ilusão. Somos criaturas sociais e mesmc nos refreando de agir terá 
seus efeitos em outros" {p. 171).
Segundo Sidman (1989/1995) esse processo de desengajamento está 
relacionado com a situação do mundo atual, o qual corre o risco de ser extinto, 
com os recursos ambientais sendo consumidos numa velocidade acelerada, 
a produção de poluição, a desigualdade social, a violência, o crescimento 
populacional... Um mundo no qual interesses econômicos e políticos de indi­
víduos e setores da sociedade se sobrepõem a interesses coletivos. E é nesse 
contexto, justamente, que vemos parcelas da sociedade evocarem a noção 
de “responsabilidade social"2. Numa perspectiva comportamental a responsa­
bilidade social não é uma “coisa" que alguém “possui", mas sim, comporta­
mento. A partir da análise realizada e do que afirma Sidman (1989/1995) 
acima, podemos chamar de comportamentos socialmente responsáveis aque­
: Algumas organizações sociais têm discutido esse conceito no âmbito do 3a Setor, como por exemplo:
o Instituto Ethos (http://www.ethos.org.br/), o Red Puentes (http://www.redpuentes.org} e o IBASE 
(www.ibase.br).
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les que têm como produto sua parcela de contribuição na construção de um 
mundo que garanta a sobrevivência das futuras gerações ou, como diria Skinner 
(1978) comportamentos que “levam o futuro em conta" - e isso implica em 
melhorar as condições em que vivemos. E que tipo de contribuição a Análise 
do Comportamento pode oferecer no sentido de planejar um ambiente que 
favoreça a emissão desses comportamentos?
Diversas características relacionadas com o processo de instalação e 
manutenção de comportamentos mais adequados para a sobrevivência da 
espécie fazem com que mudar o rumo que vem sendo tomado não seja tarefa 
simples. Em primeiro lugar, como foi discutido, há “interesses* contrários en­
volvidos, condições reforçadoras para uns (pelo menos mais imediatamente), 
são condições aversivas para outros. Em segundo lugar, a produção de um 
ambiente melhor e o estímulo a comportamentos mais adequados para a 
sociedade não dependem do comportamento de um só indivíduo, mas de um 
conjunto muito grande deles. E, além disso, não há apenas uma resposta ou 
uma classe de respostas envolvidas com aquele produto, mas uma diversida­
de de cadeias comportamentais longas e complexas. Porém, mesmo com to­
das essas dificuldades e complexidades não temos como “cortar caminho” e o 
primeiro passo para alguma solução real deve ser assumir que mudanças na 
sociedade implicam em mudanças no comportamento dos indivíduos que fa­
zem parte dela.
Com o foco da análise no comportamento decada indivíduo envolvido 
nesse processo (ou seja, todos nós), devemos perguntar como fazer para 
colocar o comportamento sob controle de uma conseqüência tão distante tem- 
poralmente, como essas que viemos tratando até agora. Diversas pessoas 
pensam: "Extinção dos recursos naturais? Poluição e camada de ozônio? Vio­
lência? Desigualdade Social? Isso não vai acontecer comigo!". Ou como diz 
Sidman: <;Deixe que [nossos filhos, as futuras gerações] se defendam sozi­
nhos”.
Em primeiro lugar, os procedimentos para que as pessoas levem o 
futuro em conta" (Skinner, 1978) não deveriam mais depender apenas de 
justificativas “internas” ou do uso de controle aversivo. Como vimos anterior­
mente, foi desse jeito que chegamos até a situação em que estamos. É neces­
sário buscar soluções que estejam baseadas na mudança da relação entre os 
indivíduos e seu ambiente. A proposta de evidenciar o pape! do ambiente na 
determinação do comportamento, discutida na primeira parte deste texto, vai 
nesse sentido, assim como a promoção de estratégias de controle que não 
sejam aversivos ou que utilizem excessivamente reforçadores arbitrários.
Em segundo lugar, a Análise do Comportamento pode sugerir algumas 
alternativas de procedimentos e mudanças no ambiente dos indivíduos de 
modo a fazê-los levarem "o futuro e conta” (Skinner, 1978). Já sabemos que o
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comportamento é controlado pelas suas conseqüências. E, além disso, que 
quanto menor for o intervalo temporal entre a resposta e a conseqüência, mais 
poderoso será o controle (para ver algumas razões para que esse tipo de 
sensibilidade tenha sido estabelecida nos organismos ver Skinner, 1978). 
Respostas com conseqüências atrasadas são mais difíceis de serem instala­
das e mantidas. Mas se esse é justamente o caso, então o que podemos 
fazer?
Skinner (1978) sugere alguns esquemas e estratégias em que a res­
posta pode ficar sob controle de uma conseqüência atrasada que não serão 
tratadas neste texto. Destacam-se aspectos relacionados com o papel da cul­
tura nessas estratégias. Segundo Skinner (1978):
“O fato é que práticas cutturais estão envolvidas naquelas contingências 
de reforçamento imediato que geram comportamentos que têm conseqüências 
remotas, e isso provavelmente aconteceu em parte porque essas conseqüências 
têm fortaiecido a cultura, permitindo que ela possa resolver seus probiemaseaté 
sobreviver71 (p. 24).
Skinner sugere, portanto, que há comportamentos que têm conseqü­
ências atrasadas, mas que também podem estar sob controle de conseqüên­
cias imediatas (aprovação social, por exemplo) e que a cultura cumpre um 
papel importante no estabelecimento e na liberação de reforçadores imedia­
tos para tais comportamentos. Nosso ambiente social pode prover conseqü­
ências imediatas para comportamentos que têm como conseqüências atrasa­
das que são prejudiciais para a própria cultura.
Portanto, se busca-se (qual se?) ser mais eficiente no estabelecimento 
e manutenção de comportamentos que levam o futuro em conta”, devemos 
assumir que eles dependem de um controle ambiental e que uma parte extre­
mamente importante desse ambiente é o contexto social em todos os níveis: 
os amigos, a família, colegas de trabalho, as instituições governamentais. Nós 
somos parte desse ambiente do outro e aí a nossa pequena contribuição: na 
criação de situações antecedentes e conseqüentes do comportamento dos 
outros que favoreçam comportamentos que tenham produtos positivos para a 
sociedade e não nos abstendo desse papel, apesar das dificuldades discuti­
das nesse texto.
A oportunidade criada pela Jornada Mineira de Ciência do Comporta­
mento, em 2003 e nessa publicação produto da jornada, se inserem nessa 
proposta e já são um passo na promoção de um espaço em que sejam discu­
tidos comportamentos que “levem o futuro em conta" e na criação situações 
em que comportamentos socialmente responsáveis sejam evocados e refor­
çados.
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R eferências B ibliográficas:
Catania, C .A .(^ % ) Aprendizagem.Poúo Alegre: Artes Médicas Sul.
Comunidad los Horcones (1992). Natural Reinforcing: a way to improve Education. Journal 
of Applied Behavior Analysis. 25,71-75.
Holland, J. G. (1978). Behaviorism: Part of the problem or part of the solution. Journal o f 
Applied Behavior Analysis, 11,163-174.
Sidman, M. (1995) Coerção e suas implicações. Campinas: Worksbopsy (publicação origi­
nal d e l 989).
Skinner, B. (1973).AIém do mito da liberdade. Rio de janeiro: Bloch Editores (publicação 
original de 1971)
Skinner, B. (1978). Are we free to have a future? In Reflexions on Behaviorism and Society,. 
New Jersey: Prentice-Hall, Inc., Englewood Cliffs.
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A n á lis e F u n c io n a l d o C o m p o r t a m e n t o V io l e n t o 
n o s G r a n d e s C e n t r o s U r b a n o s
Maria Crisüana Seixas Villani'
Temos visto constantemente à nossa volta e até mesmo no nosso pró­
prio comportamento um uso exacerbado de violência. O tempo todo somos 
invadidos por notícias de assassinatos, sequestros, roubos, depredações, 
espancamentos, estupros, acidentes de trânsito, entre outras formas de 
agressividade. Segundo Capelari & Fazzio (2001, p. 175), “agressão pode ser 
definida como um comportamento associado à apresentação de estimulação 
aversiva a outro organismo”. Consideremos, também, a possibilidade cada 
um de impor, a si próprio, estimulação aversiva. Muitas vezes agimos de ma­
neira a alterar nosso ambiente, produzindo conseqüências que irão submeter 
os outros e/ou a nós mesmos a situações de sofrimento e dor. Quando faze­
mos isso de forma deliberada e intensa, desconsiderando os direitos huma­
nos, estamos sendo violentos.
A proposta deste trabalho é refletir sobre as contingências que produ­
zem e mantêm o comportamento violento das pessoas nos grandes centros 
urbanos. O que está colocado aqui não é algo novo ou estranho para nin­
guém; o que considero interessante e útil é poder abordar o fenômeno da 
violência com um olhar científico, o qual proporciona clareza e nitidez e, con­
seqüentemente, aponta alternativas para alteração do fenômeno, conside­
rando, é claro, as dificuldades implicadas nisto. Neste sentido, será necessá­
rio lançar mão da noção de contingência tríplice, já que nossa unidade de 
análise é uma classe operante e, como tal, ocorre em função de suas conse­
qüências e em função de determinadas condições antecedentes. O comporta­
mento violento então será analisado nesta perspectiva, ou seja, só poderá ser 
entendido ao se considerar suas relações com o ambiente em que ocorre.
1 Professora do Instituto de Psicologia da PUC Minas
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As condições de controle aversivo — punição, reforçamento negativo 
e privação — são freqüentemente apontadas como sendo as principais res­
ponsáveis pela geração do comportamento agressivo (Sidman, 1995). Orga­
nismos submetidos à apresentação de estimulos aversivos ou à remoção de 
estímulos agradáveis quando se comportam estão sofrendo punição. Orga­
nismos que se comportam em função da retirada de alguma estimulação 
aversiva a qual estão submetidos estão sofrendo controle por reforçamentonegativo. Organismos que estão sofrendo restrições ou inacessibilidade à 
estímulos que lhe são necessários e aprazíveis estão em estado de privação. 
Estas írês condições são caracteristicamente aversivas, ou seja, implicam em 
algum tipo de sofrimento para quem as experimenta.
A forma de nós humanos nos organizarmos em grupos nas cidades e 
nas instituições sociais de diversos tipos está basicamente configurada por 
interações coercitivas, aquelas que envolvem algum tipo de estimulação 
aversiva. Segundo Skinner,"estritamente definido, o governo ê o uso do poder 
para punir". (1994, p.319). Isto quer dizer que a forma de controle mais utiliza­
da em nossa sociedade é a coerção. Muito provavelmente porque este é um 
tipo de controle que produz resultados muito rapidamente. Afinal, é urgente 
nos livrarmos de algo que nos aflige; e, quando nos comportamos de maneira 
a conseguir isto, esses comportamentos ficam fortalecidos.
A nossa vida como cidadãos é regulada por diversos deveres que 
somos coagidos a cumprir; desde, por exempto, pagar impostos até respeitar 
as leis de trânsito. Vamos respondendo de maneira adequada à essas normas 
em função de evitar desde multas até penas restritivas de direitos e de liberda­
de. Caso não respondamos de acordo com as regras sociais, somos então 
submetidos a estas e outras estimulações aversivas. Tais condições de con­
trole resultam não só nos comportamentos adequados ou na supressão dos 
inadequados, resultam também em comportamentos de contra-controle, den­
tre esses, o comportamento agressivo."... o uso de estimulação aversiva gera 
contra-controle, em geral também aversivo" (Andery & Sério, 1997). Podemos 
entender contra-controle como uma revolução na relação estabelecida, onde 
ocorre diminuição do desequilíbrio na distribuição do poder; desequilíbrio 
este, próprio das relações coercitivas. (Baum, 1999, cap. 11)
Já foi amplamente demonstrado em laboratório (Sidman 1995) que 
sujeitos submetidos a estimulação aversiva exibem respostas agressivas, e, 
estas não só direcionadas à fonte do controle mas, direcionadas a qualquer 
outro organismo ou objeto que estejam ao alcance do sujeito. Um exemplo 
disto é o experimento onde um pombo tem sua oportunidade de comer inter­
rompida e sempre que isto acontece ele ataca seu companheiro.
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‘‘Mas a coerção induz mais do que o comportamento agressivo em si 
mesmo. Depois de ser punido um sujeito fará qualquer coisa que possa para ter 
acesso a outro sujeito que ele possa então atacar. (. ..) Para alguém que acabou de 
ser punido, a própria oportunidade para atacar prova ser um reforçador positivo."
(Sidman, 1995, p. 221)
Fácil concluir que as práticas coercitivas de nossa sociedade induzem 
comportamentos de contra-ataque, como por exemplo, manifestações públi­
cas que depreciam e agridem autoridades; depredações de escolas e de trans­
porte público; invasões e roubo de propriedades privadas; sequestros. Além 
disto, as práticas coercitivas funcionam como modelo de interação. Alguém 
que está submetido ao controle coercitivo pode imitar esse tipo de controle ao 
interagir com os outros, usando de agressividade e violência para obter deter­
minadas respostas de seus pares.
Uma outra condição que foi investigada experimentalmente por 
Calhoun (1972) (citado em Namo & Banaco, 2001) e que mostrou-se propul­
sora de violência, foi a situação de superpopulação. Lugares pequenos com 
um grande número de indivíduos acarretaram o aparecimento do que os auto­
res chamaram de "patologias sociais”. Comportamentos como: canibalismo, 
maus tratos de mães para com seus filhotes chegando até ao abandono, lutas 
entre machos mais constantes e violentas, comportamentos de hiperatividade 
e depressão. Ainda que o estudo citado tenha sido realizado com não-huma- 
nos, não considero uma analogia forçada pensar em grandes centros urba­
nos como situações de superpopulação que probabilizam tais "patologias 
sociais”. Elas se apresentam em forma de violência no grupo. Basta pensar­
mos nos estádios de futebol em dias de jogos importantes, ou no trânsito 
engarrafado nas horas de pico, ou até mesmo no ônibus lotado a caminho da 
escola ou do trabalho. Estes são contextos nos quais, muito freqüentemente, 
vê-se assaltos a mão armada, seqüestras, brigas extremamente violentas que 
até resultam em mortes, tudo ocorrendo entre cidadãos comuns que suposta­
mente não agiriam dessa forma.
Uma terceira condição que encontrei na literatura (Capelari e Fazzio, 
2001) apontada como uma possível propulsora de comportamento violento é 
a condição de incontrolabilidade. Muitas vezes essas contingências envolvem 
exclusivamente reforçamento positivo e curiosamente podem gerar 
agressividade. Tal contexto de incontrolabilidade consiste numa contingência 
onde o indivíduo fica submetido a um esquema de reforço intermitente onde o 
reforço independe da resposta. Isto quer dizer que o aparecimento do estímulo 
reforçador é independente do comportamento do sujeito. As autoras deste 
estudo observaram o aparecimento de comportamento adjuntivo além do com­
portamento operante sob controle do reforço. Os comportamentos de agitação 
excessiva e agressividade seriam co-produtos da contingências de 
incontrolabilidade. Tal estudo me remete à uma situação largamente experi­
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mentada pelos jovens de nosso país: o fato de se prepararem durante cinco 
anos (em média) numa universidade, saírem para o mercado de trabalho a 
procura de um emprego, e, mesmo que empenhadíssimos nessa procura, 
ficam sem qualquer garantia ou previsão de arranjarem um trabalho através 
do qual possam se sustentar. Esta realidade configura uma situação de 
incontrolabilidade. Quem já viveu contingência análoga, experimentou senti­
mentos de revolta, injustiça, raiva e tornou-se potencialmente agressivo en­
quanto submetido às referidas condições.
Tendo já explorado contextos que probabilizam a violência e também 
citado diversas formas do comportamento violento que estão constantemente 
presentes em nosso cotidiano, resta abordar as conseqüências desse 
operante, o que em última instância, é o que o mantém.. Quem agride e/ou 
impõe privações ao outro tem como conseqüência a submissão e a obediên­
cia imediata desse outro; ele estará também obrigando o outro a se comportar 
de maneira a fugir ou evitar tais imposições de estimulação aversiva. Agir 
violentamente implica em promover contingências aversivas para quem está 
em volta. Daí o caráter autoperpetuador da violência. Diz Sidman (1995):
Coerção severa, então, gera uma contra-reação quase automática. Mas 
isso não termina aí. Retaliação bem sucedida provê reforçamento rápido e podero­
so. Aqueles que estavam por baixo tornam-se poderosos, aqueles que eram temi­
dos opressores agora buscam seu favor. É fácil ver como a agressão poderia se 
tomar um novo modo de vida para os inicialmente subservientes. O próprio sucesso 
da contra-agressão pode colocar em movimento uma estrutura autoperpetuadora 
de um modo de vida agressivo." (p.223)
Vejo a atual situação das grandes cidades brasileiras como um ciclo 
vicioso de violência. As pessoas agredindo umas as outras de forma muito 
intensa e tendo esse comportamento reforçado pela obtenção de dinheiro, 
poder e: principalmente, reforçado pela destruição das fontes de estimulação 
aversiva e privação. Destruir e boicotar o sistema coercitivo, ao qual se está 
submetido, é contra-controle. Poder atacar e coagir quem nos coage é natural­
mente reforçador. Contudo, quem sofre a coerção irá provavelmente contra- 
atacar. Aí está uma bola de neve quecresce e cresce.
E então? O que fazer para interromper esse ciclo vicioso de violência? 
Como acabar com uma contingência autoperpetuadora? Esta não é uma tare­
fa fácil nem tampouco rápida para se realizar; ao contrário, esta é uma jornada 
complexa, trabalhosa e infindável. Os analistas do comportamento e os cien­
tistas das áreas humanas em geral já investigam formas do comportamento e, 
principalmente, funções do comportamento. Ao conhecer como funcionam 
contingências comportamentais, sua dinâmica e seus co-produtos, os investi­
gadores esclarecem alternativas de comportamentos que resultam em ambi­
entes e indivíduos saudáveis. A Ciência do Comportamento vem descrevendo 
tipos de interação alegres, criativos, pacíficos e dinâmicos, que permanecem
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BOOKS 
GROUPS 
 
 
em constante evolução. (Skinner, 1975; Skinner, 1978; Skinner, 1994; Brandão, 
Conte e Mezzaroba, orgs. 2002; Conte e Brandão, orgs., 2003; entre outros). 
Esse tipo de estudo pode e deve ser amplamente incrementado e mais, preci­
sa ser largamente divulgado. Não só no meio científico, mas em todos os 
âmbitos do comportamento humano. As relações comportamentais saudáveis 
devem ser de domínio público, devem ser acessíveis a todas as comunidades 
de todos os lugares do mundo.
Obviamente, é preciso considerar que não há uma forma pré-determina- 
da de comportamento saudável, por isto, como já mencionei, esta é uma constru­
ção infindável e complexa. Diminuir sensivelmente o índice de violência nas 
grandes cidades não quer dizer que se deva acabar com o controle coercitivo, 
eliminar todas as formas de punição e estimulação aversiva. Até porque, isto 
nem é possível. O controle coercitivo faz parte da natureza e nunca deixará de 
existir posto que é intrínseco às relações entre os eventos do mundo. Assim 
sendo, são também genuínos os sentimentos de raiva, medo, agressividade e 
contra-ataque. O que podemos modificar, e então vivermos em ambientes mais 
confortáveis, seguros e divertidos, é o excesso de coerção, o uso indiscriminado 
e abusivo de punição e reforçamento negativo. Podemos também, planejando 
reforçadores condicionados eficientes, cuidar para que nossos comportamen­
tos fiquem sob controle de consequências de longo prazo, e não tão à mercê de 
fortes reforçadores imediatos que têm efeitos nocivos retardados. Além disto, 
podemos melhor dividir os espaços de nossa convivência social, assim como os 
bens de consumo evitando desta maneira, superpopulações e privações desne­
cessárias. Estas providências, ao serem tomadas, certamente irão acarretar numa 
grande diminuição do comportamento violento.
A violência não tem uma única forma de ocorrência já que ocorre em 
função de múltiplas variáveis que atuam não só no momento presente. Por 
isto, a investigação das contingências de controle necessita considerar efeitos 
de curto, médio e longo prazo; necessitam considerar os produtos diretos e os 
co-produtos das interações; e ainda, considerar os efeitos dos relacionamen­
tos entre contingências. Isto implica em abordar metacontingências. Se traba­
lharmos neste sentido, teremos comportamentos eficientes tanto no que se 
refere à esfera pública quanto no que se refere à esfera privada, com efeitos 
colaterais, como violência, m inimizados. Teremos sociedades e indivíduos 
mais saudáveis. As alternativas para se viver em paz, com força, leveza e 
criatividade estão disponíveis para nós, porém, nem sempre se constituem no 
caminho mais fácil e ligeiro; elas exigem empenho e perseverança. A minha 
sugestão é que este jam os a tentos para essas a lternativas, procurando 
desenvolvê-las e possibilitar que nossos pares também o façam; que esteja­
mos empenhados em exercer interações respeitosas, que preservem o nosso 
bem estar e o bem estar dos outros.
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BOOKS 
GROUPS 
 
 
R e f e r ê n c ia s B ib l io g r áfic as
Capelari, A. & Fazzio, D. (2001) O Estudo da Violência no Laboratório. Em Kerbauy, R. & 
Wielenska, R. (org.) Sobre Comportamento e Cognição Vol. 4 (pp. 175-180). Santo 
André, SP: ESETec Editores Associados.
Sidman, M.(1995) Coerção esuas Implicações {Andery, M.A.& Sério, T.M.trad.) Campi­
nas, SP: Editorial PSY. (Trabalho original publicado em 1989).
Andery, M. A. & Sério, T. M. (1997). A Violência Urbana: Aplica-se à Análise da Coerção? 
Em Banaco, R. A. (org.) Sobre Comportamento e Cognição. Aspectos teóricos, 
metodológicos e de formação em Análise do Comportamento e Terapia Cognitivista. 
Vol. 1 (pp. 433-444). São Paulo: ESETec Editores Associados.
Baum, W.M. (1999) Compreender o Behaviorismo. Ciência, Comportamento e Cultura 
(Silva, M.T. A., Matos, M. A., Tomanari, G.Y.trad.) Porto Alegre: Editora Artes Médicas 
Sul Ltda. (Trabalho original publicado em 1994).
Namo, D. & Banaco, R. A. (2001). Contribuições do Modelo de Coerção de Sidman para 
a Análise da Violência de São Paulo: Relação com o Contexto Sócio-político-econômi- 
co. Em Kerbauy, R. & Wielenska, R. (org) Sobre Comportamento e Cognição. Psico­
logia Comportamental e Cognitiva: da reflexão teórica à diversidade na aplicação Vol. 
4 (pp. 189-203). Santo André, SP: ESETec Editores Associados.
Skinner, B.F. (1978) Walden II. (R. Moreno e R. Saraiva trad.) 2o ed. São Paulo: Ed. 
Pedagógica e Universitária Ltda. (Trabalho original publicado em 1948).
__________ . (1994). Ciência e Comportamento Humano. (J.C. Todorov e R. Azzi trad.)
9o ed. São Paulo: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1953).
___________ . (1975) Contingências de Reforço.(R. Moreno tra d .) Em coleção Os
Pensadores. São Paulo: Abril Cultural. (Trabalho original publicado em 1969).
Brandão, M. Z. S., Conte, F. C. & Mezzaroba, S. M. B. (org) (2002). Comportamento 
Humano. Tudo ou Quase Tudo que Você Gostaria de Saber para Viver Melhor. Santo 
André, SP: ESETec Editores Associados.
Conte, F. C. & Mezzaroba, S. M. B. (org) (2003).Falo? Ou Não Falo? Arapongas, PR: 
Editora Mecenas Ltda.
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GROUPS 
 
