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CadernoFertV3 12042018223414

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1 
 
 
Universidade Federal de Viçosa 
Centro de Ciências Agrárias 
Departamento de Solos 
 
 
 
 
 
FERTILIDADE DO SOLO: CONCEITOS E APLICAÇÕES 
 
 
 
Editores 
 
 
Edson Marcio Mattiello 
Samuel Vasconcelos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Viçosa/MG 
Março – 2018 
 
 
 
 
2 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
Este livro aborda o conteúdo da disciplina Fertilidade do Solo oferecida pelo Departamento 
de Solos da Universidade Federal de Viçosa. O livro foi organizado em quatro módulos, 
conforme o conteúdo da disciplina. No módulo 1 são apresentados conceitos e fundamentos 
da fertilidade do solo, com destaque para os fatores que controlam a disponibilidade de 
nutrientes para as plantas e o uso da análise química do solo e de planta para avaliação da 
fertilidade do solo. O módulo 2 traz uma abordagem sobre reação do solo, com menção as 
causas da acidez do solo, sua consequência para o crescimento vegetal e sua correção. 
Também neste módulo são destacadas as principais informações sobre matéria orgânica do 
solo: seus componentes, importância e manejo de resíduos orgânicos. No módulo 3 são 
apresentados os nutrientes e a dinâmica destes no sistema solo-planta. Neste módulo são 
descritas as reações no solo e os fatores relacionados com a disponibilidade e perdas de 
nutrientes no sistema solo. O módulo 4 refere-se à avaliação da fertilidade do solo e 
recomendação de fertilizantes, destacando fontes de nutrientes e suas características e 
fundamentos para a recomendação de fertilizantes e corretivos. Ainda, em anexo são 
apresentadas tabelas de interpretação da disponibilidade de nutrientes conforme os principais 
manuais do Brasil e de recomendação de adubação para as culturas exemplos da disciplina. 
Também são apresentados modelos de relatórios de recomendação de calagem e adubação 
discutidos em sala de aula. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 “Somos o que repetidamente fazemos. A excelência, portanto, não é um feito, mas um 
hábito.” 
Aristóteles 
3 
 
Sumário (organizar) 
 
Introdução ........................................................................................................................ 1 
Módulo 1 ........................................................................................................................... 4 
Abordagem introdutória à fertilidade do solo ............................................................... 5 
Conceitos e fundamentos da fertilidade do solo ........................................................... 6 
Exigências nutricionais das plantas ............................................................................... 6 
Continuum solo-solução-planta .................................................................................... 6 
Módulo 2 ........................................................................................................................... 4 
Reação do solo e sua correção ...................................................................................... 5 
Matéria orgânica do solo ............................................................................................... 6 
Módulo 3 ........................................................................................................................... 4 
Nitrogênio ..................................................................................................................... 5 
Fósforo .......................................................................................................................... 5 
Potássio ......................................................................................................................... 5 
Enxofre .......................................................................................................................... 5 
Micronutrientes .............................................................................................................. 5 
Módulo 4 ........................................................................................................................... 4 
Fertilizantes simples e formulados NPK ....................................................................... 5 
Amostragem do solo ..................................................................................................... 5 
Avaliação da fertilidade do solo ................................................................................... 5 
Interpretação da análise do solo e recomedação de adubação ...................................... 5 
 
 
 
 
 
 
Introdução 
A agricultura constitui um marco na história da humanidade. Ao se tornar sedentário e 
produzir alimentos, o homem alterou o rumo da sociedade que a milhares de anos constituía-se de 
caçadores-coletores. A agricultura inicialmente se deu em solos de boa fertilidade, normalmente 
próximos aos rios. Logo percebeu-se que o cultivo sucessivo levava a redução da produtividade das 
culturas e a exaustão dos nutrientes do solo. Surge então o pousio das áreas de cultivo. Mais tarde, a 
adição de estercos de animais, restos de vegetais ou cinzas e fertilizantes minerais ao solo foi a 
maneira encontrada pelo homem para a recuperação e manutenção da fertilidade do solo-surge então 
a adubação, que alterou os patamares de produtividades das culturas e permitiu o aumento da 
produção de alimentos e o crescimento da população mundial. O manejo nutricional é um dos 
principais fatores de produção podendo afetar grandemente a produtividade das culturas. A 
avaliação da fertilidade e o uso eficiente de corretivos e fertilizantes, sobretudo em solos pobres, são 
fundamentais para obtenção de maiores produtividades e melhor qualidade dos alimentos, para a 
segurança alimentar. Portanto, o conhecimento e a pesquisa em fertilidade do solo devem ser 
plenamente usados no manejo dos solos e orientação das correções das limitações nutricionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO 1- CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA FERTILIDADE DO SOLO 
Edson Marcio Mattiello 
Leonardus Vergutz 
Victor Hugo Alvarez V. 
 
Abordagem introdutória à Fertilidade do Solo 
 
Propriedades físico-químicas do solo 
Fases do Solo 
Um solo mineral, próximo à superfície, com condições físicas ótimas para o crescimento de 
plantas, apresenta, aproximadamente, a seguinte composição volumétrica: 50 % de espaço poroso, 
ocupados por partes iguais de ar e de água, 45–48 % de sólidos minerais e 2 a 5 % de matéria 
orgânica (MO). Têm-se, em média, então, 50 % constituídos pela fase sólida, 25 % pela fase líquida 
e 25 % pela fase gasosa (Figura 1). 
 
A fase sólida é constituída de agregados que se apresentam, até certo ponto, 
individualizados. Os agregados são formados de partículas unitárias, cimentadas entre si por matéria 
orgânica, óxidos e hidróxidos de Fe e Al, sílica, etc. As partículas individuais são obtidas após a 
dispersão dos agregados. Limites de tamanho definem as partículas como pertencentes a diferentes 
frações (Figura 2). 
 
 
 
 
 
Argila Silte Areia muito 
fina 
Areia fina Areia média Areia grossa Areia Muito 
grossa 
Cascalho 
0 0,002 0,02 0,05 0,2 0,5 1 2 
Tamanho (mm) 
 
Figura 2. Limites dos tamanhos das partículas dos solos 
 
Sistema Coloidal 
O solo pode ser considerado como um sistema disperso, uma vez que é constituído de mais 
de uma fase, estando a fase sólida em estado de acentuada subdivisão. Há, portanto, um sistema 
coloidal1 no solo, constituídode partículas diminutas, de tamanho coloidal, minerais ou orgânicas, 
ou organominerais, como fase dispersa na solução (ou no ar) do solo, como meio de dispersão. 
Nesse sistema, ocorrem reações químicas, físico-químicas e microbianas de maior importância no 
estudo dos solos. Nessa fase dispersa, é que se encontram as argilas. 
As partículas do sistema coloidal do solo apresentam as seguintes propriedades: 
a) Superfície específica – refere-se à área por unidade de massa do material e é, usualmente, 
expressa em m2/g, porem em desacordo com o sistema internacional de unidades (SI), em 
que dever-se-ia expressar em m2/kg, 
A redução do tamanho da partícula aumenta sua área superficial em relação a sua massa e, 
consequentemente, ocorre aumento de sua superfície específica. Em virtude do menor tamanho da 
fração argila do solo em relação às outras frações, ela contribui em maior proporção com o valor da 
superfície específica do solo. Deve-se, portanto, esperar grandes variações entre solos quanto às 
suas superfícies específicas. Dentre os fatores responsáveis por essas variações, encontram-se a 
textura, os tipos de minerais de argila e o teor de matéria orgânica. 
Quanto ao tipo de mineral de argila, sabe-se, por exemplo, que a caulinita apresenta 
superfície específica de 10 a 30 m2/g (1 a 3 hm2/g), os óxidos de Fe de 100 a 400 m2/g, e a 
montmorilonita, no outro extremo, de 700 a 800 m2/g. É de se esperar, portanto, que solos tropicais, 
que têm nos óxidos e na caulinita os maiores constituintes da fração argila, tenham menor superfície 
específica, em geral, que solos de regiões temperadas, onde há predominância de montmorilonita e 
 
1 Nos sistemas coloidais, componentes da fase dispersa (a fase constituída pelas partículas) apresentam, 
pelo menos, uma de suas dimensões entre 1 μm e 1 nm (1 nm = 10-9 m), e encontram-se em uma segunda 
fase, o meio de dispersão (neste caso água ou ar). 
 
 
 
de outras argilas silicatadas mais ativas. 
A matéria orgânica, embora apresente teores relativamente baixos na maioria dos solos, 
contribui significativamente para o valor da superfície específica destes, graças ao seu alto grau de 
subdivisão. Assim, um solo com maior teor de matéria orgânica deverá ter maior superfície 
específica que outro com menor teor, se outras características, como tipo e quantidade de argila, 
forem mantidas constantes. 
 
b) Cargas Elétricas- Propriedade muito importante de uma dispersão coloidal é a presença de 
cargas elétricas. As partículas coloidais do solo, as argilas de modo geral, são eletronegativas. 
Porém, em solos muito intemperizados pode-se encontrar maior número de cargas positivas do que 
negativas, principalmente em subsuperfície. Essas cargas elétricas proporcionam a adsorção de íons 
de cargas opostas, retendo-os no solo. 
c) Cinética- As partículas dispersas em meios líquidos apresentam movimentos. O movimento 
browniano é caracterizado pelo movimento brusco e irregular de partículas individuais no meio de 
dispersão. Esse movimento deve-se à energia cinética das partículas. 
Origem das Cargas Elétricas do Solo 
Cargas Negativas 
Em geral, as cargas negativas são predominantes nos solos. Essa predominância é expressiva 
em solos de regiões temperadas, graças à presença de argilas silicatadas mais ativas, por 
conseguinte mais eletronegativas. Por outro lado, nos solos mais intemperizados de regiões 
tropicais, o predomínio de cargas negativas tende a diminuir e, em alguns casos, até mesmo inverter 
com predomínio de cargas positivas. 
As cargas eletronegativas do solo podem ter diferentes origens: 
a) Dissociação de Grupos OH nas Arestas das Argilas Silicatadas 
O grupo OH nas terminações tetraedrais ou octaedrais, em faces quebradas das unidades 
cristalográficas das argilas silicadas, pode-se dissociar, gerando uma carga negativa. Verifica-se que 
com elevação do pH do meio (solo) o equilíbrio é deslocado para a direita em razão da neutralização 
dos íons H+ liberados na dissociação do grupo OH. Este tipo de cargas dependentes do pH é o tipo 
predominante em argilas 1:1, como a caulinita. 
 
