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Prévia do material em texto

Psicologia Social
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Ms. Nirley Dragonetti
Revisão Textual:
Prof. Dra. Selma Aparecida Cesarin
O Ser Humano nos Ambientes Sociais
• Introdução
• A Significação da Interação Social
• Atitudes e Comportamento
• As Pessoas em Ambientes de Grupos
 · Esta Unidade tem por objetivo fazer com que entendamos a 
significação da Interação Social para o ser humano, assim como 
compreender as formas pelas quais os processos psicológicos 
acontecem e estão interligados com as experiências vividas em um 
contexto grupal e cultural.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Nesta Unidade, vamos aprender um pouco mais sobre o importante tema 
“O ser humano nos ambientes sociais”.
Então, procure ler o conteúdo disponibilizado e o material complementar; 
eles ajudarão você na compreensão da Unidade.
Lembre-se! A leitura é um momento oportuno e feliz para registrar suas 
dúvidas; por isso, registre-as e as transmita ao professor-tutor.
Além disso, para que a sua aprendizagem ocorra no ambiente mais interativo 
possível, na pasta de atividades, você também encontrará as atividades de 
Avaliação, uma Atividade Reflexiva e a videoaula.
Cada material disponibilizado é mais um elemento para seu aprendizado; 
por favor, estude todos com atenção!
ORIENTAÇÕES
O Ser Humano nos Ambientes Sociais
UNIDADE O Ser Humano nos Ambientes Sociais
Contextualização
“Fernando é um estudante universitário muito preocupado com problemas 
sociais. Pertence ao Diretório Acadêmico, é filiado a um partido político 
de esquerda, participa ativamente de movimentos políticos, tanto no 
ambiente restrito da Universidade, como no da comunidade em que vive, 
e não se furta a dar sua colaboração quando seu partido necessita dele 
para participar de atividades de âmbito estadual ou nacional. Embora não 
seja estudante de Psicologia, Fernando decide matricular-se no Curso de 
Psicologia Social I, oferecido pelo departamento de Psicologia de sua 
universidade. Seu objetivo, ao fazê-lo, não era outro senão o de preparar-
se melhor para o desempenho de sua atividade política em geral e, mais 
especificamente, aprender a lidar com as massas e habilitar-se melhor 
para resolver os graves problemas sociais dos países do Terceiro Mundo. 
Fernando é um aluno assíduo e interessado. Entretanto, após dois meses 
e meio de curso, ele decide trancar a matrícula na disciplina e diz para 
si mesmo: “Que vim eu fazer aqui? Nunca pensei que num curso de 
psicologia social se pudesse passar quase três meses sem uma referência 
sequer aos problemas da miséria, da injustiça social, da violência urbana, 
da iníqua distribuição de renda, do menor abandonado, enfim, dos graves 
´problemas sociais´ que estão a exigir solução urgente. Não estou aqui 
para saber como se formam as atrações interpessoais, nem como uma 
unanimidade errada influencia o julgamento de outrem, nem por que 
minhas atribuições suscitam determinadas emoções e comportamentos, e 
muito menos para entender por que procuro justificar um comportamento 
contrário a minhas convicções íntimas. Vou deixar este curso já, pois isto 
de social não tem nada!”
O texto apresentado foi extraído de RODRIGUES, A. Psicologia Social para principiantes – 
Estudo da Interação Humana. 10.ed.atual.acresc. Rio de Janeiro: Vozes, 2005. 
Ele nos fala sobre a inquietação de um estudante de Psicologia que ao ingressar 
na Disciplina esperava participar de discussões acaloradas ou ´receitas prontas´ 
para os grandes problemas sociais.
Mas, a Psicologia Social contribuirá sensivelmente para o entendimento de 
muitos problemas sociais e até mesmo ofertará subsídios e bases para a solução de 
alguns deles, de acordo com a natureza dos problemas enfrentados.
Pelo fato de os seres humanos não estarem isolados e vivermos constantemente 
em interação com os nossos pares e demais integrantes do nosso meio social, ela 
nos faz pensar também sobre as nossas contribuições particulares à Sociedade; 
principalmente porque à medida que nos propomos a estudar e entender essa 
realidade, nós nos tornamos atores de uma transformação social.
Assim, ao estudarmos a Psicologia Social, no que se refere ao convívio social e 
como ele se processa, ela nos dá a oportunidade de entender a interação social (com 
todos os elementos culturais), bem como de agirmos respaldados em conhecimento 
e argumentos sólidos em prol dessa sociedade.
Afinal, o trancamento da matrícula de Fernando pode ser caracterizado como um 
ato precipitado, vez que, por menor que pareça, o conhecimento ainda é a chave 
para o agir no mundo e modifica-lo. Ampliaria seu spectro de como ver esse mundo, 
já que é também composto por um fazer cotidiano e inevitavelmente grupal.
6
7
Introdução
A Psicologia Social Contemporânea tem particular preocupação com o 
entendimento do ser humano e sua interação social. O ponto de partida para essa 
compreensão é processo perceptivo humano que abarca “uma série de variáveis 
que se interpõem entre o momento da estimulação sensorial e a tomada de 
consciência daquilo que foi responsável pela estimulação sensorial” (RODRIGUES, 
1973, p.223-4). 
O que isso efetivamente quer dizer? 
Quer dizer que a partir do momento em que o ser humano entra em contato 
com o ambiente social, ele é capaz de perceber os outros e fazer interferências, 
inclusive julgamentos a partir da informação obtida por meio desse ambiente. 
A Signifi cação da Interação Social
No contato com o ambiente social que nos cerca, fazemos uma imagem de nós 
mesmos, o que chamamos de autoconceito, e tendemos a criar categorias do nosso 
ambiente de forma a facilitar o relacionamento com ele. O termo mais adequado 
para todo esse processo é Cognição Social. 
Ao interagirmos com as pessoas e ambientes, podemos estabelecer rótulos, antes 
mesmo de conhecê-los, fazendo com que as primeiras impressões determinem a 
forma como vamos nos relacionar, formando “uma teoria acerca da personalidade 
de uma pessoa”. 
Assim, 
“os psicólogos sociais têm estudado esse processo pelo qual formamos 
impressões sobre nós mesmos em relação ao mundo social em que vivemos 
e sobre o próprio contexto social no qual estamos imersos” (RODRIGUES, 
A.; ASSMAR, E. M .L. & JABLONSKI, B., 2000, p.67-8).
Então, por que a Psicologia Social se interessa tanto pelo tema Autoconceito? 
