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ATOS DOS APOSTOLOS
French L Arrington
O s A tos dos A p ó s to lo s (C o n te n d o )
1. P re fác io ( 1. 1- 11 )
1.1. Recapitulação o Resumo (1.1-3).
1.2. A Promessa do Espírilo Santo (1.-1,S).
1.3. Jesus Anuncia a Capacitação polo 
Espírito (1,6-8),
1.4. Jesus Ascende aos Céus (1.9-11).
2. A Origem da Comunidade Batizada e 
Cheia pelo Espírito (1.12—2.4 1)
2.1. A Comunidade Aguarda o lispírilo 
Prometido ( l.J 2-26).
2.1.1. A Comunidade se Dedica ã Orarão 
(1.12-14).
2.1.2. A Comunidade Escolhe Matias 
(1.15-26).
2.2. O Dia de 1’cnlecoslcs (2. 1-4 I).
2.2.1. Sinal: Os Discípulos São Cheios 
com o Kspírito Sanlo (2.1-4),
2.2.2. Maravilha; A Multidão Fica l’asma
(2.5-13).
2.2.3. Discurso Pncuma (2.14-36).
2.2.3.1. Explicarão: Os Três Sinais 
Cumprem a Profecia dejoel (2.14-21).
2.2.3.2. Testemunho: Pedro Proclama 
Jesus como Senhor c Cristo (2.22-36).
2.2.4. Resposta: Cerca de Três Mil Pessoas 
São Salvas (2.37-41),
3. Os Atos da Comunidade Batizada e 
Cheia do Espírito (2.42—6.7)
3.1. Comunhão Inaugurada: A Vida Inter­
na e Externa da Comunidade 
(2.42-47).
3.2. Exemplo: Cura Conlirmalórla 
(3.1-26).
3.2.1. Sinal: Pedro Levanta um Coxo (3.1 
8).
3.2.2. Prodígio: A Multidão Fica Pasma 
(3.9,10).
3.2.3. Testemunho: Pedro Proclama Jesus 
como Servo (.111 2(0,
3.3. Oposição (-1,1 5,42),
3.3.1. ( )s Sacerdoies Saduceus Prendem 
Pedro ejofto (4,1 22),
3.3.1.1. Pedro e |orto Silo Presos (4,1 4), 
.4.3.1.2. Dlm tirwulp Piiriinui: Pedro Dls
cursa Peranle o Sinédrio (4,5 12),
3.3.1.3. Resposta: < > Sinédrio Proibe IV 
dro e João do Pregarem (4,13 22),
3.3.2. Teolimla: A Comunidade P (!lirla 
com o Espirito (4,23 31).
3.3.3. A comunidade Matizada coii) o Fspi 
rito Pratica a Comunhão (4,32 5 10)
3.3.3.1. Propriedades São Vendidas e 
Distribuídas (4.32 35),
3..3.3.2. Exemplo 1’osillvo: Mamai«'
(4.36,37).
3.3.3.3. Exemplo Negativo: Ananla* t* 
Safira (5.1-II),
3.3.3.4. Resumo: ( )s Aprtslolos l'a/em 
Sinais e Prodígios (5,12 16),
3.3.4. Os Sacerdotes Saduceim Prendem 
Iodos os AprtsloloN (5,17 42),
3.3.4.1. Os Apóstolos São Presos e depois 
l.iberlos por um An|o (5,17 25),
3 .3 .4 .2 . ( )s Apósli ili is Sãi 1 Pivsi >s d e m ivi 1 i< 
Pedro I Hscursa peranle o Sinédrio (5,d(i U )
3.3.4.3. <lamallel Adverte o NlnOdrl»m i 111 
tra Opor-se aos Aprislolos 15,33 42).
3.4. Comunhão Ouebrada: A Comunidade 
Escolhe Sele I Hãconos
(6.1-7).
4. Os Atos dos Stis lideres Cheio* do 
Espírito (6,8 12,24)
4.1. Os Aios de líslêvão: Uni Dlrtumn 
Cheio do Espirllo (íi.H 7,(i(l),
4.1.1. Estêvão Paz Sinais e Prodígios 
( 6 . H 10 ) .
4.1.2. Estêvão se I )ef‘ende peranle 11 Nlnr' 
drlo((), 11—7,53),
4.1.3. OMarlírlodc IMvflo (7,54 00)
4.2. < )s Atos de Elllpe: I Im I )lí1i onii^ihelii 
do líspírllo (H, I 40).
4.2.1. Perseguirão da Igreja de liTlimilfMn
(H. 1-3).
4.2.2. Elllpo Prega em Samiirln (H,4 II)
4.2.3. Pedro e João Vlsliam Samarla (H 14 
25),
4.2.4. Pllipe Tesleimmlia para um Pliupe 
(H,2(i 40).
4.3. A Conversão de Naulo (9,1 31),
4.3.1. A Vlsflo(|iie Niiillo Ttfitl ilcjwu»
(9,1-9),
rUI
Aimnliw Visita Suiito(‘J. 10 19a),
4.3.3. SíiuIi i Prega que Jesus íí 0 Cristo 
(9,191) 22),
4.3.4. ( )n Judeus Conspiram |>;ir:i Matar 
Stuilo (9,23 2S),
4.3.5. Itarnubé Aprtla Saitlo (9.26 30),
4.3.6. Resumo (9.31 )•
4.4. Os Aios de Pedro: llin Apóstolo Cheio 
do líspírllo (9,32. 11.1H),
4.4.1. Pedro Cura um Paralítico (9.32-35).
4.1.2. Pedro Ken.su,seita Tal>lta (9.36-43).
4.1.3. Pedro Prega aos Gentios (10.1 48).
4.4.4. Pedro I)efende seu Ministério( 11.1 
IH),
4.5. ()s Aios dr Darnabé: I Im Profeta 
Cheio do lispírlto (11,19 26).
4.6. (>s Atos de Ágabo: I Im Prolela Cheio 
do lispírlto ( 11.27-30).
4.7. () Pnearceramenlo de Pedro 
(12,1 24),
Narrutlvas de Viagem: Os Atos de 
Pauto, um Prolela Itinerante e Cheio 
»lo líspírllo ( 12.25—22.21)
5.1. A Primeira Viagem Missionária 
( I2.2S—15.3^ )
5.1.1. Anlioqula: Darnabé eSaulo se Sepa- 
1'íiin (12,25—13.3).
5.1.2. Chipre (13.4-12).
5.1.3. Anllo(|iiia da Pisídia (13.13-52).
5.1.4. leônlo( 14.1-7),
5.1.5. Listra (14.8-18).
5.1.6. De Derbe para Antloquia (14.19-28).
5.1.7. Resultado: O Concílio de Jerusalém 
(15,1 35).
5.2. A Segunda Viagem Missionária 
(15,36—18,23),
5.2.1. Act •ninada Discordância entre Paulo 
e llarnabé ( IS.36-41).
5.2.2.Listra: Timóteo se une a Paulo (16.1-5),
5.2.3. ()hamada á Macedonia (16.6-10),
5.2.4. Paulo Visita Pilipos (16,11-40),
5.2.4.1. () Senhor Convene Lídia 
(16,11 15),
5.2.4.2. Paulo lixpulsa um I )cmôn|o 
I Ifi.Ki IH).
5.2.4.3. Paulo e Silas Silo Presos e Solios 
(16,19 40).
5.2.5. Paulo Vlslla Tessalônlca (17,1 9),
5.2.6. Paulo Vlslla Hcrélii (17,10 15).
5.2.7. Paulo Visita Aientis (17,16-34),'
5.2.8. Paulo VlNllíi Corinto (IH, 1 17),
5.2.H.I. Paulo se t Ine a Aqülla como Palirl 
cante de Tendas (18,1 -l),
5.2.8.2. Paulo Pnslna por I Im Ano e Meio 
(18.5 II),
5.2.8.3- Paulo íí Levado a Julgamento 
Pera nie Gálio (18.12 17).
5.2.9. Paulo Volla a Anlioqula (18,18-23),
5.3. Apoio linsina em ílleso e Acala 
(18.24-28).
5.4. A Terceira Viagem Missionária (19,1—
22 .21 ).
5.4.1. Paulo Visita fífeso (19.1-41).
5.4.1.1. Paulo Pncontra Doze Discípulos 
(19.1-7).
5.4.1.2. Paulo Prega por Dois Anos 
(19.8-20).
5.4.1.3. Paulo Propõe Visitar Jerusalém 
e Roma (19.21-22).
5.4.1.4. Demétrio Instiga Oposição (19.23
41).
5-4.2. Paulo Visita a Macedonia e a Grécia 
(20.1-6),
5.4.3. Paulo Visita Trôade (20.7-12),
5.4.4. Paulo Navega de Assôs a Mllelo 
(20.13-16).
5.4.5. Paulo Discursa aos Anciãos da [gre 
ja em Éfeso (20.17-38).
5.4.6. Paulo Navega de Mileto a Tiro 
(21.1-6).
5.4.7. Paulo Viaja de Tiro a Cesaréla (21,7 
14).
5-4.7.1. Paulo Visita Filipe, o Evangelista 
(21,7-9).
5.4.7.2. Ágabo Profetiza a Prisão 
de Paulo (21.10-14).
5.4.8. Paulo Visita Jerusalém 
(21.15—22.21).
5.4.8.1. Paulo Viaja de Gesaréia 
a Jerusalém (21. IS, 16).
5.4.H.2. A “lintrada Triunfal” de Paulo em 
Jerusalém (21.17-26).
5/I.8.3. Paulo Pntra no Templo 
(21,27-36),
5/I.8.4. Paulo Pede para I )iscursaríi Turba 
línraiveclda (21,37-40).
5.4.8.5. Paulo se Defende Perante a Turba 
( 22 . 1- 21 ),
6. A Prisão e|iilga(ii<-nlos de Paulo
( 22,22— 26,32)
6.1. Paulo It Preso <22,22 29),
6.2. () Paulo nr I lelrmlt* IVrimlp o Slni 
drlo (22.30—23 10),
6.3.0 Senhor Anlinii Paulo (2,1111,
6.4. Conspirado para Assassinai I’aulo 
(23.12-22).
6.5. Paulo É Transferido de Jerusalém a 
Cesaréia (23.23—26.32).
6.5.1. Paulo e Félix (23.23—24.27).
6.5.1.1. A Carta Anexa Endereçada a Félix 
(23.23-30).
6.5.1.2. Paulo É Transferido para a Custó­
dia de Félix (23.31-35).
6.5.1.3- Paulo É Acusado Perante Félix 
(24.1-9).
6.5.I.4. Paulo se Defende Perante Félix 
(24.10-22).
6.5.1.5- Paulo É Detido sob Custódia 
(24.23-27).
6.5.2. Paulo e Festo (25.1—26.32).
6.5.2.1. Os Judeus Renovam as Acusações 
Levantadas contra Paulo (25.1-5).
6.5.2.2. Paulo se Defende Perante Festo 
(25.6-12).
6.5.2.3. Festo Revê o Caso de Paulo com 
Agripa (25.13-22).
6.5.2.4. Paulo se Defende perante Agripa 
( 25.23— 26.32).
7. Paulo É Enviado a Roma (27.1—28.31)
7.1. A Viagem e Naufrágio de Paulo (27.1 - 
44).
7.1.1. Paulo Navega de Cesaréia a Bons 
Portos (27.1-8).
7.1.2. O Aviso cie Paulo e o Temporal 
(27.9-26).
7.1.3. O Naufrágio (27.27-44).
7.2. Paulo Passa o Inverno em Malta 
(28.1-10).
7.2.1. Paulo Sobrevive à Picada de uma 
Víbora (28.1-6).
7.2.2. Paulo Cura muitos Malteses (28.7-
10).
7.3. A Chegada de Paulo a Roma (28.11-15).
7.4. Paulo sob Prisão Domiciliar (28.16-31).
7.4.1. Paulo E (Colocado sob a Custódia de 
um Soldado (28.16).
7.4.2. O Primeiro Enconlro de Paulo com 
os Principais dos Judeus (28,17-22).
7.4.3. O Segundo Encontro de Paulo com 
os Principais dos Judeus (28,23-2')),
7.4.4. Paulo Prega o Evangelho por Dois 
Anos (28,30-31),
COMKNTÀKK)
No Livro de Atos, Lucas miHlmiu n IiIn 
Irtrla que começou no seuKvungelho 
() Evangelho lol concluído com Jesus 
dizendo aos discípulos que esperassem 
cm Jerusalém pela promes.su de poder, 
de forma que eles pregassem o Kvange 
lho a todas as nayões. Jesus conduziu 
os discípulos a um lugar próximo de 
Betânia, cidade no monle das ( Mlvelras 
(cf. Lc 24.50; At 1.12), que olha do alio 
Jerusalém a leste. Knquanloosaheni,< iuvu 
com as mãos erguidas, Ele ascendeu uo 
céu. Os discípulos respondemitl adu 
rando seu Senhor exaltado e vollandt i a 
Jerusalém cheios de alegria (Lc 2 4 , ) 
Jesus levara os discípulos a um ponto 
de expectativa, confiança e adoraçAo 
constantes. As palavras linals de I.tu a* 
indicavam que os discípuk is deviam Dull 
em Jerusalém, louvando a I >eusin ilempli i 
e esperando que o poder prometido de 
Deus viesse sobre eles,
A promessa de poder e a comissão de 
um vasto empreendimento evaugelisilm 
armaram o palco para o Livro de Atou, o 
segundo volume de Lucas, que nos conta 
sobre a maravilhosa difusão do eVHHjjelho 
desdeJeaisalémaoqueosprofeUWi Imitiam 
“os confins da terra" (i.e., todo o mundo 
gentio). Neste livro, Lucas também Inlei 
preta o significado teológico da pt ideiosa 
difusão da mensagem do evangelho,
I . Prefácio ( I . I -11).
/. /. Recapitulação a Restituo 
(1.1-3)
Lucas escreve Atos como contlnuaçAo 
do seu primeiro livro, o Evangelho 
Lucas. O Terceiro Evangelho registra u 
c|ue Deus realizou através das açoeu e 
ensinos do Jesus ungldt) pelt > Hspii lio, H( > 
passo que Atos enfatiza a conlInuuvÃoilu 
obra de* Jesus feita por suas testemunha* 
capacitadas pelo Hspírllo, () prefácio de 
Atos liga este llvrc) a« > Bvangelmi (le Liichn 
e fornece um resumo,
Hm Atos LI, Lucas se relere no «eu 
lívangelho como um registro "tie tudo 
que Jesus começou, n ln sri a lazer, mus
a ensinar"; ele rememora oh eventos prin ­
cipais de Lucas 24:
1) As aparições do Cristo ressurrelo aos dis­
cípulos,
2) A promessa do batismo com o Espírito 
Santo, e
3) A ascensão do Cristo ressurreto ao céu 
(At 1.2-11). É significativo que o Espírito 
Santo seja falado duas vezes no prefácio
— em termos de “instruções” dadas aos 
apóstolos e do batismo com o Espírito que 
eles receberão (At 2.2,5). A exaltação de 
Cristo ao céu não-significa que Ele esteja 
ausente; o Senhor ressurreto continua a 
estar presente na Igreja e em sua Palavra (At 
2.38,39; 3.22,23; 4.29,30; 10.43; 16.6,7,18;
22.17-21), e Ele prossegue seu trabalho 
de muitas formas. Uma das formas mais 
proeminentes na qual Ele o faz é através 
dos crentes capacitados pelo Espírito. 
Atos registra a continuação do ministério
dejesus. Desde o início até à conclusão do 
seu ministério terreno, tudo o que Jesus 
fez e disse foi dirigido e capacitado pelo 
Espírito. O segundo volume de Lucas narra 
uma história semelhante, que focaliza uma 
comunidade de discípulos ungidos pelo 
Espírito que continuam a fazer e ensinar 
as coisas que Jesus tinha começado a fazer 
e a ensinar durante seu tempo na terra 
(Stronstad, 1984, p. 9).
Lucas começa lembrando Teófilo do 
ministério dejesus até sua ascensão (At
1.1,2). Teófilo (que significa “Amante 
de Deus”) deve ter sido distinto gentio, 
quer um funcionário governamental de 
alta posição, quer um respeitado cidadão 
romano de classe média (veja comentários 
sobre Lc 1.1-4). Com a palavra “come­
çou”, Lucas lembra Teófilo e outros da 
continuação do ministério dejesus atra­
vés da Igreja. Esse ministério contínuo é 
realizado através do Espírito Santo pelos 
discípulos à medida que o evangelho se 
espalha de Jerusalém a Roma, e Lucas 
destaca especificamente como o Senhor 
está ativamente presente em tais eventos 
como a conversão e cativeiro de Paulo 
(At 9.3-6; 23.11).
Antes da partida dejesus para o céu, é 
nos dito que “pelo Espírito Santo" Ele deu 
instruções aos apóstolos, listes homens
tinham sido escolhidos por lilt*, c Ele on 
Instruiu a continuar sua obra mediante o 
poder do Espírito. Entre suas Instruções, 
deve estar incluído o que chamamos a 
Grande Comissão (Mt 2H. 16-20; Mc 16,15-1H; 
Jo 20.21-23). Como parte de suas instrii 
ções, Ele falou sobre o Reino de Deus, < > 
soberano governo de Deus, e lhes disse 
que ficassem em Jerusalém até que elos 
recebessem “a promessa do Pai" (Al 1,-1), 
que é o mesmo que ser “batizado com < i 
Espírito Santo” (v. 5), ou ser "revestkloN 
de poder [...] do alto” (Lc 24.49). Depois 
de sua exaltação ã mão direita de Deus, 
os apóstolos, capacitados pelo Espirito 
Santo, devem pregar o perdão de pecai l< is 
a todas as nações.
Durante o intervalo de quarenta cilas 
entre a ressurreição e a ascensão de Crlstc >, 
Ele apareceu muitas vezes aos apóstolos 
(At 1.3). Depois de experimentar tremem l( > 
sofrimento público, incluindo hostilidade 
dos judeus, um julgamento injusto e a 
crucificação, Jesus demonstrou a realidade 
de sua ressurreição “com muitas e Infa­
líveis provas”. O Salvador ressurreto fez 
várias aparições pessoais aos apóstolos, 
que se tornaram credencial essencial para 
o ministério que cumpriam (Lc 1.2). Ele 
apareceu a indivíduos e grupos, a homens 
e mulheres. À medida que os discípuloN 
cumprem hoje a comissão de ir a todo 
o mundo, uma parte vital da mensagem 
é o triunfo dejesus sobre a morte (At
2.22-36; 4.8-11,33; 10.37-43). Eles tocaram 
fisicamente o Cristo ressurreto e o ouviram 
ensinar sobre o Reino de Deus.
Diferente dos reinos terrenos, o Reino 
de Deus não se refere ao controle cle um 
território e do povo que nele habita, mas 
ao governo gracioso de Deus sobre seu 
povo, que começou na vida histórica e 
ministério dejesus (cf. Mc 1.15; 3.20-30; Lc 
10.23,24; 11.17-23). Cristo deu ao seu p< >vc) 
novo insight sobre o governo de Deus, 
demonstrado nos eventos salvadores de 
sua vida, morte e ressurreição. lile ilumi­
nou as Escrituras sobre o seu sofrimento, 
morte e ressurrejção para os discípulos 
e os incumbiu a pregar arrependimento 
e perdílo de pecados a todas as naçrtes 
(Lc 24,4*5-47).
iai
Por melo de Cristo, uma novn rui deit- 
pontou, e ( > relnadt >de I Jciin se u »rn< >u uma 
realidade poderosa e salvadora entre os 
homens. O que vlrâ em sua plenitude na 
Segunda Vinda começou em suas ações 
poderosas. A Igreja, seguindo a pregação 
dejesus, enfatiza o governo de Deus com 
“nova ênfase, visto que o próprio Jesus 
torna-se parte da mensagem” (Marshall, 
1980, p. 57; cf. At 28.31 ). Proclamar os fatos 
do ministério, morte e ressurreição de Cristo 
é proclamar a mensagem do Reino.
1.2. A Promessa do Espírito 
Santo (1.4,5)
Uma das “muitas e infalíveis provas” de 
Jesus estar vivo depois da crucificação foi 
sua presença no jantar com os discípulos 
(v. 4). A palavra traduzida por “comen­
do com” (synalizomenos, ARA; “estando 
com”, RC) significa literalmente “comer 
sal com”, provavelmente aludindo a Cris­
to comer com os discípulos em Lucas
24.42. Nessa ocasião, Ele os exortou a 
ficar em Jerusalém, a cidade onde Ele 
morreu, até que recebessem o Espírito 
Santo prometido (Lc 24.47).
A plenitude do Espírito é chamada lite­
ralmente de “a promessa do Pai”.'Muitas 
promessas são dadas na Bíblia, mas esta 
promessa específica tem a ver diretamente 
com o derramamento do Espírito. Profetas 
como Ezequiel ejoel tinham indicado um 
futuro derramamento do Espírito sobre a 
casa de Israel (Ez 39-29) e até sobre toda 
a carne (J1 2.28; cf. Is 32.15; 44.3). Deus, 
pelos profetas (inclusivejoão Batista), tinha 
prometido o derramamento do Espírito.
João Batista tinha administrado o batismo 
nas águas do riojordão como sinal externo 
do poder de Deus que purifica do pecado 
aqueles que se arrependeram. Durante seu 
ministério, João falou cie um batismo com 
o Espírito que seria administrado por Cristo 
e pelo qual os crentes seriam capacitados 
(Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.33). Mais 
tarde Jesus prometeu aos discípulosque 
eles seriam batizados com o Espírito em 
pouco tempo (At 1.5),
Na execuçfio de um batismo, deve haver 
um agente i |ue ftut < > batiMTK >, umelemente>
no(|tml obdClNiiit)(K (>rreetitimiiulldHto 
(|iie 61 ml l/iK l< >,(,)i mm l< >Ji »0«»1 luilsui I itil l/( n i, 
ele lhi o iigenie, a* Aguas do rlojordflo, 
o elemento, e os candidatos, os que se 
arrependeram e desejaram o bailsitio, No 
batismo com o Espírito, Cristo é o agenti, 
o Espírito ó o elemento e o candidato ^ 
o crente. A maioria das versões bíblicas 
modernas usa a expressão "com o Kapf» 
rito Santo”, mas a preposiçBo "com" (eu) 
pode ser traduzida por "em". "IHlU/ado no 
Espírito" identifica claramente o Espírito 
Santo como o elemento deNle Inillsmoi 
ao passo que a expressão "butlsmo com 
o Espírito Santo” pode sugerir estar im 
companhia do Espírito Santo,
O que é o batismo n< > EspírlUi San» rf (> 
verbo “batizar" {baptizo) slgnlflca llleiul 
mente “mergulhar" ou "submergir", tf uma 
experiência espiritual intenia pela quul a 
vida do crente <5 submersa no Espírito d* 
Deus. É cercada, cc>1 jerta e cheia do poi ler 
e presença de Deus, Como lima rmipi 
que é imersa na Agua, assim os i lenles 
se acham cercados, cobertos e eheli is do 
poder e presença do Espírito,
A experiência de batismo no Espirito 
é distinta da experiência de regenerado, 
a qual os crentes têm no momento da 
conversão. Repare que os discípulos tt 
quem Jesus está talando |íl tiveram seus 
corações renovados pelo trabalho rege 
neradordo Espírito (cf. Tt 3,5). <) httllMlii i 
no Espírito não ú o mesmo que a nova 
vida que acompanha o arrependimento 
e a fé. Nascemos de novo pelo Espirito 
e somos habitados pelo liipírltodesde ti 
tempo da conversão (Rm 8,9| I Co 6,19), 
Por outro lado, o batismo no Espírito $ 
uma capacitação sobrenatural e earlsmfl 
tica que equipa a Igreja para cumprffttuit 
missão no mundo (At 2,4,17) 8, 17- Ity Vi5t| 
10.38,44,45; 11.15,16; I3.2.-1),
No sermão no Dia de Pentecostes, 
Pedro não cita profetas tio Antigo Tesia 
mento como Isaías (Is 61,7-9) e Kzequlel 
(Ez 37.1-14), que anunciam a renovaçSo 
interior do coração, Antes, elta Joel, que 
promete as manifestações carismáticas e 
proféticas do Espírito durante os Cklllim is 
dias. Lucas vO o dermmumenlo do Hspf 
rito como Introduçilo dói últimos dias e
como a unção sobrenatural dos crente» 
para servir. Esta experlôncia que capacita 
é semelhante, ainda que mais Intensa, 
à unção que os discípulos desfrutaram 
durante o ministério terreno de Jesus. O 
Espírito Santo veio para habitar nos dis­
cípulos no momento de sua conversão, 
mas só no Dia de Pentecostes eles são 
capacitados a proclamar o evangelho e 
a fazer as obras de Deus.
1.3- Jesus A nuncia a
Capacitação pelo Espírito 
( 1.6-8)
Durante os quarenta dias entre sua ressur­
reição e ascensão Jesus falou aos discípulos 
concernente ao Reino (v. 3). Os discípulos 
pensam erroneamente que Israel, no Reino, 
está destinado a dominar o mundo. Eles 
antecipam o cumprimento da promessa 
de Jesus de que eles mesmos exercerão 
autoridade sobre as tribos de Israel (Lc
22.30). Numa refeição de comunhão, eles 
perguntam a Jesus se Ele vai restabelecer 
o Reino a Israel neste momento. Eles es­
peram uma ordem terrena na qual Israel 
regerá outras nações, como no período de 
Davi e Salomão. Eles também, de acordo 
com a expectativa apocalíptica, vêem o 
derramamento do Espírito como sinal da 
nova ordem mundial.
Obviamente o Reino de Deus não pode 
ser definido em termos de meramente 
uma ordem terrena, na qual Israel tem 
supremacia política. Os discípulos não 
entendem sua natureza, pois o governo 
de Deus já foi iniciado pelo ministério, 
morte e ressurreição de Jesus. Mas eles 
têm razão em uma coisa: Existe um vínculo 
forte entre o Espírito Santo e o Reino de 
Deus. O governo de Deus foi iniciado e 
exercido pelo Espírito Santo nos últimos 
dias pelo ministério de Cristo. Jesus não 
nega a restauração do reino a Israel, mas 
rejeita o esforço dos discípulos em deter­
minar quando ocorrerá.
A pergunta dos discípulos sol ire quandc >
0 fim virá é imprópria. O tempo no qual 
Israel é restabelcddc > à ccmdiçflc > de estai l< > 
e o tempo em que o Reino enint em mia
1 »lenltude têm de *cr deixados paru I )eus.
Ninguém pivclsu sul Kirus t'p< mis < >u dulus 
que o |’al lixou por sua própria autoridade 
(v, 7). Note as palavras dejesus: "Daquele 
Dia e hora ninguém sabe, nem os anjos 
dos céus, nem o Filho, mas unicamente 
meu Pai” (Mt 24.36). Quer dizer, n£lo ò 
importante poder marcar no calendário 
a data em que o Reino será finalmente 
estabelecido, nem o povo de 1 )eus deveria 
especular sobre a proximidade dt > Aituli > 
mundo. O que eles têm de lazer ó esperai 
e receber o poder do Espírito Santo, de 
forma que testemunhem a mortee ressui 
reição de Cristo até que Ele volte,
Uma vez mais o Jesus ungido pel< > Ks 
pírito promete aos discípulos que eles 
serão capacitados pelo Espírito Santo (v. 
8). Em vez de mudar de assunto quando 
os discípulos perguntam pelo Reino, Hle 
lhes dá uma resposta. A respe>sla não indica 
o tempo da consumação do Reino, mas, 
sim, que o evangelho deve ser pregado a 
todas as nações antes que venha a verda­
deira bem-aventurança para Israel e para 
o mundo (cf. Mt 24:14).
Aos discípulos é prometide> “virtude" <»i 
“poder” (ARA) — não poder político, mas 
poder para servir. A palavra traduzida por 
“virtude” ou “poder” (clynumis) provém 
de um verbo que significa "ser capa*" 
ou “ter força”. Em Atos, pode se referir A 
operação de milagres (At .3.12; 4,7| 
poder para dar testemunho de Cristo (Al 
1.8; 4.33) e poder sobre o 1 )labc) (Al 10..3H), 
Jesus promete equipar os discípulos |w ru 
serem suas “testemunhas”. O slgnlficadt > 
básico da palavra “testemunha" (rnurlys) 
é “alguém que testemunha”; o poder paru 
tal procede de Deus, um “poder I...I tio 
alto” (Lc 24.49), um poder concedido pelo 
Espírito Santo para dar testemunho de 
Jesus Cristo, um poder para influenciar 
os outros a aceitar Cristo.
As palavras de Jesus “ser-me-cls tes 
temunhas” são geralmente consideradas 
uma ordem, mas não é tanto uma ordem 
quanto uma promessa, lista promessa 
está unida ao recebimento do batismo no 
Espírito. Quando tjles recebem u plenitude 
do Espfrlto, o poder que eles recebem 
inevitavelmente os tnmslbrmuríl em leste* 
iminhas. Udundo testemunho dejesus os
n/d
Idenllflcará como povo de Deus, A capa­
citação pur# testemunhar édeserlta et mm 
a vlnda do Espírito Hunlo sobre eles tv, 
H; cf. Ai 19,6) — expressão estreitamente 
ligada îi Idéia de "revestIdc>s de pi)der" ( Lc
24.49). O Espírito Santo entrará neles de 
uma nova maneira, sugerindo a contínua 
presença poderosa do Espírito Santo.
O testemunho dos apóstolos deve co­
meçar na mesma cidade na qual Jesus foi 
condenado e não será concluída até que 
eles alcancem “os confins da terra”. Sua 
missão pode ser.resumida em três fases, 
que formam a estrutura geográfica do 
Livro de Atos: primeiramente, Jerusalém, 
onde Jesus foi crucificado (At 1— 7); em 
seguida, Judéia e Samaria, onde o povo 
tinha ouvido a pregação dejesus e visto 
seus milagres (At 8— 12); e, finalmente, os 
confins da terra (At 13— 28). O livro fala 
das jornadas do povo de Deus enquan­
to cumprem sua missão (At 1.15— 5.42;
6.1— 9.31; 9.32— 12.25; 13.1— 15.35;
15.36— 19.20; 19.21— 28.31). Cada uma 
destas seções indica o movimento da 
Igreja ao longo do caminho anunciado 
no versículo 8.
Enquanto fazem suas jornadas, o povo 
de Deus é capacitado pelo Espírito e segue 
o exemplo do Salvador ungido pelo Espí­
rito (Lc 4.18,19), proclamando o Reino de 
Deus (At 1.3; 8.12; 14.21,22; 19.8; 20.25;
28.23,31). A regra é pregar o Evangelho 
“primeiro [para o] judeu e também [para
o] gentio” (Rm 1.16). A Igreja faz avanço 
significativo em sua missão, quandoos sa- 
maritanos ouvem o evangelho. Seu modelo 
de missão é o Servo do Senhor, que dá luz 
às nações e salvação “até às extremidades 
cla terra” (Is 49.6) — frase que significa 
terras distantes em Atos 13.47. Ainda que 
esta frase possa significar "Roma” para os 
discípulos dejesus, é profética do cres­
cimento cla Igreja e focaliza a expansão 
do evangelho nos últimos dias, até que 
Jesus volte.
1,4, Josus Ascendo aos Céus 
(1,9-11)
O terceiro Evangelho é concluído com li 
ascensão tie Jesus, e o Livro de Aios Intel#
coma asceiisAt JiT\k loiioltvangell iode Lllcas 
move seemdlreçftoã ascensão, etudoem 
Aios move se u paillrda ascensão, 
Depois que Jesus prometeu aos dls 
cípulos o poder tio Espírito puni eles 
cumprirem a mlssílo, Deus Pal o tomou 
para o céu diante dos olhos deles (vv, 
9-11). Em Lucas 9.51, Jesus começou sua 
grande jornada a Jerusalém, de onde 
Ele partiria tia terra. Sua jornada só se 
completou quando Ele alcançou o céu, 
Podemos definir esta jornada como o 
caminho para a ascensão, No monte da 
transfiguração, Moisés e Elias ínlaram 
sobre a partida (vxodos, "êxodo", Lc 9,51) 
dejesus. Seu "êxodo" abrange o trlnsllõ 
cla terra para océu, Incluindo SUB morte1, 
ressurreição e ascensão Cef. Lc 24), Num 
partida ao céu marca o llm de uma era 
e o começo de outra, na qual os crantSM 
são capacitados pelo mesmo líspfrilot|Ue 
ungiu a vida e missão tle Jesus,
À medida que Jesus entrava na glrt- 
ria, uma nuvem o encobriu da vlsflo tios 
discípulos. Eles já não o vêem, iiihs o 
significado real da nuvem lem o propósito 
de dizer que Jesus foi recebido na glórlB 
de Deus, A shekiná, a presença tle Deus, 
tinha pousado sobre a tenda da reunllO 
nos dias de Moisés (fíx 40,34), Quando 
Moisés e Elias deixaram o monte da irans* 
figuração, eles foram envolvidos com a 
nuvem cla presença tle Deus (Lc 9.ML 
A nuvem naquela ocasião e a nuvem na 
ascensão dejesus indicam que os CUlImtis 
dias despontaram na vida e minlltéfi§ 
dejesus. Ele agora parte tia terra para a 
presença glorlficante tle Deus,
A nuvem também pressagia a maneira 
na qual Jesus voltará — numa nuvem df 
glória. I )e fato, (>s tl< >ls an)c js que upurtevni 
na ascensão declaram que Jesus voltttrfl 
como os discípulos o viram Ir para o céu
— visível, corporal e pessoalmente (Al
1,11), O enfoque eslil na maneira da volta 
e não no tempo,
Hoje Cristo está entronizado no céu 
como Rei, sentado ii mão dlrclta tle Deus, 
Elevado it presença tle Deus, Eleeomple« 
tou sua jornada e tlcu o passo final paru 
sua exaltação na glória, D Cristo, nascido 
de mulher, que vivia uma vida humana e
a ensinar"; ele rememora os eventos prin­
cipais de Lucas 24:
1) As aparições do Cristo ressurreto aos dis­
cípulos,
2) A promessa do batismo com o Espírito 
Santo, e
3) A ascensão do Cristo ressurreto ao céu 
(At 1.2-11). É significativo que o Espírito 
Santo seja falado duas vezes no prefácio
— em termos de “instruções” dadas aos 
apóstolos e do batismo com o Espírito que 
eles receberão (At 2.2,5). A exaltação de 
Cristo ao céu não-significa que Ele esteja 
ausente; o Senhor ressurreto continua a 
estar presente na Igreja e em sua Palavra (At 
2.38,39; 3.22,23; 4.29,30; 10.43; 16.6,7,18;
22.17-21), e Ele prossegue seu trabalho 
de muitas formas. Uma das formas mais 
proeminentes na qual Ele o faz é através 
dos crentes capacitados pelo Espírito. 
Atos registra a continuação do ministério
dejesus. Desde o início até à conclusão do 
seu ministério terreno, tudo o que Jesus 
fez e disse foi dirigido e capacitado pelo 
Espírito. O segundo volume de Lucas narra 
uma história semelhante, que focaliza uma 
comunidade de discípulos ungidos pelo 
Espírito que continuam a fazer e ensinar 
as coisas que Jesus tinha começado a fazer 
e a ensinar durante seu tempo na terra 
(Stronstad, 1984, p. 9).
Lucas começa lembrando Teófilo do 
ministério dejesus até sua ascensão (At
1.1,2). Teófilo (que significa “Amante 
de Deus”) deve ter sido distinto gentio, 
quer um funcionário governamental de 
alta posição, quer um respeitado cidadão 
romano de classe média (veja comentários 
sobre Lc 1.1-4). Com a palavra “come­
çou”, Lucas lembra TeófilO e outros da 
continuação do ministério dejesus atra­
vés da Igreja. Esse ministério contínuo é 
realizado através do Espírito Santo pelos 
discípulos à medida que o evangelho se 
espalha de Jerusalém a Roma, e Lucas 
destaca especificamente como o Senhor 
está ativamente presente em tais eventos 
como a conversão e cativeiro de Paulo 
(At 9.3-6; 23.11).
Antes da partida dejesus para o céu, é 
nos dito que “pelo Espírito Santo" Ele deu 
instruções aos apóstolos, listes homens
tinham sido escolhidos por l!lt\ e líle os 
Instruiu u continuar sua obra mediante o 
poder do Espírito. Entre suas instruções, 
deve estar incluído o que chamamos a 
Grande Comissão (Mt 28.16-20; Mc 16.15-18; 
Jo 20.21-23). Como parte de suas instru­
ções, Ele falou sobre o Reino de Deus, o 
soberano governo de Deus, e lhes disse 
que ficassem em Jerusalém até que eles 
recebessem “a promessa do Pai” (At 1.4), 
que é o mesmo que ser “batizado com o 
Espírito Santo” (v. 5), ou ser “revestidos 
de poder [...] do alto” (Lc 24.49). Depois 
de sua exaltação à mão direita de Deus, 
os apóstolos, capacitados pelo Espírito 
Santo, devem pregar o perdão de pecados 
a todas as nações.
Durante o intervalo de quarenta dias 
entrea ressurreição e a ascensão de Cristo, 
Ele apareceu muitas vezes aos apóstolos 
(At 13). Depois de experimentar tremendo 
sofrimento público, incluindo hostilidade 
dos judeus, um julgamento injusto e a 
crucificação, Jesus demonstrou a realidade 
de sua ressurreição “com muitas e infa­
líveis provas”. O Salvador ressurreto fez 
várias aparições pessoais aos apóstolos, 
que se tornaram credencial essencial para 
o ministério que cumpriam (Lc 1.2). Ele 
apareceu a indivíduos e grupos, a homens 
e mulheres. À medida que os discípulos 
cumprem hoje a comissão de ir a todo 
o mundo, uma parte vital da mensagem 
é o triunfo de Jesus sobre a morte (At
2.22-36; 4.8-11,33; 10.37-43). Eles tocaram 
fisicamente o Cristo ressurreto e o ouviram 
ensinar sobre o Reino de Deus.
Diferente dos reinos terrenos, o Reino 
de Deus não se refere ao controle de um 
território e do povo que nele habita, mas 
ao governo gracioso de Deus sobre seu 
povo, que começou na vida histórica e 
ministério dejesus (cf. Mc 1.15; 3.20-30j Lc 
10.23,24; 11.17-23). Cristo deu ao seu povo 
novo insight sobre o governo de Deus, 
demonstrado nos eventos salvadores de 
sua vida, morte e ressurreição, Ele ilumi­
nou as Escrituras sobre o seu sofrimento, 
morte e ressurreição para os discípulos 
e os incumbiu a pregar arrependimento 
e perdão de pecados u todas as naçôei 
(Lc 24.4*5-47).