 
 
b) Substituição Isomórfica 
Durante a gênese de argilas do tipo 2:1, alguns átomos de Si dos tetraedros podem ter sido 
substituídos por Al, bem como o Al dos octaedros pode ser substituído por Mg ou por outros cátions 
de valência menor que a do Al3+ (Figura 2). A substituição do Si4+, que se encontrava, inicialmente, 
neutralizando quatro cargas negativas por Al3+, irá condicionar sobra de uma carga negativa. De 
maneira semelhante, uma carga negativa será gerada pela substituição de um Al3+ de um octaedro 
por um cátion divalente, como o Mg2+. 
Deve-se ressaltar que o número de cargas geradas por este processo não é variável com 
alterações do pH do meio. 
 
Figura 2. Modelo ilustrativo da substituição isomórfica em argilominerais. 
c) Matéria Orgânica 
Na matéria orgânica do solo, as cargas negativas originam-se, principalmente, da 
dissociação de grupos carboxilícos e fenólicos (Figura 3). Quanto maior o pH do solo, mais cargas 
negativas serão disponibilizadas. 
 
Figura 3. Grupamentos fenol e carboxil da matéria orgânica do solo. 
 
 
 
Cargas Positivas 
As cargas eletropositivas do solo têm sua origem nos óxidos e hidróxidos (óxidos 
hidratados) de Fe e Al, principalmente. Tal situação se dá de maneira mais significativa em 
condições mais ácidas de solo. O esquema abaixo mostra que o hidróxido de Al (gibsita) pode dar 
origem a cargas eletropositivas, eletronegativas ou permanecer com carga neutra na superfície, 
dependendo do pH do solo (Figura 4). 
 
Figura 4. Modelo de geração de cargas em gibsita (Al(OH3)) 
 
De modo geral, o ponto em que o balanço de carga dos óxidos é nula corresponde a um valor 
de pH na faixa alcalina. O PCZ (ponto de carga zero) é o pH em que o solo apresenta carga líquida 
nula. Seu valor é variável de acordo com a natureza dos materiais trocadores de íons constituintes 
do solo. Assim sendo, os óxidos de Fe e Al apresentam cargas positivas em solos ácidos. 
Adsorção e troca iônica 
As propriedades de adsorção iônica do solo são devidas, quase que totalmente, aos minerais 
de argila e à matéria orgânica do solo, materiais de elevada superfície específica. Essas partículas 
coloidais do solo são anfóteras, pois apresentam cargas elétricas negativas e positivas, podendo 
adsorver ou “reter”, por diferença de carga, tanto cátions como ânions. 
As cargas negativas são neutralizadas por íons eletropositivos, ou seja, pelos cátions, o que 
se denomina adsorção catiônica. Na neutralização de cargas positivas pelos ânions tem-se a 
adsorção aniônica. Os íons envolvidos nesse processo de adsorção ligam-se por eletrovalência ou 
por covalência às partículas coloidais do solo. Os cátions mais envolvidos quantitativamente nesse 
processo são: Ca2+, Mg2+, Al3+, H+, K+, Na+ e NH4
+, sendo o Ca2+, comumente, o mais abundante 
em alguns solos, enquanto, em outros, é o Al3+. Alguns micronutrientes estão, também, sujeitos ao 
 
 
 
mesmo processo, embora em quantidades muito pequenas se comparadas aos cátions referidos 
anteriormente. Os íons adsorvidos às partículas coloidais podem ser deslocados e substituídos, 
estequiometricamente, por outros íons de mesmo tipo de carga, dando-se uma troca iônica. 
Como as cargas da fase sólida se manifestam na superfície das partículas coloidais do solo, 
há estreita relação entre o fenômeno de troca e a área superficial dessas partículas. Essa área é a 
superfície específica do solo, expressa em m2/g, conforme mostrado acima. Assim, o fenômeno de 
troca iônica do solo, que é basicamente a expressão de suas propriedadesfísico-químicas, depende 
preferencialmente de sua superfície específica e, em menor proporção, da densidade de cargas 
elétricas que se manifestam nesta superfície. 
Na solução do solo, que envolve as partículas coloidais, os íons estão se deslocando 
constantemente. Os íons em movimento representam os elementos em estado trocável ou 
disponível. 
Esquematicamente, o fenômeno de adsorção e troca iônica pode ser representado pela figura 
5. 
 
 
Figura 5. Adsorção e troca iônica em superfície eletronegativa e eletropositiva. 
Capacidade de Troca Catiônica (CTC) 
A CTC representa a quantidade de cargas negativas presentes em determinado solo e, 
 
 
 
portanto, a capacidade deste em adsorver cátions. Assume-se que os cátions adsorvidos na CTC do 
solo encontram-se em uma forma tal que possam ser rapidamente trocados por outros cátions 
introduzidos na solução do solo, que essa reação de troca ocorra rapidamente, de forma 
estequiométrica e que seja reversível. 
Na determinação da CTC do solo é importante considerar o pH em que a troca catiônica se 
verifica. Isto porque, além das cargas negativas permanentes (substituição isomórficas) os solos 
apresentam cargas dependentes de pH (H ligado covalentemente). Portanto, quanto maior o pH da 
solução de medida da CTC, maior será a quantidade de cargas negativas encontradas. À CTC 
medida no pH natural do solo damos o nome de CTC efetiva (t), ou seja, aquela que realmente está 
sendo expressa naquele pH. Adicionalmente, também determinados a CTC potencial, ou CTC a pH 
7 (T), que é determinada utilizando-se uma solução tamponada a pH 7. Essa CTC potencial é uma 
referência e nos mostra qual a quantidade de cargas que serão disponibilizadas por ocasião da 
realização da calagem e eventual elevação do pH do solo. 
Dentre os cátions que neutralizam as cargas negativas da CTC efetiva do solo, incluem-se, 
principalmente, os de caráter básico (Ca2+, Mg2+, K+, Na+ e NH4
+), os de caráter ácido (Al3+, 
principalmente) e, também, cátions H+ ligados a cargas negativas da CTC de caráter eletrovalente. 
O conjunto dos cátions que estão ocupando a CTC do solo, saturando-a, juntamente com as cargas 
negativas dos colóides é denominado complexo sortivo (ou de troca) do solo. 
Quando se usa uma solução salina não tamponada, como KCl 1 mol/L ou CaCl2 0,5 mol/L , 
para a determinação da CTC do solo, o valor obtido corresponderá à CTC efetiva. Por outro lado, se 
a solução salina for tamponada a um definido pH, o valor obtido corresponderá à CTC potencial do 
solo naquele pH, englobando a CTC permanente e a CTC dependente do pH. Para determinar a 
CTC a pH 7,0, utiliza-se uma solução tamponada de acetato de cálcio 0,5 mol/L , ou de acetato de 
amônio 1 mol/L , a pH 7,0. 
Dessa maneira, conforme citado acima, os princípios que caracterizam a CTC são: 
a) O fenômeno de troca é reversível. Os cátions adsorvidos podem ser deslocados por outros, e, 
assim, sucessivamente. 
b) O fenômeno de troca é uma reação estequiométrica, isto é, obedece à lei dos equivalentes 
químicos: um molc de um cátion é trocado (substituído) por um molc de outro cátion. 
c) É um processo rápido (minutos) 
Muitas condições do solo têm influência sobre a CTC, dentre as quais: pH, características dos 
cátions trocáveis, como valência e raio iônico hidratado, concentração da solução e natureza da fase 
sólida. 
 
 
 
A natureza dos cátions trocáveis afeta a preferencialidade de troca no solo, de acordo com a 
densidade de carga dos cátions, isto é, Z/r (Z = carga do íon e r = raio do íon hidratado). Os cátions 
que têm maior densidade de carga são mais retidos nas cargas negativas do solo. Por isso, os cátions 
polivalentes são geralmente mais fortemente retidos no solo. A sequência de preferencialidade de 
troca de cátions para uma mesma concentração foi estabelecida por Hofmeister, sendo conhecida 
como sequência de Hofmeister (Mengel & Kirkby, 1982), ou série liotrópica (Russel & 
Russel,1973). Esta sequência é a seguinte: 
Li+ <Na+ <K+ <Rb+ <Cs+ <Mg2+ <Ca2+ <Sr2+ <Ba2+ 
A diferença na preferencialidade de troca entre cátions da mesma carga se deve à diferença 
entre os raios iônicos hidratados (espessura da camada de hidratação do íon). O Al3+, sendo 
trivalente, é mais fortemente retido que os divalentes. O H+, em razão de suas propriedades 
específicas, com ligações preferenciais covalentes, não se comporta como monovalente quanto à 
preferencialidade de troca. Seu papel depende, também, da natureza do material trocador. 
A concentração dos cátions na solução do solo afeta a preferencialidade de troca, interagindo 
com a carga dos cátions envolvidos. Assim, à medida que se dilui a solução mantendo-se constantes 
as proporções entre os cátions presentes, verifica-se um aumento na preferência de troca dos cátions 
de menor pelos de maior valência. Em razão disso, em solos de regiões úmidas, as bases vão sendo 
lixiviadas e o cátion que acaba predominando no complexo é o Al3+. Por outro lado, em solos de 
regiões áridas e semi-áridas, a tendência é de acúmulo de cátions monovalentes, principalmente o 
Na+. 
A natureza do material trocador influi, principalmente, na densidade de cargas negativas 
responsáveis pela CTC do solo, que se expressa em cmolc/kg. Em solos de regiões tropicais, como 
na maior parte do território brasileiro, a matéria orgânica apresenta, geralmente, maior participação 
no valor da CTC total. Uma ideia da amplitude de variação destas características relacionadas com a 
CTC do solo, bem como a sua divisão em classes, de acordo com a magnitude das mesmas, é dada 
no quadro abaixo (Quadro 1). Deve-se salientar que esta classificação é válida para solos de regiões 
tropicais. 
Quadro 1. Amplitude e classificação das características relacionadas à CTC dos solos tropicais 
 