 
C o m p o r t a m e n t o A n ti- S o c ia l 
O q u e os B e h a v io r is t a s R a d ic a is tê m a d iz e r
Roberto Gomes Marques1 
Maria Regina Barbosa Assunção2
O comportamento agressivo ou anti-social vem sendo estudado por 
behavioristas radicais de forma a entender o porque do comportamento mui­
tas vezes violento do homem voltado para a própria espécie, chamado de 
agressão intra-específica (REGRA, 2001). Este tipo de comportamento tem 
sido explicado no estudo da relação do homem com o seu meio.
De acordo com Gomide (2001), a definição do termo comportamento 
anti-social é utilizado por Kasdin e Buela-Casal (1998) para se referir a todo 
comportamento que infringe regras sociais ou que seja uma ação contra os 
outros, tais como comportamento agressivo, comportamento infrator como 
furto, roubo, vandalismo, piromania, mentira, ausência ou fuga escolar, fuga 
de casa, entre outros. O DSM IV (APA, 1995) define o comportamento anti­
social como um padrão repetitivo e persistente de comportamento de violação 
aos direitos básicos dos outros e de normas ou regras sociais importantes 
apropriadas à idade. Já Patterson, Reid e Dishion (2002) definem comporta­
mento anti-social como eventos que são simultaneamente aversivos e contin­
gentes. Eles salientam que se deve descrever um evento anti-social e não 
uma pessoa anti-social. O termo contingente refere-se à conexão entre o 
comportamento do indivíduo e o de outra pessoa pertencente ao ambiente 
onde o evento ocorre. Esses autores preferemutilizar o termo anti-social ao 
agressivo, pois o primeiro descreve mais a natureza do comportamento do 
que o segundo. Esses comportamentos são respostas dadas pelo organismo 
dentro de determinadas contingências e se mantém em função de reforçadores.
O behaviorismo radical fornece uma explicação desse comportamento 
anti-social sem recorrer a explicações mentalistas. Afirmar que o comporta­
mento agressivo ocorre em função de sentimentos, não ajuda muito. Segundo 
Skinner (2002, p. 184),
1 Aluno de Psicologia do Centro Universitário Newlon Paiva (B H }
2 Professora do Curso de Psicologia do Certro Universitário Newton Paiva (B.H.}
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"não é de qualquer auxílio na solução de um problema prático, dizer-se que
algum aspecto do comportamento do homem se deve à frustração, à ansiedade;
precisamos também saber como a frustração ou a ansiedade foi induzida e como
pode ser alterada.”
Skinner traz, na sua teoria, uma ferramenta de fundamental importân­
cia para podermos entender e alterar o comportamento anti-social: a análise 
funcional. Essa análise implica a descrição de contingências e a relação de 
dependência dessas com o comportamento e, que nos possibilita descrever o 
valor funcional da agressão. Percebendo que emoções não são causas e sim 
respostas induzidas por uma classe de operações, podemos compreender o 
que mantém o comportamento anti-social.
Para diagnosticar uma pessoa com comportamento anti-social, GOMIDE 
(2001), coloca que é necessário que este padrão de comportamento venha se 
mantendo já há algum tempo e com alta freqüência, por períodos duradouros. O 
que é diagnosticado é o padrão de comportamento e não o organismo. Este 
apenas responde a um conjunto de contingências e, se mudamos as contingên­
cias podemos mudar o padrão de respostas que são dadas pelo organismo.
Sidman (1995), no livro Coerção e suas implicações, discute o modelo 
da nossa cultura que educa de forma coercitiva. Segunda ele, a punição e a 
privação levam o homem a apresentar comportamento agressivo. Observa-se 
que, somos punidos de várias formas possíveis por não nos comportarmos 
adequadamente e, quando apresentamos comportamentos desejados, não 
recebemos nenhuma gratificação ou algo que nos motive a manter esse pa­
drão de comportamento.
A sociedade contemporânea convive com episódios que envolvem, 
em larga escala, comportamentos anti-sociais em crianças e adolescentes 
provavelmente em decorrência do contato com ambientes ameaçadores. O 
grande número de ocorrências que nos chegam através da mídia, focalizando 
o destino insólito de crianças que crescem nos ambientes da periferia da 
cidade, vivenciando privações materiais e a violência causada pelo tráfico de 
drogas demonstram a importância do entendimento dessa questão no Brasil.
Apesar da intervenção de pessoas e organizações que se dedicam vo­
luntariamente, ao entendimento dessa situação e de algumas ações do poder 
público, constata-se que os resultados obtidos por esse trabalho não são efeti­
vos. Para que se processem intervenções mais eficazes, é necessário um co­
nhecimento mais aprofundado do assunto e de suas variáveis de controle.
Torna-se importante assim, analisar funcionalmente o curso de desen­
volvimento do comportamento anti-social nas fases da infância e da adoles­
cência, mostrando que ele se inicia no ambiente familiar chegando até os 
grupos delinqüentes, nas ruas.
Patterson, Reid e Dishion (2002), colocam que os atos aparentemente 
inofensivos observados no lar e na escola são os protótipos de comportamen­
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tos anti-sociais na adolescência. Eles afirmam também que a exposição muito 
longa à violência e à agressão, tanto na comunidade quanto na televisão, tem 
aumentado a extensão da aprendizagem de comportamentos agressivos nos 
tempos atuais.
A exposição a episódios anti-sociais propicia a aprendizagem, onde a 
criança é inicialmente uma simples observadora e com experiência, passa a 
copiar os modelos daqueles personagens com que se identifica. Alem disso, 
através da aprendizagem por modelagem, a criança pode utilizar as birras, 
choros e outros comportamentos anti-sociais para obter controle sobre os 
pais. Esses comportamentos vão sendo instalados no repertório da criança na 
medida que os resultados são atingidos.
Patterson e colegas (2002) descrevem quatro estágios de desenvolvi­
mento do comportamento anti-social. O primeiro estágio desenvolve-se na 
família onde os pais descrevem a criança como difícil e diferente dos outros, e 
proporcionam uma disciplina ineficiente com pouca monitoria das atividades 
da criança. O segundo estágio ocorre na escola, onde iniciam as reclamações 
sobre a criança nos aspectos da aprendizagem e inadequação em sala de 
aula, levando à rejeição das outras crianças e dos professores e aos déficits 
acadêmicos. O terceiro estágio descreve a reação do meio social e o fracasso 
neste ambiente impulsiona a criança a buscar apoio em ambientes alternati­
vos, isto é, rejeitada pelos colegas, ela procura grupos desviantes e aperfei­
çoa suas habilidades anti-sociais, buscando as drogas e cometendo peque­
nos delitos. O último e quarto estágio, via de regra, acaba levando o adoles­
cente para instituições correcionais.
Segundo GOMIDE (2001), é basicamente uma seqüência de ação e 
reação. No primeiro estágio, as ações agressivas da criança se iniciam sem 
que os pais tenham habilidades de controle. No segundo estágio, o meio 
social reage e a rejeita. No terceiro estágio, ela busca apoio nos grupos 
desviantes. Este conjunto leva a casamentos prematuros e fracassados, em­
pregos caóticos e institucionalização, o quarto estágio.
Skínner (2002) e Sidman (1995) questionam em seus livros o modelo 
coercitivo que predomina há tanto tempo nos sistemas familiares, educacio­
nais, legais e policiais onde a punição tem sido a única estratégia de controle 
de comportamento utilizada. O grande problema é que ela funciona de forma 
imediata e por isso parece mais eficaz. Entretanto, a punição produz efeitos 
colaterais tanto para quem pune quanto para quem é punido: os estímulos 
aversivos que são usados pelos adeptos da agressão no controle do compor­
tamento, eliciam sentimentos no agredido que dificultam a aprendizagem e a 
relação dele com outras pessoas; provocam o comportamento de fuga e es­
quiva que impedem o contato com situações de aprendizagem de repertórios 
comportamentais alternativos.
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Para Sidman (1995), coerção é o uso da punição e da ameaça de 
punição para conseguir que os outros ajam como gostaríamos. Entretanto, 
embora ela possa produzir esse resultado - às custas dos inevitáveis efeitos 
colaterais - não oferece à criança ou ao adolescente qualquer caminho alter­
nativo para comportar-se construtivamente.
Para Skinner (2002), a técnica de controle mais comum é a punição. Se o 
seu filho não se comporta de forma adequada, castigue-o, se um país não tem a 
mesma religião que a sua, bombardeio-o, sistemas legais e policiais funcionam 
com esquema punitivo e a sociedade ainda não abandonou a palmatória.
O que aprendemos com os behavioristas radiciais é que devemos 
questionar que tipo de controle queremos: o controle coercitivo que sempre foi 
usado e que não tem trazido resultados satisfatórios, ou o controle por 
reforçadores positivos?
Diante dos fatos, os cientistas buscam explicações que possam servir 
para identificar e modificar a situação, Os estudiosos daárea de comporta­
mento anti-social apresentam alternativas. Em particular os behavioristas ra­
dicais. A alternativa que temos para evitar a palmatória, a agressão, a violên­
cia, o vandalismo etc, é a de repensar a nossa cultura, como fez Skinner 
durante toda sua vida. Devemos abandonar a crença de que os controles 
coercitivos são absolutamente necessários para o bom funcionamento da 
sociedade. Segundo ele, as mudanças nas formas de controle interpessoais, 
de coercitivas para reforçadoras, poderiam resultar em uma qualidade de vida 
melhor, propiciando ambientes mais adequados para o desenvolvimento das 
crianças e adolescentes.
R eferências
Baun, W. (1999). Compreender o behaviorismo. Porto Alegre: Ed. Artmed.
Gomide, P.l.C. (2001). Efeitos das práticas educativas no desenvolvimento do comporta­
mento anti-social. Em'Marinho, M.L, e Caballo, V. E. (org.): Psicologia Clinica e da 
Saúde, p.p. 33-53. Londrina: Ed. UEL.
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Regra, J. (2002). A agressividade infantil. Em Silvares, E.F.M. (org): Estudos de caso em 
Psicologia clinica comportamentalinfantil. Vol 11.Campinas: Ed. Papirus.
Sidman, M. (1995). Coerção e suas implicações. Campinas: Ed. Psy II.
Skinner, B. F. (2002). Ciência e comportamento humano. São Paulo: Ed. Martins Fontes.
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Q ual o p r o b le m a d o c o n t r o l e c o m p o r ta m e n t a l?
Robson Nascimento da Cruz12 
Maria Cristiana Seixas V illan i3
Q u a l o pro blem a do c o n tr o le com portam ental?
Na realidade, podemos afirmar que o controle comportamental não é 
um problema. Para a Análise do Comportamento, ele é evidente, não há ne­
cessidade de discussão quanto a sua existência ou não. Porém, o uso da 
palavra controle exerce outra função para não-analistas do comportamento. 
Para a maioria das pessoas, é sinônimo de coerção, manipulação e controle 
aversivo. Aprendemos desde cedo que tal palavra é algo que exerce pressão 
ou força sob alguém ou alguma coisa. "Quem tem o controle da situação?” 
Essa pergunta caracteriza bem como esse conceito é entendido, algo unilate­
ral, que fica sempre do lado do mais forte e oprime o mais fraco. O ideal seria 
se questões sobre a existência do controle comportamental não existissem, já 
que uo controle da conduta peio ambiente físico e social é uma característica 
do mundo, exatamente como o controle de objetos físicos, reações químicas 
ou processos fisiológicos. Somos feitos assim’’. (Sidmam, 1989, p. 46). Mas 
sabemos que a aceitação de tal concepção não é um processo simples. Con­
trole como sinônimo de coerção é algo que vem sendo reforçado há séculos, e 
ramos da nossa sociedade tão importantes como a Ciência e a Filosofia ainda 
discutem, de maneira ineficaz, a existência ou não de uma lei do controle 
comportamental. Sidman diz que:
“Controle comportamental não è uma questão de filosofia ou de sistemas
pessoais de valor a serem aceitos ou rejeitados de acordo com nossa preferência. É
' Aluno do curso de graduação em Psicologia da Puc-Minas (São-Gabriel), End. Rua Agenor Alves n° 
68. cep: 31990-040, Belo Horizonte. MG. E-mail: robsonncruz@ig.com.br
2 Bolsita dos programas de iniciação científica da Puc Minas (São-Gabriel) e Fapemig.
3 Mestre em Psicologia Experimentai, P ro f do departamento de Psicologia da PUC Minas.
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"Controle comportamental não é uma questão de filosofia ou de sistemas 
pessoais de valor a serem aceitos ou rejeitados de acordo com nossa preferência. É 
uma questão de fato. Não faz sentido, portanto, rejeitar ou defender o controle 
comportamental. Peio contrário, as leis do controle exigem investigação. A noção 
pode nos desagradare mesmo amedrontar, mas as leis do comportamento são uma 
característica do mundo em que vivemos: não podemos repeli-las " (1989, pág, 46).
Dessa maneira, são inúmeras as discussões que partem da seguinte 
questão: o comportamento é inerentemente controlado? Tal questão costuma 
ser transformada em outra: o comportamento deveria ser controlado? (Sidmam, 
1989). Essa segunda pergunta, feita em geral por pessoas que discordam do 
controle comportamental, coloca o analista como um defensor do controle e, o 
que é ainda pior, faz surgir a idéia de ser o analista do comportamento o 
controlador, Ou seja, continuam a interpretar a situação como algo unilateral, 
como se o controle fosse defendido e inventado pela Análise do Comportamen­
to. Para tentar esclarecer esta questão, Skinner (1953/2000) e Sidmam (1989) 
utilizam a seguinte comparação: um físico não defende a lei da gravidade, e 
muito menos foi a Física que a inventou. Portanto, um analista do comportamen­
to não defende o controle comportamental, posto que não há motivos para defe­
sa. Ele é uma característica do nosso mundo assim como é a lei da gravidade, e 
a única coisa que podemos e devemos fazer é estudar e saber utilizar os bene­
fícios que possam ser adquiridos dessa investigação. Sidman diz que:
“Controle existiria mesmo que não houvesse analistas do comportamento 
para nos contar a seu respeito. Faz sentido descobrir tanto quanto possamos, em 
vez de ignorá-lo. Justificadamente tememos o controle comportamental. A validade 
da questão Quem exerce ou deve exercer o controle?’ é independente de nossa 
orientação filosófica ou cientifica. Devemos respondê-la de novo e de novo. A única 
certeza èque a resposta não pode ser'Ninguém1.0 controle está sempre ai, não 
reconhecê-lo é esconder-se da realidade* {1989, pág, 47).
É importante destacar que conflitos assim não são desconhecidos na 
História da Ciência. Skinner (1953/2000), em seu livro Ciência e Comporta­
mento Humano, nos alerta para a dificuldade de se aceitar novos paradigmas, 
principalmente quando esses nos dizem algo a respeito do comportamento 
humano. Skinner diz que: “A teoria copemicana do sistema soiar afastou o 
homem de sua proeminente posição de centro das coisas. Hoje aceitamos 
esta teoria sem emoção, mas inicialmente encontrou enorme resistência.''{)%2>l 
2000, pág ,8).
Sabemos que aceitar o controle do comportamento como uma lei uni­
versal é algo que a afasta o homem de sua concepção de agente livre, e, a 
princípio, isso pode ser um choque na visão tradicional de homem. Mas, a 
partir dos benefícios adquiridos através do estudo dessa lei, essa resistência 
será extinta, assim como a concepção de homem como centro do universo.
Ao não aceitar a existência de uma lei universal do controle 
comportamental, estaremos ignorando a realidade e continuaremos, mesmo
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assim, sendo controlados e controlando, mas não saberemos como isso ocor­
re. É também para esse ponto que gostaria de chamar atenção, porque, a 
partir do momento em que não a aceitamos, deixamos um enorme campo para 
pessoas, governos e instituições que a saibam utilizar para o próprio benefi­
cio. Dessa forma, podem influenciar o comportamento das pessoas, de acordo 
com seus interesses particulares. Uma vez que controle não é sinônimo de 
coerção, não significa necessariamente que estarão usando controle coerciti­
vo. Pode ser que usem o reforçamento positivo, porque assim acharemos que 
nos comportamos de maneira espontânea e não tenderemos a fugir ou esqui­
var de determinada situação. Muito pelo contrário, tenderemos a aumentar a 
probabilidade de emissão do comportamento. Como exemplos desse tipo de 
controle, podemos pensarem um governo que usa reforços positivos, como 
festas e comemorações, para que a população não perceba a verdadeira 
situação econômica e política em que se encontra o seu país, e uma empresa 
que oferece um prêmio em dinheiro para o funcionário que conseguir a maior 
produção do mês, sem que esse perceba que, para atingir essa meta, traba­
lhará duas vezes mais que o aceitável Esse tipo de controle não é raro e 
esconde, em geral, uma conseqüência punitiva atrasada. No segundo caso 
citado acima, poderíamos dizer que há o uso de um reforço positivo condicio­
nado (dinheiro) e que, a longo prazo, esse funcionário será punido através de 
doenças e outros inúmeros problemas originados desse trabalho em excesso. 
É interessante observar que, em nosso país, mesmo que tal funcionário seja 
um recordista em atingir os objetivos da empresa, dificilmente ele terá as 
mínimas condições de tratar de uma doença no futuro.
Um dos principais obstáculos para se perceber esse tipo de controle é 
que os reforços positivos são em geral imediatos. Dessa forma, as conseqüên­
cias em longo prazo raramente são percebidas, Um outro exemplo que deixa 
essa situação bem evidente seria o uso de drogas, como o cigarro. O reforço 
positivo (sensação de prazer liberada pelo uso da nicotina) é imediato, e 
toma-se assim difícil a extinção de um comportamento que terá conseqüênci­
as somente depois de muitos anos. No caso do cigarro, a maioria das pessoas 
sabe dos possíveis malefícios que o seu uso acarreta, mas mesmo assim é 
tarefa árdua e muitas vezes sem sucesso a extinção do comportamento de 
fumar.
A partir desses exemplos, podemos afirmar que agências governantes 
também podem usar reforços positivos e fazer com que nos comportemos da 
maneira mais favorável a eles, sem que questionemos o controle e, conseqüen­
temente, o seu modo de governar. Podemos usar aqui o conhecido exemplo da 
loteria citado por Skinner (1969/1984). Nessa situação, o governo, em vez de 
lançar um novo imposto, que traria a insatisfação geral da população e talvez até 
um ataque contra suas medidas, simplesmente cria um novo jogo da loteria, que
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arrecadará a mesma ou maior renda. Desse modo, não há reações contrárias ao 
governo, e muito menos se pode alegar que alguém tenha sido obrigado a jogar. 
Nesse caso, poderíamos inocentemente achar que o governo não precisou 
exercer nenhum controle para que as pessoas jogassem, mas exerceu! isso nos 
faz questionar inevitavelmente o sentimento de liberdade tão defendido por 
nossa sociedade, considerado inquestionável e usado muitas vezes como um 
guia de conduta confiável. Skinner (1971/1984), ao discutir a questão da liberda­
de e formas de controle não-aversivas, afirma que:
"O sentimento de liberdade converte-se num guia de conduta pouco digno 
de confiança logo que os supostos agentes de controle recorrem a medidas não- 
aversivas, como é provável que ofaçam para evitar os problemas suscitados pela 
fuga ou ataque dos elementos controlados. Tais medidas não são tão perceptíveis 
quanto as aversivas e atuam provavelmente de um modo mais ento, mas não 
deixam de revestir-se de vantagens óbvias que fomentam a sua aplicação”. (1971,
1984, pág. 32)
O controle comportamental como lei científica é algo muito novo, e a 
explicação do comportamento através do homem como agente livre vem sen­
do reforçada há séculos. Entretanto, isso não quer dizer que esse tipo de 
explicação está correto. A situação atual nos mostra que conceitos como liber­
dade. justiça, dignidade e vários outros podem ser usados por países totalitá­
rios a fim de provocar guerras, que matam milhares de pessoas, com interesse 
único em manter a hegemonia econômica desses países. A mídia pode usar a 
liberdade de expressão para manipular comportamentos de consumo e defi­
nir padrões de comportamento muitas vezes incompatíveis com a realidade 
da maioria das pessoas, principalmente em países como o nosso. Poderíamos 
citar inúmeros exemplos concretos e bem explícitos em nossa sociedade, com 
o intuito de demonstrar como o controle é usado de forma “implícita”. Porém, 
esses poucos já mencionados nos mostram que não aceitar o controle é sim­
plesmente deixá-lo em outras mãos, que podem usá-lo de maneira inadequa­
da, uma vez que não percebemos a sua utilização.
Sem a pretensão de concluir essa discussão e/ou responder a pergun­
tar que dá título a este trabalho, podemos afirmar que um dos problemas do 
controle comportamental é justamente não o aceitar ou aceitá-lo somente 
como controle coercitivo. É importante, também, ressaltar que uma lei do con­
trole comportamental pode parecer, a princípio, a retirada de um enorme refor­
ço positivo (o homem como agente livre), mas isso não quer dizer de maneira 
alguma que não temos escolha em relação à conduta de nosso comporta­
mento. Muito pelo contrário, só através da identificação das formas de contro­
le vigentes é que poderemos mudar o presente e planejar um futuro melhor 
tanto para o indivíduo quanto para a sociedade no qual ele está inserido.
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R eferências
Sidman, M. (2001). Coerção e suas implicações. (M AMatos, Trad.). Campinas, SP: Livro 
pleno (Trabalho original publicado em 1989).
Skinner, B.F. (2000) Ciência e comportamento humano. (R. Azzi. J. C. Todorovjrad.). São 
Paulo, SP: Martins Fontes (Trabalho original publicado em 1953).
Skinner, B.F. (1984) Contingências do Reforço: uma análise teónca. In Os Pensadores, vo!, 
II. São Paulo: Abril Cultural (Trabalhooriginal publicado em 1969).
Skinner, B.F. (1972) O mito da liberdade (L.Goulart/M.L.Ferreira, Trad.). Rio de Janeiro: 
Bloch.
Skinner, B.F. (2002) Sobre o behavtorismo (M. P. Villalobos, Trad.). São Paulo, SP: Cultrix 
(Trabalho original publicado em 1974).
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S o b r e C o m p o r t a m e n t o M o r a l e C u ltu r a
Renata Guimarães Horta
As outras pessoas são importantes para nós como parte do nosso 
ambiente (Skinner, 1953/2000). Elas são mediadoras de reforçadores impor­
tantes para nossas vidas. Ao comportamento de duas ou mais pessoas em 
relação à outra, ou em conjunto em relação ao ambiente físico, chamamos 
comportamento social.
A evolução do comportamento social pode ser exemplificada através 
de três tipos de comportamento tipicamente sociais (Skinner, 1989/2002): a 
imitação, que ajuda a superar as limitações do comportamento operante (ele 
prepara o organismo apenas para contingências semelhantes àquelas que 
selecionaram o comportamento); a modelação, onde um organismo conse­
gue evocar o comportamento de outro; e o comportamento vocal, que é uma 
maneira mais fácil de evocar o comportamento, além de, no humano, apre­
sentar outras vantagens, como a de explicitar contingências. O ambiente so­
cial funciona ao preparar o organismo para contingências que provavelmente 
ele viverá no seu futuro, mesmo que elas sejam extremamente diferentes 
daquelas vividas pelo organismo até então.
O comportamento social se distingue em diversos aspectos do com­
portamento do indivíduo com relação ao ambiente físico.Ele é mais extenso, 
no sentido de que um mesmo comportamento pode ter diferentes conseqüên­
cias dependendo da ocasião em que é emitido, assim como diferentes com­
portamentos podem ter uma mesma conseqüência dependendo do organis­
mo eminteração. Ele também é mais flexível, já que se pode mudar o compor­
tamento em ocasiões onde a primeira resposta não foi reforçada (Skinner 
1953/2000).
As pessoas compartilham de um ambiente físico e social semelhante, 
isso faz com que se comportem de forma semelhante, assim como diferenças 
nesses ambientes podem gerar formas de agir diferentes. Por exemplo: as 
pessoas que moram em Belo horizonte possuem uma série de contingências 
semelhantes, e que diferem daquelas vividas pelas pessoas de Fortaleza ou
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de Brasília. Pessoas que moram no mesmo bairro possuem, ainda, mais se­
melhanças em suas formas de agir, o que pode ser explicado por compartilha­
rem o mesmo ambiente social, a mesma situação financeira, por terem recebi­
do uma educação semelhante etc.
Esses grupos que apresentam comportamentos semelhantes entre seus 
indivíduos, assumem práticas comportamentais que aumentam a probabilida­
de de solução dos seus problemas, logo, de sobrevivência do grupo. A inclu­
são dessas práticas no repertório o grupo segue o modelo de seleção por 
conseqüências, ou seja, o comportamento surge aleatoriamente e torna-se 
uma prática à medida que auxilia o grupo na solução de seus problemas.
Essas práticas são chamadas culturais à medida que delimitam um 
meio social específico. O meio social em questão é a cultura, formada por 
regras (entre elas os valores) e leis que determinam o comportamento de seus 
indivíduos e, por sua vez, descrevem as práticas anteriormente citadas.
A Cultura representa um ambiente poderoso e muito diferente do ambi­
ente que encontramos na natureza. Ela nos propiciou dominar parte conside­
rável do ambiente natural, superar problemas causados por práticas inade­
quadas e adotar outras que em nada guardam semelhanças com os compor­
tamentos encontrados no ambiente físico. "É por isso que strictu sensu o con­
ceito de prática cultural, isto é, o conjunto de práticas culturais que definem 
uma cultura, é, de um lado, controle da natureza e, de outro, invenção de 
práticas jamais vistas na natureza”.(Abib, 2001).
Podemos definir a cultura, então, como conjunto de práticas 
comportamentais semelhantes aos indivíduos de um grupo, e que caracteri­
zam esse grupo, que vive em contingências de reforçamento sociais e natu­
rais semelhantes - contingências semelhantes levam a comportamentos se­
melhantes (Skinner, 1953/2000). Segundo Skinner a cultura:
"... é um conjunío de contingências de reforço mantidas por um grupo 
possivelmente formuladas pormeb de regras e leis, a cultura tem uma condição física 
bem definida; uma existência continua para além das vidas dos membros do grupo; 
um padrão que se altera à medida que certas práticas lhe são acrescentadas, descar­
tadas ou modificadas; e, sobretudo, poder; uma cultura, assim definida, controla o 
comportamento do grupo que as pratica( Skinner 1974/2000, págs 173-174).
Uma das características da cultura mais importantes para o presente 
artigo, é que a cultura serve ao grupo, não aos indivíduos desse grupo que a 
mantém, mas aos indivíduos do futuro desse grupo. Por isso Skinner afirma da 
”... existência contígua para além da das vidas dos membros do grupo..." 
(Skinner, 1974/2000).
No entanto, como foi dito, a cultura é mantida pelo grupo em seu pre­
sente. E esse grupo é formado por indivíduos que são susceptíveis a 
reforçadores imediatos, sejam eles naturais ou condicionados. Essa suscepti-
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bilidade é importante, na natureza, para a sobrevivência da espécie. Por outro 
lado, quando no meio cultural, não é nada funcional uma vez que a principal 
contribuição da cultura é servir como mediadora do futuro.
O que acontece é que a susceptibilidade a reforçadores imediatos pode 
selecionar práticas que não trazem vantagens para a cultura, no sentido que 
não beneficiam, ou, não implicam em contingências de reforçamento, para 
esse futuro, e, ao contrário, representam contingências de reforço apenas 
para o indivíduo. São as práticas as quais chamamos individualistas, como o 
consumismo, o egoísmo, a corrupção, a drogadicçâo etc.
“Portanto, pode-se dizer que algumas práticas culturais têm um valor de 
sobrevivência enquanto outras são letais no sentido genético" (Skinner, 1953/ 
2000). As práticas que são "letais no sentido genético” colocam em risco a 
sobrevivência da espécie.
É o caso do consumismo que negligencia a capacidade de nossas 
reservas em prol do reforçamento individual. Seja através do consumo de 
combustíveis (que também causam poluição), do consumo exagerado da água 
e da madeira etc. Sabemos que em longo prazo essas práticas colocam em 
risco a sobrevivência da nossa cultura, ou seja, das gerações que ainda estão 
por vir. No entanto, vislumbrar esse futuro distante não nos faz abandonar tais 
práticas, simplesmente por que as conseqüências estão distante demais no 
tempo para exercer efeito sobre o nosso comportamento.
O imediatismo da natureza na cultura, então, vai contra seu valor de 
sobrevivência, sendo o valor de sobrevivência da cultura, o valor de sobrevi­
vência dos membros do futuro de uma cultura. Ou seja, esse valor implica em 
contingências de reforçamento para os membros do futuro, um futuro do qual 
nenhum de nós fará parte, e que não nos serve como reforçador primário ou 
condicionado, e por isso é chamado intangível (Abib, 2001).
O que poderia, então, contribuir para o valor de sobrevivência da cultu­
ra? O que viabiliza o controle do imediatismo é a prioridade pelo bem do outro, 
o altruísmo onde não existe interesse pessoal, a moralidade que transcende o 
bem prudência! (Abib, 2001). Sendo o bem prudencial aquele que fazemos ao 
outro apenas ao relacionar com nosso próprio bem.
“O desafio pode ser respondido através da intensificação das contingêna- 
as que geram o comportamento em direção ao bem alheio, ou salientando os 
benefícios individuais negligenciados anteriormente; tais como os conhecidos por 
segurança, ordem, saúde, riqueza e sabedoria. Possivelmente de forma indireta, 
outras pessoas trarão o indivíduo sobre o controle de algumas conseqüências 
remotas de seu comportamento, e o bem do outro; então, resultará no bem do 
próprio indivíduo’’(Skinner, 1971/1983, pág. 96).
O Valor, em uma cultura, são os reforços que a permeiam (Skinner, 
1971/1983), como fazer com que a sobrevivência de uma cultura possua valor
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reforçador? Criando um ambiente que reforce o comportamento altruísta, ou 
associando o bem do outro com bens pessoais, ou ainda aumentando o grau 
de sensibilidade dos indivíduos às conseqüências de seu comportamento.
O valor moral é, em última análise a forma ideal de zelar pelo valor de 
sobrevivência da cultura. É ele o responsável por transcender as práticas 
imediatistas da natureza na cultura. O comportamento moral como prática 
cultural fortalece a função da cultura de servir ao grupo, e não aos seus indiví­
duos aumentando a probabilidade de sobrevivência dessa cultura. Seus re­
forços serão usufruídos pelas gerações futuras.
Abib (2001) sugere algumas formas do comportamento moral, que de­
vem orientar práticas de sobrevivência da cultura, tais como: conhecimento, 
habilidades, tolerância, cooperação, apoio, compaixão, justiça, paz, ordem, 
preservação do meio ambiente.
Superar o imediatismo da natureza na cultura
Agências controladoras que geram desequilíbrio entre bens pes­
soais e bens dos outros (públicos), fazendo isso a seu favor e em níveisalém do suportado geram comportamento amoral, ou imediatistas (ex: 
consumismo que negligencia a capacidade de nossas reservas).
i “Nenhum equilíbrio razoável poderá ser alcançado enquan­
to os benefícios mais remotos forem neaiiaenciados oor um individu­
alismo ou liberalismo extremos, ou enauanto o equilíbrio for arre­
messado tão violentamente em outra direção por um sistema de 
çxploraçâo. Presume-se que haja uma condição ótima de equilíbrio 
onde todos seiam reforçados ao máximo. Mas. afirmar isso implica
em introduzir um outro tipo de valor. Por que deveria alouêm se
interessar oela iustiça ou merecimento, mesmo se estes oudessem
ser reduzidos à manÍDUÍação adeauada de reforços T
(Skinner, 1971). j 
-------------------------------------------------------------------- 1-------------------------------
---------------------------------- i-------------------------------------
t
Como estabelecer, manter e reforçar o valor 
de sobrevivência da cultura?
- ►
A disponibilidade de reforçadores 
faz com aue o indivíduo não preci­
se recorrer ao imediatismo.
Valor moral 4 -
Figura 1: Condições para superar o imediatismo da natureza na cultura.
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Dizer que a prática de comportamento moral aumenta a probabilidade 
de sobrevivência da cultura, está inserido num ponto de vista mais abrangente 
que se relaciona com a aplicação do modelo de seleção natural à seleção das 
culturas. Uma vez que já vimos que esse modelo se aplica as práticas cultu­
rais, podemos observar que, supondo que a prática de comportamento moral 
é responsável por aumentar essa probabilidade, não estamos falando em 
competição de culturas (Abib, 2001).
E isso de fato não é necessário, e de certa forma parece entrar em 
conflito com a prática do comportamento moral uma vez que pode justificar 
práticas imediatistas.
Também não é necessário imaginar um ápice evolutivo, ou uma cultura 
ideal, o que também não fazemos ao considerar a evolução das espécies. 
Mas, podemos dizer que a evolução de uma cultura parece estar claramente 
ligada a progressiva sensibilidade de seus membros às consequências de 
suas ações, ou seja, a cultura evoíui no sentido de aumentar, em seus mem­
bros, a sensibilidade desses às conseqüências de seus comportamentos 
(Abib,2001).
Estabelecer essa direção pode nos ajudar em diversos aspectos. Sa­
bemos que essa evolução acontece ocasionalmente, mas a direção pode nos 
dar um instrumento importante para a possibilidade do planejamento de mu­
danças e adoção de novas práticas.
A importância da moralidade no que se refere á sobrevivência da cultu­
ra, nos leva a repensar as contingências que controlam esse aumento de 
sensibilidade ás conseqüências. Elas têm ocorrido ao acaso ao passo que o 
planejamento cultural poderia acelerar a possibilidade de uma vida melhor 
para as próximas gerações. Nesse sentido o papel do analista do comporta­
mento é fundamental.
Quais caminhos vislumbramos para o planejamento de contingências 
que estabeleçam e mantenham comportamentos morais? A princípio pode­
mos concluir que garantir os bens pessoais, ou identificar os bens pessoais 
com os bens dos outros ou da própria cultura, poderiam ajudar. Mas esse é um 
tema que deve envolver muita pesquisa e tecnologia.
Além disso, considero de extrema importância que o analista do com­
portamento, seja qual for sua área de atuação, contribua para o estabeleci­
mento da prática do comportamento morai, ajudando a aumentar a sensibili­
dade daqueles com quem convive e trabalha, às conseqüências de seu com­
portamento. Afinal, a Sobrevivência das culturas está no âmago da questão da 
Responsabilidade Social, tema da IV Jornada Mineira de Ciência do Compor­
tamento.
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R eferências
Abib, J.A.D. (2001). Teoria Moral de Skinner e Desenvolvimento Humano. Psicologia: 
Reflexão e Crítica, 11(1)107-117.
Skinner, B.F (1983). O Mito da Liberdade. (L. Goulart e M. L F. Goulart, Trad). Rio de 
Janeiro: Bloch Editores. (Trabalho originai publicado em 1971),
Skinner, B.F. (2000). Ciência e Comportamento Humano. (J. C. Todorov e R, Azzi, Trad.). 
São Paulo: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1953).
Skinner, B.F (2000| Sobre o Behaviorismo.{M. P. Villalobos, Trad). São Paulo: Editara 
Cultrix. (Trabalho original publicado em 1974).
Skinner, B. F. (2002). Questões Recentes na Análise do Comportamento. (A. L Néri, Trad). 
Campinas: Papinjs. (Trabalho original publicado em 1989).
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0 q u e é C o n t r o l e C o m p o r t a m e n t a l? 1
Ernani Henrique Fazzi2
Se pedirmos a uma pessoa, ainda pouco familiarizada com o vocabu­
lário técnico da Análise do Comportamento, para nos dizer o que ela imagina 
ser “controle comportamental”, é bem provável que ela o relacione com algu­
ma forma de dominação onde alguém dispõe de seu poder para subjugar os 
mais fracos, retirando deles a liberdade e a felicidade. “A noçâo de controle 
comportamental faz com que muitos tremam e, para alguns, é impensável." 
(Sidman, 2001, p. 44). Apesar de todo este temor, a Análise do Comportamen­
to muito tem pesquisado sobre o assunto, e não podemos negar o fato de que 
tal empreitada tem gerado violentas objeções. A afirmação de que “O compor­
tamento é controlado o tempo inteiro” (Skinner, 1995a, p. 152) gera repulsa, 
medo, insegurança; dá a sensação de que somos prisioneiros do destino.
Pode até parecer engraçado, mas grande parte destas objeções acon­
tece em função de simples equívocos de linguagem, de pequenas falhas na 
comunicação. Na Análise do Comportamento, a palavra "controle’1 é definida 
de modo diferente daquele empregado em nosso dia-a-dia. Assim, é natural 
que o desconhecimento de tal definição técnica leve muitas pessoas a reagi­
rem negativamente aos estudos sobre o controle comportamental, visto que 
elas aprenderam ao longo de suas vidas que controle é algo maléfico, perigo­
so, que precisa ser evitado a todo custo. "Os termos controlador e controlado 
têm conotações históricas pejorativas, uma vez que o controle sempre foi 
usado em benefício do controlador. As prescrições de Maquiavel geralmente 
enfatizavam os procedimentos destinados a beneficiar o soberano e não o 
vassalo.” (Ferster, Culbertson e Boren, 1982, p. 284).
Em função destes mal-entendidos, é preciso tentar esclarecer o que de 
fato é controle comportamental. Aqui, esclarecer, implica em separar o joio do 
trigo, ou seja, separar o sentido técnico do sentido popular. Uma melhor com­
preensão sobre o vocabulário da Análise do Comportamento, tanto ajuda a 
diminuir o preconceito existente, quanto abre as portas para o acesso a outros 
temas que fazem parte do corpo teórico-metodológico desta disciplina, pois,
' Uma versão preliminar do presente trabalho foi apresentada na IV Jornada Mineira de Ciência do 
Comportamento, realizada em Belo Horizonte nos dias 16 e 17 de agosto de 2003.
5UFMG e UNIPAC/Barbacena
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como disse o já referido Maquiavel, “uma mudança sempre cria a base para 
uma mudança sucessiva.” (Maquiavel, 2000, p. 16).
1. C omo a A nálise d o C omportam ento D efine a Pala v r a C ontro le
Para a Análise do Comportamento, controle é uma “modificação siste­
mática ou manutenção do comportamento por mudanças nas condições rele­
vantes.” (Catania, 1999, p. 394). Emoutras palavras, controle é a influência 
que o ambiente exerce sobre o nosso comportamento. É bom lembrarmos que 
o ambiente envolve tudo aquilo que pode nos influenciar: as coisas, as pesso­
as, as plantas, os bichos, e também o nosso corpo e a nossa história de vida. 
Ser controlado pelo ambiente é ser influenciado pelo mundo onde vivemos. E 
isto não causa estranheza a ninguém! Todos sabemos que agimos e reagi­
mos ao mundo, que influenciamos e somos influenciados por ele. Enquanto o 
sentido popular da palavra controle está ligado àquilo que é indesejável, seu 
sentido técnico é bem mais abrangente: engloba qualquer influência, seja ela 
desejável ou indesejável. Nas palavras de Matos (1999):
"(...) o comportamento é dito controlado quando ele está (isto è, quando 
nós assim somos capazes de descrevê-lo) funcionalmente relacionado a variáveis 
ambientais (isto é, a eventos físicos e sociais, dentre os quais estão eventos 
encobertos e outros comportamentos do próprio organismo). Causa é sinônimo de 
função, que é sinônimo de controle, que é sinônimo de descrição de relações 
funcionais.” (Matos, 1999p. 10)
Neste sentido, identificar o controle comportamental é o mesmo que 
identificar as causas do comportamento. É isto que a Análise do Comporta­
mento quer conhecer: por que as pessoas se comportam de uma determinada 
maneira? Ou seja, o que leva alguém a se comportar de forma alegre ou triste, 
amorosa ou agressiva, corajosa ou medrosa. É uma pena que a palavra “con­
trole” possa gerar tamanha confusão!
Com o auxílio de uma metáfora, podemos dizer que o controle é uma 
moeda na qual um de seus lados, a “coroa", simboliza as influências do rei 
tirano, aquilo que é indesejável, O outro (ado representa as influências amis­
tosas, saudáveis, edificantes. É hora de começarmos a dar maior atenção a 
esta outra “cara” do controle comportamental.
Definido o termo técnico controle, é chegada a hora de visualizá-lo, em 
nossas relações sociais.
2 . A P resen ç a d o C o ntrole C om po rtam ental nos F enôm enos S o ciais
Assim como separamos o sentido técnico do popular, na definição da 
palavra “controle”, é bom começarmos este item fazendo o mesmo com “soci­
al”. Em seu sentido popular, o social é identificado com o relacionamento 
humano. Para a Análise do Comportamento, o social não se limita a uma
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interação entre humanos: engloba os seres vivos em geral. Para Keller e 
Schoenfeld (1968):
"(...} os estímulos sociais não diferem nas suas dimensões dos outros 
estímulos. Ao contrário, a diferença é só de origem, provêm de outro organismo, do 
seu comportamento, ou de produtos de seu comportamento. £ ainda mais; os 
estímulos sociais não diferem quanto à função daqueles de origem inanimada (...).’
(Keller e Schoenfeld, 1968, p. 369. Itálicos no ongtnal.).
E quando um fenômeno social exibe controle comportamental? A res­
posta é: sempre! Nas mais diversas interações sociais, é óbvio o fato de que 
um ser vivo influencia o outro e, para a Análise do Comportamento, isto equi­
vale a dizer que um ser vivo controla o comportamento do outro. Quando, por 
exemplo, alguém sorri ao ouvir uma piada, é correto dizer que a piada contro­
lou o riso.
Antes de passarmos para o próximo item, seria bom se você tentasse 
brincar com a seguinte frase: todo fenômeno social exibe alguma forma de 
controle comportamental, mas nem toda forma de controle comportamental 
pode ser considerada um fenômeno social.
Captou a mensagem? Se não, basta pensar no fato de que o controle é a 
influência que o ambiente exerce sobre o nosso comportamento, e que este ambi­
ente não é apenas social (seres vivos). É também físico (coisas inanimadas), bioló­
gico (nosso corpo) e histórico (tudo que aprendemos ao longo da vida)3.
3 . A lgum as Info rm açõ es A d ic io n ais so br e o C o n tr o le C omportam ental
Para que esta caminhada possa nos conduzir a uma maior compreen­
são sobre o controle comportamental, é importante darmos mais seis passos. 
Em cada um dos seis sub-itens seguintes (3.1 a 3.6), será apresentada uma 
informação adicional sobre o controle comportamental. Cada informação será 
ilustrada com um exemplo, que foi retirado das mais variadas tendências lite­
rárias: psicanálise, filosofia, educação familiar, poesia, religião, e de um relato 
pessoal. Mas por que diversificar os exemplos? Por que não buscar todos em 
textos de Análise do Comportamento? A idéia de trabalhar a diversidade con­
siste em demonstrar, mesmo a partir de uma pequena quantidade de exem­
plos, que o controle pode ser verificado em qualquer manifestação 
comportamental humana, independentemente da linguagem usada para 
descrevê-la.
3 .1 . A QUESTÃO DO CONTROLE Ê ANALISADA PELAS MAIS DIVERSAS DISCIPLINAS.
Como foi dito anteriormente, a Análise do Comportamento não é a 
única disciplina a falar sobre o controle. Muita gente tem falado sobre o assun
3 0 texto de Todorov (1989) é uma boa sugestão para o leitor interessado em conhecer estes vários 
níveis de ambientes.
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to de forma mais ou menos explícita. Vejamos um exemplo nas palavras de 
Sigmund Freud (1996):
"(...) a análise, ao reivindicara cura das neuroses assegurando o controle 
sobre o instinto, está sempre correta na teoria, mas nem sempre na prática, e isso 
porque ela nem sempre obtém êxito em garantir, em grau suficiente, as fundações 
sobre as quais um controle do instinto se baseia."(Freud, 1996, p. 245)
Alguém pode imediatamente pontuar que a palavra “controle” pode ter 
aparecido neste texto de Freud apenas por coincidência. Que pode ter sido 
uma escolha do tradutor, visto que o original não foi escrito em Português.
Se Freud não utilizou o vocabulário técnico da Análise do Comportamen­
to, por que podemos dizer que ele analisou o controle comportamental? Pode­
mos dizer isto porque Freud analisou as influências que o ambiente exerce 
sobre o comportamento dos indivíduos. Relendo o exemplo, podemos perceber 
que ele está falando tanto das influências que o psicanalista é capaz de exercer 
sobre o comportamento do paciente durante o tratamento, quanto daquelas 
influências que a vida tem exercido sobre o comportamento deste paciente.
As palavras podem ser mais ou menos parecidas, mas Freud está 
falando sobre aquilo que a Análise do Comportamento chama de “controle". 
Talvez esta seja uma boa lição para que fiquemos mais atentos às relações 
analisadas do que às palavras utilizadas para descrevê-las, isto é, devemos 
valorizar a essência e não a aparência.
3 . 2 . É POSSlVEL FALAR SOBRE 0 CONTROLE COMPORTAMENTAL SEM UTILIZAR A PALAVRA
“c o n t r o l e ” .
A lição retirada do item anterior, que consiste em valorizar a essência e 
não a aparência, faz-se necessária também em função desta segunda infor­
mação adicional: é possível falar sobre o controle comportamental sem utilizar 
a palavra “controle”. Vejamos um exemplo retirado de um livro do filósofo 
francês Michel Foucault: “Todo sistema de educação é uma maneira política 
de manter ou de modificar a apropriação dos discursos, com os saberes e os 
poderes que eles trazem consigo." (Foucault, 1996, p. 44).
Mediante esta citação, surge a seguinte pergunta: onde está o controle 
comportamental? Mesmo relendo-a várias vezes, não podemos identificar a 
palavra “controle”. E então? Devemos recapitular que a palavra “controle” é 
somente o nome de uma relação na qual o ambiente influencia o comporta­
mento. Não importa se esta relação é chamada de controle, de causa, de 
função, de influência etc. O Foucault está falando é de como o sistema educa­
cionalnos afeta, ou seja, nos controla. Está mostrando como o sistema educa­
cional molda a nossa aprendizagem, definindo aquilo que sabemos e aquilo 
que deixamos de saber. Para Foucault, a educação está entre os “procedi­
mentos de controle e de delimitação do discurso", (p. 21).
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Estudar o controle comportamental não é o mesmo que fazer um levanta­
mento estatístico de quantas vezes a palavra “controle" está sendo utilizada. 
Estudar o controle comportamental consiste em identificar as causas do compor­
tamento, quer chamemos estas causas de "controle” ou de qualquer outro nome.
3 . 3 . O CONTROLE É SEMPRE BIDIRECIONAL.
Por que o controle é sempre bidirecional? A idéia de duas direções é a 
seguinte: controlamos e somos controlados, ou seja, influenciamos o ambien­
te e somos por ele influenciados. “Os homens agem sobre o mundo, modifi­
cam-no e, por sua vez sâo modificados pelas conseqüências de sua ação* 
(Skinner, 1978, p. 15),
Para ilustrar este controle bidirecional, vejamos um exemplo retirado 
de um tivro que versa sobre educação familiar: “Quando o filho não respeita os 
pais e estes nada fazem, ele se sente autorizado a desrespeitá-los. Isso dá 
poder ao filho, desencadeando a inversão de valores." (Tiba, 2002, p.274). 
Veja que curioso: ao “fazerem nada”, os pais estão fazendo alguma coisa. 
Estão autorizando seus filhos a serem desrespeitosos. Como diz o ditado: 
“Quem cala, consente". E mais ainda: neste exemplo, o controle é bidirecional 
tanto para os pais quanto para os filhos. Os filhos estão desrespeitando (con­
trolando) e sendo incentivados a desrespeitar (controlados). Os pais estão 
sendo desrespeitados (controlados) e estão incentivando seus filhos a serem 
desrespeitosos (controlando). E veja que tudo isso foi retirado de um pequeno 
exemplo! Já imaginou quanto controle acontece ao iongo de um dia inteiro? 
Ou ao longo de uma vida?
O controle é como um bumerangue: vai e volta. Mas até onde ele vai e 
até quando ele pode voltar? Em outras palavras: o controle só acontece no 
presente? Será que o controle passado está morto e enterrado?
3 . 4 , O PASSADO PODE CONTINUAR A EXERCER CONTROLE SOBRE 0 NOSSO COMPORTA­
MENTO.
O passado exerce grande controle sobre o nosso comportamento. Basta 
um pouco de auto-observação para que possamos perceber no presente, algu­
mas influências da nossa mais remota infância. Se aos cinco anos nos afogamos 
na pequena piscina do clube, podemos ainda hoje ficar precavidos vigiando as 
crianças que brincam na beira do mar. Se nos divertimos muito num determinado 
parque, ainda podemos sentir um grande bem estar ao vermos uma roda-gigan- 
te, um carrossel, os carrinhos de bate-bate e o trem-fantasma.
Nas psicoterapias, as pessoas enfrentam o passado com a ajuda dos 
terapeutas. A psicoterapia só faz sentido porque o passado exerce controle 
sobre o nosso comportamento, porque o que passou ainda nos faz sofrer.
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Como exemplo dos efeitos do controle passado sobre o comportamen­
to atual, vejamos uma poesia de Adélia Prado intitulada "Poema esquisito” 
(ver Prado, 1991, p. 21):
"Dói-me a cabeça aos trinta e nove anos.
Não é hábito. É rarissimamente que ela dói.
Ninguém tem culpa.
Meu pai, minha mãe descansaram seus fardos,