Por melo de Cri««, tmui nova cru dos 
pont ou, e o reinado do I )eus iw u iiïk niuma 
realidade poderosa e salvadora entre os 
homens. O que vlrrt em sua plenitude nu 
Segunda Vinda começou em suas ações 
poderosas, A Igreja, seguindo a pregação 
dejesus, enfatiza o governo de Deus com 
“nova ênfase, visto que o próprio Jesus 
torna-se parte da mensagem” (Marshall, 
1980, p. 57; cf. At 28.31 ). Proclamar os fatos 
do ministério, morte e ressurreição de Cristo 
é proclamar a mensagem do Reino,
1.2. A Promessa do Espírito 
Santo (1.4,5)
Uma das “muitas e infalíveis provas” de 
Jesus estar vivo depois da crucificação foi 
sua presença no jantar com os discípulos 
(v. 4). A palavra traduzida por “comen­
do com” (synalizomenos, ARA; “estando 
com”, RC) significa literalmente “comer 
sal com”, provavelmente aludindo a Cris­
to comer com os discípulos em Lucas
24.42. Nessa ocasião, Ele os exortou a 
ficar em Jerusalém, a cidade onde Ele 
morreu, até que recebessem o Espírito 
Santo prometido (Lc 24.47).
A plenitude do Espírito é chamada lite­
ralmente de “apromessa do Pai”: Muitas 
promessas são dadas na Bíblia, mas esta 
promessa específica tem a ver diretamente 
com o derramamento do Espírito. Profetas 
como Ezequiel e Joel tinham indicado um 
futuro derramamento do Espírito sobre a 
casa de Israel (Ez 39.29) e até sobre toda 
a carne (Jl 2.28; cf. Is 32.15; 44,3). Deus, 
pelos profetas (inclusivejoão Batista ), tinha 
prometido o derramamento do Espírito.
João Batista tinha administrado o batismo 
nas águas do riojordão como sinal externo 
do poder de Deus que purilica do pecado 
aqueles que se arrependeram, Durante seu 
ministério, João falou de um batismo com 
o Espírito que seria administrado por Cristo 
e pelo qual os crentes seriam capacitados 
(Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.33). Mais 
tarde Jesus prometeu aos discípulos que 
eles seriam batizados com o Espirito em 
pouco tempo (At 1,5),
Na execução de um 1 wtlsmc>, deve I iu ver 
um ugonte c |ue fax < > ! lailsmo, um elemenu •
no qual o batismo ocorre o um candidato 
queélHitlzudo.yuandoJoftoMulIstalHilIzou, 
ele 1'ot o agente, us rtguus do rio Jordflo, 
o elemento, e os candidatos, on que se 
arrependeram e desejarem o batismo, No 
batismo com o Espírito, Cristo é o ugonte, 
o Espírito 6 o elemento e o candidato ó 
o crente. A malorlu du.s versões bíblicas 
modernas usa a expressão "com o KspI* 
rito Santo", mas a preposição “com" 
pode ser traduzida por "cm", "Matizado no 
Espírito” identifica claramente o Espirito 
Santo como o elemento deste ballsmoi 
ao passo que a expressão “batismo com
o Espírito Santo" pode sugerir estur nu 
companhia do Espírito Santo,
O que é o batismo no Espírito Sun» >P <) 
verbo “batizar” (baptizo) slgnlMca litoral 
mente “mergulhar" ou "submergir", ft lima 
experiência espiritual Intensa pela qual M 
vida do crente è submersa no MsplrltQ d# 
Deus. É cercada, coberta e cheia do pt idor 
e presença de Deus, Como um» roupa 
que é imersa na ãguu, assim os crentes 
se acham cercados, cobertos e cheio« do 
poder e presença do Espirito,
A experiência de batismo no Espírito 
é distinta da experiência do regeneração, 
a qual os crentes têm no momento drt 
conversão. Repare que os discípulos u 
quem Jesus está falando |fl tiveram noiin 
corações renovados pelo trabilho t ogo 
nerador do Espírito (cf. Tt 3,5), <) bullxint i 
no Espírito não é o mesmo que u novu 
vida que acompanha o arrependimento 
e a fé. Nascemos de novo polo HspíriUl 
e somos habitados pelo Espirito desde O 
tempo da conversão (Km H.9; I Cod.1V), 
Por outro lado, o batismo no Espirito # 
uma capacitação sobrenatural o eurlsmfl 
tica que equipa a Igreja para cumprir sua 
missão no mundo (At 2,4,17; H, 17-ÍVi 9,311 
10.38,44,45; 11,13,16! 13.2,4),
No sermão no Dia dc Pentecostes, 
Pedro não cita profetas do Antigo Tosta 
mento como lsuías (In 61,7-V) e Hzequlel 
(Ez 37.1-14), que anunciam u renovação 
interior do coração. Antes, dta Joel, (|tto 
promete as manifestações carlsmítlcas e 
proféticas do Espírito durante o» últimos 
dias, Lucas vê o derramamento do Itspí 
rito como introdução dos últimos dias o
como .1 unçrto stibrcnatural dos crentes 
|)(im servir, lislM experiência que capacita
0 semelhante, ainda que mais Intensa, 
a unção que os discípulos desfrutaram 
durante 11 miiil.sitM i<> terreno de Jesus, <) 
lispírito Santo velo para habitar nos dis 
clpulos no momento de .sua conversão, 
mas no no l)la de Pentecostes t*lf.s silo 
capacitados a proclamar o evangelho e 
a lazer .is ohras tlc I )eus,
Jesus Anuncia a 
Capacitação />cl<> lispírito 
< 1.6-8 )
1 )uranie os quarenta dias entre .sua ressur- 
relçãt >e ascensão, Jesus Calou aos ili:scíptilos 
c< incernenteaoRelnotv. 3). C )s discípulos 
pensai nerroneamente que Israel, no Reino, 
está destinado a cl< »minar o mundo, liles 
antecipam o cumprimento cia promessa 
de Jesus de que eles mesmos exercerão 
auloridade sobre as tribos de Israel (Lc
22,30). Numa refeição de comunhão, eles 
perguntam a Jesus se Ele vai restabelecer
0 Reino a Israel nesle momento, liles es­
peram uma ordem terrena na qual Israel 
regerá outras nações, como no período de
1 )avi e Salomão. Eles também, de acordo 
com a expectaliva apocalíptica, vOem o 
(lerramamento do Espírito como sinal da 
nova ordem mundial.
( íbviamente o Reino de Deus não pode 
ser dellnldo em termos de meramente 
uma ordem terrena, na qual Israel tem 
supremacia política. Os discípulos não 
entendem sua natureza, pois o governo 
de Deus jã foi iniciado pelo ministério, 
morte e ressurreição de Jesus. Mas eles 
lOm razão em uma coisa: Existe um vínculo 
forte entre o lispírito Santo e o Reino de 
Deus, O governo de Deus Ibi iniciado e 
exercido pelo lispírito Santo nos últimos 
dias pelo ministério de.Cristo. Jesus não 
nega a reslauraçãt> do reino a Israel, mas 
rejeita < > esl< >rç<> d< >s diseípuk>s cm deter 
minar quando ocorrera.
A pergunta doN discípulos sobre quai ido
o Dm vlríl é imprópria, <) tempo no qual 
Israel é restabelecido ãct indlçrtodceslado 
e o tempo em que o llelno enlra em sua 
plenitude têm do «er deixados paru I )eus.
Nlnguem precisa saber as êpi h mmi hi iltllilM 
queol*ul lixou por sua prrtprlu auloi Idade 
(v. 1). Note as pala vi asile Jesusi "I laqueie 
Dia e hora nlnguím sabe, nem om 
dos ceus, nem o I'llho, mas uillt'ilWhlP 
meu 1’ai" (Mi 24,36), Quer dl/ei, nnii & 
Importante poder marcai no i alemltlilo 
a data em t|iie o Reino serA llnaliiieiile 
esta beleck li >, i iem < > povo< le I )eus i levei la 
especular s< >1 >re a |irt >xlmUlat le t lo fim t li i 
mundo. () que eles tômde lazer^espeiai 
e receber o poder do lisplrllo Naitltl, • |i< 
forma que testemunhem a moiice ivmhiii 
reiçdo de Cristo até que Ele volte,
1 Ima vez mais o jesus ungido pelo lí* 
pírito promete aos discípulos qu# eles 
serão capacitados pelo lispírito Santo (V,
H). Em vez de mudar de assunto quando 
os discípulos perguntam pelo Reino, |(|e 
lhesdã uma respt)sla, A resposta nrtoliullt a
o tempo da consumação do Reino, mas, 
sim, que o evangelhí > deve sei pregadi i a 
todas as nações antes que venha a venla 
deira bem-aventurança para Israel e paitl
o mundo (cf. Mt 2-1.1*4),
Aos discípulos é prometido "virtude" ou 
“poder" (ARA) — não poder politico, ma* 
poder pa ra servi r, A pu la vrti t ra üuxIUh |M II 
“virtude" ou “poder" Cdyntml») provem 
de um verbo que signlllca "**)' tapar 
ou “ter força”. Em Atos, pode se lelèrli II 
operação de milagres (Al 3,12| ■! 
poder para dar testemunho de d Islo I Al
I. H; 4.33 )e poder sobre o Diabo t Al III 1MI 
Jesus promete equipar os discípulos pai-t 
serem suas “testemunhas", < I signlDi Htlll 
básico da palavra “testemunha" I 
é “alguém (|ue testemunha"; o podpi paia 
tal procede de Deus, um "poder |,,,] do 
alto"(l,c 24,49), um pck ler concedido peli i 
Espírito Santo para dar testemunho de 
Jesus Cristo, um poder para Inllueiii lai 
os outros a aceitar Cristo.
As palavras de Jesus "ser me eis les 
lemunhas" são geralmente ct msldei atlas 
uma ordem, mas não é tanto uiiih ordem 
c|uanto uma promessa lista promessa 
esta unida ao recebimento do batismo no 
lispírito, Quandoels*s recebem a plenitude 
do lispírito, o poder que eles recebem 
Inevlla vein lente, os transformam em leste 
n iimhas. li dando testemunho de Jesus os
(ijn
Identificará como |Kivotle I Hmin, A capa 
cltaçftopuro tcfMtcnuinhtii' ^tloMcrltu o >mo 
ii vlnclu tio líspírlto Sumo nobre elcN (v. 
H; cl', Al 19.6) — expreNNÍio estreitamente 
liga tia ã Idéia tle "revestk !< >s tlc* pc >c ler" (lr
24,49). O Espírito Santo entrará neles tlc* 
uma nova maneira, sugerindo a contínua 
presença poderosa cio Espírito Santo,
O testemunho dos apóstolos deve co­
meçar na mesma cidade na qual Jesus Ibl 
condenado e não será concluída até que 
eles alcancem "os confins tia terra". Sua 
missão pode ser resumida em três fases, 
que formam a estrutura geográficatio
l ivro tle Atos: primeiramente, Jerusalém, 
onde Jesus foi crucificado (At 1— 7); em 
seguida, Judéia e Samaria, onde o povo
l inha ouvido a pregação de Jesus e visto 
seus milagres (At 8— 12); e, finalmente, os 
confins da terra (At 13— 28). O livro fala 
tias jornadas tio povo tle Deus enquan- 
io cumprem sua missão (At 1.15— 5.42;
0.1— 9-31; 9.32— 12.25; 13.1— 15.35;
15.36— 19.20; 19.21— 28.31). Cada uma 
destas seções indica o movimento tia 
Igreja ao longo do caminho anunciado 
iio versículo 8.
Enquanto fazem suas jornadas, o povo 
(le 1 )eus é capacitado pelo Espírito e segue 
(> exemplo do Salvador ungido pelo-Espí- 
rito(Lc4.18,19), proclamando o Reino tle 
Deus (At 1.3; 8.12; 14.21,22; 19.8; 20.25;
28,23,31). A regra é pregar o Evangelho 
"primeiro [para o] judeu e também [para 
<)| gentio” (Km 1.16). A Igreja faz avanço 
significativo em sua missão, quando os,sa­
rna l ilanos ouvem o evangelho. Seu modelo 
tle missão é o Servo do Senhor, que dá luz 
às nações e salvação “até às extremidades 
da terra" (Is 49.6) — frase que significa 
leiras distantes em Atos 13.47. Ainda que 
esta frase possa significar “Roma" para os 
discípulos tle Jesus, ó profética tio cres­
cimento tia Igreja e localiza a expansão 
do evangelho nos lilllinos dias, até que 
lesiiN volte.
/ ,4, / esus Ascendo aos Céus 
(1.9-11)
<) terceiro Evangelho é concluído com u 
aseennão deJenuN, e o Uvro de AIon Inicia
ci mi ui hw vi mai »,11 \ h li ) no I îvai igell io i te I aich* 
ï ï h ive Ne cm i HreçAi » h uncciinAi >, e 11 u li i ei 11 
AIon move Ne n punir du uncoiinAo, 
DepolN que jemiN prometeu uon iIIn 
efpulos o potier do Espírito paru eleN 
cumprirem a missão, Deus l’ttl o lomou 
|)ara o céu diante dos olhos dole« (vv, 
9-11). Eml.ucas 9.51, Jesus começou min 
grande jornada a Jerusalém, de mule 
Ele partiria da terra, Sua lornada nó nç 
completou quando Ele alcançou o cíu, 
Podemos definir esta jornada como o 
caminho para a ascensão, No monte da 
transfiguração, Moisés e Elias lalarnm 
sobre a partida (êxodos, “êxodo", Lc 9,51 > 
de Jesus. Seu “ôxotlo" abrange o trftnnito 
tia terra para o céu, incluindo mm morle, 
ressurreição e ascensão (cf. I,c 24), Sun 
partida ao céu marca o lim tle iimii era 
e o começo de outra, na qual on ci'cntON 
são capacitados pelo mesmi > Esplrlti 11 |tie 
ungiu a vida e missão de Jemm,
A medida que Jesus entrava mi glrt 
ria, uma nuvem o encobriu da vindo (li)N 
discípulos, Eles já não o vôem, man o 
significado real tia nuvem tem o priipôdllt i 
tie dizer que Jesus l oi recebido nu glòliu 
tle Deus, A shekiná, a presença de OeilN, 
tinha pousado sobre a tenda da retmlno 
nos dias tle Moisés (P.x 40,34), (JllBIuIo 
Moisés e Elias deixaram o monte oil iraim 
figuração, eles foram envolvIdoN com ii 
nuvem da presença tle Dciin (Lc 9,54), 
A nuvem naquela ocasião e a nuvem nu 
ascensão tle Jesus indicam que 0* iUtlmoH 
dias despontaram na vida e minlNltfrlo 
tle Jesus. Ele agora parte tia lerru parti ,t 
presença glorificante de Deus,
A nuvem também pressagia a maneira 
na qual Jesus voltará — numa nuvem de 
glória. De fato, os dois anjos que apBrecMl 11 
na ascensão declaram que Jemm volurA 
como os discípulos o viram Ir para n eíu
— visível, corporal t* pessoalmente (Al
1. 11 ), O enfoque eslíl na maneira da voila 
e não no tempo,
Iloje Crisio está entronizado no còu 
como Rei, sentado íi mfto direita tie I )bun, 
Elevado à presença de Deus, Ele comple 
tou sua jornada e deu o passo Unal para 
sua exaltação na glória, O Crisio, nam Ido 
de mulher, que vivia uma vida humana e
nu>rreu m:i ( iii/, ag< >1,1 cstfl seutudii a ma< > 
direita de I No rio Jordão, o lispirlto 
Santc >tinha desclck) s< >1 >i e (àtsloe u >ri iik l< m > 
Profeta, Sacerck>lee Rei ungido ( l.c 3.21,22), 
Jesus cumpre seu ofício real na ascensão. 
Como Rei, Ele derramará o Hspírito Santo 
prometido e no fim voltará outra vez.
2. A Origem da Comunidade Batizada
e Cheia pelo Espírito (1.12— .41).
No Dia de Pentecostes, a comunidade 
de crentes experimentou uma dimensão 
totalmente nova do Espírito Santo. Os 
discípulos já desfrutam a renovação es­
piritual pela habitação do Espírito Santo 
no coração. O “pequeno rebanho” for­
mado por Cristo durante seu ministério 
terreno está entre a economia do Antigo 
Testamento e o Dia de Pentecostes.
De acordo com os Evangelhos, o pro­
cesso de formação da comunidade de 
crentes envolvia duas fases: A primeira 
fase consiste nos discípulos dejoão Batista 
tomando-se seguidores de Cristo 0o 1.35-37; 
cf. Jo 3.30); a segunda fase incorpora um 
grupo adicional de discípulos devotados 
que se reuniram ao redor de Jesus (veja 
comentários sobre At 1.15). Entre estes 
discípulos, estava a maioria dos doze após­
tolos, dos setenta e cerca de quinhentos 
judeus (1 Co 15.6). Em outras palavras, 
a Igreja cristã já existia antes do Dia cle 
Pentecostes. O derramamento do Espírito 
no Dia de Pentecostes não significa uma 
nova Igreja, mas uma Igreja capacitada, 
uma comunidade ungida de crentes, que 
estão estreitamente ligados com o povo 
de Deus do Antigo Testamento (At 7.38). 
Como previamente prometido, logo eles 
serão batizados no Espírito e feitos uma 
comunidade ungida de crentes.
Esta seção registra os discípulos no 
cenáculo (1.12-14), a substituição de Judas 
(1.15-26), o derramamento do Espírito 
Santo (2.1-13) e o discurso de Pedro à 
multidão (2.14-41).
2.1. A Comunidade Aguarda o 
Espírito Prometido ( I. !2-2(i)
2.1.1. A Coniim ldiide »c Dedlcn it 
Oraçfto (1.12-14). A ascensiU) ocorre
nas ied< H K lezBN d<) montei In* t Mlvelrtm, >i 
lesledejeriisalem ati avessa lidou vale de 
Cedmm, Aquele lugai dista de leiusnlOm 
apn inimadamente mil edu/enti in metii m, 
a distância que um |udeti piedoso podia 
caminharem dia de sábado( r,* Ifi «Wi Nin
35.5). Os discípulo,s voltam a leiiimilfiu 
“com grande júbilo" (Lc ijualquei
tristeza que eles têm pela partida de |e<tii* 
é transformada em alegria Uo penstii em 
ver Jesus novamente. Eles vflowit emli n
lo. A localização do lugart'* ItKVitK I 
ser o lugar da Última Celu (Mi U ll| It
22.8,12), ou a casa de Marlu, n nifle ill* 
João Marcos (Al 12.12). Lá ele# espeitiin 
pela promessa de poder do alto,
Entre os crentes há quatro grupom
1) Os onze apóstolos, que conllrmmii ti e* 
clusão de Judas do número d» is nprt*U>li m 
e preparam sua substituição;
2) Certas mulheres devotas, Inclusive Mailii, 
mãe dejesus, c provavelmente as miilhcics 
da Galiléia que tinham sitio curadas pui 
Ele — mulheres que lhe sustentavam u 
ministério com seus recursos (Lc H,2„í) r 
viram a crucificação (Lc 2,149)|
3) Os irmãos dejesus, que antes efumcíllco* 
(Mc 3.21; Jo 7.5), mas agora csulo convpil 
ciclos de que Jesus é o Messias; e
4) Outros seguidores dejesus, Judas fulfl 
conspicuamente ausente dos grupos, 
Como esperaríamos, < >s i lez dias que ou
discípulos gastam esperande i pel( 11 m hIpi 
de Deus são marcados por oruçâo COM 
tante. O lugar de oração não é upeint# li 
cenáculo, onde eles estão, mus lamb^lli 
o templo (cf. Lc 24.53: “KestHVumNtilupiV 
no templo, louvando e hendl/,cndo n 
Deus”). Todos os presentes estão "uintlll 
memente”, palavra que signilica queelcn 
estão com uma mente e propósito ti i, 
Rm 15.6). Os cristãos primitivos passam 
por tensões na comunhão, mas eles as 
superam mediante a resposta no Senliiif 
crucificado e ressurreto.
Os discípulos se unem em oraçUo 
com grande freqüência e singeleza de 
propósito, tiles oram, esperando o lia 
tismo com o lispirlto. Jesus j.i os tlnlia 
assegurado de epie a nutorl/.avAo do 
líspírilo seria uma resposta a oravfloi 
"Ou,into mais daríl o l*ul celestial o lis
fi4H
pírlto Santo aqueles que lh< * p<’tlli'ont?" 
(I.c 11,13), Sim ( uiiMrtiH la em oraçilo 
e louvor os prepara para receberem o 
batismo com o Hspírlto Santo (cf. Al 
4.29-31;H.14-17). A oraçiío que erô e 
espera fornece o ambiente espiritual para 
receber a plenitude do Espírito.
2.1.2. A Comunidade Escolhe Matias 
( 1.15- 26). Como líder, Pedro assume o 
papel de porta-voz dos apóstolos. Ele 
fala para aproximadamente cento e vinte 
crentes e relaciona os fatos da traição e 
fim terrível de Judas. Este número não 
significa que estes são os únicos discípulos 
que Jesus tem neste momento. Paulo diz 
que mais de quinhentos irmãos viram
o Jesus ressurreto de uma só vez (1 Co
15.6). Estes cento e vinte são provavel­
mente todos os que estão presentes em 
Jerusalém nesta ocasião.
Judas tinha sido um dos doze apóstolos e 
tomado parte no ministério, mas perdera seu 
ministério e sofrera morte trágica. A Escritura 
profética toma necessário que os discípulos 
escolham um sucessor para ele.
A descrição de Pedro sobre a morte de 
Judas difere de duas maneiras do relato 
apresentado em Mateus 27.3-10.
1) Mateus registra que Judas se enforcou, 
mas Pedro diz que Judas, precipitando-se, 
rebentou pelo meio. É possível que ambas 
as narrativas sejam verdadeiras, pois quando 
Judas se enforcou, a corda presumivelmente 
arrebentou e ele atingiu o sc )lo com tamanhc) 
impacto que o abdômen arrebentou.
2) Pedro diz quejudas comprou um campo, 
ao passo que Mateus registra que os prin­
cipais sacerdotes compraram um terreno 
com as trinta peças de prata quejudas lhes 
devolvera. í;. provável que os sacerdotes 
compraram o campo do oleiro com o di­
nheiro. Mas a terra realmente pertencia 
a Judas, vislo que foi comprada com o 
dinhein > dele e seus herdelrc>s teriam reivin­
dicação legal sobre o bem (Bruce, 1956, p. 
49). O campo deriva seu nome, Aceldama 
(em aramaico, "Campo de Sangue"), das 
trinta peças de prata dadas a Judas para 
Irair o Salvador, liste campo, comprado 
com dinheiro dt* sangue e localizado cm 
algum lugar perto de Jerusalém, 6 o local 
onde Jucius rol enterrado,
() IIm lirtgli ii de Judas o predito nos 
Salmos e Miou d,XX), Ambas as 
passagens traiam dos inimigos de Israel 
na época de I )avl, mas Pedro as aplica a 
Judas, Pela boca de Davi, o líspírllo San
lo predisse o deslino de pessoas ímpias 
que perseguem os servos de I )eus, lista 
profecia se aplica ao caso de Judas de 
dois modos particulares:
1) Seu lugar de habitação, ou seja, a casa ou 
o campo que ele comprou, ficará desertai 
estará sob maldição e ninguém viverá nela 
(SI 69.25).
2) Seu lugar de liderança será ocupado por 
outro (SI 109.8). O lugar que ele teve ri min 
apóstolo está desocupado, () papel adml 
nistrativo que os apóstolos lerái > lio 1'lllUlli 
Reino(Lc 22.28-30) torna imperativo ui imeai 
uma substituição.
Um homem precisa ser escollildi > paia 
ser o sucessor de Judas como aprtstolo 
(cf. At 1.26). A palavra “apó.siolo" tem 
um significado rico e variado, < > verbo 
do qual é derivado (aposlcllo) slgnllh a 
“enviar” ou “despachar"; literalmente, um 
apóstolo é um enviado ou embalxadoi 
() ofício cristão de apóstolo (• derivado 
possivelmente do conceito judaleo do 
sbuiiach. Este termo ocorre em lonles 
rabínicas e diz respeito a uma pessoa 
que age em benefício de oulrem, Hlii 
shaliacb delega autoridade, semdlhanU» 
ao que chamamos procuraçáo,
No N ovo Testa mente >, o termo A/x U/< >h > í 
usado em sentido geral e restrltlvi >, I ixei 11| ili »< 
do significado geral são enconiimlos em
I lebreus 3.1, onde Jesus ó chamai l< > "apôs 
tolo e sumo sacerdote da nossa i’< inhssfli i", 
e em Atos 14.14, onde Paulo e Mai nabí, 
missionários enviados pela congregaçAo 
de Antioquia, são chamados "aprtstülos" 
(cf. Km 16,7; Fp 2.25). Lucas usa eín sen 
sentido restritivo para designar os doze 
indivíduos que Cristo escolheu de unigni 
po maior de discípulos (Lc 6,12-16) como 
seus representantes especiais, No Hm do 
seu ministério terreno, os Do/e Ibrmain 
esse grupo especial, ainda quejuda* |(1 
náoseja um deles (cf, I (Io 1VS),
( )s apóstolos devem ser testemunhos 
da vida e ministério de Jesus, sobretudo 
sua ressurrelçílo, Como Atos delxu claro,
,i .sulwllliilção dejudim tem dr hüIInIíi/,(*i
dii,ls (|ualHic;n,'(V.s,
1) lilc* loitulc osiíir associado coinjcsus ao 
longo do seu mlnislório, <) batismo dc 
Jesus leito porJoão Balisla, e sua unção 
com o Kspírito marcam o começo do mi­
nistério dejesus; a ascensão é a conclusão 
do seu ministério terreno. Tendo estado 
com o Senhor desde o começo do seu 
ministério até à sua exaltação, o sucessor 
de Judas pode testemunhar com grande 
autoridade das poderosas obras e palavras 
de Cristo. Como testemunha ocular, ele 
pode falar sobre Jesus curar os doentes, 
libertar os possessos de demônios e livrar 
os pecadores da escravidão do pecado 
(Lc 1.2).
2) A qualificação essencial é ter visto Jesus 
depois da ressurreição (cf. 1 Co 9-1). Os 
apóstolos só testemunham do que viram 
e ouviram (At 4.20). Entre a ressurreição e 
ascensão dejesus, Ele deu muitas provas 
convincentes de que Ele estava vivo (At
1.3). Tendo visto o Senhor neste período, 
a substituição de Judas pode declarar que 
Jesus ressuscitou e vive para sempre. Os 
eventos do Evangelho devem ser centrais 
ao testemunho da Igreja.
Depois da lula d e Pedro, oh cirnlen 
escolhem dois homens; José, chamado 
Harsabas, e Mal las. Ambos estavam entre 
os primeiros discípulos de jesus e sáo 
bem-qualiíieados para suceder Judas. A 
Bíblia nào nos conta nada mais sobre 
estes dois homens. Depois de propor os 
nomes, os discípulos oram pela direção 
do Senhor, a fim de que Ele lhes mostre 
qual dos dois Ele escolheu: “Tu, Senhor, 
conhecedor do coração de todos, nu >stra 
qual destes dois tens escolhido, para que 
tome parte neste ministério e apostolado, 
de quejudas se desviou, para ir para o seu 
próprio lugar” (w. 24,25). Eles se dirigem 
a Deus por “Senhor” como alguém que 
sabe todas as coisas, inclusive os desejos 
íntimos do coração humano.
Depois da oração, os discípulos lançam 
sortes, entendendo que aquele em quem 
a sorte cair é a escolha do Senhor. No 
mundo antigo, o lançamento de sortes 
era usado extensamente para determinar 
a vontade de Deus (Lv 16.8-10; Js 18.6,8). 
Não temos meio de saber o método pre­
ciso que foi usado. Provavelmente pedras 
com nomes inscritos eram postas numa 
vasilha e sacudidos até que uma caísse.
FRÍGIA
PÁRTIA
MÉDIA
PANFÍLIA
[Jerusalém
W CIRENE
Dia de Pentecostes
La rA b ia Ato* 2.0-11CrontoB doutas área* witovam proaontes no Dia do Pantecoaten em JerutalAm.
Na Fcmln do Dln do Penteooetau em Joruwilóm, o Espirito Snnlo d (menu lobra o i discípulo» oomo um vonto 
violento e o que pareoeu saram llnjjuas de fogo que tooaram oada um dolow. O* dlsdpulos comaçaram a 
faim em lingual diferente» — línguas qua nurma tinham aprendido — au povo que tlnha vlndo de dlferentei 
imlSHB antianunlKiN
mu
Lançando sortes, os dlsdpulo* mosiram 
si forte eonvicçlo mi providência illvlrui, 
Deus era quem guiava o resultado de algo 
que parecia tõo ueldental quuntoo lança« 
mento de sortes, Quando a sorte é lançada, 
esta cal em Matlas, Deus já escolheu este 
homem como sucessor de Judas; a sorte 
simplesmente confirma a decisão. O fator 
humano é excluído no preenchimento 
do lugar vazio entre os doze apóstolos 
(Haenchen, 1971, p. 162).
A exaltação de Jesus e o preenchi­
mento do lugar desocupado cio traidor 
armaram o palco para o derramamento 
do Espírito.
2.2. O D ia de Pentecostes 
(2.1-41)
Atos 2 faz uma narrativa do primeiro Dia 
cie Pentecostes depois cla ressurreição cie 
Cristo. O Dia cie Pentecostes (hepente- 
coste, “o qüinquagésimo [dia]”) se dava 
cinqüenta dias depois de 16 de nisã, o dia 
seguinte à Páscoa. Também era chamado 
“Festa das Semanas”, porque ocorria sete 
semanas depois cla Páscoa. Por causa cla 
colheita de trigo que acontecia naquele 
período, era uma celebração cla colheita 
de grãos(Êx 23.16; 34.22; Lv 23.15-21). 
Nos dias de Lucas, também pode ter se 
tornado ocasião para os judeus celebrarem 
a doação cla lei no monte Sinai. Porém, 
não há autoridade para esta tradição do 
Antigo Testamento, nem há qualquer tra­
dição judaica conhecida já no século I que 
relacione a doação da lei com a Festa do 
Pentecostes. Muitos judeus devotos de 
vários países iam ajemsalém para observar 
a Festa cla Páscoa e ficavam até a Festa 
do Pentecostes.
A festividade judaica do Dia de Pente­
costes assume novo significado em Atos
2, pois é o dia no qual o Espírito pro­
metido desce em poder e torna possível 
o avanço do evangelho até aos confins 
cla terra, O batismo dos apóstolos com 
o Espírito Santo no Dia cie Pentecostes 
serve de fundação da missão da Igreja 
aos gentios. Essa experiência corresponde 
íi unção de Jesus com o Espirito no rio 
JordtoCLc 3.21,22).
Rxlitem semelhança* entre estes dois 
•vento*, O Bspfrlto desceu sobre Jesus 
depois que Kleorou (Lc ,4,22); no Dia de 
Pentecostes, os discípulos também sflo 
cheios com o Kspfrlto depois que oraill 
(At 1.14). Manifestações físicas acompa­
nham ambos os eventos, Norlo Jordflo, o 
Espírito Santc > desceu em forma e< »rprireu 
de pomba, e no Dia de Pentecostes a 
presença do Espírito está evidente na 
divisão de línguas de fogo e no (ato de 
os discípulos falarem em outras línguas, 
A experiência cle Jesus enlailzava uma 
unção messiânica para seu mlnl*(élic > tnl 
blico pelo qual Ele pregou o livangellio, 
curou os doentes e expulsou deu lAnli ts; t m 
apóstolos agora recebem ô mesmopoder 
do Espírito, Derramamentos subseqütM ite* 
do Espírito em Atos sflo semelhantes fl 
experiência dos discípulo» em Jeruwlém, 
Como Stronstad ( 19H4, pp, M,M) afirma 
com propriedade:
“Da mesma maneira que a unçfto dejesti»
(Lc 3.22; 4,18) 6 um paradigma part 0 
subseqüente batismo dos dlicípubs etiiti 
o Espírito (At 1,5; 2,4), assim 6 dom (In 
Espírito aos discípulos é um paradigma 
para o povo de Deus em tc>t los os 'till ImiM 
dias’ de uma comunidade c#rl»m(tlfl 
do Espírito e da condlçBa de profeta de 
todos os crentes (At 2,16-21)'',
Os paralelos entre a experiência dejettutf 
e os crentes primitivos é crucial ft Inter 
pretação de Atos e pr< >vê a I wse teolOglca 
para a experiência penleeostal dos dl«* 
cle hoje e para o serviço erlstflo no podei* 
do Espírito até que Jesus volte,
2.2.1. Sinais ün D lü c lp u ln i Pilo 
Cheios com o Espírito Nimto (/.I-4), 
No Dia de Pentecostes, os dlseípuli mülflo 
orando e esperando, prontos para serem 
batizados com o Espírito, Uma de suas 
características surpreendentes#« unidade, 
Lucas já descreveu que eles estflo tmiili is 
em oração, sugerindo que eles têm uma 
mente e propósito (At 1,14), O Dia de 
Pentecostes começa com eles "it >t It ts reu» 
nldos no mesmo lugar" (At 2,1) — mullo 
provavelmente no templo onde ele* se 
reuniam diariamente (Lc 24,S,4| At 2,46|
Ml
'5.42; cf. At 6.13,14)' Devido ao contex­
to, eles não estilo meramente no mesmo 
lugar, mas estão em comunhão uns com 
os outros. Seu verdadeiro senso de co­
munidade centraliza-se no conhecimento 
pessoal que eles têm do Cristo ressurreto 
e da devoção para com Ele.
Quando o Dia de Pentecostes desponta, 
o tempo de orar e esperar terminou para 
estes cento e vinte discípulos. A princípio, 
há um som sobrenatural vindo do céu, 
como um vento violento. À medida que 
o som enche a casa (o templo) onde eles 
estão sentados, línguas como fogo pou­
sam sobre os presentes. Sinais milagrosos 
introduzem o Dia de Pentecostes como 
no monte Sinai (Êx 19.18,19), em Belém 
(Mt 1.18— 2.12; Lc 2.8-20) e no Calvário 
(Mt 27.51-53; Lc 23-44). O vento e o fogo 
enfatizam a grandeza da ocasião e são 
evidências audíveis e visíveis da presença 
do Espírito — o som do vento poderoso 
significa que o Espírito Santo está com 
os discípulos, e as chamas de fogo em 
forma de língua que posam em cada um 
deles são manifestação da glória de Deus, 
acrescentando esplendor à ocasião.
Os relatos posteriores de enchimen­
to com o Espírito em Atos não sugerem 
que o som do vento e as línguas de fogo 
ocorrem de novo. Estes sinais são intro­
dutórios, somente para aquela ocasião. O 
sinal constante e recorrente da plenitude do 
Espírito em Atos é falar em outras línguas 
(At 10.46; 19-6). No Dia de Pentecostes, 
Pedro declara que Cristo derramou o que 
as pessoas vêem e ouvem (At 2.33). Falar 
em línguas (ou glossolalia) — um sinal 
externo, visível e audível— marca a dotação 
dos discípulos com poder sobrènatural, 
isto é, o fato de eles serem cheios com 
o Espírito.
O verbo traduzido por encher (pimple- 
mi), usado em Atos 2.4, está estreitamente 
ligado com o Espírito (Lc 1.41,67; At 
4.8,31; 9-17; 13-9). Este verbo é usado 
por Lucas para indicar o processo de ser 
ungido com o poder do Espírito para o 
serviço divino. Ser cheio com o Espírito 
significa o mesmo que ser batizado com 
o Espírito ou receber o dom do Espírito 
(cf. At 1.5; 2.4,38),
O Espírito Santo hubllltu os discípulos 
a "falar em outras línguas", Falar em lín­
guas não é meramente questão de von­
tade humana, pois é o Espírito que inicia 
a manifestação. Em plena submissão ao 
Espírito (“o Espírito Santo lhes concedia”), 
eles falam e agem conforme o Espírito os 
conduz. Tais expressões vocais não são 
fala estática ou mera algaravia; mas, como 
o termo “falar” (apoph th engomai) sugere, 
elas são poderosas e capacitadoras (cf. At 
2.14; 26.25). Este verbo se refere no Antigo 
Testamento grego à atividade de videntes e 
profetas que reivindicam inspiração divina 
(Ez 13.9,19; Mq 5.11; 2c 10.2) e indica uma 
proclamação divinamente inspirada.
As línguas no Dia de Pentecostes po­
dem ser corretamente descritas como 
proféticas e confirmam o padrão de Atos 
2.17,18: “Os vossos filhos e as vossas filhas 
profetizarão”. No batismo com o Espírito, 
declarações inspiradas originam-se com 
o Espírito Santo. Os crentes são porta- 
vozes do Espírito, embora permaneçam 
em pleno controle de suas faculdades. 
O Espírito respeita a liberdade e busca 
a cooperação deles. Ele fala por meio 
deles, mas eles estão falando ativamente 
em línguas e podem parar à vontade. 
Por exemplo, Pedro fala em línguas, mas 
pára quando se dirige à multidão. As­
sim a manifestação de línguas pode ser 
entendida como resposta e obediência 
ativas ao Espírito Santo.
A experiência dos discípulos no Dia 
de Pentecostes tem um significado quá­
druplo.
1) A principal característica do batismo com 
o Espírito é primariamente vocacional em 
termos de propósito e resultado. Como 
nos tempos do Antigo Testamento, u 
unção com o Espírito é primariamente 
vocacional, em vez de ser salvadora (i.e., 
que leva à vida eterna). O batismo com 
o Espírito não salva ou faz da pessoa um 
membro da família de Deus; antes, é uma 
unção subseqüente, um enchimento que 
equipa com poder para servir. No Dia 
de Pentecostes, os discípulos se tornam 
membros de uríia comunidade carismá­
tica, herdeiros de um ministério anterior 
de Jesus, Ele’s sfto Iniciados num serviço
652
capacitado pelo líspírllo r dirigido polo 
lÍN p írllo paru o Senhor,
2) 1'iiiai' cm IfnKUHN 6 o olnul Inicial do batismo 
com o Espírito. Serve como munllestaçilo 
exlerna do Espírito e acompanha <> bui Is 
mo ou imersão no Espírito. Para Pedro, o 
sinal milagroso demonstra a plenitude do 
Espírito. Ele aceita línguas como a evidência 
de que os cento e vinte foram cheios com
o Espírito. Como sinal inicial, as línguas 
transformam uma profunda experiência 
espiritual num acontecimento reconhecí­
vel, audível e visível. Os crentes recebem 
a certeza de que eles foram batizados com
o Espírito. O próprio Jesus não falou em 
línguas, nem mesmo no rio Jordão. Sua unção 
especial foi normativa para seu ministério, 
mas o derramamento do Espíritoem Atos
2 é normativo para os crentes. A distinção 
entre Jesus e os crentes é que Ele inicia a 
nova era como Senhor.