A resposta é que grande parte do autoconceito é formado da comparação com 
os outros seres humanos, assim como o nosso autoconceito é de suma importância 
e relevante em uma variedade de situações sociais.
É através da percepção de nós mesmos (nosso sexo, as características 
de nossa família, nossas preferências etc.) e da percepção de como nos 
relacionamos com outros e de como nos comparamos com outras pessoas 
que nosso autoconhecimento se forma. Consequentemente, podemos 
dizer que formamos uma imagem de nós mesmos basicamente da 
mesma maneira que formamos uma impressão acerca de outras pessoas. 
(RODRIGUES, A.; ASSMAR, E .M. L. & JABLONSKI, B., 2000, p. 68).
7
UNIDADE O Ser Humano nos Ambientes Sociais
A teoria da comparação social tem seus estudos voltados para o que falamos 
anteriormente, e sua hipótese básica refere-se à tendência que temos de nos avaliar 
constantemente quanto a nossas opiniões e capacidades. 
Essa comparação se dá por meio de comparação com uma realidade objetiva 
e/ou por meio de comparação com outros seres humanos, inclusive na mesma 
situação em que elas se encontram. Mesmo sendo estranho, essa teoria diz que para 
que se possa “saber quem somos nós ´por dentro´, é preciso que dirijamos nosso 
olhar para ´fora´ de nós” (RODRIGUES, A.; ASSMAR, E. M. L. & JABLONSKI, 
B., 2000, p.69).
O autoconceito diz respeito à ideia que temos de nosso eu, este que apresenta-
se complexo e multifacetado. O ser humano acumula crenças sobre quem é e 
influenciado por fatores diversos resultantes da interação social. Por isso a Psicologia 
Social procura estudar as influências do ambiente na vida das pessoas, ou seja, “[...] 
como os pensamentos,sentimentos e ações dos outros modificam ou refletem no 
funcionamento da pessoa” (LORENA, 2014, p. 61).
Nos estudos sobre o ser humano e sua relação com o ambiente social, também 
é necessário entender os fatores que influenciam o processo seletivo desse ser 
humano. Esses fatores dizem respeito à seletividade perceptiva, experiência prévia 
e consequente disposição para responder, fatores contemporâneos ao fenômeno 
perceptivo, defesa perceptiva e acentuação perceptiva.
Na seletividade perceptiva, os órgãos sensoriais de uma pessoa são atingidos por 
muitos estímulos de forma simultânea, e a concentração limitada de estimulação 
sensorial caracteriza essa seletividade, ou seja, quando estamos conversando, 
nós nos concentramos no que o outro está falando e nos esquecemos de tudo 
o que está em volta. O mesmo acontece no âmbito social, quando se tem um 
comportamento preconceituoso de determinados grupos como os homofóbicos 
por exemplo: “Pessoas com preconceitos contra determinados grupos neles só 
veem manifestações que se coadunam com sua visão preconceituosa e passam por 
cima de tudo aquilo que contradiz tal visão” (RODRIGUES, A.; ASSMAR, E. M. L. 
& JABLONSKI, B., 2000, p.70).
Na experiência prévia e consequente disposição para responder, podemos 
relacionar as experiências passadas que ajudam na percepção dos estímulos com os 
quais já entramos em contato. Quando previamente já conhecemos os estímulos, 
fica mais fácil de serem comunicados e, obviamente, será também mais facilitada a 
resposta e a comunicação persuasiva.
Quando falamos de fatores contemporâneos ao fenômeno perceptivo, estamos 
nos referindo ao estado específico do percebedor em um determinado momento, 
vivido por ele. 
Podemos dar exemplo de quando alguém está com fome, sede ou deprimido; 
esses fatores podem influenciar sensivelmente na percepção de estímulos. Assim 
como a experiência passada pode impactar o processo perceptivo, fatores 
presentes, vividos por uma situação, e até uma época da vida de um ser humano o 
predispõe a certas percepções.
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9
Fonte: istock/getty images
Por defesa perceptiva, podemos entender como se dá o bloqueio na 
conscientização de estímulos perturbadores sob o ponto de vista emocional.
Em experimentos, pesquisadores puderam chegar à conclusão de que estímulos 
aversivos são, no início, potencializadores ao suscitar maior acuidade perceptiva, 
que a percepção se dá em estágios múltiplos de processamento e que o fenômeno 
da acentuação perceptiva (distorções de percepção) nos faz perceber a influência 
acentuada de fatores vividos pelos homens no processo de percepção.
Outro fator fundamental para a Interação Social é a linguagem. O ser humano 
pensa e produz um conjunto de símbolos que favorecem a transmissão de ideias e 
sentimentos. A linguagem humana fica responsável por transformar essas ideias e 
sentimentos em expressão por meio de fonemas, sons e símbolos. 
Nessa combinação, as palavras são agrupadas e formam os pensamentos mais 
complexos; assim, quando criamos pensamentos a respeito de uma pessoa e 
situações, fazemos uso de linguagem, imagens e conceitos para expressá-los. 
Os conceitos são aplicados na classificação de objetos, acontecimentos ou seres 
humanos. Ou seja, assim como as palavras, os conceitos favorecem a criação desses 
pensamentos. Quando falamos anteriormente sobre cognição, nós nos referimos à 
aplicação das “[...] palavras, as imagens e os conceitos, com a finalidade de modelar 
uma representação do mundo, resolver problemas e tomar decisões” (LORENA, 
2014, p.60).
Um conceito importante para a Psicologia Social é o Estereótipo, que consiste na 
atribuição de traços a membros de um determinado grupo. Trata-se da generalização 
de observações individuais para todo o grupo a que pertence o indivíduo em que 
recaiu a observação. 
Dessa forma, quando passamos por uma experiência desagradável com uma 
pessoa pertencente a um grupo, tendemos erroneamente a dizer que todos daquele 
grupo agem do mesmo modo que a pessoa da qual estamos falando inicialmente. 
9
UNIDADE O Ser Humano nos Ambientes Sociais
E, quando o estereótipo está vinculado a aspectos genuinamente negativos, 
estamos diante do Preconceito. Esse processo é vivido pelas pessoas em seu dia a 
dia, vez que resulta em rotulação de pessoas e grupos sociais, nos quais podemos 
incluir as funções desempenhadas por certos grupos de trabalhadores. 
Assim, podemos dizer que o preconceito é uma atitude negativa em relação a 
indivíduos de um grupo, tendo como base cognitiva o estereótipo.
