Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
20/09/2016 1 Nomenclatura Botânica Profa. Patrícia Luz Ribeiro CCA 028 Botânica Sistemática O que é Nomenclatura? A nomenclatura trata da aplicação dos nomes às entidades biológicas, organizados sistematicamente (=classificação) em uma hierarquia de classes (=táxons). A existência de nomes é um pré-requisito fundamental para a comunicação Nomes comuns x nomes científicos AAAH!!! UMA OSGA!!!!! OSGA? ???? OSGA = LAGARTIXA Gekko gecko Os primeiros nomes das plantas foram vernáculos ou nomes comuns, mas estes têm seus inconvenientes: • Não são universais e somente são aplicados a uma língua. • Somente algumas plantas têm nome vernáculo. • Se aplicam indistintamente a gêneros, espécies ou variedades. • Frequentemente duas ou mais plantas não relacionadas possuem o mesmo nome ou uma mesma planta possui diferentes nomes comuns. Nomes vernaculares 20/09/2016 2 O nome de um táxon deve ser claro, único e universal Cymbopogon citratus Stapf (Poaceae) Mellissa officinalis L. (Lamiaceae) Nesse caso, uma planta pode receber mais de um nome e um nome ter mais de um significado erva-cidreira, capim-santo ou capim-limão erva-cidreira ou melissa NOMES VERNACULARES – PORQUE NÃO EMPREGAR? Uso do Latim A escolha de Latim como língua para os nomes científicos evita desgostos culturais: • latim é uma língua "morta" • latim foi a língua escolástica "universal" da cultura ocidental desde o tempo dos Romanos até pelo menos o século 18 • Praticamente toda a literatura botânica até os meados do século 19 está escrita em latim Organização da nomenclatura • Séc. XVIII (época pré-lineana) as plantas eram identificadas por uma longa frase descritiva em latim (sistema polinomial), que crescia a medida que se encontravam novas espécies semelhantes. Por exemplo: Carlina acaulis L. era conhecida como: Carlina acaule unifloro florae breviore • Gaspar Bauhin (1560-1624) sugeriu adotar somente dois nomes (sistema binomial). • Sistema binomial ou binário Nepeta cataria L. ou Nepeta cataria L. nome genérico epíteto específico autor Carl Linné (1707-1778) ou Nepeta cataria L. 1735. Systema naturae 24 classes de plantas agrupadas em relação ao número, união e comprimento dos estames, a última classe destituída de estames (Cryptogamia) incluiu as algas, fungos, briófitas e pteridófitas. Starting point 1737. Generum plantarum 1751. Philosophia Botanica. Descreve um conjunto de regras nomenclaturais, porém só utiliza em 1753. 1753. Species Plantarum Contribuição de Linnaeus 1789. de Jussiieu (Genera plantarum), acrescenta a categoria de família para o sistema de gênero e espécie 1864. Alphonse DeCandolle esboça o conjunto de regras de nomenclatura (“Lois”): • um táxon não pode ter mais de um nome correto • um nome não pode ser usado para mais do que um táxon • se um táxon tem mais de um nome, o nome correto é aquele que foi publicado primeiro, a partir de Linnaeus (1753). • O nome do autor será citado junto ao nome binomial para evitar confusão quando o mesmo nome é aplicado a táxons diferentes 1867. Promulgado em Paris, durante o Congresso Internacional de Botânica, as “Lois” de DeCandolle. 1868. Publicação de “Lois” em inglês. “Laws of Botanical Nomenclature” adotadas pelo Congresso Internacional de Botânica, Paris, junto com uma Introdução histórica e comentários”. Amer. J. Sci. II, 46:63-77. 1868. 