não existe ma/s o modo
de eles terem seus olhos sobre mim.
Mãe, ô mãe, ô pai, meu pai. Onde estão escondidos?
É dentro de mim que eles estão.
Não fiz mausoléu pra eles, pus os dois no chão.
Nasceu lá, porque quis, um pé de saudade roxa,
que abunda nos cemitérios
Quem plantou foi o vento, a água da chuva.
Quem vai matar é o sol.
Passou finados não fui lá, aniversário também não.
Pra que, se pra chorar quaiquer lugar me cabe?
É de tanto lembrá-los que eu não vou.
Ôôôô pai 
Ôôôô mãe
Dentro de mim eles respondem 
tenazes e duros,
porque o zelo do espirito é sem meiguices:
Ôôôô f ia ”
Mesmo estando estes pais mortos e enterrados, ainda continua vivo o 
controle por eles exercido sobre o comportamento da filha. Ela ainda sofre 
com a austeridade e a vigilância deles. Também se lembra dos momentos 
bons e sente saudades. A ficção desta poesia ilustra o que acontece na nossa 
realidade: o controle não desaparece com o tempo, não envelhece, não sofre 
amnésia. O controle passado não se perde, apenas se transforma. Numa 
psicoterapia, por exemplo, o passado que causa sofrimento não pode ser 
apagado. É somente transformado, ressignificado, visto a partir de um novo 
ângulo. E para ajudar o paciente, o terapeuta precisa fazer algo, precisa exer­
cer algum outro tipo de controle. Não há alternativa sem controle.
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Se não podemos nos livrar do controle, podemos pelo menos ser livres 
com ele?
3 . 5 . C o n t r o l e e l ib e r d a d e s ã o c o m p a t ív e is .
A idéia que será trabalhada neste sub-item é a seguinte: a liberdade é 
possível, mesmo com a existência do controle. O único problema para enten­
der esta idéia é que em geral as pessoas não tentam esclarecer como os 
termos liberdade e controle estão sendo definidos.Tratam estas palavras como 
se elas tivessem um único significado. E aí, o desentendimento é total. A esta 
altura, você já deve ter percebido quantos preconceitos o desconhecimento 
de uma única palavra pode produzir. Agora, temos uma nova palavra: liberda­
de. E por que ela é nova? Não estamos cansados de ouvi-la? Terá a palavra 
liberdade um sentido próprio, dado pela Análise do Comportamento? Vamos 
começar a responder a essas perguntas com um exemplo retirado de um texto 
religioso: a Bíblia Sagrada. Você já ouviu falar da Epístola a Filêmon?
A Epístola a Filêmon (ver Bíblia Sagrada, 2002, pp. 1526-1527) é o 
décimo oitavo livro do Novo Testamento. Recebeu este nome porque é uma 
carta que o apóstolo Paulo escreveu a um cristão chamado Filêmon. Nela, 
Paulo pede a Filêmon que perdoe um escravo fugitivo chamado Onésimo. 
Quando Onésimo fugiu de Filêmon, ele se tornou cristão e posteriormente 
quis voltar. Mas qual é a relação desta carta com as noções de controle e 
liberdade? Vejamos: a carta de Paulo deve ter exercido forte influência (contro­
le) sobre o comportamento de Filêmon. Paulo insistiu em demonstrar por que 
Filêmon deveria perdoar Onésimo. Até mesmo se propôs a pagar qualquer 
prejuízo que Onésimo tivesse causado. O importante é que apesar de toda 
esta persuasão, Paulo deu a Filêmon a liberdade para decidir se ele perdoa­
ria ou não Onésimo. Paulo disse: “Mas, sem o teu consentimento, nada quis 
resolver, para que tenhas ocasião de praticar o bem (em meu favor), não por 
imposição, mas sim de livre vontade." (p. 1526)4. E olha que Paulo tinha auto­
ridade suficiente para impor a Filêmon o que ele deveria fazer! Entretanto, ao 
invés de ter exercido um controle autoritário sobre o comportamento de Filêmon, 
Paulo optou por uma forma de controle mais saudável, mais edificante: aquela 
que apela para a caridade. Certamente, se apesar de toda insistência de 
Paulo, Filêmon tivesse recusado a perdoar Onésimo, sua decisão teria sido 
respeitada. Ele foi livre para escolher. Livre porque não sofreu nenhum tipo de 
coerção. Livre porque foi somente incentivado, e não forçado. “Liberdade soci­
al, política e religiosa consiste em liberdade de coerção, que definimos aqui 
como liberdade da ameaça de punição. Quando algumas de nossas escolhas 
comportamentais são punidas, não podemos nos sentir livres." (Baum, 1999,
4 A Epistola a Filêmon não possuicapítulos. Está entre os menores nvros de toda a Bíblia. Aqui foi 
citado o versículo 14.
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p. 190). Nos sentimos livres somente quando podemos escolher em função 
daquilo que ao longo de nossas vidas percebemos ser o melhor para nós, e 
fazemos isto sem a presença de alguém que nos ameace, nos castigue, nos 
ridicularize.
A liberdade não é uma questão de presença ou ausência de controle, 
mas sim do tipo de controle envolvido. Nossa liberdade é roubada apenas 
pelo controle coercitivo. Com outras formas de controle, aquelas que respei­
tam a nossa escolha, nós nos sentimos livres. O controle também possui um 
lado bom! E é este lado bom que precisa ser trabalhado.
3 , 6 . S o m e n t e c o m u m a d e q u a d o c o n t r o l e é q u e p o d e r e m o s m e l h o r a r a s c o n d i­
ç õ e s DO MUNDO EM QUE VIVEMOS.
É possivel fazermos o bem sem alguma forma de controle? A resposta é 
um sonoro "não*! O bem depende de um controle ético. Vejamos um exemplo, o 
último desta seqüência de informações adicionais: certa vez, o famoso físico 
Aibert Einstein nos ensinou que “{...) o destino da humanidade repousa essenci­
almente e mais do que nunca sobre as forças morais do homem. Se quisermos 
uma vida livre e feliz, será absolutamente necessário haver renúncia e restri­
ção” (Einstein, 1981, pp. 63-64), Para que os homens aprendam a pensar nos 
outros, a serem menos egoístas, é preciso que sejam educados (controlados) 
por alguém. Alguém que os ajude a perceber os benefícios acarretados por tais 
comportamentos morais, como fez Paulo quando enviou a carta a Filêmon. Toda 
boa ação depende de controle. Para ajudar, é preciso controlar, Qualquer gesto 
de amor carrega consigo alguma forma de controle. Quando dizemos a alguém 
“Eu te amo", é certo que nossas palavras exercerão algum efeito. Não podemos 
garantir se a pessoa gostará ou não de saber que é amada, mas que ela reagirá 
de alguma maneira, isto nós podemos assegurar.
A ética do controle comportamental é um assunto muito importante. Tão 
importante que, para ser trabalhado com o devido cuidado que merece, de­
mandaria um esforço à parte. Por hora, podemos concluir o que conversamos 
até aqui.
4 . C o n c lu s A o
Para a Análise do comportamento, basta identificarmos uma relação 
de influência do ambiente sobre o comportamento do indivíduo para que pos­
samos chamá-la de controle. O foco está na relação de influência. Se a influ­
ência será boa ou ruim, isto é somente um elemento opcional. Não há como 
fugir do controle. “Não podemos escolher um gênero de vida no qual não haja
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controle. Podemos tão só mudar as condições controladoras.” (Skinner, 1995b, 
p. 163). Daremos preferência àquelas condições controladoras que não são 
autoritárias e que influenciam bons comportamentos. Em última instância, este 
texto procurou esclarecer equívocos de linguagem. É bom ficarmos atentos 
para sempre separarmos o joio do trigo, o técnico do popular. Este cuidado 
deve ser generalizado para todo o vocabulário técnico da Análise do Compor­
tamento, ou de qualquer disciplina ainda pouco conhecida. Foi o que fizemos, 
ainda que de forma breve, com os termos “soriaT e liberdade". Tivemos moti­
vos de sobra para perceber quanta confusão um único nome pode causar! 
"Ah, se fosses algum outro nome! O que significa um nome? Aquilo a que 
chamamos rosa, com qualquer outro nome teria o mesmo e doce perfume." 
(Shakespeare, 1998, p, 50).
R eferências
Baum. W. M. (1999). Compreender o behaviorismo: ciência, comportamento e cultura (M. 
T.A. Silva, M. A. Matos, G.Y.Tomanari, e E. Z.Tourinho, Trads.). Porto Alegre: Artes 
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Campinas: Papirus (Trabalho original publicado em 1989).
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A C o lo n iz a ç ã o S o c ia l do Ín tim o 1
Judsmar Bonente Barbosa2
A O r ig em H is tó r ic a d a N oçAo de S ubjetiv id ad e
Sabemos que foi a partir do século XVII que se deu o desenvolvimento 
das ciências da natureza (física, química, biologia) com a aplicação do méto­
do experimental, ou seja, critérios como a experimentação e a matematização 
tomam-se indispensáveis para definir-mos ciência. A influência empirista ser­
viu de fundamento à tendência naturalista, que teve como objetivo adequar o 
método das ciências da natureza à ciências humanas; ou seja os critérios de 
experimentação e quantificação tornaram-se indispensáveis para que as “ci­
ências humanas" fossem realmente consideradas ciências.
Como incluir então neste contexto, ou critério a Psicologia? A psicolo­
gia poderia ser uma ciência? Qual seria então seu objeto de estudo? Poderia 
a subjetividade humana adequar-se a estes critérios?
As ciências humanas começaram a surgir no final do século XIX, e até 
hoje enfrentam problemas na tentativa de esclarecer o método adequado à 
compreensão do comportamento humano.
S u b je tiv id ad e , e is a q u e s Ao !Foi a partir do interesse em conhecer cientificamente o “psicológico” 
que se dá a origem do conceito de subjetividade, segundo Figueiredo (1994) 
foram necessárias duas condições: uma experiência muito clara da subjetivi­
dade privatizada e uma crise desta experiência. A experiência da subjetivida­
de privatizada, em que nós nos reconhecemos como livres, diferentes, capa­
zes de experimentar sentimentos, ter desejos e pensar independente dos
1 Este texto é uma adaptação da Monografia de conclusão do curso de Psicologia/ Newton Paiva, 
orientado pelo professor Eduardo Cillo.
2 Psicóloga. CRP: 04/20168. e-mail: judsmar@hotmail.com Contato 33227651/ 96889307
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demais membros da sociedade seria uma pré-condição para se formular pro­
jetos de uma psicologia científica.
Ainda segundo Figueiredo (1994), embora para nós estas experiênci­
as sejam óbvias, os estudos históricos e antropológicos revelam que nem 
sempre é assim em outras culturas e sociedades; e uma outra pré-condição 
para a formulação de projetos de psicologia cientifica é a experiência de que 
não somos tão livres assim e tão diferentes quanto imaginávamos.
Figueiredo3, citado por Tourinho (1995), argumenta que as contradições 
presentes neste momento inicial nos projetos de ciência psicológica levaram a 
duas condições, de um lado, uma concepção de indivíduo ('único, independente”) 
que seria tomado como objeto de uma psicologia que não é ciência, e do outro 
lado, uma concepção de indivíduo ("suporte de papéis sociais pré-definidos”) que 
seria tomado como objeto de uma ciência que não chegaria a ser psicológica. E 
que por traz disso estaria exatamente a questão da subjetividade, “da impossibili­
dade de um tratamento científico para a vida interior dos indivíduos”.
E é a suspeita de que, a liberdade e a singularidade, dos indivíduos 
são ilusórias, que emerge com o declínio das crenças liberais e românticas, 
abrindo espaço, para os projetos de previsão e controle científicos do compor­
tamento.
Em Wundt, Titchener e nos psicólogos funcionalistas observa-se tenta­
tivas a partir da experiência imediata rumo a explicações fisiológicas, biológi­
cas ou socioculturais. O objetivo destes psicólogos é a compreensão dos 
seres humanos mediante a captação de suas ‘'vivências", de suas experiênci­
as imediatas, subjetivas e individualizadas.
Seria ou não possível, estudar ou ainda, tornar a subjetividade humana 
objeto de estudo de uma Psicologia que pretende ser científica? Daria conta 
uma psicologia aos moldes do positivismo, baseada nos métodos experimen­
tais (observação e experimentação), fazer da subjetividade humana um de 
seus objetos de estudo?
Sabemos que ao longo da história, a teoria comportamental veio so­
frendo transformações, no que concerne a seu objeto de estudo e interesse. 
No século XIX, Watson, um dos primeiros behavioristas, propôs uma Psicolo­
gia objetiva, baseada na observação e experimentação (acreditava que o 
homem, assim como os animais, respondia a estímulos),
“Porque não fazemos daquilo que podemos observar, o corpo de estu­
do da Psicologia?”. Com o comportamentalismo de Watson, a subjetividade é 
totalmente desprezada; a finalidade da psicologia seria o estudo do comporta­
mento independente do que pensa, sente ou crê, o sujeito; ou seja, a ciência
3 Figueiredo, L.C.M. Matrizes do pensamento psicológico. São Paulo: Mimeo, 1982.
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do comportamento só lidaria com observação dos fenômenos que pudessem 
ser descritos e explicados em termos de estímulo (S) - resposta (R) ou de 
causa-efeito (Assunção, 1996).
De acordo com Watson a Psicologia foi definida como ciência da cons­
ciência, por isso os métodos eram pouco confiáveis e as especulações infun­
dadas, sendo necessário, portanto redefinida como dênda do comportamen­
to. Pela influência positivista, desconsiderou eventos internos tais como emo­
ções, pensamentos e sentimentos, pois não eram passíveis de observação e 
não apresentavam um critério de verdade por consenso público; revelando 
assim uma visão dualista do homem, mente e corpo; fenômenos anímicos ou 
espirituais e fenômenos materiais, em que a consciência era concebida como 
um conteúdo espiritual. (Baum, 1999).
Watson não propõe um projeto de psicologia científica, mas, uma nova 
ciência natural, um ramo da biologia como nos dizem Figueiredo e Santi (2000), 
e é ao propor que a psicologia deveria estudar apenas o observável, que Watson 
nega metodologicamente o estudo da consciência, da mente, da subjetividade, 
da interioridade humana. Pensamentos, sentimentos e sonhos não poderiam 
ser objetos de uma ciência, porque não seriam acessíveis aos métodos científi­
cos que insistem no critério de verificação pública, como nos diz Baum (1999).
Tudo aquilo que faz parte da experiência subjetiva individualizada deixa de
ter lugar na ciência, seja porque não tem importância, seja porque não é acessível
aos métodos objetivos da dênda. (Figueiredo, 1996, p.42)
O ‘sujeito’ do comportamento é visto como organismo, não importa se 
ele pensa, sente ou deseja. E é essa visão organicista do homem que o asse­
melha a qualquer outro animal (ratos, pombos etc.).
Somos todos no comportamentalismo de Watson apenas organismos 
respondentes assujeitados aos estímulos do ambiente, podendo assim nesta 
perspectiva, sermos condicionados como qualquer outro animal; o homem 
como nos diz Rangé (1988) seria apenas movido por recompensas e puni­
ções e que, por exemplo, o terapeuta comportamental teria o papel de seleci­
onar comportamentos para punir e premiar.
Dêem-me doze crianças sadias, de constituição, e a liberdade de po­
der cria-las à minha maneira. Tenho a certeza de que, se escolher uma delas 
ao acaso, e puder educá-la, convenientemente, poderei transformá-la em qual­
quer tipo de especialista que eu queira, médico, advogado, artista, grande 
comerciante, e até mesmo em mendigo e ladrão, independente de seus talen­
tos, propensões, tendências, aptidões, vocações e da raça de seus ascenden­
tes. (Watson, 1913) 4.
4 Watson, apud E. Heidbreder, Psicologias do século XX, p. 218.
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Watson segundo Skinner (1969)5, sustentava que animais e homens 
adquiriam através do condicionamento e continuavam a se comportar en­
quanto os estímulos apropriados estivessem agindo.
O Behaviorismo até hoje '‘sofre" com esta proposta de Watson, de 
estudar apenas o observável; ele não ignorava a subjetividade, apenas a 
excluía e/ou rejeitava enquanto objeto de estudo cientifico, e que ao assim 
fazer pela a visão dos psicólogos “humanistas’’, segundo Figueiredo e Santi 
(2000) “em vez de fundar uma psicologia científica, tenta matá-la e enterrá-la*.
Segundo Micheletto E Sério (1993) uma antiga e bastante difundida 
crítica ao Behaviorismo é a afirmação de que ele deixa de lado a subjetividade 
humana e que considera o homem não como agente, o homem seria objeto 
do controle do ambiente; e ainda que a organização da vida social seria “re­
solvida" através de punições e recompensas.
Esta crítica é feita em relação ao Behaviorismo Radical, porém como 
nossa proposta é apresentar não só a evolução teórica, mas principalmente 
mostrar que este tipo de crítica é infundada, por que diz respeito à visão 
organicista que o Behaviorismo Metodológico apresenta em relação ao ho­
mem e/ou até ao primeiro momento da obra de Skinner.
A R evolução S kinneriana
Um outro projete de psicologia científica foi desenvolvido por Skinner,e 
que embora se trate de um comportamentalismo, ilo projeto de Skinner afasta- 
se imensamente do de Watson, sendo um erro absurdo reuni-los numa m es­
ma análise.”, como nos dizem Figueiredo e Santi (2000).
O Behaviorismo Radical é uma abordagem em Psicologia estreita­
mente identificada com as proposições de Skinner para uma ciência do com­
portamento, como nos diz Tourinho (1987), e que falar de seu surgimento 
implica em considerarmos a própria “evolução” teórica de Skinner, que em 
seus primeiros textos, 1931, por exemplo, encontramos relatos de pesquisas 
empíricas e ensaios teóricos; e a ocasião em que Skinner distingue sua abor­
dagem das demais.
É em 1945 com a publicação do artigo The Operational Analysis o f 
P sycho log ica l Terms, que Skinner caracteriza pela primeira vez sua 
epistemologia como Behaviorismo Radical e a distingue das outras versões 
comportamentais em Psicologia, como nos explica Tourinho (1987).
5 Skinner. Contingencies of reinforcement: A theoretical Analysis. New Jersey: Prentice-Half, Inc. 1969.
In.: Pavlov e Skinner. I Os Pensadores. Textos escolhidos I Skinner. Contingências do reforço,.São
Paulo: Abril Cultural, 1980, p. 177.
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Terms trata basicamente de três questões: a natureza dos eventos priva­
dos, o problema do critério de verdade por concordância publica e os processos 
através dos quais um indivíduo passa a relatar eventos que lhe ocorrem de forma 
privada. Tourmho (1987, p. 3).
E essa distinção ocorre exatamente quando Skinner se põem a falar da 
subjetividade, do “mundo dentro da pele"; pois em sua visão "(...) a ciência do 
comportamento poderia dar conta da chamada subjetividade ou interioridade 
humana “ (Skinner, 1945).
O behavionsmo não é a dênda do comportamento humano, mas, sim, a 
filosofia dessa dência. (...) O Behaviorismo que apresento (...)è a filosofia dessa 
versão especial de uma dência do comportamento. (Skinner, 1974, p.7e 11).
E o “primeiro” passo percorrido foi apresentar uma visão monista sobre 
o homem, já que desde de Descartes, o homem é divido em mente e corpo 
(visão dualista), sendo o corpo controlado pela mente.
O que Skinner propõe é a materialização do ser. Argumentando contra 
a necessidade de duas realidades, uma material e outra imaterial, ou seja, 
Skinner não separa o mundo externo do mundo interno.
De acordo com Chiesa (1994/19976) Skinner rejeita a visão dualista da 
pessoa, que a dividiria em comportamento e algo a mais, e que o comporta­
mento seja considerado uma manifestação superficial de processos que ocor­
rem em algum outro nível inacessível, inobservável e hipotético.
Diante disto o comportamento humano deixa de ser explicado pela exis­
tência de uma mente ou de algo a mais. Skinner vai além do mentalismo que 
atribuía a explicação dos comportamentos à existência da mente. Mente e corpo, 
são agora um só; e a subjetividade ou eventos internos são considerados, por 
Skinner, comportamentos aprendidos socialmente, o que ocorre no “mundo den­
tro da pelé' é tão físico quanto qualquer outro comportamento público; e é assim 
que Skinner torna possível o estudo da subjetividade humana.
Mesmo enquanto bebavionsta, sua posição é mal compreendida. É um 
behaviorista na medida em que propõe que o objeto de estudo da psicologia deva ser 
o comportamento; eéum radical na medida em que nega ao psiquismo a função de 
causa do comportamento., embora não negue a possibilidade, de, através de um 
estudo da linguagem do sujeito, estudar seus estados internos; como seu pensa­
mento e sentimentos. (Matos, 1990,p. 7)
Skinner (1974) nega que exista algo que escape ao mundo físico, e 
afirma que a subjetividade é um comportamento que se diferencia apenas por 
ocorrer no “mundo dentro da pelé’.
c Chiesa, M. Radical Behaviorism: the Philosophy and the Science. Boston: Authors Cooperative, Inc., 
Publishers. Tradução de Hélio Gu'lhardi e Patrícia Piason Queiroz. Texto original no Boletim Informativo 
ABPMC - n. 11, ja n / 1997. Disponibilidade e acesso (www.cemp.conn.br/fundamentos_teoricos.htm) 
(11/04/02).
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De acordo com Tourinho (1993), para o Behaviorismo Radical de Skinner, 
eventos privados são fenômenos físicos embora inacessíveis à observação 
pública, e é tarefa da psicologia tratar destes eventos, “desde de que entendi­
dos enquanto interioridade humana e a significação que essa interioridade 
assumirá para os indivíduos".
Logo, tanto o comportamento público (passível de observação) quanto 
o comportamento privado (acessível apenas no interior de quem ocorre) são 
socialmente aprendidos.
O Behaviorismo Radical nega a existência da mente, mas aceita estu­
dar a subjetividade, ou os eventos privados como fenômenos físicos; não 
separa o mundo interno do mundo externo, o que ocorre no “mundo dentro da 
pele” é tão físico quanto qualquer outro comportamento público. Observar 
eventos internos não é observar minha consciência, mas observar o próprio 
corpo e seu funcionamento.
Skinner nega radicalmente que exista algo que fuja ao mundo físico e 
aceita radicalmente todos os fenômenos comportamentais.
É em sociedade que aprendemos a falar, seja do próprio corpo, seja do 
comportamento, logo falar sobre eventos privados remete-nos ao campo social.
Significa dizer que, tanto o comportamento público (passível de obser­
vação) quanto o comportamento privado (acessível apenas no interior de quem 
ocorre) são socialmente aprendidos, a linguagem é uma construção social, a 
maneira como falamos de nosso corpo e de nossos comportamentos, sempre 
depende da maneira como a sociedade ensinou-nos a falar.
Ao reconhecer a subjetividade, ou como Skinner preferia dizer, os even­
tos privados ou internos, enquanto comportamentos, ele propõe uma pers­
pectiva científica para tratá-los, investigando em que condições a vida subje­
tiva ou interior se desenvolve; quebrando assim com o critério de verificação 
pública.
Para que estes eventos possam ser descritos e considerados em uma 
ciência do comportamento, Skinner admite a validade da introspecção, adver­
tindo, porém o que ê observado introspectiva mente é uma parte do universo 
contida no próprio corpo do indivíduo (ROSE, 1982)7:
A posiçào pode ser estabelecida do seguinte modo: o que é sentido ou 
observado introspectivamente não é um mundo nâo-físico da consciência, mente 
ou vida mentai, mas sim o próprio corpo do observador. Isto implica... que a 
introspecção è uma forma de pesquisa fisiológica, nem significa (e este é o centro 
do arg umento) que o que é sentido ou obsen/ado introspectivamente são as causas 
do comportamento... (Skinner.; 1974, p. 17)
'' Fonte original: Prado Júnior, Bento (org.) Filosofia e Comportamento
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A NATUREZA DOS EVENTOS PRIVADOS
Skinner, segundo Tourinho (1993), deixa bem claro que estados ou 
condições internas devem ser tomadas como estímulos internos; o que ocorre 
sob a pele do indivíduo pode ser interpretado em termos de estímulos e com­
portamentos, “os exatos eventos de que se ocuparia a psicologia operante". E 
que para Skinner, interno remeteria a acontecimentos e não a conteúdos ou 
processos (mentais, por exemplo).
E é ao considerar os eventos privados como estímulos e comportamen­
tos, que eles podem ser abordados no contexto de uma ciência do comporta­
mento; e o que caracteriza estes eventos privados é o fato de constituírem uma 
parte do universo de cada indivíduo à qual só ele próprio tem acesso, comonos explica Tourinho (1993), e que esta situação é problemática devido às 
dificuldades de descrição daqueles eventos.
A maneira como falamos sobre nossos corpos e nossos comportamen­
tos (pensamentos, sentimentos e até sonhos) sempre dependerá de como a 
sociedade ensinou-nos a falar, já que a linguagem é uma construção social. 
Segundo Skinner (1991) só quando o mundo privado de uma pessoa torna-se 
importante para as outras é que se tornará importante para ela; a comunidade 
chama-nos a descrever nossos comportamentos, sentimentos e emoções. E é 
assim que aprendemos a descrevê-los.
Quer dizer, todas as falas humanas são falas aprendidas a partir de 
condições partilhadas pelos indivíduos de uma mesma comunidade lingüísti­
ca e são estas condições que lhes conferem significação. (Tourinho, 1993).
Ao perguntarmos a uma pessoa que chora: "o que você está sentindo?” 
estamos ensinando-a a discriminar comportamentos encobertos, como nos 
diz Delitti (s/d), e criando assim condições para que ela “(.•■) >n^ e um tipo de 
controle do comportamento chamado conhecimento’1. E é esse conhecimento 
de si que irá importar. Uma pessoa terá acesso a seus comportamentos enco­
bertos ou a seu mundo privado através da auto-observação, mas as outras 
pessoas só terão acesso a este mundo, através de seu relato.
Para o Behaviorismo Radical de Skinner o autoconhecimento é o co­
nhecimento que alguém tem de seus próprios sentimentos, motivos e inten­
ções, e ele(o autoconhecimento) é o resultado de uma longa história de treino 
discriminativo construída pela comunidade verbal.
É através do autoconhecimento, de acordo com Delitti (s/d) que os 
indivíduos estarão mais aptos para prever e controlar seus comportamentos; 
estarão mais conscientes, o que significa que terão adquirido um maior 
autoconhecimento. Estar consciente aqui deve ser entendido como descrever 
seu próprio comportamento.
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"Como então poderia um indivíduo aprender a relatar aqueles eventos 
aos quais só ele próprio tem acesso?', nos pergunta Tourinho (1987), e Skinner 
(1974) nos responderá: “Só quando o mundo privado de uma pessoa se torna 
importante para as demais é que ele se torna importante para ela própria", ou 
seja, é somente quando a comunidade verbal nos chama a responder que 
aprendemos a relatar nossos eventos privados. A consciência, ou os estados 
internos deverá ser abordado enquanto uma questão de descrição do próprio 
comportamento.
Se estamos inseridos num ambiente, e este por sua vez, é o conjunto 
de condições ou circunstâncias que afetam o comportar-se - não importando 
se estas condições estão dentro ou fora da pele (Banaco, 1997); isso indica 
que o comportamento é envolvido por variáveis contingenciais, dentre as quais 
o reforço e a punição exercem importante função, pois são capazes de mode­
lar o comportamento à medida que ele evolui durante a vida do indivíduo.
Logo, a história pessoal de reforço e punição e/ou estímulos inclui 
todas as vezes que um comportamento produziu aprovação ou desaprovação 
- todas essas conseqüências que modelaram o comportamento, o trans­
formaram no que é hoje. (Baum,1999).
Resumindo, uma resposta desejada quando é associada a um reforço, 
levará o indivíduo a repetir a mesma resposta em situações futuras. Isso quer 
dizer que quem explora mais o ambiente, tem mais possibilidade de 
reforçamento e conseqüentemente cria novos repertórios de comportamento.
De acordo com Figueiredo e Santi (2000), o projeto de psicologia 
skinneriano justifica-se porque, para Skinner, l'as experiências subjetivas não 
tem nada de imediato; são sempre construídas pela sociedade.”
E ainda caracterizado como o do reconhecimento e crítica à experiên­
cia imediata. A crítica de Skinner à experiência imediata, subjetiva e individu­
alizada conclui-se pela 'colonização social do íntimd', como afirma Figueiredo 
(1995) “a vida privada continua existindo, só que ela só é privada na aparên­
cia", Skinner não rejeita a experiência imediata, mas trata de entender sua 
gênese e sua natureza.
£ clara aí a intenção de desiludir: aquilo que mais nos pertence não é 
nosso, mas é apenas um produto social {...)a noção moderna de sujeito, (...) como 
tudo aquilo que ‘subjaz’a tudo e é livre para determinar seu destino cai totalmente 
por terra com Skinner. (Figueiredo e Santi2000, p. 76-77).
O H om em na c iên c ia d o com portam ento
O homem, como o conhecemos, melhor ou pior, é o que o homem fez do 
homem. (Skinner).
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É importante enfatizar que o Behaviorismo Radical de Skinner ocasio­
nou, ou melhor, proporcionou uma nova maneira de explicarmos o homem.
Torós (1996) afirma que vários fatores demonstram que tanto os com­
portamentos humanos como o próprio tomar-se homem, são aprendidos, e 
para tal ela cita, um fato ocorrido na França, na virada deste século:
Uma criança havia sido abandonada á própria sorte, toencontrada wva, 
em uma floresta próxima a um pequeno viareja Esta chança, por algum m iagre' 
sobreviveu, porém rào como um homem, apesar de ser Ssicam enleim ser huma- 
no, mas como um animal. Não tinha nenhuma foguagem. não oonteca nenhum 
relacionamento, não se preocupava com ninguém, nem oom nada, a não sarcoma 
própria sobrevivência. (Torós, 1996, p. 1).
E conclui que, este fato demonstra que o homem “aprende" a ser huma­
no, e que isto significa que ele aprende a sentir, amar, pensar e raciocinar 
como ser humano, e que seu meio ambiente é fundamenta! para isto. O 
behaviorismo nos diz que o homem só se toma humano na relação com outros 
seres humanos e na interação com a natureza, transformando-o e sendo trans­
formado por ela.
O homem skinneriano é o fruto da história de sua espécie, de sua 
herança genética e das contingências ambientais às quais ele é exposto; para 
Skinner (1978) o homem age sobre o mundo, e pode modificá-lo e ao mesmo 
tempo o mundo age sobre ele podendo modificá-lo.
Se os homens agem sobre o mundo, como nos diz Skinner (1978), e 
este mundo se modifica, e os homens também são modificados pelas conse­
qüências de sua ação; estamos então, diante de um homem que constrói e é 
construído a cada interação com o ambiente. Cada ser humano agirá sobre o 
mundo e por ele será “afetado” de determinada maneira; para o Behaviorismo 
Radical o homem é único porque ele é fruto da história de sua espécie e das 
contingências ambientais às quais ele é exposto.
Portanto, o homem passa a ser aquilo que ele faz de si mesmo; ao 
contrário do que se poderia pensar o Behaviorismo Radical enquanto ciência 
do comportamento propõe o homem não como um ser passivo, e sim como 
produtor e agente de sua própria história.
C onclusão
Skinner, torna-se importante quando se põe a falar do mundo interno, 
pois até então como mostramos os projetos de psicologia científicos partiam 
das experiências imediatas baseadas em explicações biológicas, fisiológicas 
ou socioculturais. Watson e seu metodologismo excluíram a subjetividade de 
sua ciência que teria como objeto o comportamento tal como pôde ser obser­
vado, descrito e explicado em termos de estímulo (S) e resposta (R) (Assun
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ção, 1996). A experiência individualizada deixou de ter lugar na ciência por 
não ser acessível a seus métodos objetivos.
Vimos também que o Behaviorismo é criticado por deixar de lado a 
subjetividade e por considerar o homem como um objeto de controle do ambi­
ente, como nos afirmam Micheletto e Sério(1993), mas vimos também que 
esta critica é feita ao Behaviorismo Radical e, portanto, é infundada, porque 
diz respeito à visão organicista do Behaviorismo Metodológico em relação ao 
homem e até em relação a Skinner em um primeiro momento de sua obra.
Skinner já dizia em 1974, que o behaviorismo enquanto filosofia de 
uma ciência do comportamento exige uma mudança jamais proposta na for­
ma de pensar o acerca do homem; o homem skinneriano é agente e produtor 
de sua própria história. “ Revelar alguma coisa que jâ estava /á”8, é o que o 
Behaviorismo Radical propõe, talvez por isso seja polêmico. Ao tratar a subje­
tividade humana não como fruto da alma, mas como comportamento(s) social­
mente aprendido tira as explicações mentalistas acerca do comportar-se hu­
mano; a explicação do comportar-se não é mais atribuída à existência de uma 
mente, ou de algo superior ao homem. Este, o homem, e só ele pode como nos 
diz Skinner (1974),\ . . controlar seu próprio destino porque sabe como deve 
ser feito e como fazê-lo. ’’
Se o caminho que apontei parece muito árduo, ele pode, não obstante 
ser encontrado. E certamente deve ser árduo aquilo que se encontra tão rara­
mente. Pois como seria possível, se a salvação estivesse ao alcance da mão, 
que quase todos a negligenciassem? Mas tudo que é precioso, é tão difícil 
quanto raro. (Spinoza, Ética V).
R eferências
Assunção, M. R. B. (1996) Algumas considerações sobre o ensino do behaviorismo e da 
terapia comporiamentalna PUC MG e na UFMG. Belo Horizonte: Faculdades Inte­
gradas Newton Paiva.
Banaco, R. A. (1987) Sobre comportamento e cognição: Aspectos teóricos, metodológicos 
e de formação em análise do comportamento e terapia cognitivista. Vol. 1, Santo 
André: ESETec Editores Associados.
Baum, W. (1999) Compreender o Behaviorismo'. Ciência, comportamento e cultura. Porto 
Alegre: Artes Médicas Sul LTDA.
Chiesa, M. (1994) Ainda sobre o Behaviorismo Radical. Tradução de Hélio Guilhardi e 
Patrícia Piason Queiroz.Texto original no Boletim Informativo ABPMC - n. 11, Jan/ 
1997. Disponibilidade e acesso (www.cemp.com.br/fundamentos_teoricos.htm) (11/ 
04/02).
3 Skinner, 1988
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Delitti, M. 0 que é auto-conhecimento?P\JC - São Paulo, (xerocopiado).(s/ data).
Figueiredo, L.C. M. (1991) Psicologia, uma introdução: uma visão histórica da psicologia 
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____ ______________________ (1992) A invenção do psicológico quatro séculos
desubjetivação 1500-1900.São Paulo; EDUC/ESCUTA.
____________ . (1995) Revisitando as psicologias da epistemologia
à ética das práticas e discursos psicológicos. São Paulo: EDUC.
____ ______________ _____________. (1996) Matrizes do pensamento psicológico 4,
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Figueiredo, L.C.M. e Santi, P.L.R. (2000) Psicologia: uma (nova) introdução, Uma visão 
histórica da Psicologia como ciência. São Paulo: EDUC.
Matos, M. A. (1990) A obra de Skinner vai além. São Paulo, Artigo publicado na Folha de 
São Paulo.
Micheletto, N. e Sério, T. M. (1993) Homem: objeto ou sujeito para Skinner. Temas em 
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Skinner, B.F. (1945) NA Operational analysis of psychological Terms.
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Tourinho, Z. E. (1987) Sobre o surgimento Behaviorismo Radical de Skinner. Pará: Univer­
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Tourinho, Z £ (1993) O autoconhecimento na psicologia comportamental de Skinner.Belém: 
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Torós, D. Psicologia Comportamental. Desafio. Revista Interativa de Ciências Sociais. 
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A n á lis e do C o m p o rta m e n to , ‘R esp o n sa b ilid a d e ’ 
S o c ia l e F o rm a ç ã o P r o f is s io n a l na UNIVALE1
João Carlos Muniz Martinelli2 
Marco Antonio Amaral Chequer3
Gostaria de iniciar este debate descrevendo aspectos que considero 
relevantes para discutirmos ‘responsabilidade’ social e formação profissional. 
Apresento duas premissas que utilizarei para a análise do tema, que serão 
seguidas de uma discussão.
Em primeiro lugar, a afirmativa de que a produção de uma ciência do 
comportamento, tal como prevista no behaviorismo skinneriano, tem como 
pressuposto uma ciência para a sociedade, uma ciência comprometida com o 
sucesso do homem na criação de relações sociais e com o meio ambiente 
físico e biológico, respaldada na seleção de práticas individuais (evolução 
biológica e operante) e culturais (evolução cultural), e porque não dizer cien­
tíficas, sendo central a interação homem-ambiente e os efeitos gerados sobre 
ambos, tendo em vista a coexistência pacífica e necessária entre as partes. 
Qualquer uso do termo ‘responsabilidade’ social pelo analista de comporta­
mento será mais bem empregado quando consideramos sua funcionalidade, 
sua relação com princípios com porta mentais e humanitários, de forma a pro­
duzir compatibilidade entre princípios e resultados.
Em segundo lugar, os desafios em gerar práticas de formação profissi­
onal que estejam em sintonia com os pressupostos behavioristas e humanitá­
rios, e com as práticas culturais atualmente observadas, e que poderiam ser 
identificadas com o nome de ‘responsabilidade1 social.
'Palestra apresentada na Mesa Redonda “Formação do Analista do Comportamento e Responsabili­
dade Social”, durante a IV Jornada Mineira de Ciência do Comportamento, 16 e 17 de Agosto de 2003.
Professor Adjunto da' Universidade Vale do Rio Doce, Governador Valadares - MG. Pesquisador do 
Núcleo de Estudos em Análise do Comportamento e Prática Cultural. Mestre em Psicoiogia Clínica 
pela PUC-Campinas.
3Professor Adjunto da Universidade Vale do Rio Doce, Governador Valadares - MG. Pesquisador do 
Núcleo de Estudos em Análise do Comportamento e Prática Cultural. Mestre em Psicologia Experi­
mental: Análise de Comportamento pela PUC-SP.
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U m a ciência para a sociedade : análise do comportamento e ‘ responsabilidade ’
SOCIAL
É importante entender que o analista de comportamento apoiaria qual­
quer ação social que tenha como probabilidade imediata e futura a manuten­
ção da vida com igualitário bem-estar para todos, estando os comportamentos 
relacionados sendo mantidos por reforçadores positivos e não coercitivos, 
dispostos, de tal forma, que permitam a variabilidade com seleção para a 
sobrevivência biológica e de práticas culturais, estas assegurando a manu­
tenção dos aspectos relevantes para os ambientes e organismos.
Mas é importante para este grupo profissional entender os processos 
que dão origem e sustentação aos procedimentos amplamente ou restrita­
mente empregados no controle social. Quer saber dos efeitos das práticas 
culturais4 a partir das conseqüênciaspara os comportamentos emitidos, efeito 
este relacionado à função do controle verbal ou de outras variáveis do ambi­
ente. O aspecto funcional da análise é característica predominante, tanto quanto 
a epistemologia na discussão das medidas para a participação na construção 
da sociedade, Sua concepção de homem e de mundo difere de formas de 
compreender os fenômenos comporta mentais, inclusive em relação à psico­
logia (Skinner, 1994; 1991).
A análise do comportamento tem participado definitivamente no de­
senvolvimento de projetos e programas voltados para a pesquisa e interven­
ção no campo das práticas culturais (Biglan, 1995; Mattaini & Thyer, 1996; 
Guerin, 1994; Lamal, 1991; 1997). O behaviorista está preocupado com os 
tipos de controle empregados e seus efeitos em curto, médio e longo prazo, 
daí o investimento da ciência do comportamento na compreensão de proces­
sos básicos relacionados ao comportamento social5
Analisar e refletir práticas comportamentais individuais e coletivas pelo 
“olhar” da ciência e da filosofia comportamentalfaz parte da obra de B.F.Skinner, 
como nos atesta Andery (1990). A autora chama atenção para dois aspectos 
importantes ressaltados por Skinner quanto a sua concepção de homem e de 
mundo. São eles, “...a crença na necessidade de transformar o mundo, e na
' Prática cultural já foi definida como "... um conjunto de contingências entrelaçadas de reforçamento, 
no qual o comportamento e os produtos comportamentais de cada participante funcionam como 
eventos ambientais com os quais o comportamento e outros indivíduos interagem" (Glenn. 1988:167}. 
e uma cultura é feita de muitos subconjuntos deste tipo.
à Guerin (1994). defende postura semelhante quando aponta o valor das pesquisas sobre comporta­
mento social e o valor epistemológico da análise behaviorista na contribuição e compreensão dos 
conceitos utilizados por outras ciências sociais. Este autor ainda demonstra o caráter experimental e 
empírico dos conceitos e princípios a eles associados, indagando-se as unidades de análise mais 
atuais em análise do comportamento e sua contribuição para o estudo do comportamento social e 
práticas culturais. Outras análises ricas neste sentido podem ser encontradas nos demais autores 
citados.
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ciência, mais especificamente a ciência do comportamento, como meio para 
esta transformação..."(p.1).
O papel da ciência como transformadora envolve, entre outras coisas, 
transformações nas práticas individuais e culturais. Para alcançar este objetivo, 
é expressiva a construção de conhecimentos na ciência comportamental para 
este fim, como a produção de pressupostos para a análise dos fenômenos estu­
dados, uso da validação dos procedimentos aplicados e análise dos resultados 
alcançados com o emprego da tecnologia comportamental, tomando-se regras 
que poderiam ser seguidas por qualquer analista do comportamento. Estes co­
nhecimentos denotam em sua essência o perfil tático-metodológico (Sidman, 
1976; Johnston & Pennypacker, 1980; Barlow & Hersen, 1984; Bailey & Burch, 
2002; Pierce, 1991; Biglan, 1995) e teórico/filosófico da área (Skinner, 1987; 
1999; 1995; 1980; 1991; Chiesa, 1994).Três regras principais, a saber, são deri­
vadas destes perfis na condução da análise comportamental: a crença no com­
portamento do cientista como parte do ambiente (Skinner, 1994; 1987); crença 
na experimentação como contexto de verificação de relações entre variáveis 
dependentes e independentes, produção de leis e princípios (Keller & Schoenfeld, 
1950; Sidman, 1976; Skinner6, 1994; 1980; 1987; 1999) e, a crença de que o 
resultados das práticas científicas devem estar relacionados aos benefícios so­
ciais alcançados com o produto desta atividade (Baer, Wolf & Hisley; 1968; Andery, 
1990; Skinner,1980; 1987; 1999).
Então este compromisso que hoje defendemos aqui, sob o rótulo de 
'responsabilidade’ social não é uma novidade no campo da análise do com­
portamento, se incluir que o termo ‘responsabilidade’ esteja associado a cer­
tos tipos de interação, em particular aquelas relacionadas às interações para 
o bem-estar de todos e seu desenvolvimento igualitário e sustentável. Talvez 
devesse ser mais bem entendido como uma parcela que nos cabe, no exercí­
cio do que convencionamos chamar de cidadania7, mas que não necessaria­
mente aí se esgota.
Nossas ações no mundo, para o analista de comportamento, são discri­
minadas como parte do ambiente. São ações que modificam as ações profis­
sionais e sociais de maneira específica, modificam o ambiente e a nós mes­
mos, nosso organismo, as contingências de reforçamento, individuais e cultu­
rais. É premissa para este profissional emitir comportamentos e produzir con-
6 Entretanto. Skinner (1994} aponta que o material a ser analisado por uma ciência do comportamento 
pode ter origem em muitas fontes: o que não deve ser desprezado, podendo apontar diferentes estágio 
na evolução dos métodos ou da investigação.
7 Lamal (1996), aponta que a ‘Association for Behavior Analysis' designou na década òe 80 uma força 
tarefa com o objetivo de conhecer formas em que os analistas de comportamento poderiam agir como 
cientistas-cidadãos (citizen-scientists). Neste artigo o autor apresenta algumas questões relativas ao 
termo 'cidadão'.
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seqüências de manutenção e generalização daquelas práticas que são funci­
onalmente relacionadas a sua visão de homem e de mundo8.
Parte de nossas atividades podem consistir na produção de 'responsa­
bilidade’ social, mas devemos, entretanto, lembrar de analisar, como já obser­
vado acima, como entendemos as operações relacionadas a tal termo, por­
que a proposta skinneríana será integrada àquelas regras e contingências 
onde sejam previstos os meios de sua produção e análise do alcance dos 
resultados pretendidos. É preciso que tal prática (ou práticas9), deva(m) estar 
levando em conta a abrangência das transformações, quem controla e como, 
e porquê e o que de fato é controlado, e a ciência comportamental pode ser 
um conhecimento útil neste sentido.
Acreditar sermos responsáveis pela sociedade e seus rumos tem rela­
ção direta com nossa forma de agir, em como nossos repertórios 
comportamentais são produzidos e se o são por reforçadores naturais ou 
arbitrários, e como nos sentimos e em que direção está caminhando nossa 
atuação profissional. Aqui a questão da formação profissional ganha especial 
destaque, por exatamente corresponder a arranjos de contingências destina­
dos à variação e seleção de comportamentos para uso adequado dos recur­
sos humanos e ambientais, com a aplicação da ciência para sua própria ma­
nutenção enquanto prática cultural de interesse público.
O primeiro efeito a produzir deve ser sobre aqueles que buscam a 
transformação, para que se impliquem com ela e tenham nela um valor a 
seguir, e, em função disto, tal prática depende de arranjos de contingências 
que promovam a geração de repertórios de controle e autocontrole que se 
mantenham e se modifiquem em direções pretendidas.
Agir com ‘responsabilidade’ implicaria em agir sob controle de determi­
nadas contingências, e conhecê-las é o objeto de estudo de uma análise 
comportamental. Para Skinner (1994), “...Os problemas levantados pelo con­
trole do comportamento humano obviamente já não podem ser evitados pela 
recusa em conhecer as possibilidades de controle...",
E segue afirmando que,
\...o resu liado é particularmente impressionante quando o indivíduo está 
sob o controle narmomoso de um grupo. Nossos processos básicos são responsá­
veis pelos procedimentos através dos quais o grupoético controla o comportamen­
to de cada um de seus membros. Um controle ainda mais eficiente é exercido por 
agências bem definidas ramo o governo, a religião, a psicoterapia, a economia e a 
educação.. .’(p.221).
s É importante aqui o conhecimento do profissional acerca de sua atuação, que pode ser originado e 
mantido em ambientes 'sociais' e ‘científicos', mas também a partir da análise dos resultados de sua 
atividade profissional.
9 Dependendo do contexto e abrangência das relações comportamentais investigadas.
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"Uma análise alternativa do comportamentow de controle tornaria possível 
ensinartécnicas relevantes tão facilmente quanto qualqueroutro repertório técnico.
Também aperfeiçoaria os processos através dos quais a sociedade mantém o 
comportamento de autocontrole com probabilidade de emissão. Como a ciência do 
comportamento revela mais daramente as variáveis das quais o comportamento é 
função, essas possibilidadessenam grandemente aumentadas' (p.234).
A emissão de comportamentos relacionados à 'responsabilidade' soci­
al possui relação direta com a produção de comportamentos que venham a 
ser reforçados pela comunidade, implicando, sobretudo na emissão de com­
portamentos relacionados ao conceito de autocontrole, na medida em que as 
ações de cada membro do grupo possuem relação com o efeito sobre o emis­
sor e sobre o outro, e, portanto sujeita a discriminação da própria ação e/ou de 
seu efeito previsto ou alcançado, a partir da participação da comunidade ver­
bal neste processo (Skinner, 1995), o que pode ser considerado uma vanta­
gem para o controle de ações pessoais em prol do bem-estar pessoal e geral.
Se, como diz Skinner (1994:222), "...devemos considerar a possibilida­
de de que o indivíduo possa controlar seu próprio comportamento...”, é preciso 
conhecer os processos comportamentais que lhe dão origem e o mantém, e 
que explicam as diferentes formas de comportamento de autocontrole expon­
do diferentes técnicas utilizadas para sua obtenção.
“...Quando o homem se controla, escolhe um curso de ação, pensa na 
solução de um problema, ou se esforça em aumentar o autoconhecimento, está se 
comportando. Controla-se precisamente como controlaria o comportamento de 
qualqueroutro através da manipulação de variáveis das quais o comportamento é 
função. Ao fazer isso, seu comportamento é um objeto próprio de análise, e final­
mente deve ser explicado por variáveis que se situam fora do indívíduo.’’{p.222).
Em seguida escreve que,
“Deve-se lembrar que as fórmulas expressas em termos deYesponsabili- 
dade’ pessoal subjazem a muitas de nossas técnicas atuais de controle e não 
podem ser abruptamente abandonadas. Dispor de uma transição suave já é em si 
um problema primordial. Mas se chegou a um ponto em que se requer uma revisão 
compreensiva do conceito de responsabilidade’ social, não apenas em uma análise 
teórica do comportamento, mas também por suas conseqüências práticas..."(p.234).
Ser responsável é emitir comportamentos sob controle de regras e con­
seqüências sociais. Emitir comportamentos sob controle de regras de ‘respon­
sabilidade’ social abre caminhos para que a ação individual seja reforçada, e 
esta possa variar em direção da sua manutenção por reforçadores positivos 
condicionados ou naturais, fazendo parte do controle exercido pelos indivídu-
1(1 Grifo do autor.
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7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
 