Nesse processo, podemos considerar que “[...] o preconceito deriva da tendência 
que temos a categorizar as pessoas e a diferenciar ´nós´ dos ´outros´. Tudo que 
pertence ao ´nós´ é bom e elogiável e tudo que pertence à categoria ´outros´ é mau 
e reprovável” (RODRIGUES, 2005, p.24).
Pesquisadores dessa área de conhecimento dizem que o preconceito poder ser 
amenizado ou definitivamente eliminado quando há a oportunidade de termos 
contato estreito entre os grupos, favorecendo maior conhecimento mútuo para 
que possa existir mudança nos estereótipos que sustentam o preconceito. 
Quando um grupo é estimulado a ser cooperativo, ele também tende a ser menos 
preconceituoso. Além de uma situação de exija união entre grupos preconceituosos 
frente a uma ameaça, pode ocorrer consequente diminuição da atitude negativa 
entre eles.
O ser humano tem sobre si mesmo um conjunto de crenças acerca de como 
ele é e essas crenças podem ser verdadeiras ou não. Na luta de compreendermos 
o outro e suas intenções, poderemos nos basear em expressões faciais e gestos 
corporais que parecem muitas vezes equivocados. Isso quer dizer que a linguagem 
do corpo exerce função nos processos de interação social, apesar de que “[...] 
nossas impressões sobre os outros se formam através de processos bem mais 
complexos do que o mero registro de significados associados a certas expressões 
corporais” (RODRIGUES, 2005, p.26).
O processo de percepção social (percepção de outrem) envolve várias 
etapas. Primeiramente é necessário que o comportamento do outro atinja 
os nossos sentidos. Para isso é necessário não só que nossos sentidos (visão, 
audição etc.) estejam em bom estado de funcionamento, como também 
é importante que as condições ambientais (luminosidade, relativo silêncio 
etc.) sejam boas. Depois que nossos sentidos registram o comportamento 
de outra pessoa, inicia-se então a ação de nossos interesses, preconceitos, 
estereótipos, valores, atitudes, e ainda a ação de outros esquemas sociais, 
tudo conduzindo à formação de um conceito onde se harmonizem as 
características do estímulo (o comportamento de outra pessoa) e toda essa 
bagagem psicológica que filtra este estímulo antes que ele se torne um 
conceito em nossa atividade perceptiva” (RODRIGUES, 2005, p.26-7).
10
11
Importante!
O processo de percepção de outrem recebe infl uências das nossas atitudes, interesses, 
estereótipos, preconceitos e esquemas sociais. Muito longe de registrarmos o nosso 
ambiente com uma fi lmadora ou máquina fotográfi ca; porém, nós o vemos por meio 
da distorção decorrente de nossas idiossincrasias pessoais. O preconceito pode ser 
defi nido como uma atitude negativa dirigida aos componentes de um grupo e tem 
nos estereótipos sua base cognitiva. Ele pode ser dirimido ou totalmente eliminado 
quando os estereótipos são modifi cados devido ao contato direto, quando os grupos são 
modifi cados a atitudes cooperativas e quando se apresenta uma ameaça externa que 
impacta os grupos preconceituosos.
Em Síntese
Idiossincrasia diz respeito a uma característica comportamental ou estrutural peculiar a 
um indivíduo ou grupo. Ex
pl
or
Outro estudo importante que vem sendo alvo de atenções dos pesquisadores 
é o de como o ser humano faz atribuições. Esses estudos do processo atribuicio-
nal constituem um dos tópicos mais importantes da Psicologia Social científica 
na contemporaneidade. 
Tendemos a formar uma série de atribuições, que estãointerligadas, ao 
conhecermos uma pessoa. Além disso, também atribuímos nossas ações e a dos 
outros a fatores internos e a fatores externos. Quando falamos em fatores internos 
estamos nos referindo às disposições e intenções próprias e fatores externos que 
podem ser entendidos com as pressões sociais que vivemos, às características das 
situações e circunstâncias. Dessa forma, quando entramos em contato com as 
pessoas, temos a tendência de julgar as suas ações e descartar os possíveis fatores 
externos capazes de fazer com que tenhamos um “[...] comportamento observado e 
focalizamos apenas as disposições internas da pessoa” (RODRIGUES, 2005, p.28). 
Assim, quando somos apresentados a uma pessoa, ativamos os esquemas rela-
tivos a esses aspectos, formados pela vivência humana particular, e somos influen-
ciados por eles ao emitirmos julgamento. Tudo isso dá base à primeira impressão 
dessa pessoa, assimilando de forma fácil suas características, que são congruentes 
com a primeira impressão que fizemos dela, rejeitando as características que não 
condizem com essa primeira impressão.
Nós tendemos, também, a atribuir um julgamento a partir dos fatores internos 
quando julgamos alguém, e a fatores externos quando estamos julgando as nossas 
próprias ações.
Vamos dar um exemplo: quando uma pessoa erra, falamos que isso aconteceu 
porque que ela é desatenta; porém, quando nós cometemos o mesmo erro, 
atribuímos a fatores externos, como às condições desfavoráveis e às circunstâncias 
situacionais do ambiente.
11
UNIDADE O Ser Humano nos Ambientes Sociais
Somos influenciados, inclusive, por algo que chamamos de tendenciosidade 
autosservidora, na qual tendemos a fazer atribuições que nos preservem e 
protejam, que atendam às nossas expectativas e ao nosso ego, que façam com que 
nos percebamos bem, inclusive aos olhos dos outros.
Dessa forma, atribuímos a razão de um sucesso às nossas características e 
qualidades quando temos êxito em situações e a razão do fracasso aos fatores 
externos ou a alguém.
Quantas vezes nos vitimizamos em situações que nós mesmos criamos e atribuímos aos 
outros a culpa de algo que deu errado? Ou quando nós responsabilizamos os outros a nossa 
volta, por exemplo, da nossa infelicidade?
Ex
pl
or
O teórico Harold H. Kelley, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, 
mostrou critérios essenciais para as atribuições de causalidades internas ou 
externas. Lembre-se de que quando falamos em atribuições internas, estamos 
nos referindo aos motivos e intenções de uma pessoa e externas às influências de 
fatores do ambiente exterior. 
O primeiro critério é o consenso, o segundo a consistência e o terceiro a 
especificidade. Por consenso entendemos a reação de uma pessoa igual àquela 
cujo comportamento está sendo considerado por nós diante do mesmo estímulo 
ou situação. 
Consistência é quando “[...] a pessoa reage da mesma forma ao mesmo estímulo ou 
evento em outras ocasiões; e especificidade, ou seja, na medida em que a pessoa reage 
da mesma forma ou não a outros estímulos diferentes” (RODRIGUES, 2005, p.31).