3) As línguas proporcionam aos discípulos os 
meios pelos quais eles louvam e adoram a 
Deus. Estes discípulos falam em línguas que 
nunca aprenderam, mas ao celebrarem os 
trabalhos poderosos de Deus elas são com­
pletamente inteligíveis aos circunstantes (v.
11). Todos os que testemunham o que está 
acontecendo reconhecem que os discípulos 
estão louvando a Deus. Em vários-idiomas, 
eles magnificam e agradecem a Deus pelas 
grandiosas coisas que Ele fez.
4) Falar em línguas é sinal para os ouvintes 
descrentes (cf. 1 Co 14.22). As palavras de 
louvor nos lábios dos discípulos servem 
como sinal de julgamento para os incrédulos. 
Com base na manifestação milagre>sa, Pedrc > 
declara: “Saiba, pois, com certeza, toda a 
casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós 
crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo" 
(At 2.36). Falar em línguas é o meio pelo 
qual o Espírito Santo condena os judeus 
por terem crucificado Jesus e por serem 
incrédulos. Tanto quanto a evidência itii 
ciai do batismo com o Espírito, as línguas 
podem ser sinal do desgosto de Deus,
2.2.2. Maravilha: A Multidão fica
Pasma(2.5-13). No Dia do Penleu>sles, 
os discípulos t&tmmui audiência Interna­
cional, pois Judeus devotos dejerusaltfme 
Ibra da Fiilesllnuse reuniam pura esta fesui 
judaica, Mutlus nuvem, muna variedade
de Idiomas, os discípulos talando solír» 
os ira ha II los maravilhosos do Deus I'm 
estas horas, os discípulos |n devem ler 
delxudo o templo e Ido para as ruas, t )s 
judeus lenientes a I )eus vêem o trabalho 
tio Espírito e ou vemos discípulos gallleus 
lalando em línguas dos grup<>s narlt mais 
presentes— um grande milagre! Sabendo 
que os discípulos não sabem eslas línguas, 
eles não têm explicação razoável paru o 
fenômeno. Lucas descrevo que a resposta 
destes grupos a este milagre (• coníusflo, 
assombro e perplexidade (vv, ft,l«<),
Pm nenhum outro lugar o Novo los 
tamento(e.g., At 10.dí); 19.6j J Co 12,14) 
descreve a “glossolalla" como íalur em 
idiomas estrangeiros, A auleulli Idade 
da manifestação não depende da pio 
sença ou ausência tie lalar em Idiomas 
estrangeiros. Paulo enfatiza que o dom 
de interpretação tem de ttcampwihttr rts 
línguas para que a Igreja loCftlso|n edlMrmla 
(I Co 12.7-10; 14.1-5), l)e acordo rum 
Paulo, as línguas são um Idioma, mtissom 
a companhia do dom do Intorprelaçfln 
uma mensagem em línguas permanece 
ininteligível ao locutor o ao ouvinte, í ) 
dom ile línguas devo sor lnler|iretado 
na igreja local.
Neste dia ocorre um milagre que ntiiui 
antes loi testemunhado, A sogulnlo|K*igillllH 
lói feita: Estas inspiradas expressões vocal* 
são um milagre de fala ou um milagre 
de audição? O milagre eslrt na laia, vlslu 
que é mais lógico pensar num mllagro 
em crentes do que em Incrédulos, Uma 
defesa do milagre só como tiueslflo ÜH 
audição tia multidão ô difícil ile sor lolin, 
sobretude > considerando que Atos i piiÍh 
liza as expressões vocais Inspiradas polo 
Espírito (“todos 1.,.] começa rum a la^tr", v,
i ). Além disso, a narrativa das línguas om 
Atos l(), IS,46 não enlatl/.a o ouvir, nuwo 
lalarem línguas (veja também Al iy.fi),
() povo reconhece a nalure/a mlracti
li >sa do <|ue estíi acontecendc >, I Ins oslflt i 
maravilhados e incomodados polo quo 
significa a manlfoslaçfln do líspírllo, lllos 
não lêm Idéia para que servo o milagre,
< mi r< is se dl vertem C( iinoaci mloclmetilo 
acusa ndo os dlscípi i los do oslaivm I Abados, 
Não reconhecendo alguns dos Idiomas
0,11
<1111* oh discípulos est&o fnlundo, elen oh 
confundem com tolice,
Míin o que alguns nfirmam que é re­
sultado de bebedeira é, na verdade, unia 
inunlfeHtaçãodo derramamento do Espírito 
Santo, ()s discípulos tiveram uma profun­
da experiência espiritual, e com alegria e 
vigor expressam ação de graças e louvor a
I )eus por suas obras salvadoras em Cristo 
e por serem batizados com o Espírito. O 
mesmo Espírito que guiou os patriarcas 
e capacitou os profetas veio para guiar e 
capacitar a Igreja a levar o evangelho a 
todas as nações.
A presença de “judeus, varões reli­
giosos, de todas as nações” no Dia de 
Pentecostes, começando com Pártia, 
a leste, e chegando tão longe quanto 
Roma, a oeste (vv. 9-11), indica que o 
evangelho é de âmbito universal. A missão 
crista já começou a alcançar “os confins 
da terra” (Haenchen, 1971, p. 170). O 
evangelho deve ser pregado em muitos 
idiomas e dialetos. A audiência universal 
antecipa a promessa de Pedro de que
I )eus derramará seu Espírito sobre “toda 
a carne” (v. 17).
2.2.3. D iscurso P neum a 
(2.14-36).
2.2.3.I. Explicação: Os Três Sinais 
C;iunpremaProfeciadeJoel(2.l4-21).0
a | lóstolo Pedro éagora cheio com o Espírito 
e se dirige ã multidão numa declaração 
inspirada pelo Espírito. Tendo ouvido os 
escárnios que as pessoas faziam dos discí­
pulos, ele responde à pergunta: “Que quer 
isto dizer?" (v. 12), com grande autoridade 
profética, Ele nega primeiramente que os 
dlNcfpulos estejam'bêbados: “São só nove 
IKiras da manhál" Os homens se intoxicam 
a qualquer hora, mas nas primeiras horas 
da rminhSt 6 altamente inverossímil. Nove 
horas era a hora da oração, e os judeus 
regularmente não faziam odesjejuam até 
uh dez. listes discípulos foram cheios com
o lispírllo,
Paru mostrar a falsidade da acusação 
de embriaguez e explicar oHlgniflcudo da 
iiHiiilfeHttiçflo do Hspfrilo, Pedro vincula 
oh icontâclmentoi tio Dl« de Penieconten
com Joel 2.2H-32. A multldfio entíl ven 
tio o cumprimento da profecia de Joel 
diante dos olhos, O que se esperava que 
ocorresse “nos últimos dias” aconteceu: o 
derramamento do Espírito de Deus. Falar 
em línguas é um sinal escatológico de que 
os últimos dias despontaram.
No Antigo Testamento, a expressão 
“últimos dias” se refere à vinda do Messias 
(Is 2.2; Mq4.1). No Novo Testamento, estes 
“últimos dias” são iniciados pela vinda de 
Cristo, e o derramamento poderoso dos 
sinais do Espírito assinala que a era mes­
siânica chegou. Os últimos dias cercam o 
período entre a Primeira e Segunda Vinda 
de Cristo. A era do cumprimento começou, 
ainda que a consumação final esteja no 
futuro. Os ouvintes no Dia de Pentecostes 
estão vivendo nestes últimos dias. O uso 
do plural em “últimos dias” indica que o 
derramamento do Espírito abrange mais 
do que apenas um dia.
A era do Espírito foi predita há muito 
tempo pelos profetas: “Isto é o que foi 
dito pelo profeta Joel” (v. 16). No Antigo 
Testamento, só algumas pessoas experi­
mentaram o Espírito. Do Dia de Pente­
costes em diante, Deus torna disponível 
a todos os seus filhos a plenitude do Es­
pírito. O poder carismático do Espírito já 
não está limitado aos líderes do poVo de 
Deus. Fundamentando sua mensagem 
na profecia de Joel, Pedro promete que
0 derramamento do Espírito é para "toda 
a carne”. É de escopo universal — sobre 
jovens e velhos, sobre filhas e filhos, até 
sobre os de posição social baixa, ta rito 
homens quanto mulheres. Em vez de ser 
derramado apenas sobre reis, sacerdotes e 
profetas, o Espírito será derramado sobre 
os crentes de toda raça, nacionalidade e 
gênero.
Ao receberem o batismo com o Espírito 
as pessoas elevem profetizar. Línguas que 
acompanham a experiência de Imersão 
no Espírito têm o caráter de fala profética, 
e Pedro liga o poder do Espírito com a 
explosão universal de profecia. A mesma
1 Igaçflo é feita entre o poder carismátlco d< > 
Espíritoea proledííem Números 11.24-29, 
onde os anciãos profetizam depois que 
o Sapfrltn foi transferido de Moisés para
4M
eles, Moisés expressa o desejo de que 
lodo o povo dc Deus pmletlze.Joel 2 
promete o cumprlmenu) do desejo de 
Moisés, e os acontecimentos do Dia 
de Pentecostes cumprem esse desejo 
potencialmente.A era da condição de 
profetas de todos os crentes desponta 
com o derramamento do Espírito em 
poder profético, criando uma comuni­
dade de profetas nos últimos dias.
O cumprimento inicial da promessa 
de Joel no Dia de Pentecostes batiza os 
discípulos para um ministério profético 
de dar testemunho da obra salvadora 
de Cristo. Mas este batismo do Espírito 
para profecia não é limitado aos crentes 
no Dia de Pentecostes. As palavras de 
Pedro: “Os vossos filhos e as vossas 
filhas profetizarão”, indicam a atividade 
profética contínua da igreja. Evidências 
adicionais das obras do Espírito serão 
vistas em “sonhos” e “visões”. Estes 
tipos de experiência eram meios de 
receber revelação profética (Nm 12.6). 
Através de “sonhos” e “visões” o Es­
pírito Santo revelou a verdade divina 
ao povo de Deus (Lc 1.22; 9.28-36; At 
7.55,56; 8.29; 9.10; 10.10; 11.5,28; 16.9;
22.17-21; 27.23).
O propósito deste derramamen­
to do Espírito é preparar o povo de 
Deus para a chegada do “grande e 
glorioso Dia do Senhor” (v. 20). Como 
prelúdio ao dia do Senhor, “prodígios 
em cima no céu” e “sinais em baixo 
na terra” ocorrerão. Sinais cósmicos, 
como guerra, incêndio, granizo e a 
coloração do sol precederão o Dia do 
Senhor, o dia em que a história como a 
conhecemos terminará. Primeiro vêm 
“os últimos dias”, introduzidos pelo 
primeiro advento de Cristo e o derra­
mamento do Espírito. Depois, vêm os 
grandes terrores apocalípticos no céu e 
na terra (Ap 8.5,7; 20,9). Por fim, vem 
“o grande e glorioso Dia do Senhor”, 
a Segunda Vinda de Cristo.
A Igreja existe nos "últimos dias", entre 
dois acontecimentos: o derramamento 
do Espirito e o retorno de Cristo, A era 
vindoura se tornou realldude na vida do 
povo dc Deus, A nova era despontou
C< >m a morte e reuni i rrelçfu ide Cristo e
i >s ac< ii itcdmenU >s dc 11 )!a de Pentecos­
tes, mas a velha era dc pecado e morte 
permanecerá até que Cristo chegue 
outra vez, Como resultado do batismo 
com o Espírito, o povo de Deus recebe 
poder para cumprir.sua mlssílc i prt ifétlca 
de testemunhar do evangelho. Nossa 
mensagem deve ser: “Todo aquele que 
invocar o nome do Senhor serrt salvo" 
(v. 21). Somente os que Invocam o .Ne 
nhor em oração clamando porsulvaçflo 
escaparão dos terrores do julgamento 
final. Até ao Dia do Senhor, as pessoas 
podem ir ao Senhor Jesus em busca de 
salvação (Rm 10,13-15).
2.2.3.2. Testemunhoi Pedro Pro­
clama Jesus como Senhor e Criato 
(2.22-36). Inspirado pelo KspfrlCO, o 
sermão e caráter de Pedro lUum em 
contraste com suas negações d< i Senlw ir 
(Lc 22.54-62), Depois do derramanwntc i 
do Espírito, ele se torna corajoso e 
ousado. Seu primeiro sermfte reílele 
suas convicções claras. Kle |d nfto tem 
dúvida sobre o Salvador e a mlssfto do 
Salvador e interpreta o significado da 
vida e ministério de Jesus,
1) Pedrochama a atenção a Jesus "Nu/iWiV i" 
(v. 22). Seu ministério foi claramente 
capacitado e aprovado por 1 )CUI, e srUK 
milagres eram evidência de que o Hsplrlli» 
o tinha ungido (cf, Al 10.38), Por melo 
clEle, Deus fez poderoMl maravilha» 
(dynamels), prodígios (ttimia) e sinais 
(semeia). Estes termos nflo significam Ifto 
tipos diferentes de açíc>, mas descrevem 
o mesmo trabalho divino, As maravIlItMs 
de Jesus são trabalhos poderc w<», p< tttjllP 
foram feitos pelo poder dc Deus, Como 
prodígios, eles despeitaram assoiftbm 
naqueles que os testemunharam, Como 
sinais, significaram a aprovnçftudeDfliN 
do que Jesus tinha ensinado com relaçílo 
a eles,
O ministério de Jesus era público, 
M u lios dt >s ou vintes do scrmfu i de Pedrc > 
tinham sido testemunhas oculares do 
que Deus realizara por Jesusi "Como 
vós mesmos bem sabeis" Cv, 22), O* 
milagres Unham acontecido entre eles, 
delxund( x * bem cientes de que tais feitos
destacaram Jesus como |X’Hno;i Ineomum.
I Xirante seu mlnistérk) tenvnc >,us< >pc >nenles 
dejesus designaram seu poder de expulsar 
demônios a Belzebu (Lc 11.15). Eles não 
ficam convencidos de que seu ministério era 
a obra de Deus, mas os discípulos sabem 
diferentemente (note, e.g., Lc 24.19).
2) A morte de Jesus na cruz ocorreu de 
acordo com o plano de Deus. Em vez de 
o reconhecerem como homem de Deus, 
os líderes judeus o crucificaram. Contu­
do, o que aconteceu não foi acidental; 
foi de acordo com o propósito de Deus 
que Jesus fosse entregue a eles. Incluso 
em seu plano de salvar o mundo estava 
a traição de Judas, o trama dos judeus e 
a decisão de Pilatos.
Os líderes judeus instigaram a morte de 
Jesus, mas “pelas mãos de injustos [anomoi, 
sem lei]” eles o fizeram ser crucificado. Os 
homens “sem lei” eram os romanos, que não 
tinham recebido a lei dada no monte Sinai; 
foram eles que pregaramjesus na cruz. Sem 
saber, eles estavam fazendo a vontade de 
Deus (At 13.27). Aqui, de modo profundo, 
o propósito eterno de Deus e a vontade 
humana foram unidos. Tendo crucificado 
Jesus, os judeus cumpriramavontade do Deus 
soberano. Mesmo assim, isso não minora o 
crime e a culpa dos responsáveis.
3) Deus ressuscitou Jesus. Homens ímpios 
mataramjesus; em contraste, Deus tomou 
ação decisiva e o fez voltar à vida nova­
mente. O plano divino levou Jesus pela 
morte para a exaltação como Senhor e 
Salvador. Ressuscitando-o, Deus o livrou 
de “as ânsias da morte” — tas odinas tou 
thanatou, o que literalmente significa “as 
dores cruciantes da morte”. O propósito 
não é mostrar que Jesus sofreu dores depois 
da morte, mas indicar de modo descritivo 
como Ele foi livre das garras da morte. As 
palavras “não era possível” (v. 24) signifi­
cam que a morte já não poderia prendê-lo 
em correntes como prisioneiro.
Como prova da ressurreição de Jesus,
Pedro cita a profecia de Davi no Salmo 16.8-
11, uma passagem que predisse a ressurrei­
ção de uma pessoa. Davi falou na primeira 
pessoa, como se estivesse referindo-se a si 
mesmo. Em vez disso, estava se referindo 
ao Santo de Deus, o Messias, DuvI mor-
ivu e Ibl enterrado; seu sepulcro flenvu 
em Jerusalém (v. 29). Ninguém presumia 
que Deus o tivesse livrado tio mundo dos 
mortos e que seu corpo já nâo estava mais 
no sepulcro. O Salmo 16 nâo se aplica a 
Davi, mas ao Messias.
O Salmo 16 é a oração de um homem 
piedoso que tem confiança de que o Senhor 
está à mão direita e não o abandonará no 
mundo dos mortos ou permitirá que seu 
corpo se decomponha, mas que ele se 
regozijará na presença de Deus um dia, 
Como Pedro explica, seu significado último 
acha-se emjesus Cristo, a quem Deus não 
abandonou no sepulcro ou permitiu que 
seu corpo se deteriorasse (At 2.31). Antes 
da crucificação, Jesus teve grande confiança 
no Pai (v. 26), e depois da ressurreição Ele 
foi cheio de alegria na presença de Deus 
(v. 28). Apelando para estas palavras de 
Davi, Pedro dá uma interpretação inspirada 
pelo Espírito da Escritura e prova que a 
ressurreição e a morte de Cristo ocorreram 
de acordo com o plano de Deus.
Como profeta talentoso de Deus, Davi 
previu não só a ressurreição de Cristo, mas 
também que o Salvador, como um que é 
“do fruto de seus lombos”, se sentaria no 
seutrono(v. 30; cf. Lc 1.69). Por juramento 
divino, o patriarca recebeu a garantia de 
que sua linhagem familiar continuaria 
ocupando o trono. O Messias prometido 
seria um descendente de Davi e regeria do 
seu trono. A promessa de Deus se referia 
a um tipo particular de descendente; um 
verdadeiro filho de Davi, cuja ressurreição 
demonstra que Ele é o Messias ungido 
pelo Espírito.
Ao longo do seu ministério terreno 
Jesus foi o Messias. Assim, o argumento 
de Pedro não significa que a ressurreição 
de Cristo o fez Messias. Porém, Pedro 
revela que Deus ressuscitou Jesus como 
o Messias para se sentar em seu trono, 
Cheio do Espírito, Pedro declara: “Deus 
ressuscitou a estejesus, do que todos nós 
somos testemunhas” (v. 32).
4) Deus derramou oEspírito. Depois de esta­
belecer Jesus corno o Messias, que tinha tie 
ser ressuscitado dos mortos, Pedro mostra 
que o Salvador foi, tie fato, exaltado ao 
trono tie Deus (v, 33). Hmbora ele e seus
lompimhclit» I enlw m v l*t< ijmtus ascender 
Hoc6u,dlwri|uovlr«m,lwvwtlmpHivcernB 
nuvem (At 1.9) nfto os convenceria. Hntflo, 
seu apelo é puni o que u audiência viu e 
ouviu — Pedro e seus colegas falando em 
línguas, as línguas de fogo vistas sobre suas 
cabeças e um som como um grande vento 
do céu. Para Pedro, este derramamento do 
Espírito é a prova de que Jesus foi “exaltado 
[...] à destra de Deus” (ARA), significando 
que Ele está num lugar de honra ao lado de 
Deus. Outra possível tradução é “exaltado 
pela destra de Deus” (RC), enfatizando o 
poder de Deus na exaltação de Jesus. 
Tendo ascendido ao céu, “[Jesus recebeu] 
do Pai a promessa do Espírito Santo”. Ime­
diatamente depois do batismo nas águas, 
Jesus foi cheio com o Espírito (Lc 3-21,22) 
e durante todo o seu ministério público foi 
o portador do Espírito por excelência (At
10.38). Ele não precisava do Espírito como 
dotação para si mesmo; mas quando Ele 
ascendeu ao céu, o Pai lhe deu o Espírito 
Santo para ser distribuído à Igreja (Haenchen, 
1971, p. 183). Em conseqüência, Jesus, o 
Senhor da Igreja, derrama o Espírito Santo. 
Tudo o que é visto e ouvido no Dia de 
Pentecostes emana do Cristo ascendido. 
De corpo, Ele está ausente da terra, mas 
presente com o Pai no céu. Como o Cristo 
exaltado, Ele continua distribuindo aos 
crentes o poder do Espírito Santo e os dons 
que Ele recebeu do Pai.
Em Efésios 4.8-11, Paulo liga o minis­
tério da Igreja com a ascensão de Cris­
to: “Subindo [Jesus] ao alto, [...] [Ele] deu 
dons aos homens”. Paulo tinha o Dia de 
Pentecostes em mente, quando o Cristo 
exaltado derramou o Espírito na Igreja 
para testemunho e deu dons espirituais 
às pessoas, tais como apóstolos, profetas, 
evangelistas, pastores e doutores. Do Dia 
de Pentecostes em diante, os ministérios 
da Igreja foram de caráter carismático. 
Não há sugestão na Escritura de que o 
caráter do ministério conduzido pelo Es­
pírito deva mudar. Através do poder do 
Espírito Santo, Cristo continua a equipara 
Igreja com uma variedade cle ministérios 
e ofícios (cf. At 13.1,2; 14.14; 21,8),
5) Jesus é o Messias, mas também é o Senhor, 
Ele ascendeu ao céu e está assentado no
imnndlvlno, Considerando queo próprio 
Duvl nfto Unlui entrudo no céu, cle nfto 
poderlu estar liiltmdo de sl mesnio quando 
escreveu no Salmo 110,1: "DIsseoNÜNHUH 
no meu Senhor: Assentu-te ii minha rtiío 
direita, até que ponha os teus Inimigos 
por escabelo dos teus pés", Os próprio# 
fariseus admitiram que esta passagem w 
refere ao Messias (Lc 20.41-44). No presente 
contexto, “o SENHOR" se refere a I )eu* Hul 
e “meu Senhor", ao Jesus exaltado, O fato 
de Davi chamar o Messias de Senhor Indlctt 
que Jesus é mais que um Alho »eu,
Não dando nada por certo, Pedro declara 
que Deus exaltou Jesus como Senhor e 
Cristo (v. 36). Desde o nascimento J t iu i 
era Senhor e Messias (Lc 2.11), DuiHnle 
seu ministério público Ele exerceu flinçA** 
como Senhor (cf. 1 Co 7,1Q,12,29| 9,%14| 
Hb 2.3) e morreu como Messias (At 34H|
10.38). Ele foi “declarado Filho cle Deu» 
em poder, segundo do Espírito d« santifl* 
cação, pela ressurreição cio» moitol" (Kffl
1.4). O derramamento do EapJritO no Dll 
cle Pentecostes confirma aos disefoulo» d i 
Jesus o seu poder e autoridade, AquRlv 1 
quem as pessoas pregaram na cruüi DVUI 
exaltou. O atual reinado de jeau» no tiáu 
prova quem Ele realmente é,
O povo cometeu um crime terrível • 
essas pessoas deveriam tremer dianta do 
pensamento de que estflo entre 0 número 
dos inimigos do Senhor Jesu», 81« tomou 
posse do seu trono à mflo direita de DCUI 
e continuará reinando até que Ele Vift» 
ça e derrote todos os seui InlmiflOS, À 
campanha poderosa para aubjugt-lo» já 
começou (Cl 2.15),
2.2.4. Respostai Cerca dc Trêa MU 
Pes8oasSãoSatvas(2.374D.Am«nMBMl 
inspirada de Pedro alcança o coraçflp do 
povo. Esses indivíduos entendem quIllUM 
palavras se aplicam a eles pessoalmente, 
pois muitos tinham concordado com M 
ações dos líderes contra Jesus, Depois 
que ouvem Pedro, eles "compunulmtTVM 
em seu coração”. Estando profundamente 
preocupados e convictos de seus pecado», 
ou seja, cle que mataram o Messias, elea 
inquirem! “Que faremos, varôe» IrmâOl!" 
Uma mudança ocorreu em auaa eonvic* 
çôes, e eles sentem uma aguda serwaçlo
dc* remorso. Eles acreditam que Jesus 6 
o Cristo, e seus corações ficam partidos 
diante do pensamento de que o assas­
sinaram. Convencidos de seus pecados 
pelo Espírito Santo, eles estão prontos a 
receber a salvação.
Pedro lhes diz que façam duas coisas: 
que se arrependam e sejam batizados no 
nome de Jesus Cristo. Aqui, o significado 
básico de “arrepender-se” envolve tanto 
uma mudança de mente quanto o remorso 
por erros e pecados (Bauer, W. F. Amdt e 
F. W. Gingrich, A Greek-Englísh Lexicon 
of the New Testament and Other Early 
Christian Literature, Chicago, 1979, p. 
512). Arrependimento exige abandonar 
a velha vida de pecado e viver uma vida 
de obediência a Deus.
As pessoas que se arrependem devem se 
batizar nas águas. A fé é o meio pelo qual 
Deus concede perdão. A ordenança do 
batismo em si é ineficaz para nos lavar do 
pecado. A frase que segue a ordem dupla 
de Pedro para o povo se arrepender e ser 
batizado, pode ser traduzido literalmente: 
“Para [eis] perdão dos pecados”. O grego 
pode expressar resultado ou causa. Aqui, 
“para” indica resultado, não causa (Dana 
e Mantey, 1955, pp. 103-105). Arrependi­
mento resulta no perdão de pecados; o 
batismo ocorre, porque os pecados foram 
perdoados.
O Novo Testamento não ensina que 
um ato físico como o batismo produz 
uma mudança espiritual. João Batista 
recusou batizar as pessoas até que elas 
mostrassem que tinham se arrependido 
(Mt 3.8; Lc 3-8). Jesus ensinou que o 
arrependimento precede o perdão de 
pecados (Lc 24.47). A Grande Comissão 
diz para fazer discípulos das pessoas 
antes de batizá-las (Mt 28.18,19). E agora, 
no seu sermão, Pedro põe o arrepen­
dimento antes do batismo (At 2.38). O 
batismo em águas deve ser precedido 
por arrependimento e fé.
A teologia sacramental insiste na orde­
nança do batismo como causa instaimental 
da salvação. Um rito externo como o 
batismo não é base objetiva para destruir 
o pecado; somente a morte expiatória 
d c Cristo na cruz pode fazer Isn o , Nem
o batismo pode mediar a salvaçflo, pois 
o Espírito Santo 6 o único portador o 
agente de salvação. A água nunca pode 
nos lavar de nosso pecado; por outro 
lado, as pessoas que se arrependem sin­
ceramente de seus pecados não devem 
considerar o batismo em águas como um 
rito desnecessário e sem valor. Pedro não 
só exige o arrependimento, mas também 
o batismo. Desde o princípio da missão da 
Igreja em Atos, o batismo tem seu lugar 
na pregação do evangelho e cumpre a 
Grande Comissão.
A ordenança do batismo deve ser 
feita “em nome de Jesus Cristo”. Esta 
expressão pode ser usada como fórmula 
batismal, mas tem maior significado. 
O batismo administrado em nome de 
Jesus reconhece sua autoridade e se­
nhorio. Pelo ato do batismo em águas, 
os crentes expressam fé e devoção a 
Jesus Cristo. Serve como sinal de que os 
pecados foram perdoados e como sinal 
de compromisso para Jesus Cristo como 
Senhor. Como resultado da fé em Cristo, 
o Espírito Santo renova e habita em todo 
crente (cf. Rm 8.9; 1 Co 6.19).
A seguir, Pedro promete que os que se 
arrependerem e forem batizados, “recebeifão] 
o dom do Espírito Santo”. Esta promessa 
deve ser entendida no contexto do derrama­
mento do Espírito no Dia de Pentecostes, o 
qual Pedro e seus colegas há pouco expe­
rimentaram. O trabalho inicial do Espírito 
segue o arrependimentoe lança numa nova 
vida em Cristo. A promessa de Pedro se 
refere a um subseqüente dom gratuito do 
Espírito e cumpre a promessa de Joel de 
poder carismático e pentecostal. Tal poder 
equipa os crentes para serem testemunhas 
de Cristo e os capacita a fazer milagres (cf. 
At 2.43). Este batismo é uma roupa com 
poder; é um dom que Jesus encoraja 08 
discípulos a buscar (Lc 11.13).
O poder pentecostal é prometido a 
todos os crentes: “A vós, a vossos filhos 
e a todos os que estão longe” (i.e,, aos 
gentios). O batismo com o Espírito é uma 
experiência potencialmente universal, 
como demonstram Cornélio e sua casa 
(At 10) e os discípulos em Éfeso(19,l*7). 
A promessa de umu dotaçfio especial do
Espírito não é somente puru u audlônclu 
imediata dc Pedro, mas puni todosos que 
crêem cm Jc.su,s Cristo e o ,seguem cm 
obediência (cf. Al S..■52). Não há restrição 
de tempo — de geração em geração (Al
2.39); não há restrição social — de jovem 
a velho, de mulher a homem e de escra­
vos a pessoas livres (w. 17,18); não há 
restrição geográfica — de Jerusalém até 
aos confins da terra (At 1.8).
Deus deseja que todo o seu povo tenha 
a mesma experiência momentosa que os 
discípulos receberam no Dia de Pentecos­
tes. O cumprimento de sua promessa do 
Espírito, dada no Antigo Testamento, não 
se exaure no Livro de Atos quando a Igreja 
alcança os gentios. Permanece uma bênção 
presente e universal, “a tantos quantos 
Deus, nosso Senhor, chamar”, incluindo 
“a todos os que estão longe”.
No sermão, Pedro responde a per­
gunta: “Que faremos, varões irmãos?” 
Os dizeres “com muitas outras palavras” 
(v. 40) indicam que Lucas deu apenas 
um resumo do sermão. Pedro continua 
advertindo, exortando e pleiteando com a 
audiência para que se salvem da geração 
má à qual eles pertencem (cf. Lc 9.41). O 
significado literal é “sede salvos” (sothete, 
voz passiva). Há um modo de ser livre 
do julgamento que os incrédulos inevi­
tavelmente enfrentarão, mas as pessoas 
não podem fazer nada para merecer a 
própria salvação. Fé e arrependimento 
são o único meio prescrito para receber 
o perdão de pecado.
A resposta à mensagem de Pedro é 
opressiva. Cerca de três mil pessoas 
recebem a pregação por considerá-la 
verdadeira. Adotando-a como regra cle 
ação, elas se submetem ao batismo e, 
assim, dão expressão pública da fé em 
Jesus como o Salvador ungido. Agora, 
elas estão unidas aos outros crentes e 
reconhecidas como membros da Igreja. 
O derramamento do líspírito no Dia de 
Pentecostes estabeleceu os discípulos 
como comunidade pentecostal e carismá­
tica. A Igreja deafruta de Impressionante 
crescimento depola que Jesus transferiu 
seu Espírito Jto# dladpulo# e Pedro pre­
gou um« mensagem Inaplrttdu, Medlunle
a pifHUvAo Inspirada, o Hspírllo Suiilo 
aumenta o número de crentes.
3. Os Atos da Comunidade Hailzudu 
c Cheia do Espírito (2A2—6.7).
3. /. Comunhão Inaugurada: A 
Vida interna e Externa da 
Comunidade (2,42-47)
Além do crescimento numérico, o der 
ramamento do Espírito provoca outra» 
mudanças. Começa a emergir entre ou 
crentes o que pode ser descrito por um 
“estilo de vida pcntecostal", Liieu» pln 
ta a vida desta comunidade de qtiulro 
modos.
1) Os novos-convertlclos silo crentp» com 
promissados, que se dedlcum flrmemeitle 
a tudo que é ensinado pelo» apÓNluUlM, 
Os apóstolos foram testemunhai ocultt 
res do ministério de Jesus, e os cmtlno» 
provêem a fundação paru a lurojtt, Je»u» 
tinha ordenado que os apóstolo» en»lmi» 
sem os que se tornassem dlicípulOM ( Ml 
28.19-20; cf. Lc 24.45-4«), Hleseimipifin M 
comissão de ensinar, e estes nc >v< >» crente» 
se entregam às verdades essencial» que 
são vitais para uma fé Corte e mantém 
se fiéis ao seu ensino, Doutrina »rtlldtt 
fornece base sã para o viver crlstfta "Ne 
vós permanecerdes na inlnlui palavra", 
disse Jesus: “Verdadeiramente serei» meu» 
discípulos" (Jo 8,31). Isto 6 justamente 
o que estes crentes ía/.em, Conhecer e 
confiar em Jesus não são atitude» al)»tfrtlM» 
para eles. Eles perseveram no#n»lnod«w 
apóstolos dia-rlamente,
2) Os crentes se dedicam ã "coiminliflo", A 
palavra “comunhão” (kotnonta) expres­
sa a unidade da igreja primitiva, Nfnltii 
ma palavra em nosso Idlonui traduz, »eu 
significado completamente, Comunllto 
envolve mais que um espírito comunal 
que os crentes compartilham uns com o» 
outros. É uma partldpaçiloci imumeninlvel 
mais profundo na comunhão csplrllim! 
queeslã "em Cristo", No lado humano, o» 
crente» partilham uns com o» outro», ma» 
a qualidade da coiminliflo (• determinada 
pela unIAo com Cristo, Mes foram chama- 
do» tl comunluio com l!le e purilclpum
ÉÊÊ
/\ 11 >n i « j n / \ n >,"> i » ; i , i w i
juntamente na sua obra salvadora. Sua 
participação mútua nlíle é efetuada pelo 
Espírito Santo (2 Co 13.13), e, “assim, se 
torna uma comunhão do Espírito Santo. 
E onde estão o Filho e o Espírito, está 
também o Pai, portanto, é uma comunhão 
com o Pai” (Rackham, 1953, p. 35). Estes 
primeiros discípulos são um pela fé em 
Jesus Cristo e pela comunhão uns com 
outros. Eles expressam amor e harmonia. 
Eles estão unidos de mente e coração.
3) Os novos crentes permanecem “no partir 
do pão” — expressão usada somente por 
Lucas. Diz respeito às refeições comuns 
ou à Ceia do Senhor? Um costume judeu 
antigo envolvia partir um pão com as mãos 
em vez de cortá-lo com a faca, mas o partir 
do pão também tem uma característica 
essencial da celebração da Ceia do Senhor. 
Obviamente mais está envolvido que fazer 
as refeições juntos. Tal significado está 
fora de lugar com assuntos de importância 
como “ensino”, “comunhão” e “oração” 
(cf. At 20.11). Lucas está relacionando aqui 
somente ações significativas de três mil 
crentes; assim, é altamente provável que 
o partir do pão se refira à observância da 
Ceia do Senhor.
O próprio Cristo partiu o pão no cenáculo e 
ordenou os discípulos a fazerem o mesmo. 
Depois de dar graças, partiu o pão e disse: 
“Isto é o meu corpo que é partido por vós” 
(1 Co 11.24). Estas palavras fornecem a base 
para chamar a Ceia do Senhor de “o partir 
do pão”. O partir do pão representa Cristo 
se doando para sofrer e morrer. Quando 
o pão e o fruto da vinha são recebidos, 
os crentes os vêem como sinais de que o 
Cordeiro imaculado de Deus 'foi morto. 
A observância desta ceia indica a morte 
de Cristo, mas também nos lembra que 
as bênçãos de Cristo são constantemente 
apropriadas, que sua força é a fonte de 
nossa força. A Santa Ceia também nos con­
voca a esperar o retorno de Cristo à terra. 
Ela antecipa as bênçãos e alegria de todos 
que participarão na ceia de casamento do 
Cordeiro (Ap 19.9).
4) Entre as devoções diárias destes novos 
crentes inclui-se a oração, Além cle mo­
mentos espeiitilo de oração c louvor, eles 
também oram nr> templo (At 3,1). Depois
dejesus ter ascendido ao réu, os discípulos 
voltaram a Jerusalém e fizeram do templo 
lugar de adoração (Lc 24.51-53). Hles ob­
servavam as horas de oração judaicas, e, 
antes do Dia de Pentecostes, reuniam-se 
em oração pelo batismo com o Espírito (At
1.14). Depois do derramamento do Espírito, 
eles continuam firmemente em oração. 
Assim, a oração e louvor marcam a vida 
da Igreja além dos outros três elementos. 
Todos os quatro elementos confirmam o 
poder e a presença do Espírito na Igreja. 
A devoção sincera dos discípulos não 
fica sem ser notada. Os milagres feitos 
por Deus através dos apóstolos e a de­
dicação dos discípulos ao viver santo 
inspiram uma reverência profunda entre 
o povo judeu por eles (v. 43). Estes cren­
tes manifestam uma comunhão notável, 
e por amor espontâneo a Deus e aos 
companheiros partilham suas possessões. 
Em lugar de negligenciar os pobres, eles 
vendem voluntariamente as “proprieda­
des e fazendas” para aliviar a angústia 
dos que estão em necessidade.Não há 
sugestão de que eles entregam tudo o 
que possuem para um fundo comunitário 
comum, mas dão bens para um armazém 
comum a fim de satisfazer necessidades 
específicas na comunidade cristã.
O fato de mais tarde Barnabé ser desta­
cado por vender uma propriedade indica 
que esta prática não é algo que todos 
os crentes fazem (At 4.36,37). Os novos 
crentes estão dispostos a compartilhar 
suas possessões quando surgem neees- 
sidades (v. 45). O termo comunismo não 
descreve esta prática. Antes, eles estilo 
expressando amor espontâneo, e é com­
pletamente voluntário.
Estes crentes humildes se encontram 
diariamente no templo. Sua clevoçao 
sincera os traz para a casa de Deus, um 
lugar sagrado. Provavelmente o templo é 
mais que um lugar de reunião para eles. 