 
 
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GROUPS 
 
 
os que são dirigidos a si mesmo, mas também em relação aos outros. Se 
associado a reforçadores negativos indefinidamente, as regras relacionadas 
à 'responsabilidade' social dependeriam sempre de outros controles aversivos 
para sua manutenção e generalização, o que não é um objetivo desejado.
O sentimento de 'responsabilidade' social é uma outra face da análise 
que merece uma discussão. O uso intercambiável do termo 'responsabilidade’ 
social com práticas reforçadas positivamente é um evento que une as deci­
sões pessoais e coletivas a partir dos benefícios que os conhecimentos cien­
tíficos trariam para quem o aplica no planejamento cultural e para aqueles que 
se beneficiam com os procedimentos utilizados, sendo um papel da análise 
do comportamento atuar para este fim.
Como diz Skinner (1991), quando analisa a construção do eu social:
“O eu de que uma pessoa gosta parece ser produto das práticas positiva­
mente reforçadorasdo ambiente social, mas as culturas em gerai controlam seus 
membros através de estímulos aversivos quer como reforçadores negativos que 
fortalecem o comportamento desejado, quer como punições que suprimem o com­
portamento indesejado. Assim as culturas asseguram que seus membros sejam 
responsáveis peio que fazem, e os membros'se sentem responsáveis'" (p.48),
Se o “eu responsável” estiver relacionado a comportamentos reforça­
dos negativamente, e não necessariamente pela emissão de comportamen­
tos sociais cooperativos mantidos por reforçadores positivos, isto levará ao 
surgimento de práticas que alertariam sobre comportamentos que poderiam 
ser punidos (muitas Leis ainda são regras que partem deste princípio) ou de 
procedimentos de punição pela emissão de comportamentos que fujam às 
normas. Comportamentos controlados com o uso da punição e mantidos por 
reforçamento negativo são relacionados às práticas de contra-controle, ao 
seguimento principalmente sob ameaça da punição, uma medida de resulta­
do observada pelo efeito do uso de conseqüências coercitivas (Sidman, 1995). 
A ciência tem um papel importante neste sentido, ao ser ambiente para a 
produção dos meios que possam garantir o sucesso de todos os empreendi­
mentos que levam a evolução humana e de seu ambiente, em direção ao bem 
estar do homem e o uso adequado dos recursos de que dispõe, sem recorrer 
para isto de efeitos aversivos no controle do comportamento.
Ser behaviorista implica, então, em produzir uma ciência, mas não 
qualquer ciência, e sim, como afirma Andery (1990:24), a "...ciência da cultura, 
a ciência que se aplica à solução dos problemas humanos, em todos os 
níveis...essa concepção de ciência não excluiria, mas pelo contrário, 
enfatizaria, as possibilidades de intervenção no mundo a partir do conheci­
mento científico".
Ao propormos, então, o conceito de ‘responsabilidade’ social no con­
trole de nossas ações profissionais e de formação profissional, devemos aten­
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GROUPS 
 
 
tar para aos caminhos já percorridos pela ciência do comportamento, e como 
ela sugere a análise do termo e das práticas a ele funcionalmente relaciona­
das em seus efeitos sobre a sociedade e em prol de mudanças efetivas. O 
mundo precisa de soluções quase sempre urgentes que impliquem na 
erradicação de comportamentos que lhe são nocivos, e não de pessoas, e o 
behaviorista já alerta para isto há muito tempo (Skinner, 1999; 1994; 1987). 
Precisa de soluções que alterem o emprego daqueles efeitos coercitivos so­
bre a vida humana e sobre o meio que lhe permite sua condição de existência. 
Precisamos por isto identificar elementos chaves que possam ser transforma­
dos em prol da sustentabilidade do planeta. E a ciência comportamental é 
pensada com este propósito.
Dessa forma, o modelo de ciência no behaviorismo skinneriano é um 
modelo para o homem e para a sociedade, esta entendida desde sua configu­
ração enquanto espaço verbal e de relações interpessoais, quanto de utiliza­
ção do ambiente físico em toda sua extensão, sendo o homem que nela se 
comporta produto da variação e seleção ocorrida em sua totalidade (Mícheletto& Sério, 1993), que identificamos como produzidas no nível biológico, operante 
e cultural. Implicam-se aí, tanto as condições que antecedem a emissão do 
comportamento, a topografia da resposta e funcionalidade das conseqüênci­
as que modelam comportamentos, sua variação e seleção.
Portanto, o termo ‘responsabilidade’ social definido como comporta­
mentos de cooperação social, cujas conseqüências alteram as práticas huma­
nas em direção à qualidade de vida para todos e manutenção das condições 
ambientais adequadas à sobrevivência, estará em maior sintonia com premis­
sas comportamentais. quando não envolver conseqüências aversivas para 
sua ocorrência e manutenção.
G erar aç õ es de fo r m açAo p r o fissio n al e r espo n sabilid ad e s o c ia l : o que
TEMOS FEITO NA ÜNiVALE PARA ALCANÇAR NOSSOS OBJETIVOS
A formação behaviorista é uma tarefa árdua e revolucionária em todos 
os sentidos, nem sempre reforçadora, mas devendo ser para quem fazemos 
algo a respeito, E a idéia aqui não é de contraposição ao mundo, mas de 
transformação. Devemos aprender a agir sobre o mundo de forma não coerci­
tiva e, ainda assim, transformá-lo! O desafio é pessoal: nossos problemas são 
nossos desafios! As mudanças devem ser iniciadas em nós mesmos, uma 
superação da forma como aprendemos a agir no mundo, onde quase sempre 
nossa evolução comportamental é mediada por controles aversivos e não é o 
que desejamos reproduzir. É isso que poderíamos ensinar
Entendemos, assim, que as primeiras transformações talvez devessem 
ser iniciadas em nós mesmos, em nossas práticas de produzir conhecimentos,
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como formamos nossas relações profissionais e com qual propósito. É preciso 
cuidar do que nos produz como sujeitos sociais e do impacto que pretende­
mos ter sobre o mundo, analisar nossas próprias contingências de formação e 
de aplicação de nosso trabalho.
Partindo das premissas skinnerianas, o comportamento de cada um 
tem relação direta com a coletividade, porque é a partir dela que ele é produ­
zido, se mantém e se transforma. Se queremos mudar algo podemos começar 
com aquilo que vivemos e identificamos como desafios a superar. A noção de 
“conhecer” apontada nesta direção, implica em conhecimento produzido na 
relação com o outro (Skinner, 1995:120). “Nós não agimos colocando em uso 
o conhecimento: nosso conhecimento é ação, ou pelo menos regras para 
ação. Enquanto tal é poder... O comportamento operante é essencialmente o 
exercício do poder: tem um efeito sobre o meio...’’(Skinner, 1995:121).
As contingências de formação, como aponta Guilhardi (1988), são va­
riadas e não exclusivas, e podem em parte ser planejadas, e nos informa que 
o contato com contingências diversas é tão importante na modelagem de 
comportamentos profissionais e científicos. O autor classifica ‘grupos' de con­
tingências aos quais o terapeuta deve responder, mas que se aplicaria a 
outros tipos de atividades do analista de comportamento. São eles: contingên­
cias geradas pela comunidade do cliente (do aluno)11; contingências geradas 
peia comunidade universitária; contingências geradas pela comunidade cien­
tífica; contingências geradas peta interação com uma equipe; e contingências 
geradas pela relação terapêutica (professor-aluno).
Formar pessoas comprometidas com uma ciência do comportamento 
como descrita acima é de fato ainda bastante exaustivo nas condições atuais 
em que ocorrem o ensino e o aprendizado. Estes são os desafios para os 
professores nas instituições e demais ambientes de formação em que atuam, 
como parte do ambiente em que interagem e que modelam seus comporta­
mentos profissionais, Eles têm que produzir um ambiente para sua formação, 
que leve a um ambiente que produza sua satisfação profissional.
No contexto acadêmico, o professor possui funções muito variadas. Ao 
responder ao mundo dentro de uma perspectiva behaviorista, poderia o pro­
fessor ser capaz de lidar com comportamentos mantidos por conseqüências 
diversas, e a sala de aula e demais ambientes acadêmicos são muito úteis 
para ensinarmos aos alunos o que entendemos por ciência do comportamen­
to na prática e o professor é modelo para o aluno no ensino de comportamen­
tos profissionais.
11 A inclusão dos parênteses se refere à adaptação das contingências citadas pelo autor às relacio­
nadas às interações entre professor e aluno na formação profissional, que não se dão associadas 
exclusivamente ao ambiente clínico.
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7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
 
 
 
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GROUPS 
 
 
Na Univale temos tido grandes mudanças geradas pela tentativa diária 
de colocarmos em prática o que sabemos, não apenas em sala de aula, mas 
também nos vários ambientes dos quais fazemos parte, e tem sido um grande 
desafio avaliar nossos comportamentos dentro de interações comportamentais. 
Ser behaviorista virou estilo de vida, e temos trabalhado entusiasmados para 
isto, mas não sem dificuldades. “Se uma andorinha só não faz verão", como 
descreve o provérbio popular, nossa ação em grupo tem tido um valor especi­
al. Foi preciso analisar as contingências em que interagimos, aquelas respon­
sáveis pela nossa formação, produção e aplicação dos conhecimentos dispo* 
níveis. Uma análise das contingências, das práticas individuais e culturais tem 
sido útil a nos orientar para mudanças, quando necessárias e relacionadas à 
emissão de nossos comportamentos nas trocas sociais diárias nos ambientes 
de formação.
Ao todo, somos hoje cinco professores que atuam na área 
comportamental - um grande avanço para nossa realidade. Podemos atual­
mente contar com nossos pares na troca de informações e idéias, constituindo 
assim um ambiente reforçador para nossos comportamentos emitidos, um 
ambiente no qual o reforça mento diferencial de respostas está em parte a 
cargo do contato com profissionais que defendem premissas semelhantes, de 
"pontos de vista" diferentes. Lutamos para a constituição deste espaço acadê­
mico em função de nosso isolamento geográfico e da falta de acesso às pro­
duções na área, nem sempre acessíveis no tempo esperado, quando possível. 
Nossos professores têm cuidado de suas atividades de tal forma que se sujei­
tam às contingências que modelam e mantém seu próprio desempenho.
Oferecemos algumas disciplinas básicas e profissionalizantes ao lon­
go do curso. Ocupamos a área de estágio em triagem e psicodiagnóstico, com 
professores de outras abordagens, e estágio básico I, criado para a formação 
prática em método científico. Há três supervisores de estágio em psicoterapia 
comportamental, sendo um em terapia comportamental infantil, para o qual 
criamos um projeto auxiliar denominado POF - Programa de Orientação Fa­
miliar. A identificação das dificuldades do cliente a partir da análise das diver­
sas variáveis que afetam seu comportamento, decorrentes dos efeitos de suas 
ações individuais ou produto das práticas culturais e recursos disponíveis, tem 
sido a condição necessária para ensinar os alunos o valor de sua prática e o 
que de fato transforma quando atende um cliente.
Temos atuado na orientação de TOC’s, desde o ano de 2000, e neste 
ano estamos orientando 18 monografias. Orientamos trabalhos de conclusão 
de curso em diversos temas, e temos melhorado ano a ano os nossos desem­
penhos no atendimento ao aluno e nos resultados em benefício da cidade: o 
exercício do compromisso social começa por aquilo que nos afeta como sujei­
tos sociais e pelo olhar científico (discriminação das unidades de análise e
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7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
 
 
 
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BOOKS 
GROUPSmetodologias de estudo dos fenômenos de interesse), e os alunos dividem as 
interlocuções neste sentido, identificando áreas de intervenção e pesquisa no 
seu próprio ambiente de convivência diária e se interessam por este perfil de 
pesquisa e de pesquisador, emitindo comportamentos nesta direção, nos re­
forçando e sendo reforçados.
Temos atuado em projetos de extensão envolvendo o Conselho Tute­
lar e em outros referentes ao manejo de situações de risco para crianças e 
adoíescentes da cidade, como nos casos de violência doméstica. Este, um 
trabalho conjunto com o Programa Sentinela/GV, onde damos apoio científico 
na área de psicologia e atendemos adolescentes com história de “abuso se­
xual”, em outro projeto realizado no Serviço de Psicologia Aplicada que prevê 
intervenções no ambiente familiar, na própria comunidade dos clientes.
Outro projeto de extensão é a continuidade do estágio em terapia 
comportamental. Denominado “Aprimoramento em Psicoterapia 
Comportamental e Análise do Comportamento Aplicada à Clínica” vem sendo 
oferecido desde o ano 2000 para os alunos do 5o ano, como uma tentativa de 
qualificar melhor os alunos, que têm a oportunidade de continuar a atender 
seus clientes conduzindo-os à alta, quando não produzida no período regular 
de estágio.
Estamos atualmente envolvidos na orientação de três projetos de inici­
ação científica, dois envolvendo bolsistas do programa BIC12 e um com bolsa 
da FAPEMIG - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais.
Além destas atividades, desenvolvemos iniciação científica e pesqui­
sas com a colaboração de alunos do curso, que são convidados a partilhar 
nossas práticas profissionais, e que tem sido muito reforçador para nós, mes­
mo não havendo recursos ou bolsas disponíveis.
Temos feito pesquisas clínicas; pesquisas sobre qualidade de serviços 
prestados pelo poder público; pesquisas sobre adesão ao tratamento; pesqui­
sas sobre variáveis sociais que reconhecemos como importantes para a cida­
de; já fizemos pesquisa em ambiente rural auxiliando um programa de gera­
ção de renda, em convênio com a EMATER-MG e o Governo Alemão.
Já atuamos em uma instituição escolar, em um projeto conjunto com o 
Rotary Club/GV, assessorando o trabalho da psicologia neste ambiente, em 
um bairro bastante comprometido quanto às condições em que vivem seus 
moradores. Participamos de um programa de educação de jovens e adultos, 
programa este oferecido pelo curso de pedagogia da Univale. Temos atual­
mente convite para auxiliar a rede municipal de ensino na avaliação e propo­
sição de modelos de intervenção em conjunto com equipe formada por profis­
sionais de várias áreas do conhecimento (psicólogos, assistentes sociais,
12 BIC - UNIVALE - Bolsa de Iniciação Cientifica oferecida pela universidade.
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7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
 
 
 
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GROUPS 
 
 
pedagogos e sociólogos). Estamos sendo convidados a colaborar com um 
grupo preocupado com o desenvolvimento do trânsito na cidade. Todas estas 
atividades só acontecem pela colaboração entre alunos e professores que 
partilham de nossos ideais e compromissos com a sociedade.
Em 2000, fundamos o Núcleo de Estudos em Análise do Comporta­
mento e Prática Cultural - AC PC, inscrito no Diretório Lattes, do CNPq, e certi­
ficado pela instituição como um grupo de pesquisa oficial. Todos os professo­
res que nele trabalham são cadastrados e os alunos são incentivados a intro­
duzir seus currículos na plataforma Lattes. O Núcleo tem sido um ambiente 
bastante reforçador para os que nele atuam, onde todos partilham seus avan­
ços, curiosidades e dificuldades. Temos procurado superar nossos desafios13 
profissionais e pessoais em conjunto, buscando sempre avaliar o que vem 
ocorrendo e discutindo soluções em grupo, o que tem sido o exercício do que 
acreditamos ser um grande valor para aqueles que se denominam analistas 
do comportamento.
Contamos com quatro monitores no Núcleo e dois no laboratório de 
psicologia experimental, o LAPEX, além de um aluno que foi contratado pela 
universidade como laboratorista. Os monitores do Núcleo possuem várias 
tarefas: auxiliam professores de outros cursos ou da psicologia nos assuntos 
administrativos e acadêmicos, como também na realização de pesquisas; cui­
dam do acervo bibliográfico, auxiliam na tomada de decisões; orientam os 
alunos na realização de suas pesquisas e na busca de informações; cuidam 
da agenda semanal do Núcleo. Os monitores também são convidados a de­
senvolver algum projeto de pesquisa. Estes são extremamente zelosos com 
os colegas e professores que buscam informações. Ajudam também na produ­
ção de material didático, auxiliam nos cursos de extensão, quando não são 
responsáveis por eles, e produzem o projeto “Café com Ciência”, onde discu­
tem sua formação profissional e questões em análise do comportamento. To­
dos são incentivados a estudar outra língua, em especial o inglês, devido ao 
seu uso internacional.
Os teores das pesquisas realizadas no Núcleo aprofundam os temas 
das atividades desenvolvidas nos espaços urbanos, dando-nos condições 
para conhecer meihor a cidade e propor formas de intervenção a partir de 
avaliações bem formuladas, que servem de base para tomada de decisões 
sociais e profissionais. Recentemente avaliamos a emissão de comportamen­
tos por ciclistas no centro da cidade, em um estudo observacional naturalístico 
sob a coordenação de uma aluna bolsista de iniciação cientifica.
O interesse pela área de epidemiologia e comportamento é outro exem­
plo que tem gerado pesquisas com o intuito de aprimorar nossos conhecimen­
’3 Nome introduzido em substituição ao termo 'problemas'.
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7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
 
 
 
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BOOKS 
GROUPS 
 
 
tos sobre a região e as condições em que vive a população, sua participação 
em programas e serviços sociais, bem como sua adesão. Quatro TCC's estão 
sendo feitos em confluência com a área de epidemiologia.
Também desenvolvemos pesquisas na área do esporte e sobre forma­
ção profissional. Pesquisas e discussões em interface com profissionais de 
outras áreas são feitas, entre estes estão professores do curso de farmácia, 
comunicação social, sociologia, odontologia, educação física e uma pesquisa 
sobre SARS, denominada ‘SARS: Comunicação e Comportamento”, com a 
participação de um jornalista científico italiano, Yuri Castelfaldi, e dois alunos 
do 6o período.
Em 2001, fizemos uma avaliação a respeito dos sites com temas relaci­
onados a análise do comportamento, que se tornou um projeto de TCC, que 
serviria de base para a produção de um site do Núcleo, que brevemente 
estará disponível.
Estamos atualmente desenvolvendo estudos bibliográficos sistemáti­
cos, um sobre a aplicação do modelo de desamparo aprendido na área de 
farmacologia e, outro sobre estudos que utilizaram álcool e cocaína como 
variáveis independentes apresentados no JEAB (Journal of the Experimental 
Analysis ofBehavior), e publicados nos últimos 13 anos.
Tudo que temos feito deve-se ao companheirismo entre professores e 
alunos, diariamente, e às vezes, de segunda em segunda. A formação dos 
alunos de forma diferenciada foi para nós muito importante, e tem levado 
"naturalmente” a esses resultados, consistindo assim no exercício do 
behaviorismo na prática, com 'responsabilidade' social.
Temos que lidar com muitos desafios e impedimentos. Um primeiro 
deles é que todas as produções na área parecem nos interessar. Aprendemos 
e ensinamos como Sidman (1976) já descreveu, o valor da curiosidade, e 
partilhamos isto com os alunos. Ser analista de comportamento às vezes 
parece uma tarefa hercúlea, pois temos que estar atentos às publicações que 
envolvemdiscussões epistemológicas, teóricas, metodológicas, produções 
em pesquisa básica e aplicada, e às investigações das unidades de análise 
investigadas pela abordagem comportamental como comportamento verbal, 
equivalência, metacontingência e prática cutturaí. Somado a isto, temos se­
guido recomendações apresentadas por autores como Biglan (1995), Mattaini 
e Thyer (1996), Glenn (1988, 1991), Lamal (1991; 1997) e outros analistas de 
comportamento que vêm sugerindo a união entre ciências e tecnologias, para 
o trabalho com práticas culturais.
Nossos impedimentos também ocorrem pelo tempo em que solicita­
ções são resolvidas em algumas circunstâncias, falta de verbas e de equipa­
mentos (computadores, p.e.). Há deficiência também na aquisição de livros e
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7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
 
 
 
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periódicos, e a manutenção de sua aquisição.
Temos solicitado a produção de um Software para cadastrar o material 
da biblioteca do Núcleo porque o material que temos disponível não pode ser 
acessado devidamente porque não possuímos um sistema de busca eficiente.
A inserção no mundo acadêmico-administrativo ocorreu primeiro com 
o período em que assumimos a coordenação do curso (1999-2001), depois 
por todas as inserções que fazemos no espaço da vida administrativa da 
universidade, desde o ano de 2000. Temos feiío parte da Câmara de Pesquisa 
da Faculdade da qual fazemos parte, do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP- 
UNIVALE), do Comitê Científico Tecnológico da APPG - Assessoria de Pes­
quisa e Pós-Graduação, criando assim oportunidades de pensar as contin­
gências relacionadas à prática cientifica auxiliando a universidade a conside­
rar aspectos comportamentais na análise e definição dos parâmetros acadê­
micos científicos.
Por fim, a divulgação de nossos trabalhos é muito tímida. Temos partici­
pado de eventos apresentando nossos projetos e resultados, como os Encon­
tros da ABPMC. Para nós professores e para os alunos têm sido situações 
totalmente inusitadas, com certa ansiedade envolvida, e muitas vezes como 
produto de muita ousadia. Os alunos têm se orgulhado de seus trabalhos e 
vencido os medos surgidos na divulgação pública de seus achados.
Para finalizar, gostaria de apresentar uma descrição da perspectiva de 
Skinner sobre sua ciência, segundo Andery (1990),
"As próprias influências mais propriamente de Skinner, entretanto, tam­
bém apontam para a interpretação, de um lado, de que não se trataria de uma tipica 
posição de “ciência em dois passos" e, de outro lado, do importante papel que 
deveria desempenharem sua formulação da ciência, não apenas a preocupação 
com o homem, mas também com a sociedade, e mais, com a ciência aplicada 
como parte integrante da ciência básica... "(Andery, 1990:24).
Em nossa prática temos procurado não perder de vista nosso bem 
maior: a evotução sustentável da sociedade e nossa própria evolução como 
grupo profissional. Temos ensinado aos alunos e às pessoas com quem con­
vivemos a nos verem como colaboradores e que nossa ciência não é uma 
ameaça ao mundo, mas pelo contrário, é expressa em nossas atitudes 
compromissadas com sua produção e do ambiente em que vivemos.
R eferências
Andery, M .A.P.A. (1990) Uma tentativa de (re)construção do mundo. aoênda do compor­
tamento como ferramenta de intervenção. Tese de Doutorado. Pontifícia Universida­
de Católica de São Paulo. 491 p.
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
 
 
 
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BOOKS 
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BOOKS 
GROUPS 
 
 
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BOOKS 
GROUPS 
 
 
A t iv id a d e s d e E n s in o e m u m C u r s o d e 
P s ic o l o g ia : u m a A n á l is e C o m p o r t a m e n t a l *
Ronaldo Rodrigues Teixeira Júnior** 
Henrique Coutinho Cerqueira**
Adélia Maria Santos Teixeira (orientadora)”
IntroduçAo
O verdadeiro fracasso nos resultados que facilmente encontramos em 
nossas instituições de ensino não é uma característicaapenas de nossa atu­
alidade. Os déficits na aprendizagem, a aversão às mais diversas formas de 
ensino e a baixa efetividade na aprovação de alunos dentro das escolas, são 
questões que remontam a quase todo o histórico da educação em todo o 
mundo. Começando com um tipo de educação extremamente repressiva, 
passando por um tipo antagonicamente permissiva, até caminhar aos moldes 
atuais não muito bem definidos, a educação formal ainda não encontrou seu 
paradigma de maior qualidade e eficiência.
Desde seus primórdios, as histórias de violência e punição no contex­
to da educação são variadas e bem conhecidas. O uso da palmatória, varas 
de marmelo e até mesmo chicotes e surras, não era pequeno, e assustavam 
- e assustam até hoje - a muitos que assim o ouvem dizer. A educação possui 
uma longa história de controle aversivo dos alunos e ainda se mantêm nes­
ses moldes até hoje. As punições que então eram corporais foram substituí­
dos por formas mais "sutis" de castigo. Talvez mais sutis por não deixarem 
rastros físicos de sua aplicação, mas igualmente prejudiciais quando nos 
referimos à aspectos do comportamento e danos psicológicos nos alunos em 
geral. Retirada de atenção pelo professor, notas baixas (“vermelhas”), sus­
pensões e exposições ao ridículo são apenas alguns exemplos de atitudes
‘ Trabalho selecionado como um dos melhores, na área de Ciências Humanas, na XII Semana de 
Iniciação Científica da Universidade Federal de Minas Gerais (Pró-Reitoria de Pesquisa I dezembro de 
2003).
‘ ‘ Universidade Federal de Minas Gerais
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
 
 
 
INDEX 
BOOKS 
GROUPS 
 
 
ainda constantemente aplicadas e que demonstram claramente o caráter 
aversivo do ensino.
Uma explicação para o uso tão comum destas estratégias aversivas de 
controle na educação é seu efeito imediato sobre o comportamento do alunos 
(que é modificado rapidamente sob sua aplicação), e o desconhecimento 
pelos professores de métodos alternativos para obter os resultados seme­
lhantes.
Sobre as consequências da aplicação de práticas aversivas de qual­
quer espécie, Skinner (1974) escreve: “Os que são assim controlados passam 
a agir. Escapam do controlador (...) ou então atacam afim de enfraquecer ou 
destruir o poder controlador..." (p. 164). E ainda (1953) “Qualquer comporta­
mento que reduza essa estimulação aversiva será reforçado." (p.206). Esse 
mecanismo então chamado de contracontrole pela Análise Experimental do 
Comportamento, pode ser observado nas escolas pelas fugas de sala, 
desatenção, algazarras, vandalismos etc.
Estes atos são o maior reflexo dos prejuízos que um tipo de controle 
aversivo pode gerar no processo de aprendizagem formal, além de trazer uma 
série de subprodutos indesejáveis como algumas respostas emocionais (ansie­
dade, medo, ira etc). Devido a isso muitos alunos, além de não desenvolverem 
um bom repertório de aprendizagem das aulas, podem vir a desenvolver alguns 
sérios transtornos psicológicos (fobias sociais, timidez etc). Com estes lamentá­
veis resultados, novas formas de se pensar educação foram propostas.
Skinner mesmo em 1968, em seu célebre livro “Tecnologia do ensino” 
trouxe uma alternativa para este fracassado sistema. Contando com um tipo de 
instrução programada e com suas máquinas de ensinar (que então ocupariam 
as principais funções dos professores), Skinner deu uma grandiosa ênfase ao 
estudo científico dos métodos de ensino, priorizando um tipo de aprendizagem 
individualizada e controlada por reforços positivos. Sidman (1989, p. 118), outro 
importante autor da Análise Experimental do Comportamento, afirma: “Supõe- 
se que a aprendizagem provê suas próprias recompensas, mas ninguém confia 
no fracasso como provedor de suas próprias punições.”. Ambos os autores acei­
tam assim a possibilidade de se manter comportamentos básicos de aprendiza­
gem, dispensando-se completamente os métodos aversivos de controle.
Skinner (1968) diz que ensinar i!é simplesmente arranjar contingências 
de reforço." (p.4) Desta forma, com uma forma de ensino planejado (com base 
análise do comportamento), contando com um minucioso trabalho de cons­
trução de programas e bons mecanismos de aplicação dos mesmos, o pro­
cesso de aprendizagem poderia se dar na metade do tempo, com um grau de 
excelência de aprovação, sem rejeições pelos alunos e com uma sobra de 
tempo substancial para os professores se dedicarem a outras atividades.
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INDEX 
BOOKS 
GROUPS 
 
 
Quase simultaneamente ao lançamento desta importante obra de Skinner 
um outro autor publicou um livro também como resposta a esta então grave 
situação do ensino. Cari Rogers (1969) em sua obra intitulada “Liberdade para 
aprender" parte de uma visão fenomenologica/humanista (que contrapõe dire­
tamente à proposta da análise do comportamento), onde defende justamente a 
liberdade que o aluno deve ter no seu processo de aprendizagem.
Se considerássemos esta liberdade somente a eliminação dos agentes 
controladores aversivos. estaríamos de acordo com a proposta de Skinner, o 
problema é quando verificamos que o significado da palavra liberdade para 
Rogers, implica também em um abandono de qualquer tipo de planejamento ou
programação de atividades. Isto bate de frente com as idéias de Skinner, fato que 
foi responsável por uma certa repercussão desta discussão tão polêmica frente 
ao assunto. Tais claras e duras divergências entre estes renomados autores da 
época até renderam a publicação de um outro livro especifico ao tema - Skinner 
X Rogers: maneiras contrastantes de encarar a educação - (Milhollan, 1972), e 
muitos questionaram qual destes modelos seria mais adequado para resolver 
mais eficientemente o problema atual enfrentado pela educação.
Justamente para tentar responder esta, e também algumas outras ques­
tões, este trabalho foi pensado. Aproveitando-se do referencial teórico da aná­
lise do comportamento decidiu-se avaliar algumas das principais atividades 
de ensino utilizadas no atual contexto educacional, sob uma perspectiva da­
queles que são os maiores interessados: os próprios alunos.
Que fique claro que quando falamos ‘'principais atividades de ensino”, 
estamos tomando como referencial aquelas atividades que são frequentemente 
utilizadas no curso de Psicologia da UFMG (local de realização da pesquisa), 
mas que, de certa forma, cremos que representam algumas das mais comuns 
atividades de ensino empregadas no contexto educacional. Para tal avaliação 
os alunos fizeram uso da principal ferramenta existente dentro da abordagem 
comportamental, que é a análise de contingências, ou a então chamada contin­
gência de três termos (antecedentes, comportamento e consequências).
Vale a pena salientar que justamente por se tratar de uma análise feita 
pelos próprios alunos, e não havendo assim nenhuma garantia destas análi­
ses estarem certas ou não, o fator correção ou não das mesmas não obstruiu 
o objetivo desta pesquisa. Foi dado um valor maior à história ambiental de 
cada sujeito para enriquecimento qualitativo do trabalho. E devido ao então 
grande número de variáveis envolvidas (ou em qualquer outra análise de 
atividades do ensino de forma gerai) e a grande dificuldade metodológica em 
isolar estas variáveis, optou-se fazer deste trabalho apenas um recorte de 
uma situação em uma instituição de ensino, sendo que seus resultados de­
vem ser analisados com cautela, afim de se evitar imprudentes generaliza­
ções para outros contextos.
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INDEX 
BOOKS 
GROUPS 
 
 
Feitas essas pontuações, este trabalho visou,mais especificamente, 
responder as seguintes perguntas: como os alunos do curso de Psicologia da 
UFMG avaliariam, de uma forma geral, as atividades de ensino?; quais seriam 
as principais falhas encontradas?; o que estaria mantendo a persistência 
nestas falhas? haveria alguma relação entre o maior e o menor planejamento 
das atividades e sua eficácia? As nossas hipóteses eram que os alunos, atra­
vés das análises de contingências, reconheceriam a ineficiência das ativida­
des de ensino; eles conseguiriam apontar suas principais falhas; eles tentari­
am achar as possíveis causas da continuidade do seu emprego; e eles encon­
trariam alguma relação entre o maior planejamento da atividade e a maior 
eficiência do aprendizado.
M etodologia
■ C o n t e x t o
Foi utilizado o contexto das aulas da disciplina “Análise Comportamental 
do Ensino”, matéria optativa do curso de Psicologia da UFMG (Universidade 
Federal de Minas Gerais), ministrada pela Professora/Doutora Adélia Maria 
Santos Teixeira, durante todo o período do 2o semestre letivo de 2002.
■ S u j e it o s
Participaram deste trabalho 44 estudantes do curso, todos eles devida­
mente matriculados na disciplina. Não houve qualquer tipo de seleção prévia 
destes alunos ou mesmo fornecimento de informações sobre a realização da 
pesquisa anteriormente à matrícula (surgimento e comunicação posterior da 
idéia de realização da mesma, com aprovação dos mesmos). Por se tratar de 
uma disciplina optativa haviam alunos de diferentes turnos do curso e de 
diferentes períodos (a partir do 6o , até o 10°). Mesmo se tratando de uma 
disciplina da área comportamental e não obrigatória, vale ressaltar que a 
preferência por abordagem teórica entre os alunos matriculados era bem di­
versa, uma vez que a grade de opções de disciplinas optativas ofertadas pelo 
curso encontrava-se reduzida e muitos deles a escolheram por outros motivos 
que não só interesse.
■ P r o c e d im e n t o
Foi solicitado aos alunos para se organizarem em grupos de 3 à 6 
alunos, e que fosse escolhido entre eles, uma entre as mais variadas
atividades de ensino conhecidas. O grupo teria então, como atividade 
principal, fazer análises funcionais destas atividades, apontando então as
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7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
 
 
 
INDEX 
BOOKS 
GROUPS 
 
 
prováveis qualidades e deficiências de seu emprego. Deixou-se razoavel­
mente livre a apresentação e construção do trabalho, mas salientou-se a gran­
de importância das análises de contingências (antecedentes, respostas e 
consequências) para a realização do mesmo. Foram escolhidas as datas mais 
convenientes para os grupos e deu-se início às apresentações, mais ou me­
nos semanais.
• I nstrumento
Foi utilizado o conteúdo escrito dos trabalhos, bem como eventuais 
trechos orais das apresentações em sala de aula, e discussões entre os alu­
nos e entre alunos e professora dentro da sala. Ressalta-se que as análises de 
contingências das atividades de ensino foram feitas a partir de observações 
não sistemáticas baseadas na própria experiência dos alunos com as ativida­
des analisadas.
R esultados
Ao fim do curso, haviam se formado um total de 10 grupos, cada um 
tendo escolhido uma atividade de ensino. Foram elas: apresentação de semi­
nário, debate intra-classe, fichamento de texto, aplicação de prova, aula 
expositiva, observação de entrevista, utilização de recursos audiovisuais, exi­
bição de filmes, construção de projeto de pesquisa e atividades no laboratório.
Conforme esperado, a liberdade dada para entregar os trabalhos fez 
com que cada grupo os apresentasse com um conteúdo e formato diferentes. 
Isso causou uma previsível maior dificuldade em organizar os dados, mas 
aumentou a riqueza dos mesmos. Convém notar também um número razoável 
de erros nas análises de contingências, os quais serão discutidos posterior­
mente.
' Análise de contingências:
Apresentação de Seminário
Antecedentes Respostas Conseqüências
- Número excessivo de 
alunos; querer menos 
trabalho.
- Professor propõe 
seminário.
-Alunos aceitam 
sugestão.
-Afinidade entre 
alunos; aproximação 
da data.
-Alunos formamos 
grupos.
-Grupo formado.
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INDEX 
BOOKS 
GROUPS 
 
 
- Grande n° de páginas; 
tempo curto.
-Divisão do texto em 
partes.
-Omissão de algum 
conteúdo.
-Planejamento da 
apresentação.
- Estudo de sua parte 
apenas.
- Esforço menor.
-Desconhecimento de 
partes do texto.
- Apresentação “filtrada". - Fragmentação do 
conhecimento.
-Achar queocolega não 
vai saber que terminou
- Sinalização para colega 
começar trabalho.
- Percepção de todos 
que o trabalho não foi 
feito em grupo.
-Término da 
apresentação.
- Teedback’“ do professor. - Avaliação positiva ou 
negativa.
Debate Intra-classe
Antecedentes Respostas Conseqüências
- Não ter lido o texto; 
não se interessar pelo 
assunto; não saber 
expor e sustentar idéias; 
história ave rs iva 
(críticas).
-Sair de sala; chegar 
atrasado; dormir; ficar 
calado; conversar 
paralelamente sobre 
outros assuntos.
- Evitar tema 
desinteressante; 
descansar; fazer algo 
mais reforçador.
- Estar com dúvidas; 
querer fazer um 
comentário; ser tímido; 
fatta de oportunidade 
para perguntar.
- Conversar 
paralelamente sobre o 
tema do debaíe.
-Troca produtiva de 
idéias.
-Ter lido o texto;ter 
interesse peto assunto; 
querer confirmação de 
um raciocínio; querer 
aprovação dos outros.
- Fazer perguntas, 
comentários; apresentar 
respostas.
- Aprovação do professor 
e colegas; obter 
respostas das questões, 
gerar outras perguntas, 
argumentos ou idéias.
-Ter sido criticado ou 
ironizado
anteriormente; levar a 
discussão para o lado 
pessoal; não aceitar 
outros pontos de vista.
- Exaltação. - Esquivar-se de situação 
aversiva; tumultuar 
debate.
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INDEX 
BOOKS 
GROUPS 
 
 
Fichamento de Texto
Antecedentes Respostas Conseqüências
- Fichamento não valer 
nota ou valer pontos 
insignificantes; 
informação de que o 
professor não os 
corrige.
- Não fazer o 
fichamento.
- Economia de 
tempo.
-Todosterem recebido a 
mesma nota no 
fichamento anterior; não 
saber fazê-los 
corretamente.
-Fazer fichamento 
incompleto, mal feito ou 
copiar do colega.
- Economia de esforço.
- Informação de que o 
professor recolhe e 
corrigefichamentos; 
pontuação significativa 
para atividade; história 
do aluno em estudar 
pelo fichamento.
-Fazer ficha mento 
bem feito.
-Aluno aprende ou 
fixa a matéria; boa 
nota e
reconhecimento do 
professor.
Aplicação de Prova
Antecedentes Respostas Conseqüências
- Prova marcada. -Alunoestudabastante. - Boa aprendizagem e boa 
nota na prova.
-Prova marcada. -Aluno estuda de forma 
generalizada e sem 
profundidade.
- Nota razoável em 
provas fáceis.
-Falta às aulas, 
desmotivação e 
obrigatoriedade da 
atividade.
- Aluno estuda na véspera. - Aprendizagem e nota 
mediana.
-Aluno assiste todas as 
aulas e estuda com 
antecedência.
-A lunofazaprova. - Boa nota e boa 
aprendizagem.
- Mal preparo do aluno. -Aluno “cola'’. - Boa nota sem 
necessidade de 
aprendizagem.
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INDEX 
BOOKS 
GROUPS 
 