Quando nós procuramos compreender como percebemos os outros seres 
humanos e os nossos comportamentos em direção a uma pessoa e como nossos 
pensamentos processam as informações derivadas do processo de interação social, 
denominamos heurística e tendenciosidade. 
Fonte: istock/getty images
12
13
Heurística é o nome dado a regras simples e rápidas, isto é, a verdadeiros 
´atalhos´ por nós utilizados para fazermos inferências (nem sempre 
corretas...) Tendenciosidade é o nome usado para significarmos os erros 
e as distorções que cometemos em nosso processo de percepção e de 
cognição social. O erro fundamental de atribuição e a tendenciosidade 
autosservidora, já mencionadas anteriormente, são exemplos de 
tendenciosidades cognitivas (RODRIGUES, 2005, p. 32).
Outro atalho é o “falso consenso”, que diz respeito à tendência de acharmos 
que a nossa ideia a respeito de algo é considerada também por um número alto de 
pessoas, ou seja, “todo mundo pensa assim” e nem sempre é verdadeiro.
Temos de considerar que a causa de um comportamento de uma pessoa pode 
estar relacionada ao processo de atribuição de causalidade, no que se refere à 
internalidade e à externalidade, estabilidade ou instabilidade e controlabilidade ou 
incontrolabilidade. 
Assim, dizemos que:
As características das causas (internalidade / externalidade, estabilidade 
/ instabilidade e controlabilidade / incontrolabilidade) influem nos afetos 
que se seguem à atribuição causal, bem como nos comportamentos que 
suscitam” (RODRIGUES, 2005, p.35).
Um estudioso desse assunto foi Bernard Weiner que, baseado nas pesquisas 
de F. Heider, um dos maiores psicólogos sociais, efetuou pesquisas sobre o tema 
atribuição de causalidade. 
Os estudos de Weiner se originaram e desembocaram na “[...] proposta de 
uma taxonomia de dimensões causais (locus, estabilidade e controlabilidade) e no 
estabelecimento das ligações existentes entre tais dimensões e determinadas emoções 
e comportamentos” (RODRIGUES, A.; ASSMAR, E. M. L. & JABLONSKI, B., 
2000, p.92).
Para o autor, quando ocorre uma situação positiva ou negativa, as emoções 
sempre a acompanham. Compartilhamos, por exemplo, alegria e prazer quando 
a situação é positiva e tristeza e frustração quando for negativa, principalmente, 
queremos saber o porquê de os fatos acontecerem se inesperados. Nesse momento, 
atribuímos a causa e se ela é de ordem interna ou externa, se é estável ou instável. 
E, por último, se é controlável ou incontrolável. 
Segundo Weiner a dimensão locus está ligada às emoções, como orgulho e 
autoestima. Já a dimensão estabilidade impacta a expectativa de que a situação 
aconteça de forma idêntica à outra no futuro. A dimensão controlabilidade está 
relacionada às emoções de vergonha, culpa em relação a si e à outra pessoa, às de 
raiva, gratidão e pena. 
Durante os anos de pesquisa, de aproximadamente 30 anos, Weiner e todos os 
envolvidos com suas pesquisas sobre a utilização do pensamento atribuicional, foi 
possível criar uma teoria, denominada Teoria da Conduta Social. 
13
UNIDADE O Ser Humano nos Ambientes Sociais
Por essa teoria, chega-se a um ponto interessante, de que “o mundo é um 
tribunal”, onde o ser humano constantemente está julgando aos outros e a si próprio. 
Nesse julgamento “procuramos determinar a responsabilidade pelo ato cometido 
e, na determinação de responsabilidade, o fator fundamental é a atribuição do 
ato a uma causa interna e controlável” (RODRIGUES, A.; ASSMAR, E. M. L. & 
JABLONSKI, B., 2000, p.94). 
Segundo Lorena (2005), esse processo de atribuição é flexível e variável, vez 
que as informações podem ser fáceis de obter, demandando pouco esforço para 
compreender o comportamento do outro; em outras vezes, necessitamos analisar 
as “pistas” para descobrir por que uma pessoa agiu ou reagiu de determinada forma. 
Se não tomarmos cuidado, podemos cometer um erro ao interpretarmos de 
maneira equivocada os traços de uma pessoa. O que podemos afirmar é que o 
processo de atribuição é “contínuo e dinâmico durante toda a vida”, já que as 
explicações sobre os fatos e fenômenos do nosso cotidiano podem mudar 
constantemente, podendo se tornar mais vorazes à medida que observamos esses 
fatos de forma mais detalhada e minuciosa.
Atitudes e Comportamento
Já vimos que as pessoas, ao entrarem em contato com seu ambiente social, 
formam impressões sobre as outras pessoas e procuram meios mais fáceis de 
interarem e conhecerem esse ambiente. 
As pessoas se utilizam de esquemas sociais, heurísticas e atribuição diferencial de 
causalidade. Elas tomam atitudes, e estas podem ser definidas como sentimentos 
pró ou contra perante outras pessoas e coisas com as quais interagimos, sendo 
“uma consequência direta do processo de tomada de conhecimento do ambiente 
social que nos circunda” e “se formam durante nosso processo de socialização” 
(RODRIGUES, A.; ASSMAR, E. M. L. & JABLONSKI,B., 2000, p.97).
As atitudes são decorrentes de um processo de aprendizagem e podem aparecer 
em atendimento a certas funções, além de serem consequências de características 
de personalidade (individuais) ou de determinantes sociais. Assim como podem se 
formar em decorrência de processos cognitivos, como busca de equilíbrio e busca 
de consonância.
Podemos definir atitudes como sendo “[...] uma organização duradoura de 
crenças e cognições em geral”; “[...] uma carga afetiva pró ou contra”; “[...] uma 
predisposição à ação”; “[...] uma direção a um objeto social” (RODRIGUES, A.; 
ASSMAR, E. M. L. & JABLONSKI, B., 2000, p. 97-8). 
As atitudes são integradas por três componentes: o componente cognitivo, o 
componente afetivo e o componente comportamental. 
14
15
O componente cognitivo da atitude diz respeito ao pensamento pró ou contra a 
representação cognitiva em relação a um objeto, sendo essas atitudes constituídas 
também pelas crenças e demais componentes cognitivos, como o conhecimento 
sobre o objeto e a maneira como o encaramos; isso vale também para as situações 
que vivenciamos. 