Sua presença implica que participam na 
adoração diária (Marshall, 1980, p, H*>), 
Sua comunhão uns com os outros é forte 
porque se reúneifi em casas diferentes pura 
comerem. Estas refeições silo ocasiões 
joviais, A vldà admirável que eles estilo 
levando e os mll»greN que sflo leitos silo
A I v /n I « in f\ r ' i * in , i
lembretes vlstvels do poder tio Kspírllo 
no melo deles,
( )S VCI'1)( >S glVgt )N ll( >S VCTNÍfllU >S '13 11 47 
têm a lorça ele* açáo repetida ou contínua, 
Quer dizer, todas as pessoas continuam 
sendo cheias de temor, os discípulc >s c< >n- 
tinuam vendendo seus bens á medida 
que necessidades individuais surgem e 
continuam compartilhando coisas em co­
mum, e Deus continua acrescentando â 
comunidade os que estão sendo salvos. 
Completamente dedicados a Cristo, eles 
continuam louvando a Deus e adorando-o 
no templo. Eles experimentaram as bênçãos 
dos últimos dias: a alegria, a liberdade e o 
poder do Espírito Santo, e um profundo 
senso de ser o povo de Deus.
A influência e respeito nos quais os 
discípulos são vistos lhes dão a opor­
tunidade de testemunhar. Os esforços 
evangelísticos continuam, e há acréscimos 
diários à Igreja. À medida que as pessoas 
são perdoadas dos seus pecados, também 
são unidas à Igreja. Só o perdão dos pe­
cados dá direito à pessoa de tornar-se um 
membro. Sua comunhão continua também 
crescendo. Dia após dia Deus continua 
acrescentando à comunhão cristã os que 
se tornam crentes.
3.2. Exemplo: Cura
Conjirm atória (3.1-26)
Este milagre de cura física ilustra o poder 
sobrenatural que os discípulos receberam 
no Dia de Pentecostes. É um dos sinais 
dos muitos sinais e prodígios mencionados 
em Atos 2.43 e resulta em conflito sério 
com as autoridades judaicas.
3.2.1. Sinal: Pedro Levanta um Coxo 
(3.1-8). Por causa das circunstâncias nas 
quais ocorre, o milagre chama a atenção. 
Às três da tarde, Pedro e João, filho de 
Zebedeu, vão ao templo. Este é um dos 
horários regulares de oração no templo
— a hora do sacrifício diário cia tarde ( ííx 
29.38-41; Nm 2H.2-8). () templo tem várias 
portas: a porta chamada Formosa deve ter 
sido a P(>rta NIcant>r (n<nneada em lionra 
de seu doador, Nlcanor de Alexandria) 
ou a Porta C orín tla (por causa de suas 
portas de bronze coríntlo; veja Hengel,
l'JH3,pp, MM KM; 'HwiltifihtilIHiHnimry 
(l/lb f Nt>w Tvstonivnl, eds, (i, KltleleÚ, 
Frledtich, lirantl Haplds, l()M vol,
3, p. 236). A porta era |>assagem favorita 
para o pátio do templo,
Muitos dos cristãos |udeusdf|o pre isse- 
gulmento ás práticas religiosas que eram 
observadas por eles antes da eonversfto 
(vv. 1-3). Embora o templo |ít nfio se|tf 
lugar de sacrifício, visto que Jesus IW. 
expiação de “uma ve/, por Iodas" pelo 
pecado, continua sendo lugar deorayío, 
O recebedor desta cura miraculosa foi 
um indivíduo que Ibra aleijado por lodu 
a vida. Não era permitido que aleijados 
entrassem no recinto do templo ali'iti dn 
pátio dos gentios. Assim, esle delUlenlF 
era colocado diariamente fi P( >na Pormosa, 
onde mendigava ás pessoas que entravam 
para adorar. Assim <|ue Pedr<icjofloestfllt 
a ponto de entrar no santuário, eles dfln 
com ele fazendo apelos veementes por 
dinheiro.
Pedroejoáo fixamos olhos noilifldents, 
Olhando Intensamente nc> mendlgc), Petln i 
diz: “Olha para nós", As palavras de Pedro 
encorajam o Incapacitado, e ele se senti» 
confiante de que estes dois homens Vflo 
lhe dar uma oferta monetária, Aspalavram 
“Não tenho prata", sflo enftltlCRHe devem 
ter desapontado o mendigo,
Mas esta decepç&oé Imediatamente lÜi* 
persada, porque Pedro oferece «0 homem 
algo que somente Deus pode clui* — algo 
muito melhor, isto 6, a cura do COfpo 
Pedro ordena "em nome de Jesus Cristo" 
que o homem ande, Como em Atos 
o “nome” significa a autoridade e pettier 
de Jesus exercidos por seus seguidores 
para curar os doentes e mancos (At Mé| 
4.10). Quando Pedro laia estas tmlavnr», 
ele toma o mendigo pela mflo direita et» 
levanta nos pés, Imediatamente o mllilglP 
ocorre, e as pernas sáo curadas,
O poder milagroso de cura capacita o 
coxo náo só a se levantar, mas tamlKhtt 
a andar, llle salta de alegria, louvando a 
Deus (Isto é, declarando quilo grande e 
maravilhoso Deus í), Hste milagre # uma 
manifestação do poder do líspfrlto ,Santo 
concedido aos discípulos por Jesus no Dia 
de Pentecostes (At 2,35)< Embora Pedro
não tivesse "prata nem ouro" pura ciar ao 
mendigo, ele pôde chegar ao Ainago da 
necessidade física deste homem. A cura 
é feita cm nome de “Jesus Cristo, o Na­
zareno”, que identifica a fonte do poder 
e autoridade de Pedro.
3.2.2. Prodígio: A Multidão Fica Pas­
m a (3.9,10). O homem curado acompa­
nha Pedro e João ao interior cio templo. 
Quando as pessoas o vêem saltando e 
gritando, ninguém precisa perguntar o 
significado de sua conduta (w. 9,10). Eles 
o viram muitas vezes sentado à porta do 
templo e mendigando, mas agora todos 
vêem o homem pulando de alegria pueril, 
usando seu corpo são para expressar sua 
felicidade. É comentado duas vezes que 
ele está “louvando a Deus” quando entra 
no pátio do templo.
A reação do povo a este milagre é de 
“pasmo e assombro” (cf. Lc 4.36; 5.9; 7.16). 
O homem fora coxo desde o dia em que 
nasceu, mas agora encontrou o poder de 
Deus. As pessoas ficam maravilhadas com 
o que Deus fez por este mendigo cujo 
nome não é referido. Este grande sinal 
confirma a verdade da mensagem de Jesus 
e o poder de Deus para curar. Triunfos 
espirituais dependem da manifestação 
da presença e poder de Deus. Eles são 
designados a satisfazer as necessidades 
humanas. Lucas não dá indicação de que 
a reação das pessoas as instiga a ter fé na 
graça e poder de Jesus.
3.2.3. Testemunho: Pedro Proclama 
Jesus como Servo (3.11-26). A grande 
atenção gerada pelo milagre dá a Pedro a 
oportunidade de explicar que é o poder 
de Jesus que curou o homem. O que se 
segue é um sumário de sua explicação 
do acontecimento maravilhoso e sua pro­
clamação do Evangelho, o qual focaliza a 
centralidade da cruz. Como o sermão no 
Dia de Pentecostes, este segundo sermão 
(w. 12-26) tem sua base no kerigma cristão. 
Neste sermão, Pedro também fala sobre 
a Segunda Vinda de Cristo c as bênçãos 
associadas com o acontecimento.
A cura foi feita simplesmente "em nome 
de Jesus Cristo" (v, 6), O enlermo ime­
diatamente ficu forte «obre seus pés e 
tornozelos, e cada passo que ele dfl c um
pulo de alegria pueril. O homem se agarra 
a Pedro eJoão, Seu comportamento atrai 
uma multidão de pessoas, e ele lhes diz 
que Pedro c João são responsáveis pela 
cura. As pessoas se juntam no alpendre de 
Salomão, uma varanda situada ao longo 
do lado oriental do templo (cf. At 5.42; 
Jo 10.23).
A admiração das pessoas é direcio­
nada aos dois apóstolos, como se eles 
tivessem poder próprio para curar o 
homem. Pedro vira os pensamentos 
das pessoas na direção certa. Ele nega 
que a santidade e poder dele e de João 
fortaleceram o homem incapacitado. 
Antes, Pedro é somente um canal do 
poder extraordinário do EspíritoSanto, e 
indica para as pessoas a verdadeira fonte 
da cura extraordinária — o Deus dos 
seus antepassados, o Deus dos grandes 
patriarcas (Abraão, Isaque e Jacó); Pedro 
fez o milagre pelo “seu servo Jesus" 
(ARA; “seu Filho Jesus”, RC).
A palavra “servo” (pais) traz à mente 
as profecias de Isaías sobre o Servo do 
Senhor, o qual redimiria Israel por Seu 
sofrimento (Is 52.13— 53-12). Jesus é esse 
Servo Sofredor. Ele obedeceu a Deus, e 
Deus mostrou a grandeza e glória de Jesus 
curando o coxo. Pela “fé” no nome do 
Salvador crucificado e ressurreto o homem 
foi curado (At 3-16). Sem a resposta huma­
na da fé no poder e autoridade de Jesus, 
o homem teria permanecido aleijado, li 
difícil afirmar com certeza se foi a fé de 
Pedro e João ou a do homem curado. De 
qualquer modo, o homem é fortalecido 
por causa do nome de Jesus Cristo.
Pedro passa a descrever de três modos 
a enormidade do crime cometido contra 
Jesus (w. 13b-18).
1 )0 povo o entregou a Pilatos para ser morto, 
O governador desejou soltá-lo, mas 0 p< >v< > 
e os líderes se recusaram a libertá-lo,
2) O povoexigiu que Barrabás, um assassino, 
fosse solto em vez de “o Santo e o Justo" 
(v. 14; cf. Lc 23.18-25). Pedro dá prossegui­
mento ao tema do Servo Sofredor Inocen­
te. I,saias tinha deScrko o Servo Sofredor 
como "Justo"i "Com o leu conhecimento, 
o meu servo, ir )uNto, justificará a multoi, 
porque tis lnlqüidldu dele* levarfl sohrc
ti" (M 3.11 )■ Como Isaias, Pedro combina 
os temas tlc sofrimento e Inocência, r 
identifica Jesus como esse Justo, que de 
nenhuma maneira merecia ser tratado 
como criminoso (cf. Lc 23.47). Diante 
de Pilatos, o povo negara a probidade 
moral de Jesus.
3) As demandas do povo levaram os romanos 
a crucificar “o Autor da vida” (v. 15, ARA: 
“o Príncipe da vida”, RC). A palavra “autor” 
(archegos) pode ter o significado de “líder”, 
como num sermão posterior de Pedro (At
5.31). Aqui, “autor” no sentido de “origi­
nador” ou “fonte” se ajusta ao contexto (cf. 
Hb 2.10; 5-9; 12.2). Eles mataram o próprio 
autor da vida.
O clímax do mal que fizeram não é o 
que eles esperavam— “Deus ressuscitou 
dos mortos”. O triunfo de Jesus sobre a 
morte era uma ação de Deus, e Pedro 
declara que ele e João são testemunhas 
desta realidade inegável. A fim de evitar 
qualquer engano, Pedro enfatiza que 
o milagre foi feito pelo poder do Jesus 
ressurreto. Quer dizer, pela fé no nome 
do Salvador, o coxo na porta do templo 
foi fortalecido. Com os próprios olhos a 
multidão pode ver que ele foi curado. Esta 
proclamação do poder de Jesus deveria 
causar anelo nas pessoas para crerem.
Neste momento, Pedro se dirige ao 
povo por “irmãos”, não no sentido cristão, 
mas como compatriotas e como mudan­
ça de tom. Ele já falara sobre a culpa 
do povo em trair e rejeitar Jesus. Agora, 
Pedro coloca lado a lado a soberania de 
Deus e a livre agência humana (cf. At
2.23). Ele reconhece que o povo e os 
líderes reagiram por ignorância (v. 17) e 
que eles não entenderam o significado 
do que fizeram. O pecado teve um efeito 
ofuscante e os privou do poder de discer­
nir corretamente sua condição e atos. O 
apóstolo ressalta que o fracasso de eles 
perceberem o significado cio crime que 
comeram não os torna inocentes, porque 
eles agiram voluntariamente. Os maus 
tratos que impingiram em Jesus cumpri­
ram o que Deus predissera pelos profetas 
acerca do sofrimento e morte de Cristo, 
A crucificação nfto foi por acidente. Mas 
nem a ignorância deles, nem u vontade
eterna de Deus, os livram d« culpa por 
crucificarem Jesus,
Contudo, nfto é multo tarde para eles np 
arrependerem e acertarem as coisas com 
Deus, Pedro os exorta a se voltarem pura 
Deus (v. 19). Arrependimento envolve 
uma virada da velha vida de pecado e 
rebelião contra Deus para a nova vida 
de fé e obediência a Deus. O resultado 
imediato do arrependimento é que os 
pecados são destruídos ou apagados, () 
apóstolo não faz menção da fé, mas sua 
ordem traz a suposição de que eles crêem, 
caso se arrependam.
Para exortá-los a se voltarem do pecadi i 
para a fé em Cristo, Pedro menciona dois 
benefícios adicionais.
1) “Os tempos do refrigério pela presença 
do Senhor.” Durante anos os judeus têm 
esperado a era messiânica, a era dourada 
de bênçãos. Os próprios profetas íiilaram 
sobre a vinda de força e bônçslos espirituais, 
Esta nova época despontou com a Vinda 
de Cristo. “Os tempos do refrigério” rcle- 
ridos por Pedro é um modo de falar sobra 
o batismo com o Espírito, O povo pode 
experimentar a renovação ou "refrigério" 
da alma pela alegria e poder tio Espírito 
Santo. Como resultado de se arrependerem, 
não só o pecado lhes será perdoado e eles 
receberão alívio da culpa, mas eles também 
experimentarão a renovaçAo espiritual pelo 
Espírito Santo.
2) O segundo benefício de se voltarem do 
pecado para Cristo é a volta de Jesus 
do céu (vv. 20,21). Deus designou Jesus 
anteriormente para ser o Messias dos 
judeus. Pedro lembra os ouvintes que, 
como Jesus ensinou, sua Segunda Vinda 
não se dará imediatamente, Um perlo* 
do de tempo tem que decorrer antis do 
seu retorno terra. Alé esse dia, JtSUN 
habitará no céu. Mas quando Ele voltar 
novamente, Deus dará “restauraçlo de 
tudo, dos quais Deus falou pela boca 
de todos os seus santos profetas", Entfto 
ocorrerá a plenitude da renovaçflo ■- a 
restauração de todas as coisas,
Pelos profetas, Deus anunciou a pro­
messa dc restabelecer a ordem original 
da crlaçfto (Ia 11,6-Bi 35.1«10| 6117-25), 
Como conseqüência do pecado de Adio
no Jardim do tídcn, a erlaçfto flcou sujeita 
í\ desordem, corrupç&o e morte, Mas na 
volta de Cristo, todas as coisas ser&o postas 
sob seu senhorio, e o mundo físico será 
devolvido à sua ordem original e perfei­
ta. Cristo redimirá a ordem mundial e a 
livrará da maldição de Adão. A criação 
será restabelecida à beleza, fertilidade, 
ordem e unidade que existiam antes da 
queda (Mt 19.28; Rm 8.19-23; 2 Pe 3-13; 
Ap 21.5).
Pedro adverte o povo contra rejeitar os 
assuntos que ele está falando (w. 13-18) 
e os exorta que se arrependam e creiam 
em Jesus. Ele cita a famosa profecia de 
Moisés, na qual o Senhor prometeu que o 
futuro Messias seria profeta como Moisés 
(Dt 18.15-19; cf. Nm 11.29). Moisés é di­
ferenciado de todos os outros profetas no 
ponto em que ele era libertador e regente 
sobre o povo de Deus. Como ele, Jesus é 
Libertador e Regente, mas a libertação que 
Ele dá é mais gloriosa, e seu senhorio será 
absoluto na sua Vinda: “E acontecerá que 
toda alma que não escutar esse profeta será 
exterminada dentre o povo” (v. 23). Ele 
é mais que profeta ungido pelo Espírito; 
Ele é o Messias prometido, o Salvador 
ressurreto e glorificado.
Outros profetas do Antigo Testamen­
to também falaram sobre o Salvador (v. 
24). Muitos deles predisseram “estes dias” 
discutidos em Atos e os acontecimentos 
importantes no ministério de Jesus. Co­
meçando com Samuel, muitos dos pro­
fetas incluíram em sua mensagem um 
elemento de esperança futura. Pedro já 
citou muitas de suas predições, todas as 
quais acham seu cumprimento último e 
final em Jesus Cristo.
Pedro faz um apelo final aos ouvintes 
como “filhos dos profetas”. Eles devem 
esperar que as promessas proféticas 
sejam cumpridas, e que serão pesso­
almente abençoados quando elas fo­
rem cumpridas. Eles também são filhos 
“do concerto que Deus fez com nossos 
pais”, Deus fez este concerto primeiro 
com Abraio, e pelo concerto prometeu 
bênçSlos aos descendentes de Abraão e 
a “todas as famílias da cerra" (v, 25; cf. 
Gn 12,3; 22,18), Lembrando o povo das
bênçílo» prometidas u Abrafio, Pedro 
sugere que bênç&os sfto oferecidas em 
Cristo, o verdadeiro descendente de 
Abraão. As bênçãos são tilo grandes que 
abarcam todas as nações e povos. Deus 
enviou o Salvador ressurreto primeiropara abençoar Israel por causa de sua 
relação com os profetas e Abraão. Por isto, 
o evangelho foi pregado primeiramente 
aos judeus. Como povo de Deus, eles têm 
a oportunidade de serem abençoados 
antes do restante da humanidade.
Os que ouviam Pedro viram as promessas 
dos profetas cumpridas no ministério e vida 
de Jesus. As mesmas bênçãos prometidas 
a Abraão agora podem ser recebidas por 
todo aquele que se desvia de seus caminhos 
maus (v. 26). O propósito exclusivo da 
primeira vinda de Jesus é que as pessoas 
se arrependam dos pecados e recebam a 
prometida bênção de salvação. Tal bênção 
as habilita a se afastarem dos caminhos 
do pecado, serem renovadas pelo Espírito 
Santo e capacitadas para servir.
33- Oposição (4.1— 5.42)
O capítulo 4 fala sobre a primeira persegui­
ção da Igreja. A cura do homem incapaci­
tado e o segundo sermão de Pedro deixam 
uma impressão favorável nas pessoas. As 
notícias sobre a cura espalham-se por 
toda a cidade de Jerusalém. O milagre 
junto com o apelo de Pedro (At 3.12-16) 
desperta a oposição dos líderes judeus, 
sobretudo dos saduceus. Eles prendem 
Pedro e João e os levam ao Sinédrio.
Seguindo imediatamente a discussão 
deste problema externo, o capítulo 5 re­
gistra um problema interno dentro da 
comunidade cristã: o egoísmo de Ananias 
e Safira (w . 1-11). Depois da exposição 
e castigo deste casal, os apóstolos fazem 
muitos milagres. Esses milagres e o au­
mento no número dos crentes instigam os 
saduceus a prender todos os apóstolos e a 
pô-los em julgamento diante do Sinédrio 
( w , 12-42). Contudo, apesar da oposição, 
a Igreja continua ppegando o evangelho 
e crescendo,
3.3.1. Oa Sacerdote» e Saduceus Pren­
dem Pedro ejoio(4l-22). Anteriormente,
144
os sudueeus i Inimin no t in< >mi< i h Jesus (l.c
20,27-40), Tumundi> a llderunvu ct >ntlíi os 
apóstolos, estes líderes judeus agora sflo 
responsáveis dela prisão de Pedro ejoâo 
(veja também Al S. 17; 23.6-10),
As diferenças teológicas e políticas 
entre os saduceus e fariseus são bem 
conhecidas. Ao contrário dos fariseus, 
os saduceus não criam na ressurreição, 
anjos e espíritos (Lc 20.27; At 23.8). Eles 
não eram um corpo oficial como os sa­
cerdotes, mas eram um partido sacerdotal 
e aristocrático, ao qual as famílias dos 
sumos sacerdotes pertenciam. Como 
representantes da teologia oficial do 
templo, eles rejeitavam a tradição oral 
e só aderiam à lei escrita. Politicamente 
simpatizavam com Roma, apoiando o 
status quo, visto que os assegurava na 
permanência de poder. Sua hostilidade 
aos cristãos mostra que são os oponentes 
ferrenhos da Igreja (cf. TheologicalDictio- 
naryoftheNew Testament, eds. G. Kittel 
e G. Friedrich, Grand Rapids, 1964-1976, 
vol. 7, pp. 35-54).
3 .3 .I.I. Pedro e joão São Presos (4.1-
4). A primeira deflagração de perseguição 
contra a Igreja vem das autoridades do 
templo, que estavam a cargo do templo 
onde o coxo fora curado e o povo se 
reunira. Enquanto Pedro e João estão 
falando, “o capitão [da guarda] do tem­
plo”, acompanhado pelos sacerdotes do 
templo e pelos saduceus, aproximam-se 
deles. Sendo o imediato em autoridade ao 
sumo sacerdote, o capitão da guarda do 
templo era responsável pela boa ordem 
no santuário (At 5.24,26).
O milagre de cura chamou muita aten­
ção. As autoridades são particularmente 
contra os apóstolos “anunciatrem] em Jesus 
a ressurreição dos mortos” (i.e., o triunfo de 
Jesus sobre a morte). O assunto em questão 
é a ressurreição de Jesus, não a ressurreição 
geral. Sua vitória sobre a morte é a base da 
ressurreição de todos os crentes. A prega­
ção dos apóstolos sobre a ressurreição de 
Jesus implica fortemente que o povo em 
geral ressuscitará. Visto que a ressurreição é 
diretamente oposta à doutrina dos saduceus, 
eles não tolerarão as afirmações de Pedro 
e Joio. Essa resposta implica que, nessa
«'|mk u, tudii u política c teologia d o tem plo 
eram conlroludus por eles,
Ai^ este Incidente, o ministério dente« 
apósu >l< >s li >ra sem Intemipçôes, mas ug( »m 
eles são abruptamente presos pelas auto­
ridades do templo. Por ser muiti > tarde, as 
autoridades os colocam em prisão nté o 
dia seguinte (v. 3). A prisão dos dlscípvik >s 
deve ter geratk) grande excltaçàc> entre dos 
crentes, que possivelmente lembram de 
cenas semelhantes que levaram ít morte 
de Jesus.
Não obstante, capacitados pelo Bipf* 
rito, a pregação de Pedro e Joio sobre tis 
boas-novas de salvação teve um elello 
decisivo. Por causa da cura do coxo e du 
pregação de Pedro sobre o batismo com 
o Espírito, muitos crêem na mensagem 
de salvação. Assim, apesar da oposIçAo, 
a Igreja continua crescendo. No 1 )lu de 
Pentecostes, três mil pessoas aceitaram O 
evangelho, mas agora a Igreja aumentou 
para cerca de cinco mil indivíduos. Hsle 
ataque aos apóstolos não impede a Igreja 
de crescer. O aumento cle crentes desde 0 
derramamento do Espírito mc xstra que a Igreja 
tem crescido diariamente (At 2.47) e que u 
oposição não obstrui o evangelismo,
3.3.1.2. D iscurso Pneumat Pedro 
Discursa Perante o Sinédrio (4.5-12). 
O Sinédrio se reúne na manhã seguinte 
a fim de determinar o que deve ser feito 
com Pedro e João. Este corpo formado 
por setenta e um homens era o supremo 
tribunal político e religioso dos judeus, 
Era composto de “principais" (às vezes 
chamados principais sacerdotes), “anclflos" 
(leigos que representavam experiência e 
que eram cabeças de famílias aristocráticas) 
e “escribas” (os intérpretes oficiais du lei, 
muitos dos quais pertenciam ao partWO 
dos fariseus).
Entre os integrantes do Sinédrio está 
Anás, que serviu como sumo sacerdote de 
6 d.C. a 15 d,C. Uma vez tendo recebido u 
função de sumo sacerdote, o homem retinha 
o título pelo resto da vida. Apesar do fato 
de Anás ter sido deposto pelos romunos, 
ele ainda era reconhecido como sumo su- 
cerdote (Lc 3.2) e tinha grande Influência, 
O sumo sacerdote oficial é Calfá* (1H-36 
d,C,), o genro de Anfls, Nuda é sabido sobre
Joio e Alexandre, também membros do 
Slnédrk >, exceto t |uo sílol u )mensde grande 
autoridade. Outros presentes na reuni Ao 
são “todos quantos havia da linhagem do 
sumo sacerdote”, que mantêm posições 
várias na administração do templo.
O sumo sacerdote oficial, Caifás presi­
de a reunião. Quando o Sinédrio se reú­
ne, Pedro e João são trazidos. O homem 
curado também está presente. O Sinédrio 
pergunta aos dois discípulos por qual 
autoridade ou em nome de quem eles 
curaram o aleijado.
A pergunta proporciona a Pedro opor­
tunidade para apresentar o evangelho. Os 
apóstolos tinham testemunhado sobre o 
evangelho antes do Dia de Pentecostes, 
quandojesus os enviou a uma excursão de 
pregação (Lc 9-1-9), mas depois do Dia de 
Pentecostes há um novo poder e qualidade 
na pregação. O que Jesus lhes promete­
ra é cumprido na experiência do Dia de 
Pentecostes (Lc 12.11,12; 21.12-19; 24.49). 
Estando cheio com o Espírito, Pedro, que 
anteriormente negara o Senhor três vezes 
(Lc 22.54-62), se levanta com ousadia diante 
das autoridades. Sua mensagem poderosa 
reflete suas fortes convicções e é paralelo 
ao sermão no Dia de Pentecostes.
Pedro declara que o homem fora curado 
pelo poder no nome do crucificado e res- 
surretojesus de Nazaré. Dando-se conta de 
que os líderes judeus não podem negar o 
milagre com o homem diante deles, Pedro 
passa a falar sobre a morte e ressurreição de 
Jesus, servindo-se do Salmo 118.22 como 
prova. O crucificado é aquEle a quem os 
construtores (i.e., os líderes dos judeus) 
rejeitaram, mas na ressurreição dos mortos, 
Deus o fez cabeça de esquina. A pedra 
que os construtores pensaram que não era 
boa tornou-se a pedra mais importante. 
Exaltado no céu, Jesus é indispensável 
para a fundação do edifício de Deus. “E 
em nenhum outro há salvação, porque 
também debaixo do céu nenhum outronome há, dado entre os homens, pelo qual 
devamos ser salvos” (v. 12).
Tanto o substantivo “salvação”, quanto 
o verbo "salvos” (cf, v. 9) podem ter .um 
significado dual. Podem ae referir ii cura 
física, mas também íi Ubertuçflo do peca­
do e do Julgamento final, Nu deduraçílo, 
Pedro afirma que ninguém, senfio Jesus, 
oferece ao povo a salvação no mais ple­
no sentido. Somente no Jesus rejeitado, 
mas agora exaltado, a salvação pode ser 
encontrada — não meramente libertação 
de males físicos, como experimentou o 
homem na Porta Formosa, mas libertação 
da escravidão do pecado e da conde­
nação. Não há salvação para ninguém, 
exceto no nome de Jesus, a quem eles 
crucificaram. O evangelho exige fé nEle 
e obediência a Ele.
3.3.I.3. Resposta: O Sinédrio Proíbe 
Pedro e João de Pregarem (4.13-22). 
Capacitados pelo Espírito Santo, Pedro 
pregou Jesus. Os membros do Sinédrio 
estão pasmos com estes dois simples 
pescadores galileus (w . 13,14). Eles re­
conhecem que Pedro e João não tiveram 
educação especial em teologia e retórica, 
nem tiveram treinamento formal na lei 
judaica. Não obstante, estes dois homens 
inspirados pelo Espírito Santo, têm ousad ia 
e coragem diante dos juizes. O Espírito 
Santo os habilitou a falar livremente e com 
confiança. O conselho lembra com justeza 
que eles “haviam estado comjesus”, Eles 
eram seguidores de Jesus, e seu caráter 
deixou marcas neles. A graça renovadora 
de Deus e a unção do Espírito tornaram 
Jesus visível na vida desses apóstolos.
No fim do sermão de Pedro há silên­
cio total — “Nada tinham que dizer em 
contrário” (v. 14). Nenhum deles pôde 
contradizer o que fora dito. O que eles 
podem fazer? O homem que fora curado 
está com Pedro e João. O conselho está 
num dilema.
O silêncio é quebrado pela proposta 
de que os prisioneiros sejam retirados 
da sala do conselho. O milagre extraor­
dinário é conhecido por toda Jerusalém 
(v. l6). Em suas deliberações, o Sinédrio 
determina colocar um basta nas prega­
ções sobre Jesus. Não nos é dito como 
Lucas fica sabendo sobre os pormenores 
da discussão do conselho, mas depois 
“grande parte dps sacerdotes obedecia íi 
fé” (At 6.7). É possível que alguns deste 
grupo tenham compartilhado os detalhes 
dos procedimentos.
An,sim «1111* ii soluçflo adoiuda, o Si 
nédrlo chama os apOslolos v cmlle dura 
advertência contra a pregaçAo,sobre Jesus 
sob qualquer clrcunsl Anela, <|iior públic a, 
quer privada. Isto é o melhor que o tribunal 
judaico pode fazer, porque os apóstolos 
não quebraram a lei.
Como servos do evangelho, Pedro eJoão 
sabem que não obedecerão esta ordem 
de ficar em silêncio, e dizem ao tribunal 
que não podem obedecê-la. A questão 
importante é: a quem eles devem obedi­
ência? Eles têm de obedecer a Deus ou à 
ordem de uma instituição humana? Para os 
apóstolos, quando há conflito entre estes 
dois, Deus sempre deve ser obedecido em 
vez de obedecer aos seres humanos. Eles 
foram chamados por Deus e capacitados 
pelo Espírito Santo para pregar o Evan­
gelho; nem por um momento deixarão 
de falar do que têm “visto e ouvido” (v. 
20). Eles foram testemunhas oculares do 
ministério de Jesus e compelidos pelo 
dever de continuar dando testemunho 
de suas ações e ensinos, sobretudo da 
ressurreição. A libertação do coxo tes­
tifica que Jesus ainda está vivo e cura 
as pessoas. Ninguém pode impedir os 
apóstolos de pregar o que eles sabem ser 
a verdade. Eles estão dispostos a morrer 
pelo evangelho.
O Sinédrio pouco pode fazer sobre tal 
desafio. O povo entusiasticamente aceitou 
a cura milagrosa de um homem que fora 
coxo há mais de quarenta anos, e louva 
a Deus por este grande sinal. Com o de­
sejo de conciliar as pessoas e talvez com 
medo desses apóstolos por quem Deus 
fez o milagre, o tribunal judaico contém 
sua raiva. Porque as autoridades não têm 
base legal para prender Pedro e João, o 
único recurso que lhes resta é deixá-los 
ir. Mas não sem antes repetirem as ame­
aças do que acontecerá se eles aparecem 
novamente diante do tribunal.
3.3-2. Teofania:AComunidadeÉCheia 
comoEspírlto(4.23-31). I)epc>is da liber­
tação dos apóstolos, o enfoque cai sobre 
a oração dos crentes e a resposta a essa 
oração, para que eles sejam cheios com
o Espírito, Pedro ejoâo vão a um grupo 
grande de irlsiít< >n, provavelmente 110 tem-
I >li), e 1 iN 1111«irmuni ni >1 ire as ameaças dus 
auli irldades |u<laicas, A reaçAo Imediata c 
(|ite eles "unAnlmes" se levantam (v. i-l) 
em (iraçAi >. listes erlslA(>,s estile 1 iml< lim n<» 
Espírito enquanto adoram a 1 )eus (cf, At
1. 14; 2,44). Suas mentes e c( iraçOes síl< >11111 
enquanto oram ao Criador, Eles se m< ivem 
como um corpo, unidos em Cristo,
De todas as orações registradas em 
Lucas-Atos, esta é a mais longa, líla mm 
faz lembrar das orações do Antigo Tes 
tamento como 2 Keis l(). 15-l'J e Imtlas 
37.15-20. A oração é merecedora de 
estudo e imitação.
1) Estes crentes começa 111 recc inltecciu li 11 kuis 
como “Soberano Senhor" (AKA), Klrs tv 
cordam seu poder grandioso nu erluçflo •' 
confiam que Ele controla tudo na temi e
no céu.
2) Eles se referem a uma profecia <|iic o No 
berano Senhor deu por melo dr DuvInoIi 
a inspiração do Espírito Santo (Sl 2,1,2), c 
eles a aplicam ao sofrimento dr Jesus (t I 
também Al 13.33; Uh l.*>; VS), IIA multo 
tempo Davi predissera a persegulçAo de 
Cristo pelos inimigos, Jesus solVeu ftniliflos 
das “gentes” (“nações”, os romanos), do 
povo de Israel e dos príncipes (Incluindo 
HerodesePilatos). Oí< judeus trumummeonttti 
o Ungido de Deus. Embora IMlutosportffs 
vezes o achasse inocente (I,c 2,1,'1,14,22), 
eles ainda o entregam para ser cruclflcmln,
Quando 0 Slnódrlo pergunta n I >«dro a J0A0 i|im 
poder 0I08 usam paro curnr o mondlgo noxt), P idro 
respondo que 6 polo nome do Jeiun, "b psdra que 
foi rejeitada por vôh, o« edlfloadorei, n qual tal 
poHtn por cabaça da eaqulna". Enln enorme patim 
dlnlel Hpóla uma parado do Nlnroda, uma fnrtala/a 
nlilo do «éoulo XIII mu QolA, conitrulda no lampo 
daaoruiadai,
ML
A i u n u u a a h w iw i .w r » ' i
Como Davi, Jesus é descrito como o "servo" 
de Deus (At 4.27, ARA; "Filho”, RC), mas 
sua descrição como “santo servo" enfatiza o 
sofrimento inocente como o Servo Sofredor 
de Isaías 53 (cf. At 3.14).
No batismo, Jesus foi ungido pelo Espí­
rito como Messias (Lc 3-22; cf. Lc 4.1). 
A conspiração dos adversários contra o 
Salvador ungido pelo Espírito estava sob 
a soberania de Deus (At 4.28). O que as 
autoridades lhe fizeram ao condená-lo 
estava em pleno acordo com o propósito 
de Deus. O Senhor soberano permaneceu 
no controle e usou as ações livres, ainda 
que más, dos seres humanos para realizar 
a salvação. Sua mão predominante deve 
tranqüilizar o seu povo em face da per­
seguição; como Jesus, eles esperam ser 
vindicados pelo Senhor.
3) Os crentes chamam a atenção para as atuais 
circunstâncias (At 4.29,30), com as ameaças 
feitas contra eles (Theological Dictionary 
ofthe New Testament, eds. G. Kittel e G. 
Friedrich, GrandRapids, 1964-1976, vol. 4, 
p. 1.122). A Igreja se acha numa situação 
difícil. Os crentes não estão em perigo de 
perder poder político ou privilégios, mas 
algo muito mais precioso— a liberdade, até 
a vida. Mas em vez de orar por libertação do 
perigo, eles pedem coragem para pregar a 
“Palavra”. A Palavra de Deus é a mensagem 
de Jesus Cristo e a obra salvadora de Deus 
nEle. A palavra “ousadia” (parresia) se re­
fere à coragem e liberdade de expressão, 
que é o resultado de ser capacitado pelo 
Espírito (cf. Lc 21.15). Os crentes querem 
ser inspirados pelo Espírito Santo, de for­
ma que eles venham a ter a coragem para 
atrevidamente apresentar a mènsagem de 
salvação sem qualquer consideração pelas 
ameaças dos inimigos.
Ao mesmo tempo, estes crentes estão 
cientes de que sinais e prodígiosajudam 
a palavra pregada. Assim, eles também 
pedem que Deus aja diretamente e por 
sua mão cure os doentes e faça milagres 
pelo poder de Jesus. Fica claro por que 
as ordens do Sinédrio contra as ações 
poderosas são ineficazes; Eles estão ten­
tando parar o próprio trabalho de Deus, 
O testemunho que oh discípulos d&o do 
evangelho nfio pode ser suprimido, nem
os sinais e prodígios que atestam a apro­
vação divina do ministério.
4) Deus responde a oração (v. 31). Ele lhes 
dá um sinal visível de sua presença: o 
lugar (topos) onde eles estão reunidos é 
sacudido. Lucas não identifica o lugar onde 
eles se reuniram, mas a evidência indica 
que é o monte do templo, o qual teria 
acomodado um ajuntamento de milha­
res de pessoas. Há outros exemplos na 
Escritura de acontecimentos essenciais que 
provavelmente aconteceram no monte do 
templo. Depois da ascensão de Cristo ao 
céu, os discípulos “estavam sempre no 
templo, louvando e bendizendo a Deus” 
(Lc 24.53). Depois do Dia de Pentecostes, 
Pedro e João foram ao templo para orar 
(At 3.1). Um pouco depois, os discípulos 
“estavam todos unanimemente no alpendre 
de Salomão” (At 5.12), e eles continuam 
se reunindo todos os dias nos pátios do 
templo (At 5.42). Tanto em Atos 4.31 quanto 
em Atos 6.13,14, a palavra “lugar” (topos) 
diz respeito ao monte do templo.
Em outras palavras, o modõ como Lucas 
usa o termo “lugar” confirma que o gru­
po grande de discípulos está reunido no 
templo quando eles experimentam uma 
grande teofania — o tremor do monte 
do templo (cf. Êx 19.18; 1 Rs 19.11). Esta 
manifestação externa do poder de Deus 
tranqüiliza os crentes de que o soberano 
Senhor ainda está com eles. Deus lhes 
ouviu orar pedindo a coragem necessária 
para testificar do evangelho como também 
a manifestação de sinais e prodígios.
Os crentes também experimentam um 
enchimento interno com o Espírito. Estes 
crentes, incluindo Pedro e João, já tinham 
recebido o enchimento inicial com o Espi­
rito no Dia de Pentecostes (At 2.4). Mas a 
Escritura ensina que ser cheio do Espírito 
não é uma experiência única, de uma vez 
por todas. Uma pessoa já cheia com o 
Espírito pode ser cheia mais de uma vez, 
sobretudo quando surgem necessidades e 
desafios particulares. O caráter repetitivo 
desta experiência é demonstrado pelo 
novo enchimeríto de Pedro, João e outros 
cristãos enquanto oram.
De acordo com nosso entendimento 
ocidental, algo cheio não pode ser mais
cheU), num tio p< >nlt 11 lc vlslti i lu llll >llti, uni 
crente cheio com o Hspfrlto pi kIc* receber 
enchimento,s adicionais com o Rspfrito, 
Estes novos enchimentos dão aos discípulos 
poder espiritual extraordinário necessário 
para enfrentar as ameaças das autoridades. 