 
Aula expositiva
Antecedentes Respostas Conseqüências
-Considerar alunos 
enquanto audiência.
-Tatoseintraverbais. - Atenção e
concordância dos alunos.
-Apresentaçãodo 
conteúdo por fala do 
professor.
- Atenção e 
questionamentos.
-Aprender conteúdo ou 
chamar a atenção do 
professor.
-Apresentação do 
conteúdo por falado 
professor.
-Sono. -Descansarou provocar 
o professor.
Observação de Entrevista
Antecedentes Respostas Conseqüências
-Interesse nas 
informações do 
modelo; identificação 
como modelo; 
reforça mento passado 
em imitar modeios.
- Prestar atenção no 
entrevistador.
- Facilitação da 
aprendizagem do 
comportamento; 
participação na 
discussão; aprovação do 
professor.
- Falta de interesse nas 
informações do 
modelo; não 
identificação com o 
modelo; punição 
passada em imitar 
modelos.
- Não prestar atenção no 
entrevistador.
-Aprovação na disciplina.
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INDEX 
BOOKS 
GROUPS 
 
 
Utilização de Recursos Audiovisuais
Antecedentes Respostas Conseqüências
-Apresentação visual 
de estímulos verbais.
Comportamento - de 
atenção ou de cópia.
-Aprovação do 
professor e colegas: 
aprendizagem do 
conteúdo; evitar situação 
aversíva.
-Apresentação visual 
de estímulos verbais.
- Conversar, estudar outra 
matéria, sair de sala, etc.
- Evitar assunto chato, 
repetido, superficial ou 
complexo demais.
- Escrever, desenhar 
ou apagar o quadro 
negro.
- Comportamento de 
distração.
-Evitar estimulação 
aversiva; aliviartensão.
-Tampar parte da 
lâmina do retroprojetor 
comumafoiha.
- Comportamento de 
observação de menos 
estímulos visuais.
-Maiorfocalizaçãodo 
estímulo e menor 
distração.
- Exibição no DataShow 
de esquemas móveis, 
animações, sons, etc.
- Acompanhar alterações 
de estímulos visuais e 
auditivos.
- Fortalecimento do 
comportamento de 
atenção.
Exibição de Filme
Antecedentes Respostas Conseqüências
-Afinidade com o tipo 
de filme; relaxamento; 
sinalização de atividade 
diferente.
-Atenção; silêncio; 
emocionar-se.
-Entendimento da 
matéria; ampliação do 
repertório; reflexão.
- Cansaço ou sono; 
filme já visto; 
possibilidade de 
alugar o filme depois.
- Dormir; conversar; fazer 
outras atividade; ir 
embora; criticar.
-Esquiva do assunto e 
do professor.
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INDEX 
BOOKS 
GROUPS 
 
 
Construção de Projeto de Pesquisa
Antecedentes Respostas Conseqüências
-A escolha do tema é 
feita pelo professor.
-Aluno estuda o tema. - Nenhum esforço em 
pensar um tema.
-A escolha do lema é 
feita pelo aluno.
-Aluno estuda o tema. - Maior interesse em 
estudar.
-Alunos interessados. - Maior orientação do 
professor.
-Aperfeiçoamento
profissional.
-Aiunos
desinteressados.
-Menor orientação do 
professor
-Maiortempo livre.
Atividades no Laboratório
Antecedentes Respostas Conseqüências
- Instruções sobre a 
aula prática.
-Anotar, ouvir, tirar 
dúvidas.
- Ficar preparado para 
o exercício.
- Sinalização para 
começarem.
- Pegar ratos no biotério. - Rato recolhido.
-Alunos na cabine 
experimental.
- Preparar caixa de 
Skinner.
- Rato dentro da caixa.
-Início da atividade. - Observar, cronometrar e 
registrar dados.
-Possuirdados para 
relatório.
-Fim da atividade; 
término do tempo.
- Retirar rato da caixa de 
Skinner.
- Esquiva; rato retirado.
-Rato na gaiola. - Levar rato para 
biotério.
- Rato devolvido.
-Professor relaciona 
dados com teoria.
-Alunos mostrando 
registros. - Interesse dos alunos.
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INDEX 
BOOKS 
GROUPS 
 
 
Principais falhas apontadas pelos alunos:
Apresentação de Seminário: limitação de conhecimento dos apresentadores; 
pouca didática.
Debate intra-classe: dificuldade de condução; inibição de pessoas mais 
tímidas.
Fichamento de Texto, atividade cansativa e monótona; improvável correção 
do professor.
Aplicação de Provar, diferença de critérios avaliativos por professor; espaço 
longo entre o aprendizado e sua verificação; validade questionável.
Aula expositiva: desrespeito de ritmos individuais de aprendizagem; pouca 
participação dos alunos.
Observação de Entrevista: não identificação com o modelo; passividade dos 
alunos.
Utilização de Recursos Audiovisuais: necessidade de estrutura material e 
técnica para uso; custo mais elevado.
Exibição de Filme: não clareza do conteúdo a ser aprendido; filme ruim ou já 
visto.
Construção de Proieto de Pesquisa: restrição da escolha do tema; 
obrigatoriedade da atividade.
Atividades no Laboratório: exioência de bom espaço e aparelhagem; maior 
demanda por monitores.
DiscussAo
Mesmo se tratando de uma pesquisa descritiva, esta quantidade de 
dados nos permite fazer algumas ponderações sobre o trabalho.
Seguindo pela ordem das principais perguntas que motivaram esta 
pesquisa, pôde-se notar claramente uma autocrítica geral dos alunos em ques­
tão frente à eficiência das atividades de ensino. Em todos os trabalhos ficou 
evidenciado o alto número de comportamentos que são indesejáveis ao pro­
cesso de aprendizagem, principalmente quando comparados com o número 
daqueles que seriam de interesse para o ensino.
As principais falhas apontadas pelos alunos, que estão presentes em 
quase todos os trabalhos foram: o desinteresse e a baixa motivação frente aos 
conteúdos presentes na aplicação das atividades que, inevitavelmente, não 
agradam a todos da classe; a padronização de datas e horários que não
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7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
 
 
 
INDEX 
BOOKS 
GROUPS 
 
 
respeitam estados de humor individuais e que disputam claramente com vári­
os estímulos concorrentes; a falta de um maior planejamento das atividades 
que não garantem o aprendizado (alunos muito passivos).
As tentativas de identificar o que manteria estas falhas nâo obtiveram 
grande êxito, uma vez que muitas das análises também não foram tão refina­
das. Além da limitação de algumas análises, foi comum, a muitos alunos, 
confundir consequências gerais de uma ação, com aquelas que teriam algu­
ma relação de controle com o comportamento. Mas, basicamente, as razões 
apontadas que justificariam a manutenção destas falhas foram: economia de 
tempo, trabalho e recursos para o professor e para a instituição de ensino (o 
que acaba se refletindo também para o aluno).
O dado talvez mais importante é que apenas as atividades em labora­
tório apresentaram uma direção inversa das evidências gerais deste estudo. 
Os comportamentos desejáveis ao ensino eram a grande maioria, os alunos 
gostavam mais das atividades e as falhas apontadas referiam-se, quase to­
das, à uma precariedade dos materiais utilizados (fator específico ao local em 
questão). Talvez por possuir uma tradição científica, o laboratório consiga 
manter uma boa ordenação das atividades com um espaço menor para inter­
ferência de outras variáveis. Aíém disso essa é uma atividade diferente, que 
mantém o aluno se comportando a maior parte do tempo na direção visada.
Apesar da simplicidade dos dados e da presença de um número razo­
ável de erros nas análises, estas considerações mostram-se ainda válidas 
uma vez que nos permitiram ter um acesso satisfatório à algumas das condi­
ções ambientais que os alunos estão expostos, além de nos fornecerem mar­
gem para a realização de novas pesquisas mais elaboradas no futuro.
C onclusões
Podemos concluir que este trabalho encontra-se de acordo com as 
propostas da análise do comportamento sobre educação. O distanciamento 
de um tipo de ensino planejado e de modelos deatividades programadas (ou 
contingenciadas) conforme propostas por Skinner (1968), acabam por resul­
tar no que já vimos e continuamos vendo dentro das instituições de ensino: 
desperdício de tempo e recursos em atividades que promovem baixíssima 
efetividade na aprendizagem dos alunos.
Algumas publicações tais como: o livro de Holland e Skinner (1961), a 
experiência relatada por Keller (1968) ao implantar este molde de ensino no 
departamento de Psicologia da Universidade de Brasília, o trabalho de Teixeira 
(1983, 2002) em uma pré-escola, apontam para o grande sucesso que o 
domínio desta tecnologia comportamental pode proporcionar também na área 
educacional.
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INDEX 
BOOKS 
GROUPS 
 
 
A qualidade do ensino programado é inquestionável "os críticos da 
instrução programada nunca argumentam que ela não ensine.” (Teixeira, 2001). 
O desconhecimento desta tecnologia de ensino pelas instituições, faz com 
que a educação deixe muito à desejar e consolida concepções ultrapassadas 
da aprendizagem em sua longa história cultural.
Uma atividade programada permite a maior individualização da ensi­
no, respeitando assim, um pouco mais, os limites dos interesses e velocidade 
em aprender de cada aluno. Segundo Teixeira (2000) ‘As disposições genéti­
cas e a degeneração ou deterioração orgânicas constituem os únicos limites 
impostos à programação de contingências de reforçamento orientadas para o 
ensino”, (p.86). Retirados estes limites, a programação do ensino poderá su­
perar os mais duros desafios ambientais, promovendo uma concordância bem 
mais próxima entre os interesses das agencias educacionais e dos alunos.
Não há como esperar bons resultados de modelos que pretendem pa­
dronizar a aprendizagem de uma turma com 30 ou 40 alunos em um tempo 
também inflexível. O máximo que se consegue com esse sistema é um grande 
número de resultados medianos dentro da classe e pequenos grupos de alu­
nos em grande descompasso com a maioria. Os bons resultados muitas ve­
zes independem de um verdadeiro mérito da técnica utilizada. Isso nos leva a 
questionar o verdadeiro valor do atual método de ensino, sendo que nos é 
apresentado um outro que sugere obter um resultado de 100% na aprendiza­
gem geral de cada aluno e em um tempo significativamente menor.
Para tal, é claro que são necessários esforços que permitam sua 
concretização e que, de certo, não são tarefas fáceis. O ensino programado, 
no mínimo, demandaria uma quantidade maior de recursos para sua implan­
tação e talvez posterior manutenção, além de modificar radicalmente a função 
do professor, que passaria de simples “transmissor" para “construtor” , “revi­
sor" e debatedor do conhecimento (Skinner, 1989).
A questão da liberdade é outro ponto que toca esta discussão e que 
aflige muitos críticos à teoria comportamental,. Segundo eles, este sistema de 
ensino restringe o direito dos alunos de “pensar livremente ou criativamente". 
Discutindo as controvérsias sobre controle e liberdade Skinner (1971} diz: “(...) 
embora o comportamento seja inteiramente determinado, é melhor que o ho­
mem “se sinta livre” ou que “acredite ser livre.” (p.35) “O controle seria nitida­
mente o antônimo de liberdade, e se a liberdade é boa, o controle deverá ser 
ruim" (p. 36).
Erroneamente os críticos do ensino planejado, generalizam a proposta 
da análise do comportamento com práticas de controle aversivas comuns na 
história de nossa sociedade. Quando o controle se dá em outras áreas (como 
na medicina, engenharia ou outras ciências) ele obtêm reconhecimento e
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INDEX 
BOOKS 
GROUPS 
 
