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Bate papo sobre a coerência textual

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A coerência textual
KOCH (1998, p. 21) nos diz que, em primeiro lugar, a concepção de texto varia segundo o autor e a teoria adotada por ele, ou seja, o texto já foi visto sob diversas formas, sendo inicialmente entendido como um produto acabado do pensamento do autor, tendo o leitor um papel essencialmente passivo. Em seguida, o texto foi visto como um simples produto da codificação de um autor a ser decodificado pelo leitor. E, por último, dentro da concepção interacional ou dialógica, o texto é considerado o próprio lugar da interação, onde há lugar para uma série de implícitos que são percebidos através do contexto sociocognitivo dos participantes.
“Para que duas ou mais pessoas possam compreender-se mutuamente, é preciso que seus contextos cognitivos sejam, pelo menos, parcialmente semelhantes”.
Para DE BEAUGRANDE e DRESSLER (1981), para que um texto seja considerado texto e não um amontoado de frases isoladas é necessário que levemos em conta um dos fatores mais relevantes dentro dos critérios de textualidade: a coerência.
Porém, a partir dessa premissa, podemos nos perguntar se realmente existe texto incoerente?
DE BEAUGRANDE e DRESSLER (1981, p. 84) afirmam que o “texto incoerente é aquele em que o leitor não consegue descobrir qualquer continuidade de sentido, porque há uma discrepância entre os conhecimentos ativados, seja pela inadequação entre esses conhecimentos e o seu universo cognitivo”.
Para eles, a definição da coerência tem relação com a coesão. Esta diz respeito aos aspectos existentes entre os elementos superficiais do texto, numa dimensão microestrutural. A coerência, por sua vez, está relacionada ao conteúdo global, isto é, as estruturas subjacentes à superfície do texto.
Na atividade de leitura, o nível de coerência começa com os marcadores coesivos e vai ao plano global pela ativação dos conhecimentos armazenados e também pelas inferências feitas pelo leitor. Pode-se dizer que, geralmente, o leitor estabelece a coerência quando alcança a ideia mais essencial do texto.
MARCUSCHI (1983) “afirma explicitamente a existência de textos incoerentes”. Porém, o autor acrescenta que a coerência tem muita importância na compreensão de textos porque, ao contrário da coesão, é um processo mais global, mais profundo e também responsável pela formação de sentidos.
Um texto pode ser incoerente em ou para determinada situação se seu autor não consegue inferir um sentido ou uma ideia através da articulação de suas frases e parágrafos e por meio de recursos linguísticos (pontuação, vocabulário, etc.).
A coerência textual é a relação lógica entre as ideias, pois essas devem se complementar, é o resultado da não contradição entre as partes do texto.
A coerência de um texto inclui fatores como o conhecimento que o produtor e o receptor têm do assunto abordado no texto, conhecimento de mundo, o conhecimento que esses têm da língua que usam e intertextualidade.
Pode-se concluir que texto coerente é aquele do qual é possível estabelecer sentido; é entendido como um princípio de interpretabilidade.
Veja o exemplo: 
“As crianças estão morrendo de fome por causa da riqueza do país.”
“Adoro sanduíche porque engorda.”
As frases acima são contraditórias, não apresentam informações claras, portanto, são incoerentes.
Assim, existem critérios de textualidade: 
Intencionalidade- Qual é a intenção do texto? O que pretendeu o seu produtor? Um texto sempre tem uma intenção: seduzir o leitor, interrogar, defender um posicionamento, ameaçar...
Aceitabilidade- O texto é aceito pelos falantes da língua do ponto de vista da estrutura linguística? Por exemplo: A estrutura frasal “ Quanto velho você é” não é aceita na língua portuguesa para saber a idade de alguém. Mas é uma estrutura da língua inglesa...
 O texto produzido também deverá ser compatível com a expectativa do receptor em colocar-se diante de um texto coerente, coeso, útil e relevante. 
 Informatividade- É a medida na qual as ocorrências de um texto são esperadas ou não, conhecidas ou não, pelo receptor. Um discurso menos previsível tem mais informatividade. Sua recepção é mais trabalhosa, porém mais interessante, envolvente.
 Situacionalidade – Qual é a situação comunicativa em que o texto foi produzido? A linguagem pode ser exercida em vários níveis comunicativos- do formal ao mais absolutamente informal. Usamos a língua conforme a situação e a necessidade. Por exemplo: a linguagem utilizada na apresentação de um Trabalho Final de Curso não é mesma que usamos na praia, com os amigos.
A situcionalidade é a adequação do texto a uma situação comunicativa, ao contexto. Note-se que a situação orienta o sentido do discurso, tanto na sua produção como na sua interpretação. É importante notar que a situação comunicativa interfere na produção do texto, assim como este tem reflexos sobre toda a situação, já que o texto não é um simples reflexo do mundo real. O homem serve de mediador, com suas crenças e ideias, recriando a situação. O mesmo objeto é descrito por duas pessoas distintamente, pois elas o encaram de modo diverso.
5. Intertextualidade : Um texto sempre em alguma medida dialoga com outros textos. Concerne aos fatores que tornam a interpretação de um texto dependente da interpretação de outros. Cada texto constrói-se, não isoladamente, mas em relação a outro já dito, do qual abstrai alguns aspectos para dar-lhes outra feição. O contexto de um texto também pode ser outros textos com os quais se relaciona.
KOCH (1987, p. 5) entende que a coerência é um processo de construção de sentidos, portanto, “um texto não é coerente ou incoerente enquanto texto, mas é coerente numa situação específica”.

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