 
 
 
a) CTC efetiva (t) e Potencial a pH 7,0 (T) 
No pH da solução extratora correspondente ao do solo, tem-se a CTC efetiva (t), que é a 
CTC permanente mais parte da CTC dependente de pH que se manifesta até o pH do solo. No pH 7 
tamponado (T), além de medir a CTC efetiva adiciona-se a esta as cargas dependentes de pH que 
encontram-se bloqueadas por H covalentemente ligados aos grupamentos funcionais dos 
argilominerais e da matéria orgânica do solo. Portanto, essas cargas bloqueadas são aquelas que 
encontram-se entre o pH do solo e o pH da suspensão, no equilíbrio do poder tampão a pH 7. A 
matéria orgânica do solo é um material que apresenta CTC tipicamente dependente de pH. 
b) Soma de bases (SB) 
A soma de bases (SB) é calculada somando-se os teores de Ca2+, Mg2+, K+ e, quando 
disponíveis, os teores de Na+ e NH4
+ trocáveis. Porém, nos solos ácidos de regiões tropicais, como a 
maioria dos solos brasileiros, os teores dos cátions trocáveis Na+ e NH4
+ geralmente têm magnitude 
desprezível. 
c) Saturação por bases (V) 
A participação das bases no complexo sortivo do solo a pH 7, expressa-se em percentagem e 
é conhecida como saturação por bases (V). Indica a quantidade relativa de bases com relação à CTC 
potencial. Ela é calculada pela expressão abaixo. 
 
d) Acidez trocável (Al3+) 
A acidez trocável é constituída pelo Al3+, o Mn2+ e em menor quantidade por Fe2+, mais os 
 
 
 
íons de H+ que fazem parte da CTC efetiva. Como, em geral, a participação do Mn2+, Fe2+ e do H+ é 
pequena em relação à acidez trocável, este valor é representado pelo Al trocável (Al3+). Cátions de 
caráter ácido, como o Al3+ e o Mn2+, são considerados como acidez trocável porque, em solução, 
pela hidrólise da água, geram acidez, de acordo com a equação abaixo: 
 
e) Acidez potencial 
A determinação da acidez potencial (a pH 7,0) é feita utilizando-se como extrator uma 
solução tamponadade acetato de cálcio 0,5 mol/L , pH 7,0. Esta acidez inclui tanto o H (H+ trocável 
e H de ligações covalentes que é dissociado com a elevação do pH) quanto o Al3+. Por esse motivo é 
chamada de H + Al. O H covalentemente ligado representa as cargas negativas dependentes do pH. 
Esta fração é chamada acidez dependente do pH. 
f) Saturação pela acidez trocável (m) 
A saturação pela acidez trocável (Al3+) representa a quantidade relativa (em termos 
percentuais) da CTC efetiva (t) que está ocupada por Al3+. Ela é calculada pela seguinte expressão: 
 
Informações sobre os valores de T, SB e V de um solo podem indicar o tipo de mineral 
presente na fração argila e possíveis problemas na sua utilização, bem como sobre o procedimento 
adequado a ser tomado para otimizar sua utilização. 
O solo A (Quadro 6), com valor baixo de T, provavelmente tem sua fração argila constituída 
por caulinita e óxidos de Fe e Al e, ou, o teor de argila do solo é baixo (solo arenoso). Outro aspecto 
provável é a existência de baixo teor de matéria orgânica neste solo. A adição de matéria orgânica a 
este solo para aumentar, pelo menos temporariamente, seu valor T, poderia ser recomendada. O 
valor de V é médio e a percentagem de saturação por Al3+ (m) é baixa, em razão dos baixos valores 
de Al3+. 
O solo B (Quadro 6), muito ácido, tem baixo V. Logo, alta participação da acidez potencial 
(H + Al) no complexo de troca, podendo apresentar alta percentagem de saturação por Al (m). Para 
uso agrícola, deverá ter o seu pH elevado por meio de calagem, o que irá causar aumento dos 
valores de SB e V, aumentando, consequentemente, o seu pH e diminuindo o valor de Al3+ e de m. 
Os valores de T e SB indicam que o material constituinte da fração coloidal é mais ativo, 
 
 
 
provavelmente com teor de matéria orgânica mais elevado neste solo, embora apresente poucas 
bases no seu complexo de troca. 
O solo C (Quadro 2) apresenta-se em boas condições quanto ao seu complexo de troca e 
características a ele relacionadas. 
Quadro 2. Valores de pH, Al3+, SB, t, (H + Al), T, V e m de amostras de três solos. 
 
Capacidade de Troca Aniônica 
A capacidade de troca aniônica é definida como o poder do solo de reter ânions na fase 
sólida, numa forma trocável com outros ânions da solução. Entretanto, a manifestação desta 
propriedade não é tão característica quanto a troca catiônica, isto é, não são atendidas as condições 
de rapidez, reversibilidade e estequiometria. Por esta razão, a troca aniônica é mais frequente e 
convenientemente denominada adsorção aniônica e é específica para cada ânion, sugerindo um 
processo mais complexo do que a simples troca. 
Um aspecto particular do comportamento de certos ânions no solo é a adsorção específica. 
Por este processo os ânions são retidos pela fase sólida, por meio de ligações fortes (covalentes), 
passando a fazer parte da estrutura dos minerais, em sua superfície. Este tipo de adsorção é de baixa 
reversibilidade e é bem conhecido para o P, sendo o principal responsável pela fixação de P no solo, 
principalmente nos solos ricos em óxidos e hidróxidos de Fe e Al. Uma reação desta natureza é 
apresentada de forma simplificada na figura 6.: 
 
Figura 6. Esquema ilutrativo da adsorção específica (covalente) do ion fosfato em óxido de Fe. 
 
 
 
Os ânions que podem deslocar o P (H2PO4
-) da fase sólida do solo com maior eficiência são 
flúor (F-) e o silicato (H3SiO4
-), seguido de sulfato (SO4
2-). O nitrato (NO3
-) e o cloreto (Cl-) não 
têm, praticamente, poder de substituir o fosfato. Pode-se dizer que a retenção de nitrato e cloreto no 
solo se dá por adsorção não-específica, que tem caráter reversível. 
Da mesma forma que a CTC, a capacidade de adsorção de ânions dos solos também pode ser 
determinada em laboratório. Para tanto utilizam-se, usualmente, curvas de adsorção conhecidas 
como “isotermas de adsorção”. Uma das mais utilizadas para ânions do solo, de interesse na 
nutrição das plantas, é a isoterma de Langmuir, a qual permite determinar a capacidade máxima de 
adsorção do ânion em estudo, como por exemplo a capacidade máxima de adsorção de P (CMAP) e 
de sulfato (CMAS). 
A capacidade máxima de adsorção de ânions varia com as características do solo, 
notadamente seu teor e tipo de argila, podendo atingir valores bastantes elevados para solos muito 
intemperizados com altos teores de argila. Por exemplo, valores de CMAP variando de 220 a 1 260 
mg/kg de P para Latossolos do Planalto Central do Brasil correspondem a uma retenção de, 
aproximadamente, 1 000 a 5 800 kg ha-1 de P2O5 na camada arável (20 cm de profundidade). De 
maneira geral, solos com menor teor de argila apresentam valores de CMAP e CMAS menores em 
relação aos mais argilosos. Porém, o tipo de argila também tem grande influência. 
As cargas positivas do solo, responsáveis pela adsorção aniônica, são, normalmente, 
dependentes do pH do meio. Diminuindo o pH, aumentam as cargas positivas do solo e a adsorção 
aniônica aumenta. 
 
 
CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA FERTILIDADE DO SOLO 
 
A fertilidade do solo refere-se à capacidade do solo em suprir elementos essenciais às 
plantas. A boa fertilidade do solo implica em suprir quantidades e proporções adequadas de 
nutrientes para o crescimento e produtividade das plantas. 
Solo produtivo é um solo fértil, ou seja, que contém os nutrientes essenciais em quantidades 
adequadas e balanceadas para o normal crescimento e desenvolvimento das plantas cultivadas e que 
apresenta ainda boas características físicas e biológicas, está livre de elementos tóxicos e encontra-
 
 
 
se em local com fatores climáticos favoráveis. Assim, um solo pode ser fértil sem necessariamente 
ser produtivo. 
Um solo pode apresentar boa fertilidade natural ou, por meio de correções e do manejo 
adequado de nutrientes, podemos construir fertilidade em solos pobres. No Brasil é comum a 
ocorrência de solos com baixa fertilidade natural, principalmente os Latossolos e Argissolos. 
Destacam-se pela longa gênese do solo e o alto grau de intemperismo como principais fatores 
causadores da baixa fertilidade, particularmente em grande parte das regiões tropicais e 
subtropicais, onde a remoção de nutrientes do solo é mais acelerada, em razão das condições de 
altas temperaturas e precipitações pluviais. 
Da mesma forma, o manejo inadequado do solo pode levar a perda da fertilidade ao longo do 
tempo. Destacam-se a erosão, a redução dos teores de MO, a acidez ou salinidade e a exaustão de 
nutrientes do solo provocada pelas retiradas pelas culturas, maiores que pelas adições via adubação, 
como as principais causas da perda da fertilidade do solo. 
A baixa fertilidade de um solo pode ser expressa pela elevada acidez, toxidez por Al, baixa 
reserva de nutrientes como K, Ca e Mg, elevada adsorção de P e baixos teores de matéria orgânica 
do solo. 
 