20/09/2016 3 Código Internacional de Nomenclatura Botânica É um conjunto de princípios, regras e recomendações que regulamentam o ato de nomear táxons – Fornecer um nome correto para cada táxon, dentro de um sistema estável (classificação) Código Internacional de Nomenclatura para Algas, Fungos e Plantas (Código de Melbourne, 2011) O Código atual substitui todas as demais edições. • Propostas são publicadas na revista Taxon • Votação via correio (75% dos votos + ou -) • Votação presencial – Sessão de Nomenclatura • Congresso Internacional de Botânica (a cada 6 anos) • Propostas com mais de 60% de votos positivos são inclusas no código Processo para modificação do Código Exemplo Publicações de espécies novas são consideradas efetivas se publicadas em formato impresso (artigo 29.1 CINB). Proposta: Inclusão do meio de distribuição eletrônica da matéria em Formato de Documento Portátil (PDF) Modificação no código: “A publicação também é efetiva pela distribuição eletrônica da matéria em Formato de Documento Portátil (PDF; veja também Art. 29.3 e Rec. 29A.1) em uma publicação online com um Número Padrão Internacional de Séries (ISSN) ou com um Número Padrão Internacional de Livros (ISBN).” CIBot 2011, Melbourne, Austrália O Código na web • O sistema de nomenclatura botânica visa a padronização e aceitação mundial. • O nome científico é o símbolo nominal de um táxon e é uma maneira de indicar sua categoria taxonômica. • O CIN está dividido em três partes: – Princípios básicos do sistema de nomenclatura botânica; – Regras para por em ordem a nomenclatura antiga; – Recomendações para conseguir uniformidade e clareza na nomenclatura atual. Código Internacional de Nomenclatura Princípios do CINB: I. A nomenclatura botânica é independente da nomenclatura zoológica e bacteriológica; II. A aplicação de nomes a grupos taxonômicos (táxons) é determinada por meio de tipos nomenclaturais; Tipo é um elemento de referência ao qual o nome do táxon está permanentemente ligado Apocynum cannabinum L. (Espécie) Apocynum (Gênero) Apocynaceae (Família) = Holótipo (Espécime) Tipos nomenclaturais para espécie ou categorias infra-específicas • Isótipo - é uma duplicata do holótipo; • Parátipo - são outros materiais citados pelo autor além do holótipo (e isótipos) quando da descrição original; • Síntipo - é qualquer um de dois ou mais espécimes citados pelo autor da espécie, quando nenhum holótipo foi designado; • Lectótipo - é um espécime ou outro elemento selecionado do material original e escolhido posteriormente como tipo nomenclatural, quando nenhum holótipo foi designado; • Neótipo - é um espécime escolhido como tipo nomenclatural quando todo o material ligado ao táxon descrito foi destruído; • Epítipo: é uma espécie ou ilustração selecionada para servir como um Tipo interpretativo quando o holótipo (ou lectótipo ou neótipo) ou todo material associado a publicação válida for demonstradamente ambíguo e não forneça subsídios para unir o nome ao táxon. Quando um epítipo é designado, o holótipo, lectótipo ou neótipo ao qual o epítipo suporta deve ser explicitamente citado. 20/09/2016 4 Princípios do CINB: III. A nomenclatura de um táxon se fundamenta na prioridade de publicação. IV. Cada grupo taxonômico não pode ter mais de um nome correto (o mais antigo segundo as regras); V. Os nomes científicos dos grupos taxonômicos se expressam em latim, qualquer que seja sua categoria e origem; VI. As regras de nomenclatura têm efeito retroativo, salvo indicação contrária. 1. O nome científico é sempre um binômio Ex: Prescottia oligantha 2. A primeira palavra do binômio científico corresponde ao gênero e deve ser escrito com letra inicial maiúscula. A segunda palavra corresponde ao epíteto específico, para uma espécie determinada, o qual deve concordar gramaticalmente com o nome do gênero e ser escrito com letra inicial minúscula. Regras do CINB As regras são organizadas em artigos, os quais visam por em ordem os nomes já existentes e orientar a criação de novos nomes.3. O binômio científico deve ser acompanhado do nome do autor