 
sucesso, mas quando passamos à áreas sociais ou “humanas” este mesmo 
controle é visto com maus olhos, Tudo isso fruto de uma herança cultural de 
grande diferenciação e mistificação do homem. De acordo com a presente 
abordagem, o comportamento humano é regido por leis como os demais even­
tos da natureza, e assim como eles, podem e devem ser estudados e contro­
lados visando sempre o maior domínio ambiental e a maior efetividade.
As atividades de ensino não fogem à esta regra e, inevitavelmente, 
estão associadas à algum tipo de direcionamento ou controle cultural (o que 
de certa forma já é responsável por uma certa restrição daquilo que então 
chamam de '‘liberdade”). Fato este que não implica este controle ser ruim ou 
obstruir ocorrências de reflexão ou criatividade. Este controle é escolhido como 
o mais benéfico à nossa cultura, e, igualmente a qualquer outro comporta­
mento, aqueles então chamados de ‘reflexivos" ou criativos” podem também 
ser melhor pesquisados e treinados para sua melhor utilização.
Um posicionamento oposto e inconsequente de radicalismo de movi­
mento de liberdade e quebra de quaisquer planejamentos ou direções pode 
conduzir à condutas graves anti-sociais e grandes confusões, demora ou ine­
ficiência na aquisição de conhecimento. Uma alternativa plausível é fazer do 
ensino uma tecnologia eficaz e controlada, que realmente ensine, e que per­
mita aos alunos escolherem aquilo que querem aprender: este seria o verda­
deiro movimento em prol da liberdade. Skinner (1971) escreve “(...) para tornar 
o ambiente social tão livre quanto possível dos estímulos adversos, não preci­
samos destruir este ambiente, nem fugir dele; precisamos replanejá-lo” (p.37).
Esta é uma posição da análise do comportamento e que, de longe, sai 
dos extremismos de posturas que pregam liberdade excessiva (sem nenhum 
planejamento) ou de posturas alienantes (com planejamentos coercitivos). 
Além disso, com certeza, esta apresenta-se como uma alternativa muito mais 
próxima deste ponto de equilíbrio do que nosso atual sistema (ainda altamen­
te punitivo e autoritário). Não se pode simplesmente querer abandonar ou 
restringir o domínio da tecnologia da pedagogia e aprendizagem em função 
de um mau uso do conceito de liberdade. Isto acaba retirando o homem de sua 
história de reforçamento e contato com as contingências ambientais para 
recolocá-lo novamente ao lado de um poder criador, fato este que nos faz 
regredir aos molde mais antigos de produção de conhecimento.
Este estudo se propôs exatamente à mostrar algumas das conseqüên­
cias indesejáveis do uso de atividades mal planejadas e o maior sucesso e 
motivação dos alunos frente ao êxito em atividades de maior planejamento. 
Sua extensão à situação geral do ensino deve ser precavida mas, como vi­
mos, outros estudos já apontam para esta mesma direção e outros provavel­
mente também o mostrarão no futuro.
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Esperamos que nossa cultura possa dar um bom salto na educação 
assim como todas as demais ciências o fizeram ao longo de suas histórias. A 
proposta de uma ciência não é, de certo, a única alternativa para o desenvol­
vimento de diferentes formas de conhecimento, mas talvez seja a proposta 
mais próxima daquilo que a educação pretende nos fornecer: um grau de 
excelência na aprendizagem.
R eferências B ibliográficas
Holland, J.G. & Skinner, B.F. (1961}. A análise do comportamento. São Paulo: Herder
Keller, F.S. (1968). Adeus mestre! Revista brasileira de terapia comportamentalecognitiva, 
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Sidman, M. (1989). Coerção e suas implicações. São Paulo: Livro Pleno.
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no ensinar, na emoção e no questionamento clínico - voi 5. Santo André: ESETec 
Editores Associados.
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Guilhardi et al. (org.), Sobre comportamento e cognição - Expondo a variabilidade - 
vol. 7. Santo André; ESETec Editores Associados.
Teixeira, A.M.S. (2002). A individualização do ensino em uma pré-escola: uma intervenção 
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portamento-Conhecer e avançar- vol. I. Santo André: ESETec Editores Associados.
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O C o n t e x t o d o P r e s ta r S e r v iç o s n a C l ín ic a 
COMPORTAMENTAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL1
Marco Antonio Amarai Chequer1 
João Carlos Muniz Martinelli5
Antes de iniciar a discussão sobre a relação entre a prestação de ser­
viço clínico e responsabilidade social é importante alguns prévios esclareci­
mentos acerca do tema proposto. Em primeiro lugar, a prática clinica 
comportamental discutida no presente texto é baseada nos pressupostos da 
filosofia behaviorista radical. Em segundo, não foi possível acesso, na literatu­
ra em análise de comportamento, de um conceito de responsabilidade social, 
o que levou ao autor uma certa liberdade na formulação e emprego do termo.
Estabelecer uma relação entre comportamentos emitidos num contex­
to de atuação profissional e seus efeitos no ambiente social sob o rótulo de 
“responsabilidade social” não é uma tarefa fácil. Primeiro, porque os critérios 
que cada um de nós temos para categorizar uma prática como “responsável" 
não são consensuais e implicam, em parte, num julgamento pessoal. Segun­
do, ao unirmos a prática responsável com o advérbio ‘'social'’ estamos qualifi­
cando e nomeando que os efeitos “responsáveis” ocorreram num ambiente 
coletivo, já pressupõe a presença de múltiplas variáveis. Mas como podemos 
estender os efeitos de uma prática clinica que ocorre, predominantemente, 
em consultório e de forma individualizada ao contexto social ?
Palestra apresentada na Mesa Redonda “A prática do Analista do Comportamenio em Diferentes 
Conlextos e Responsabilidade Social”, durante a IV Jornada Mineira de Ciência do Comoortamenlo, 
16 e 17 de Agosto de 2003.
2 Professor Adjunto da Universidade Vale do Rio Doce. Governador Valadares - MG. Pesquisador do 
Núcleo de Estudos em Análise do Comportamento e Prática Cultural. Mestre em Psicologia Experi­
mental: Análise de Comportamento pela PUC-SP.
2 Professor Adjunto da Universidade Vale do Rio Doce. Governador Valadares - MG. Pesquisador do
Núcleo de Estudos em Análise do Comportamento e Prática Cultural. Mestre em Psicologia Clinica
pela PUC-Campinas.
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A resposta a tal pergunta implica em analisar que processos ocorrem 
na relação terapeuta-cliente e como esta relação pode gerar compromisso 
social no cliente.
• No contexto clinico, o profissional está a serviço de um interlocutor que 
lhe apresenta uma classe de relatos que se caracteriza como um proble­
ma a ser analisado. Cabe ao profissional identificar ou levar seu interlocutor 
a identificar e colocar sua habilitação a serviço do encaminhamento de 
soluções. Pensando desta forma, a avaliação e intervenção partem do 
problema colocado pelo interlocutor, tem como meio a produção de alter­
nativas de solução e, como fim, sua eficácia em gerar contingências não 
coercitivas nas interações sociais do cliente. Se isto ocorrer, ter-se-á ca­
racterizado como uma adequada prestação de serviços “responsável” 
pelos efeitos produzidos no ambiente externo à terapia.
O terapeuta, no exercício de sua função, estabelece contingências 
verbais, principalmente, aquelas relacionadas à evocação de eventos priva­
dos da vida pessoal do cliente e interage, a partir daí, como uma comunidade 
verbal qualificada, consequenciando de forma diferencial determinadas clas­
ses de respostas do cliente ocorridas na relação terapêutica. Do ponto de vista 
metodológico, na terapia, dois parâmetros são analisados, por um lado, a 
relação terapeuta-cliente e suas conseqüências imediatas, a médio e longo 
prazo no repertório social do cliente, e por outro, as relações cliente-ambien- 
te social e seus ganhos psicológicos no contexto da vida cotidiana.
A relação terapeuta-cliente é considerada em análise do comporta­
mento, um dos meios para avaliação e intervenção na terapia. Os comportamentos 
dinicos do terapeuta são as ferramentas que possibilitam a ocorrência; manuten­
ção e modificação de classes de comportamentos do cliente clinicamente relevan­
tes (CRB’s) ocorridos no contexto terapêutico (Kolenberg & Tsai, 1991),
Como estratégia para possibilitar a ocorrência de CRB’s, e 
consequentemente ter acesso aos “comportamentos-problema" do cliente, o 
terapeuta procura atuar sobre informações verbais, buscando evitar ou eliminar 
contingências coercitivas, e a partir daí formular suas hipóteses clínicas que ao 
longo do tempo deverão ser testadas e verificadas nos seus efeitos, estabele­
cendo um contínuo entre processo de avaliação e intervenção.
Martinelli e Chequer (2004), apontam que seria mais adequado des­
crever a ocorrência de relações terapêuticas, uma vez que as modificações 
de comportamento só são possíveis na medida em que as pessoas do ambi­
ente social do cliente e com quem este estabelece relações sociais, modifi­
quem seus repertórios ao lidar com o cliente, em função das alterações 
comportamentais iniciadas no contato do cliente com o terapeuta. Por sua vez, 
modifica-se o comportamento do cliente e daqueles com quem este se relaci­
ona, portanto, a responsabilidade do terapeuta se estende às interações soei-
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ais do cliente. Como não é apenas o cliente que modifica seu comportamento, 
é preciso que o terapeuta inclua na avaliação comportamental três níveis de 
análise: A relação terapeuta-cliente; a relação terapeuta-cliente-comunidade 
e relação terapeuta-cliente-práticas culturais, esta última se referindo às mu­
danças das práticas comportamentais individuais e coletivas decorrentes da 
intervenção terapêutica direta ou indiretamente no ambiente do cliente, em 
função de seus comportamentos emitidos. A questão da ética profissional se 
estende além dos comportamentos do clínico dirigidos ao cliente para o seu 
grupo de referência.
A consideração da situação de trabalho de um terapeuta em relação ao 
seu cliente é baseada na utilização de seu conhecimento teórico, sua história 
de prática clínica e um quadro metodológico que possibilita discriminar pa­
drões e estabelecer estratégias terapêuticas e com isto, intervir funcionalmen­
te nas variáveis que julga necessário. Ele tem, nesse processo de formulação, 
pelo menos três elementosimportantes:
1 - hipóteses formuladas sobre variáveis que mantêm ou impedem a emis­
são de determinados comportamentos identificados como ausentes ou 
presentes no repertório do cliente (déficits, excessos e acertos 
comportamentais);
2- o estabelecimento de estratégias sobre quais procedimentos 
terapêuticos serão mais eficazes; seus efeitos nas interações 
estabelecidas com o repertório do cliente, e existência de seguimento 
de ações adequadas para lidar com a diversidade de situações origi­
nadas na interação com um ou vários clientes;
3- e um referencial teórico-conceitual que lhe oferece regras e instrumen­
tos para a análise e intervenção nas contingências da qual faz parte na 
vida pessoal e sobre as quais a sua formação clínica comportamental o 
expõe, na forma de modelos de análise, de investigação e de aplica­
ção, como o uso de interpretações e de sistemas de medida (categorias 
de registro e de análise).
O terapeuta, tendo em mãos pelo menos esses três requisitos, formula 
suas estratégias de atuação, suas análises, intervenções e efetua a testagem de 
suas hipóteses. Nesse sentido, um bom analista do comportamento estará base­
ado não em critérios lógicos de verdade ou falsidade, mas em funcionalidade.
Por outro lado, as relações cliente-ambiente social são o locus das 
variáveis ambientais responsáveis pelo repertório do cliente e que interessam 
à formulação de hipóteses e análise clinica comportamental. A história de 
interação do cliente com as pessoas significativas, com aspectos do ambiente 
físico, social e biológico são de interesse primário para a formulação do caso 
clínico em análise. Considerar as relações com os antecedentes e conseqü­
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ências sociais, estabelecidas ao longo da história pessoal, como ponto cen­
tral da análise é uma especificidade da análise de comportamento.
Uma prestação de serviços clínico “responsável", como dito anterior­
mente, extrapola a queixa apresentada inicialmente pelo cliente, geralmente 
respaldada no seu desconforto individual, a uma dimensão social e tem como 
foco a busca de generalização dos resultados agora dirigidos às relações 
cliente-ambiente social.
Entretanto, como as intervenções ou encaminhamentos ocorrem, ge­
ralmente, num contexto de interlocução privado entre terapeuta-cliente, como 
poderíamos praticar “responsabilidade social" e terapeutizar o mundo público 
do cliente?
A estratégia de não restringir os efeitos da terapia, necessariamente, 
ao ambiente clínico nos remete a pensar que as dificuldades do cliente inclu­
em, na grande maioria das vezes, aspectos da vida de muitas pessoas e seus 
comportamentos e o manejo de situações sociais em relação à modificação 
ou seguimento de regras mais amplas e/ou específicas às relações de con­
vivência. Nesse sentido, os sucessos das avaliações e intervenções do 
terapeuta devem estar condicionados à crença de que o efeito da prática 
terapêutica deve estar estritamente relacionado aos benefícios sociais alcan­
çados com o produto desta atividade (Baer, Wolf & Hisley; 1968). Os procedi­
mentos terapêuticos devem contemplar os efeitos resultantes do comporta­
mento do cliente nas pessoas que vivem no sei ambiente social.
Este critério de “benefício social” pode ser alcançado por meios diretos e 
indiretos. O meio direto refere-se à eficácia da terapia, quando os benefícios são 
primeiramente alcançados na relação terapeuta-cliente numa direção pretendi­
da, e indireto, quando relatos de mudanças nos sentimentos e nos comporta­
mentos sociais emitidos, sua consistência no tempo (manutenção), extensão 
nos ambientes (generalização) e variação comportamental observada (variabi­
lidade comportamental) forem freqüentes na vida cotidiana do cliente e com 
relação às pessoas com as quais se relaciona no seu ambiente social.
Mas um cuidado deve ser tomado, pois a satisfação do cliente pode ser, 
exclusivamente pelo bem estar pessoal, não incluindo o critério de “benefício 
social" Pensar a extensão dos efeitos da terapia na sociedade implica na 
compreensão de que ao prestar serviço clinico individualizado o terapeuta 
está diante de parte do contexto social do cliente que, por sua vez, age direta­
mente, sem mediações, na construção do mundo em que vive. Essa perspec­
tiva nos leva a entender que, na verdade, ao atender o cliente, o terapeuta 
está de fato produzindo contingências que serão partilhadas por todo o uni­
verso de relações estabelecidas por ele, alterando contingências que devem, 
na medida do possível, estar sob seu conhecimento, tornando-se mediador
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das contingências de todo o contexto. Além de participar como uma nova 
contingência, muitas vezes o terapeuta concorre com as já existentes, no am­
biente social do cliente.
Essa visão molecular da aplicação da análise de contingências no 
contexto clínico está presente nos textos de princípios básicos de análise do 
comportamento, como no livro de Keller e Schoenfeld (1950/19664), em que o 
objeto da Psicologia é abordado a partir do conceito de relação com o ambien­
te. Em suas palavras, “os psicólogos estudam o comportamento em suas 
relações com o ambiente”, e complementam dizendo que:
“...0 comportamento isolado do meio em que ocorre, dificilmente poderia 
ser objeto de uma ciência. Imagine-se, por um momento, o absurdo que seria uma 
fita que registrasse todo comportamento de um organismo, do nascimento até a 
morte, e em que todas as indicações do mundo em que ele vive estivessem 
cuidadosamente apagadas!... (p. 16-17)
Observem que é dada ênfase à expressão “relações com” como o foco 
do interesse da psicologia no que diz respeito ao que deve ser analisado. Estas 
perspectivas relacionais, estendidas ao contexto terapêutico, reafirmam a análi­
se aqui proposta de que o terapeuta se torna uma nova contingência social na 
vida do cliente, sendo legitimamente uma importante variável a ser investigada.
No que tange à prática, Matos (1995) ao concluir o texto “Com o quê o 
behaviorista radica! trabalha” afirma que “a prática do analista de comporta­
mento é estudar contingências em seu efeito cumulativo sobre o desempenho 
dos organismos” (p.52). Esta afirmação, contextualizada na prestação de ser­
viço clínico, em análise de comportamento, nos faz pensar sobre a atuação 
dos terapeutas em garantir uma análise de contingências que além de eficaz 
para modificar alguns aspectos do comportamento do cliente, seja cuidadosa 
em selecionar no ambiente social comportamentos voltados para a sobrevi­
vência da cultura. É nesse sentido que a expressão “responsabilidade social" 
aparece como uma classe de comportamentos capaz de promover um movi­
mento pessoal que ultrapasse os limites do bem estar individualizado, é como 
se estivesse dizendo que a partir da análise de contingências e não de com­
portamentos o cuidado com a construção das relações no ambiente vem em 
primeiro lugar, uma terapia "social".
Discutir "responsabilidade social” e análise de contingências do ambien­
te social do cliente remetem a uma questão de valor para a cultura, no sentido 
proposto por Glenn (1988), no qual o repertório individual responde a "contin­
gências comportamentais entrelaçadas" num contexto social da vida cotidiana.
Andery e Sério (1997) ao analisarem a noção de contingências 
comportamentais entrelaçadas (metacontingências) proposto por Glenn (1988),
4 Toda vez que aparecerem duas datas, a primeira refere-se à data originai da obra e a segunda à obra 
consultada.
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apontam que o comportamento ao responder a contingências entrelaçadas 
desempenha um duplo papel: o papel de ação e o papel de ambiente 
comportamental para a ação de outros.
Esta dupla funcionalidade adquirida pelo comportamento contribui para 
a geração de compromissos mais estreitos com o contexto social e cultural. Se 
por um íado, produzir consequências e ser modificado por elas é um dos pilares 
da construção de um homem ao estilo "análise do comportamento”, por outro, 
exercer o papel de ambiente para as outras pessoas nos leva a considerar o 
comportamento humano como uma das variáveis ambientais mais significati­
vas. Assim, ser responsável socialmente tem relação com o cuidar do ambiente 
do outro, cuidando do ambiente em que me produzo como ser social.
O cuidar no sentido aqui apresentado, tem relação com a perspectiva 
de que o cliente "aprende” que seus comportamentos afetam direta ou indire­
tamente o mundo em que vive e que em contrapartida ele é o ponto de conflu­
ência das contingências; exercer “responsabilidade social” torna-se uma ques­
tão de ganho pessoal de reforçadores. E comportamentos antes pouco rele­
vantes, como jogar papel em ambiente público, por exemplo, que soluciona 
uma situação imediata e ali se encerra, passa a ser visto como uma contingên­
cia para quem vai coletar, consistem em uma alteração no ambiente a ser 
partilhado por outras pessoas, além de afetar o ambiente enquanto fator de 
preocupação, já observado nos modelos atuais para o desenvolvimento sus­
tentável. Ao agir assim, aprendemos a ser mais cuidadoso que “reativos”, mais 
preventivos que “remediantes" e passamos a olhar para o mundo como um 
produto da ação do homem, nos sentimos indissociáveis a ele e destituímos a 
divisão arbitrária entre comportamento e ambiente.
Outro aspecto importante a ser considerado refere-se à discriminação de 
que a aquisição de habilidades de análise de comportamento leva terapeuta e 
cliente a exercerem papéis semelhantes no contexto social em que vivem, uma 
vez que cabe a ambos agir em sociedade, em seus espaços comportamentais, 
considerando como regra que a convivência cooperativa possui efeitos de valor 
para seu próprio bem-estar, sendo o que lhe dá sustentabilidade e possibilida­
des em continuar agindo em prol do bem estar coletivo.
Do ponto de referência da pessoa do terapeuta, estimular a prática do 
exercício da cidadania, do cuidado psicológico às pessoas significativas e da 
conquista de direitos sociais está intimamente ligado ao exercício clínico com 
“responsabilidade social”.
Um último aspecto a ser considerado se refere à crença de que um dos 
objetivos da terapia é “ensinar" o cliente a discriminar funcionalmente os con­
textos sociais como espaços produzidos também a partir de suas interações, 
sendo por isto necessário atuar sobre o mundo de forma socialmente respon-
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sável. E somar a esta crença a idéia de que não basta saber discriminar e a 
fazer algo, é preciso saber ensinar os outros como se faz. Esta concepção 
quer dizer que, numa terapia voltada para o ambiente externo ao consultório, 
não é suficiente tornar o cliente hábil para resolver problemas pessoais, mas 
habilitá-lo a utilizar os métodos eficazes no enfrentamento de problemas 
partilhando a busca de soluções com o seu grupo social, desta forma integran­
do à terapia os meios adequados para generalização e manutenção das mu­
danças pretendidas. O cliente se toma com isto um agente social na medida 
em que modifica não só seus comportamentos como os das pessoas que 
fazem parte de seu ambiente social.6
E para finalizar, aproveitando o atual momento político-social em que 
estamos vivendo, é como se estivesse dizendo 'Quem não multiplica o pão, 
não sacia a fome.”
R eferências
Andery, MA.P.A. & Sério, T.M.P (1997) O conceito de metacontingências: Afinal, a velha 
contingência de reforçamento é suficiente? Em Banaco, R. A.(org.). Sobre comporta­
mento e cognição: Aspectos Teóricos, metodológicos e de formação em Análise do 
Comportamento e Terapia Cognitivista. Santo André, SP: ESETec Edit. Assoe., 106-116.
Baer, M. D., Wolf, M. M. & Risley, T. R. (1968). Some current dimensions of applied behavior 
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Keller, F.S. & Schoenfeld, W.N. (1966) Princípios de Psicologia. Editora EPU, São Paulo, 
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Kohlemberg. R.J.&Tsai, M. (1991) Functional Analytic Psvchotherapy: Creating Intense 
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Gienn, S. (1988) Contingencies and Metacontingencies: Toward a Synthesis of Behavior 
Analysis and Cultural Materialism. The Behavior Analysí 11,161-179.
Martinelli, J.C.M. & Chequer, M.A.A. (2004) Ampliando o conceito de relação terapêutica 
sob a ótica das práticas culturais. (Texto em produção)
Matos, M, A. (1997) Com o que o behaviorista radical trabalha. Em Banaco, R. A.(org). 
Sobre comportamento e cognição: Aspectos Teóricos, metodológicos e de formação 
em Análise do Comportamento e Terapia Cognitivista. Santo André, SP: ESETec Ed. 
Assoe. 45-53.
5 0 efeito extensivo das mudanças comportamentais do cliente no ambiente físico e social além da 
díade terapeuta-cliente por si só constitui-se em objeto òe estudo para analistas de comportamento, 
entretanto, ainda é um objeto pouco explorado por estes profissionais. 0 que e quem é de fato 
modificado a partir do processo terapêutico é o que deve ser respondido (Martinelli & Chequer, 2004
- Ampliando o conceito de relação terapêutica sob a ótica das práticas culturais).
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A n á lis e das c o n t in g ê n c ia s d e u m c a s o c l In ic o 
d e T r a n s t o r n o O b s e s s iv o - C o m p u l s iv o 1
É rikLucadeM ello23
Contingência é entendida segundo autores da análise do comporta­
mento como: “qualquer relação de dependência entre eventos ambientais ou 
entre eventos ambientais e comportamentais” (de Souza, 2000 e 2001/1997; 
Catania, 1999; Skinner, 1980/1969}4. Na tentativa de explicar ou descrever um 
fenômeno comportamental, muitas vezes, contingência é apresentada em 
lugar de relação funcional.
Andery, Micheleto e Sério (2002 b) em análise de obras de Skinner de 
1931 e 1947 afirmam:
a expressão relação funcional parece se referir à atividade de descre­
ver o fenômeno em estudo e descrever envolve o estabelecimento, a descoberta de 
relações, não importando como estas relações foram identificadas ” (p. 153)
A definição acima parece se encaixar no uso que se fará do conceito 
de contingência no presente texto.
As mesmas autoras em outro artigo esclarecem que para a descrição 
de um evento comportamental, é preciso descrever um conjunto de, pelo 
menos, quatro relações (conforme Moore,1990):
1 O presente texto é uma versão escrita da fala intitulada "Do diagnóstico à análise de contingências: 
Reflexões sobre responsabilidade social a partir de um caso clínico’ apresentada na IV Jornada 
Mineira de Ciência do Comportamento: Análise do comportamento e Responsabilidade social. Belo 
Horizonte, 17 de agosto de 2003.
2 Consultório particuiar. Professor da Faculdade de Psicologia da Universidade de Rio Verde, Goiás. 
Para correspondência R: 131 # 54, Qd.40, Lt.36 - Jardim Presidente - Rio Verde - GO. Cep.: 75908- 
600. Endereço eletrônico: kirecalu@hotmail.com
3 O autor agradece aos comentários do professor Roberto Alves Banaco e à professoraAline Roberta 
Aceituno da Costa pela leitura, audição e sugestões para versões anteriores deste texto. Não obstante, 
assume total responsabilidade pelo conteúdo.
4 A primeira data refere-se à edição consultada, a segunda data, à edição da primeira publicação.
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a. as relações estímulo-resposta, características de reflexos básicos 
incondicionados;
b. as relações estímulo-estímulo, características de condicionamento 
respondente ou pavloviano respondente e que podem gerar novas rela­
ções estímulo-resposta, características, agora, de reflexos condicionados;
c. as relações resposta-estímulo, características do comportamento 
operante, e
d. as relações estímulo-resposta-estímulo, características da tríplice con- 
tingência."(2002 a, p. 153)
As quatro relações são entendidas na Análise do Comportamento como 
tipos de contingências as quais os organismos estão submetidos em situa­
ções experimentais ou na vida diária (de Souza, 2000). Como visto, analisar e 
descrever, segundo a literatura, são classes de respostas, muitas vezes, com 
funções semelhantes, uma vez que ambas dizem respeito ao fato de identifi­
car (separar) classes de eventos (classe de estímulos / respostas, por exem­
plo) que produzem outros eventos (classe de respostas / conseqüências, por 
exemplo). Este exercícío caracteriza o que a literatura chama de Análise Fun­
cional. Resumindo conforme Matos (1999): “uma análise funcional nada mais 
é do que uma análise das contingências responsáveis por um comportamento 
ou por mudanças nesse comportamento”(p.14).
O exercício pretendido com este texto é uma descrição de eventos 
ambientais e comportamentais que constituíram (configuram) um caso, enten­
dido pela área clínica como Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). O cui­
dado em usar a expressão “entendido pela área clínica” tem como base a 
discussão que aparece na literatura dos tipos distintos de análise, segundo os 
modelos médico, quase médico e da análise do comportamento (Banaco,
2001) e também da análise dos manuais de diagnóstico (como DSM e CID). 
Apesar da literatura classificatória e organizadora das doenças não ser adota­
da segundo a análise do comportamento (Cavalcante e Tourinho, 1998), o 
nome Transtorno Obsessivo-Compulsivo é utilizado para facilitar diálogos entre 
profissionais da área clínica ou, supõe-se, estar falando de comportamentos 
nomeados por TOC segundo alguns profissionais da saúde (neurologistas, 
psiquiatras e psicólogos). É importante esclarecer que por TOC entende-se 
um conjunto de ações realizadas por uma pessoa o que, segundo os terapeutas 
comportamentais, leva o nome de repertório comportamental. Tanto repertório 
quanto TOC no sentido de entes com vida própria, algum agente interno inici­
ador do comportamento que a pessoa tem ou comporta são rejeitados aqui. 
Como demais relações que os organismos aprendem ou são selecionadas 
pelo ambiente, repertório ou transtorno são relações entre eventos ambientais 
e comportamentais selecionadas na vida de cada organismo. É nesse sentido
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que repertório e transtorno são entendidos aqui. Quando não o forem assim 
entendidos é devido à busca de informações características da literatura mé­
dica ou cognitiva.
Um resgate na literatura apresenta parte da história do que hoje é 
chamado de TOC como síndrome obsessiva-compulsiva, estudada primeira­
mente por Esquirol, em 1838, e foi, por muitos anos, considerada uma das 
doenças mentais mais intratáveis (Barlow, 1999). Pessotti (2001/1999) em seu 
livro l,Os nomes da loucura" ao apresentar o trabalho de Ritti (1883) sobre a 
história da classificação da “loucura de dupla forma” que mais tarde veio a ser 
conhecida como psicose maniaco-depressiva destaca uma característica im­
portante na história da ciência: os nomes de um fenômeno que mudam de 
tempos em tempos...: Segundo Ritti:
y .Jcs clínicos eminentes, que desde a mais alta antiguidade anotaram 
em seus escritos os resultados de suas sagazes observações, deixaram à poste­
ridade uma grande massa de fatos, freqüentemente mal ligados, pouco coordena­
dos, mas cuja exatidão em nada foi a iterada pelos progressos da ciência; o que 
muda, de fato, não são os fenómenos, mas a maneira de interpretá-los. (dtado 
por Pessotti. 2001, p. 193)
Dados epidemiológicos, segundo Cordioli (2004), apresentam que o TOC:
'está entre as dez maiores causas de incapacitação, de acordo com a 
Organização Mundial da Saúde; acomete preferentemente indivíduos jovens ao 
final da adolescência - e muitas vezes começa ainda na infância sendo raro seu 
início depois dos 40 anos; geraimente é crônica e, se não tratada, na maioria das 
vezes seus sintomas se mantêm por toda a vida. Os sintomas raramente desapa­
recem por completo: o mais comum è que apresentem flutuações ao longo da vida, 
aumentando e diminuindo de intensidade, mas estando sempre presentes "(p. IX)
TOC é interpretado, segundo a literatura cognitivo-comportamental 
como um desarranjo comportamental composto por obsessões e compulsões. 
Segundo Wielenska (2003) “é um dos quadros clínicos com predomínio de 
ansiedade e prejuízo da qualidade de vida de seu portador”(p.111)
A respeito das Obsessões, segundo Torres (2002) são pensamentos, 
imagens ou impulsos repetitivos intrusivos e desagradáveis que invadem a 
consciência do indivíduo contra sua vontade, causando muito maí-estar: ansi­
edade, desconforto, medo, dúvida e preocupação. A pessoa reconhece tais 
pensamentos como seus, mas não consegue controlar sua ocorrência, ao 
contrário, quanto mais tenta não pensar naquilo, mais a idéia de modo insis­
tente tende a voltar à sua mente.
Compulsões, segundo a mesma autora são estratégias5 para neutrali­
zar ou pelo menos minimizar temporariamente o mal-estar que a pessoa sente
* No presente texto essas estratégias estão sendo entendidas como comportamentos abertos, e em 
alguns casos encobertos. Uma irterpretação assumida pelo autor, apesar de não ficar claro no texto 
de Torres (2002).
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(com as obsessões). Os tipos de TOC sâo vários. 1. Rituais de limpeza / lava­
gem - lavar repetidamente as mãos, roupas, objetos pessoais, etc; 2. Verifica­
ção - voltar inúmeras vezes para verificar se uma porta está fechada, se 
desligou o gás, se uma conta está correta; 3. Repetir ou tocar - acender a luz 
e apagar diversas vezes ou pisar em determinada linha antes de entrar no 
elevador: 4. Colecionismo - juntar objetos, não jogar nada fora; 5. Lentidão - 
as ações são realizadas muito devagar, levando horas para um banho, por 
exemplo (Torres; Smaira, 2001).
Semelhante a outros quadros clínicos de dificuldade comportamental, 
apresentar respostas caracterizadas como TOC em parte está relacionado a 
eventos ambientais aversivos. Reagir a eventos aversivos é natural das espé­
cies, contudo quando a reação à determinada estimulação aversiva aumenta 
de freqüência produzindo desconforto ao indivíduo e/ou às pessoas com quem 
ele vive, estamos diante de um caso que necessita de reorientação 
comportamental. A exemplo das obsessões no caso do TOC, caracterizam-se 
por uma reação desproporcional entre o estímulo aversivo, os riscos reais de 
contágio (de doenças muito disseminadas, como o HIV, na atualidade, por 
exemplo) e o ritual de neutralização ou prevenção (Wielenska, 2003). Outra 
interpretação da natureza das respostas caracterizadas como TOC podem 
estar envolvidas com comportamentos de seguir regrase/ou auto-regras sele­
cionados por uma comunidade social a ponto de produzir insensibilidade às 
contingências, como parece ser o caso de comportamentos controlados por 
regras instruídas, segundo Matos (2001) e Meyer (2005). E regras sinalizam 
não só conseqüências aversivas como também reforçadoras.
Em acordo com Ritti (1883) a proposta aqui de caracterização do TOC 
como parte do repertório comportamental de uma pessoa não é de dar um 
outro nome, mas feita com base em outra interpretação: com a ferramenta da 
Análise do Comportamento.
C omportam ento m o delado po r co ntin gênc ias e G o ver n ad o por reg r as .
Segundo a literatura nacional mais recente (Meyer, 2005; Andery, 2003; 
Castanheira, 2001) com base nos trabalhos de Skinner (1980/1966), há duas 
maneiras básicas dos organismos apresentarem e manterem seus comporta­
mentos: 1. por contato direto com uma situação ou evento ambiental, a depen­
der das conseqüências, como sugere Skinner (1980/1966): ‘:Referimos-nos 
ao comportamento modelado pelas contingências (...) quando um organismo 
se comporta de uma determinada forma com uma dada probabilidade porque 
o comportamento foi seguido por um determinado tipo de conseqüência no 
passado"(p. 281) e, 2. por relato de outras fontes de informação a respeito de
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um evento que pode ser apresentado além da forma oral: com registro, através 
de palavras ou outros estímulos aos quais os comportamentos são função 
desde que intermediados por alguém (o ouvinte). Novamente, nas palavras de 
Skinner: ‘;Referimos-nos ao comportamento sob controle de estímulos 
especificadores de contingências anteriores quando dizemos que um orga­
nismo se comporta de uma forma determinada porque espera que uma conse­
qüência similar se siga no futuro."(p. 281).
Nas relações entre organismo e o ambiente, seja a partir dos compor­
tamentos contidos em 1. ou 2. pode-se dizer que há um comportamento sendo 
instalado, mantido ou com diminuição de freqüência, desde que esteja clara 
uma contingência de dois termos (S-R; R-Sr; R-SR) ou de três termos (Sd-R-Sr). 
Apesar da literatura que discute os tipos de comportamentos modelados por 
contingências e controlados por regras fazer menção quase exclusiva aos 
operantes, cabe lembrar que os comportamentos reflexos são parte do reper­
tório comportamental do organismo mantidos, às vezes, pelas mesmas contin­
gências que mantêm os operantes. O que justifica considerá-los importantes. 
Segundo Skinner (2003/1953):
'O ambiente afeta o organismo de várias maneiras que não podem ser 
convenientemente classificadas como estímulos' e, mesmo no campo da 
estimulação, apenas uma parte das forças que agem sobre o organismo eliciam 
respostas no modo invariável da ação reflexa. Ignorar inteiramente o principio do 
reflexo, entretanto, seria igualmente desarrazoado ’ (...}
'O reflexo tornou-se um instrumento mais importante para a análise 
quando se demonstrou que novas relações eníre estímulos e respostas podem ser 
estabelecidas durante a vida do indivíduo (...)"(p.54).
Na análise do comportamento operante, segundo Castanheira (2001), 
“parte do nosso repertório comportamental não é adquirido através de uma 
longa exposição às contingências de reforço e punição, mas sim, através de 
descrições verbais, apresentadas como regras, que especificam essas contin­
gências” (p.37). Os comportamentos controlados por regras podem ser abertos 
ou encobertos. Quando encobertos, apesar de constituírem um universo de aces­
so somente à pessoa que pensa, tais comportamentos são passíveis de análise 
como demais comportamentos abertos. Na clínica, os comportamentos caracte­
rísticos do TOC como comportamentos encobertos são passíveis de análise a 
partir das regras contidas no relato verbal do cliente. Dito de outra maneira, é via 
relato verbal que temos acesso ao ambiente do cliente. Conforme Skinner (1980/ 
1969): “O ambiente é aquilo a respeito de que as sentenças falam,,..'' (p. 182).
As regras têm a características de economizar contingências quando a 
partir das regras se emitem comportamentos selecionados, modelados e manti­
dos em determinada comunidade social (a economia está no fato de ninguém 
precisar “redescobrir a roda”, por exemplo). Desta maneira, parte do comporta­
mento que um cliente apresenta foi selecionado por contingências nas quais o
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seguir regras foi fundamental. Em situações nas quais o comportamento seleci­
onado é complexo demais, o papel das regras é de grande importância, pois 
providencia em curto prazo o que via experiências diretas às contingências 
levaria um tempo maior6. Eventualmente, o seguir regras é mantido por compor­
tamentos encobertos - quando ouvinte e falante são a mesma pessoa que 
descreve contingências que controlam o próprio comportamento. Neste caso 
estamos diante das auto-regras. Os comportamentos característicos no repertó­
rio transtornado de maneira obsessivo-compulsivo talvez estejam nesta seara.
A literatura aponta que entender do papel das regras, como também 
das experiências vividas pelo cliente é uma ferramenta de trabalho indispen­
sável no atendimento clinico7.
A análise proposta no presente texto concorda com a posição de 
Zamignani (2001) a respeito da atuação do psicólogo clínico com enfoque 
behaviorista radical. Segundo o autor, esse profissional deve buscar a expli­
cação do comportamento não dentro do organismo, “mas identificar as rela­
ções indivíduo-ambiente responsáveis pela origem e manutenção do proble- 
ma-queixa e agir no sentido de promover novas relações" (p.248). Deve pre­
valecer a análise das relações funcionais em lugar da forma com a qual uma 
determinada resposta se apresenta.
Uma breve análise apresentada por Zamignani (2001) a respeito das 
contingências e respostas características do TOC ilustra a prevalência de se 
destacar o organismo na relação com o ambiente:
%..) uma resposta privada (obsessão) pode ser desencadeada por um 
estímulo público (estímulo aversivo ou pré-aversivo). Essa mesma resposta priva­
da pode ser estímulo eliciador de respostas autonômicas (ansiedade) ou estimulo 
discriminativo para respostas abertas ou encobertas (compulsões) (Moore, 1984) 
da estimulação aversiva. Da mesma forma, se a resposta compulsiva levar á 
eiiminação da estimulação aversiva, essa mesma resposta tendena a aumentar de 
freqüência, configurando uma contingência de reforça mento negativo "{p.250)
Como ilustração de alguns conceitos e análises apresentados até o mo­
mento no texto, seguem contingências selecionadas pelo terapeuta presentes 
no universo do cliente e, em seguida, a análise parcial dessas contingências.
B r e v e h is tó r ic o da v id a do c lien te e alg u m a s c o n tin g ên c ias em v ig o r
A apresentação respeitará parcialmente o formato de relato do proces­
so terapêutico comportamental segundo o que a literatura apresenta (Costa,
6 Diferenças entre o comportamento governado por regras e o modelado por contingências são 
descritas nos trabalhos de Skinner (1980/1966 e 1982/1974). Na literatura nacional mais recente 
Castanheira (2001) apresenta um quadro comparativo bem ilustrativo e Meyer (2005) lista resumida­
mente a comparação entre os dois tipos de comportamento.
7 Para uma melhor análise, ver Matos (2001} e Meyer (2005).
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2002)8. Algumas etapas são descritas como Avaliação inicial: descrição obje­
tiva da História de vida do clientecom ênfase nos determinantes atuais do 
comportamento; Intervenção com promoção dos comportamentos adequados 
e tentativa de extinção dos inadequados. Esta última etapa será apresentada 
na seção Análise de contingências do caso.
Robson5, um garoto, 16 anos, bonito, é estudante em colégio particular 
(2o ano do ensino médio).
A família nuclear de Robson é constituída do pai, 38 anos, profissional 
liberal. A mãe, 39 anos, trabalha com o marido em escritório particular. É uni­
versitária, cursando 4o período de direito em faculdade particular da cidade 
onde residem. Robson tem uma irmã de 11 anos, estudante do T ano do 
ensino fundamental. Com a família também mora a avó materna, 69 anos, 
dona de casa.
Robson era atendido semanalmente, como também eram as sessões de 
atendimento aos pais. No início os pais vinham juntos na sessão reservada a 
eles, depois de um mês a freqüência do pai foi intermitente, caindo bastante e 
ficando bem irregular ao final dos seis meses de atendimento. A sessão de 
atendimento à mãe ocorria nas manhãs, enquanto Robson era atendido à tarde.
O atendimento de Robson foi orientação de uma médica psiquiátrica, o 
que parece ser um percurso comum nos casos de TOC, segundo Guimarães 
(2002) e Wielenska (2003). Sob orientação, era administrado medicamento 
(Fluoxetina, um antidepressivo). A administração de um medicamento deve 
servir de estímulo discriminativo para a análise do terapeuta, uma vez que o 
efeito da droga tem função controladora de alguns comportamentos. Dito de 
outra maneira, por ser a administração de droga em clientes com TOC um 
evento comum, um cuidado que se deve ter no atendimento é não achar que 
os efeitos de melhora são devido somente ao atendimento clínico 
comportamental.
As falas apresentadas a seguir ilustram dados da história de vida dos 
pais e de Robson, como também algumas contingências. O que será impor­
tante para a seção Análise de contingências do caso.
8 A etapa Inicial compreende: Avaliação do caso; Coleta de informações da história de vida do 
cliente,formulação de hipóteses diagnosticas para os comportamentos do cliente a partir de análises 
funcionais; a etapa Intermediária compreende: Intervenção sobre os comportamentos problema 
(públicos e privados), muitas vezes com base em técnicas comportamentais; Etapa Terminal: com os 
objetivos alcançados, sugere-se a alta ao cliente. Entra em vigor um processo de acompanhamento 
com menor freqüência do cliente com sessões espaçadas. Após um intervalo de tempo (meses} o 
folow-up. consiste de uma sessão, telefonema, observação direta em situação planejada dos compor­
tamentos do cliente a serem comparados com os das sessões iniciais de atendimento, momento no 
qual é medido ou inferido o sucesso do atendimento.
E Nome fictício para preservar a identidade do cliente.
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• Pai-profissão: “de cinco irmãos, fui o único que prosperei. Quando menino 
ganhava chuchu e vendia... fui guarda-mirim, auxiliar de escritório em banco; 
cresci na carreira do banco. O banco fechou, abri meu próprio escritório
• Mãe-profissão\ trabalhou em banco por 5 anos e hoje ajuda o marido no 
escritório.
• Robson-estudos: estudou até a 4a série em colégio particular; fez a 5a e 6a 
em colégio público; da 7a até hoje, colégio particular; O período de estudos na 
escola pública não foi bom para Robson segundo seus pais. “Ele era o primei­
ro da sala e não tinha amigos a altura".
Os pais foram casados por 10 anos, separados por 2 e há 3 anos 
reataram o relacionamento. Freqüentam encontros da igreja católica assidua­
mente. Durante as sessões a mãe descrevia contingências nas quais Robson 
e ou a família estavam inseridos, como também a vida conjugal. D e - 
monstrava-se muito estar sob controle do comportamento verbal do terapeuta, 
da neurologista e professores da escola. O pai comportava-se de maneira 
bem diferente. Descrevia os comportamentos de rotina do filho com fala pau­
sada evidenciando comportamentos reforçadores emitidos pelo filho e de­
mais comportamentos relevantes segundo critérios do casal, como: “o filho era 
estudante dedicado; nunca havia se envolvido com drogas; freqüentava a 
missa e demais compromissos da comunidade católica. Robson é um rapaz 
respeitador, educado, você vai ver".
Amostra de alguns comportamentos de Robson
• No período de atendimento, a exemplo de relato na primeira sessão, Robson 
dizia: “sou muito preguiçoso". Que não estudava o suficiente e que tinha sem­
pre muito mais o que estudar para acompanhar as tarefas no colégio e nas 
tarefas para casa.
• la ao clube, jogava bola somente quando o chamavam para participar; recu­
sava a maioria dos convites dos amigos para sair; gostava muito de tocar 
guitarra (aprendeu com o pai “de ouvido1’);
• Em véspera de provas estudava até 10 horas; Se acompanhado de amigo, 
estudava em 2 ou 3 horas;
• Nas provas era sempre o último a entregar a sua;
• Ao fazer exercícios - em especial de física e matemática: repetia para si 
várias vezes a pergunta e os resultados (ritual de repetição);
• Ao sair de casa ou da sala de aula conferia se havia pegado o material várias 
vezes, retomava na sala ou quarto, perguntava e conferia itens de maneira 
encoberta e aberta (ritual de verificação).
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Relacionamento pais e filhos / Regras e contingências em família:
• Pai:"... Se um dia meu filho se envolver com drogas, está fora de casa... Isso 
se eu não der umas na cara dele antes!”
• Mãe:... “Eu já não penso assim. Acho que aí que nós temos que ajudar o filho".
• Pai: “Meu filho é um amor: educado, estudioso (até demais) não tem notas 
abaixo de 8 ; freqüenta a igreja com a gente todo os domingos; participa da 
banda. A gente toca junto.”
• Mãe: “Muitas vezes Robson deixa os estudos e fica comigo assistindo tv no 
quarto, ou com a avó dele. Ele é muito carinhoso”.
• Pai: “Ele sabe quando eu não gostei de algo... Como meu pai fazia, basta 
olhar...’ Relatou uma situação na qual Robson improvisou um solo de guitarra 
em uma música na apresentação de domingo na missa que o pai não espera­
va (não haviam ensaiado). Ao finai da música, durante a missa, o pai comen­
tou baixo com Robson “nunca mais me invente uma dessa”...
Regras e contingências no coiégio ou envolvidas no comportamento de estudar:
• São realizadas tarefas diárias, cobradas semanalmente;
• Provas freqüentes e provão - com sorteio de sala para evitar que os mesmos 
colegas façam a prova na mesma sala.
• “Sempre que faço a prova, ao sinal dos últimos minutos não estou nem na 
metade. Aí bate um desespero, dá um trem no peito (sic.) e eu acabo fazendo 
a prova correndo".
• "Eu estudo, mas me acho muito preguiçoso”.
• “Na prova ou em casa eu fico ‘2 é 2 mesmo?' ou 4 X 4 é = 16 7 (Refaz contas 
simples várias vezes)
• "Prefiro estudar sozinho; Meus colegas não estudam muito”. (...) “Quando 
estudei com T. ficamos só 3 horas”.
• “Meu pai disse que para eu ser alguém na vida devo ser médico, engenheiro 
ou advogado. Do contrário vou ser que nem meus tios, tudo humildizinho (sic.), 
simples.”
A nálise de contingências do caso
Em seu livro Comportamento Verbal, Skinner (1978 / 1957) esclareoe 
no capítulo “O comportamento verbal sob o controle de estímulos verbais":
‘Um reforço condicionado generalizado comum é ‘a aprovação’. Muitas 
vezes é difícil especificar-lhe as dimensões físicas. Pode tratar-se de pouco mas 
do que uma inclinação de cabeça ou de um sorriso por parte de alguém que 
caracteristicamente proporciona uma variedade de reforços. Às vezes, Certo! ou 
Bonrf. (...) Pelo fato de estes sinais de aprovação’amiude precederemreforços
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específicos apropriados a muitos estados de privação, o comportamento que eles 
reforçam provavelmente será forte, durante parte do iempo.”(pJ6)
Parte dos comportamentos de Robson é fruto de contingências de apro­
vação social generalizada, a exemplo dos elogios que recebe dos professo­
res e dos pais devido sua beleza física, como também de comportamentos 
socialmente reforçados, conforme ilustram os adjetivos "educado", “estudio­
so”, “respeitador”.
Os comportamentos reforçados positivamente, apesar de fazerem par­
te da classe "estudar”, provavelmente não foram contingentes a estímulos 
discriminativos aos quais se responde no momento de estudo. Infere-se aqui 
que Robson foi reforçado na sua história de estudar por outros comportamen­
tos envolvidos na classe “estudar”, porém, para os comportamentos funcio­
nais da classe houve pouco reforçamento contingente. Segundo Skinner (2003/ 
1953, p.443), “Quando os reforços educacionais tornam-se contingentes às 
propriedades topográficas ou intensivas do comportamento, chama-se o re­
sultado de habilidade.". Robson emitia respostas envolvidas na classe de 
respostas do estudar, mas não “sabia” estudar. Retomando Skinner (2003/ 
1953), “(...) o saber se refere a uma relação controladora entre comportamento 
e estímulos discriminativos. A resposta pode ser hábil, mas preocupamo-nos 
primariamente com o fato de ser ou não ser emitida na ocasião apropriada” 
(p.444). Desta maneira, Robson sentava todos os dias, em especial em véspe­
ras de provas, contudo não respondia eficientemente a estímulos 
discriminativos na ação de estudar.
Parte dos comportamentos de Robson é fruto de contingências 
aversivas. As relações escolares e familiares, em especial as regras 
estabelecidas pela comunidade verbal (pai, mãe e escola), parecem sinalizar 
a curto e longo prazo punições para os pais (pai: filho não ser tão educado I 
tomar-se usuário de droga; mãe: filho não ser bom aluno I atormentado pelo 
TOC / tímido e não ter amigos). Uma contingência aversiva para Robson 
parece estar contida na regra: “estudar-e-conquistar-uma-boa-profissão-para- 
não-ser-um-humildizinho’:. Uma vez que ser “humildizinho" sinaliza restrição 
de reforçadores positivos, considera-se tal condição aversiva, conforme Sidman 
(1995/1989).
Talvez caiba analogia com o estudo do comportamento animal na aná­
lise da rotina de Robson ora se esquivando das notas baixas (para manter as 
altas), ora emitindo respostas para um desempenho escolar que garanta uma 
vaga em uma universidade. Segundo Sidman (1995/1989):
“Aprender a manter afastados choques breves usualmente demora mais 
do que aprender a desligar choques (...) Um sujeito experiente responderá ao sinal 
quase todas às vezes, conseguindo impedir quase todos os choques ameaçadores 
“ (p.137).
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Outra possibilidade de análise é a seleção de alguns comportamentos 
de Robson com reforço positivo para parte da classe de respostas de estudar 
e do produto que tais respostas produzem, como notas altas que são sinôni­
mas de “bom aluno" e filho "exemplar", porém a análise agora diz respeito às 
respostas colaterais, como alguns sentimentos. A hipótese levantada aqui se 
caracteriza como: Robson identificava sentimentos de auto-estima que são 
fruto de contingências socialmente reforçadoras: os elogios pelo excelente 
desempenho escolar (com base somente em notas...); mas não os de 
autoconfiança10, que são fruto de contingências reforçadoras não socialmen­
te: a modelagem de comportamentos de Robson como estudar, organizar-se 
ou estabelecer prioridades, parecem não ter ocorrido de maneira suficiente a 
atender às contingências vividas por ele em situação pré-vestibular a que se 
encontrava. Os comportamentos pareciam estar sendo selecionados pelas 
contingências presentes, aprendidas por modelagem sendo o produto deste 
processo adquirido lentamente. Como o repertório de estudante era fraco (mal 
instalado) perante a contingência de cobrança das tarefas diárias (regras rígi­
das), esses eventos (aprender a estudar e estudar para as tarefas diárias) se 
caracterizavam como concorrentes, o que também selecionava comportamen­
tos de Robson de esquiva-esquiva11 ("conflito"). Para parte dessa última aná­
lise o terapeuta estava sob controle de fala de Robson que se intitulava pre­
guiçoso e não muito estudioso. O comportamento preguiçoso estava sendo 
analisado como fuga-esquiva da situação aversiva de estudar. Como estudar 
em acordo com as novas regras parecia ser pouco reforçado positivamente, 
era uma ação realizada com alto custo das respostas. O que justifica, parcial­
mente, o grande intervalo de tempo para a realização das tarefas diárias.
O fato de Robson receber elogios por produtos comportamentais e não 
por processos era evidente diante dos elogios feitos pelos pais (“ser educado" 
ou produzir notas altas), colegas e professoras (por “ser estudioso"), o que dá 
força à hipótese de que Robson aprendeu o sentimento de auto-estima, mas 
não o de autoconfiança. Para o segundo tipo de sentimento seria necessária 
uma modelagem resposta-a-resposta envolvida no comportamento de estudar, 
como sugerido anteriormente. Desta maneira, parece plausível pensar que, apesar 
de Robson estar diante de livros e cadernos, as respostas das tarefas não ti­
nham conseqüências sociais específicas, o que fazia com que Robson não 
produzisse conseqüências verbais no nível do estudo que se encontrava, e 
acabava por emitir respostas encobertas repetitivas (obsessões): ora repetições
Os dois sentimentos, auto-estima e autoconfiança, conforme Guilhardi (2002). 
r Tomando-se por conflito tipo esquiva-esquiva a definição de Lundin (1977, p.368): Dois estímulos, 
dos quais o organismo se afasta! são apresentados simultaneamente; assim, a fuga de um coloca-o 
em presença de outro. (...) Os dois estimulos são reforçadores negativos ou aversivos. No caso, 
esquiva da cobrança das tarefas diárias e seleção do comportamento de estudar por reforçamento 
negativo.
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como “tenho que estudar, devo estudar", mas não estudava; ora repetições como 
“raiz quadrada de 81 é 9?, certo. Raiz quadrada de 81 é 9”. E ainda dúvidas de 
repetição como “9 é 9 mesmo?”... A hipótese defendida aqui é a de que as 
emissões de tais respostas (de auto-regras, conforme Jonas, 1997/2001) foram 
selecionadas em um ambiente no qual Robson era ouvinte e falante, com pou­
cos ouvintes da comunidade escolar para os comportamentos de estudar. Reto­
mando a análise proposta por Zamignani (2001) no início do presente texto: é 
possível que as respostas privadas como as de obsessões conforme os dois 
exemplos anteriores do comportamento de estudar tenham sido selecionadas 
diante de classe de estímulos privados aversivos. Essa análise pode ser ilustra­
da, por exemplo, como quando Robson emite os comportamentos encobertos “a 
possibilidade de não tirar notas altas" - contingência sinalizadora de conseqü­
ências de curto prazo ou, “não passar no vestibular e não ser alguém na vida...”, 
contingência de longo prazo.
Sua mãe em muitos momentos no horário de estudo era chamada para 
cobrar-lhe questões, contudo, segundo Robson em sessão, ela “não está 
estudando o que estudo. Ela não sabe a matéria"; o que sugere que era 
reforçador na manutenção dos comportamentos abertos ou encobertos de 
Robson as auto-regras, uma vez que a mãe não emitia classes de respostas 
semelhante àsselecionadas nos comportamentos de Robson e de alguns 
colegas de sala de aula.
Controle de algumas variáveis no comportamento de estudar
Uma vez identificados possíveis eventos aversivos que podiam estar 
desencadeando e mantendo os comportamentos característicos de TOC na 
vida de Robson, a tarefa foi identificar contingências aversivas amenas e 
outras reforçadoras perante o comportamento de estudar. Levantou-se a hipó­
tese de que, uma vez aprendidas respostas em outras contingências em vigor, 
os comportamentos encobertos poderiam minimizar e até não ocorrerem com 
tanta freqüência.
A orientação do terapeuta foi a de que Robson levasse um amigo com 
quem ele se sentisse melhor para estudar em casa. Esse amigo foi convidado e, 
durante as sessões de atendimento após a orientação, participou de três momen­
tos, dois em véspera de provas quinzenais e uma vez em véspera de i:provão”. A 
orientação do terapeuta para o momento de estudo foi a de que quando Robson 
identificasse comportamentos de repetição durante o momento de estudo os mes­
mos deveriam ser expostos ao amigo para esclarecimento ou mesmo confronto de 
resultados após cada um da díade realizar novo cálculo, nova leitura de texto ou 
outra tarefa em exercício. A hipótese em questão era a de que o colega que 
estudava na mesma sala do colégio, por viver contingências de estudante seme-
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Ihantes às de Robson promoveria um evento reforçador de cinco maneiras: 1. 
Robson não emitiria pensamentos de depreciação como ocorriam em relação a 
mãe dele (reforço negativo), 2. o amigo seria um parâmetro (modelo - reforçador 
positivo) a altura de Robson para com as tarefas, o que poderia eliciar sentimentos 
agradáveis durante e após as tarefas, 3. com a presença do amigo, Robson seria 
reforçado questão-a-questão, dúvida-a-dúvida (reforço positivo ou negativo); com 
o item 3 derivaria um 4°.: as classes de respostas envolvidas no momento de 
estudo para tarefas difíceis seriam reforçadas negativamente pois o tempo de 
estudo iria reduzir dado e, 5. o comportamento do amigo de esclarecer ou confir­
mar dúvidas de Robson teria função sinalizadora de reforço positivo para cada 
questão. O que seria um procedimento para Robson “enxergar melhor*, “ver o que 
não estava vendo antes quando estudava sozinho”, como também, emitindo com­
portamentos encobertos e encobertos concorrentes aos de repetição. Algumas 
palavras de Skinner (1980/1969) a respeito do comportamento soludonador de 
problemas talvez ilustre as contingências acima descritas:
'Podemos também gerar estímu los auxiliares ao olhar mais acuradamente 
para um estímulo que não esteja ainda efetivamente evocando uma resposta, 
mesmo que já esteja no campo visual (...)
A reação dos outros que estão reforçando [amigo de Robson]1; para os 
que descrevem situações vagas [Robson], pode modelar as descições destes, 
exercendo freqüentemente um controle não menos poderoso do que a própria 
situação *(p.277)
Após três meses de atendimento a dosagem do medicamento que 
Robson tomava foi amenizada. Segundo a médica, a decisão de diminuir a 
dosagem foi tomada a partir da melhora de Robson o que sugere ser uma 
contribuição da terapia comportamental administrada. Na ocasião, a mãe de 
Robson comunicou o terapeuta em nome da médica que após três meses de 
atendimento algumas melhoras podiam ser verificadas nos comportamentos 
de Robson... É importante destacar que a decisão de diminuir a dosagem 
ocorreu quinze dias antes de uma semana de “provão". Esse evento era, na 
análise do terapeuta, um momento de teste de contingências programadas, 
pois o preparo para as provas (horas de estudo) e o momento das mesmas 
eram os eventos ambientais desencadeantes dos estímulos aversivos dos 
comportamentos da classe do tipo repetição. Dito de outra maneira, seria o 
momento de testar a generalização do espaço de estudo em casa com o 
amigo para o espaço de realização de tarefa em momento de prova. Ou ainda, 
conforme sugere a literatura:
‘Ao analisar as contingências de reforçamento existentes r>o cotidiano de 
um cliente, é possível considerara existência de esquemas similares aos esque­
mas múltiplos de reforçamento, os quais podem contribuir para a compreensão da 
generalização dos resultados clínicos "(Gadelha e Vasconcelos. 2005, p151)
2 Destaque meu.
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GROUPS 
 
 
Na sessão terapêutica da semana do “provão", Robson descreveu estar 
estudando com o amigo e que os pensamentos repetitivos não ocorreram tanto 
como em outros momentos de estudo no qual ele esteve sozinho ou em compa­
nhia da mãe,o que pareceu indicar que Robson estava sob controle das regras 
orientadas em terapia, em companhia do colega de sala. Contudo, durante as 
provas ocorreram alguns comportamentos encobertos de repetição. Outra ori­
entação planejada pelo terapeuta era a de que Robson tivesse um colega - o 
qual Robson soubesse ter bons desempenhos nas provas - para servir como 
reterência durante o momento da prova. As ações sugeridas eram a de que 
Robson olhasse brevemente para um colega para verificarem que questão este 
estaria. Robson realizou tais comportamentos poucas vezes, pois não coincidiu 
de um colega sentar próximo dele, dado o esquema randômico de qual sala e 
qual carteira o aluno deve sentar promovido pelo colégio. Nas vezes que esprei­
tou, comunicou (como combinado em sessão terapêutica) o professor que o 
motivo da espreita tinha função de acompanhar o rendimento do colega como 
parâmetro para atender as questões dentro do intervalo do horário da prova.
A hipótese que estava por detrás da orientação terapêutica era a de 
aumentar o controle de estímulos no momento da prova, porque Robson não 
ficava muito sob controle do horário e sim de intraverbais13 a partir de questões 
das provas (estímulos verbais) que evocavam respostas encobertas as quais 
encadeavam repetição. De maneira mais ampla, porém sem a sistematização 
necessária, o procedimento geral seguiu a racional da técnica de Exposição e 
Prevenção de Respostas (ERP) apresentada por Guimarães (2002). A seme­
lhança foi o uso de um planejamento e orientação da exposição de Robson a 
estímulos supostamente desencadeadores do TOC, sem as sessões de relaxa­
mento, como também do protocolo para registro sistemático.
A terapia de Robson encerrou-se após seis meses de atendimento. 
Este fato coincidiu com a terceira vez que ele foi submetido à semana do 
provão do colégio, sendo a segunda avaliação com a presença do amigo nos 
estudos pré-avaliação. Até então ainda era administrado medicamento. Tanto 
Robson como seus pais questionaram a parada do atendimento com base na 
observação de diminuição dos comportamentos ritualísticos. Apesar de ser 
uma medida frouxa de comportamento, o terapeuta acatou o pedido, uma vez 
que seu controle nessa situação era mínimo.
Não foi exposto anteriormente, mas aqui cabe um esclarecimento. Par­
te da decisão dos pais de encerrar a terapia pode ter sido em função da
'3 Conforme Ribeiro (2004,p.72 e 76) e Glossário em Catania (1999, p.408}. Intraverbal: Resposta 
verbal ocasionada por um estimulo verbal, em que a relação entre estímulo e a resposta é arbitrária, 
estabelecida pela comunidade verbal. O comportamento verbal é encadeado à medida que ocorre no 
comportamento verbal: (...) Tanto o falante como alguma outra pessoa pode fornecer o estimulo 
verbal (os intraverbais não são autocliticos. porque não requerem a discriminação do próprio compor­
tamento do falante).
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BOOKS 
GROUPS 
 
 
qualidade do atendimento, pois durante as sessões, com a mãe e ou o casal 
eram comuns relatos de situações aversivas vividas pelo casal com base em 
regras impostas pelo pai, o que muitas vezes foi analisado com uma proposta 
de atendimento ao casal para enfocar dificuldades outras diferentes das de 
relato dos comportamentos de Robson, porém que poderiam estar diretamen­
te relacionados com os comportamentos dele no TOC.
A relação de Robson com contingências aversivas de regras impostas 
pelo pai (e outras contingências} será analisada no tópico a seguir.
Passados 10 meses de encerramento do atendimento terapêutico, foi 
feito contato com os pais de Robson e solicitado que os mesmos e Robson 
comparecessem no consultório para levantamento de possíveis medidas de 
folow-up. Mãe e filho compareceram juntos para uma sessão. Algumas falas 
dos dois ilustram possíveis efeitos da terapia para a dificuldade de Robson:
■ Mãe. Estou para falar com o senhor há dois meses, quando a médica (psiqui­
atra) suspendeu de vez o medicamento. Desde que paramos a terapia de 
Robson as dosagens do remédio foram diminuindo mês a mês até cessar de 
vez14.. Ela, (a psiquiatra) pediu para avisar o senhor.
■ T. para Robson: E você, como está se sentindo? Como foram esses meses no 
colégio, com os estudos?
• Robson: Eu não estudo mais tanto como naquela época (de terapia). Estudo 
ainda hoje com meu amigo. Mas nem sempre com o mesmo. É muito melhor 
estudar junto, quando um não sabe o outro ajuda. (...) Eu não preciso ficar 
tanto tempo com aquelas dúvidas como eu ficava (risos).
• Mãe. mas na hora da prova...
■ Robson: ...é, na hora de prova ainda eu fico muito tempo. Sou o último a 
entregar. Pra não dizer que estou bem, bem mesmo, só na hora da prova que 
eu ainda fico um tempo lendo e relendo as questões.
• T.\ Robson, no momento de prova, e agora que você se prepara para o 
vestibular é importante ler devagar cada questão e aproveitar o tempo todo 
que te derem. ... E na hora de sair de casa ou colégio, você verifica se trouxe 
todo o material da maneira como fazia?
• Mãe: não...
• Robson: Não me lembro. Mas daquele jeito, que parecia alguém falando na 
minha cabeça não, daquele jeito não...
R esponsabilidade
Guilhardi (2002), ao discutir sentimentos que a comunidade nomeia 
como de responsabilidade, diz:
4 O que ocorreu seis meses após o encerramento com o psicólogo.
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GROUPS 
 
 
'A criança sendo exposta a uma ampla variedade de contingências coer­
citivas acaba adquirindo um repertório de comportamentos adequados do ponto de 
vista da comunidade verbal que utiliza tais práticas coercitivas(...)' (p.88)
Parece que na história de reforçamento de Robson contingências co­
ercitivas selecionaram um repertório comportamental característico da classe 
de respostas típicas do TOC, a exemplo do alto custo de resposta nas tarefas 
de estudar (repetir para si para não errar), uma vez que as mesmas tinham 
como conseqüência, aprovação dos pais, da escola, o que possivelmente 
estava mantendo o ritual por reforçamento negativo.
No mesmo texto de Guilhardi, a análise acima permite dar, segundo a 
cultura na qual Robson estava inserido, o nome de ‘responsabilidade":
JHá pessoas que são extremamente responsáveis: são incapazes de 
curtiro lazer, estão sempre preocupadas, detestam férias, etc. Por quê? O que se 
chama de'extremamente responsável’é aquela pessoa que vive quase que exclu­
sivamente sob controle de contingências coercitivas. (...) o que é preocupante 
nestes casos é que a pessoa deixou de responder, estritamente, às contingências 
coercitivas reais, pois neste caso seus comportamentos seriam adequados às 
contingências (ave rs ivas) em operação” (p. 89)
Os rituais de verificação, o fato de Robson sair pouco para momentos 
de lazer e o grande tempo dedicado às horas de tarefa escolar antes da 
intervenção terapêutica ilustram a passagem de Guilhardi.
As regras impostas pelo pai de Robson, a quantidade de matérias de 
estudo, horas de dedicação às mesmas, grau de disciplina ao fazer as tarefas 
e qualidade da história de reforçamento dos comportamentos envolvidos no 
estudar de um pré-vestibulando compõem uma contingência complexa que 
exige muito treino sob orientação de regras que especifiquem quais operantes 
são (serão) selecionados nos “provões” e no vestibular A quantidade de re­
gras e a complexidade da contingência pode ter influenciado na modelagem 
de respostas abertas e encobertas de Robson. O que caracteriza o TOC neste 
caso como um produto da insensibilidade às contingências. Segundo Meyer 
(2005):
‘Pesquisas básicas têm confirmado que regras facilitam a aquisição de 
novos comportamentos, principalmente quando as contingências são complexas, 
imprecisas ou aversivas. Entretanto um dos resultados mais salientes dessas 
pesquisas tem sido a constatação de que as regras podem produzir uma redução na 
sensibilidade comportamental às contingências "(p.213)
R esponsabilidade S ocial
Antes de concluir o presente texto cabe resgatar o nome da Jornada 
Mineira que promoveu discussões a respeito do tema “Ciência do Comporta­
mento: Análise do comportamento e Responsabilidade social”. Como indica­
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do em nota de rodapé no início deste texto, o título da apresentação que serviu 
de base do caso exposto foi: "Do diagnóstico à análise de contingências: Re­
flexões sobre responsabilidade social a partir de um caso clínico”. O exercício 
pode, a partir do caso de Robson como modelo, estender a análise das contin­
gências que produzem classes de comportamentos envolvidos na prática da­
queles profissionais que promovem mudanças sociais com responsabilidade.
Semelhante ao preparo para o vestibular, a formação de um analista do 
comportamento é um processo que demanda tempo e comportamentos 
criteriosamente selecionados por uma cultura restrita no Brasil e no mundo, 
afinal de contas somos “cem contra mils”'5.
Parece que estar sensível às contingências para promover mudanças 
ambientais inicia-se desde cedo, com o preparo para ingressar em um curso 
superior. Mais tarde, a seleção de comportamentos profissionalmente aceitos 
ocorre durante a formação em um curso superior e, especificamente no "novo 
vestibular" que é o momento de estar empregado com um diploma do ensino 
superior... A partir desta análise, supõe-se que para Robson as contingências 
que envolvem comportamento de um profissional estavam presentes no con­
texto de se preparar para um curso superior e também como um intraverbal: as 
conseqüências que o pai sinalizava para ele caso não estudasse, ilustrado no 
exemplo “eu não quero ser um humildizinho". Como estas conseqüências 
seriam atrasadas, o que segundo a literatura pode controlar menos o compor­
tamento (Todorov; Coelho; Hanna, 2003; Catania, 1999), os mesmos intraverbais 
ocorriam sob controle das falas do pai e eram mantidas por conseqüências a 
curto prazo a partir das realizações das tarefas diárias do colégio: “preciso 
estudar pra não ser um humildizinho".
Comportamentos envolvidos em ações de Responsabilidade Social 
parecem ser fruto de um ambiente aversivo, como quando uma pessoa se 
depara com: condições miseráveis de vida - sem saneamento básico e infra- 
estrutura mínima; exclusão social ou reabilitação de excluídos socialmente15, 
sem formação programada para obtenção de profissões que pagam melhores 
salários; descontrole de natalidade; sistema legislativo, executivo e judiciário 
deficitário; metacontingências aversivas como produção descontrolada de lixo 
ou trânsitos não solucionáveiscaracterísticos das grandes cidades, etc. A 
idéia aqui é mostrar que os comportamentos envolvidos em ações de Respon­
sabilidade Social podem ser aprendidos como demais comportamentos res­
ponsáveis. Eles parecem ter em comum:
Frase da professara Carolina M. Bori dita em discussão na qual debatiam-se as dificuldades de se 
promover a Análise do Comportamento nas faculdades no Brasil, uma vez que a quantidade de 
profissionais em psicologia que estudam outras linhas teóricas é muifo maior que a comunidade que 
promove a Análise do Comportamento. (Em Sessão Coordenada n°. 02, 23 de outubro, 2003, na 
Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Psicologia, Belo Horizonte, MG).
1S Com base em dados parciais do estudo de Otero (2002).
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• Serem produto de um ambiente selecionador de comportamentos 
específicos;
• Um ambiente aversivo;
• Um ambiente no qual as respostas produzem conseqüências 
reforçadoras positivas muito atrasadas.
Assim, respostas a curto prazo estariam sendo mantidas por 
reforçamento negativo.
C o nsideraçõ es finais
Para finalizar, cabe destacar que na análise aqui apresentada o 
terapeuta esteve sob controle do universo do cliente limitado às sessões de 
atendimento; o relato do jovem a respeito do seu universo17; confronto de 
alguns dados dos relatos dos pais sobre comportamentos de Robson: com­
portamentos dos pais {em especial os da mãe) nas sessões e. de parte da 
literatura aqui apresentada. Apesar de tamanha quantidade de fontes de da­
dos, devido à natureza do trabalho em clínica, o mesmo é passível de falhas. 
Contudo, seja na apresentação na IV Jornada Mineira na qual outra versão do 
caso foi exposta, seja diante da contingência de escrever este texto, tais con­
tingências promovem uma variabilidade de comportamentos do profissional a 
serem selecionados e modelados, como o foram, guardadas as proporções, 
os comportamentos de Robson, antes e após a intervenção aqui apresentada.
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1T Citando mais uma vez Skinner (1980/1969): "O ambiente é aquilo a respeito de que as sentenças 
falam,...' (p.182}
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BOOKS 
GROUPS 
 