Fatores Intensidade, Quantidade e Capacidade Tampão 
As plantas absorvem os nutrientes, na forma de íons, da solução do solo. Por sua vez, na fase 
sólida é que está a reserva desses íons. Estes são repostos para a solução quando sua concentração é 
diminuída, decorrente da absorção pelas plantas ou de algum outro tipo de perda. 
É importante, portanto, conhecer o teor de nutrientes em solução, a reserva desse teor na fase 
sólida e o poder de reposição dessa reserva para a solução do solo. Estas três grandezas, inter-
relacionadas, determinam a disponibilidade dos nutrientes no solo e são denominadas: 
- Fator quantidade (Q): é a reserva do íon disponível na fase sólida do solo, trocável como o Ca2+, 
Mg2+, K+ ou lábil como para P, mas em equilíbrio com sua concentração na solução, durante o ciclo 
de vida das plantas. 
- Fator Intensidade(I): é a concentração, ou, mais precisamente, a atividade do íon na solução do 
solo. 
- Fator capacidade ou capacidade tampão (FC ou CT): é a relação entre os fatores quantidade e 
intensidade, em dada faixa de concentração (atividade) considerada (∆Q/∆I). 
 
 
 
 O esquema abaixo demonstra essa inter-relação entre os fatores Q, I e Q/I: 
 
Da mesma maneira, a figura 7 exemplifica bem essa relação entre os fatores quantidade (Q), 
intensidade (I) e capacidade tampão (CT) de um nutriente no solo, comparando dois solos (A e B) 
hipotéticos. 
 
Figura 7. Relação entre os fatores intensidade (I) e quantidade (Q) para dois solos hipotéticos, 
demonstrando a diferença de capacidade tampão para um dado nutriente. 
 
Observa-se que o solo A tem maior CT (mais tamponado) que o solo B (∆Q/∆I do solo A > 
∆Q/∆I do solo B – Figura 7). Na prática, pode-se dizer que, para a mesma dose de P aplicada nos 
dois solos, o aumento da concentração de P em solução (I) será maior no solo B do que no A. 
Uma possibilidade para justificar isto seria o solo A ser mais argiloso que o solo B, 
mantendo-se a mesma qualidade (atividade) de argila para ambos os solos. 
Outra maneira de representar a inter-relação entre os fatores I, Q e CT é por meio de um 
sistema de vasos comunicantes (Figura 8). 
 
 
 
 
Figura 8. Esquema de vasos comunicantes representando os fatores intensidade (I), quantidade (Q), 
o inverso do fator capacidade (∆I/∆Q) e também formas do nutriente em estudo que não encontra-se 
em equilíbrio com I, também conhecido como não-lábil (Ñ-Q). 
 
Verifica-se, nessa representação, que a quantidade trocável ou lábil (adsorvido ou Q), do 
elemento E (um elemento qualquer) está em equilíbrio com a quantidade em solução (I) deste 
elemento. A tubulação que liga esses dois compartimentos representa (∆I/∆Q, ou o inverso da CT; 
logo, quanto maior o diâmetro da tubulação, menor a CT para o elemento (caso do solo arenoso) em 
relação a um menor diâmetro (solo argiloso, como comparação). A quantidade total de nutriente no 
solo disponível à planta é igual a Q+I. Como o valor de I é muito menor que o de Q, nas 
determinações de Ca trocável ou de P-lábil de um solo, que representam medidas de Q, a 
contribuição de I pelo seu valor muito pequeno, não altera para fins práticos o valor de Q. 
A quantidade máxima que pode atingir Q, em dado solo, é dada pela CTC desse solo, para 
elementos trocáveis com ligação eletrostática como Ca2+, Mg2+, K+, Na+ e pela capacidade máxima 
de adsorção do elemento (CMAE) por esse solo, para elementos com ligações covalentes (adsorção 
específica), como o P e Zn, dentre outros. O equilíbrio entre Q e I indica que, quando o solo tiver 
seu valor máximo de Q de um elemento, ele terá também seu valor máximo de I; logo quando Q 
tende para zero, I também tende a zero. 
O diâmetro da tubulação da figura acima será muito maior para elementos adsorvidos por 
troca iônica que para aqueles adsorvidos por covalência. O “transporte” indica que, para uma planta 
absorver um nutriente, não basta que o solo seja capaz de cedê-lo; é necessário que o nutriente seja 
transportado desde a solução, próximo às partículas sólidas do solo, até à solução junto à raiz. 
Resposta à adubação 
 
 
 
As plantas respondem ao aumento da concentração de nutrientes disponíveis no solo e tal aumento é 
consequência das doses aplicadas de fertilizantes. A resposta à adubação pode ser representada nos 
gráficos A, B ou C da Figura 9. Existe ainda situações em que podemos observar a ausência de 
resposta ou resposta nula à adubação (D). 
(A)
Pr
od
u ç
ã o
 (k
g/
ha
)
0
200
400
600
800
(B)
(C)
Dose do nutriente (kg/ha)
0 50 100 150 200 250 300
Pr
od
u ç
ã o
 (k
g/
ha
)
0
200
400
600
800
(D)
Dose do nutriente (kg/ha)
0 50 100 150 200 250 300
 
Figura 9. Resposta das culturas à adubação. A: resposta linear; B: resposta curvilinear platô; 
C:resposta quadrática e D: resposta nula 
 
 A análise, interpretação e compreensão da resposta à adubação, baseiam-se nos seguintes 
princípios: 
Restituição 
“para manter a fertilidade do solo, deve-se restituir os nutrientes absorvidos pelas plantas e 
exportados com as colheitas mais os perdidos no solo, ou seja, aqueles que não foram reciclados” 
 
Restrição: eficiente e adequada desde que o solo tenha uma boa fertilidade 
Lei do mínimo (Liebig 1862) 
“cada campo pode conter a disponibilidade mínima de um mínimo de um ou mais nutrientes. Com 
esse mínimo, seja calcário, K, N, ácido fosfórico, magnésio ou qualquer outro nutriente, as 
produtividades apresentam uma relação direta com o suprimento deste nutriente em menor 
 
 
 
disponibilidade. Este é o fator que governa e controla ... produtividades. Se o mínimo for calcário a 
produtividade será a mesma e não maior mesmo se as quantidades de K, sílica, ácido fosfórico, etc 
... sejam aumentados em cem vezes”. 
Os rendimentos das colheitas são proporcionais à disponibilidade do nutriente que se encontra em 
menor quantidade no solo, conforme as necessidades das plantas (Voisin, 1963). 
Conforme a Lei do mínimo a resposta é linear até um ponto onde se alcança um "plateau" devido à 
insuficiência de outro nutriente que, então, se torna o limitante (visão quantitativa) representada na 
figura 10. 
 
 
Figura 10. Modelo ilustrativo da lei do mínimo 
 
Restrições da Lei do mínimo 
• Em condições de campo são vários os nutrientes ou fatores que limitam a produção, 
além da ação de suas interações 
• Nem sempre é suficiente para explicar as respostas a adubação 
Incrementos decrescentes (Mitscherlich, 1930) 
“Os aumentos de produção de uma cultura, obtidos pela adição de quantidades crescentes de um 
nutriente, são decrescentes”, conforme ilustra a figura 11 e o quadro 3. 
 
 
 
Dose do nutriente (kg/ha)
0 50 100 150 200 250 300
Pr
od
uç
ão
 (k
g/
h a
)
100
200
300
400
500
600
700
800
dx1 dx2 dx3 dx4 dx5 dx6
dy1
dy2
dy3
dy4
Produtividade de 
máxima eficiência
econômica
dy1 > dy2 > dy3 > dy4
 
Figura 11. Produção em função da dose aplicada do nutriente. Na medida em que se aumenta a dose 
de fertilizante os incrementos de produtividade são cada vez menores. 
Quadro 3. Produção de algodão em função da adubação nitrogenada. Resultados médios de 15 
experimentos em Latossolo Vermelho 
Incremento 
da dose de N 
Produção de 
algodão 
Aumento 
Incremento da dose de N (kg/ha)
Pr
o d
uç
ão
 d
e 
al
go
d ã
o 
(k
g/
h a
)
1700
1800
1900
2000
2100
2200
2300
0 10 10 10 10 10 10
 
----------------kg/ha---------------- 
0 1790 - 
+10 1934 144 
+10 2032 98 
+10 2099 67 
+10 2146 47 
+10 2177 31 
+10 2199 22 
• Interação/equilíbrio 
“Cada nutriente é mais eficaz quando os outros estão em quantidades mais próximas do 
ótimo”. Ganhos em produtividades poderão ocorrer quando os nutrientes estão em 
quantidades equilibradas no solo (Figura 12). 
 
 
 
Dose de N (kg/ha)
0 10 20 30 40 50 60
Pr
od
uç
ão
 ( k
g/
ha
)
1700
1800
1900
2000
2100
2200
2300
Efeito do N
sem P
100 k
g/ha 
P
Interaç
ão NxP
 
Figura 12. Modelo ilustrativo da interação N e P e ganho de produtividade. 
 
Lei do máximo 
 “O excesso de um nutriente no solo reduz a eficácia dos outros e, por conseguinte, pode 
diminuir a produção”, conforme demostrado na figura 13. Destaca-se uma região de aumento linear 
(a); de estabilização (b) e de decréscimo da produção (c). 
 
 
 
 
Figura 13. Modelo quadrático de resposta à adubação indicandoredução de produtividade nas 
maiores doses do nutriente. 
 