Por componente afetivo, entendemos os sentimentos pró e contra referentes 
ao objeto social. O componente afetivo é o componente mais notoriamente 
característico das atitudes. As atitudes se diferenciam das crenças e das opiniões, 
vez que não são necessariamente impregnadas de conotação afetiva. Após estudos 
sobre o assunto, podemos concluir que os componentes cognitivo e afetivo das 
atitudes tem a tendência de serem congruentes. 
O outro componente importante para ser estudado por nós é o comportamental, 
que diz respeito às atitudes que são uma mola propulsora do estado de prontidão, 
e se fomentado por uma motivação específica desembocará em um determinado 
comportamento. Ou seja, as atitudes sociais propiciam um estado de predisposição 
à ação que, quando misturado com uma situação específica desencadeante, 
desemboca em comportamento. 
Assim, podemos concluir que:
[...] as atitudes sociais contém em si um elemento cognitivo (o objeto 
tal como conhecido), e um elemento afetivo (o objeto como alvo 
de sentimento pró ou contra), e um elemento comportamental (a 
combinação de cognição e afeto como instigadora de comportamentos, 
dadas determinadas situações” (RODRIGUES, A.; ASSMAR, E. M. L. & 
JABLONSKI, B., 2000, p.101).
Estudos e teorias psicossociais, reconhecidas como teorias de consistência, di-
zem que os três componentes das atitudes necessitam ser internamente consisten-
tes: “De fato, causaria surpresa verificar-se que alguém é atraído por um objeto que 
ele considera cognitivamente como possuidor de características mais negativas, 
ou vice-versa” (RODRIGUES, A.; ASSMAR, E. M. L. & JABLONSKI, B., 2000, 
p.101). Apesar de que não é raro identificarmos inconsistências entre as atitudes e 
os comportamentos manifestos pelos seres humanos.
Segundo Triandis (1971) apud Rodrigues, A.; Assmar, E. M. L. & Jablonski, B. 
( 2000), nós seríamos ingênuos demais se considerássemos que não existe relação 
entre atitude e comportamento. 
Pode-se definir que atitudes abarcam o que as pessoas pensam, sentem e 
como elas desejam se comportar em relação a um “objeto atitudinal”. Assim, o 
comportamento não é somente determinado pelo que as pessoas desejam ou 
gostam de fazer, mas sim pelo que elas “pensam que devem fazer” (normas sociais), 
pelo que elas têm feito (hábitos) e pelos resultados e consequências previstas de seu 
comportamento. Podemos acrescentar dizendo que “é maior a correspondência 
entre atitude e comportamento quanto maior o interesse pessoal envolvido no 
assunto sobre o qual versa a atitude” (RODRIGUES, A.; ASSMAR, E. M. L. & 
JABLONSKI, B., 2000, p.103).
15
UNIDADE O Ser Humano nos Ambientes Sociais
Importante!
Procuramos manter coerência entre o que pensamos, sentimos e agimos. Os compo-
nentes cognitivo, afetivo e comportamental das atitudes sociais influenciam-se mutua-
mente buscando coerência entre eles. Quando essa coerência não existe, procuramos 
atingi-la e, se não logramos êxito, experimentamos desconforto (RODRIGUES, 2005, p.61).
Importante!
Segundo os Behavioristas, as atitudes podem ser decorrentes dos processos 
tradicionais de aprendizagem, por exemplo decorrentes de condicionamento 
clássico ou operante. 
Para outras correntes da Psicologia, as atitudes são resultados da busca 
de coerência entre afetos, cognições e comportamentos ou “decorrentes da 
identificação com certos grupos de referência positiva” ou, ainda, “decorrentes do 
tipo de personalidade”. 
Por último, podemos entender, também, que as atitudes são:
[...] decorrentes de um exame racional da relação custo-benefício feita pela 
pessoa no exame dos prós e dos contras dos argumentos a sua disposição e 
relativos a um determinado objeto social (por ex.: gosto de estudar porque 
estudando terei mais chances de levar uma vida melhor, enquanto se não 
gostar de estudar não vou ser nada na vida) (RODRIGUES, 2005, p.63). 
Outros estudos podem ser considerados quando falamos de atitudes e 
comportamento e sua relação. Citamos, aqui, as contribuições de Fishbein (1966) 
e Ajzen & Fishbein (1980) apud Rodrigues, A.; Assmar, E. M. L. & Jablonski, B. 
(2000) que, ao contrário da teoria que apresentamos anteriormente, consideram 
que o que caracteriza as atitudes são os aspectos afetivo e a determinação do 
seu papel na constituição de uma “intenção de comportamento que, por sua vez, 
constitui-se em bom preditor do comportamento da pessoa” (RODRIGUES, A.; 
ASSMAR, E. M. L. & JABLONSKI, B., 2000, p.104). 
Para esses estudiosos, existem dois componentes principais que são capazes 
de “predizer intenções” que, em decorrência, predizem os comportamentos, são 
eles: as atitudes das pessoas e a percepção do que outras pessoas esperam que 
ela faça e sua motivação a se confirmar esta expectativa, o que podemos chamar 
de norma subjetiva. 
Esses estudiosos também procuraram explicar os precursores da formação 
das atitudes e da norma subjetiva. E, concluem que as nossas atitudes são 
impactadas pelas 
“[...] nossas crenças relativas a certos resultados ou consequências de 
determinados comportamentos; a norma subjetiva é consequência 
de nossas crenças sobre os julgamentos de outras pessoas em relação 
ao nosso comportamento” (RODRIGUES, A.; ASSMAR, E. M. L. & 
JABLONSKI, B., 2000, p.104).
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Apesar de bastante coerentes, os estudos desses autores não se encontram 
esgotados. Outros autores como Gorsuch e Ortberg (1983) apud RODRIGUES, 
A.; Assmar, E. M. L. & Jablonski, B. (2000), por exemplo, consideram que quando 
estamos diante de comportamentos em situações que envolvem aspectos morais, 
outro componente precisa ser acrescido, a obrigação moral. 
E, mais recentemente, com Ajzen e Madden (1986) apud RODRIGUES, A.; 
Assmar, E. M. L. & Jablonski, B. (2000), afirmam que quando estamos falando de 
situações que envolvam controle e para que se forme uma intenção de se comportar 
de determinada maneira, faz-se necessário que a pessoa se perceba capaz de 
controlar o comportamento. Ou seja, uma pessoa não pode ter a intenção de se 
comportar de uma determinada forma que escape totalmente de seu controle.
Os valores também são extremamente importantes para entendermos as atitudes e os 
comportamentos de uma pessoa. Eles podem ser defi nidos por “[...] categorias gerais 
dotadas também de componentes cognitivos, afetivos e predisponentes de comportamento, 
diferindo das atitudes por sua generalidade. Uns poucos valores podem encerrar uma 
infi nidade de atitude” (RODRIGUES, A.; ASSMAR, E. M. L. & JABLONSKI, B., 2000, p.106).