 
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A n á l is e d e C o n t in g ê n c ia s d o s C o m p o r t a m e n t o s 
d e N e to n o f il m e “B ic h o d e S e t e C a b e ç a s ": a s 
IMPLICAÇÕES DA CLASSIFICAÇÃO DIAGNÓSTICA PARA 
0 TRABALHO DO ANALISTA DO COMPORTAMENTO1
Junea Rezende Araújo 
Manuela Gomes Lopes
Intr od ução
Diversas abordagens da psicologia utilizam sistemas de classificação 
e diagnóstico (DSM-IV2 e CID-103) como instrumentos que guiam a interven­
ção referente ã problemática dos clientes. Estes instrumentos são baseados 
no modelo médico que orienta a compreensão de comportamentos ditos anor­
mais como uma doença. De acordo com estes sistemas de classificação e 
diagnóstico, transtornos mentais e de comportamento são causados por es­
truturas psíquicas subjacentes, como pensamentos e sentimentos '‘patológi­
cos" (Moore citado por Scoz, 2001), Os comportamentos “bizarros” e “pertur­
bados”, neste modelo, seriam os sintomas da doença mental.
Esta forma de classificação diagnostica apresenta limitações para aque­
les profissionais que se utilizam da Análise do Comportamento na abordagem 
dos problemas trazidos por seus clientes (Araújo, 2003). Enquanto a Análise 
do Comportamento apresenta a funcionalidade, a análise idiográfica e a ex­
plicação externalista do comportamento, o modelo médico enfatiza posições 
opostas na compreensão dos problemas humanos: a análise da topografia, a 
análise nomotética e a explicação internalista do comportamento.
1 Agradecimento: as autoras agradecem à Luciana Vemeque (mestranda da UMB) pela colaboração na 
elaboração deste trabalho.
2 Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.
3 Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamentos da CID-10
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Topografia versus Função:
Os sistemas de classificação e diagnóstico, a partir da observação de 
alguns comportamentos de um indivíduo, apontam para uma classificação, ou 
seja, fecham um determinado diagnóstico (i.e. Transtorno de Personalidade, 
Transtorno Bipolar). No entanto, descrever um comportamento considerando 
apenas a sua topografia pode ser uma prática duvidosa para o analista do 
comportamento, pois uma mesma topografia pode ocorrer em várias situa­
ções antecedentes e conseqüentes, isto é, pode ter várias funções. Além dis­
so, comportamentos com topografias diferentes podem ter uma mesma fun­
ção, podem produzir uma mesma conseqüência (Skinner, 1953/2000).
A Análise do Comportamento enfatiza a funcionalidade na compreen­
são do comportamento, ou seja, em qual situação o comportamento ocorre e 
qual a conseqüência produzida por ele (qual o mantenedor). Conhecendo as 
variáveis responsáveis pelos comportamentos de um cliente, o analista do 
comportamento pode prever e controlar alguns comportamentos deste orga­
nismo individual. Fica, então, possibilitada a intervenção clínica (Skinner 1959).
Análise Nomotética versus Análise Idiográfica:
Os sistemas de classificação e diagnóstico realizam análises 
nomotéticas na explicação dos transtornos, ou seja, buscam traços no com­
portamento comuns a todos os indivíduos possuidores de um determinado 
transtorno (Cavalcante, 1999). Assim, não levam em consideração a constru­
ção particular do repertório comportamental, tratando todos os psicóticos como 
uma só pessoa, todos dependentes químicos como uma só pessoa, todos 
aqueles com Transtorno de Personalidade como um só e assim por diante.
A Análise do Comportamento, por sua vez, descreve o comportamento 
a partir da análise idiográfica; propõe o estudo de caso único. De acordo com 
esta abordagem, a construção do repertório comportamental se dá de forma 
única em cada indivíduo, ou seja, as contingências ambientais agem sobre o 
indivíduo e conjugam determinações de modos únicos (Cavalcante, 
1999).Considerando esta proposta, a intervenção também será individualiza­
da. Uma outra oposição que se estabelece entre a descrição nomotética e a 
Análise do Comportamento se refere ao real conhecimento dos comporta­
mentos do indivíduo: classificar um indivíduo como "possuindo” um transtorno 
não diz nada sobre o indivíduo, mas de seu desempenho em relação ao grupo 
com o qual foi construído o manual de classificação e diagnóstico (Skinner, 
1953/2000).
Internalismo versus Extemalismo:
Os manuais de classificação e diagnóstico atribuem a causa dos com­
portamentos a agentes internos ao organismo. No entanto, estas variáveis
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internas tendem a ser difíceis de observar, tornando-se fácil atribuir-lhes pro­
priedades (Skinner, 1953/2000). Mais ainda, a explicação internalista acaba 
por apresentar uma circularidade (i.e. a pessoa chora porque está triste e está 
triste porque chora) que não responde à demanda de intervenção (como mo­
dificar uma variável interna ao organismo?).
A Análise do Comportamento segue uma perspectiva externalista na 
explicação do comportamento, considerando este como a relação ou interação 
do indivíduo como um todo com eventos que lhes são externos (Skinner, 1974/ 
1985), Esta perspectiva apresenta um diferencial em relação ao intemalismo 
por permitir o controle do comportamento através da manipulação direta das 
variáveis ambientais. Esta seria a forma de intervenção,
Seguindo a perspectiva apresentada pela Análise do Comportamento, 
Banaco (1997) afirma que se todo comportamento é selecionado por contin­
gências filogenéticas ou ontogenéticas, não cabe classificá-los como patoló­
gicos já que são adaptativos dentro das contingências que os mantêm. O 
comportamento dito “patológico" é aprendido e mantido de acordo com as 
mesmas regras de qualquer outro comportamento. O que poderia diferenciar 
tais comportamentos seria o fato de ser controlado por contingências ou go­
vernado por regras não compartilhadas por outros indivíduos, além de causar 
sofrimento (Banaco, 1997) ou apresentar perigo (Skinner, 1953/2000) para o 
indivíduo que emite este comportamento ou a quem o cerca.
R esumo da história contada no filme
O filme “Bicho de Sete Cabeças” retrata a história vivida pelo autor do 
livro “Canto dos Malditos”, AustregésiloCarrano Bueno. Neto é um adolescen­
te que vive problemas de relacionamento com a família, principalmente com o 
pai. Tem um grupo de amigos com quem mantém encontros freqüentes. Com 
estes amigos, Neto costumava fumar maconha.
Um certo dia, o pai de Neto encontra maconha na mochila do filho. 
Sente-se desesperado e pede orientação à irmã mais velha de Neto (de acor­
do com o livro, pede orientação a um amigo policial). A família de Neto conse­
gue uma internação em um hospital psiquiátrico para o tratamento de sua 
“dependência química". Esta decisão tomada pela família ocorreu sem que 
houvesse qualquer diálogo com Neto.
No hospital psiquiátrico, o enfermeiro avisa a Neto o porquê de sua 
internação (“Seu pai acha que você é viciado"). Ao longo de sua internação, 
Neto não é examinado pelo psiquiatra, mas mesmo assim este profissional 
classifica-o como possuindo Distúrbio de Personalidade (“Estamos aqui para 
tratar de um distúrbio de personalidade, não apenas de uma dependência").
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De acordo com a CID-10, o Transtorno de Personalidade é definido por:
a) “Atitudes e condutas desarmônicas, envolvendo várias áreas de funciona­
mento (i.e. afetividade, excitabilidade e controle de impulsos, modos de per­
cepção e de pensamento e estilo de relacionamento com os outros);
b) O padrão anormal de comportamento é permanente, de longa duração e 
não limitado a episódios de doença mental;
c) O padrão anormal de comportamento é invasivo e claramente mal adaptativo 
para uma ampla série de situações pessoais e sociais;
d) As manifestações acima sempre aparecem durante a infância ou adoles­
cência e continuam pela idade adulta;
e) O transtorno leva à angústia pessoal considerável, mas isso pode se tornar 
aparente apenas tardiamente em seu curso;
f) O transtorno é usual, mas não invariavelmente associado a problemas 
significativos no desempenho ocupacional e social."
A classificação apresentada pelo psiquiatra, segundo uma perspectiva 
análitico-comportamental, seria de pouca utilidade para uma intervenção clí­
nica pelas razões anteriormente apresentadas. Neste capítulo, pretendemos 
apresentar algumas sugestões de como o caso de Neto poderia ser estudado 
de acordo com a Análise do Comportamento.
Descrição das contingências atuantes nas situações retratadas no filme:
• Contingências presentes no ambiente familiar de Neto:
- Relação de Neto com o pai:
Percebe-se a existência de contingências aversivas no ambiente fami­
liar de Neto. A cobrança do pai em relação ao filho era forte. Constata-se uma 
ampla falta de diálogo e um ideal estabelecido pelo pai.
Exemplos de falas: "Eu cheguei aonde cheguei, quero ver onde você 
vai chegar”. “Isso é coisa de veado” (referindo-se ao brinco de Neto). “Você 
merece uma namorada melhor” (Pai de Neto).
- Relação de Neto com a mãe:
Durante o filme, a mãe de Neto mostra-se uma pessoa mais distante, 
submissa ao marido e manipulativa.
Exemplos de falas do pai em relação ao papel da mãe na família: “Não 
faz isso com sua mãe, ela está com pressão alta, tomando remédio. Eu nunca 
vi sua mãe tão triste" (Pai de Neto).
• Contingências presentes no grupo de amigos de Neto:
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A companhia do grupo de amigos representava para Neto uma forma 
de esquiva de seu ambiente familiar aversivo. Por outro lado, o comportamen­
to de “sair com o pai", por exemplo, era punido pelo grupo. Tudo isso estabele­
cia e contribuía para a manutenção do comportamento "arredio” de Neto.
Exemplo de fala: “P5, vai sair com o papai de novo?’ (amigo de Neto)
• Prováveis variáveis que controlaram o comportamento da família de internar 
Neto:
Fica nítido, no filme, que, quando o pai de Neto encontra a maconha na 
mochila do filho, não há qualquer tentativa de diálogo, de um esclarecimento 
sobre o que levou o filho a usar maconha, com que freqüência o fazia, se era 
apenas esta substância, etc. Pode-se questionar se o fato de o pai não buscar 
um diálogo poderia ser uma esquiva tanto da relação aversiva com o filho 
(nunca havia se estabelecido uma relação positiva entre os dois), como da 
estigmatização de ter um filho usuário de drogas (seria vergonhoso ter um 
filho usuário de drogas, exigindo assim, uma solução rápida). Um outro fator 
que contribuiu foi a falta de repertório da família, em outras palavras, a falta de 
informação de como lidar com a situação.
• Contingências presentes na Instituição Psiquiátrica:
O filme não fornece indícios se tratava de uma dependência química ou 
não. De qualquer forma, nenhum tipo de avaliação psiquiátrica foi realizado.
Exemplos de falas: “Seu pai acha que você é viciado” (enfermeiro). “Eu 
não sou viciado, você não me examinou” (Neto). “Se você não tomar o remé­
dio, isso só vai confirmar que você é rebelde e agressivo" (enfermeiro).
O filme mostra uma questão da instituição psiquiátrica que tem implica­
ções sociais importantes. A instituição recebia repasses de dinheiro de acordo 
com o número de internos que mantinha. Diante desta questão pode-se ques­
tionar se esta instituição se destinava ao tratamento de pessoas ou à corrupção. 
Qual seria o lugar do sujeito com seu repertório comportamentaí individual em 
meio aos objetivos desta instituição? Parece que o benefício ou o bem-estar 
do interno não era prioridade neste local.
O diagnóstico de Neto foi transmitido aos seus pais pelo psiquiatra da 
seguinte maneira: “Estamos aqui para tratar de um Distúrbio de Personalida­
de, não apenas de uma dependência. Estamos falando de meses. Na visía 
ele vai apresentar certos comportamentos, mas: se vocês pretendem ajudá-Jo, 
não entrem no jogo dele”. Esta apresentação do diagnóstico feita pelo psiqui­
atra, evoca algumas implicações:
a) Distúrbio de Personalidade: o psiquiatra compila os comportamentos òe 
Neto em uma classificação. Como exposto anteriormente, esta dassificação
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não diria nada sobre Neto e sim de seu desempenho em relação ao grupo 
com o qual foi construído o manual de classificação e diagnóstico utilizado 
pelo psiquiatra. Além disso, esta classificação é considerada de causação 
interna e é feita a partir de uma análise nomotética.
b) Tempo de internação: ao falar de um tempo indeterminado e, provavelmen­
te, longo de internação, o psiquiatra responde a uma questão da instituição, 
conforme exposto acima, já que não examinou Neto em momento algum.
c) “Se vocês pretendem ajudá-lo, não entrem no jogo dele": o psiquiatra deter­
mina o tipo de interação entre pais e filho. Os pais, por sua vez, sem maiores 
informações sobre possibilidades de tratamentos e suas implicações, agem 
conforme as determinações do médico. Por outro lado, com essa especificação, 
o psiquiatra embasa suas “intervenções" e justifica a conduta que seria a mais 
provável de ocorrer por parte de Neto, na visita. Exemplo de fala: “Eu não sou 
viciado. Eles estão me chapando de droga. Eles não me examinaram. Isso 
aqui é uma enganação” (Neto, tentando contar aos pais o que ocorria dentro 
da instituição).
Durante a convivência com outros internos na instituição, Neto conhe­
ce Rogério que já havia sido internado diversas vezes. Com essa experiência, 
Rogério reiata a Neto fatos que fazem com que Neto reflita sobre seu próprio 
comportamento:
Exemplo de fala-. “Se você brigar com o médico, você leva uma injeção 
de Haloperidol” (Rogério).
Com isso, Rogério especifica uma contingência: exerça um contra- 
controle, varie seu comportamentopara se esquivar de uma condição aversiva.
• Contingências presentes no ambiente familiar após a saída de Neto do hospital:
Assustados com o estado do filho, os pais de Neto retiram-no do hospi­
tal psiquiátrico. No entanto, as contingências no ambiente familiar permane­
ceram as mesmas. Nada modificou na relação pais e filho. Com isso. os com­
portamentos como permanecer arredio, calado e quieto continuaram a ocor­
rer, uma vez que os comportamentos são determinados por suas contingênci­
as (Skinner. 1953/2000).
• Contingências presentes na segunda internação de Neto:
Em uma festa, Neto se envolve em uma briga após beber e ter dificulda­
de de ereção ao se relacionar com uma garota. Ele é levado por policiais para 
uma outra instituição psiquiátrica. É interessante ressaltar o estigma presente 
no encaminhamento feito pela polícia: “Ele é meio loucão, agressivo, a gente 
ficou sabendo que ele é meio retardado, já encaminhamos para uma institui­
ção psiquiátrica” (policial avisando os pais sobre a internação de Neto).
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Neste novo hospital, percebe-se uma mudança no comportamento de 
Neto: ele começa a seguir as regras sugeridas por Rogério. Apresenta com­
portamento de liderar o grupo, não toma a medicação, ou seja, tenta entrar em 
contato com determinados reforços e evitar estimulação aversiva (contra-con- 
trole). (Lé Sénéchal-Machado, 2002)
Finalmente, o pai de Neto o retira desta instituição, após uma tentativa 
de suicídio do filho. Neto, ao final do filme, mostrou-se bastante triste e marca­
do por uma história de injustiças, Escreve em uma carta ao pai as seguintes 
palavras: “Eu não esqueci o que você fez comigo. Você sempre me disse: ’Eu 
cheguei aonde cheguei, quero ver onde você vai chegar’. Eu cheguei aqui, 
Você me fez menor do que você".
AS IMPLICAÇÕES DA CLASSIFICAÇÃO DIAGNÓSTICA!
É importante pensar que esse desleixo demonstrado no filme não é geral, 
ou seja, nem todos os tratamentos são conduzidos da forma inadequada como 
o foi no caso de Neto. Provavelmente, um médico sério examinaria o paciente 
para “classificá-lo”. Mas a história contada no filme caracteriza bem uma prática 
médica, que ao contrário de uma proposta de tratamento, trouxe mais e mais 
problemas para a vida não só de Neto, mas de toda a sua família. Isto é, mesmo 
que o diagnóstico tivesse sido realizado de uma maneira séria, este traria pou­
cas contribuições para o tratamento de Neto, em uma perspectiva analítico- 
comportamental. Esta prática médica parece ter sido fundamentada por manu­
ais de classificação e diagnóstico, trazendo o perigo de sua utilização sem a 
consideração de particularidades entre os indivíduos; sem considerar a constru­
ção individualizada de repertórios comportamentais. Desta forma, o “tratamento” 
recebido por Neto foi aquele que todos os dependentes e portadores de Distúr­
bio de Personalidade receberam, mas os problemas de Neto em si não foram 
resolvidos. A proposta da Análise do comportamento, como exposto na introdu­
ção do presente capítulo, se contrapõe a esta conduta.
As experiências vivenciadas por Neto lhe trouxeram várias dificuldades 
ao longo de sua vida. No filme, há uma cena em que Neto está no ponto de 
ônibus e, ao ouvir um forte barulho, começa a vomitar. Neto, também, passa a ser 
discriminado por amigos e pela sociedade em geral. Há um momento em que a 
mãe de um amigo pede para que o filho não traga mais Neto à sua casa. Enfim, 
estes são alguns exemplos além dos já expostos adma como: dificuldade de 
ereção e estigmatização feita pela polícia. A estigmatização trazida por um rótulo 
como “viciado’' ou “Transtorno de Personalidade” acaba dificultando a interação 
do indivíduo com o meio, sem que seja útil para a condução de um tratamento.
A proposta do Movimento da Luta Antimanicomial pode ser considerada 
compatível com as proposta da Análise do Comportamento. O tratamento, de 
acordo com este movimento, visa a integração do indivíduo com a sociedade, e
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não o seu confinamento em hospitais psiquiátricos (Bueno, 2001). Os indivíduos 
confinados nestes locais não recebem uma intervenção que beneficia suas 
vidas após a alta, pois as contingências que controlam seus comportamentos 
em casa, no trabalho, ou em qualquer outro ambiente continuam atuando da 
mesma forma. O Movimento da Luta Antimanicomial propõe que (Bueno, 2001):
• os atendimentos sejam feitos por uma equipe multidisciplinar;
• as internações sejam feitas apenas em casos de crises do paciente e em 
hospitais gerais ou hospitais Dia e Noite (Centros e Núcleos de Atendimento 
Psicossocial);
• atendimentos em Centros de convivência e cooperativas, visando o resgate 
do convívio social do indivíduo:
• atendimento preventivo em postos de saúde (tanto psiquiátrico como psico­
lógico), e;
• lares abrigados e casas terapêuticas para pacientes abandonados nos hos­
pícios, com o atendimento da equipe multidisciplinar.
A idéia deste Movimento, assim como a proposta da Análise do Com­
portamento, permite a integração do indivíduo com a sociedade. Possibilita a 
aprendizagem de comportamentos necessários na execução de diversas ta­
refas (trabalho, convivência familiar harmoniosa), além da modificação de 
contingências responsáveis por comportamentos ditos “patológicos” por fami­
liares e pelos próprios indivíduos que emitem tais comportamentos (Banaco, 
1997; Skinner,1959). Com a modificação das contingências no ambiente do 
indivíduo, pode-se chegar a uma intervenção bem sucedida, diferente daque­
la recebida por Neto.
R eferências
Araújo, J. R. (2003). Classificação Diagnostica: o que a Análise do Comportamento tem a 
dizer? Em H. Sadi e N. de Castro (Orgs). Ciência do Comportamento: Conhecer e 
Avançar, vol.3. Santo André: ESETec Editores Associados.
Associação Psiquiátrica Americana (1995). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtor­
nos Mentais - DSM-/l/(Dayse Batista, Trad.). Porto Alegre: Artes Médicas.
Banaco, R. A. (1997). Auto-regras e patologia comportamental. Em D. R.Zamignani (org). 
Sobre Comportamento e Cognição (pp. 80-88), São Paulo: ESEtec Ed. Assoe.
Bueno, A.C. (2001). Canto dos Malditos. Rio de Janeiro: Ed. Rocco.
Cavalcante, S. N. (1999). Análise Funcional na terapia comportamental: uma discussão 
das recomendações do behavíorismocontextualista. Dissertação de Mestrado. Uni­
versidade Federal do Pará.
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Lé Sénéchal-Machado, A.M.(2002). A manipulação no contexto clínico. Em Ghilhardi. H.J.; 
Madi, M.B.B.P.; Queiroz, P.P.e Scoz, M.C.(Orgs). Sobre Comportamento e Cognição. 
vol. 10. Santo André: ESETec Editores Associados.
Organização Mundial de Saúde (1992/1993). Classificação de Transtornos Mentais e de 
Comportamento da CID-10. Porto Alegre: Artes Médicas.
Scoz, M. C. R (2001). Conhecer o outro: uma análise critica do conceito de diagnóstico 
psicológico a partir do behaviorismo radical de B. F. Skinner. Dissertação de Mestrado. 
Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Experimental: Análise do Com­
portamento. PUC-SP.
Skinner, B. F. (1953/2000). Ciência e Comportamento Humano. São Paulo: Editora Martins 
Fontes.
Skinner, B. F. (1959). What is a psychotic behavior. Em: Skinner, B. F. Cumulative Records 
(pp. 257-275). New York, Appleton-Century-Crofis.
Skinner, B. F. (1974/1985). Sobre o Behaviorismo. São Paulo: Editora Cultrix.
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ABALOS NO PROCESSO TERAPÊUTICO:
Um c o n v it e a t r o c a r a s l e n t e s . O p r o c e s s o 
TERAPÊUTICO DE MUDANÇA DO PONTO DE VISTA 
COMPORTAMENTAÜ
Andréa Rodrigues Viana
Por mais difícil que seja perceber e assumir, a mudança se faz presente 
e constante na vida das pessoas. Às vezes de forma sutil, quase imperceptível 
aos olhos. Outras vezes se impondo, causando medo e dor, sendo associada 
à perda.
Mudança pode ser entendida como, segundo Larousse (1995) sendo
0 ato ou efeito de mudar-se. Alteração, modificação, transição. Visto por um 
ponto de vista mais específico, a mudança poderia ser interpretada como 
sendo um risco, uma aposta, uma fase de transformações, instabilidades e 
alternâncias, onde um comportamento não satisfatório convida à alteração, à 
transformação colocando em jogo antigas formas de comportar-se e se abrin­
do para novas formas.
Isso pode ser visto como se a pessoa usasse determinadas lentes para 
enxergar determinadas situações. Se essas lentes forem funcionais, perma­
necem, acostuma-se facilmente a usa-las e a enxergar o mundo com elas. De 
tão utilizadas, se colocam aos olhos quase que de uma forma automática, 
impedindo-os de ver utilizando outros recursos.
Quando esse difícil processo é vivenciado na terapia, tanto o paciente 
quanto o terapeuta e até mesmo o processo psicoterápico sofrem abalos, 
pois, de acordo com Shinorara (2000) o processo psicoterápico é complexo e 
acontece dentro de um contexto interpessoal, onde o terapeuta e o cliente 
integram-se num trabalho que visa aquisição de autoconhecimento e mudan­
ças. Tal processo é então, também perpassado pelas fases de transforma­
ções, instabilidades e alternâncias.
1 Adaptado da monografia de conclusão de curso de psicologia do Centro Universitário Newton Paiva, 
da mesma autora, elaborada em 2002.
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Seja em linha reta, em círculos, por vias diversas, em meio a oscilações 
de desenvolvimento ou estagnação, o certo é que a terapia consiste num 
processo de impermanência. E a simples sinalização de mudar pode alterar e 
dificultar o processo terapêutico modificando seu caráter, antes favorável, para 
aversivo e desviando seu curso, pois trata-se de um duro convite a arriscar-se, 
um convite a tirar as antigas lentes, a utilizar novas lentes, a experimentar 
novos repertórios de comportamento. "Receber um paciente é estar disposto a 
ajudá-lo a trocar as lentes. Ou viver sem elas”.(Stoeber e Felice, 2000. p. 11).
Em outras palavras, baseando-se na Teoria Comportamental de Orienta­
ção Behaviorista Radical, o indivíduo já possui em sua história de vida passada, 
um repertório de comportamento aprendido, produzido e construído pela ação 
do comportamento sobre o ambiente e da forma pela qual o ambiente responde. 
Tal repertório é mantido de forma que o indivíduo resista ao máximo às modifica­
ções, ainda que esteja passando por períodos pouco agradáveis. A resistência 
assume assim, uma função aparente de auto proteção, saudável, mas que pode 
levar o paciente a esquivar-se de mudanças. Deve-se ter claramente a idéia de 
que este indivíduo que pode esquivar-se de mudar, funciona, segundo Aratangy 
(2001), a maior parte do tempo, sob o comando de um piloto automático, que o 
empurra para o caminho mais fácil, mais conhecido.
O abalo no processo terapêutico irá atingir o terapeuta e este deve estar 
atento à dificuldade vivida pelo paciente de passar por esse período de resistên­
cia à mudança. O manejo deve ser diretivo, mas ao mesmo tempo, cuidadoso, 
pois, diante da situação que elicia medo e ansiedade, o paciente pode ter um 
comportamento de fuga ou esquiva da terapia. Isso pode afetar a terapia, que 
antes, apresentava-se como um estímulo com características positivas que con­
vidavam o paciente a falar de si, sobre si, sem que isso o conduzisse à mudança.
O P rocesso T erapêutico:
A psicoterapia pode ser entendida, conforme Machado (2000), como 
um processo de autoconhecimento que visa a promoção de um maior desen­
volvimento da percepção que a pessoa tem de si, de suas atitudes, pensa­
mentos e sentimentos. Com isso, ao fazer sua auto-observação, a pessoa 
pode identificar o que causa sofrimento, conhecendo suas razões de pensar, 
agir e sentir. Esse autoconhecimento, ainda parafraseando a autora, proporci­
onará o desenvolvimento de habilidades em relação ao autocontrole de sen­
sações como raiva, ansiedade, medo, etc. A psicoterapia busca, portanto for­
necer meios para que a própria pessoa conheça meihor seus limites, potenci­
ais e possa antecipar a realização de comportamentos mais funcionais em 
situações problemáticas do dia a dia.
A Terapia Comportamental pode ser definida pela referida autora como 
sendo uma forma de buscar a eliminação do comportamento desajustado,
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tendo como objetivo o de criar novas condições de aprendizagem de estraté­
gias funcionais de ação e, conseqüentemente, de avaliação e correção. Em 
outras palavras a análise funcional do comportamento permite ao terapeuta 
estabelecer relações do comportamento com o contexto, verificando o que 
proporcionou determinada forma de comportar-se. Centraliza ainda seus es­
forços da identificação dos fatores atuais que mantêm tal comportamento fun­
cional ou disfuncional no repertório da pessoa. (Lòbr e Ingherman).
'A Terapia Comportamentai enfim, e o modo psicoterápico que visa a 
aprendizagem de novas formas de fortalecimento e manutenção dos comportamen­
tos que funcionam bem, e dedesaprendizagem e enfraquecimento dos comporta­
mentos que não funcionam ou funcionam mal.”(MACHADO, 2000, p. 01).
A Terapia Comportamentai foi durante muito tempo encarada como a 
aplicação sistemática de técnicas de modificação e controle de comportamentos 
problemáticos, com os quais, conforme Machado (1997), outras abordagens 
não tinham como ou, até mesmo não pretendiam trabalhar. Procedimentos para 
a modificação de comportamento são utilizados sim, mas somente quando im* 
plicam a elaboração de uma estratégia de ação para enfrentar um déficit espe­
cifico de um determinado repertório comportamentai de uma pessoa.
A Terapia Comportamentai, de acordo com Rangé (1995), baseia-se 
em princípios, técnicas e procedimentos sobre como produzir mudanças, mas 
não estipula a priorí “quem" deve mudar “qual" comportamento, “porque” e 
''quando” Tais decisões cabem ao paciente. Todo objetivo terapêutico é discu­
tido com o paciente e é ele quem determina em que direção, quanto, quando 
deseja mudar. Ao terapeuta cabe o papel de identificar pessoas e estímulos 
ambientais que estejam mantendo o problema e ser um faciütador para dar 
meios, sugerir técnicas e procedimentos a serem utilizados para que os obje­
tivos do paciente sejam alcançados.
A incessante busca pelo prazer, conforto e bem estar fez com que haja uma 
tendência a evitar, ao máximo, qualquer forma de desconforto, que pode ser refle­
xo de uma fase crucial no processo terapêutico onde se deve encarar a importân­
cia e até mesmo a necessidade de superar o medo e a resistência. Mudar implica 
em passar por um período de turbulência com a possibilidade de ter como ganho 
o amadurecimento e a aprendizagem, segundo Stoeber e Felice (2000).
A modificação de comportamentos e até mesmo de repertório de com­
portamentos é um processo terapêutico complexo e ao mesmo tempo marcante 
tanto parao paciente quanto para o terapeuta.
A balo P a r a O P ac ien te
De acordo com Delitti (2000) o cliente é considerado como alguém que 
se encontra numa situação aversiva, e procura um terapeuta para mudar o 
que de alguma forma o incomodou. Porém, o analista do comportamento sabe
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que o indivíduo se comporta em resposta aos processos de uma seleção 
comportamental e possui um repertório, ainda que inadequado.
Tal seleção comportamental baseia-se na explicação ontogenética, 
filogenética e cultural e foi apresentada por Meyer (2001), baseada no con­
ceito original de Skinner (1953), onde ela afirma que, no nível filogenético, o 
ambiente determina o comportamento através de sua ação seletiva durante a 
evolução da espécie. No nível ontogenético, o comportamento é determinado 
pelo ambiente através do seu efeito na modelagem e manutenção do repertó­
rio comportamental que converte cada membro da espécie em uma pessoa. E, 
por último, no nível cultural, o comportamento é determinado de acordo com 
seu papel de estabelecer a ocasião na qual o comportamento ocorre.
O comportamento atual do paciente torna-se acessível pelo seu relato 
verbal, pelo registro do comportamento e pela forma com a qual o paciente se 
comporta na sessão terapêutica que é o foco da análise funcional. De acordo 
com Kohlenberg (1987), tudo o que um terapeuta deve fazer para auxiliar 
seus pacientes ocorre durante a sessão. Para o Behaviorismo Radical, as 
ações do terapeuta afetam o cliente através de três funções de estímulo: 
discriminativa, eliciadora e reforçadora.
Somente durante a sessão é possível fazer a análise funcional do com­
portamento, pois é quando o comportamento ocorre e pode ser observado em 
toda sua topografia, intensidade e freqüência. Assim, o alvo seria observar 
quando e de que modo os comportamentos ocorrem durante a sessão.
Tal procedimento é de particular relevância, tratado por Kohlenberg 
(2001) como sendo Comportamentos Clinicamente Relevantes (CRB). Os pro­
blemas do cliente que ocorrem na sessão são denominados pelo autor por 
CRB1 e referem-se aos problemas vigentes do cliente e cuja freqüência deve­
ria ser reduzida ao longo da terapia. Pode-se dizer que os CRB1s são formas 
de esquivar-se de estímulos aversivos. Os progressos do cliente que ocorrem 
durante a sessão são os CRB2 e são comportamentos que não são observa­
dos durante os estágios iniciais do tratamento ou possuem uma baixa proba­
bilidade de ocorrência. Os CRB3 seriam interpretações do comportamento 
segundo o cliente. Referem-se à fala, observação e interpretação do próprio 
comportamento e dos estímulos reforçadores, discriminativos e eliciadores 
associados a ele.
Dado isso, pode-se observar como o paciente esquiva de estímulos 
aversivos, seus progressos e suas próprias interpretações acerca de seus com­
portamentos, durante a sessão terapêutica ou trazidos na sessão. Pode-se ob­
servar as dificuldades vividas pelo paciente, seus conflitos e seus medos.
A mudança, o medo e a resistência referentes a ela, são comportamen­
tos também observáveis no interior e no desenrolar das sessões terapêuticas.
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GROUPS 
 