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DAS PLANTAS 
Os nutrientes são elementos químicos de específica e essencial função fisiológica no 
metabolismo de plantas (Epstein, 1965; Marschner, 1995). Dezessete elementos são considerados 
essenciais para o crescimento e desenvolvimento das plantas: carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio 
(O); nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), enxofre (S), boro (B), 
cloro (Cl), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo), níquel (Ni) e zinco (Zn). 
Outros elementos são classificados como benéficos para algumas plantas, como o sódio (Na), silício 
(Si), selênio (Se) e cobalto (Co). 
Carbono, H e O (3) são estudados nas suas múltiplas funções na fisiologia vegetal. Sob o 
ponto de vista da nutrição mineral, os elementos essenciais são classificados em macro e 
micronutrientes, de acordo com as quantidades exigidas pelas plantas. Os macronutrientes (N, P, K, 
Ca, Mg e S) (6) são exigidos em maiores quantidades (da ordem de g/kg de matéria seca da planta). 
Já os micronutrientes (B, Cl, Cu, Fe, Mn, Mo, Ni e Zn) (8) são absorvidos pelas plantas em pequenas 
quantidades (da ordem de mg/kg de matéria seca da planta). Na figura 14 são destacados os 
elementos químicos essenciais às plantas. 
 
 
 
 
 
Figura 14. Tabela periódica dos elementos químicos essenciais às plantas: macronutrientes; 
micronutrientes 
 
Critérios de essencialidade 
Nutrientes são elementos essenciais às plantas. Para que um elemento seja classificado como 
essencial, deve satisfazer alguns critérios (Arnon & Stout, 1939): 
Critério 1: Um elemento é essencial se sua deficiência impede que a planta complete o seu ciclo 
vital; 
Critério 2: Para ser essencial, o elemento não pode ser substituído por outro elemento com 
propriedades similares; 
Critério 3: O elemento deve participar diretamente no metabolismo da planta. 
“A presença de elementos químicos nas cinzas de uma planta não é indicador da 
essencialidade dos diferentes elementos para esta planta” 
Resumindo, nutriente é um elemento considerado essencial quando ele faz parte de uma 
molécula essencial ao metabolismo da planta. É o caso do Mg, como constituinte da clorofila, ou do 
N, como constituinte de proteínas. Assim, mesmo que um elemento possibilite melhorar o 
 
 
 
crescimento ou um processo fundamental de uma planta, não é considerado como essencial se não 
atender aos três critérios da essencialidade. Todos os 17 elementos apresentados (Quadro 4) 
cumprem estas exigências e devem ser fornecidos às plantas para que estas germinem, cresçam, 
floresçam e produzam sementes. 
Quadro 4. Relação dos elementos essenciais às plantas superiores, com as concentrações médias na 
matéria seca da parte aérea e os respectivos autores que demonstraram a essencialidade e o ano em 
que ocorreu a descoberta 
 
 
As plantas absorvem íons da solução do solo conforme descritos no quadro 5. 
Quadro 5. Nutrientes e as formas químicas como são absorvidas pelas plantas 
Macronutrientes Forma absorvida Micronutriente Forma absorvida 
N NO3
- ou NH4
+ Cu Cu2+ 
P H2PO4
- ou HPO4
2- Mn Mn2+ 
K K+ Zn Zn2+ 
Ca Ca2+ Fe Fe2+, Fe3+, Fe-quelato 
Mg Mg2+ B H3BO3; H2BO3
- 
 Mo MoO4
- 
S SO4
2- Ni Ni2+ 
 Cl Cl- 
 
 
 
Para bom desenvolvimento e crescimento vegetal é necessário que haja disponibilidade e 
absorção dos nutrientes em proporções adequadas. Desequilíbrios em suas proporções podem causar 
deficiência ou excesso de nutrientes, causando limitações ao crescimento das plantas ou mesmo sua 
morte. 
Diagnose visual de sintomas de deficiência nutricional 
Os sintomas de deficiência de nutrientes em diferentes espécies podem ser utilizados para 
diagnosticar o estado nutricional das plantas. A essa técnica de diagnóstico dá-se o nome de 
diagnose visual. A observação de sintomas é uma forma rápida e pouco dispendiosa de diagnóstico 
do estado nutricional, porém sua principal limitação refere-se ao fato de que, quando há 
manifestação visível de sintomas de carência ou de excesso, expressiva parte da produção das 
plantas já está comprometida. 
“o aparecimento do sintoma representa o estádio tardio de um processo no qual o 
crescimento e a produção podem sofrer perdas irreversíveis”. 
A diagnose visual requer uma análise criteriosa dos fatores bióticos e, ou, abióticos que 
possam alterar o estado nutricional da planta ou induzir padrões de danos similares à deficiência ou 
toxidez de nutrientes. Neste sentido, destacam-se a deficiência ou excesso do suprimento de água, 
variações bruscas de temperatura, textura e compactação do solo, reações entre misturas de produtos 
fitossanitários, toxidez causada por herbicidas, senescência natural de folhas, ataque de pragas e 
doenças, práticas de cultivo inadequadas, dentre outros fatores. Na avaliação das desordens 
nutricionais devem ser observados ao menos três critérios: 
 Evolução no tempo: relaciona-se ao período em que as reservas dos vacúolos estão sendo 
utilizadas 
 Evolução no espaço: relaciona-se à mobilidade diferencial dos nutrientes na planta (no 
floema) havendo um gradiente de intensidade das folhas velhas para as jovens em caso de 
nutrientes móveis no floema e, o contrário, para os imóveis. 
 Simetria: tecidos de mesma idade fisiológica devem mostrar o mesmo sintoma, em 
condições de deficiência nutricional 
Esses critérios devem ser utilizados, em conjunto, para melhor discernir se o sintoma é devido 
primariamente à deficiência nutricional ou se deve a outras causas, de natureza não nutricional 
primariamente. 
A seguir, serão descritos os sintomas de deficiência mais comuns relacionados com a 
carência de macro e micronutrientes. 
 
 
 
Nitrogênio 
Sua falta se traduz em plantas pequenas e de crescimento lento. O sintoma típico da falta de 
N é a clorose (amarelecimento) generalizada (uniforme) de folhas. Como é um elemento que se 
move no floema, o sintoma aparece primeiro nas folhas mais velhas, progredindo, com o tempo, 
para as mais novas. 
 
Fósforo 
Plantas deficientes apresentam crescimento mais lento e, frequentemente, coloração verde 
escura nas folhas mais velhas. Em muitos casos, o progresso da deficiência leva ao surgimento de 
coloração avermelhada em caules e folhas velhas. Os sintomas progridem das folhas mais velhas 
para as mais novas, porque, assim como o N, o P é um elemento bastante móvel no floema. A cor 
avermelhada é causada pela concentração de antocianina. 
Potássio 
A deficiência de K retarda o crescimento e aumenta a susceptibilidade ao ataque de 
patógenos, havendo retranslocação de K de folhas velhas e caules para as regiões de cresci- mento 
ativo. Os sintomas de carência caracterizam-se por clorose e necrose de bordos foliares. Murcha e 
quebra dos caules também caracterizam a deficiência de K. 
Cálcio 
Seu movimento de ascensão acompanha o fluxo transpiratório pelo xilema. Por ter funções 
estruturais, não é remobilizado no floema para atender à demanda em locais de crescimento ativo da 
parte aérea ou da raiz. O sintoma típico de deficiência de Ca é a má formação das paredes celulares 
e o colapso dos tecidos jovens. 
Magnésio 
Sua deficiência caracteriza-se, tipicamente, por uma clorose internerval das folhas 
totalmente expandidas - mais velhas. 
Enxofre 
Sua carência manifesta-se por clorose generalizada, muito semelhante à que ocorre com 
deficiência de N, porém, iniciando-se em folhas mais jovens. 
 
 
 
Ferro 
Os sintomas de deficiência se manifestam como clorose e, às vezes, assemelha-se à 
deficiência de Mg, com a diferença de que, para o Fe, os sintomasde carência se manifestam 
sempre nas folhas mais novas. De modo geral, as folhas jovens mostram nervuras verdes sobre um 
fundo amarelado. O sintoma evolui para o completo branqueamento das folhas jovens, seguindo-se 
necrose. 
Manganês 
Para dicotiledôneas, a deficiência assemelha-se à de Fe, caracterizando-se por clorose 
internerval de folhas jovens, que se inicia por surgimento de pontuações amareladas. Já nas 
monocotiledôneas, manifesta-se como faixas verdes cinzentas na parte basal das folhas. Pode 
ocorrer em altas concentrações em solos minerais ácidos causando toxidez, que se caracteriza por 
enrugamento de folhas jovens, clorose e pontuações necróticas na lâmina de folhas velhas. Os 
pontos necróticos correspondem a locais de acúmulo do elemento. 
Boro 
Sua deficiência caracteriza-se por crescimento lento e anormal das regiões meristemáticas. 
Em fase avançada, ocorre morte de meristemas apicais, superbrotamento e folhas jovens grossas e 
deformadas, bem como podridão, cavidades e rachaduras em raízes, como beterraba e cenoura. 
Formação de cortiça pode ocorrer em caules de tomate e couve-flor. A formação de flores e frutos é 
restrita ou totalmente inibida, havendo também perda da qualidade. As brássicas são 
particularmente sensíveis à carência de B. 
Para o B, o limite entre a carência e a toxidez é estreito, e os sintomas de toxidez 
caracterizam-se por amarelecimento das pontas e margens das folhas mais velhas, seguido de 
necrose e queda. 
Cobre 
Os sintomas de deficiência variam bastante entre espécies. As folhas jovens podem 
apresentar-se cloróticas ou verde-azuladas. Devido seu papel na lignificação, em condições de 
deficiência, as cascas das árvores podem apresentar rachaduras com exsudação de goma nesses 
pontos. O florescimento e a frutificação são também diminuídos. Os efeitos tóxicos do Cu, por sua 
vez, parecem relacionar-se com sua capacidade de deslocar outros cátions metálicos, especialmente 
 
 
 