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Outro aspecto importante dentro de nossos estudos a ser considerado é a 
mudança de atitude, ou seja, a alteração da postura interna de uma pessoa.
Para entendermos melhor, estamos nos referindo à modificação do afeto pró 
ou contra um objeto social que se tornará duradoura se de fato a mudança de 
atitude aconteceu. 
Existem fatores que são extremamente importantesnesse processo de mudança 
de atitude, são eles: a credibilidade de quem está comunicando algo para alguém, 
a natureza da comunicação, a natureza da audiência e a combinação desses fatores 
(RODRIGUES, 2005, p.66).
Podemos considerar que, segundo Festinger apud Rodrigues (2005), para que 
aconteça uma mudança de atitude eficaz e duradoura, é preciso que a própria pessoa 
na qual se dá a mudança crie razões próprias coerentes com a mudança de posição. 
Um exemplo do que estamos falando é o de uma pessoa que fuma indiscrimi-
nadamente e geramos um estado de dissonância nela. Nós podemos confrontá-la 
com provas indiscutíveis dos malefícios do fumo à saúde e conseguirmos fazer com 
que ela concorde com a veracidade das provas; ela se deparará com um estado 
muito desconfortável de dissonância cognitiva, que fará com que mobilize forças 
interiores conducentes à resolução da dissonância. 
Dissonância signifi ca a reunião de sons desagradáveis ao ouvido, desacordo de sons. P.ext. 
Ausência de harmonia; característica daquilo que, numa comparação, não combina com 
outra(s) coisa(s). 
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UNIDADE O Ser Humano nos Ambientes Sociais
Se ela efetivamente resolver essa dissonância decidindo não mais fumar, essa 
mudança de atitude tem muito mais chances de ser duradoura do que uma obtida por 
uma comunicação persuasiva de uma autoridade médica ao mostrar a radiografia 
de um pulmão lesado pelo fumo.
Isso quer dizer que as razões internas, próprias, para a mudança de atitude são 
muito mais eficazes do que as externas. Assim, diante do exposto, podemos dizer 
que “[...] quando conseguimos provocar dissonância nas pessoas de forma tal que 
a busca das razões próprias mencionadas no parágrafo anterior é desencadeada, o 
resultado desta atividade é a autopersuasão” (RODRIGUES, 2005, p. 68).
Agora podemos entender por que um conselho ou recomendação tem mais poder de 
persuasão do que variadas propagandas publicitárias. É por isso que a mídia se utiliza de 
pessoas conhecidas e formadoras de opinião para vincular a uma marca ou a um produto ao 
público consumidor. 
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Diante de tudo o que foi estudado aqui, podemos concluir que:
 A autopersuasão é a maneira mais eficaz de provocar mudança de atitude.
Quando razões próprias (internas à própria pessoa) são responsáveis pela 
mudança (e não pressões externas à pessoa), a mudança de atitude obtida 
é mais duradoura. Autopersuasão é também mais eficaz do que pressões 
externas em termos da quantidade de pessoas que logramos persuadir” 
(RODRIGUES, 2005, p.69).
As Pessoas em Ambientes de Grupos
O Homem é um ser que jamais poderá ser compreendido de forma isolada. 
Podemos entender que o ser humano vive e participa de grupos. Esses grupos são 
influenciados e influenciadores dos indivíduos. Existe toda uma influência complexa 
do meio social e cultural sobre as pessoas em sua totalidade. “O grupo social e 
cultural amolda o indivíduo aos seus padrões totais” (RAMOS, 2003, p.225).
Como vimos, o ser humano é moldado também pelos grupos sociais dos quais 
faz parte. Assim, necessita viver em grupo. Para isso, também escolherá de forma 
natural a qual grupo irá pertencer, já que toda pessoa tem a tendência de procurar 
algo ou alguém com quem se identifique. Então, a partir do momento em que um 
ser humano se identifica com outro e nasce um vínculo social, acontece o que se 
chama de associação. Dessa forma, podemos pensar que não existe “[...] interação 
social sem a criação de algum tipo de grupo, e não há grupo social se não houver 
interação social” (LORENA, 2014, p.46).
As influências que o ser humano tem do meio social e da cultura merecem 
ser estudadas e entendidas como “totalidades” e certamente também as pessoas 
membros desses grupos, mesmo não havendo um critério uniforme para a 
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classificação e caracterização dos grupos sociais; podemos considerar que desde os 
tempos mais primitivos as sociedades foram organizadas em categorias. 
Spencer apud Ramos (2003) defende a ideia de que a sociedade organizada 
comporta cinco categorias. São elas: “os órgãos de sustento econômico”, “os 
órgãos de perpetuação”, “os sistemas de comunicações”, “os grupos culturais” e 
“os sistemas protetores”.
Por órgãos de sustento econômico, entendemos os órgãos ligados às funções de 
produção, de extração, de transformação e de transportes, entre outros. 
Já os órgãos de perpetuação, podemos considerar a família, os grupos médicos 
e sanitaristas; os sistemas de comunicações podem ser identificados como a 
imprensa, a aviação e a telefonia, por exemplo. 
Os grupos culturais podem ser entendidos como os grupos de igrejas, de instituições 
de educação, de clubes, grupos recreativos e até mesmo os grupos científicos. 
Os sistemas protetores compreendem o Estado, as Instituições, as Associações 
Voluntárias e os Partidos em geral.
Fonte: istock/ getty images
O que temos de considerar é que um grupo social é composto de pessoas que 
são vistas como um todo, em um agrupamento de seres humanos com tradições, 
normas e morais comuns; com a ideia de coletividade.
O grupo ainda permanecerá mesmo se alguém resolver não mais pertencer 
a ele, ou seja, continua sendo um grupo na sua formação. A palavra nós é a 
prioridade do coletivo; “existindo uma consciência coletiva com valores, princípios 
e objetivos comuns” (LORENA, 2014, p. 46). 
A partir do nascimento, o ser humano se insere na cultura por meio dos grupos 
sociais de forma natural e ao longo de toda a existência interagirá e se associará a 
vários grupos sociais. 
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UNIDADE O Ser Humano nos Ambientes Sociais
Assim, o primeiro grupo de que fazemos parte é a família, que tem papel 
fundamental de nos apresentar e transmitir a língua, os valores e também a cultura 
da sociedade em que vivemos. 