Com ousadia e grande poder, eles continuam 
falando a palavra de Deus e testificando 
sobre a ressurreição de Jesus (At 4.33).
Jesus prometeu que o Pai divino encheria 
os filhos que lhe pedissem pelo Espírito 
(Lc 11.13). Deus não deixou de respon­
der a oração dos crentes em Atos 4. Esta 
oração é um modelo para os leitores de 
Lucas e para nós. A Igreja deve proclamar 
fielmente a mensagem de salvação; pela 
oração, Deus guia o curso dos aconteci­
mentos na história.
3-3.3. A Comunidade Batizada com 
o Espirito Pratica a Com unhão (4.32— 
5.16). Depois da narrativa da primeira 
prisão dos apóstolos, Lucas volta a atenção 
uma vez mais para a confrontação inter­
na da igreja (cf. At 2.42-47). A unidade 
dos crentes e o ato de compartilharem 
os bens com os necessitados mostram a 
presença contínua do Espírito Santo. Esta 
passagem também apresenta Barnabé. O 
espírito de generosidade deste homem 
coloca-o em contraste com a conduta de 
Ananias e Safira. A exposição da intenção 
enganosa do casal, a comunhão que os 
discípulos têm e a proclamação poderosa 
da ressurreição de Cristo são os resultados 
da presença do Espírito. A generosidade 
de Barnabé e o incidente de Ananias e 
Safira também mostram o uso adequado 
e inadequado das possessões.
3.3.3.I. Propriedades São Vendidas 
e D istribu ídas (4.32-35). Unidade e 
generosidade prevalecem entre os crentes 
(cf. a expressão “um o coração e a alma”). 
No pensamento judaico, o “coração” (kar- 
dia) não é apenas o centro dos afetos, 
mas também do pensamento intelectual, 
e a “alma” (psyche) é o lugar da vida e da 
vontade. Uma distinção rigorosa e pronta 
entre as duas palavras é impossível. As­
sim, “o coração e a alma” se referem ao 
centro da personalidade, que determina 
a conduta tia pessoa. Apesar de serem 
numerosos, on crente« permanecem uni
di cm propósito e devoçflo ao Senhor, 
Nilo lu) dlvlsilo, cisma e dlssonsAo c*nirr 
eles, listes crenles também estão tllNpoN 
los a usar algumas tle suas possessões 
para aliviaras necessidades dos outroN, () 
amor IValerno criado pelo Rspfrito Sttnto 
os incita a considerar o bem-estur ilo« 
necessitados entre eles.
É significativo que a palavra "poder" «e|R 
descrita como “grande" (v. 33), incllcumlott 
manifestação do poder tle I )eu,s em «IiihIk 
e prodígios. Milagres acompanham PO )|V 
firmam a pregação dos apóstolos «( il irt’ ii 
ressurreição de Cristo, da mesma marirllíl 
que milagres acompanharam o mlnl«MM< 1 
dejesus. Ao mesmo tempo, Deus 1 lerratl ut 
“abundante graça” na comunidade tle iwtl 
tes (v. 33), significando que sflo rcflHi lo* 
com ricas bênçãos. A evidência da giiM 
divina é vista na pregação e no alívio (Iiin 
necessidades materiais dos pobre«,
O ideal do Antigo Testamento tle ijiir 
não devesse haver pobres entre os Israelita« 
(Dt 15.4) é percebido na Igreja pela geite 
rosidade dos membros com sua« rlt|tlVHIMN 
À medida que as necessidades surgem de 
tempo em tempo, aqueles que estilo cm 
melhor situação vendem a proprldditl# o 
trazem a renda aos apóstolos, A expre««fio 
“depositavam aos pés clos apóstolo«“ (V 
35; At 5.2) indica que os apóstolo« pnIAo 
sentados e, talvez, ensinando, A lra«p trtitv 
bém revela autoridade, pois ã medida <|tip 
o dinheiro lhes é entregue, eles «eiVPtn 
de autoridades administrativas par« NUM 
distribuição a cada pessoa tle ac<>rt!i»i < >Hl 
a necessidade.
3.3.3.2. Exemplo Positivoi HurilNh#
(4.36,37). Lucas apresenta José, (1UP í 
chamado pelos apóstolos tle Baniaw, P 
o escolhem como exemplo tle plffilelra 
qualidade da comunhão que existe pelo 
compartilhamento generoso tle proprlei la 
cies e posses. “ Barnabé" significa c< ilHfl il 
velmente “filhode um profeta" ou "ttlhoile 
Nebo”(um deus), Port|iie Lucas Interpreta 
“Barnabé” com o significado tle "FllhOtla 
Consolação” não está claro, Pode NMf um 
segundo nome e reflete a noção de que 
ele tem o dom espiritual tle consolar 0« 
cristãos, Este homem certamente condoia 
(At 9.27; 11,23; IS,37),
Niillvo de Chipre, liamahé nc mudou 
para Jerusalém quando jovem, Ele per­
tencia à tribo de Levi. Nos dias do Novo 
Testamento, os levitas eram uma ordem de 
funcionários do templo, mas Lucas não dá 
indicação se Barnabé tinha alguma função 
no templo de Jerusalém (cf. Theological 
Dictionary oftheNew Testament, eds. G. 
Kittel e G. Friedrich, Grand Rapids, 1964- 
1976, vol. 4, pp. 239-241). A lei de Moisés 
não prevê que os levitas sejam proprietários 
de terras (Nm 18.20; Dt 10.9), mas nenhu­
ma lei específica os impedia de adquirir 
terras. Não sabemos se as terras possuídas 
por Barnabé estavam na Palestina ou em 
Chipre, mas este homem excelente dá de 
forma voluntária para a comunidade cristã 
o valor recebido pela venda das terras. 
Deste fundo, os apóstolos distribuem ajuda 
para os necessitados. Até onde sabemos, 
tal distribuição perdurou no século I como 
prática da Igreja em Jerusalém.
A “comunidade de capital de bens” não 
dá apoio ao argumento contra a proprieda­
de privada. Nenhuma prática semelhante 
tomou-se universal ou compulsória na Igreja 
do século I. É difícil dizer o queinstigava 
a generosidade dos crentes primitivos. 
Pode ter sido uma nova cosmovisão, na 
qual eles têm profundo senso de respon­
sabilidade a Deus pelo modo com que 
usam suas possessões.
3-3.3.3. Exemplo Negativo: Ananias 
e Safira (5.1-11). Toda virtude nobre 
no caráter humano tem sua falsificação. 
Ananias e Safira são exemplos negativos 
de comunhão e estão em nítido contras­
te com a generosidade de Barnabé. Eles 
também vendem uma propriedade, mas 
diferente de Barnabé, este casal retém 
para si mesmo parte do valor recebido, 
ao mesmo tempo em que finge dar todo 
o dinheiro à Igreja. Este relato de cobiça e 
hipocrisia é semelhante à história de Acã, 
no Antigo Testamento (Js 7.16-26).
Ananias e sua mulher sentem-se confiantes 
de poder enganar os apóstolos e a Igreja 
inteira. Eles têm a liberdade de lazer tudo 
o que querem com o dinheiro da venda. 
Ele« afirmam dar todo o valor recebido e 
o depositam aos pés dos apóstolos, mas 
Ananlai retém "parte do praço" (v, 2). Sun
fraude é descoberta Imediatamente, Sob 
inspiração profética do lispfrito, Pedro ex- 
pôe a falsidade de Ananias. Este nilo está 
mentindo apenas ít Igreja e seus líderes, 
mas também ao Espírito Santo presente 
na comunidade de crentes.
Em contraste com Jesus e os discípu­
los, que estão cheios do Espírito (Lc 4.1; 
At 2.4), Ananias está cheio de Satanás. 
Entregando-se a Satanás, ele mente ao 
Espírito Santo, o que é idêntico a mentir 
a Deus (w . 3,4). Esta história indica a 
relação do Deus trino com a Igreja. Este 
casal mentiu ao Espírito Santo e Deus, 
e colocou em teste o Espírito do Senhor 
Jesus. A Trindade Santa — Pai, Filho e 
Espírito Santo — está ativa na vida da 
comunidade cristã.
A presença do Espírito Santo na Igreja 
não é coisa temporária. Ele trouxe a Igreja 
à existência pelo seu poder doador de 
vida, e Ele exerce supervisão constante 
sobre a comunidade de crentes. Pela 
autoridade do Espírito, Pedro repreende 
Ananias: “Por que formaste este desígnio 
em teu coração?” (v. 4). A passagem re­
trata Pedro como alguém que sabe. Seu 
conhecimento da tentativa de Ananias 
enganar não é o resultado de perspicácia 
humana, mas da perspicácia concedida 
pelo Espírito Santo.
O reconhecimento de Pedro da hipo­
crisia de Ananias e Safira é exemplo de 
“palavra l/ogos] da ciência [conhecimento]" 
(1 Co 12.8). O Jesus ungido pelo Espírito 
exerceu este dom espiritual enquanto 
estava na terra. Sem ninguém lhe dizer, 
Ele sabia o nome, caráter e localização 
anterior de Natanael (Jo 1.44-49; cf. Jo
4.39). Semelhantemente, Pedro des­
mascarou Ananias como mentiroso. Ao 
questioná-lo, Pedro não espera respos­
tas, pois suas perguntas são afirmações 
realmente declarativas. Assim que ele 
pára de falar, a hediondez do pecado de 
Ananias fica evidente. Pelo poder divino 
ele é atingido duramente, com morte 
imediata. Os pecados da desonestidade 
e hipocrisia sempre sáo sérios, Nilo é 
questão de pequena monta pecar contra 
o Espírito Santo.
Três horas depois da morte sCIbltu e do
enterro cioieu marido, Safira chega, Natlu 
lhe é dito «obre o destino de seu mnrldo, 
Ela colaborou completamente com Ananias 
e está pronta a desempenhara parte acor­
dada entre eles (v. 2). Pedro começa com 
um imperativo e uma pergunta: “Dize-me, 
vendestes por tanto aquela herdade?" (v. 
8). Sua resposta reflete seu total acordo 
com Ananias, condenando-a.
Na segunda pergunta, Pedro pergunta 
a Safira: “Por que é que entre vós vos 
concertastes para tentar o Espírito do Se­
nhor?” (v. 9). Por acordo mútuo, Ananias 
e Safira tomaram parte total na decisão 
e na culpa do pecado. Eles são culpados 
de testar “o Espírito do Senhor”, pensan­
do que poderiam escapar da fraude. No 
versículo 4, Ananias mentiu a Deus, mas 
aqui Pedro acusa o casal de tentar o Es­
pírito do Senhor.
A expressão “Espírito do Senhor” não 
ocorre com freqüência em Lucas-Atos. 
Jesus fala do Espírito do Senhor que está 
sobre Ele (Lc 4.18). Nesta passagem, o 
termo “Senhor” se refere a Deus, visto 
que Jesus é o recebedor da unção do 
Espírito (cf. At 8.39). Há boas razões para 
entender que o termo “Senhor” em Atos 
5.9 alude a Jesus.
1) Os versículos 1 a 11 mostram o Deus trino 
em ação na Igreja.
2) No Dia de Pentecostes, Pedro declara que 
Deus fez o Jesus crucificado “Senhor e Cristo” 
(At 2.36).
3) Os apóstolos “davam, com grande poder, 
testemunho da ressurreição do Senhor Jesus” 
(At 4.33).
4) Mais tarde, o Espírito Santo é chamado 
“o Espírito de Jesus” (At 16.6,7). O Espí­
rito Santo era proeminente no ministério 
terreno de Jesus, e pelo Senhor exalta­
do o Espírito Santo é derramado com 
o propósito de equipar a Igreja para o 
ministério (At 2.33).
O mesmo verbo (peirazo) que expressou 
a tentação de Jesus no deserto é usado 
por Pedro para aludir ao fato de Ananias 
e Safira tentarem o Espírito do Senhor. 
Ambos os relatos lidam com ter integridade 
diante de Deus e envolve um encontro 
com Satanás,
Quando Safira confirma a mentira de
mui mnrldo, P«dro»flbeoquie»tA h ponto 
tle acontecer. Imediatamente ele emite 
solene exclamaçflo profética: "Kls aí ft 
portu ou pé» dou que sepultaram o teu 
marido, e também le levarflo n U" (v, 9). 
Esta profecia 6 dada diretamente para ela 
e tem sua morte escrita nessas palavras, 
Imediatamente ela cai aos pés de Pedro, 
Os mesmos jovens que enterraram seu 
marido morto a encontram morta, e eles 
a enterram ao lado cle Ananias.
Pedro não tem culpa pelas mortes de 
Ananias ou Safira. Essas mortes sflo 0 re­
sultado da intervenção direta de Deus, 
Nem um apóstolo nem a comunidade crlstfl 
inteira recebeu poder para matar alguém. 
O fim de Ananias e Safira é trágico. Como 
estavam unidos na fraude, assim estfio 
unidos na morte e no sepulcro.
O que incitou Ananias e Safira a permitir 
que Satanás entrasse nos seus coraçfte» f 
eles caíssem no uso enganoso das pONWed* 
sões? Pelo menos dois desejos profanos 
parecem ter motivado a hipocrisia.
1) O primeiro foi o amor do dinheiro, Ele» 
são governados pela paixão por dinheiro, 
Como Acã, Ananias reteve “parte do preço", 
com pleno conhecimento de sua e»po»B, 
Ao mesmo tempo, eles pretendiam dar 
tudo a Deus. Tal conduta nos faz lembrar 
daqueles que ouvem a palavra de Deu», 
“e, indo por diante, são sufocado» com 0» 
cuidados, e riquezas e deleites da vida" (Le
8.14). Vários pecados e faltas registrado» 
em Atos ilustram o amor do dinheiro OU 
a confiança no seu poder (At 1,18| B,ll| 
16.16-19; 19.23-41).
2) O segundo desejo profano que motivou 
Ananias e Safira a enganar foi o amor do 
elogio. Eles provavelmente desejaram ler 
elogiados, como o foi Barnabé, O vgrho 
grego traduzido por “vendestes" (apodoxlbp, 
v. 8) significa “vós vendestes por lntere»»e» 
próprios” (Robertson, 1934, p, 810), A açRo 
de Barnabé estava baseada na sinceridade, 
mas a deles na hipocrisia, porque eles agiram 
por egoísmo. Eles queriam ser admirado» 
e ouvir palavras de elogio dos seguidora» 
de Cristo. Vender a terra foi motivado pelo 
desejo de ganhar a reputação de »erem 
generosos, e n&o por uma preocupaçBo 
genuína pelo» nece»»itado» entre elei.
No versículo I I,olermo"lgivjii"Ué&wta) 
aparece pela primeira ve/em Lucas-Atos, 
Aqui, esta palavra é um termo lécnico que 
descrevia a comunidade cristã em Jeru­
salém — a comunidade dos redimidos. 
Ao longo da história, a Igreja pode ser 
identificada como o povo de Deus (Êx 
19.5,6; Sl 22.22). Os discípulos que se 
reuniram ao redor de Jesus durante seu 
ministério terreno eram a Igreja, de forma 
que não se deve presumir que a Igreja 
veio à existência em Atos 5.11. Aqueles 
que ouviramjesus durante seu ministério 
público e responderam eram o “pequeno 
rebanho” a quem o Pai se agradou dar o 
Reino (Lc 2.32). Este rebanho era sua Igreja, 
cujos membros deviam ser os arautos do 
Reino(At 9-60; 10.9). Mesmo antes do Dia 
de Pentecostes, Jesus enviou os discípulos 
a empreender a obra missionária (9-1-6;
10.1-16), afirmando que eles eram, de 
fato, a Igreja. Como povo redimido, eles 
aceitaram a missão para o mundo antes 
da morte e ressurreição de Jesus.
No Dia de Pentecostes, os cento e vinte 
crentes tomam-se uma comunidade de 
profetas ungidos pelo Espírito. Antes que 
aquele dia terminasse, o número subiu 
para cerca de três mil pessoas (At 2.41). 
A medida que os apóstolos continuavam 
testemunhando em Jerusalém, o número 
de crentes cresceu para cinco mil pessoas 
(At 4.4). Depois de tal crescimento, Lucas 
deixa de contar e fala dos crentes como “a 
multidão” (toplethos). Finalmente, ele os 
identifica como “a igreja” (At 5.11).
A palavra ekklesia aparece pela primeira 
vez na Bíblia em referência à nação de 
Israel (Dt 4.10; 9-10; 18.16, LXX). Neste 
momento, o número crescente de profe­
tas cheios do Espírito tinha alcançado o 
estado teológico de uma nação, embora 
eles não tivessem alcançado tal estado 
geograficamente ou pelos seus números. 
O profeta Joel tinha prometido um derra­
mamento geral do Espírito profético sobre 
a nação de Israel (Stronstad, material não 
publicado). Agora, em Atos, este derra­
mamento do Espírito sobre “toda a carne” 
está sendo elaborado na experiência cia 
comunidade de crentes ungidos pelo Es­
pírito. O logro fatal de Ananlas e Safira ó
que nflorcconhecerum que a igreju t? umu 
comunidade chela com o líspírllo e que, 
portanto, enganíl-la eqüivale a enganar 
o Espírito Santo.
Como resultado do castigo de Deus sobre 
o casal, “grande temor” vem sobre a Igreja e 
sobre todo aquele que ouve falar tio act m- 
tecimento (w. 5,11). Estas duas mortes são 
uma advertência contra o amor ao dinheirc > 
e desejos profanos por reconhecimento. 
Até os incrédulos que ouvem falar sobre 
o incidente tremem ao pensar na remoçã«) 
dos dois impostores da Igreja.
O interesse primário de Lucas ao re­
contar esta história não é instigar medo 
no coração humano, mas ensinar que o 
Espírito Santo está ativo na Igreja. A vitória 
sobre estes dois indivíduos é mais uma 
vitória sobre Satanás do que sobre um 
casal de impostores. Deus garante à Igreja 
que eles desfrutarão e se beneficiarão da 
presença e poder do Espírito. O Espírito 
Santo protege a integridade da Igreja e a 
guarda contra tal pecado que causa divisão 
como o de Ananias.e Safira. Esta narrativa 
oferece incentivo aos leitores de Lucas e 
aos cristãos de hoje.
3.3.3.4. Resumo: Os Apóstolos Fazem 
Sinais e Prodígios (5.12-16). Este resumo 
da situação da Igreja é similar a Atos 2.43* 
47, onde Lucas enfatiza o ministério mag- 
nificente de sinais e pródigos feitos pelos 
apóstolos, o respeito impressionante das 
pessoas pela presença de Deus e a harm< >nlu 
e unidade dos cristãos. Aqui, no capítulo 
5, ele cobre mais amplamente os efeito« 
da exposição e castigo de Ananias e Sàflro 1 
um grande número de sinais e pródigo«, 
uma maior reverência sentida pelo povo 
e a conversão de mais pessoas.
Deus continua respondendo a oraçflo 
de Atos 4.29,30, a qual buscava poder 
para pregar o evangelho com ousaclla e 
para que a Palavra pregada fosse acompa - 
nhada por sinais e pródigos. Os apóstolos 
continuam seu ministério poderoso no 
alpendre de Salomão, um pórtico grande 
do templo (cf. At 3.11), e deixam profunda 
impressão nas pessoas,
Não obstante, uma situação parade>xal se 
desenvolve: "Quanto aos outros, ninguém 
ousava ajuntar-«c com ele«; ma« o povo
t i l
tlnha-os cm uru tule estima" (v. 1,4), üs 
Incrédulos se manllnlwm à dlstflncla dos 
crlsiiüos, por causu do medo resultante dus 
mortes ile Ananliis e Safira. Kles podem 
ter ficado assustados pela possibilidade 
de que compromisso indiferente também 
os leve a julgamento. Ao mesmo tempo, 
estas pessoas têm alto respeito por esta 
nova comunidade e sabem que a conduta 
de Ananias e Safira não foi tolerada pela 
Igreja. Só lhes resta louvá-los pelo com­
promisso de viver de modo santo.
Apesar desta hesitação, esses homens e 
mulheres que desejam a salvação arden­
temente são salvos e tornam-se membros 
da Igreja (v. 14). Aqui o original grego 
pode ter o sentido de que estes novos- 
convertidos crêem no Senhor ou que eles 
são acrescentados ao Senhor. Em todo caso, 
um número crescente de convertidos faz 
da Igreja sua casa espiritual. Notícias do 
que está acontecendo se espalham por 
toda a Jerusalém e até às “cidades circun­
vizinhas”. Em conseqüência, a reputação 
dos cristãos cresce e mais pessoas trazem 
os doentes e os atormentados por demô­
nios para serem libertos. Eles colocam os 
doentes nas ruas, crendo que o poder de 
cura opera pelos apóstolos.
Mais uma vez o enfoque da atenção 
está no líder dos apóstolos, Pedro, cuja 
sombra serve de meio do poder de cura. 
A colocação dos doentes de modo que 
a sombra de Pedro caísse sobre eles não 
deve ser impingido como superstição po­
pular, sobretudo levando em conta o fato 
de que “todos eram curados” (v. 16). Em 
Lucas 1.35 e 9.34, a “sombra” se refere à 
presença e poder de Deus. As curas feitas 
pela sombra de Pedro são semelhantes 
ao poder de cura das roupas de Jesus (Mc 
6.56) e dos panos tocados por Paulo (At
19.12). Novamente o poder de Deus salva 
aqueles que crêem no evangelho, cura os 
doentes e liberta os endemoninhados.
3.3.4. Os Sacerdotes-Saduceus Pren­
dem todos os Apóstolos (5.17-42). 
Anteriormente as autoridades religiosas 
mandaram que Pedro e João parassem de 
pregar as boas-novas sobre Jesus (At 4.18). 
Mas Pedro e Joào e os outros apóstolos 
nunca deixaram de pregar o evangelho e
eurnr< )N 11< K-nicH n< > n< >i ne d<) Nulvui l< >r, Mais 
umu ve/, seus mulu >n sucessi >s suscitaram 
a hostilidade dos líderes religiosos,
33.4.1. On Apóstolos Sfto Presos e 
depois I.lbcrto» por um Anjo ( 5.17-35). 
A maioria da oposIçAo vem "tia seita do» 
saduceus" e é propelida pela lnve|a do* 
principais sacerdotes, de quem Callrts é o 
líder (At 4.6). Os discípulos estilo cheios 
do Espírito, mas os saduceus eslfio cheios 
de inveja e se tornaram os verdadeiros 
inimigos da Igreja. Rles estilo agora muls 
determinados que nunca a deter o avanço 
deste novo movimento em Jerusalém, Km 
conseqüência disto, eles prendem iodos 
os líderes da Igreja e os mantêm na prlsflo 
durante a noite. Caifás planeja lovrt-los 
perante o Sinédrio no tila seguinte,
Esta detenção e encarceramento nflo 
causam surpresa nos apóstolos, líles sabem 
que o Sinédrio é controlado pc >r h< >mensque 
executam suas ameaças. O que acontece 
durante a noite causa grande admlraçAo 
nos apóstolos e em toda a Jerusalém, Antes 
da alvorada, o anjo do Senhor os llvni du 
prisão. No Antigo Testamento, este unjo 
agiu como agente de Deus (Al 7.30JH), 
No Novo Testamento, ele traz mensagens 
importantes (Lc 1.11; 2.9; At H,2fi) e fttsc, 
milagres (At 12.8-11,23). Nesta octislflo, 0 
anjo milagrosamente liberta os apóstolos 
da prisão para que eles continuem O ml» 
nistério inspirado pelo Rspfrito,
Contrário à ordem do Sinédrio (At "1,1 M), 
o anjo instrui os apóstolos a voltar uo templo 
e a ensinar “ao povo todas as palavras destH 
vida” (v. 20). A expressão "desta vldtt" Sé 
refere à vida iniciada pela morte e ressur­
reição de Jesus. Os apóstolos obedecem 
à ordem do anjo e uma vez mal* prejpim 
a mensagem cie salvação que conáuz h 
vida cristã. Ironicamente, os apóstolos alo 
milagrosamente libertos por um anjo CUjH 
existência é negada por estes adversários 
(veja comentários sobre At 4,1),
Cedo de manha, Cal Ws e seus cnmpii* 
nhelros convocam uma reunlAo geral do 
Sinédrio, Os guardas de templo síl< > enviados 
para trazer os prisioneiros, mas eles encon­
tram a prisão vazia (v. 22); todos os doie 
desapareceram. Quando as autoridades 
ficam sabendo tio desaparecimento dosapóstolos se adlgan c se sentem indefesas, 
não sabendo “do que viria a ser aquilo" (v. 
24); eles não sabem o que fazer ou dizer. 
Alguns, como Gamaliel (cf. At 5.34-40), pode 
ter considerado queosobrenatural estava em 
ação, sobretudo visto que milagres tinham 
sido feitos pelas mãos dos apóstolos. Mais 
tarde, um mensageiro os informa que os 
apóstolos estão no templo. Como o anjo 
tinha instruído, eles estão falando ao povo 
“as palavras desta vida” de salvação provida 
em Jesus Cristo. Este milagre de libertação 
demonstra que o evangelho não pode ser 
detido por cadeias ou prisões (cf. At 12.6- 
11; 16.26,27). Deus pode abrir as portas 
da prisão e libertar as pessoas.
3.3.4.2. Os Apóstolos São Presos de 
novo e Pedro Discursa perante o Siné- 
drio(5.26-32). Quando chegam as notícias 
de que os apóstolos estão no templo, os 
guardas de templo vão imediatamente aos 
prisioneiros fujões e os prendem. Este novo 
encarceramento é feito de modo pacífico 
e indica que as autoridades reconhecem 
que os apóstolos são populares e que o 
uso de força pode resultar numa reação 
violenta das pessoas. Os apóstolos são 
levados perante o Sinédrio. Caifás repete o 
mandato anterior de “que absolutamente 
não falassem, nem ensinassem, no nome de 
Jesus” (At 4.18), mas ele também introduz 
um novo tema: a tentativa dos apóstolos 
de tornar o conselho culpado do “sangue 
desse homem” (v. 28).
O sumo sacerdote evita mencionar o 
nome de Jesus. Os líderes judeus estão 
cientes de que são acusados diretamente de 
assassinar o Messias (At 2.23; 3-14,15). Esta 
acusação é um ponto sensível. Deus vindi­
cou as afirmações de Jesus ressuscitando-o 
dos mortos e entrelaçou as autoridades 
judaicas no crime de derramamento de 
sangue inocente. Agora, os líderes judai­
cos se encontram estigmatizados como 
assassinos e, com efeito, os cristãos es­
tão publicamente pedindo a Deus que os 
julgue pelo crime cometido. Caifás teme 
que os cristãos busquem vingança pela 
morte de Jesus.
Os discípulos oraram em buscade 
ousadia inspirada pelo Espírito paru fu- 
larcmu Palavra (At 4,29); Deus continua
respondendo u oraçíto, Como o porta-voz 
dos apóstolos, Pedro fala corajosamente 
diante da acusação de desobediência 
interposta pelo Sinédrio: "Mais Importa 
obedecer a Deus do que aos homens" (Al 
5.29). Esta obrigação moral presume o 
comando divino do anjo que os libertou, 
como também a comissão de Cristo para 
pregar o evangelho até aos confins da terra 
(Lc 24.45-49; At 1.8). Pedro reconhece 
que os apóstolos são culpados de deso­
bedecer ao Sinédrio, mas a autoridade de 
Deus está acima dos seres humanos. Com 
grande sinceridade, Pedro passa a ressallar 
que os líderes judeus são pessoalmente 
responsáveis pela morte de Jesus — eles 
derramaram sangue inocente.
No discurso, Pedro usa três dos elemen­
tos principais normalmente enfatizados 
na pregação (i.e., o kerigma) dos cristãos 
primitivos.
1) A morte de Cristo — “Ao qual vós matas­
tes, suspendendo-o no madeiro". Pedro 
lembra novamente os líderes religiosos 
de que eles são responsáveis por matar 
Jesus por crucificação. Eles não poderiam 
oferecer a Jesus maior insulto que crudficí- 
lo. Aqui, a morte de Cristo é descrita ROI 
termos de Deuteronômio 21,23 (cf. Al 
10.39; 13.27,29; Gl 3.13), que se refere 
à prática judaica de enforcar numa vlua 
o cadáver de um criminoso depolK tltt 
execução, declarando-o desla munelrtt 
amaldiçoado. A expressão ".suspondeiulo-o 
no madeiro” aplica-se â cruciflciçlO de 
Cristo e enfatiza a vergonha de sua mortti 
Qualquer pessoa pendurada numa crun 
era tida como amaldiçoada por Deus, As 
autoridades religiosas infligiram emjesus 
a morte de um criminoso, mas Kle tlAo 
morreu sob a maldição de Deus, como 
alguns, sem dúvida, pensaram, Sua morle 
foi uma expiação vicária pelo pecado, 
Cristo com o seu próprio sangue comprou 
a Igreja (véja At 20.28; I Pe 1,18,19),
2) A ressurreição de Cristo — "O Deus de 
nossos pais ressuscitou a Jesus", A pessoa 
a quem as autoridades crucificaram è quem 
o Deus dos seiw antepassados restabeleceu 
a vida, O que os líderes judeus fizeram a 
Jesus Ibl um ato contra Deus; mas apesar 
de violentamente rejeitarem Jesus, Deus
o ressuscitou por sim mAo poderosa, Ne­
nhum« cunhM é colocada entre u morte e 
ti ressurrelçío dr CrlMto nu pregnçfto crlstfi 
primitiva, Os escritores bfnllco» conslde- 
ram a cruz e o triunfo sobre a morte como 
componentes vitais da redenç&o (cf. Hm 
4.24; 1 Co 15.3-5). A vida eterna está arrai­
gada e fundamentada na sua humilhação 
e exaltação. Anteriormente em Atos Jesus 
foi identificado como o “Autor da vida” 
(At 3.15, ARA; "o Príncipe cia vicia”, RC), a 
quem Deus ressuscitou, Ele foi divinamente 
nomeado e capacitado pelo Espírito para 
ser o Salvador do mundo. Visto que Jesus 
é o Autor da vida, sua ressurreição é um 
penhor de todos os crentes de que eles 
tomarão parte no triunfo que Ele obteve 
sobre a morte.
3) A ascensão de Cristo — “Deus, com a sua 
destra, o elevou a Príncipe e Salvador”. Deus 
exaltou ojesus caicificado ressuscitando-o 
e também entronizando-o ao céu. Ser exal­
tado para se sentar à mão direita de Deus 
significa um lugar de honra (At 2.34; cf. Sl 
110.1). Mediante Jesus, o Príncipe (arcbegos, 
“líder”) e Salvador, Deus oferece a Israel a 
oportunidade de se arrepender e receber 
perdão. Deus preparou o modo de salva­
ção da humanidade. Como o cmcificado 
e ressurreto Senhor, Cristo é o Autor da 
salvação, oferecendo a vida eterna a todos 
os que se arrependem dos pecados. 
Pedro e os apóstolos são testemunhas 
oculares da morte, ressurreição e ascensão 
de Jesus, mas o Espírito Santo também é 
testemunha destes acontecimentos do 
evangelho. O derramamento do Espírito 
no Dia de Pentecostes atesta a realidade 
da exaltação de Jesus (At 2.33), e, de acor­
do com Pedro, Deus dá o Espírito Santo 
aos que o obedecem (At 5.32). Andar na 
obediência da fé prepara os crentes para 
serem batizados ou submersos no Espírito. 
Deus dá o dom carismático do Espírito 
sobre os que são o povo da fé, pessoas 
que se dão em obediência a Cristo.
33.4.3. Gamallel Adverte o Sinédrio 
contra Opor-nc « o h Apóstolos (5.33- 
42). Como porta-voz dos apóstolos, Pe­
dro provoca a raiva do Sinédrio, Fies “se 
enfureceram" é tradução de uma palavra 
grega que significa literalmente “serrado
em pedaços11 otrcnriadoprnfiindHmente'1, 
Poderia sor traduzido pori "luto on tocou 
na carne viva". Mal« adiante, Lucas usa a 
mesma palavra para descrever a reaçflo 
deles com Estêvflo(At 7,54). Estes homens, 
que crucificaram Jesus, eslAo prontos a 
cometer assassinato novamente, Sua Ira 
violenta para matar os apóstolos prenuncia 
o que farão com Estêvão,
Pelo menos Gamallel, membro do Si­
nédrio, ousa oferecer conselho èáblo a 
este grupo de elite ao qual ele pertence, 
Gamaliel era neto do famoso rabino Hlllel 
e era distinto rabino farisaico (v, ,14), tt 
cujos pés Paulo estudou (At 22,3), Km- 
bora os fariseus eram um partido maior« 
tivessem apoio mais foite entre o povo, os 
saduceus eram a maioria no Sinédrio, A 
apresentação de Lucas de Gamallel reflete 
a atitude mais positiva dos fariseu» para 
com o movimento crlstflo, em contraste 
com a hostilidade dos saduceus (Lc 7,Sft|
11.37; 14.1; At 15,5; 23,6), Assim, nlO 
é estranho que Gamallel advertlaae O 
Sinédrio contra tomar açflo precipitada 
para lidar com os cristãos,
Os motivos de Gamallel falar perante o 
Sinédrio são obscuros, Seu maior Interesse 
pode ser marcar pontos contra seus opo­
nentes, os saduceus, do que defender os 
apóstolos. Este fariseu altamente respeitado 
expressa atitude favorável para com ON 
crentes, Antes de falar, ele ordena quv I 
guarda retire os prisioneiros. Ele aconselha 
seus colegas a conter a Ira e considerar l 
possibilidade cie que o movimento t "df 
Deus" (v.39). Ele sugere que n#o aeja 
tomada nenhuma ação direta contra os 
líderes deste movimento, Se eles o fizerem, 
eles correm o risco de estar "combatendo 
contra Deus" (v. 39).
O argumento de Gamallel funciona 
assim: Se este movimento, como o Min#- 
drio pensa, não 6 abençoado por Deus, 
ele se tornará em nada. Por oulm lado, 
se for comprovado, como os crlstfloü 
acreditam, que é obra de Deus, entfio 
nada será bem-sucedlclo em detÔ-lo, 
Quaisquer esforços seriam fúteia, Ainda 
pior, o Sinédrio nflo estaria se opondo 
apenas a seres humanos, mas também 
a Deus e pondo-se sob seu Julgamento,
ms
Nilo tomando nenhuma açílo contra o,s 
cristãos, o Sinédrio evitaria o risco de 
estarem combatendo contra Deus.
Gamaliel cita dois exemplos cie mo­
vimentos messiânicos sem a bênção de 
Deus, os quais fracassaram. O primeiro 
é o falso movimento messiânico liderado 
por Teudas. A menção deste homem 
levantou a questão sobre a precisão da 
Escritura. Josefo fala sobre um rebelde de 
nome Teudas (Antiguidades Judaicas), 
mas de acordo com ele, este Teudas fez a 
rebelião muito tempo depois que Gama­
liel pronunciou seu discurso no Sinédrio 
(c. 45 ou 46 d.C.). Uma explicação é que 
Teudas era nome comum e que pode 
ter havido outro líder religioso chama­
do Teudas. Os detalhes são insuficientes 
para apoiar a identidade do Teudas de 
Lucas e do Teudas de Josefo. Por outro 
lado, talvez a datação de Josefo da revo­
lução de Teudas esteja errada. Quando 
Herodes, o Grande, morreu em 4 a.C., 
vários líderes insurgentes apareceram na 
Palestina. Alguns estudiosos concluem 
que o Teudas de Atos 5.36 estava entre 
eles (Bruce, 1952, p. 125).
O segundo movimento fracassado citado 
por Gamaliel foi o liderado por Judas, 
o Galileu. Este movimento também foi 
infrutífero por causa de sua origem es­
tritamente humana. Este Judas conduziu 
uma revolta contra os romanos em 6 d.C. 
Nessa época, Roma levantou um censo 
para avaliar a quantia de impostos a ser 
paga pela província dajudéia. Convencido 
de que Deus era o verdadeiro rei de Israel, 
Judas insistiu que não havia razão para 
o seu povo pagar impostos aos romanos 
pagãos (AntiguidadesJudaicas-, Guerras 
Judaicas). Este movimento foi esmagado 
pelos romanos e Judas pereceu. Mesmo 
com o desaparecimento do movimento 
e a morte de seu líder, a causa pode ter 
ficado viva no partido dos zelotes (Bruce, 
1952, p. 43).
O destino de Teudas e Judas fornece a 
base para a proposta de Gamaliel de uma 
política de não-intervenção. Ele insiste que 
o movimento cristão terá o mesmo fim, 
como teve os movimentos desteci homens, 
se níu> for Inspirado por Deu«, Sem as bên-
Vflos dc Deus, um movimento messlônlct > 
carece de estabilidade duradoura.
Hoje em dia erraremos se tomamos o 
conselho de Gamaliel como regra geral 
para permitir que tudo tenha seu curso 
sem oposição. Esperar para ver se um 
movimento religioso tem êxito pode ter 
conseqüências devastadoras. Todo amante 
da verdade deve investigar as afi rmaçôes 
de um movimento sem consideração pelo 
seu sucesso provável. Observe especial­
mente que a preocupação principal de 
Gamaliel é se o movimento cristão deve 
ser suprimido pela violência. Gamaliel nílo 
era profeta ou apóstolo, mas seu ponto de 
vista (embora sirva ao propósito no plano 
de Deus) é realmente uma declaração 
da verdade. Movimentos maus podem 
prosperar por muito tempo na terra, mas 
não para sempre.
O conselho de Gamaliel contém o Siné­
drio de tirar a vida dos apóstolos (vv. 40-
42). Mas antes de soltá-los, as autoridades 
os açoitam, cada um recebendo quarenta 
chibatadas menos uma (Dt 25.1-3; 2 Co
11.24). Este castigo é mais severo que o 
encarceramento e ameaças anteriores (Al
4.21). Novamente, o conselho os proíbe 
de pregar sobre Jesus.