Fe, de sítios fisiologicamente importantes. Assim sendo, clorose que lembra deficiência de Fe pode 
ser sintoma de toxidez de Cu. 
Molibdênio 
A deficiência caracteriza-se por clorose internerval de folhas jovens, semelhante à 
deficiência de Mn. As margens das folhas tendem a enrolar-se ou curvar- se para cima ou para 
baixo. Nas brássicas, a lâmina foliar constitui uma faixa estreita em torno da nervura principal, 
conhecida como “ponta de chicote”. 
Zinco 
A carência do elemento leva a reduções na produção de auxina, responsável pela elongação 
de ramos, sendo as folhas pequenas e a formação de rosetas sintomas típicos da carência desse 
elemento. O florescimento e a frutificação podem ser muito reduzidos em condições de deficiência 
severa de Zn. A toxidez caracteriza-se por redução do crescimento de raízes e da expansão foliar, ao 
que se segue clorose. 
Cloro 
A deficiência de Cl caracteriza-se por murcha, bronzeamento, clorose e necrose, porém não 
tem importância econômica, pois nunca foi observada em campo. Por outro lado, a toxidez de Cl 
pode representar sério problema caracterizado por bronzeamento e necrose de pontas e margens de 
folhas velhas, seguidos de amarelecimento e abscisão prematura. 
Niquel 
O Ni é constituinte da uréase e sua deficiência inibe a ação da enzima, levando ao acúmulo de ureia, 
o que causa manchas necróticas nas folhas. Os sintomas de deficiência de Ni incluem clorose 
internerval das folhas jovens, podendo evoluir para necrose do ápice das folhas. 
 
CONTINUUM SOLO-SOLUÇÃO-PLANTA 
 
Os nutrientes na solução do solo estão em equilíbrio com os colóides do solo, minerais e 
orgânicos, que podem retê-los de forma trocável (CTC e CTA), formas não trocáveis ou não lábeis 
(K fixado em argilas silicatadas 2:1; P fixado em formas não-lábeis, etc.) ou formar complexos 
estáveis com a matéria orgânica do solo. Os nutrientes em concentrações elevadas, que ultrapassam 
 
 
 
o produto de solubilização, podem ser precipitados, a partir de suas formas iônicas da solução do 
solo. Com relação às perdas dos nutrientes da solução do solo elas podem ocorrer por meio de 
erosão, lixiviação e perdas gasosas (desnitrificação e volatilização de NH3, por exemplo). Essas 
interfaces da solução do solo (fase líquida) com a fase sólida (mineral e orgânica) e com a planta, e 
ganhos e perdas de seus componentes estão representados na figura 15. 
Os nutrientes na solução do solo poderão ter suas concentrações diminuídas pela absorção 
pelas plantas. Para manter o equilíbrio, ocorre a reposição pela fase sólida. Além disso, a solução do 
solo pode ter ganhos de nutrientes por meio da aplicação de fontes de nutrientes, minerais 
(fertilizantes) ou orgânicos (adubos), fixação livre ou simbiótica do N2 atmosférico, e pelas chuvas. 
 
 
 
Figura 15. Modelo do sistema solo-solução-planta 
Mecanismos de transporte de nutrientes na solução do solo 
A absorção de nutrientes pelas plantas exige seu transporte até a superfície radicular (Figura 
16), com destaque para os mecanismos de fluxo de massa (transporte convectivo) e difusão 
(transporte difusivo) (Fried & Shapiro, 1961). A intercepção radicular, sugerido por Barber (1962), 
 
 
 
não é considerado um mecanismo transporte de nutrientes, pois, atualmente, não é aceita a 
possibilidade de trocas diretas entre as partículas do solo e as raízes das plantas, havendo 
necessidade do meio líquido para que a absorção pelas raízes ocorra. 
 
Figura 16. Ilustração do transporte de nutrientes no solo. 
O fluxo de massa está associado ao gradiente de potencial total que regula o movimento da 
água no sistema solo-planta-atmosfera (Figura 17). Assim, a concentração do íon na solução do solo 
e a taxa de transpiração do vegetal determinam a quantidade de íons transportada por meio desse 
mecanismo (Barber, 1974). Elementos que se encontram em maiores concentrações na solução do 
solo, como Ca, N e mesmo o S são transportados preferencialmente pelo fluxo de massa. 
Matematicamente, o transporte de nutrientes por fluxo de massa (FM, kg/dm-2/s) é dado pela 
equação: 
 
qCFM 
 (1) 
em que 
q: fluxo de massa, dm3 dm-2 s-1; e 
C: concentração média do soluto, kg dm-3 
 
 
 
 
Figura 17. Esquema ilustrativo do transporte de nutrientes por fluxo de massa 
A difusão, por sua vez, se deve ao movimento dos íons em meio líquido em função do 
gradiente de concentração (Figura 18). Esse movimento da maior para a menor concentração deve-
se à formação de uma zona de depleção do nutriente nas regiões de absorção da raiz. Quando o 
fluxo de massa não é capaz de satisfazer a demanda das plantas por determinado nutriente, o 
transporte por difusão entra em ação e completa seu requerimento. Isso ocorre para os nutrientes 
que encontram-se em baixas concentrações na solução do solo, como P, K e Zn. A adaptação das 
leis de Fick para solos permitiu quantificar o transporte difusivo. A primeira lei de Fick pode ser 
escrita na forma: 
CDF 
 
 
em que 
F: fluxo do nutriente, kg dm-2 s-1; 
D: coeficiente de difusão, dm2 s-1; e 
C
: gradiente de concentração, kg dm-3 
dm-1. 
 
D=coeficiente de difusão (dm2 s-1) 
D1=coeficiente de difusão do elemento em agua pura 
(dm2 s-1) 
= conteúdo volumentrico de agua no solo (dm3 dm-3) 
f=fator de impedancia (adimensional) 
I/Q=inverso do fator capacidade 
 
 (2) 
 
 
 
 
 
Figura 18. Esquema ilustrativo do transporte de nutrientes por difusão. 
Na prática, dada as dificuldades de quantificar as variáveis envolvidas no fluxo difusivo de 
nutrientes no solo, a quantidade do nutriente transportada por difusão é obtida pela diferença entre a 
quantidade acumulada do nutriente na planta (conteúdo– biomassa total da planta multiplicado pelo 
teor do nutriente nessa biomassa) e quantidade transportada por fluxo de massa (volume de água 
transpirado pela cultura durante o seu ciclo multiplicado pela concentração do nutriente na solução 
do solo). 
A disponibilidade de água no solo afeta grandemente o transporte de nutrientes, seja por 
fluxo de massa ou difusão. A falta de água no solo afeta a aquisição de nutrientes pelas raízes e por 
essa razão os sintomas de deficiência nutricional são mais comuns nos períodos secos do ano, 
diminuindo em intensidade ou desaparecendo durante os períodos chuvosos. 
A figura 19 ilustra o caminho a ser percorrido pelo nutriente conforme o preenchimento de 
água nos poros do solo (mais ou menos água disponível). 
 
Comente: 
a) O caminho pontilhado e contínuo do 
nutriente e as implicações na nutrição da 
planta. 
Figura 19. Modelo ilustrativo do transporte de nutriente por diferentes poros do solo 
 
 
 
O fósforo é um nutriente transportado principalmente por difusão e esse processo é afetado 
por diversos fatores. A difusão de P em solos mais intemperizados parece ser praticamente 
interrompida em condições de umidade ainda, aparentemente, elevadas. A elevada capacidade de 
adsorção de P neste tipo de solo, caracterizada por baixo valor de I/Q, parece ser a razão, 
conforme ilustrado pela figura 20. 
 
Figura 20. Influência do conteúdo de água sobre a difusão dos nutrientes no solo. 
 
As menores respostas à adubação observadas em nossos solos, com os anos de cultivo, 
seriam, em boa parte, resultantes da degradação das propriedades físicas desses solos, levando ao 
aumento de suas densidades e, como consequência, à retenção com maior energia pelo solo de 
nutrientes com menores coeficientes de difusão. Com a compactação, aumenta a participação de 
microporos; com o aumento da energia de retenção da água no solo, aumenta sua viscosidade e a 
interação desses íons com os colóides ao longo de sua trajetória de difusão, fazendo com que o íon 
tenha de se difundir cada vez mais próximo de superfícies adsorventes, que os retêm. Para que o íon 
continue chegando até às raízes, doses cada vez maiores terão de ser aplicadas, com vistas em 
aumentar a saturação nessas superfícies adsorventes pelo elemento e em manter o fluxo difusivo em 
níveis pelo menos razoáveis, em termos de demanda da planta. A figura 21 ilustra o efeito da 
compactação no transporte e disponibilidade de P e no crescimento da planta. 
 
 
 
 
 
Figura 21. Efeito da compactação sobre a difusão e disponibilidade de P no solo. D=densidade do 
solo de 0,9 a 1,3 kg dm-3 e mesma dose de P aplicada (450 mg dm-3). 
 
Nutrientes com menores coeficientes de difusão (P e Zn, por exemplo) são, de modo geral, 
mais críticos na fase inicial de crescimento da planta, dado o pequeno volume de solo explorado 
pelas raízes, bem como o não-estabelecimento da micorrização. Contrariamente, a demanda de 
nutrientes de maior mobilidade, como NO3
- e K+, é crítica mais tarde, coincidente com estádios de 
crescimento de maior demanda. 
Outro aspecto importante relacionado com a mobilidade dos nutrientes no solo diz respeito a 
competição das raízes por nutrientes. Observa-se que, à medida que aumenta a densidade de plantio 
ou população de plantas, a competição pelo nutriente mais móvel aumenta grandemente, o que não 
acontece para o nutriente “imóvel” (Figura 22). A competição pelo “imóvel” somente vai existir em 
pequena ou mínima intensidade, uma vez que sua distância de transporte é algo não mais que 1 mm 
de distância da raiz. Assim, apenas naqueles locais onde raízes de duas plantas se tocam haverá 
competição entre elas pelo H2PO4
-. Como o volume de solo explorado pelas raízes de uma planta é, 
em média, 1 %, o contato de raízes entre plantas vizinhas é bastante pequeno. Disso, pode-se dizer 
que a quantidade de P a ser utilizada em um plantio de milho com 40 000 plantas/ha será, 
basicamente, a mesma a ser utilizada se essa população for aumentada para 60 000 plantas/ha, para 
produtividades semelhantes nas duas condições. Para N, esse aumento na densidade de plantio de 
milho requererá um aumento expressivo na sua dose, comparativamente à recomendada para a 
menor densidade. 
 