Segundo Lorena (2014), na medida em que a pessoa vai crescendo e 
se desenvolvendo, frequenta outros grupos e, é claro, modificando-se e se 
transformando em um ser social. 
Todo esse processo tornará a pessoa um ser único e integrado na sociedade, 
vez que iniciou sua inserção em grupos como a família e, por exemplo, a classe 
social. Com o seu crescimento, por si só irá compor outros grupos, já que passará 
a constituir seus valores e os procurará de acordo com suas preferências. 
É importante considerar que cada grupo social possui suas características 
particulares e seus membros pertencentes têm condutas parecidas, além de 
conterem objetivos comuns. E as normas, símbolos e valores são seguidos por 
esses membros. 
Faz-se necessário diferenciar o grupo social da categoria, termo usado 
anteriormente por nós. Assim, “categoria é um conjunto de pessoas que partilham 
de características comuns, mas que não propriamente interagem entre si. 
Por exemplo, uma fila de pessoas na entrada do cinema não é um grupo social, 
afinal, não estão interagindo” (LORENA, 2014, p.47), da mesma forma como 
pessoas do mesmo sexo, da mesma faixa etária e do mesmo tipo de trabalho ou 
profissão também formam categorias, que em um determinado momento podem 
se transformar em grupos sociais.
Como vimos, “os grupos sociais possuem características próprias, independente 
da soma das partes que os integram” (RODRIGUES, 2005, p.156), tendo-se a 
necessidade de estudar e entender a dinâmica que surge da interação entre os 
membros que os compõem, já que, segundo Lorena (2005), cada grupo exerce 
objetivos, oferece tarefas e possui uma função social e uma forma própria também 
de interagir e de se comunicar.
Os grupos sociais influenciam direta ou indiretamente no desenvolvimento 
comportamental e da personalidade da pessoa. Esses grupos podem ser chamados 
de grupos psicológicos, que se diferenciam pela intensidade da coesão existente 
entre os membros que o compõem. 
Por coesão grupal podemos entender “[...] a quantidade de pressão exercida 
sobre os membros do grupo para que nele permaneçam. É a resultante das forças 
que agem sobre um membro para que ele permaneça no grupo” (RODRIGUES, 
2005, p.157). 
Existeminúmeras razões para uma pessoa pertencer a um determinado grupo 
e não a outro. Podemos citar a atração pelo grupo ou pelos componentes dele, 
assim como a facilidade propiciada pelo grupo para que atinja alguns objetivos. 
Os comportamentos dos integrantes do grupo são semelhantes, vez que esses 
membros propiciam que a pessoa se sinta bem e fique à vontade em pertencer e 
interagir nesse espaço. Obviamente, isso se deve ao grau de coesão desse grupo.
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Segundo Rodrigues (2005), em decorrências de estudos sobre o assunto, em 
relação à coesão grupal, podemos dizer que: quanto maior for a coesão do grupo, 
maior será a satisfação experenciada pelos seus integrantes; quanto maior a 
coesão do grupo, maior a quantidade de comunicação entre as pessoas que a ele 
pertencem, quanto maior a coesão do grupo, maior a quantidade de influência 
exercida pelo grupo em seus integrantes e quanto maior a coesão do grupo, maior 
a sua produtividade. 
Assim, grupos que possuem coesão alta são mais favoráveis e agradáveis 
de se pertencer, além de suscitar maior comunicação entre seus integrantes. 
Em decorrência disso, são muito mais produtivos do que grupos com baixa coesão. 
Esses últimos, quando precisam tomar decisões, necessitam ter mais cautela em 
relação a possíveis distorções da realidade decorrentes do desejo de seus integrantes 
de se esquivarem de discordâncias. Infelizmente, esse desejo impacta a capacidade 
de crítica construtiva entre seus integrantes.
Para que um grupo funcione adequadamente, é necessário o estabelecimento de 
normas a serem seguidas. O que facilita definirmos como normas sociais: 
[...] os padrões ou expectativas de comportamento partilhados pelos 
membros de um grupo. Estes membros utilizam estes padrões para 
julgar a propriedade ou adequação de suas percepções, sentimentos e 
comportamentos. Normas existem em grupos de qualquer tamanho e até 
mesmo numa relação entre duas pessoas que interagem constantemente” 
(RODRIGUES, 2005, p.158).
Ao se estabelecer as normas grupais, podemos substituir o uso do poder no 
grupo. Isso provoca no grupo uma tensão, desgaste e prejuízo para os integrantes. 
O uso habitual de normas favorece principalmente o líder do grupo, vez que 
poderá investir no seu tempo para busca de atualização e melhorias para o grupo 
como um todo, não havendo necessidade de demonstrar poder para que as coisas 
caminhem, além de favorecer a convivência entre seus membros, inclusive para os 
novatos, vez que ao ingressarem nesse grupo entenderam como “funciona a regra 
do jogo”. Diferentemente de grupos com baixa coesão, devido a dificuldades no 
estabelecimento de normas. Isso se deve à multiplicidade de interesses e de pontos 
de vista.
Diante de tudo o que expusemos, o papel do líder no grupo é de fundamental 
importância, já que “[...] uma boa liderança pode transformar totalmente a atmosfera 
prevalente num grupo e, com isso, o comportamento de seus membros”. 
Assim, podemos também dizer que “uma característica essencial ao exercício 
de uma boa liderança é o reconhecimento de sua legitimidade pelos liderados” 
(RODRIGUES, 2005, p.160-1). Dessa forma, a imposição de força de um líder a 
um grupo traz resultados desastrosos e, por consequência, a perda da coesão grupal.
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UNIDADE O Ser Humano nos Ambientes Sociais
Os estudos referentes à liderança vêm aumentando sensivelmente, principal-
mente porque é sabido que as atitudes dele impactam demasiadamente o desem-
penho e a harmonia do grupo. A liderança é um processo de interação do grupo; 
porém, é muito difícil identificar qual seria a melhor pessoa para ser o líder de 
determinado grupo: “O líder terá de emergir do grupo durante o processo de in-
teração com seus membros” (RODRIGUES, 2005, p.162). Caso ele surja em de-
corrência do status do grupo, sua perspicácia está ligada à capacidade de adaptar 
sua liderança às necessidades e anseios dos integrantes do grupo, de forma real.
Como nos grupos temos líderes, esses só existem se tivermos liderados e/ou 
integrantes. É fácil estabelecermos qual o status de cada membro do grupo, assim 
como o papel de cada integrante dele. 
Para a Sociologia, o status diz respeito à posição que alguém ocupa no sistema 
social. Estamos nos prendendo aqui apenas ao status como sentido de posição e 
prestígio de uma pessoa dentro desse grupo. 