 
No intuito de ilustrar ao que se refere este capitulo, citarei fragmentos 
de atendimentos feitos por mim. Sílvia2, uma paciente de 64 anos, atendida 
desde agosto de 2000, na CESPA, é mãe de dois filhos com idades entre 25 e 
30 anos, viúva e que traz sua história de vida passada marcada por aconteci­
mentos que ela mesma os intitula "trágicos", como presenciar o assassinato 
da mãe, o suicídio do noivo, a morte do marido vítima de câncer, dentre outros.
Sílvia chega ao consultório queixando-se de uma depressão que esta­
va fazendo com que ela se sentisse morta, paralisada, o que sinalizava um 
CRB3. A sensação descrita por ela foi de:"... como se eu tivesse morrido junto 
com meu marido, mas não fui enterrada". Sua melhora em relação à queixa 
inicial foi notada de uma forma gradual e marcante. Atualmente Sílvia que 
apresentava como um primeiro CRB1 o comportamento de não sair de casa a 
não ser para fazer “mercadinho*, faz atividades como aulas de pintura, nata­
ção, hidroginástica, informática,, português e espanhol, que podem ser consi­
deradas como um exemplo de CRB2.
Sua queixa, como mais uma ilustração de CRB1, atualmente gira em 
torno de uma "couraça” que, segundo ela, usou durante muito tempo, com 
várias características, tais como vaidade, fortaleza, honestidade, humildade, 
bondade, mais sempre com muita rigidez e inflexibilidade. Sílvia sente que 
essa couraça nada mais significou do que máscaras que esconderam sua 
verdadeira identidade e que ela sente agora estarem trincando. Tal observa­
ção e interpretação do seu próprio comportamento exemplificam um CRB3.
Com isso ela apresenta um medo frente a esta fresta que se abre com 
a possibilidade de estar se abrindo para um novo. Ela relata um medo frente à 
possibilidade de sua rigidez cair. Percebe-se aí um CRB3 na sua fala em 
relação à possibilidade de suas máscaras caírem, e ainda um CRB1 em rela­
ção ao medo frente ao novo.
Uma carta escrita numa viagem e trazida por ela à sessão traz relatos 
de Sílvia onde ela se compara a um jequitibá que possui as características de 
ser frondoso, dar sombra e abrigo aos familiares e aos que necessitam. Dar 
proteção. É alto, forte, sábio, generoso, altruísta, dócil, obediente e humilde. 
Sílvia deixa claro na carta, sua luta por tornar-se tal árvore, pois aprendeu com 
as pessoas que esse seria o comportamento modelo a ser seguido. Ela via a 
diferença entre comportar-se assim - como um jequitibá - e não como uma 
graminha que poderia viver sob a sombra de jequitibás, e que se deitaria junto 
ao chão para se proteger de tempestades, voltando a se levantar quando 
estas passassem.
Ela estabelece assim diferenças entre comportar-se como jequitibá - 
forte e rígido - e como grama - frágil e flexível, e o medo de mudar seu
2 Nome fictício usado para que a identidade do paciente seja mantida em sigilo.
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repertório de comportamento condizente ao jequitibá. Deixa sua fase de insta­
bilidade, medo e alternância no seguinte trecho da carta:
“Só que, agora, com 64 anos estou ficando cansada de ser'Jequitibá 
porque alguns que se abrigam, sinto que. exploram da sombra o abrigo. Tomei-me 
Jequitibá 'e estou desejando ser somente grama, mas não encontro nenhum ’Jequitibá ’ 
onde eu possa ficar sob ele. Por outro lado a personalidade de ‘Jequitibá’não me 
abandona. Gosto de ajudar, ser útil. Não sei negar sombra e abrigo, porém estou 
muito cansada e às vezes decepcionada. De vez em quando balaço meus galhos, 
como se pedindo socorro. Desejo até tombar-me, porém minhas raizes estão muito 
profundas e tenho medo da mudança. Tenho medo também do futuro, quando nào 
tiver mais folhagem, minha seiva for secando, meus galhos morrendo. Vejo-me um 
‘Jequitibá ’abandonado, sem forças, e muito saudoso daqueles que passaram por 
mim. Também como grama sena difícil viver acho que poderia ser pisoteada.
Preciso então buscar uma oondiçào nova de vida. Estou tentando preparar-me para 
isto. mas vejo os caminhos estreitos e não consigo vislumbrar o final”. (Sílvia, 
13.05.2002).
Com isso, pode-se dizer que o processo terapêutico de mudança é vivi­
ficado pelo paciente também de uma forma complexa, com atravessamentos e 
fases de oscilação entre desenvolvimentos e estagnação, isto é, de uma forma 
aversiva ouno mínimo delicada. Há a ocorrência de novos problemas, até mes­
mo durante a sessão, assim como progressos, observações e interpretações.
Tais fatores que perpassam a clínica, sinalizam para o paciente uma 
possibilidade de mudança e fazem com que este se observe mais e tenha mais 
percepção de que formas antigas de comportar-se já não emitem respostas 
satisfatórias, possivelmente tendendo a desaparecerem, e, por outro lado, no­
vas formas de comportar-se produzirão novas conseqüências, que tenderão a 
selecionar comportamentos que continuarão existindo ou que serão extintos.
O paciente defronta-se então com um impasse, com uma situação nova, 
e exatamente por desconhecer este estranho, esse momento singular e deli­
cado, o paciente ensaia novos comportamentos, tais como o medo, a ansieda­
de, a fuga, esquiva dentre outros. Esses impasses e momentos devem ser 
acompanhados de forma cautelosa e cuidadosa pelo terapeuta.
A balo Para O T erapeuta
‘Quando penso naqueles pacientes que eu vi experimentarem uma grande 
mudança, eu sei que o fogo estava na relação terapêutica... Havia luta e medo, 
proxímidade: amore terror. Havia intimidade e afronta, apreensão e vergonha... era 
uma jornada significativa, mais para o paciente que vinha buscar ajuda, mas, de 
feto, para ambos os participantes. Era um processo que percoma todo o desenrolar 
da terapia e deixava a ambos, paciente e terapeuta, alterados pela experiência... A 
relação terapêutica está no própno centro da psicoterapia eéo veículo através do 
qual a mudança terapêutica acontece." (GREBEN, 1981*).
2 Greben citado por Kohlenberg em FAP - Psicoterapia Analítica Funcional (2001).
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A grande preocupação de um terapeuta clínico, segundo Delitti (2000), 
é a de fazer a análise funcional do comportamento da forma mais correta 
possível, fazer com que a relação terapêutica seja bastante propícia ao cami­
nhar da terapia.
No trabalho psicoterápico, observa-se uma ênfase no desenvolvimen­
to de estratégias de solução de problemas, dificuldades e alívio de sintomas. 
Mudanças. Segundo Shinohara (2000), terapeutas e clientes trabalham em 
conjunto no intuito de apreender com maior segurança e pertinência, alterna­
tivas de manejo das situações problemáticas do cliente. Isto é, se o cliente 
atravessa um período delicado, o processo terapêutico sofre abalos e o 
terapeuta deve se adaptar a isso. Pode-se fozer aqui uma relação aos Com­
portamentos Clinicamente Relevantes, vistos no capítulo anterior, onde o tra­
balho da terapia poderia ser dito a partir do ajustamento dos CRBs com o 
propósito de extinguir os CRBs do tipo 1 e fortalecer os CRBs dos tipos 2 e 3.
O conhecimento teórico não garante que a prática seja compatível à 
necessidade. Torna-se necessário também, de uma forma dinâmica, que o 
terapeuta constantemente avalie sua atuação principalmente nos períodos 
mais difíceis e delicados. (Rangé, 1995), adaptando-se a esses momentos e 
adequando-os aos comportamentos do paciente.
Deve-se identificar as variáveis que controlam o comportamento do 
paciente, ou seja, das quais ele é função nas contingências em que ocorrem. 
Para que, com isso, possam ser levantadas hipóteses sobre a aquisição e 
manutenção de repertórios de comportamentos, possibilitando o planejamen­
to do desenvolvimento do processo, de forma flexível, pelo terapeuta.
Neste sentido, o comportamento do paciente tem uma função. É papel 
do terapeuta entender porque, em que contingências o comportamento se 
instalou e como ele se mantém. E esse entendimento é possível através da 
análise funcional que envolve, na clinica, três momentos da vida do sujeito 
que, de acordo com Delitti (2000) são: história passada, comportamento atual 
e relação com o terapeuta. De uma forma geral, tem-se acesso à história de 
vida do paciente através do seu relato verbal. Como se deu sua aprendiza­
gem, seu processo de modelação, esquemas de reforçamento, dentre outros 
processos.
Assim torna-se possível avaliar como o paciente se comportou no pas­
sado, sua capacidade de discriminação e as contingências relativas aos seus 
comportamentos. De posse disso, pode-se levantar hipóteses acerca de de­
terminados comportamentos que permanecem, mesmo quando as contingên­
cias são outras.
Para se ter acesso ao comportamento atual, o terapeuta pode contar 
também com o relato verbal e, referindo-se à relação com o terapeuta, este
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deve aliar tal relato aos Comportamentos Clinicamente Relevantes, explicitados 
no tópico anterior.
Com os dados dos três momentos da vida do paciente é possível fazer 
uma avaliação de como era o seu repertório, como se desenvolveu e se man­
teve. Assim é possível conjecturar a respeito do comportamento do indivíduo 
frente às situações de medo, ansiedade e resistência ao se deparar com o 
novo ou com a possibilidade de mudar, a respeito de seu caminhar ou não, à 
fuga e/ou esquiva, enfim às suas dificuldades a cerca da terapia.
Enfim, deve-se ressaltar que o processo terapêutico de mudança é 
uma etapa igualmente delicada e complexa para o terapeuta, pois é onde seu 
manejo será de extrema importância para as mudanças que o paciente deve­
rá enfrentar. E a extrema importância relacionada ao manejo do terapeuta se 
deve ao fato de que, tanto o processo terapêutico quanto o próprio terapeuta 
podem tornar-se estímulos aversivos, uma vez que já foram para o paciente, 
respectivamente, um ambiente favorável e uma pessoa que eliciava estímulos 
com características positivas. Assim, a terapia que antes convidava o paciente 
a falar, pode afetar o processo. E se o terapeuta não estiver atento, não for 
sensível aos repertórios do cliente, ou for muito diretivo sem respeitar os limi­
tes e o tempo do cliente, pode tornar-se fonte de coerção, provocando ele 
mesmo, comportamentos de fuga ou esquiva da sessão.
Segundo Rangé, (1995), o terapeuta deve procurar identificar e tratar 
as resistências do paciente antes de produzir mudanças. E é desse manejo 
que dependerá todo o processo terapêutico daí em diante.
C onclusões
‘Os homens agem sobre o mundo, modificam-no e, por sua vez são 
modificados pelas conseqüências de sua ação. Alguns processos que o organismo 
humano compartilha com outras espécies alteram o comportamento para que ele 
obtenha um intercâmbio mais útil e mais seguro em determinado meio ambiente.
Uma vez estabelecido um comportamento apropriado, suas conseqüências agem 
através de processos semelhantes para permanecerem ativas. Se, por acaso, o 
meio se modifica, formas antigas de comportamento desaparecem, enquanto no­
vas conseqüências produzem novas formas." (SKINNER, citado por MACHADO,
1997*).
Assim como o processo psicoterápico de mudança e resistência é de 
suma importância, o estudo de sua prática também o é para que se tenha um 
instrumento a mais na tentativa de garantir a qualidade na relação terapêutica.
Se, como enfatiza Shinohara (2000) a qualidade da relação terapêuti­
ca interfere de forma significativa nos resultados da terapia, se o terapeuta tem
4 Skirmer, 1978, p. 15, citado por MACHADO, Ana Maria Le Sénéchal (1997).
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como desafio desempenhar um papel mais interativo do que técnico em rela­
ção ao seu paciente, se o objetivo é que ocorram mudanças mais significati­
vas e duradouras, estudos criteriosos a esse respeito devem ser, 
imprescindivelmente, produzidos, desenvolvidos e aperfeiçoados.
Não se sabe exatamentecomo terapeutas e pacientes trabalharão con­
juntamente. Não se sabe com precisão como ambos enfrentarão o caminho 
das pedras. Mas mesmo não sabendo o caminho das pedras parece que vale 
a pena investir no desenvolvimento de repertórios por parte dos terapeutas 
que sejam sensíveis aos repertórios dos clientes. Deste modo pode-se pensar 
sobre e produzir um planejamento de intervenção que seja realmente eficaz 
na transformação e melhoria de qualidade de vida.
"Transforme as pedras que você tropeça nas pedras de sua escada." 
SÓCRATES.
R eferências
Aratangy, L. R. (2002) Por Uma Ética no Cotidiano. Revista Viver. São Paulo: Editora 
Segmento, n. 98, p. 23.
Delitto, M. (2001). Análise Funcional: O Comportamento do Cliente Como Foco da Análise 
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ESETec:São Paulo.
Kohlenberg, R. J. e Tsai, M. (2001) FAP - Psicoterapia Analítica Funcional;criando rela­
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Letther, H e Rangé, B.(1988) Algumas Notas Sobre Ética e Psicoterapia Comportamental. 
Manual de Psicoterapia Comportamental. São Paulo: Ed Manole LTDA.
Lòbr, S. e lngherman,Y.Terapia Comportamental. Revista Contato, Edição Bimestral do 
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Meyer, S. B. Quais os Requisitos Para Que Uma Terapia Seja Considerada Comportamental? 
ENCONTRO PARANAENSE DE PSICOLOGIA, 4,1990. Revisão realizada em 1995. 
Universidade São Judas Tadeu.
Rangé, B. (1995) Ética e psicologia comportamental. Psicoterapia Comportamental e 
Cognitiva. (Pesquisa, Prática, Aplicações e Problemas). Cap. 9. Campinas: Ed. Psy.
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BOOKS 
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_________ . (1995) Psicoterapia Cognitiva,.Psicoterapia Comportamental e Cognitiva.
(Pesquisa, Prática, Aplicações e Problemas).Cap. 9. Campinas: Ed.Psy.
Shinohara, H. (2000) Relação Terapêutica: O que Sabemos Sobre Ela? Sobre Compor­
tamento e Cognição. Vol5. Cap. 27. São Paulo: ESETec.
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P e s q u is a Bá s ic a : um e s t u d o s o b r e d e p r e s s ã o 1
Ana Carmen Oliveira Dolabela2' 
Tatiana Araujo Carvalho'
O presente trabalho é uma tentativa de mostrar como a pesquisa bási­
ca3 pode contribuir para o estudo da depressão. De acordo com dados da 
Organização Mundial de Saúde (Calil, n.d.), a incidência da depressão atinge, 
hoje, cerca de 6 % da população mundial e aproximadamente 20 % das pes­
soas irão apresentar ao menos um episódio depressivo ao longo da vida.
Uma maneira de se estudar a depressão é através de modelos animais. 
Dentre os diversos modelos de depressão possíveis, discutiremos neste traba­
lho o Chrortic Mild Stress (Estresse crônico moderado) que foi apresentado 
pelos pesquisadores Willner, Towell, Sampson, Sophokleous e Muscat, em 1987, 
na revista Psychopharmacoiogy, Este modelo investiga efeitos de uma longa 
exposição a eventos estressores moderadamente aversivos, utilizando-se ratos 
como sujeitos. Os pesquisadores desenvolveram um método para provocar a 
anedonia, termo usado por Willner e cols. (1987) para caracterizar uma diminui­
ção na capacidade de sentir prazer, uma insensibilidade à recompensa. A 
anedonia é considerada pelo DSM-IV um dos principais sintomas da depressão.
A depressão tem sido investigada em pesquisas realizadas no programa 
de Pós-Graduação em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento na 
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Cássia Roberta da Cunha Thomaz, 
em 2001, realizou, no laboratório de Psicologia Experimental da PUC/SP, uma 
replicação deste estudo de Willner e cols. (1987). O objetivo principal de Thomaz 
(2001) era descobrir se a exposição ao regime de estressores seria capaz de 
afetar o valor reforçador dos estímulos. Para tanto ratos foram repetidamente
’ PUCSP
' Agradecemos a colaboração e o incentivo de Adriana Cruvinel por nos convidar a fazer parle deste 
trabalho e das professoras Tereza Maria Sério e Maria Amália Andery pela atenção e sugestões.
2 Bolsista Capes 2002-2004
* O pesquisador básico tem como objetivo o preenchimento de uma lacuna na teoria. A pesquisa básica, 
independentemente de ser realizada dentro ou fora do laboratório, permite manipulação, previsão e 
controle das variáveis. O que a diferencia da pesquisa aplicada não é seu objeto de estudo nem os 
procedimentos de pesquisa usados. A diferença é que pesquisa aplicada é determinada peio interesse 
da sociedade que aponta seus problemas.
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expostos a estressores moderados quase ininterruptamente durante seis sema­
nas. Os estressores utilizados foram inclinação da gaiola, luz estroboscópica, 
barulho intermitente, privação de comida, gaiola suja, luz acessa durante a 
noite, objeto estranho na gaiola, acesso restrito à comida, cheiro forte e agrupa­
mento com outro rato na mesma gaiola.
Foram realizados testes de consumo e de preferência de líquidos uma 
vez por semana. Os testes aconteceram durante todo o regime de estressores 
e ainda houve três testes antes e três depois do regime de estressores. Estes 
eram realizados após 23 horas de privação de água e comida e tinham a 
duração de uma hora. Eram utilizadas duas garrafas do tipo mamadeira com 
capacidade de 250 ml. Uma continha água filtrada e a outra continha uma 
solução de sacarose a 8%. As garrafas eram dispostas nos lados direito e 
esquerdo na parede frontal da gaiola viveiro, equidistante das paredes late­
rais. O lado de apresentação das garrafas era alternado a cada teste.
Ao final de uma hora de exposição a quantidade de líquidos ingeridos 
era encontrada a partir da diferença entre o volume, em mililitros, do líquido 
disponibilizado e o volume final restante na mamadeira.
Além disto, foi criada uma situação em caixa operante em esquema 
concorrente de razão fixa4 FR 15 água - FR155 sacarose na qual, diariamente, 
durante três semanas antes e três semanas depois do regime de estressores 
era verificada a freqüência de respostas do rato em cada uma das barras.
Os resultados encontrados foram:
Ratos Condição j A m es do regime ' D urante o regime A pós o regime
A e B
Ics tc de 
consum o l; 
preferência 
de líquidos
! Diminuição do 
Alto consum o to tal de : consum o total de 
líquidos e m aior líquidos e do 
consum o de sacarose consum o diferenciado 
de sacarose
M anteve baixo o 
consum o total de 
líquidos e o consum o 
diferenciado dc 
sacarose
C e D
Teste de 
consum o e 
preferência 
de líquidos
+
Esquem a 
concorrente 
F R 15 água 
1-R1S 
sacarose.
Alto consum o to tal de 
líquidos e m aior 
consum o de sacarose
Alta freqüência de 
respostas de pressão à 
barra correspondente 
a liberação da 
sacarose
D im inuição do 
consum o total de 
líquidos e do 
consum o diferenciado 
de sacarose 
+
N ão teve esquem a 
concorren te durante o 
regime de estressores
A lto consum o to tal de 
líquidos e m aior 
consum o de sacarose
Alta freqüência de 
respostas de pressão á 
barra correspondente a 
liberação da sacarose
4 Razão Fixa:Esquema em que a última de um número especificado de respostas de uma classe 
selecionada é seguida por uma conseqüência. (Catania, 1999}
5 FR15 água - FR15 sacarose: Esquema no qual há duas barras disponíveis e cada uma delas libera 
uma gota de água ou de sacarose cada vez que se completa 15 pressões a barra.
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Pode-se concluir com este primeiro estudo que a diminuição do consu­
mo total de líquidos e do consumo diferenciado de sacarose nos ratos A e B 
evidencia uma redução no valor reforçador da sacarose devido à exposição 
ao regime de estressores. Já para os ratos C e D a exposição a uma condição 
operante de esquema concorrente antes e depois de encerrado o regime de 
estressores, parece ter alterado o efeito comumente produzido pelo regime, 
restabelecendo o consumo de líquidos e a preferência pela solução de 
sacarose como era antes da exposição aos estressores.
Willner e cols. (1992) produziram este restabelecimento de ingestão 
de solução de sacarose após duas a cinco semanas de tratamento de drogas 
antidepressivas. Thomaz (2001) conclui que a exposição ao esquema concor­
rente FR água - FR solução de sacarose também foi capaz de interferir nos 
testes de consumo de líquidos restabelecendo a preferência pela solução de 
sacarose com apenas algumas exposições a situação concorrente, sem o uso 
de drogas..
Pode-se entender os resultados da seguinte forma: o fato de um sujeito 
ter, na sua história, situações nas quais ele pode exercer controle sobre uma 
parte do ambiente, nas quais suas respostas sejam conseqüenciadas, ou 
seja, sua ação produza modificações, pode auxiliar para que este sujeito se 
recupere mais rapidamente dos efeitos de uma situação aversiva e incontrolável.
No início de 2003, como parte integrante dos estudos de Pós-Gradua­
ção da PUC/SP, um segundo estudo, ainda em andamento, foi proposto por 
Ana Carmen Dolabela (2003), sobre as possíveis interações entre o Chronic 
Mild Stress e o desempenho operante. Tal estudo tem como objetivo verificar 
se a exposição dos ratos a uma situação de esquema concorrente durante o 
regime de estressores irá produzir alterações: a) no desempenho de pressão 
à barra (medido na caixa operante) comparando-se à linha de base anterior 
ao regime de estressores e; b) no consumo de água e de sacarose (medido no 
teste de consumo e preferência de líquidos) comparando-se às medidas ante­
riores ao regime de estressores.
Para isto, optou-se por um estudo com o seguinte delineamento expe­
rimentai: Em uma condição os sujeitos são expostos a seis semanas de regi­
me de estressores Na segunda condição os sujeitos são, primeiramente, ex­
postos a sessões operantes de esquema concorrente FR água - FR solução 
de sacarose, logo em seguida passam pelo regime de estressores e depois, 
novamente, pelas sessões de esquema concorrente. Na terceira condição, a 
situação de esquema concorrente FR água - FR solução de sacarose conti­
nua a acontecer uma vez por semana durante o regime de estressores, permi­
tindo observar as possíveis interações entre o Chronic Mild Stress e o desem­
penho operante de pressão à barra. Nas três condições experimentais são 
realizados testes semanais de consumo e de preferência de líquidos antes, 
durante e depois do regime de estressores.
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Estes estudos nos alertam para o seguinte fato: a depressão não é sem­
pre causada por um único evento aversivo e marcante, mas pode ser provocada 
também por uma longa exposição a eventos estressores moderados.
O que pretende-se neste texto é mostrar que a pesquisa básica pode 
contribuir de forma decisiva no estudo da depressão. Um modelo animal da 
depressão tem como proposta fazer simulações com as quais se analisam 
aspectos da depressão, permitindo a investigação de características 
comportamentais, reproduzindo aspectos da situação clínica. (Willner, Muscat 
e Papp, 1992).
É a partir da pesquisa básica que o analista do comportamento conhe­
ce os processos básicos e pode preencher lacunas teóricas dando a susten­
tação necessária para pensar na solução de problemas comportamentais. 
Segundo Eifert Forsyth, Zvolensky e Lejuez (1999) a pesquisa básica de 
laboratório nos leva a importantes descobertas para a compreensão e trata­
mento de diversas questões comportamentais. O refinamento dos processos 
experimentais e uma boa interpretação desses estudos permitem a amplia­
ção da compreensão e atuação no comportamento humano.
R eferências
Calil, L.C. (n.d.). Depressão: Amante causadora de muitas separações. Internet: http:// 
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Um m o d e l o c o g n it iv o d e r e s is t ê n c ia e m 
p s ic o t e r a p ia
Eiiane Mary de Oliveira Falcone*
Existe uma variedade de provas sustentando a eficácia da terapia 
cognitivo-comportamentai no tratamento de diversos transtornos psicológi­
cos, tais como os transtornos de ansiedade; depressão maior; transtornos 
sexuais e conflitos conjugais (J. Beck, 1997). Por outro lado, uma quantidade 
considerável de pacientes com transtornos crônicos e de personalidade não 
responde favoravelmente às técnicas cognitivo-comportamentais tradicionais 
(Young, Klosko & Weishaar, 2003). Tais pacientes são mais resistentes à 
mudança e constituem um desafio para o trabalho dos terapeutas.
A resistência à terapia constitui um fenômeno comum no processo 
terapêutico. Segundo Newman (2002), embora os clientes desejem obter alí­
vio de sua ansiedade aguda ou de seus sintomas depressivos, eles estão 
incertos com relação a desistir de padrões duradouros de funcionamento. 
Além disso, eles possuem dúvidas, medos, hesitações e outros obstáculos 
internos para crescer e mudar. Newman propõe que a resistência “vincula 
aqueles aspectos do funcionamento do cliente que procuram manter o 'satus 
quo’ em suas vidas psicológicas. A resistência trabalha contra a mudança 
construtiva, mas também nos provê de informações valiosas sobre os clientes 
e seus conflitos" (Newman, 2002, p. 166). Se o terapeuta não for capaz de 
identificar os motivos da resistência de seu paciente, ele poderá experimentar 
emoções negativas e tornar-se defensivo, adotando comportamentos hostis, 
que serãoprejudiciais ao paciente e ao tratamento (Leahy, 2001).
Alguns dos comportamentos de pacientes considerados como resistên­
cia incluem (Leahy, 2001; Newman, 2002; Safran, 2002): chegar atrasado siste­
maticamente às sessões; criar problemas com o pagamento das sessões; ex­
pressão excessiva de sentimentos negativos dirigidos ao terapeuta, onde a
Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, RJ.
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competência deste é atacada ou onde este é acusado de ser frio e insensível; 
comunicação indireta de sentimentos negativos ou hostilidade expressa atra­
vés de sarcasmo; desacordos a respeito de objetivos e tarefas da terapia; obedi­
ência pelo temor de ameaça seguida de ressentimento; justificativas ou autode­
fesas para manter a auto-estima; galanteios excessivos dirigidos ao terapeuta; 
debates gratuitos com o terapeuta (ex., encarar as palavras encorajadoras do 
terapeuta como respostas cínicas; desaprovar as reflexões acuradas do 
terapeuta); torcer os comentários do terapeuta para o lado negativo; comparecer 
às sessões apenas em resposta a crises; tentativas de prolongar o tempo da 
sessão; exigências não razoáveis de cura rápida e sem esforço.
Após uma breve revisão de estudos que buscam explicar os motivos da 
resistência ao tratamento (por ex., Leahy, 2001; Newman, 2002; Safran, 2002; 
Young, Klosko & Weishaar, 2003), verifica-se que a resistência do paciente é 
influenciada por três fatores descritos a seguir: 1) as demandas da terapia e a 
introdução das técnicas; 2) os esquemas de resistência pessoal do paciente;
3) os esquemas de resistência pessoal do terapeuta.
1) AS DEMANDAS DA TERAPIA E A INTRODUÇÃO DAS TÉCNICAS!
A terapia cognitivo- comportamental possui algumas demandas que po­
dem contribuir para a resistência ao tratamento. Tais demandas incluem: ênfase 
no aqui-e-agora; sessões estruturadas e contínuas; solução de problemas; 
reestruturação de pensamentos disfuncionais; papel ativo por parte do terapeuta 
e do paciente; definição de metas; adesão às tarefas de auto-ajuda (ver J.Beck, 
1997; Leahy, 2001; Wells, 1997). Entretanto, muitos pacientes não estão dispos­
tos a aderir a essas diretrizes processuais. Em vez de buscar a solução de 
problemas, por exemplo, eles preferem usar as sessões terapêuticas para "ven­
tilar”, lamentando-se com freqüência, tentando convencer o terapeuta de que a 
vida é difícil e buscando neste um reconhecimento dessas dificuldades, em vez 
de soluções. Outros preferem explorar os motivos de seus problemas em seus 
traumas do passado e ainda outros esperam conselhos do terapeuta.
Para facilitar a adesão do paciente às demandas da terapia, alguns auto­
res (por ex., Golden, 1989; Leahy, 2001; Newman, 2002) sugerem procedimen­
tos tais como: socialização da terapia; usar o método socrático; prover os clientes 
de escolha e fala ativa; rever com o cliente os prós e os contras da mudança e do 
status quo^er simpático com a resistência do cliente; discutir a conceituação de 
caso com o cliente; falar a linguagem do cliente; maximizar o uso de auto-direção 
do cliente; solicitar feedback freqüente; propor mudanças pequenas quando o 
cliente apresenta ansiedade extrema; identificar ganhos secundários que inter­
ferem com a mudança; prestar atenção às rupturas de aliança; reconhecer o 
próprio papel na relação como parte da transferência do cliente.
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Embora os procedimentos acima possam ser eficazes para um grande 
número de pacientes - geralmente aqueles que apresentam transtornos do Eixo
I apontados no DSM-IV (APA, 1994) - estes costumam ser insuficientes na 
interação com aqueles pacientes que manifestam transtornos crônicos ou trans­
tornos de personalidade.
2 ) OS ESQUEMAS PESSOAIS DE RESISTÊNCIA DO PACIENTE
Um esquema é definido por Young (2003, p. 6) como “uma representa­
ção abstrata das características distintivas de um evento, um tipo de fotocópia 
azul de seus elementos mais salientes".
Os esquemas são formados no inicio da vida, continuam a ser elaborados 
e depois, superímpostos nas experiências posteriores, mesmo quando eiesjá não 
são mais aplicáveis. Isso se deve a uma necessidade para a consistência cognitiva, 
para manter uma visão estável de si e do mundo, mesmo quando essa visão é não 
acurada e distorcida. Assim, um esquema pode serposidvo ou negativo, adaptativo 
ou desadaptativo (Beck, 1967, in Young, 2003).
Pacientes difíceis ou com transtorno de personalidade possuem esque­
mas desadaptativos, que se caracterizam por: a) interpretações tendenciosas, 
que confirmam o esquema (concepções errôneas, atitudes distorcidas, premis­
sas inválidas e metas e expectativas pouco realistas): b) dificuldades na interação 
com os outros aliadas a não percepção da própria participação nessas dificulda­
des, gerando reações negativas e rejeição por parte dos outros. Desse modo, a 
terapia é vista por esses indivíduos como ameaçadora para os seus esquemas 
e eles irão resistir fortemente às demandas da terapia (Beck & Freeman, 1993).
A resistência manifestada por pacientes difíceis irá depender do tipo de 
esquema que será ativado na terapia. O paciente narcisista, por exemplo, que 
apresenta esquemas de grandiosidade, tende a se considerar especial. As­
sim, a condição de paciente é bastante desconfortável e humilhante para ele. 
Nesse caso, a resistência pode tomar a forma de desvalorizar a terapia e/ou o 
terapeuta, para preservar a autocrença de ser especial. O paciente com trans­
torno obsessivo-compulsivo de personalidade tende a ser perfeccionista e 
tem dificuldade de reconhecer os próprios ganhos. Geralmente resiste às tare­
fas de auto-ajuda por considerar que não conseguirá realiza-las com perfei­
ção. O paciente dependente, por se sentir inseguro, tende a resistir a tomada 
de decisão e a mudanças. Pacientes que necessitam de validação costumam 
se lamentar com muita freqüência e rejeitam qualquer tentativa de solucionar 
os seus problemas. O que eles desejam é o reconhecimento de que os seus 
problemas são realmente difíceis e qualquer tentativa do terapeuta para bus­
car uma solução será rejeitada (Leahy, 2001).
As soluções propostas anteriormente para facilitar a adesão às deman­
das da terapia costumam ser eficazes no tratamento de pacientes com transtor­
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nos de ansiedade. Nesse caso, o terapeuta pode identificar alguns sinais de 
resistência do paciente (por ex., chegar atrasado com freqüência às sessões, 
não realizar tarefas entre as sessões etc.) e apontá-los gentilmente, para identi­
ficar os problemas subjacentes. Algumas vezes, as técnicas de reestruturação 
cognitiva ou de vantagens e desvantagens em mudar podem ser úteis. Entre­
tanto, tais procedimentos não costumam funcionar com pacientes que possuem 
esquemas de personalidade, uma vez que estes mal interpretam as ações do 
terapeuta, levando para o consultório os seus estilos interpessoais mal 
adaptativos (Beck e Freeman. 1993). Assim, o manejo da resistência em pacien­
tes com esquemas de personalidade exige que o terapeuta abra mão tempora­
riamente da mudança, para explorar o conteúdo esquemático do paciente. Liotti 
(1989) já havia chamado atenção para essa questão, ao criticar as contribuições 
cognitivo-comportamentais quanto à forma de avaliar as origens da resistência. 
Segundo o autor, os terapeutas orientados cognitivamente abordam a questão 
da resistência identificando crenças irracionais, bloqueios cognitivosou ansie­
dades mais elevadas, subjacentes à falha do paciente em aderir a um determi­
nado procedimento terapêutico. Tais contribuições à avaliação das origens da 
resistência são limitadas, uma vez que se baseiam no “aqui e agora” e dão 
pouca atenção a uma investigação sobre quando, como e por que as crenças, 
bloqueios e ansiedades foram adquiridas no curso da vida do paciente. Liotti 
propõe que o significado da resistência do paciente, ou seja, o comportamento 
ou cognição rotulado de “resistência”, poderia servir a um propósito adaptativo a 
partir do ponto de vista do paciente.
O trabalho com a resistência de pacientes com transtorno de persona­
lidade deve acontecer primeiro através da reconstrução de experiências pas­
sadas que provocaram a construção de estruturas disfuncionais. Somente 
após o paciente reconhecer as origens históricas de sua construção da reali­
dade é que este deve ser encorajado pelo terapeuta a se descentrar deste 
modelo e a revisa-lo, através do enfrentamento com representações alternati­
vas. Assim, o terapeuta deve trabalhar com a resistência, explorando os seus 
significados, em vez de contra a resistência, rotulando-a imediatamente de 
“irracional" (Liotti, 1982).
Safran (2002) afirma que o cliente percebe o significado das ações de 
outras pessoas a partir de expectativas generalizadas de interações com os 
outros ou esquemas interpessoais, os quais são baseados em experiências 
passadas. Quando esses esquemas são disfuncionais, eles ativam ciclos 
cognitivo-interpessoais mal-adaptativos. Nesse caso, o cliente cria expectati­
vas que geram comportamentos, os quais acabam confirmando as expectati­
vas disfuncionais. Como exemplo, Safran cita o caso de um indivíduo que 
antecipa ser abandonado pelos outros. Tal expectativa provoca comporta­
mentos de dependência e carência, alienando as pessoas e confirmando as 
expectativas de ser abandonado.
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0 terapeuta não deve atuar de modo consistente com o esquema 
interpessoal disfuncional do cliente, uma vez que isso irá perpetuá-lo. Assim, 
se o terapeuta responde á hostilidade do cliente com hostilidade, este poderá 
confirmar a crença do cliente de que o mundo é hostil e deve ser encarado 
com hostilidade. Por outro lado, se o terapeuta não participa do ciclo cognitivo- 
interpessoal do cliente, ele estará colaborando para desafiar as crenças 
disfuncionais deste (Safran, 2002).
A resistência constitui uma oportunidade para o terapeuta explorar o 
conteúdo esquemático do paciente, assim como a sua história que contribuiu 
para a construção desse esquema (Leahy, 2001; Safran, 2002; Young, 2003; 
Young, Klosko & Weishaar, 2003). O sucesso na realização desse impasse, 
sem que o terapeuta se comporte de forma complementar ao esquema do 
paciente, agindo de modo diferente daquele apresentado pelas pessoas do 
contexto interacional do paciente, permitirá que este último desconfirme as 
suas crenças disfuncionais sobre os outros.
Resumindo, ao lidar com a resistência de pacientes com transtorno de 
personalidade, o terapeuta deve: a) Reconstruir as experiências passadas 
que provocaram a construção de estruturas disfuncionais, antes de o paciente 
ser encorajado ao enfrentamento com representações alternativas; b) Tentar 
identificar o conteúdo esquemático presente do paciente, relacionando-o com 
dados de sua história que contribuíram para a construção desse esquema; c) 
agir de forma diferente daquela apresentada pelas pessoas do contexto 
interacional do paciente, favorecendo que este último desconfirme as suas 
crenças disfuncionais sobre os outros.
3) Os ESQUEMAS PESSOAIS DE RESISTÊNCIA DO TERAPEUTA
Os esquemas disfuncionais do paciente podem fazer com que este se 
comporte na terapia de maneira hostil, dependente, exigente, manipuladora 
ou exploradora. Tais comportamentos podem ativar os esquemas individuais 
do terapeuta. Quando o paciente desvaloriza o terapeuta, isso significa que 
ele provavelmente está desvalorizando as outras pessoas em seu contexto 
interacional. Assim, o terapeuta que é capaz de identificar as próprias emo­
ções e vulnerabilidades desencadeadas pelo comportamento do paciente na 
sessão, poderá entender como o comportamento desse paciente afeta os 
outros e como se desenvolveu esse modo de interagir. Isso possibilita que o 
terapeuta seja mais efetivo na relação, provendo um modelo de papel para o 
paciente, sem desvaloriza-lo, ajudando-o a desenvolver modos mais apropri­
ados de comunicação. Por outro lado, quando o terapeuta ignora ou negligen­
cia os próprios esquemas e vulnerabilidades, ativados a partir da interação 
com o seu paciente, os seus comportamentos (ex., esconder-se atrás das 
técnicas, rotular o paciente etc.) podem sabotara terapia (Leahy, 2001).
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Entretanto, como aponta Strupp (1980, in Safran, 2002), qualquer 
terapeuta, assim como qualquer ser humano, pode ter dificuldade para perma­
necer imune a reações negativas de seu paciente, especialmente quando estas 
se manifestam de forma moderada ou severa. Ao penetrar no mundo interior de 
seu paciente, o terapeuta pode não resistir à necessidade de lidar com sua 
própria resposta às demonstrações de resistência deste. No estudo de Strupp, 
mesmo os terapeutas experientes e analisados, apresentaram tendência a res­
ponder a pacientes hostis com contra-hostilidade, manifestada através de frieza, 
distanciamento e outras formas de rejeição. Tal constatação chama atenção 
para a necessidade de um aprimoramento do entendimento do terapeuta no 
sentido de lidar mais eficazmente com pacientes problemáticos.
A reação pessoal do terapeuta frente ao comportamento do paciente é 
referida como contratransferência. O conceito de contratransferência foi intro­
duzido pela psicanálise e, por essa razão, negado durante muito tempo pelos 
comportamentalistas, uma vez que estes rejeitavam a utilização de conceitos 
psicanalíticos (Freeman, 2001). Na opinião de Leahy (2001), o otimismo ex­
cessivo dos terapeutas cognitivo-comportamentais com relação ao poder das 
técnicas fez com que estes, durante muito tempo, ignorassem a 
contratransferência. Atualmente, esta começa a ser considerada na terapia 
cognitivo-comportamental e é definida como “a resposta frente ao paciente 
que está enraizada nos esquemas ativos e inativos do terapeuta” (Freeman, 
Pretzer, Fleming & Simon, 1990, em Freeman, 2001, p. 21).
Ao investigar como a contratransferência afeta os terapeutas, Leahy 
(2001) encontrou, entre os seus supervisionados, alguns problemas típicos 
de contratransferência, tais como: 1. Ambivalência com relação ao uso de 
técnicas pelo medo de indispor o paciente; 2. Culpa ou medo da raiva do 
paciente; 3. Sentimentos de inferioridade no trabalho com pacientes narcisis­
tas: 4. Desconforto quando o paciente é sexualmente atraente; 5. inabilidade 
para impor limites em pacientes sexualmente provocantes ou hostis; 6. Ses­
sões terapêuticas estendidas além dos limites usuais; 7. Ausência de asserção 
na cobrança do preço ou no cumprimento do contrato; 8. Inibição na coleta 
adequada da história sexual; 9. Raiva de pacientes que telefonam entre as 
sessões; 10. Catastrofização sobre as questões relativas a hospitalizar um 
paciente. O autor também encontrou alguns pensamentos automáticos 
distorcidos de terapeutas na contratransferência:
"Esse paciente é resistente" (rotuiação); “Ele nunca vai melhorar' (adivi­
nhação); “Ele não está melhorando” (pensamento tudo ou nada); "O paciente ainda 
está deprimido por minha culpa“ (personalização); ‘Eu não posso aguentaras 
lamentações do meu paciente“ (catastrofização); "O paciente deveria fazer a tarefa 
de casa"(deverias); “Meus padentes não irão melhorar"(Supergeneralizaçâo) (Leahy,
2001, p. 239).
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Assim como os esquemas do paciente resultam em resistência, os es­
quemas pessoais do terapeuta resultam em contratransferência. Leahy (2001) 
aponta alguns esquemas mais comuns de terapeutas que afetam a 
contratransferência:
1) Padrões elevados de exigência ou perfeccionismo ôo terapeuta, fazendo 
com que este veja o cliente que não adere ao tratamento como irresponsável. 
Pelo medo excessivo do fracasso, o terapeuta se torna exigente, fazendo com 
que o paciente se sinta culpado ou controlado.
2) Preocupação com abandono. Terapeutas com esse esquema vêem a resis­
tência do paciente como rejeição pessoal. Assim, eles tendem a evitar tópicos 
dificeis na sessão, deixando de confrontar certas distorções e comportamen­
tos destrutivos do paciente. Tornam-se defensivos quando o paciente ameaça 
deixar a terapia.
3) Crenças de ser superior e especial. Terapeutas com esquema narcisista 
vêem a terapia mais como uma oportunidade para brilhar do que para ajudar 
o paciente. A resistência deste último é ofensiva para os esquemas de 
grandiosidade do terapeuta, que se distancia, podendo até mesmo humilhar o 
paciente.
4) Necessidade de aprovação. O terapeuta “agradável com as pessoas” pos­
sui uma motivação excessiva para fazer com que o paciente se sinta bem, 
evitando qualquer coisa que possa irritá-lo ou frustra-lo. Sua necessidade de 
aprovação faz com que ele evite abordar assuntos perturbadores para o paci­
ente. O papel de “amigo” pode levar o cliente a acreditar que o seu terapeuta 
não se importa com os seus comportamentos mais negativos. Assim, eles 
podem sabotar a terapia, chegar atrasado ou faltar às sessões ou não fazer as 
tarefas.
5) Senso superdesenvolvido de autonomia. Terapeutas autônomos tendem a 
primar pela eficiência e se sentem ameaçados com pacientes dependentes e 
que se lamentam. Eles vêem a necessidade de validação do paciente como 
uma invasão de limites e se sentem irritados quando este último solicita cuida­
dos extras.
Leahy (2001) sugere que o terapeuta deve utilizar os recursos da tera­
pia cognitiva, identificando os próprios sentimentos e desafiando os seus pen­
samentos automáticos e suposições na contratransferência. Em seguida, ele 
deve investigar como os outros reagem ao paciente e de que maneira essas 
reações têm mantido o esquema do paciente, partindo do princípio de que os 
indivíduos procuram os relacionamentos que os levam a manter os seus trans­
tornos (ex., pacientes narcisistas podem selecionar indivíduos dependentes, 
que serão subservientes ou indivíduos narcisistas, para compartilhar um sen­
so de superioridade, através de contratos de gratificação mútua).
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Após identificar o esquema interpessoal do paciente, o terapeuta deve 
especular, na história deste, como os outros o fizeram se sentir daquela ma­
neira. Esse entendimento permite que o próprio paciente compreenda o seu 
esquema, favorecendo posterior negociação entre terapeuta e paciente.
Em vez de rotular o paciente como borderline, narcisista etc., o terapeuta 
deve tirar proveito das experiências vivenciadas na relação terapêutica para 
refletir sobre suas emoções e esquemas ativados pelas reações do paciente. 
Dessa forma, tanto o paciente quanto o terapeuta irão se beneficiar com o 
autoconhecimento, aumentando o vínculo e favorecendo a mudança para 
ambos.
C onclusões
Os estudos sobre os fatores que contribuem para a resistência do paci­
ente e para a contratransferência do terapeuta são relativamente novos na tera­
pia cognitivo-comportamental, que tem investido mais na verificação de eficácia 
das técnicas terapêuticas do que na relação terapeuta-paciente. Treinados em 
um modelo terapêutico que focaliza a mudança, os terapeutas cognitivo- 
comportamentais tendem a lidar com os problemas de resistência utilizando 
técnicas baseadas no aqui-e-agora, encarando a resistência como um obstácu­
lo ao tratamento, mais do que uma oportunidade para conhecer os esquemas 
do paciente. Tais procedimentos podem ser úteis na relação com pacientes que 
apresentam transtornos de ansiedade, depressão maior, conflitos conjugais ou 
problemas existenciais. Entretanto, são ineficazes quando utilizados com paci­
entes que manifestam transtornos de personalidade ou transtornos crônicos.
Espera-se que esse capítulo tenha contribuído, através de uma breve 
revisão da literatura, para mostrar a importância da relação terapêutica na 
abordagem à resistência de pacientes difíceis.
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GROUPS 
 
 
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GROUPS 
 
 
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P r o c e s s o s c o m p o r t a m e n t a is n a P s ic o t e r a p ia
Sonia Meyer'
Os processos de aquisição e mudança de comportamentos foram descri­
tos por Skinner (1957,1974/1953, 1982/1974,) e seus seguidores podendo ser 
agrupados em condicionamento respondente e condicionamento operante, sen­
do esse último de especial interesse ao analisar o que ocorre em psicoterapia.
Uma das descrições do comportamento operante feita por Skinner (1957)
foi:
Homens agem sobre o mundo mudando-o e são mudados, por sua vez, 
pelas conseqüências de suas ações. Certos processos, que os humanos com­
partilham com outras espécies, alteram o comportamento de forma que ele 
alcança um intercâmbio mais seguro e útil com um ambiente particular. Quan­
do comportamento apropriado foi estabelecido, suas conseqüências

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