do mesmo, isto é, daquela pessoa que descreveu a espécie. Nomes de autores podem ser abreviados, sendo recomendadas que as abreviaturas não sejam aleatórias, sugerindo-se que sejam obedecidas as normas indicadas por Brummit e Powel (1992). ex: Prescottia oligantha (Sw.) Lindl. Gênero Epíteto específico Autor (Swartz) Lindley Gênero deve ser sempre iniciado com letra MAIÚSCULA. Espécie deve ser sempre iniciado com letra minúscula. Regras do CINB 4. Sempre que houver mais de um epíteto específico para nominar uma espécie, vale o princípio da prioridade, devendo ser utilizado o nome mais antigo, sendo os demais considerados sinônimos. Essa regra vale para todos os nomes publicados a partir de 1753. Prescottia oligantha (Sw.) Lindl. Gen. sp. orchid. pl. 454, 1840. Prescottia myosurus Rchb.f. ex Griseb., Fl. Brit. W. I.: 640 (1864). Prescottia viacola Barb.Rodr., Gen. Spec. Orchid. 2: 279 (1882). * Genera & Species of Orchidaceous Plants Regras do CINB Basiônimo: Cranichis oligantha Sw. Prodr. Ind. Occ. 120, 1788. 5. Quando uma espécie muda de gênero, o nome do autor do basiônimo (primeiro nome dado a uma espécie) deve ser citado entre parênteses, seguido pelo nome do autor que fez a nova combinação. Prescottia oligantha (Sw.) Lindl. Gen. sp. orchid. pl. 454, 1840. 6. O binômio científico deve ser grifado no texto (o grifo em itálico é o usual; quando manuscrito deve ser sublinhado). Prescottia é um gênero botânico pertencente à família das orquídeas (Orchidaceae). Foi publicado por John Lindley em 1824 Regras do CINB Apocynum cannabinum L. Apocynum cannabinum L. Apocynum cannabinum L. Opus principes 7. As categorias taxonômicas são designadas por terminações padrões Exemplo geral das categorias taxonômicas: Divisão: Magnoliophyta Classe: Magnoliopsida Sub classe: Rosidae Ordem: Rosales Subordem: Rosineae Família: Rosaceae Subfamília: Rosoideae Tribo: Roseae Subtribo: Rosinae Gênero: Rosa Espécie: Rosa gallica L. Variedade: Rosa gallica L. var. versicolor Thory 8. Gênero e espécie não têm terminações fixas Regras do CINB 20/09/2016 5 O nome de uma espécie é também uma combinação: um binômio formado do nome genérico seguido do epíteto específico. Epíteto: adjetivo ou substantivo adjetivado. Combina com o gênero. MASCULINO (US) Ichnanthus hirtus FEMININO (A) Olyra latifolia NEUTRO (UM) Chrysanthemum hirtum Caesalpinia echinata Oryza sativa Pode ser uma homenagem a algum botânico ou característica do táxon: MASCULINO Termina em E, I, O, U, Y (acrescenta I) Pirani: piranii Termina em A (acrescenta E) Pinna: pinnae FEMININO Acrescenta E Ana Maria: anamariae Diandrolyra bicolor Dois estames e folhas discolores Olyra latifolia folhas grandes Paepalanthus scandens hábito escandente CARACTERES Nomes dos táxons • categorias infra-específicas - os nomes são os das espécies acrescidas do nome da categoria infraespecífica em terceiro lugar. Ex. Brassica oleracea var. capithata, Ipomoea batatas subsp. alba. • Subespécie - população ou conjunto de populações separada geograficamente, com certa diferenciação morfológica e genética, mas que intercruzam com outras pops da espécie • Variedades - população ou conjunto de populações naturais com variação principalmente morfológica, mas não tem marcada distribuição geográfica • Cultivar - nome reservado a variedade cultivada, criada pelo homem em seus trabalhos de melhoramento e se opõe à variedade botânica, criada e selecionada pela natureza. Ex.: Zea mays cv. Piranão, Phaseolus vulgaris cv. Rosinha. Material para estudo • Slides da aula e exercício. • Leitura Recomendada: – Judd et al. 2009. Apêndice 1 - Nomenclatura Botânica. In: Sistemática vegetal um enfoque filogenético. Porto Alegre: Ed. Artmed. p. 543-552.
Compartilhar