 
 
 
Figura 22. Competição entre plantas por nutrientes móveis e imóveis no solo. 
 
Amostragem de solo e planta para fins de avaliação da fertilidade do solo 
 
O procedimento de amostragem se faz necessário quando da impossibilidade ou impraticidade de se 
medir toda a população. Neste caso, as amostras são tomadas com objetivo de representar a 
população. Se a população em estudo for constituída de indivíduos idênticos (totalmente 
homogênea), bastaria a avaliação de um deles para caracterizá-la. Como existem variações entre 
indivíduos da população, a amostragem deve medir um número suficiente de indivíduos de modo a 
representar sua população. Dessa forma, o número de amostras (n) depende fundamentalmente da 
variabilidade e não do tamanho da população. 
O valor médio (ȳ) de uma determinada característica de uma amostra é representado pela média real 
ou paramétrica (), mais um erro (ε), conforme a equação: 
ȳ = +ε 
O erro na estimativa da média pode ser devido ao erro de amostragem (εam), por exemplo quando é 
tomado número insuficiente de indivíduos e ao erro analítico (εan), devido ao método de medição. 
Assim, 
ε = εam+ εan 
Em geral, o erro de amostragem é maior que o erro analítico. Isso torna o processo de amostragem 
muito mais influenciador na exatidão dos valores obtidos. Assim, uma amostra não representativa 
da população não representará  satisfatoriamente, por maior que seja a acurácia do método de 
medição. 
 
 
 
 
Amostragem de solo 
 
A amostragem do solo é a primordial etapa para avaliação da fertilidade do solo e recomendação de 
fertilizantes. O solo é uma população naturalmente heterogênea nas suas características e as 
variações ocorrem intensamente e a curtas distâncias. Essas variações são classificadas como macro 
(> 200 cm); meso (5-200 cm) e microvariações (<5 cm). As macrovariações decorrem de processos 
pedogenéticos, mas podem ser acentuadas pelo manejo do solo. Tais variações dependem da 
topografia, vegetação, textura e mineralogia do solo e do tipo de manejo. As meso e microvariações, 
que também decorrem de fatores de formação do solo, são mais intensificadas pelas práticas de 
manejo, tais como preparo do solo, aplicação localizada de fertilizantes, plantio em linhas, etc. As 
microvariações são importantes para culturas de menor extensão do sistema radicular, como aquelas 
de ciclo curto, e devem ser pouco relevantes para culturas perenes de porte arbóreo, pela maior 
extensão do sistema radicular. 
A heterogeneidade ocorre também no sentido vertical (profundidade), pela organização do 
solo em horizontes, muitas vezes com transições abruptas. As práticas de manejo, como adubação e 
a localização do sistema radicular das plantas podem acentuar as variações entre as camadas do 
solo. A profundidade de amostragem deve ser definida de acordo com a cultura que está sendo ou 
será cultivada na gleba. Deve-se amostrar a camada de solo que será explorada pelo maior volume 
do sistema radicular da planta que, usualmente, é associado à profundidade de preparo do solo. Para 
plantio de culturas anuais ou de estabelecimento de pastagens, amostra-se a camada de 0–20 cm; 
para pastagens já estabelecidas, a amostragem pode ser de 0–10 cm e, para culturas perenes (café, 
fruteiras, essências florestais, etc.), a amostragem deve ser feita por horizontes do solo. Por falta de 
informações de horizontes, usualmente define-se camadas para a amostragemcomo, por exemplo: 
0–20, 20–40 e 40–60 cm, constituindo uma amostra composta horizonte ou por camada por gleba. 
A variabilidade não é uniforme entre as características do solo. O pH do solo, o teor de argila 
e MOS são características que apresentam menor variabilidade (menor coeficiente de variação-CV), 
comparados aos teores de P, K e Ca, como demostrado no quadro 6. 
Quadro 6. Coeficiente de variação (CV) de características química do solo em três regiões distintas 
Local P K Al3+ Ca + Mg MO pH 
 -------------------------------------- %--------------------------------------- 
Viçosa-MG 142 5 
P > K > Ca+Mg > Al > MO > pH 
Cascavel-PR1 100 7 
P > Ca > Mg > Al > K > MO > pH 
Ponta Grossa-PR1 40 7 
 
 
 
P > Mg > K > Ca > Al > MO > pH 
1Fonte: Alvarez V. & Carraro (1974) 
 
Como princípio, a amostragem visa obter a média da fertilidade do solo de uma determinada área ou 
prover informações da estimativa da variabilidade dos nutrientes. Nesse sentido, o esquema de 
amostragem pode ser dividido em duas categorias: ao acaso e sistematizada. 
Amostragem ao acaso (sistema convencional) 
1º passo: dividir a área em unidades de amostragem-UA(glebas ou talhões) 
Neste método de amostragem considera-se que os teores dos nutrientes no solo apresentam 
variações aleatórias. Uma etapa importante nesse processo de amostragem é a definição de áreas 
mais homogêneas (glebas) quanto a topografia, cobertura vegetal natural ou uso agrícola, textura, 
cor, condições de drenagem do solo e histórico de manejo. Dentro da gleba, a variabilidade é menor 
e permite a estimativa da fertilidade média do solo com um menor número de amostras. A figura 23 
demonstra a definição de glebas, de acordo com relevo e a alocação dos pontos de forma aleatória, 
num caminhamento em zig-zag. Isso somente é possível em áreas menores, normalmente inferior a 
10 ha. Em maiores extensões de terra, quando as glebas são também maiores, o uso de ferramentas 
de geoprocessamento é imprescindível. A figura 24 demostra o uso de imagem georreferenciada 
para definição de glebas conforme cobertura vegetal e histórico de uso da área e alocação de pontos 
de coleta para localização com auxílio de GPS. 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 23. Exemplo de separação de glebas e caminhamento em zigue-zague para coleta das 
amostras simples. 
 
Figura 24. Exemplo de separação de glebas com imagem georreferenciada e alocação de pontos de 
coleta para localização com auxílio de GPS. 
 
Por mais uniforme que seja a gleba, haverá, sempre, a variabilidade intrínseca ao solo – 
meso e microvariações. As características químicas, em especial, têm intensa variabilidade a curtas 
 
 
 
distâncias no solo. Para isso são retiradas várias amostras denominadas “amostras simples”, cuja 
mistura homogênea irá formar a “amostra composta” a ser enviada ao laboratório. São condições 
fundamentais que cada amostra simples tenha o mesmo volume de solo e a mistura seja o mais 
homogênea possível. As amostras simples devem ser colocadas em recipientes plásticos, para evitar 
a contaminação com metais, muito bem homogeneizadas, obtendo-se então a “amostra composta”. 
Uma porção de aproximadamente 0,5 dm3 de solo deve ser colocada em sacos plásticos ou caixa de 
papel, identificada e enviada para o laboratório para análise. Caso seja necessário o preparo da 
amostra antes do envio para o laboratório, esta deve ser seca a sombra sobre papel e passada sua 
totalizada por uma peneira com malha de 2 mm para obtenção da terra fina seca ao ar (TFSA). 
O número de amostras simples é definido a priori de acordo com as características de maior 
variabilidade. Alguns trabalhos mostram que são necessárias no mínimo 20 a 40 amostras simples 
por gleba para representar a média das características do solo. Esse número deve aumentar à medida 
que as condições naturais ou o manejo imprimam maior variabilidade nas características do solo, 
tais como plantio direto (pelo não revolvimento do solo), aplicação localizada de corretivos e 
fertilizantes e da decomposição localizada de resíduos orgânicos. 
O número de amostras para representar a média de uma característica com variância 
conhecida (CV) pode ser calculado pela seguinte equação: 
n=(t/2 CV/f)
2 
em que: 
n=número de amostras simples 
t/2=valor tabelado da distribuição t de students 
CV=coeficiente de variação (%) 
f= variação tolerada em torno da média (%) 
 
Exemplo: utilizando os CV para P (100 %) e pH (7 %) no solo da região de Cascavel-PR (Quadro 
6), e admitindo uma variação de 25 % em torno da média e um valor de t tabelado igual 2, tem-se: 
P  n = (2x 100/25)2 = 64 amostras 
pH  n = (2x 7/25)2 = 1 amostra 
Observa-se que um grande número de amostras (64) deveria ser coletado para caracterizar o teor de 
P do solo (maior variabilidade) e, bastaria uma amostra para caracterizar o seu pH (menor 
variabilidade), para um mesmo limite de variação em torno da média. Sabe-se que o erro amostral 
diminui na medida que se aumenta o número de amostra, conforme demostrado na figura 25. 
 
 
 
 
Número de amostras simples/compostas
20 40 60 80 100 120
va
r ia
çã
o 
do
s 
er
ro
s 
(%
)
0
10
20
30
40
50
 
Figura 25. Variação do erro amostral em função do número de amostras 
 
Uma diferenciação importante no método de amostragem ao acaso tem sido verificada em sistemas 
de plantio direto, onde são observadas maiores variabilidades das características do solo pela 
aplicação localizada de fertilizantes e ao não-revolvimento do solo por meio da aração e gradagem. 
Neste caso, tem sido recomendada a coleta não de um único ponto, mas de uma faixa ou vários 
pontos localizados transversalmente à linha de plantio, de modo a representar a média da fertilidade 
entre a linha de plantio (influência direta da adubação anterior) e a metade da entrelinha (pouco 
influenciada pela adubação anterior), conforme ilustra a figura 28. 
A adubação de culturas perenes também implicará num procedimento de amostragem 
apropriado. As amostras simples devem ser coletadas na área sob a projeção da copa (figura 29), 
onde, usualmente, são feitas as adubações, há maior crescimento de raízes e maior influência da 
queda de resíduos. 
 