O açoite se conforma com o que Jesus 
dissera que os discípulos esperassem (Le
21.12), mas o Sinédrio não tem sucesso 
em desencorajá-los. Os apóstolos reti­
ram-se, “regozijando-se de terem sido 
julgados dignos de padecer afronta pelo 
nome de Jesus”. Èm meio a perseguição, 
os apóstolos estão cheios de alegria por> 
que consideram grande honra sofrer por 
causa de Jesus Cristo. Eles estão conleil- 
tes pela oportunidade de mostrar qun M 
confiança de Cristo neles não é em vfto, 
Recusando atender a ameaça do Slné* 
drio, os apóstolos continuam ensinando 
e pregando diariamente que Jesus í o 
verdadeiro Messias. Como antes, eles 
pregam publicamente no templo, mas 
agora eles também ensinam em casas 
particulares. A perseguição não dimi­
nui o testemunho ungido pelo Kspírito 
que eles dão. Sua devoção e métodos 
fornecem exemplo maravilhoso para 
evangelizar uina comunidade,
mo
.j.4, Comunhão Qiwbrada; A 
Comunidade Kscolbo Sete 
Diáconos (6.1-7)
Os crentes se dedicam a formar uma 
comunidade de comunhão (At 2.42), 
que acha expressão em compartilhar as 
possessões com os necessitados. Como 
exemplo positivo de comunhão, Lucas 
chamou atenção a Barnabé (At 4.36,37); 
em contraste, Ananias e sua esposa são 
exemplos negativos (At 5.1-11). No ca­
pítulo 6, Lucas informa um desarranjo 
na comunhão causado pela negligência 
da comunidade para com suas viúvas 
gregas. No meio de tremendo progresso 
da Igreja, este problema coloca a unidade 
eclesiástica em sério perigo.
Nesta época, a comunidade cristã con­
siste em dois grupos: os judeus gregos 
(bellenistai, “crentes de fala grega”) e os 
judeus hebreus (hebraioi, “crentes de fala 
aramaica”). Os judeus gregos de Atos 6 são 
crentes que foram fortemente influenciados 
pela cultura grega, provavelmente enquanto 
viviam fora da Palestina, ao passo que os 
judeus hebreus são cristãos que sempre 
viveram na terra nativa da Palestina.
Muitos judeus devotos que na maior 
parte da vida viviam fora da Palestina, na 
velhice mudavam-se para Jerusalém para 
que fossem enterrados perto da cidade. 
Quando os homens morriam, poucas 
viúvas era capazes de se sustentar. Elas 
dependiam da benevolência de grupos 
religiosos para sobreviver. Pela razão de 
estas viúvas não serem bem conhecidas, 
era fácil os líderes da comunidade negli- 
genciá-las (v. 1; Tbeological Dictionary 
oftheNew Testament, eds. G. Kittel e G. 
Friedrich, Grand Rapids, 1964-1976, vol.
3, pp. 389-390). As viúvas cristãs de fala 
aramaica tinham melhor possibilidade 
de serem mais bem conhecidas e, assim, 
menos prováveis de serem negligenciadas 
na distribuição diária da ajuda.
Mais parece estar envolvido que a di­
ferença de Idioma entre os dois grupos. 
Circunstâncias st x:la is c diferenças tecjlógicas 
também podem ter desempenhado uma 
parte na frlcçflo entre os dois gaipos, Os 
crisiilosde lula aramaica «Cu mm In fortes nus
irudlçôes rellglosus palestinas e mnsirum 
mais restrição em atitude para com a lei 
(udalca e o templo, Sendo mais agressivos 
na abordagem, os judeus helenístleos pro­
vocaram raiva. Em pelo menos umaocBlIiO 
a pregação agressiva de um crente de laia 
grega na sinagoga helenista em Jerusalém 
termina em apedrejamento. Os judeus lie- 
lenistas apresentam o evangelho com lal 
zelo que eventualmente os oponentes os 
compelem a fugir dejerusalém para salvar 
a própria vida (At 8.1-3).
Os cristãos separam recursos puni os 
necessitados (At 2.45; 4.34,33,3*)« mus 
eles não os administram adequadamente 
a fim de atender as viúvas crentes de 1'ala 
grega. A resposta imediata dos apflstoli m 
indica que esta negligência é uma omlssílo, 
e não uma discriminação Intenelonul, A 
responsabilidade por pregar o evangelho, 
dedicar-se à oração e governar a Igreja 
torna impraticável eles administrarem o 
alívio para os pobres. Nilo é que cuidai' 
de viúvas esteja “abaixo" deles, ou que 
eles consideram que isso este)u num 
nível mais baixo de ministério, Anles, 
seu encargo primário é oferecer o ptto 
da vida, que traz salvação, e gerir os 
assuntosda Igreja.
Como líderes guiados pelo Espírito, os 
apóstolos convocam uma reunlíto geral 
da “multidão dos discípulos" e propÁem 
uma solução para o problema — que a 
Igreja selecione sete homens, aos qimis 
seja dada a responsabilidade de culdltr 
das viúvas (w . 2,3). Sua funçSoserá servir 
mesas (diakonein trapezais). Lucus ndo 
usa a palavra “diácono" (diuhonos) punt 
descrever os sete homens, mas as palavms 
para “servir” e “diácono" derivam da mesma 
raiz grega. “Diáconos” süo mencionadoÉmi 
Filipenses 1.1 e 1 Timóteo 3.8-13, Assim, 
é apropriado usar este título para os sete 
homens, sobretudo à luz do trabalho leito 
pelos diáconos em tempos mais recentes 
(que incluía a manipulação de finanças, 
o cuidado pelos necessitados e outros 
assuntos ministeriais práticos),
Se este plano for seguido, os uprts* 
tolos poderão se dedicar íl "oração o 
laol ministério da pulavru" (v, 4), Lucus 
nAo declara como é feita u escolha dos
npic homen», itihn a congregação como 
um toclo vê a sensatez (In proposta dos 
apóstolos (v, 5) e participa nu escolha 
destes diáconos. A qualificação básica é 
espiritualidade, mas eles devem ser dis­
tintos de duas maneiras.
1) Eles têm de ser "cheios do Espírito Santo”. 
Em vez de ser meros bons administradores 
ou gerentes de recursos, esta qualificação 
lhes exige que sejam capacitados pelo Es­
pírito na ordem dos discípulos no Dia de 
Pentecostes, Quer dizer, eles devem ter o 
poder de uma fé que faz milagres.
2) Eles também têm de ser "cheios [...] de sa­
bedoria”. Complementar aos atos de poder 
está o discurso inspirado pelo Espírito. Os 
diáconos têm de ser poderosos em obras 
e palavras. Como pessoas competentes e 
maduras que são inspiradas pelo Espírito, 
elas têm de ter bom senso prático e serem 
capazes de lidar com delicados problemas 
de propriedade. Seu ministério inclui negó­
cios empresariais e a distribuição de ajuda 
para os necessitados, mas também deve 
ser espiritual e carismático. Eles devem 
exercer quaisquer dons espirituais que 
Deus lhes concedeu.
Entre os sete homens escolhidos para 
servir como diáconos estão Estêvão e 
Filipe (os únicos dois sobre quem Lucas 
apresenta detalhes). Filipe se destaca 
como pregador carismático (At 8.4-8,26- 
40; 21.8); ele é o primeiro a fundar uma 
Igreja entre os samaritanos. Estêvão é 
descrito como “homem cheio de fé” (v.
5), sem dúvida significando a fé que faz 
milagres. Ele faz “prodígios e grandes 
sinais entre o povo” (v. 8), e seus opo­
nentes não sabem como lidar com a 
pregação que ele faz (v. 10). O niinistério 
destes dois homens ilustra os ministérios 
dos diáconos carismáticos, os quais se 
estendem muito além clas preocupações 
práticas do clia-a-dia da Igreja.
Todos os sete homens escolhidos têm 
nomes gregos, mas i.sto não prova que 
eles sejam gregos nativos. Nessa época, 
muitos judeus tinham nomes gregos. 
Indubitavelmente estes homens falam
firego e estão habilitados espiritual e Ingüistlcamente para lidar com o pro­
blema pura o qual foram nomeados. O
nome de Estêvflo aparece em primeiro 
lugar na lista e é acompanhado pelas 
palavras: "Homem cheio de fé e do Hs- 
pfrlto Santo". Estas palavras n&o sâo 
repetidas depois dos outros nomes, mas 
devemos entender que elas descrevem 
toclos os sete diáconos.
A nomeação dos sete homens como 
diáconos deixa os apóstolos livres para 
pregar, ensinar e orar. Na sua posse, os 
novos diáconos são apresentados pela 
congregação aos apóstolos. A RC indica 
que só os apóstolos oram e impõem as 
•mãos sobre eles, mas o texto grego não 
•deixa isso explícito. Aparentemente a co­
munidade inteira participa. A imposição 
de mãos ratifica a escolha da comunidade 
e significa a concessão de responsabi­
lidade e a doação de forças e bênçãos 
para a tarefa.
A ordenação dos sete diáconos fornece 
bom modelo para ministrar as minorias 
da Igreja. Como na igreja primitiva, de­
vemos nos preocupar com o modo como 
as minorias — os pobres, as viúvas, os 
órfãos e as pessoas de diferentes origens 
raciais— são tratadas. Semelhante às viú­
vas crentes de fala grega, tais pessoas são 
indefesas, e suas necessidades podem ser 
negligenciadas. Cada congregação deve 
ter um programa próprio para ministrar ao 
que estão em desvantagem e às minorias, 
e entregar este ministério àqueles que sfto 
espiritualmente dotados e compromissados 
a cuidar deles.
Na resolução de uma brecha poten­
cialmente perigosa, a Igreja desfruta 
novamente de espírito cle unidade e 
crescimento fluente (v. 7). Um número 
impressionante de novos-convertldos se 
junta ao grupo, incluindo pela primeira 
vez “grande parte dos sacerdotes”, Pelo 
poder do Espírito, a palavra de Deus se 
espalha e aumenta em seus efeitos, de 
forma que até o sacerdócio está sendo 
transformado pelo evangelho. Lucas subli­
nha o eleito extraordinário do evangelhe> 
nestes sacerdotes. Eles "obedecialm) íi 
fé", indicando que a fé em Jesus Cristo 
exige um curso tle vida de acordo com 
o que a pessoa crê. Seguir este curso é 
obedecer ii fé'(cf. Rm 1,5).
SM
4. Os Atos dc Heis Líderes Cheioa do 
Espírito (6.8— 12.24).
Lucas enfatizou o,s discípulos como 
comunidade de proletas balizados com 
o Espírito e relatou os atos desta comu­
nidade cheia do Espírito. Assim que a 
negligência das viúvas dos crentes de fala 
grega foi resolvida, a atenção passa para 
os seis líderes carismáticos, começando 
por Estêvão e terminando por Paulo (At
6.8— 28.31). Deste ponto em diante, Lucas 
devota sua narrativa a estes seis líderes: 
Estêvão, Filipe, Barnabé, Ágabo, Pedro e 
Paulo. Estes homens são os profetas un­
gidos pelo Espírito. Suas ações e palavras 
são inspiradas pelo Espírito Santo, e seu 
ministério simboliza o ministério de con­
dição de profeta de todos os crentes.
4.1. Os Atos de Estêvão: Um 
Diácono Cheio do Espírito 
(6.8— 7.60)
Todos os sete diáconos estão cheios do Es­
pírito e sabedoria (At 6.3). A palavra “cheio” 
(pleres) implica duração e se refere a uma 
qualidade de plenitude espiritual que os 
habilita a falar sob grande inspiração e fazer 
sinais e prodígios (w. 5,8). O sucesso destes 
testemunhos cristãos emjerusalém desperta 
oposição, como ocorreu em duas ocasiões 
prévias (At 4.1-22; 5.17-41). Mas nesta ocasião 
em particular, a oposição se estende além 
do Sinédrio e das autoridades do templo, e 
inclui os membros de uma sinagoga de fala 
grega (v. 9; cf. At 24.12) e o povo em geral 
(v. 12). Estêvão se toma vítima da resistência 
dessas pessoas ao evangelho.
4.1.1. Estêvão Faz Sinais e Prodígios 
(6.8-10). Lucas descreveu que a vida e 
ministério carismáticos de Estêvão são 
“cheios do Espírito Santo e de sabedoria” 
(v. 3) e ele é “homem cheio de fé e do 
Espírito Santo” (v. 5). Agora ele descreve 
os dons carismáticos de Estêvão em ter­
mos de ele ser “cheio de fé e de poder”, 
habilitando-o a fazer “prodígios e grandes 
sinais entre o povo". A junção cie graça 
(charts) e poder (dynamis) indica que 
a graça divina outorga sobre ele dons 
espirituais para Inzer milagres.
Obras miraculosas capHClludas pelo Hl* 
pírltosíotípluis do ministério de Estêvlo, 
listas manifestares maravilhosas junto 
com sua preguçlo incitaram oposlçto, 
Os judeus de fala grega da Sinagoga dos 
Libertos (provavelmente prisioneiros dc 
guerra libertados pelos romanos) discu­
tem com Estêvão. Alguns destes Judeus 
vieram de Cirene e Alexandria, outros 
das províncias da Cilicia e Ásia. Deve ter 
havido uma inclinação para os judeus 
de fala grega se reunirem em sinagogas 
particulares em Jerusalém. Mas nenhllin 
dos adversários de Estêvão pode "resistir 
à sabedoria e ao Espírito com que fftlu­
va” (v. 10). Enquanto ele fala, Estlvlo 
é capacitado pelo Espírito Santo, e sim 
mensagem manifesta o dom espiritual du 
sabedoria. É teologicamente informado, 
e seus oponentes não podem responderaos seus argumentos ou repudlar-lhe H 
lógica (cf. Êx 4.14; Lc 21.15).
Esta ocasião é a primeira vez que os 
crentes confrontam seus oponentes em 
discussão aberta. O conflito se tornou 
uma luta intelectual — argumentos que 
se centralizam na questão da validade du 
lei e do tempo. Estêvão mede forças com 
seus inimigos em debate aberto, e eles ní< > 
podem com as ações e palavras prejfétlcas 
deste diácono cheio do Espírito.
4.1.2. Estêvão se Defende Perante o 
Sinédrio(6.11— 7.53). Os adversários de 
Estêvão o acusam de blasfêmia. Estando 
mais interessados em vindicar a sl mesmos 
que a verdade, eles lançam mão em obter 
falso testemunho das testemunhas, que 
o acusam de ataques blasfemos "contra 
Moisés e contra Deus” (v. 11). Pela pri­
meira vez o povo é instigado contra os 
cristãos. Até aqui, as autoridades têm réü- 
tringido suas ações contra os discípulos, 
por temerem o povo (cf. At 2.47). Mas hs 
falsas testemunhas envenenam a mente 
do povo contra os discípulos, torcendo 
certas declarações de Estêvão.
A disputa entre Estêvão e os judeus dc 
fala grega concentra-se na sua Interpretaçfto 
da lei de Moisés e do propósito de Deus 
para a adoração no templo,
1) Como portador du lei, Moisés represen­
tou u reveluçfto dc Deus dtds hon judeus
no monte Hlnitl, Kit' «Imbollzuva tudo que 
era santo c estlmudo na religião rabínlca; 
negar Moisés era atacar n autoridade divi­
na e u validez da adoração e práticas do 
templo. Estêvflo é acusado de mudar os 
costumes passados por Moisés (v, 14), os 
quais provavelmente não Incluem apenas 
a lei escrita, mas também a tradição oral 
que dá a interpretação dos escribas acerca 
tia lei (Marshall, 1980, p. 130).
2) A adoração do templo prescrevia para o 
povo tle Israel a ordem divina tia adoração. 
Questionar a ordem do templo era visto como 
violação do poder e majestade de Deus. 
Acusação semelhante fora feita contra 
Jesus. Ele tinha predito a destruição do 
templo. O Quarto Evangelho registra 
a profecia e seu significado: “Derribai 
este templo, e em três dias o levantarei”. 
Mas, como João explicou, “ele falava 
do templo do seu corpo” (jo 2.19,21; 
ti'. Mt 26.61; Mc 14.58). É possível que 
Estêvão durante seu debate na sinagoga 
tenha citado esta profecia. Torcendo as 
palavras de Estêvão como blasfemas, 
seus inimigos o acusam de ensinar que 
Jesus destruiria o templo e aboliria seu 
serviço (At 6.14).
O que Estêvão ensinou realmente es­
tava de acordo com a profecia do Antigo 
Testamento de que Deus não habita em 
templos feitos por mãos de homens (At
7.48,49). A substância eterna e espiritual 
do Antigo Testamento é preservada no 
Evangelho, mas Estêvão percebe que 
a obra salvadora de Cristo dá um fim à 
ordem do templo com seu cerimonial e 
adoração sacrifical. Uma nova dimensão 
cie comunhão com Deus foi introduzida 
por Jesus. Tal comunhão com Deus em 
multo excede o templo e sua adoração.
Em outras palavras, o velho templo está 
sendo substituído por um novo templo, a 
Igreja crista (cf. At 15.16-18). Oexciusivis- 
nio tio jutlafsmo estô acabando, e Deus o 
cstd substituindo com o universalismo tio 
movimento cristão. AquEle que é maior 
que o templo veio (Ml 12,6), c o mundo 
Inteiro será atraído na suprema vida do 
Kspfrlto, A substituição da templo "feitos 
por mãos de homem" significa que o povo 
de Deu« pode ter uma comunhí o d Inflmlea
c criativa com Deus, l!stu transição deixa 
claro que os último« tilas despontaram. 
Pelo poder do Espírito, Estêvão proclama 
a salvação tle ílmblto universal, Mas os 
judeus de fala grega, defensores zelosos 
tia tradição, vêem esta pregação profética 
como uma ameaça ;) adoração sacrifical 
e íi lei cerimonial.
Ao deturpar o que ele disse como blas­
fêmia (At 6.12,14), seus inimigos incitam 
o povo, os anciãos e escribas contra ele. 
Eles o prendem e o levam perante o Siné­
drio para ser julgado. Enquanto acusações 
são feitas contra ele, seu rosto aparece ao 
tribunal “como o rosto de um anjo" (v, 15), 
Quer dizer, seu semblante está radiante 
com a glória de Deus, como aconteceu 
com o rosto de Moisés (Êx 34.29,30) e 
cle Jesus (Lc 9.29). O esplendor glorioso 
da face de Estêvão indica que da mes­
ma maneira que Jesus tinha prometido 
aos discípulos, o Espírito Santo continua 
inspirando-o a proclamar o evangelho (Lc 
12.11,12; 21.14,15). Depois da pergunta 
do sumo sacerdote: “Porventura, é Isto 
assim?”, um silêncio cai sobre o Sinédrio 
até que Estêvão completa sua defesa (At 
7.2-53).
Estêvão está onde seu Mestre estava 
quando Ele foi condenado à morte. O 
Sinédrio se reuniu para o condenar sob 
a semelhante acusação cle blasfêmia. O 
Estêvão cheio do Espírito deve ter sabido 
que ele sofrerá o mesmo destino que seu 
Salvador. Com suas palavras diante do 
conselho, ele faz extraordinário discurso. 
Ele cita a história de Israel desde Abraão 
até Salomão, narrando os procedimentos 
de Deus para com seu povo. Ele escolhe 
do Antigo Testamento acontecimentos 
que confrontam seus ouvintes com clols 
temas:
í) Por muitas vezes Deus enviou pessoas para 
servir como libertadoras tio seu povo, mas 
os mensageiros de Deus foram rejeitados 
(vv, 2-43).
2) Os jüeleus erroneamente acreditam que Deus 
habita tle fato no templo (vv, 44-50). 
Ambos os tema« ocorrem repetidas vezes 
ao longo do discurso, Embora Kstôvflo esteja 
respondendo íis acusaçftes feitas contra ele, 
seu discurso pode «er descrito com mais
pivdwion )inoaiiit|iif Ik intal em Ni ui uutli 
ônela por rejeitar, coroo l\/,eram seus puis, 
os mensageiros enviados a eles por Deus 
(vv. Sl-S.-i), () discurso tcin seis divisões 
principais, concentra ndo-se principalmente 
na história do povo cie I )eus encontrada no 
Pentateuco(a única parte das Escrituras que 
os saduceus aceitavam a autoridade).
1) Depois de uma saudação cortês aos presentes 
como “irmãos e pais” (cf. At 22.1), Estêvão 
passa para este primeiro tópico, a criação 
de Deus de uma nação pela chamada de 
Abraão (w. 2-8). Ele começa descrevendo 
Deus como “o Deus da glória” (Sl 29.3). 
Esta descrição enfatiza a majestade de Deus 
que não pode ser confinada a um templo 
feito por mãos humanas. À medida que
o Estêvão cheio do Espírito fala, sua face 
brilha com a glória divina.
Deus apareceu a “Abraão, nosso pai”, 
enquanto ele vivia na Mesopotâmia. Em 
outras palavras, quando Deus chamou 
Abraão, o pai da sua nação, o patriarca 
vivia fora da Terra Santa, na Mesopotâmia. 
Sua chamada o encetou na direção de 
Canaã, a terra que Deus lhe mostraria. 
Note que Abraão recebeu a revelação 
divina num país pagão, demonstrando 
que Deus não está limitado à terra da 
Palestina.
Obedecendo a Deus, Abraão, com seu 
pai, Tera, deixou a terra dos caldeus (quer 
dizer, a Mesopotâmia) e passou a residir 
em Harã. Estêvão entende que o patriarca 
permaneceu lá até a moite de Tera (cf. Gn
11.27— 12.4). Depois Abraão migrou para 
Canaã, a terra que Deus lhe prometera e a 
mesma terra na qual a audiência de Estêvão 
agora vivia. Mas o cumprimento completo 
cia promessa de Deus não veio de imediato 
com o assentamento de Abraão em Canaã, 
porque ele não chegou a possuir nada da 
terra, “nem ainda o espaço de um pé” (v.
5). A promessa de Deus deve ter lhe pare­
cido impossível, sobretudo considerando 
que Deus o assegurara de que ele e seus 
descendentes possuiriam a terra, mas neste 
momento ele não tinha herdeiro. Abraão 
teve um filho antes cle Isaque, mas ele não 
era o herdeiro prometido.
A terra permaneceu só uma promessa 
pura Abraão, mas l< ima se uma possessão
O antigo templo em Jerusalém foi substituído por 
um novo templo, a Igreja Cristã — os crentes. EttM 
Igreja Cristã primitiva em Golã foi destruída por 
um terremoto em cerca de 747 d.C. Noto ti dlraçBo 
singular dos pilares tombados.
para seus descendentes depois que eles 
passam quatrocentosanos na escravklíK) 
egípcia. Deus libertou esses descendentes 
da opressão. Só então eles viajam part 
Canaã e se tornam os herdeiros da Terra 
Prometida. Como no versículo 7, a ten® 
era mais que mero lugar para morar; foi 
“neste lugar” (Palestina) que eles deviam 
orar e adorar a Deus,
A promessa de Deus pôs em movi­
mento a fé de Abraão, Abraão creu qfe 
seus descendentes herdariam a Temi 
Prometida, mas Deus lhe disse que só 
depois de um período de escravidão 
sua posteridade seria abençoada, Uma 
indicação adicional da fé de Abraão era 
sua aceitação do concerto, pelo qual as 
promessas cle Deus fizeram Abraão e stíUN 
descendentes objetos especiais do ume>rc 
cuidado divinos, Deus deu a drcundsúo 
como sinal exlerno deste concerto, que 
era para mostrar seu compromisso com
Mil
Deui, Sendo forte nu fé, Abrafw i tranamltlu
o concerto pura a aeração seguinte através 
da circuncisão dc Isaque (Gn 21.4). A 
Unha tle concerto continuou porJacó e 
por seus doze filhos. Em contraste com 
a audiência de Estêvão, Abraão, o fun­
dador da nação judaica, é um exemplo 
dc fé c obediência.
2) Depois de sua discussão sobre Abraão, 
Estêvão sumaria a história de José, contando 
sobre a jornada de Jacó ao Egito com seus 
filhos e a morte deles naquela terra estran­
geira (vv. 9-16). Ao longo do discurso de 
Estêvão flui o tema de conflito na família 
(vv, 23-29,35,39,51-53). Ele introduz este 
tema referindo-se ã inveja que os patriarcas 
tinham de José, a qual os incitou a rejeitá-lo 
e vendê-lo como escravo aos gentios. Pelo 
que aconteceu com José, Deus cumpriu as 
promessas de escravização e maus tratos 
(v. 6). A implicação de Estêvão é que da 
mesma maneira que o sumo sacerdote e 
seus colegas tiveram inveja dos discípulos 
(At 5.17), assim os irmãos de José tinham 
inveja dele. Mas Deus era com José na sua 
escravidão no Egito e livrou-o das aflições 
dando-lhe sabedoria (cf. At 6.3). Este dom 
espiritual o capacitou a interpretar sonhos, 
conduziu-o à elevação como governador 
do Egito e habilitou-o a se preparar para 
uma fome.
Quando a fome se abateu sobre o Egi­
to, teve um efeito devastador no mundo 
(Gn 41.57), particularmente em Canaã (Gn
42.1-5). Então Jacó enviou seus filhos res- 
tantes ao Egito, à procura de comida. Na 
primeira visita, eles não reconheceram 
José. Quando voltam da próxima vez, ele 
se revela a eles e se torna seu libertador. 
Quando Faraó toma ciência da família de 
José, ele os convidou a morar no Egito. A 
família de Jacó de setenta e cinco pessoas 
viajou para lá, e fica estrangeira num país 
gentio (cf. Gn 46.27,1.XX). Embora Jacó e 
os patriarcas depois morressem no Egito, 
eles não foram enterrados lá, mas na terra 
que Deus prometera como herança aos 
seus descendentes, a terra de Canaã. Eles 
nfto tiveram herança em Canaã, exceto um 
pedaço tle terra comprado por Abraão de 
Siquém para servlrde cemitério, de maneira 
que seus corpo» Ibrum levados e enterra*
dos naquele lugar, As liiinluis em Siquém 
prestam testemunho tle que estes homens 
morreram com fé na promessa.
Pelo fato tle Deus estar com José no
1 igito, os eslbrçt >s maltlc >sos dos seus Irmãos 
serviram para avançar o plano tle Deus, 
Uma vez mais Estêvão Insiste que Deus 
não está limitado ao templo. No Egito Ele 
usou José para salvar seu povo tia fome, 
Apesar de tratarem-no mal, seus Irmãos o 
reconheceram como o libertador divina­
mente ungido da sua família e povo,
3) Agora Estêvão se volta para a história tle 
Moisés, o homem a quem Deus levantou 
para tirar os filhos de Abraão da escravltlã< > 
do Egito (w. 17-38). Depois da morte dejacó 
e seus filhos, os israelitas permaneceram n< » 
Egito e continuaram se multiplicando até 
que o tempo do cumprimento tia promeNsa 
a Abraão estivesse perto. Nesta época, um 
novo rei que não conhecia José subiu ao 
trono do Egito. Até agora, a memória tle 
José e do que ele fez favorecia o povo tle 
Deus. Sob a administração do novo rei esse 
favor mudou, e eles foram oprimidos por 
sua política cruel.
Estêvão menciona só a parte pior do 
tratamento cruel dos hebreus, a destruição 
dos meninos. A fim de evitai- que o» Israe­
litas crescessem em número e fossem uma 
ameaça para o seu reino, Faraó ordenou 
que todos os bebês masculinos fossem 
postos fora de suas casas, de modo a serem 
expostos e mortos (Êx 1.15-22), Nesse 
tempo, Moisés entrou em cena. Moisés 
“era mui formoso”. Contrário ao édito, de 
rei, seus pais o esconderam em casa por 
três meses. Finalmente eles o expuseram 
à morte, mas de modo maravilhoso ele foi 
salvo e adotado pela filha de Faraó como 
filho dela. Como membro da família do 
rei, Moi,ses foi criado num palácio gentio 
e recebeu o melhor da educação egfpcia, 
Tal treinamento magnífico não foi em vfl( n 
produziu um homem que “era poderoso 
em suas palavras e obras" (At 7.22), 
Deus tinha designado Moisés como 
lidere libertador. Estêvão conta a respeito 
tia primeira vez qye o povo rejeita Moisés 
(vv, 23-29). Com a Idade de quarenta 
anos, Moisés visitou os israelita«, Embora 
criado numa corte gentlu, ele não tinha
»etornado egípdo de coração, Nu vl»lta, 
ele viu como o »eu povo era oprimido e 
te»temunhou um Iwraellta Meneio maltra­
tado por um egípcio, Moisés nfto apena* 
defendeu o escravo, mau também fez 
vingança matando o egípcio, De acordo 
com Êxodo 2.12, de escondeu o corpo 
na areia de modo que ninguém soubes­
se o que ele tinha feito. Ele não queria 
que os egípcios tivessem conhecimento 
sobre o incidente; mas, como Estêvão 
indica, Moisés também esperava que os 
israelitas o reconhecessem como amigo 
e aquele que for divinamente nomea­
do para trazer-lhes libertação (soteria, 
“salvação”) da escravidão.
No dia seguinte em que ele matou o 
egípcio, Moisés viu dois hebreus lutando. 
Moisés tentou resolver a rixa, mas fracassou. 
Ele foi repelido e veementemente reprovado 
pelo malfeitor: “Quem te constituiu prínci­
pe e juiz sobre nós? Queres tu matar-me, 
como ontem mataste o egípcio?” A resposta 
para a primeira pergunta é dada: “A este 
enviou Deus como príncipe e libertador” 
(v. 35). Moisés já sentia que ele era um ins- 
tnimento de Deus para libertar os israelitas 
da opressão brutal dos egípcios, mas ele 
foi rejeitado por seu próprio povo, como 
José antes e Jesus depois.
Moisés teve de fugir para a terra de Mi- 
diã, localizada no noroeste da Arábia. Era 
um desterrado do seu povo, e também 
um exilado em terra estrangeira, onde se 
estabeleceu e criou uma família. Depois 
de quarenta anos em Midiã, ele teve uma 
experiência decisiva na área despovoada 
do monte Sinai. Lá, ele foi confrontado 
por um anjo “numa chama de fogo de um 
sarçal” (v. 30). A sarça ardente serviu de 
símbolo da presença de Deus, pela qual
I )eus chamou a atenção de Moisés. Quando 
Moisés olhou a sarça ardente mais de peito, 
de ouviu a voz do Senhor que vinha dela, 
chamando-o para libertar o seu povo do 
Egito. A voz correspondia à voz divina que 
Jesus ouviu depois do batismo (Lc 3.22),
Da sarça ardente, o Senhor se iden­
tificou como o Deus dos antepassados 
de Moisés, que tinha feito um concerto 
com Abraão, Isaque e Jacó, Este encontro 
espantoso fez Moisés tremer de medo,
que nlooudou erguer ou olho» pir» ver 
a sarça sendo consumida pela» chama», 
Deu» o assegurou de que ele estava em 
"terra »unta", A presença de Deu» tornou 
aquele lugar sagrado; uma vez mala Bi* 
tevão está lembrando sua audiência de 
que a revelação de Deus não e»tíl limi­
tada à terra judaica, De fato, no Antigo 
Testamento, o lugar mais importante de 
revelação não está na Terra Prometida, 
mas no monte Sinai.
Deus tinha visto o sofrimento cruel do 
seu povo no Egito e enviara Moisés para 
ser seu príncipe e libertador, mas ele» jíl O 
tinham rejeitado (v. 35). A tarefa de Molsé» 
começou a sério quando ele voltou ao BlltO,Vemos não só um paralelo entre a rejelçlo 
de Moisés e de Jesus, mas também como 
Jesus, Moisés fez obras poderosas como O 
redentor de Israel nomeado porDeUl, qur 
prefigurava o poderoso ato de Deu» que, 
por Cristo, nos salva de nossa escravidão do 
pecado. A jornada de Israel & Terra Prome­
tida foi acompanhada por sinais milagroso» 
cle Deus. Além disso, Moisés também litlou 
palavras poderosas, que predisseram avinda 
do Messias— um profeta e libertador como 
ele, mas alguém que seria multo maior que 
ele (v. 37; cf. Dt 18.15). Sua profecia íol 
cumprida na vinda de Jesus Cristo,
Uma característica final do ministério 
de Moisés que Estêvão destaca é sua oblK 
como mediador (v. 38). Moisés mediou 0 
velho concerto, cia mesma maneira que 
Jesus serviu de mediador do novo concerto, 
Estêvão destaca o papel de Moisés em dar a 
lei. No monte Sinai, Moisés "esteve entre a 
congregação no deserto" (v, 38), A palavra 
grega traduzida por “congregação" é ukklwtttí 
(“igreja”). No monte, Moisés recebeu a» 
“palavras de vida", frase que se refere lí 
revelação divina da lei. É "da vida" ponp f 
a mensagem divina dada no monte Sinal 
tem poder para consumar a vida (cf, Hb
4.12) e é uma mensagem duradoura que 
abarca a graça cie Deus e sua promessa de 
salvação. Êxodo 19.19-25 Indica que Deu» 
falou diretamente a Moisés, mas HstêvAo 
entende que I )eus revelou sua mensagem 
por um anjo (cf, Gl 3,19; Hb 2,2).
4) Neste momento, Estêvão torna-se mal* 
específico em suu clescrlçflo da rehellfto
dc Iirael (vv, 59-43). A primei» vez que 
os Israelitas rejeitam Moisés (cf, vv, 27,28) 
pressagiava o que depois aconteceu no 
deserto, O povo tinha testemunhado as 
manifestações milagrosas da presença de 
Deus no Egito, no mar Vermelho e na 
jornada ao monte Sinai. Contudo, apesar 
de tudo o que eles viram Deus fazer por 
eles sob a liderança de Moisés, o povo se 
recusou a obedecer. Enquanto ele esta­
va no monte Sinai recebendo a lei, eles, 
“em seu coração, se tornaram ao Egito”, 
e exigiram que Arão fizesse ídolos para 
eles adorarem.
Sua rebelião está bem resumida na nar­
rativa da fabricação do bezerro de ouro 
(v. 41; cf. Êx 32), a quem eles ofereceram 
sacrifícios e se alegraram nas obras de suas 
mãos. Foi bastante ruim eles rejeitarem 
Moisés — o homem ungido por Deus 
como líder e libertador— , mas para tomar 
as coisas piores, o povo caiu em idolatria 
pagã. Eles não quiseram andar por fé. 
Descontentes com a presença invisível 
de Deus, construíram para si um bezerro 
de ouro, para que pudesse ter um deus 
perante si.
Estêvão cita Amós 5.25-27 (LXX), que 
começa com a pergunta: “Porventura, me 
oferecestes vítimas e sacrifícios no deserto 
por quarenta anos, ó casa de Israel?” O 
fato é que o povo não tinha oferecido 
sacrifícios a Deus durante as peregrina­
ções no deserto. Essa geração abandonou 
a adoração de Deus. Em conseqüência, 
Deus os entregou à adoração dos corpos 
celestes (At 7.42; Rm 1.24-28). Durante a 
jornada no deserto, eles não ofereceram 
sacrifícios a Deus, mas a vários ídolos. 
Sua adoração de ídolos começou ao pé 
do monte Sinai e continuou durante os 
quarenta anos seguintes. Eles ofereceram 
sacrifícios a Moloque, a deidade cananéia 
do sol e do céu, e a Refã, um deus egípcio 
associado com o planeta Saturno. Além 
disso, os israelitas também fizeram imagens 
destes deuses e os adoravam.
Nos dias de Amós (século VIII a.C.), 
o coração do povo adorava Moloque e 
Ref&, Integrantes dos exércitos do céu, Por 
causa da história dos israelitas, lidar com o 
problema de Idolatria nfto é um problema
novo, EitÔvIo discerne que a má rellgUo 
que Amós condenou remontava ao tempo 
da peregrinação do deserto. Assim, da 
mesma maneira que foi escrito no livro 
dos profetas, Deus entregou um povo 
rebelde não apenas à adoração idólatra, 
mas também ao cativeiro babilónico (v. 
43). Em outras palavras, o julgamento 
divino fora um fato do passado de Israel, 
mesmo tão distante quanto a jornada do 
Êxodo à Terra Prometida.
5) O ponto seguinte de Estêvão finda sua 
pesquisa histórica e introduz um tópico 
novo: o tabernáculo e seu sucessor, o tem­
plo (w. 44-50). Os judeus de fala grega o 
acusaram de blasfêmia contra o templo, Ao 
invés de negar a acusação diretamente, o 
Estêvão cheio do Espírito passa a explicar 
o verdadeiro valor do templo. Ele começa 
discutindo o tabernáculo, que foi subse­
qüentemente substituído pelo templo, Ele 
se refere ao tabernáculo como “tabernáculo 
do Testemunho”, porque a lei era guarda­
da na arca sagrada (Nm 17.7). Também 
era o lugar onde Deus se revelava ao seu 
povo. Deus deu a Moisés as plantas para 
a construção (Êx 25-9), e tomou-se parte 
da vida de Israel.
Sob a liderança de Josué, o tabernáculo 
entrou na Terra Prometida. Lá permaneceu 
o ponto focal da adoração de Israel até 
o tempo de Davi. Visto que era só uína 
tenda móvel, Davi desejou estabelecer um 
lugar da habitação mais permanente para 
o Deus de Jacó (v. 46). Mas foi SalomSo 
que substituiu a tenda pelo templo como 
casa de Deus.
O povo pensa erroneamente que a 
presença de Deus pode ser contida num 
edifício feito por mãos humanas. Por mais 
que a estrutura do templo de Salomão 
fosse grandiosa, era muito pequena para 
conter o Deus vivo. Estêvão mostra, citan­
do Isaías 66.1, 2, o erro do pensamento 
israelita: Nenhum edifício pocle conter o 
Governante da terra e do céu. Portanto, 
não é blasfêmia dizer que o templo deve 
ser posto de lado e destruído. O ataque 
de Estêvão não é contra a grandiosidade 
do templo em sf, mas contra a teologia 
que limita a presença de Deus ao tem­
plo, Como Satomâo (1 Rs 8.27), Estêvflo
sabe que visto que o mais ulto céu nlo 
pode conter Deu*, nada feito por mio* 
luimanas pode.
O nome divino "Altíssimo" (v. 4H) enfatiza 
a transcendência de Deus, Israel deveria 
saber que semelhante Deus não pode es­
tar limitado a um templo. Isaías profetizou 
claramente que o Criador não habita em 
estruturas feitas por mãos: “O céu é o meu 
trono. [...] E que lugar seria o do meu des­
canso. Porque a minha mão fez todas estas 
coisas, e todas estos coisas foram feitas” (Is
66.1,2). Conseqüentemente, Deus não deve 
ser tratado como ídolo e considerado que 
está alojado num templo. Ele nunca pode 
ser limitado a qualquer templo, quer em 
Jerusalém ou na Palestina. Tais limites são 
falsos, pois Deus pode ser adorado em qual­
quer lugar onde as pessoas se voltam para 
Ele com fé em Jesus Cristo. Deus não tem 
um lugar de habitação; é a comunidade de 
crentes, a Igreja, onde o seu Espírito reside 
e sua presença está em ação.