Quando falamos de prestígio, estamos nos referindo ao status subjetivo (como 
a pessoa o percebe) e status social (consenso do grupo a respeito dessa pessoa). 
Algo a ser pensado é que nem sempre o status subjetivo corresponde ao status 
social e, dependendo da natureza do grupo, certos atributos pessoais terão ou não 
significância no momento de se conferir o status social. 
Em relação à congruência no grupo social, podemos dizer que “[...] quando 
não há congruência entre estas expectativas e o que ocorre na realidade, surgem 
necessariamente problemas de adaptação da pessoa ao grupo” (RODRIGUES, 
2005, p.163).
A discrepância entre expectativas e resultados é um tema interessante e por 
vezes polêmico para a Psicologia Social, vez que “a percepção dessa discrepância 
leva a pessoa que a percebe a sentir-se injustiçada” (RODRIGUES, 2005, p.164). 
Segundo Stacy Adams apud Rodrigues (2005), o ser humano experimenta 
sensações de mal-estar quando participa de situações sociais caracterizadas 
por inequidade. 
Assim, podemos dizer que:
A congruência entre expectativas e resultados obtidos numa relação 
grupal é fundamental para a harmonia e a coesão entre seus membros. 
Esta congruência é importante não só em relações grupais, mas em 
qualquer situação social. A não existência de tal congruência gera 
sentimentos de insatisfação e injustiça e conduz ao término da relação 
social” (RODRIGUES, 2005, p. 165).
Quando falamos de equidade nos grupos sociais sob o ponto de vista da coesão, 
podemos considerar que ao se detectar uma situação de injustiça nesses grupos, 
eles tenderão a se desfazer de forma rápida. Assim, os grupos sociais podem viver 
em conflito ou em harmonia, e o mais interessante nessa história pode ser a forma 
que restabeleceram suas positividades entre os seus membros. 
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Os conflitos poderão ser saudáveis para um grupo crescer e pensar em 
alternativas para soluções de problemas, propiciando um ambiente cooperativo, ou 
destrutivo, quando prevalece a postura de competição exacerbada, tão desfavorável 
e aniquiladora para o ser humano. 
Um aspecto relevante a ser considerado, também, quando falamos de grupos 
sociais, e mais uma vez enfatizado por nós aqui, é a Cultura. 
A influência da Cultura é notória nas nossas atitudes e nos nossos comportamen-
tos, vez que as soluções de problemas e conflitos podem ser dirimidos à luz dela. 
Dessa forma, conseguimos compreendê-la como um “conjunto de pessoas 
com valores, hábitos e ideias em comum” (LORENA, 2015, p.61), em que juntos 
interagimos e seguimos exemplos. Exemplos esses de grandes líderes, que por meio 
da cultura passam valores, normas, padrões e costumes que são compartilhados 
pelos integrantes desses grupos sociais.
Entender e compreender a cultura de um grupo social nos ajudará na atuação 
como profissionais das Ciências Sociais Humanas, principalmente ao respondermos 
à pergunta de qual a relação entre os processos socioculturais e os processos 
sociopsicológicos ? 
E, teremos várias respostas para ela. 
Uma delas, bastante interessante para nós é o fato de que “[...] grandes 
acontecimentos socioculturais podem ser mais amplamente compreendidos se 
forem considerados como um macrocosmo dos processos sociopsicológicos” 
(LAMBERT & LAMBERT, 1981, p.199). 
Isso quer dizer que temos sempre de lembrar que os acontecimentos socioculturais 
são constituídos de acontecimentos sociopsicológicos, que mudanças sociais 
dependem de mudanças de hábitos e valores das pessoas.
Dessa forma, quando os profissionais das Ciências Sociais Humanas conseguem 
aplicar os conhecimentos adquiridos ao longo de suas vidas e de seus estudos sobreos acontecimentos pequenos e esses repercutem nos acontecimentos maiores, 
verificam o valor da Psicologia Social para a Sociedade e para os problemas sociais. 
Da mesma maneira, considerando a relação entre o sociocultural e o sociop-
sicológico, em que os processos psicológicos são habitualmente acompanhados 
ou causados por processos socioculturais, reconhecemos que os processos ou 
acontecimentos sociopsicológicos podem mediar ou integrar aspectos do mundo 
social mais abrangente, favorecendo mudança mais ampla e futura da sociedade 
em que vivemos.
Encerramos aqui nossas discussões a respeito do ser humano e seus ambientes 
sociais, e esperamos que você tenha adquirido muitos conhecimentos e ensinamentos 
que poderão ser aplicados de forma consciente e ética na sua atuação profissional. 
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UNIDADE O Ser Humano nos Ambientes Sociais
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
ilha das flores - filme curta metragem
Para ilustrar as situações sociais que envolvem o convívio social, que é palco para a 
instalação de estereótipos e preconceitos, recomendamos o curta metragem Ilha das Flores
https://youtu.be/KAzhAXjUG28
Ilha das Flores: depois que a sessão acabou
Para complementar assista também ao curta metragem a Ilha das Flores: depois que a 
sessão acabou para compreender a visão dos moradores e envolvidos com a população 
que participou do curta Ilha das Flores
https://youtu.be/Ch-LIsnG9Wc
 Leitura
Psicologia Social e Processo Grupal
Para aprofundar os conhecimentos a respeito da Psicologia Social e processo grupal 
indicamos o artigo científico Psicologia Social e processo grupal: coerência entre fazer, 
pensar sentir em Silvia Lane.
https://goo.gl/0HnpDH
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Referências
LAMBERT, W. W.; LAMBERT, W. E. Psicologia Social. 5.ed. Rio de Janeiro: 
Zahar, 1981.
LORENA, A. B. (org.). Psicologia Geral e Social. São Paulo: Pearson Education 
do Brasil, 2014.
RAMOS, A. Introdução à Psicologia Social. 4.ed. São Paulo: Casa do Psicólogo/
UFSC, 2003.
RODRIGUES, A. Psicologia Social para Principiantes - Estudo da Interação 
Humana. 10.ed.atual.acresc. Rio de Janeiro: Vozes, 2005. 
RODRIGUES, A.; ASSMAR, E. M. L. & JABLONSKI, B. Psicologia Social. 19.ed.
reform, RJ: Vozes, 2000.
Sites Visitados
http://cruzeirodosul.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788543005195
<http//www.dicio.com.br/dissonância/>. Acesso em: 8 out. 2016.
<https//pt.wikipedia.org/wiki/idiossincrasia>. Acesso em: 8 out. 2016
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