 
 
 
 
 
Figura 28. Amostragem em sistema de plantio direto mostrando a coleta transversal na linha de 
adubação. 
 
Figura 28. Amostragem de solo em áreas de culturas perenes e arbóreas. 
 
 
 
 
 
Amostragem sistematizada (Agricultura de Precisão) 
Neste método de amostragem considera-se que os teores dos nutrientes no solo apresentam 
variações espaciais, com gradientes de concentração, e, portanto, busca-se conhecer e corrigir 
diferenciadamente a área de plantio. Para a coleta das amostras de forma sistemática são definidos 
grids (quadrados ou retangulares) em um mapa ou imagem georreferenciada, conforme ilustra a 
figura 29. Os pontos de amostragem dentro de cada grid (malha) podem ser definidos previamente 
ou coletados aleatoriamente. O GPS tem sido ferramenta fundamental na identificação dos pontos a 
serem coletados no campo. Com os resultados de análise de solo de cada amostra, são 
confeccionados mapas da fertilidade do solo (Figura 30) e a aplicação de corretivos e fertilizantes 
passa a ser em dose variável. 
O espaçamento dos grids para amostragens de solo é variável. Normalmente são usadas 
espaçamentos de 60 x 60 m a 150 m x 150 m, dependendo da exatidão desejada e dos custos. A 
definição de grids, normalmente grandes, e a coleta de apenas um ponto central (Figura 29 a), ou 
poucos pontos próximos a este (Figura 29 b), são insuficientes para conhecer de forma confiávela 
média da fertilidade da área considerada. Assim, poderá existir uma imprecisão na estimativa da 
fertilidade média a qual o grid representa. Por outro lado, a definição de grids com menor tamanho e 
a coleta de um número maior de amostra dentro de cada um deles aumenta a exatidão do resultado 
da análise de solo, com boa representatividade (Figura 29 c), da mesma forma que aumenta os 
custos com a coleta e análise de solo. 
 
Figura 29. Amostragem sistematizada de solo em sistema de “agricultura de precisão”. 
Procedimento de amostragem dentro de cada grade a) baixa representatividade; b) não satisfatório; 
c) boa representatividade. 
 
 
 
 
 
Figura 30. Mapa ilustrativo da fertilidade de P do solo. Os teores de P apresentam variações 
espaciais e não aleatório na área. 
 
Ferramentas para coleta de amostras de solo 
Considerando que se busca estimar a fertilidade média e que esta será obtida de uma amostra 
composta, todas as amostras simples devem ter o mesmo volume de solo e coletadas na mesma 
profundidade. Isto é conseguido pelo uso de trados ou sondas específicas para amostragem de solo 
(Figura 31), devendo se evitar enxadão ou pá para este fim. 
 
Figura 31. Exemplos de ferramentas utilizadas para amostragem de solo. Tipos de trados da 
esquerda para direita: tipo rosca, calador, holandês, caneco, sonda. No centro: furadeira adaptada 
para coleta de solo e a direita: Quadriciclo adaptado para coleta de solo. 
 
 
 
 
 
 
 
A interdependência entre resultados analíticos, nível crítico, doses, formas de aplicação e 
amostragem é o ponto chave na avaliação da fertilidade do solo. A forma e a dose aplicada poderão 
alterar o procedimento de amostragem, que irá interferir no resultado e no nível crítico do nutriente 
no solo, que por sua vez se relacionam com as doses recomendadas. 
 Assim sendo, a avaliação adequada da fertilidade do solo e, por conseguinte, das 
recomendações de corretivos e fertilizantes advindas do diagnóstico da fertilidade, depende 
essencialmente de criteriosa amostragem. Isto quer dizer que, a partir de uma amostra não-
representativa de um solo, nunca se terá uma adequada estimativa da fertilidade média, por mais 
exato que seja o método de análise e laboratório. 
 
Amostragem de tecido vegetal (folhas) 
 
 
A amostragem de tecido vegetal para diagnose nutricional, normalmente folhas, baseia-se na 
premissa de que existe uma relação entre os teores de nutrientes disponíveis no solo e os teores de 
nutrientes na planta, e que, os aumentos ou decréscimos nas concentrações na folha, correspondem 
aos aumentos ou decréscimos nas produtividades da planta, respectivamente. Essa premissa, com 
frequência não é observada em plantios comercias. A boa nutrição é condição necessária, mas não 
suficiente à obtenção de altas produtividades. 
A amostragem de folhas para diagnóstico nutricional deve ser feita em talhões, áreas com maior 
homogeneidade dos plantios, em épocas definidas, coletando-se folhas em posições específicas. A 
diagnose nutricional é feita pela comparação dos teores de nutrientes da lavoura em diagnóstico 
com valores de referência, normas (Figura 32). É fundamental que as condições de amostragem 
(época, parte colhida) sejam as mesmas usadas na elaboração das normas. No quadro 7 são 
apresentadas sugestões para coleta de folhas para algumas culturas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 32. Distribuição da produtividade de lavouras em função da concentração de nutrientes na 
folha. 
 
Discutir a figura 32. “A boa nutrição é condição necessária, mas não 
suficiente à obtenção de altas produtividades” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quadro 7. Recomendação da amostragem para diagnose foliar 
Cultura Tipo de folha Época de amostragem Quantidade/talhão 
homogêneo 
Cana de açúcar Folha + 3, sendo a folha +1 a 
primeira com bainha visível. 
Coletar os 20 cm centrais sem 
a nervura 
4 – 5 meses de idade 20 – 30 folhas 
Milho Folha oposta e abaixo da 
espiga 
Aparecimento da 
inflorescência (cabelo) 
30 folhas 
Soja 3ª folha a partir do ápice na 
haste principal, com pecíolo 
Florescimento 30 folhas 
Feijão Folhas do terço mediano Florescimento 30 folhas 
Café 3º e 4º pares de folhas, a partir 
do ápice de ramos produtivos, 
em altura mediana na planta 
Estádio de chumbinho 100 folhas, 4/planta 
Mamão Folha F, com a primeira flor 
completamente expandida 
Florescimento 18 folhas 
Tomate Pecíolo da folha oposta ao 3º 
cacho. Limbo foliar da folha 
oposta ao 3º cacho 
Florescimento do 3º 
cacho 
40 folhas 
Eucalipto Folhas recém-maduras de 
ramos primários 
Verão - outono 18 folhas 
Pastagem Folhas recém-maduras ou 
retiradas de todas as posições 
na parte aérea 
Primavera - verão 30 folhas 
Fonte:5ªaproximação MG,páginas X 
 
ANÁLISE QUÍMICA DE SOLO 
A determinação da quantidade de nutrientes que se encontram no solo em formas disponíveis para as plantas 
é um dos principais objetivos dos estudos de avaliação da fertilidade do solo. 
Mas, o que é o disponível? 
No conceito realístico: É a quantidade do nutriente no solo que pode ser absorvido pela planta 
durante o seu ciclo de vida. 
EX: 50 kg/ha de K 400 kg/ha de Ca 2 kg/ha de Zn 
No conceito operacional: É teor do nutriente recuperado (extraído) por um método de extração que 
se correlaciona estreitamente com a quantidade do nutriente absorvido pela planta. 
EX: 70 mg dm-3 de K 2 cmolc dm-3 de Ca2+ 1 mg dm-3 de Zn 
 
A análise química do solo baseia-se no uso de extratores (químicos ou resinas de troca) para 
determinação da quantidade de nutrientes que se encontram no solo em formas disponíveis para as 
plantas. 
 
 
 
O que é um extrator químico para análise de solo? 
 
Solução composta de água e certa concentração de substâncias químicas (ácidos, bases ou sais) que 
extraem quantidades de nutrientes (NH4
+, NO3-, K
+, H2PO4
-, SO4
2-, Ca2+, Mg2+, Zn2+, Cu2+, Fe2+, 
H3BO3) da amostra e que apresentem correlação com a quantidade de nutriente absorvida e 
acumulada (conteúdo) pelas plantas. Os extratores também são usados para determinar os teores de 
elementos potencialmente tóxicos para as plantas, como o Al3+ e os metais pesados. A figura 33 
mostra a correlação (r) entre o teor de P no solo e sua absorção pela planta (conteúdo) para dois 
métodos (extratores). O método A indica baixa correlação (r=0,31) entre a quantidade extraída pelo 
extrator e a quantidade do nutriente acumulada na planta (método ruim). Ao contrário, o método B 
indica alta correlação (0,98) e é eficiente para predizer a disponibilidade do nutriente (P) no solo. 
Dessa forma, vários métodos foram selecionados e são usados nas análises de solo para fins de 
fertilidade. 
Teor de P no solo (mg dm
-3
)
0 10 20 30 40 50 60
Co
n te
údo
 de
 P 
 (m
g /p
l an
ta)
0
20
40
60
80
100
método A
r=0,31
Teor de P no solo (mg dm
-3
)
0 10 20 30 40 50 60
0
20
40
60
80
100
r=0,98**
método B
 
Figura 33. Correlação entre o teor de P no solo e o conteúdo do nutriente na planta para dois 
métodos de análises. A (extrator ruim) e B (bom extrator) 
 
A correlação assegura que o extrator estime o nutriente disponível, mas não estabelece critérios para 
o diagnóstico da disponibilidade. Para isso, são realizados ensaios de calibração do método 
(extrator) para estabelecer critérios de interpretação e definir doses do nutriente. 
Nos ensaios de calibração são definidas curvas de resposta da planta ao aumento da disponibilidade 
do

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