6) Estêvão conclui o discurso com palavras 
contundentes dirigidas aos seus acusadores 
e aos membros do Sinédrio (w. 51-53). Pro­
fundamente comovido por suas convicções 
e inspirado pelo Espírito Santo, Estêvão 
usa linguagem vívida para os denunciar 
pela dureza de coração. Eles são “de dura 
cerviz” (Êx 33.35) e “incircuncisos de co­
ração e ouvido” (Lv 26.41; Dt 10.16). Entre 
os judeus, “incircunciso” era um termo de 
repreensão e desprezo. Davi denunciou 
Golias como “este incircunciso filisteu” (1 Sm 
17.26), e Ezequiel chamou os estrangeiros 
de “incircuncisos de coração” (Ez 44.7,9). 
Moisés e os profetas tinham lançado estas 
mesmas duas expressões às nações pagãs 
e ao Israel apóstata. Não há palavras mais 
precisas para os oponentes de Estêvão, 
que estão seguindo os passos dos seus pais 
fechando a mente à mensagem de Deus e 
resistindo ao Espírito Santo (cf. Is 63.10), 
sob cuja inspiração Estêvão está falando. 
Não há nada novo sobre o fato cle os 
líderes judeus rejeitarem os líderes inspi­
rados pelo Espírito. Seus predecessores 
tinham perseguido os profetas e matado 
aqueles que profetizaram a Primeira Vin­
da de Cristo (v. 52). Mas agora os lideres 
de Israel silo culpados de terem traído
p assassinadoo "Justo", o Messias, Um 
padrão definido de desobediência flui 
ao longo da história de Israel. Israel era 
abençoado, recebendo a lei pelas mãos de 
anjos, mas eles transgrediam a lei. Assim, 
Estêvão é justificado ao aplicar as palavras 
de Moisés ao povo que o ouve; porque 
os líderes se opõem ao Espírito Santo, 
eles mostram que não são o verdadeiro 
povo de Deus. Eles, não Estêvão, estão 
negando sua herança espiritual.
Muitos na Igreja Cristü cometem o iliesmt » 
erro de rejeitar o Espírito Santo mediante 
as ações que tomam. Como os fariseus 
rejeitaram o ministério do Jesus ungido 
pelo Espírito, assim os lideres da Igreja, 
em nome da sã doutrina, são tentados a 
rejeitara demonstração do potier do Espírito 
e as manifestações clos seus dons,
4.1.3. O M artírio de Estfivflo (7.I4- 
60). Estêvão apresentou aniplu evidência 
para ressaltar sua denúncia profética dos 
líderes da nação. No clímax do discurso, 
ele tocou os ouvintes numa ferida aberta, 
Em conseqüência, suas palavras proféticas 
provocam grande raiva no Sinédrio, Eles 
foram retratados como pertencentes a 
uma nação de idólatras e são acusados de 
serem culpados de crucificar o Messias, 
As acusações contra eles foram apoiadas 
por várias Escrituras. Uma explosão de 
ira irrompe contra Estêvão, e eles rangem 
os dentes contra ele. Ele apresentou uma 
grande defesa; mas ainda que o Sinédrio o 
condene, eles não podem resistir il sabcd< iria 
e ao Espírito nos quais Kstôvão fala,
O Estêvão cheio do Espírito se comporta 
como profeta. Pelo Espírito Santo, ele vé a 
glória radiante de Deus e o Jesus exaltado 
à mão direita cle Deus (vv, 5Í,56| cf, U' 
22.69). Durante a visão, aparece o pafirfto 
trinitário. Estêvão, cheio do 
olha para o céu e vê o Sonhar JmM em 
pé, à mão direita de Deus Pai, Essa vlsão 
não deixa dúvida sobre o lugar de Jesus 
na deidade.
Só aqui no Novo 1 'esta mente >Jesus é retra­
tado a estarem pé em vez de eslarsentado 
ã mão direita cle Deus, A explicação mais 
satisfatória é que Ele está agindo no papel 
de Intercessor, advogado e testemunha, Sun 
posição sugere que Ele estfl confessando
6ô9
Estêvfto diante do Pai divino, como Ele 
prometera: "Qualquer que me confessar 
diante dos homens, eu o confessarei diante 
de meu Pai, que está nos céus” (Mt 10.32). 
Jesus é o Senhor exaltado, e seu povo tem 
acesso a Deus por Ele (cf. Rm 8.34). Como 
o Justo (v. 52), o Filho do Homem está 
qualificado para representar o povo de 
Deus e testemunhar a seu favor.
Agora Estêvão confessa pela primeira 
vez o Senhor ressurreto diante do Siné­
drio, declarando que Ele vê Jesus Cristo 
compartilhando a glória de Deus como o 
exaltado Filho do Homem. Estas palavras 
são blasfemas aos líderes religiosos. Eles 
cobrem os ouvidos, indicando que já não 
ouvirão o blasfemador. A recusa em ouvir 
reflete um problema muito mais profundo: 
empenho para que os ouvidos não sejam 
abertos pelo Espírito Santo (v. 52; Theo- 
logical Dictionary oftheNew Testament, 
eds. G. KitteleG. Friedrich, Grand Rapids, 
1964-1976, vol. 5, p. 556). Eles abafam a 
voz de Estêvão “grita[ndo] com grande voz” 
(v. 57) e avançando ameaçadoramente 
para o agarrai
Estas reações violentas sugerem lin­
chamento, em vez de ser um ato oficial. 
O Sinédrio não tinha o direito de impor 
a pena de 'morte sem o consentimento 
do governador romano. A referência às 
testemunhas (v. 58), as quais julgava-se 
que fossem as primeiras pessoas a lan­
çar pedras a uma pessoa condenada (Dt 
17.7), pode denotar um procedimento 
de julgamento; mas a explosão de ira no 
versículo 57 indica que Estêvão caiu ví­
tima da ação de uma turba fanática. Eles 
o arrastam impetuosamente para fora da 
cidade e começam a apedrejá-lo— o castigo 
prescrito a um blasfemador (Lv 24.14-16; 
Nm 15.32-36). Sua morte é provocada por 
injustiça e pela violência da turba.
Entre as testemunhas da morte de Es­
têvão está “um jovem chamado Saulo” (v. 
58). Quando aqueles que arremetem as 
pedras tiram as roupas exteriores a fim de 
terem mais liberdade para atirar as pedras, 
eles colocam as roupas aos pés de Saulo. 
Aqui em Atos, Saulo é identificado pela 
primeira vez pormome, embora ele possa 
ter estado entre os Judeus em Jerusalém
referidos pela província dn Cllfcln (At 6,9). 
Saulo está entre os oponente,s de Estêvfto, 
e o discurso de Estêvão pode tê-lo incitado 
a tomar parte no assassinato, A morte de 
Estêvão deixou profunda e duradoura im­
pressão no jovem Saulo. Anos mais tarde, 
ele lembra disso com tristeza (At 22.20). 
Depois, Saulo fica amigo dos cristãos quan­
do é milagrosamente transformado pela 
graça de Deus, tomando-se na principal 
personagem missionária da igreja.
A narrativa da morte de Estêvão nos 
lembra da paixão do Senhor. Como Jesus, 
ele foi rejeitado pelo seu próprio povo. A 
oração de Estêvão ao morrer tem semelhan­
ça notável com a oração de Jesus quando 
enfrentou a própria morte: “Senhor Jesus, 
recebe o meu espírito” (v. 59). Há uma 
diferença. Jesus entregou o espírito nas 
mãos do Pai (Lc 23.46), mas Estêvão olha 
para o Senhor Jesus e entrega o espírito ao 
maior vindicador do povo de Deus.
Em seguida, Estêvão se ajoelha em ora­
ção e ainda ecoa outra declaração dejesus 
na cruz: “Senhor, não lhes imputes este 
pecado” (v. 60). Com a confiança tranqüila 
de um profeta, ele segue o exemplo de 
Jesus e permanece fiel ao seu ensino: 
“Bendizei os que vos maldizem e orai 
pelos que vos caluniam” (Lc 6.28). Antes 
de Estêvão morrer, todos ouvem esta tes­
temunha inspirada oferecer uma oração 
de perdão aos seus executores. Somente 
o poder do Espírito Santo pode capacitar 
Estêvão a fazer a oração que ele fez. Como 
Jesus, ele foi rejeitado por sua própria 
gente — um profeta rejeitado.
Descrevendo o que é característico da 
morte de um crente, Lucas diz simplesmen­
te: “adormeceu”. A morte deste diácono 
carismático está em contraste com o frenesi 
fanático da turba. Sua morte se torna a 
principal transição/Agora a perseguição, 
da Igreja se expande e é difundida por 
toda a Judéia e Samaria (At 1.8).
4.2. Os Atos de Filipe: Um 
Diácono Cheio do Espírito 
(8.1-4Q)
A morte de Estêvfto levanta questões te­
ológicas sobre a continuidade da autorl-
Dentro da Porta do Leão em Jerusalém, também ÕKimãdn I 'min
de Estêvão. Quando levado perante o Sinédrio, E ilflv ílii raaonlou h 
história de Israel, dizendo que o povo tinha psrUQUldO a nm litlti tm 
profetas e desobedecido a Deus. Quando olo ecuiou a iiu iIIIi IBii i Im 
matar Cristo e desobedecer a Deus, foi arrastado |>mn tor* da Olòitl» 
e apedrejado, dando inicio á perseguição dos c r lit lo i,
dade (hi Iri i< da ml(ii.iç.Ii ) 
do lemplo enlre ti povo de 
Deus (Al (i. 1(1 l l; 7. líi )). 
líslôvíí*> e outros t risiiu),s 
ligaram seu desafio com ;i 
traição c morte dc Jesus ás 
mãos dos líderes religiosos 
(d. At 2.23,2-1; 7.51-53). Ago­
ra, muitos emjerusalérn estã< > 
enfurecidos c< >ntra < >s crista« xs 
e rejeitam violentamente o 
evangelho.
4.2.1. Perseguição tia 
Igreja em jerusalérn (8.1-
3). A execução cle Estêvão 
assinala uma nova onda cle 
perseguição. A violência da 
turba contra os crentes força 
a Igreja a ser tornar Igreja mis­
sionária. A grande comunidade 
de crentes se espalha “pelas 
terras dajudéia e da Samaria”, 
ainda que os apóstolos perma­
neçam emjerusalérn. Eles não 
são forçados a fugir, provavelmente porque 
a intensa perseguição é dirigida contra os 
cristãos de fala grega (os helenistas) em vez 
de se concentrar nos cristãos de fala aramaica 
(cf. At 6.1-4). O sofrimento destes cristãos 
leva ao crescimento da Igreja. Muitos dos 
leitores de Lucas também estavam stxfrentk >. 
O sofrimento destes primeiros cristãos os 
conscientiza cle que o sofrimento por causa 
do Evangelho tem um pre >pósit<), o c| uai lhes 
dá encorajamento e esperança.
A mortede Estêvão foi uma grande 
perda para a comunidade de crentes, e eles 
choraram muito por ele. “Varões pieckxscxs" 
enterram Estêvão. Neste caso, talvez estes 
“varões piedosos” sejam cristãos, embora 
a palavra “piedoso” (eulahcs) se refira 
em outros lugares do Novo Testamento 
aos judeus devotos (At 2.5; cf. I.c 2.25). 
Mais tarde é usada para descrever Ananias 
como “varão piedoso conforme a lei". 
Como muitos cristãos judeus primitivos, 
porque Ananias continua obedecendo a 
lei (At 22.12), é chamado eulahcs. Embora 
o coração dos cristãos esteja agoniado, a 
execução de Eslêváo lornece-II k\s exemplo 
de como a fé em Crislo pode sustentá-los 
em lace da ínorte,
Depois tio enterro de lísIÊvílo, Mutilo 
assume parte principal na persegulçfln 
tios crentes tie fala grega, Lucan mio nem 
diz se ele age como agente do Sinédrio ou 
como representante de uma ou mills dilN 
sinagogas. Ele dá a entender que miles 
de Saulo viajar para I )amasco se serviu de 
cartas de autoridade do sumo sacerdote 
(At 9.2). Sua perseguição dos erlsiaos em 
Jerusalém é feroz e violenta. Ele enirst nu 
casa deles e os arrasta para a prlufto, Me 
nem mesmo poupa as mulheres, MiIÍn 
tarde, quando Saulo se tornti cilsltlo, u 
memória do que ele fez subsiste eoni ele, 
Ele lembra quão exlremamenie kcIono 
ele era das tradições dos seus aiu eslralN, 
quão violentamente perseguia (hhtInIAi in 
e quão implacavelmente tinha InálCUiln 
destruir o movimento crlsláo (( ll I 13,Mi 
cf. 1 Co 15.9; Ep 3.6; I I’m I 13).
Qua ndo o se ris iao s logem de Jerusalém, 
a Igreja co m e ça a cumprir o mandato tlt* 
Jesus, de (xserenles,serem le s le iminium Hit' 
aos co n fin s tia terra (A l I ,H), O n In im ig o s 
tie ( a'istt) pr<»curam d e stru ir a lgre|u, iiimm 
á m e d id a t|tie os c r ls lá o s se e s p a lh a m , 
e les váo p regam l<) o e va ng e lh t I em todí >n 
(xs lug ares (A l H,4 ), < >s p rlilie lro N ereiilcN 
p o d em le r sido Inclinados a se lixar em
007
Jerusalém, ma» a rejeiç&o do evangelho 
naquela cidade força uma proclamaç&o mais 
ampla de Jesus Cristo. Os cristãos agora 
capturam a visão mundial do evangelho e 
começam o trabalho cie evangelismo.
4.2.2. Filipe Prega em Samarla (8.4- 
13). O real significado de pregar o evan­
gelho em Samaria não pode ser explicado 
em termos de sucesso numérico, mas no 
fato de que ali o trabalho é um passo no 
compromisso da Igreja em evangelizar os 
gentios. Os samaritanos eram um povo 
racialmente misto e considerado semipa- 
gãos (veja comentários sobre Lc 9-51-56). 
O mandato missionário de Atos 1.8 incluía 
Samaria como lugar onde as boas-novas 
seriam pregadas. A pregação do evangelho 
naquela localidade dá início à missão cristã 
em comunidades não-judaicas.
Entre os cristãos que fogem de Jeru­
salém está Filipe, um dos sete diáconos 
carismáticos (At 6.5) e um evangelista 
espiritualmente talentoso (At 21.8). Ele 
vai à capital da Samaria, também chamada 
Samaria. Como cristão de fala grega, ele 
é provavelmente mais aberto aos sama­
ritanos do que a uma pessoa com rígida 
formação judaica. Quando entra na cidade, 
descobre que as pessoas estão prontas 
para o evangelho. As multidões mostram 
verdadeiro interesse na pregação de Filipe 
sobre o Messias. A vinda do Messias era 
parte vital da esperança samaritana (veja 
Jo 4.25). A expectativa estava baseada em 
Deuteronômio 18.15-18, e eles procuravam 
que o Messias fosse mais semelhante a 
um mestre que a um regente.
Os samaritanos ouvem atentamente 
a pregação de Filipe, mas o interesse é 
despertado sobretudo pelo que eles vêem. 
Comojesus, os apóstolos e Estêvão, Filipe 
é poderoso em obras como também em 
palavras. Sua pregação ungida pelo Espírito 
é acompanhada por milagres podero­
sos, que confirmam a palavra profética. 
O Espírito Santo trabalhando por Filipe 
torna impotentes os espíritos malignos 
e os força a sair das vítimas. Muitos que 
são coxos e paralíticos recebem cura. Em 
conseqüência, os samaritanos acreditam 
na mensagem de Filipe e são salvos (v. 
12), eelei experimentam "grande alegria",
Esta alegria é conseqüência direta do po­
der do Espírito Santo e da experiência de 
salvação.
Lucas chama a atenção para algo que 
aconteceu em Samaria antes da chegada 
de Filipe e a conversão dos samaritanos, 
Por algum tempo, eles tinham estado sob 
a influência de um mágico por nome Si- 
mão (w . 9-11). Simâo combinou astro­
logia com magia para se promover como 
pessoa com grande autoridade e poder. 
Muitos tinham sido enganados por seus 
truques e, assim, estavam convencidos 
de que ele tinha poder sobrenatural. Seus 
seguidores o aclamaram por: “Este é a 
grande virtude de Deus”. Entre eles, ele 
teve imenso prestígio, porque o viam como 
uma deidade na terra, ou a encarnação 
de grande poder piedoso.
Mas os truques de Simão e suas rei­
vindicações de poder sobrenatural são 
ultrapassados pelo ministério de prega­
ção e cura de doentes do Filipe cheio 
do Espírito. Filipe anuncia as boas-novas 
sobre Jesus e fala às pessoas que o Reino 
de Deus despontou através de Cristo. Os 
atos de cura confirmam a mensagem e 
a presença do governo de Deus. Filipe 
explica que o tempo do cumprimento 
chegou. Os milagres que as pessoas estão 
testemunhando são os sinais preditos por 
Isaías (Is 35.5,6), e eles atestam a presença 
poderosa do Espírito Santo.
As palavras e ações proféticas de Filipe 
triunfam sobre a magia e os truques de 
feitiçaria. Até Simão fica pasmo com as 
obras poderosas de Filipe, e, junto com 
outros, ele crê na mensagem de Filipe e é 
batizado. O verbo “crer” (pisteuo) é usado 
para se referir à fé de Simão e dos samari­
tanos. Mas o comportamento subseqüente 
de Simão revela que ele permanece escravo 
de seus pecados, sem ter sido regenera­
do. Ele é ainda está “em fel de amargura 
e em laço de iniqüidade” (v. 23) e tenta 
comprar o poder do Espírito Santo (v. 18). 
Sua fé é superficial e apóia-se somente 
nos milagres (Bruce, 1952, p. 179). Ele não 
experimentou o genuíno arrependimento 
e carece de uma verdadeira compreensão 
espiritual do evangelho, Ele não se tornou 
um verdadeiro filho de Deusi sua fé estrt
centrada iioh seres humanos, e nflo em 
Jesus Cristo,
A princípio, Slmfto se llgu de perto 
a Filipe, sendo cutlviido pelos grandes 
milagres c* prodígios. Embora náo st* ar­
rependa, ele conta escapar das ameaças 
de julgamento pronunciadas por Pedro e 
pede que o apóstolo ore por ele (v. 24). Em 
outras palavras, mesmo depois de ouvir 
o evangelho ele não tem entendimento 
do arrependimento para com Deus e cla 
fé em Jesus Cristo.
Em contraste com a fé indiferente de 
Simão, o texto bíblico inspirado deixa 
claro a sinceridade da fé dos samaritanos 
em Jesus Cristo.
1) Visto que eles recebem o batismo cristão, 
a fé é reconhecida como válida por Filipe 
(v. 12) e depois pela Igreja em Jerusalém
(v. 14).
2) Embora Simão tenha sido batizado, ao con­
trário dos samaritanos, ele não produz frutos 
de genuíno arrependimento e fé.
3) Eles experimentam a alegria (cbara) da 
salvação (cf. 8; cf. At 8.39; 13-52; Rm 14.17;
15.13).
4) Eles recebem a plenitude do Espírito quando 
Pedro e João impõem as mãos sobre eles 
(At 8.15-17). O batismo com o Espírito é 
para os que já estão “em Jesus Cristo” e é 
uma obra distinta do Espírito Santõ.
4.2.3. Pedro e João Visitam Samaria
(8.14-25). O povo de Samaria recebe a 
salvação pelo ministério de Filipe. Notícias 
chegam a Jerusalém de que os samari­
tanos receberam “a palavra de Deus”. 
A expansão do evangelho em uma área 
nova é um acontecimento notável, e os 
apóstolos enviam dois dos seus, Pedro, o 
porta-voz, ejoão, seu companheiro, para 
verem o que está acontecendo. Por meio 
do ministério de Pedro ejoão, os crentes 
samaritanos recebem plena imersão do 
poder do Espírito Santo. O batismo destescrentes com o Espírito começa o cumpri­
mento das palavras proféticas de Pedro: 
“A promessa [.,.] diz respeito [...] a todos 
os que estão longe" (At 2.39).
Quando Pedro ejoão chegam a Samaria, 
eles confirmam a aprovação do ministé­
rio de Filipe pregando para os crentes 
samaritanos serem batizados com o Es­
pírito (cf, l,c 11,1,4), liai«« pessoas fórum 
smIviis e biill/.nduN iuin águas em nome do 
Senhor Jesus, mus só receberam u plenl* 
liide pentecostul do Espírito depois que 
Pedro e Joio Impõem as mfios sobre elas 
e oram. Note que os dois apóstolos nflo 
pedem que os samaritanos sejam salvos, 
mas para que sejam cheios do Espírito, 
Como crentes, eles já têm fé em Cristo e 
são habitados pelo Espírito Santo como 
fonte de salvação, amor e alegria, Pedro 
ejoão não questionam a qualidade da fé, 
mas o recebimento da plenitude do Espírito 
como experiência distinta e subseqüente 
ao recebimento da salvaçflo,
Esta experiência dos samaritanos mostnt 
que as pessoas podem crer em Cristo, ser 
batizadas nas águas e não ser dotadas com 
o poder do Espírito. A narrativa su marltana 
nos confronta com uma clara separação 
cronológica entre a crença dos samaritanos 
e a submersão deles no Espírito, A fé Inicial 
não efetua o recebimento da plenitude do 
Espírito, assim como o batismo naa Aguas 
não é o meio de recebê-lo (Stronitad,
1984, p. 64).
O propósito primário de Pedro e da visita 
de João é pregar para que os samaritanos 
cristãos sejam cheios do Espírito, À Impo* 
sição de mãos nüo parece ter sido decisiva 
no recebimento da plenitude do Espirite. 
Lucas não sugere que o batismo com 0 
Espírito seja dependente dos apóitoloi, 
Não há imposição de maos nos discípulos 
no Dia de Pentecostes (At 2.1-4) OU nos 
crentes em Cesaréla (At 10.44-46), Um 
crente não numerado entre os apâatoioi 
impôs as mãos em Paulo (At 9.12-17). 0 
que é decisivo para a direç&o da Igreja é 
a inspiração profética do EapfritO Santo 
(At 11.28-30). O Espírito gula e inaot» a 
missão da Igreja e é a dimensão essencial da 
experiência pentecostal em todos lugares 
em que o evangelho é proclamado, 
Simão vê que os novos-convertldos 
são cheios com o Espírito quando Pedro 
ejoão impõem as mãos sobre eles ( v. 18). 
É óbvio que este mágico deve ter visto um 
sinal exterior sobrenatural para o conven­
cer de que estes discípulos samaritanos 
receberam o poder do Espírito, Ele flea 
tão Impressionado que quer cornpnr I
669
lutbllldade de conceder o Espírito Santo 
sobre outros, Cluro que Slmâo tinha visto 
MlnnlM milagrosos feitos por Filipe (v, 6), 
mas esta manifestação espiritual deve ter 
sido clllerente desses milagres. Visto que 
lalarem línguas nílo tinha acontecido sob
0 ministério de Filipe, isso qualificaria 
como sinal audível e visível que o mági­
co percebe, embora Lucas não o afirme 
ou negue especificamente. Aceitar que 
os crentes samaritanos falam em línguas 
conforme o Espírito concede, ajusta-se aos 
detalhes cias histórias de batismo com o 
Espírito registradas em outros lugares em 
Atos (cf. At 2.1-4; 10.44,45; 19.1-7).
A resposta de Simão ao ver os crentes 
samaritanos receberem o Espírito de pro­
fecia e línguas revela que ele não é um 
verdadeiro crente. Quando ele oferece 
dinheiro para poder conferir o Espírito,
1 ’edro o reprova por pensar que “o dom de 
Deus” possa ser comprado (v. 20). Como 
Ananias e Safira (At 5.1-11), Simão não 
entende a verdadeira natureza do Espírito. 
Ele pensa erroneamente que o Espírito 
e sua plenitude são transmitidos por um 
indivíduo e que o poder para fazê-lo pode 
ser comprado e vendido, O batismo com o 
Espírito é o tipo de dom que só Deus pode 
dar, e Ele o dá sob condições puramente 
espirituais.
Simão afirma ser crente, mas Pedro 
descreve que sua condição espiritual é 
outra: “[Tu] estás em fel de amargura e 
em laço cie iniqüidade” (v. 23). Por causa 
de sua condição miserável, seu “coração 
não é reto diante de Deus”, e ele precisa 
se arrepender da maldade e orar a Deus. 
Ele não tem “parte nem sorte nesta pala­
vra”, significando, claro, as bênçãos do 
evangelho (v. 21). As palavras de Pedro 
deixam claro a condição pobre e miserável 
de Simão. Ele náo tem idéia do que seja 
a graça salvadora cie Cristo (New Inter­
national Dictionary ofNow Testament 
Th&olofjiy, ed, C. Brown, 4 vols,, Granel 
Rapitls, 1975-1985, vol. 2, p. 28).
O curso que Simão está procurando o 
conduz ;i perdiçflo eterna (oís apoloian, 
v, 2ü), Estas forte* palavras de Pedro sfio 
expressas com precisfto pela versòo de 
J, H, Philllpi, que traduz assim u Itase
Inicial do versículo ü): "Para o Inferno 
com voc£ e seu dinheiro", Pedro eslrt ad­
vertindo Simão sobre o perigo de perecer 
na vida após a morte, Esta Interpretação 
também é consistente com a exortaçflo 
de Pedro para que ele se arrependa da 
maldade e receba o perdão de Deus (v, 
22), A condição espiritual do mágico 6 
séria, mas não exclui a possibilidade de 
arrependimento e perdão.
A advertência solene do desastre futuro 
não é sem efeito. As palavras contundentes 
de Pedro aterrorizam Simão. Em vez de 
orar sozinho, ele pede que os dois após­
tolos orem por ele. Entretanto, ele limita 
o pedido ao escape das conseqüências cie 
seus maus caminhos. Não parece que o ver­
dadeiro arrependimento tenha provocado 
o apelo. Ainda que as palavras de Pedro 
o tenham verdadeiramente influenciado, 
não temos garantia do arrependimento e 
salvação de Simão.
Depois do ministério próspero de Pe­
dro e João em Samaria, eles voltam a Je­
rusalém. No caminho, eles evangelizam 
muitas aldeias samaritanas, e o evangelho 
continua tendo progresso.
4.2.4. Filipe Testemunha paraumEtl- 
ope (8.26-40). Filipe provavelmente volta 
com Pedro e João a Jerusalém enquanto 
pregam o evangelho em várias cidades sa- 
maritanas. De lá, ele é chamado para outro 
campo de trabalho. Um mensageiro celestial 
o dirige para o sul, na estrada de Jerusalém 
a Gaza, que atravessa uma área deserta tio 
país. Ele foi uma testemunha inspirada pelo 
Espírito na cidade de Samaria e fez sinais 
proféticos de poder; agora o Senhor o dirige 
a testemunhar para um único indivíduo, 
Imediatamente o evangelista obedece e 
parte para esta rota solitária.
Na estrada deserta que conduz a Gaza, 
Filipe vê uma carruagem, um veículo de 
duas rodas puxado por cavalos, em dire­
ção ao sul. Na carruagem está o etíope, 
provavelmente um gentio temente a Deus. 
Filipe nada sabe sobre este homem: ele 
é distinto funcionário da corte, visto que 
serve de tesoureirç de Candace, uma di­
nastia de rainha# da Etiópia e norte do 
Sudão, Sendo eunuco, ele era conside­
rado homem defeituoso, n£lo lhe sendo
permlt kl< > enl rn r i iu ec mgregaçfli > clc Israel 
(l)i 23. D ou no pflilo (udaleo do lemplo. 
Sua condição nfio o excluía do píltlo dou 
gentios, onde* todas as pessoas, puras ou 
Impuras, tinham a liberdade de adorar, Este 
etíope devia estar indo a caminho de casa, 
e ele se ocupa em ler em voz alta, prática 
comum de antigamente (At 8.30).
O homem foi a Jerusalém adorar e agora 
está estudando o Livro de Isaías. Quando 
Filipe o vê, o Espírito Santo o impulsiona a 
aproximar da carruagem. Agora ele entende 
por que o anjo o instruiu a ir em direção a 
Gaza. De novo Filipe obedece prontamente 
e descobre que o etíope está lendo Isaías 
53. Ele pergunta: “Entendes tu o que lês?” 
(At 8.30). O homem confessa que precisa de 
ajuda. Como o Senhor ressurreto (Lc 24.25- 
27), Pedro (At 2.14-36) e Estêvão (At 7.2-53), 
a tarefa de Filipe é interpretar corretamente 
a Escritura no que se relaciona com Cristo. 
O Espírito reuniu os dois homens, prepa­
rando o coração do eunuco para receber 
o Evangelho e capacitar Filipe para fazer 
“a obra de um evangelista”.
O etíope está confuso se Isaías está falan­
do sobre si mesmo como o Servo Sofredor 
do Senhor ou sobreoutra pessoa (v. 34). 
Nessa época, Isaías 53 era um texto muito 
disputado emjerusalérn. O eunuco tinha 
estado na cidade onde, sem dúvida, havia 
debate furioso entre os cristãos e os judeus 
relativo à identidade do Servo. Muitos dos 
judeus argumentavam que o profeta estava 
descrevendo sua própria experiência, mas 
os cristãos insistiam que a referência era a 
outra pessoa, isto é, a Cristo.
A falta de compreensão cio etíope dá 
a Filipe uma abertura. Ele começa com 
Isaías 53.7,8, onde o eunuco está lendo, 
e lhe oferece uma interpretação centrada 
em Cristo (At 8.35). A primeira coisa que 
Filipe faz é mostrar que Jesus, com sua vida 
e morte, cumpriu a profecia de Isaías.
Esta palavra de Isaías proporciona a 
Filipe base bíblica para explicar a trai­
ção, julgamento, morte e ressurreição de 
Jesus. Como a ovelha permanece calada 
quando está a ponto de ser sacrificada ou 
tosquiada, Jesus não expressou protesto 
em sua humilhação e morte (v, 32), Sua 
vida lhe foi tirada pela violência, Ele leve
um julgamento Injuslo e foi condenado, 
Além disso, ninguém pode lalar sobre 
seus descendentes, porque ele nflo leve 
descendência física quando sua vida foi 
tirada (v. 33). Mas Deus o vindicou res­
suscitando-o dos mortos,
O cerne da mensagem de Filipe é que 
a morte de Jesus como Servo Sofredor Ill'll 
o pecado do mundo e traz redenção ti llU* 
manidade. As palavras específicas ciladas 
cle Isaías 53 não mencionam que Jesus leva 
os pecados dos outros, mas esta verdade 
é expressa em outros lugares, tanto Ito 
Evangelho de Lucas (Lc 22,19,20) quitnto 
no Livro de Atos (At 20.28). Ademais, ela 
está implícita nos versículos de Isaías Ime­
diatamente antes dos versículos dlad< is no 
texto (Is 53.4-6). E Jesus, o Servo SolVedor, 
tinha falado do seu ministério nos lermos 
da profecia cle Isaías 53, quando líle disse 
que o Filho do Homem velo "dar a sua 
vida em resgate cle muitos" (Mc 10.45| cf, 
Is 53.12).
A instmção cle Filipe ao eunuco deve ter 
incluído algum ensino relativo ao ballsmo, 
Ele provavelmente fala sobre a ordenança 
conforme Pedro fez no sermão do Dia de 
Pentecostes — isto é, que o ballsmo é a 
resposta adequada ao evangelho (At 2,58). 
O etíope crê no Evangelho; e quando eles 
se aproximam cle um curso de água, ele 
expressa o desejo de ser batizado, Parando 
a carmagem, eles entram nas ííguas onde 
Filipe o batiza. Como resultado desta ex­
periência, o eunuco é cheio de alegria, 
Ele recebeu a compreensão correta d# 
Escritura, aceitou Cristo como Salvador 
e tornou-se cristão, embora ele se|a vlsio 
pelos judeus como homem defeituoso e 
estrangeiro. Comjesus como seu Salvador 
recentemente encontrado, ele volta rllia 
terra nativa e se regozija no perdfco dos 
pecados e na esperança da vida eterna, 
Sua alegria pode Implicar que ele eontlnUfi 
o caminho já batizado com o Rspfrlto (cf, 
At 13.52; 16.34).
Tendo cumprido a missão, Plllpe, como 
seus predecessores proféticos Elias e ISie* 
qulel, é sLiblta e milagrosamente levado 
pelo Espírito Santo (At 8,39,40), O Espírito 
capacitou o ministério de Plllpe dende o 
começo (At fi,3). O fispirllo do Senhor
ATOS DOS APOSTO],OS H
tlnlnt presumivelmente dirigido Filipe a 
Samarla, onde pelo Espírito ele fora po­
deroso em palavras e ações (At 8,6,7,13). 
Mais tarde, o Espírito dirigiu Filipe para se 
iiprc»ximarda carruagem na qual o eunuco 
etíope estava (v. 29). Depois de Filipe ter 
balizado o homem, o Espírito do Senhor 
(> transportou fisicamente para fazer outra 
obra evangelístlca. Ele colocou Filipe em 
Azoto, cerca de trinta e dois quilômetros 
ao norte de Gaza.
listes tipos de experiências milagrosas 
indicam que Filipe é mais que um diá­
cono carismático. Suas experiências do 
Espírito demonstram que ele também é 
profeta. Este profeta de Deus continua 
seu ministério, evangelizando as cidades 
da costa cie Azoto a Cesaréia, onde fixou 
residência (At 21.8).
O evangelho se espalhou atravessando 
ajudéia e Samaria até íi reglâo litorânea, 
Incluindo Gaza, Azoto, Cesaréia e a dis­
tante Etiópia. Os inimigos de Cristo tentam 
destruir a Igreja, mas o fato de perseguirem 
os crentes leva a uma proclamação mais 
vasta do evangelho, e o ministério da Igreja 
é ampliado. Assim, o progresso é feito de 
forma que estrangeiros são incluídos nela, 
O evangelho cruza as fronteiras raciais, 
geográficas e religiosas à medida que a 
Igreja continua crescendo.
4.3■ A Conversão de Saulo 
(9.1-31)
Anteriormente, Lucas apresentou Saulo 
como o jovem que cuidava clas roupas 
exteriores dos que apedrejavam Estêvflo
Dapol* d* ouvir qun ou ««marllanoi Unham racabldo "■ palavra da Daun" puto mlnlatérlo d» Filipe, o i ■pói- 
to lo i enviam I ‘tidio a JoAo h SunmrlH l»or nau mlnlltérlo, nn pennoa» recebam o I nplrllo Santo, dando 
Inlnlo mo nimiprlrrwnto da profeola "A p ro m a il* [,„] dl# ra ip tllo | | a lodo» oa qua aatto lonua"
Um teatro romano em Samaria. A cidade foi reconstruída por 
Herodes, o Grande. O nome da cidade foi mudado para Sebaste.
( At 7.58). As roupas estavam aos seus pés 
quando Estêvão morreu. Em seguida ao 
martírio, Saulo tentou veementemente 
destruir a Igreja. Ele lançava homens 
e mulheres na prisão (At 8.3) e ia de 
sinagoga em sinagoga emjerusalérn, 
tentando fazer os cristãos blasfemarem 
contra o nome cle Jesus (At 26.11). Como 
Pedro fizera, Saulo se torna o apóstolo 
Paulo, carismático e cheio do Espírito. 
Enquanto que Pedro é a figura central 
nos primeiros doze capítulos de Atos, 
Paulo domina os capítulos 13 a 28. Sua 
conversão marca importante ponto de­
cisivo na narrativa de Atos, e é um dos 
acontecimentos mais notáveis da história 
da Igreja.
4.3.1. A Visão que Saulo Tem de Jesus 
(9.1-9). Esta passagem é a primeira clas três 
narrativas da conversão cle Paulo em Atos 
(cf. Al 22.3-16; 26.9-18). Mais versículos em 
Atos são dedicadc xs a este acontecimento do 
que a qualquer outro assunto, não deixan­
do dúvida de sua importância. A aparição 
de Cristo a Saulo na estrada de Damasco 
envolve sua conversão ao cristianismo e 
sua comissão de ser o apóstolo dos gen- 
lios. Embora estas sejam realidades que 
se entrosam, a ênfase em Atos cai mais na 
chamada do que na conversão de Paulo 
(Al 9.6; 22.10; 26,16-18).
Por essa époc a, a raiva que Saulo sentia 
do.s erlsIAos mio conhecia limites. Conto
louro litrlt xso, ele respira vl< i 
lenias ati ieaç;ts cle morte contra 
eles, mas não está satislelto 
em limitar a persegulçilo a 
Jerusalém. Pelo fato cle mui 
tos cristãos lerem fugido da 
cidade, ele está determinado 
a persegui-los e a Ira/ê los 
de volta a Jerusalém como 
prisioneiros. Saulo se dirige 
ao sumo sacerdote (',aliás e 
obtém cartas que o autorizam 
a prender e extraditar < >s fie 
guiclores de “o Caminho" t |iie 
fugiram de Jerusalém dff| >i >In 
da morte cle Estêvflo (v, 2; 
At 26.11).
Somente em Atos aparece 
o termo “o Caminho" usatlt i 
como designação acxs cristãcxs (Al 19.9,23l
24.14). Não sabemos o que Incitou ou 
seguidores de Cristo a serem chamado* 
de “o Caminho”. Talvez tenha origem de 
expressões do Antigo Testamentí > et iiTít) 
“o caminho de Deus” ou “o caminho da 
justiça”, ou pode ter derivado de Jesus 
chamar a si mesmo de “o caminho" (Jo
14.6). Quando depois Paulo confessa que 
persegue o “Caminho” (At 22,4), ele < |UPI' 
dizer a comunidade cristã e sua meiisa 
gem da morte e ressurreiçãc> < le Jesus, Um 
Atos, “o Caminho” se refere à comunldm le 
cristã e sua proclamação dejesus, e n Ulll 
particular modo de vida resumldi > e< mm 
discipulado cristão (cf. NüWintWHUHotMl 
DictionaryofNewTestament ’íbtH>l(\gy,eil, 
C. Brown, 4 vols., Grand Kaplds, 1971
1985, vol. 3, pp. 941-942).
Tendo obticlo cartas dc > Slnédrlc >, Natlh > 
vai a Damasco, cidade cerca d í clu/,t*Hlt m 
e vinte e cinco quilômetros ao noittt tle 
Jerusalém, e sedede grande C< imtinlilat le 
judaica. Ele sabe que achará muitos crlsl Ao* 
adorando nas sinagogas judaicas, A Impll 
cação aqui é que o Sinédrio linha poder 
sobre os membros das sinagogas Ibra dtl 
Palestina, mas os estudiosos disputam se 
o sumo sacerdote tinha autoridade para 
intervir nos assuntos dessas sinagogas, 
Lucas não nos diz, mas talvez os eompa 
nhelros cle viagem de Sítulcisejam < iflcial* 
do Sinédrio,
h/i
Quando Saulo c seus companheiros 
st* aproximam de Damasco, ele é parado 
dramaticamente no caminho. Sem aviso, 
ele tem um encontro com o Senhor res- 
surreto. Subitamente ele é cercado por 
uma luz ofuscante proveniente dos céus 
e ouve uma voz que lhe fala em aramaico 
( At 26.14). Estas duas manifestações são 
características da revelação divina. A luz 
manifesta a glória do Senhor exaltado. 
Não é surpresa que ela cegue Saulo, visto 
que ninguém pode ver Deus fisicamente. 
A voz dos céus também é característica 
de revelação (Lc 3.22; 9.35).
O Jesus ressurreto é quem aparece a 
Saulo (cf. 1 Co 9.1; 15.8) e lhe diz: “Saulo, 
Saulo, por que me persegues?” (At 9.4). 
Essa pergunta é dirigida ao propósito ime­
diato de Saulo destruir a Igreja. Atacar os 
discípulos de Jesus não é, como Saulo 
pensa, mera perseguição de pessoas que 
adoram de maneira herética. É um ataque 
contra o próprio representante divino, na 
pessoa do seu povo. Perseguir os cristãos 
é perseguir Cristo (Lc 10.16), que foi re­
jeitado, mas agora ressuscitou e continua 
ativo na história.
De começo Jesus não se identifica. Então 
o perseguidor pergunta: “Quem és, Senhor?” 
(v. 5). O termo de tratamento “Senhor” 
usado aqui pode ser simplesmente um 
título de respeito. Mas há forte apoio para o 
entendermos no sentido cristão de “Senhor” 
(cf. At 1.6,24; 4.29; 7.59,60; 9.10,13; 10.14;
11.8; 22.19). Saulo confessa que está falando 
com Ele como Senhor, reconhecendo que 
se dirige à pessoa divina.
O Senhor exaltado se identifica como 
Jesus, a quem Saulo está perseguindo. Lá, na 
estrada de Damasco, o crucificado, revelado 
a Saulo na sua glória divina, o transforma. 
O inimigo mortal da Igreja morre espiritual­
mente para a velha vida e é feito um novo 
homem (cf. Gl 2.20). No momento da mu­
dança milagrosa, ele recebe uma chamada 
profética, com uma tarefa a fazer: Ele tem de 
se levantar e entrar em Damasco, onde lhe 
serão dadas Instruções sobre seu ministério 
futuro, Suulo nflo oferece resistência, eml sota 
há bem pouco tempo estivesse "respirando 
[..,] umeuçus e mortes contre os discípulos 
do Senhor" CAt 9.1).
Os companheiros de Saulo ficam mu­
dos; eles ouvem o som da voz do Senhor, 
evidentemente não entendendo o que 
Ele diz (cf. Arrington, 1988, pp. 95-96), 
mas não o vêem e ficam confusos. O 
Senhor ressurreto apareceu só a Saulo e 
lhe deu uma ordem. Obedecendo-a, ele 
se levanta para ir a Damasco e descobre 
que está cego. Em conseqüência disso, 
ele tem de ser conduzido ã cidade pelos 
companheiros, e lá jejua por três dias. 
Lucas não nos diz por quê, mas sua 
abstinência de comida e bebida pode 
ser devido ao estado de choque ou à 
espera de lhe ser dito o que fazer. Este 
zeloso oponente da Igreja perdeu as 
forças diante do Senhor.
4.3.2. Ananias Visita Saulo(9.10-19a). 
Enquanto Saulo está jejuando e orando, o 
Senhor ressurreto prepara para lhe dizer 
que sua chamada é pregar o evangelho. 
O Senhor fala a um judeu cristão em Da­
masco, por nome Ananias, que é “varão 
piedoso conforme a Jei, que tinha bom 
testemunho de todos os judeus que ali 
moravam” (At 22.12). Nada mais é sabido 
sobre ele, mas ele pode ter estado entre 
os que fugiram de Jerusalém depois da 
morte de Estêvão. Numa visão, o Senhor 
dirige Ananias a uma casa na Rua Direta, 
uma rua que corre de leste a oeste de 
Damasco. Nessa casa ele encontrará Saulo 
de Tarso, ocupado em fervorosa oração. 
Saulo está esperando a visita porque lhe 
foi concedido uma visão de um homem 
chamado Ananias que “punha sobre ele 
a mão, para que tornasse a ver” (At 9.12). 
O Senhor está trabalhando em ambos os 
lados, falando a Saulo e a Ananias (cf. 
At 10.1-23).
Deus preparou Ananias para ministrar a 
Saulo, mas, a princípio, ele reluta porque 
ouviu falar da perseguição movida por 
Saulo contra o povo de Deus. De acordo 
com relatos, Saulo estava lançando os 
crentes na prisão emjerusalém (At 8.2,3), 
e agora tinha cartas que o autorizam a 
prender os cristãos em Damasco e os 
extraditar para Jeríisalém, Ananias fala 
dos crentes em duas expressões slgnlfi- 
cntlvnsi como "skntoa" e a "todos os que 
Invocam o teu nome",
1) "Santos" 6 um termo freqüentemente unido 
no Novo Testamento puru iiluillru crlstfloN; 
descreve-os como sendo consagrados a 
viver vidas santas a serviço do Senhor.
2) “Todos os que invocam o teu nome” significa 
que eles são o povo que ora e adora no 
nome de Jesus Cristo (cf. At 2.21; 22.16). 
Levando em conta o sofrimento ter­
rível que Saulo causou nos cristãos, a 
reação inicial de Ananias é completa­
mente natural. Mas essa reação apresenta 
uma declaração adicional do Senhor a 
respeito da chamada de Saulo. “Este é 
para mim um vaso escolhido” (v. 15; cf. 
G1 1.15,16), declaração que enfatiza a 
iniciativa divina da chamada. A despeito 
do que Saulo fez no passado, Deus tem 
planos futuros para ele. Sua tarefa é 
proclamar o nome de Jesus aos gentios, 
aos reis e ao povo de Israel. Como os 
outros discípulos, ele deve testificar até 
aos confins da terra (At 1.8).
O cumprimento da missão de Saulo 
envolverá sofrimento por causa de Jesus 
(v. 16). A lista dos sofrimentos registrada 
em 2 Coríntios 11.23-29 nos dá um bom 
comentário sobre esta faceta da mensagem 
de Jesus. A conversão e chamada de Saulo 
ocasionam mudança radical em sua vida
— o perseguidor se torna o perseguido. 
Aqui, vemos em nítido contraste 6 que 
Saulo pretendia ser e o que ele se torna 
como servo escolhido do Senhor. Não é 
questão de pouca monta testemunhar do 
Salvador. No mínimo, é caro.
A palavra que Ananias recebe do Se­
nhor retira o medo que ele sentia do 
ex-perseguidor. Ele vai onde Saulo está. 
Quando chega ao lugar onde Saulo está, 
Ananias o cumprimenta por “irmão” — 
não com o significado de israelita ou 
crente. Como cristão, Saulo aceitou Jesus 
como Salvador e Senhor, e foi renovado 
e habitado pelo Espírito Santo. Agora 
ele é irmão em Cristo. O Senhor enviou 
Ananias para que a visão de Saulo fosse 
restaurada e ele fosse “cheio do Espírito 
Santo” (v. 17). Enquanto Ananias ora por 
ele, uma substância escamosa cai dos 
olhos de Saulo e ele recupera a visão.
Saulo fora motivado por zelo ao perseguir 
o.s crentes, mas agora ele precisa de mais
(iiu' /,elo pura cumprir nuu turcfn pro léllcu 
ile pregar o evangelho a oh gentluN, |(|p
tem ile ser "cheio do Espírito SuntO", tlu 
mesma maneira que os discípulos foram no 
Dia de Pentecostes. O relato em Alou nfto 
declara precisamente quando ele recebeu 
o enchimento do Espírito. Multo provável* 
mente ele teve a experiência pcntecostul 
quando Ananias lhe impôs as mãos,
O ministério subseqüente de Saulo em 
Damasco indica claramente que ele enlfl 
cheio do Espírito. Depois da cura, ele é 
batizado por Ananias, o que pode ImpllcKr 
que ele já estava cheio com o Espírito, 
Então ele termina o jejum, msm nfto mil lie 
Damasco. “Logo” Saulocomeça a pif ultimar 
o evangelho nas sinagogas daquela lidücla 
afirmando que Jesus é o Filho de I )PUN ( v, 
20). Sua pregação inspirada éslnul clurnde 
que está cheio do Espírito. Ele "Ne pnIoivhvh 
muito mais”, confundindo “oi judeui que 
habitavam em Damasco, provtndo qUf 
aquele era o Cristo” (v. 22),
Curando Saulo de sua cegueira, o Senlinr 
lhe dá um sinal poderoso cie que o chumu, 
e pelo batismo com o Espírito, o cupacltu 
a proclamar o evangelho a todo 0 ItHindc J 
(v. 15). Esta experiência demonNlriique 
Deus dá a plenitude cio Espírito ítqueleN 
que o obedecem (At 5.32) e aoi Cllie feP> 
vorosamente o buscam (Lc 11,13), Note 
como depois do encontro com o Senhor 
na estrada, Saulo obedeceu ít vo/, cltvinH 
entrando em Damasco, onde puNMOLI tr^ N 
dias em intensa oração e jejum,
Lucas é silencioso sobre o momento 
quando Saulo é cheio com O ÜNpírltO, 
bem como sobre qualquer munlfoNlMÇÚn 
que possa ter acompanhado tt expert» 
ência. Ele não menciona, por exemplo, 
que ele tenha falado em línguilN, m u ntt 
primeira carta de Paulo aos coríntlolr, tle 
afirma que fala em línguas, experiência 
que designa ao Espírito (1 Co I2,l(),lli 
14.18). Certamente sua experIÊnelH com
o Espírito Santo cm Damasco Incluiu futur 
em línguas. A preocupação prlmdrltt de 
Lucas é descrever a chamada dcSnuloeM 
capacitação que ele recebeu paru pregur un 
boas-novas, Sua experiência 6 coiinIntente 
com o derramamento do Eapfrlto Nobre cm 
crentes em Jerusalém e Kumurlu,
« 7 1
A experiência carismática cle Paulo, 
dr acordo com Atos, 6 paralelo íi cle Pe­
dro, Paulo e Pedro sfto capacitados pelo 
Kspfrlto a levar o nome dejesus (At 2.4; 
4,8,31; 9,17; 13,9,52). O fator mais impor­
tante no sucesso é que eles são guiados 
t* capacitados pelo Espírito Santo. Como 
Lucas observou, o Espírito já trabalhou 
por Pedro cle forma poderosa (At 2.14- 
'11 j 3,11-26; 4.8-12; 5.1-11), e essa forma 
ó Igual ao padrão para acontecimentos 
posteriores no ministério de Pedro (At
10,1— 11,18; 12.1-17). Consistente com 
a unçflo carismática de Paulo, o Espírito 
Santo está presente de maneira poderosa
I nira torná-lo bem-sucedido como missio­
nário apostólico, Porque foi cheio com 
o Espírito, ele testemunha dejesus por 
(íhrsis de poder, como curar os doentes (At
14,8-20), expulsar os demônios (At 16.16- 
18) e ressuscitar os mortos (At 20.7-12). 
Ele também testemunha por palavras de 
poder, como o pronunciamento de uma 
maldição em Elimas, o Mágico (At 13.6-
12) e seu testemunho poderoso diante do 
Sinédrio (At 23.1 -11). Como Pedro, a unção 
especial cle Paulo tem grande significado 
para o ministério que jaz à frente.
4.3.3. Saulo Prega queJesus É o Cris­
to (9.19b-22). Saulo fica vários dias com 
os cristãos de Damasco, que o recebem 
Imediatamente na comunhão. Em seguida 
ao batismo em águas e no Espírito, ele 
começa a cumprir a missão que Deus 
lhe deu de pregar que Jesus é o Filho de 
Deus. O título “Filho de Deus” refere-se 
í> filiação messiânica dejesus de acordo 
com o Salmo 2.7 e é uma chave da teolo­
gia de Paulo (cf, Rm 1.4). Como Pedro no 
Dia de Pentecostes, ele é capacitado pelo 
Espírito a proclamar aos judeus incrédulos 
que Jesus é o iniciador da salvação e que 
sua morte é o único meio de reconciliar 
as pessoas a Deus (cf. Rm 5.10; Gl 2,20; 
Cl 1. 13,14), Evidentemente, nesta ocasião 
Saulo tem apenas um ministério pequeno 
nu cidade,
A pregação de Saulo tem forte efeito 
nos ouvintes, Todos que o ouvem ficam 
pasmos com este homem, que tinha bus­
cado destruir a Igreja emjerusalérn e ido 
a Damasco com propósito semelhante, A
palavra tmduzlda por "perseguia" (poríbitú 
significa pilhar ou saquear uma cidade 
(cf. Gl 1,13.23, oncle Paulo usa esta pa­
lavra para descrever seus esforços em 
destruir a Igreja). Agora, nas sinagogas 
em Damasco, ele testemunha cia mesma 
fé que tinha tentado destruir. Saulo tinha 
visto o Cristo ressurreto na sua glória e, 
assim, pregava como testemunha ocular 
(cf. 1 Co 9.1).
Os judeus em Damasco estavam confusos 
com os argumentos de Saulo de que ojesus 
crucificado é o Messias prometido pelos 
profetas do Antigo Testamento. Inspirado 
pelo Espírito Santo, ele se torna cada vez 
mais poderoso em sua pregação, e seus 
oponentes ficam perplexos e não podem 
refutá-lo. Este aumento em poder fala da 
obra dinâmica do Espírito. Tal poder espi­
ritual é básico à experiência pentecostal 
e ao ministério de Paulo, que começa 
aqui em Damasco e continua durante os 
próximos vinte e cinco anos ou mais.
4.3.4. Os Judeus Conspiram para 
Matar Saulo (9.23-25). Lucas não faz 
menção da visita de Saulo à Arábia logo 
após a conversão e retorno subseqüente 
de Paulo a Damasco (veja Gl 1.17). Aonde 
ele foi na Arábia e quanto tempo ficou, 
não nos é dito. Naquela época, a área 
designada por “Arábia” aplicava-se a todo 
o território da moderna Arábia, o Sinal e 
o interior até Damasco. Saulo passou a 
maior parte dos três anos em Damasco e 
em seus arredores, pregando em várias 
cidades e aldeias.
“E, tendo passado muitos dias", os 
judeus conspiram assassinar Saulo (At
9.23). Estes “muitos dias” provavelmente 
compõem os três anos mencionados em 
Gálatas 1.18 como intervalo antes de Saulo 
subir a Jemsalém. Esta trama pode ter sido
o resultado de sua poderosa atividade 
missionária na Arábia. Lucas não nos diz 
como Saulo fica sabendo sobre a trama 
contra sua vida. De acordo com 2 Coríntios
11.32, o governador de Damasco sob o 
domínio de Aretas, rei de Arábia, coopera 
no atentado para prender o apóstolo, Os 
supostos assassinos mantêm constante 
vigilância das portarda cidade, esperando 
que ele tente delxur n cidade. Esta atlvl-
A T < ) S I )( ) S A I ’< >S I ' >!,< ) S y
Damasco Romana
Rio Abana (Ba- 
rada)
Ir í ÍIT IJ dI !
* ___ \ Jl trad icional/l
da Casa da# 
Ananias Ê
* - í 1
------- Locais
Presumidos
Para Jerusalém
I f
Damasco representava muito mais para Sauio, o 
rígido fariseu, que outra parada em sua campanha 
de repressão. Era o ponto central de vasta cadeia 
comercial com extenso comércio de linhas de ca­
ravana alcançando o norte da Síria, Mesopotâmia, 
Anatólia, Pérsia e Arábia. Se o novo “Caminho" do 
cristianismo florescesse em Damasco, logo chegaria 
a todos esses lugares. Do ponto de vista do Sinédrio 
e de Saulo, o grande perseguidor, o cristianismo tinha 
de ser detido em Damasco.
A cidade era um verdadeiro oásis, situada numa 
plan ície irrigada pelos rios bíblicos Abana e Farpar. A
arquitetura romana revestia o planocanli.• il linli ii il-.1. i 
com um grande templo dedicado a Júpltor n iiiiut 
rua em colunata de 800 metros de extensa;), n "ftun 
Direta" de Atos 9.11. Ainda hoje podem soi vhiliuwui 
portas da cidade e uma seção do muro d. i < :li Imlii, 
como também um extenso bazar que acompiinlm 
alinha da antiga rua.
Afigura política dominante na época da fuga d<11 >ni ilo 
de Damasco (2 Co 11 32,33) era Aretas IV, rol dim 
nabateus (9 a.C.-40 d.C.), ainda que ;is ddiidm i i In 
Decápolis fossem normalmente Ilíadas A provim lu 
da Síria e estivessem sob a influência <i< i I<niim
dade chega ao conhecimento cios amigos 
cristãos de Saulo, e eles o habilitam a 
escapar da situação difícil formada pelos 
inimigos descendo-o num cesto pelos 
muros da cidade.
Saulo já começa a sofrer pelo nome 
cio Salvador (cí. v. 16). Sua proclamação 
profética de Jesus como Filho de Deus 
encontrou forte resistência, mas o fato de 
Deus libertá-lo de Damasco sugere que 
este apóstolo cheio do Espírito é destinado 
a pregar o evangelho até aos confins da 
(erra. Nenhum dos esforços em obstruir 
lhe o caminho terá sucesso, e, finalmente, 
por causa da graça e poder de I )eus este 
“vaso escolhido” (v. IS) emergirá como 
alguém por meio de quem o propósito 
de Deus (' cumprido (Al ),
4.3.5. Barnabé Apóia Saulo 
30). Compelido a fugir da cena de seus 
primeiros trabalhos no evangelho, Sim 
lo volta a Jerusalém. Os doze apôstoloN 
tinham ficado na Cidade Santa qutindi) 
Saulo partiu em sua missão assasslni^ 
Eles e outros discípulos não esqueceram 
a perseguição que ele fazia, e quando 
chega, encontra dúvida e suspeita. < ),n 
crentes ouviram falar cie sua conversão 
(Gl 1.23), mas conhecendo sua história, 
estão com medo e duvidam que ele se|:i 
discípulo genuíno, líles não descartam .i 
possibilidaclede um grande l rama para llrarvantagem deles, Parece lhes Incrível que 
lal perseguidor violento lenha se l< irnado 
crlNUlo, Assim, os ctInIÍIon rejelltim Saulo
i |iiiiikI( i ele tenl.i se unir a ele*
Harnabó 0 o primeiro .i sc* convencer 
cla sinceridade de Saulo. lile o apresenta a 
dois apóstolos, Pedro e Tiago (Gl 1. 1H-2 Í). 
Este “Filho da Consolação” (At 4.36) está 
familiarizado com os detalhes da conver­
são de Saulo e sua obra evangelística em 
Damasco. Ele convence a comunidade 
cristã da autenticidade da conversão deste 
fariseu e também que o Senhor o chamou 
e o equipou para o ministério. Por causa 
da recomendação de Barnabé, Saulo é 
aceito como discípulo genuíno e pregador 
do evangelho.
Tendo agora estreita associação com 
os apóstolos e o poder do seu ministério 
reconhecido por eles, Saulo prega com 
a mesma ousadia que teve em Damasco 
(v. 28). Seguindo os passos de Estêvão, 
ele prega para os judeus de fala grega 
(bellenistai) e entra em debate com eles. 
Eles descobrem que seu novo oponente é 
tão invencível quanto Estêvão tinha sido. 
Visto que eles não conseguem repudiar 
os argumentos de Saulo das Escrituras, 
eles resolvem que seu destino é igual 
ao de Estêvão. Quando os cristãos ficam 
sabendo que a vida de Saulo está em 
perigo, eles o enviam a Cesaréia. Ele faz 
uma curta viagem ao norte do mediter­
râneo na região de Tarso, o lugar do seu 
nascimento (At 21.39; 22.3).
Neste ponto, Saulo desaparece de cena 
no relato de Lucas e reaparece aproximada­
mente dez anos depois (At 11.25-30). Este 
lapso de tempo é conhecido por “período 
silencioso”, mas obviamente só é silen­
cioso para nós. Durante este período, de 
acordo com relato do próprio Paulo, ele 
foi às regiões da Síria e Cilicia, pregando 
ao povo sobre a fé que uma vez ele tinha 
tentado destruir (Gl 1.21-24).
4.3.6. Resumo (9-31). Lucas passa 
dos trabalhos de Saulo para a missão de 
Pedro aos gentios resumindo o estado da 
expansão da Igreja. A “igreja” (palavra 
no singular, ARA) se refere às igrejas na 
Judéia.Samaria eGaliléia como um corpo 
espiritual. Todos os crentes pertencem a 
uma Irmandade, A Igreja já avanç< uma terra 
dos judeus, e Lucas logo se concentrará 
na nova fase da inlssílo da Igrejii sob a
< llreçflo ei mstanle do líspírllo Santo — as
A Porta Oriental de Damasco ainda dá para a Rua 
Direita. Foi em Damasco, na casa de Ananias, 
que Saulo jejuou por três dias depois de ter ficado 
cego em seu encontro com Jesus na estrada parn 
essa cidade. Saulo, que se tornou Paulo, estevn n 
caminho de Damasco para prender os cristãos qu» 
encontrasse, mas lá ele se tornou cristão.
regiões litorâneas de Lida ejope (At 9,32- 
43) e, depois, Cesaréia (At 10.1— 11.1H).
A Igreja desfruta de paz visto que a 
perseguição cessou. A ausência de so 
frimentos permite os crentes pela ajuda 
do Espírito a construir a Igreja espiritual 
e numericamente. A fé é fortalecida e o 
modo de vida dos crentes é determinadt > 
pelo temor reverente ao Senhor. Eles 
são ajudados pela consolação (parahk> 
sis) do Espírito Santo. Isto é, o Espírito 
inspira a pregação e ensino ungidos, de 
forma que a Igreja é enriquecida e seu 
número cresce.
4.4. Os Atos de Peclro: Um
Apóstolo dbeio do ispírito 
(<) .$2— 11.IX)
Nesta seçílo, o enfoque volta a Pedro, o 
apóstolo carlymátleo, As fraquezas dls 
tintas que ele numlfcNtou no período do
0 7 8
cvim^flli< > jíi nftosfloevldcntes, () batismo 
com o Espírito responde pc*l:i mudança 
entre o Pedro dos Evangelhos e o Pedro 
de Atos. O derramamento do Espírito de 
profecia (At 2.14-17) capacitou a ele e a 
outros discípulos a testificarem de Jesus 
Cristo por obras e palavras.
Depois do Dia de Pentecostes, tudo o 
que Lucas nos conta sobre Pedro o identifica 
como profeta poderoso em palavras (At 
2.14-39; 4.8-12; 5.29-32) e obras (At 2.43;
3.1-10; 4.29-33; 5-12-16). Com o seu Senhor, 
Pedro tem um ministério itinerante, cura 
pessoas que são incapacitadas e ressusci­
ta os mortos. Como fizera anteriormente 
em Jerusalém, agora Pedro faz milagres 
em Lida (At 9-32-35) e Jope (At 9-40). Ele 
alcança pessoas de várias raças — judeus, 
samaritanos e eventualmente gentios.
Embora o etíope eunuco, um gentio, 
tivesse sido convertido antes da viagem 
de Pedro, sua conversão não afetou per­
manentemente a política da Igreja com 
respeito à admissão dos gentios. Durante 
a porção palestina da excursão de Pedro, 
pela orientação e inspiração do Espírito 
Santo, o apóstolo testemunha de Cristo ao 
gentio Comélio e sua casa (At 10.9— 11.18), 
dessa forma dando prosseguimento à ex­
pansão do evangelho “até aos confins da 
terra” (At 1.8). O derramamento do Espírito 
sobre esta família levanta a difícil questão 
de evangelizar os gentios.
4.4.1. PedroCuraumParalítico(9.32- 
35). Lucas descreve a viagem de Pedro 
pela Judéia, a lugares fora de Jerusalém 
onde há comunidades cristãs. Ele chega 
a Lida, localizada a oeste de Jerusalém na 
estrada que conduz à cidade litorânea de 
Jope. Lá, ele visita os cristãos que fugiram 
de Jerusalém quando Saulo perseguia a 
Igreja ou se converteram pelo ministério 
de Filipe quando evangelizava de Azoto 
a Cesaréia (At 8.4).
Em Lida, Pedro encontra um homem por 
nome Enéias, que estava acamado por oitc> 
anos com paralisia. As palavras de Pedr< > ao 
homem deixam claro quejesus faz milagres 
por ele: “Jesus Cristo te dá saúde” (v, 34). 
lista cura nos lembra do milagre leito por 
Jesus num paralítico levado àpresença dEle 
|X)i,(|iiuirouml||(M(U,4,17-2n)l eda cura do
coxo na Poria Pormosa em Jerusalém (Al
3,1 10; ’1,22), A cura de Enélas mostra <|tic 
o ministério de cura de Jesus náo cessou 
com sua morte na cruz.
Os efeitos do poder de Jesus silo vi­
síveis. Sob a ordem de Pedro, EníMas se 
levanta, não deixando dúvida sobre ii 
realidade da cura. Os judeus em l.ldu r 
na planície circunjacente de Sare>nu vêem 
que o homem foi completamente curac lt >, 
O homem é muito conhecido, eestu uçflo 
profética faz com que muitos deles se 
tornam crentes no Senhor Jesus,
4.4.2. Pedro Ressuscita Tabitii (9. ,46*
43). De Lida, onde o evangelho Irltinloil, 
Pedro vai a Jope, um porto marítimo <|tu* 
serve Jerusalém situado há cerca de cinqüenta 
e sete quilômetros da Cidade Santa, UI, tlnlN 
homens abordam Pedro e íalam sobre' Ui Nia, 
mulher cristã, que estava doente e morrrtt 
recentemente. Tabita é conhecida em Jt ipr 
pelo ministério que fazia pelos pobre» e 
viúvas. Durante sua vida, ela dava pura a» 
viúvas roupas feitas com as próprias ttifloN 
Aexpressão “todas as viúvas”, no versículo 
39, pode sugerir que, embora as viúvas iu 1 o 
fossem reconhecidas oficialmente como 
uma ordem na Igreja, eram tratadas assim 
por aqueles que ministravam a elas, De 
qualquer maneira, o ministério cie TahltH 
com as viúvas é visto como parte vitul do 
ministério eclesiástico.
Na ocasião da moite de Tabita, de uct >tx !< > 
com o costume judaico de purlflcttçáo tio» 
mortos, seu corpo é lavado (m, SAheuto,
23.50) e colocado num quarto alio (cf,
2 Rs 4.32-37). A prática normal era um 
enterro rápiclo, de forma que o cadáver 
não passasse a noite. Seus amigos atrasam 
o enterro na esperança de que Tahltu,Mr|M 
ressuscitada. Eles enviam dois homens u 
Pedro, em Lida, com o pedido urgenlei "Por 
favor, venha imediatamente!" ( )s amigou 
de Tabita têm fé suficiente para crer (|ll# 
Pedro pode ressuscitar esla santa,
Quando Pedro chega ajope, ele encontra 
uma situaçáocomovedora. Pessoasestfto 
chorando na casa onde está o corpo de 
Tabita, no quarto do andar superior, Um 
grupo de viúvas pobres mostra a Pedro 
as roupas que Tabita tinha feito para elas 
e seu» filhos, Pedro manda que Iodas as
pessoas saiam do quarto (ti, Mc 5,40), 
Ele se ajoelha e faz a oração da fé pelo 
milagre. Então, com voz de autoridade, 
o apóstolo orclena que a mulher morta 
se levante.Ela responde ao chamado de 
Pedro abrindo os olhos e sentando-se. Ele 
lhe dá a mão e a ajuda a se levantar.
Uma vez mais os efeitos do poder de 
Jesus ficam visíveis e demonstram o po­
der carismático atuando por Pedro. Este 
poderoso ato de cura está estreitamente 
associado com os profetas capacitados 
pelo Espírito, como Elias que ressuscitou 
o filho da viúva morto (1 Rs 17.17-24), e 
Eliseu, que ressuscitou o filho da sunamita 
(2 Rs 4.8-37), como também com Jesus, que 
ressuscitou várias pessoas. Este milagre 
confirma fortemente que o ministério de 
Pedro é profético e carismático.
Como muitos acontecimentos em Lucas- 
Atos, o milagre de ressuscitar Tabita é uma 
resposta à oração. Sua ressurreição mostra 
que Jesus é o Senhor da vida e que Ele pode 
vencer o poder da morte. Este aconteci­
mento deve ter trazido grande alegria para 
os cristãos em Jope. Também nos dá um 
antegosto da alegria que experimentaremos 
quando os mortos em Cristo ressuscitarem. 
Não admira que este grande milagre de 
ressurreição e cura fique conhecido por 
toda Jope e leve muitos judeus a crer no 
Senhor como Salvador.
4.4.3. Pedro Prega aos Gentios (10.1- 
48). A cena passa de Jope para Cesaréia, 
importante porto marítimo na costa da 
Palestina. Naquela época, Cesaréia, pri­
mariamente cidade gentia, era a capital 
romana da Judéia e Síria. Lucas focaliza a 
atenção em Cornélio, inegavelmente um 
gentio e rústico soldado romano, mas ao 
mesmo tempo um homem devoto, que 
se dedicava à oração constante e à gene­
rosidade com o próximo. Ele é “temente 
a Deus" — alguém que é dedicado ao 
judaísmo, mas aos olhos dos judeus ainda 
é pagão e impuro, porque ele não aceita 
o batismo e a circuncisão.
A importância desta história é evidente 
pelo espaço que Lucas destina ao assunto 
(A t 10,1— 11,18), A narrativa do derram a­
m en to d o Esp irito sobre C o rn é lio está 
de acordo com o p lano • propósito de
Lucas-Atos, Lucas enfatiza três verdades 
principais neste ep isódio em particular,
1) Deus aprova o fimblto evangelístleo cada vez 
mais amplo, Incluindo agora o âmbito dos 
gentios (cf, At 1,8), Este alcance ministerial 
abrange orações, visões, anjos, conversões 
e o ministério do Espírito, os quais são o 
resultado direto da direção e capacitação 
divinas,
2) Ênfase na iniciativa de Deus no ministério 
não nega decisões pessoais ou torna Pedro 
e Cornélio robôs. Como acontece em todo 
o Livro de Atos, a iniciativa divina exige 
a resposta humana. É questão de direção 
divina e obediência humana, como ilustra 
a resposta de Pedro às palavras do Espírito 
Santo em Atos 10.19,20.
3) Quando Pedro informa o que aconteceu 
enquanto ele estava orando em Jope e, 
mais tarde, na casa de Cornélio, Lucas es­
creve que os crentes emjerusalém aprovam 
o recebimento dos gentios na Igreja (At
11.17). Esta aprovação é significativa para 
a extensão da missão aos gentios, mas não 
resolve o assunto de receber incircuncisos 
na Igreja (cf. At 15.1-29).
Como centurião romano, Cornélio tem a 
seu cargo cem soldados, cerca de um siexto 
de regimento. Seu regimento é designado 
“coorte italiana”, um corpo especial de 
tropas romanas. Ele é homem piedoso e, 
embora gentio, observa a tradicional hora 
judaica de oração (v. 3). Suas orações não 
caem em ouvidos surdos, pois, em certa 
tarde, enquanto está orando, um anjo de 
Deus lhe aparece em visão.
A presença do anjo assusta Cornélio, re­
ação natural ao sermos confrontados com o 
sobrenatural. Ele trata o visitante celestial de 
“Senhor” e pergunta o que ele deseja. Não 
há verdadeira razão para que este homem 
devoto tenha medo. O anjo chama Cor­
nélio pelo nome e o assegura de que suas 
orações têm sido ouvidas, e que Deus tem 
observado seus atos de generosidade para 
com os pobres. A expressão “têm subido 
para memória” (v. 4) é linguagem sacrifical 
(cf. Lv 2.2,9,16), Deus aceitou as orações 
e doações cie C oifié lio aos pobres com o 
sacrifícios adequados, São como holocausto 
e sobem com o'Incenso, Deus está prestes 
a lhe responder ns oraçóes,
O anjc> requer < me Corndllt i represente 
sua fé pela obediência. Ele deve m andar 
chamar um homem em Jope por nom e 
“Simão, que tem por sobrenome Pedro". 
Neste momento, Simão Pedro está etn 
casa de um curtidor, cujo nome também 
é Simão. Prontamente Cornélio obedece 
à palavra do anjo e envia a Jope dois 
criados seus e um soldado devoto. Os ju­
deus consideravam o trabalho de curtidor, 
que envolvia preservar couros curtidos 
de porco, uma ocupação menosprezada 
e impura (Nm 19.11-13).
A cena muda de Cesaréia a Jope, para 
a casa onde Pedro está hospedado e onde 
o Senhor o preparará para pregar o evan­
gelho aos gentios. Pedro tem um trabalho 
indispensável a fazer, de forma que Cor­
nélio possa ser levado em comunhão mais 
profunda com Deus e ele seja batizado 
com o Espírito. Enquanto os mensageiros 
de Cornélio estão a caminho de Jope, 
Pedro sobe ao telhado da casa para orar. 
Os telhados planos palestinos são lugares 
favoritos para solitude e oração. Como 
em tantos acontecimentos registrados em 
Lucas-Atos, a oração provê a cena para 
uma revelação especial do Senhor (Lc
1.13; At 9.4).
É meio-dia e Pedro está com fome, o 
que, na verdade, o prepara para a visão. 
Enquanto a comida está estando preparada, 
ele ora, é arrebatado de sentidos e tem 
uma visão. A oração de Pedro indica que 
ele está em condição de receber uma men­
sagem de Deus. Na visão, o céu se abre e 
Pedro vê um grande lençol que é abaixado 
gradualmente do céu por quatro cordas. O 
lençol contém todos os tipos de animais, 
répteis e aves imundos (v. 12; At 11.6), e 
ele ouve uma voz divina que o exorta a 
matar os animais imundos e preparar uma 
refeição (At 10.13,15). Consistente coma 
importância deste acontecimento, o lençol 
aparece a Pedro por três vezes.
Embora Pedro esteja “em transe’, ele 
está completamente em contato com seus 
pensamentos e sentimentos. Comer ali­
m ento considerado Im unda lhe é fo rte ­
m ente censurável, E le recua d ian te do 
pensam ento de v io la r as leis dietéticas 
do A ntigo T e íta m e n to C L v lljD t 14 ,1-21)
e protesta contra u ordem divina, Nunca 
nu vldti ele comeu qualquer alimento 
Imundo, e, abstendo-,se, ele está obe­
decendo às leis dadas aos antepassados, 
Pedro não considera que agora 1 )eus está 
abolindo tais leis.
Três vezes Pedro 6 reprovado com as 
palavras: “Não faças tu comum ao que 
Deus purificou”. Esta correção d iv in a 
enfatiza o poder purificador da gfftÇB 
salvadora de Deus. A visão envolve mal# 
que pôr de lado as leis sobre COlTlldB 
e atitudes relacionadas à pureza ritual, 
Mostra especialmente que a dlstlnçflo 
judaica entre o puro e o impuro n áo leni 
lugar na Igreja. Os gentios, purificados 
pela graça renovadora de Deu», têlll 
de ser incluídos na comunhão do povo 
de Deus. A Igreja não tem o direito de 
declarar que certos animais ou pessoas 
são imundos e evitá-los por serem Im­
puros (TheologicalDictíonary ofthe N$W 
Testament, eds. G. Kittel e G, Frledrlch, 
Grand Rapids, 1964-1976, vol, 9, p, 29H). 
Abolir as leis dietéticas é o lembrete de 
Deus da remoção de uma grande barreira 
que mantinha judeus e gentios separade>1, 
e indica que Deus introduziu um a nova 
ordem na Igreja (cf. Ef 2.11-18).
Pedro entende que a visão desafia suas 
convicções tradicionais sobre a distlnçfiO 
entre animais limpos e imundos. Mas ele 
está desconcertado e pondera a possibi­
lidade de um significado secundário da 
visão (w . 17,19). Sua mente vai de um 
lado para o outro (que é o significado 
literal de dientbymeomai, “pensando em", 
no v. 19), mas ele não consegue chegai1 U 
uma compreensão ou conclusão. Ele nAo 
permanece em dúvida por muito tei^po, 
pois a delegação de Cornélio chega, () 
Espírito Santo revela a Pedroque há trtl 
visitantes e ordena que vá com eles,
Em outras palavras, todo este episódio 
foi dirigido por Deus, e agora o Espirito 
Santo mostra a Pedro o significado da vIsAo, 
A vinda dos três homens nâo 6 acidental, 
Convencido, o apóstolo desce para receber 
os convidados. Os mensageiros se apre* 
sentam e contam a Pedro qual 6 a missío 
deles, Para deixar uma ImpressAo favorável 
no apóstolo, eles descrevem que o senhor
qiK' os enviou é “varão juslo e temente :i 
Deus e que tem bom testemunho de toda 
a nação dos judeus”. Eles vieram porque 
um anjo instruiu Cornélio que convidasse 
Pedro a pregar em Cesaréia. A menção 
do desejo de Cornélio ouvir o que Pedro 
tem a dizer introduz pela primeira vez a 
idéia de que Pedro pregará ao centurião 
(veja w . 34-43).
Visto que é o dia está muito avançado 
para retornar a Cesaréia, Pedro trata os 
visitantes como convidados. Convidando- 
os a passar a noite, fica claro que ele 
reconhece a verdade da visão. Ele já não 
recua diante da comunhão com os gen­
tios. Pedro percebe que foi divinamente 
chamado para entrar na casa de um gen­
tio a fim de pregar a palavra do Senhor. 
Nada mais que uma inegável chamada 
divina poderia ter induzido Pedro a fazer 
isso. Pelo Espírito Santo, que trabalha 
por servos obedientes, o caminho está 
sendo aberto para receber os gentios na 
comunhão da Igreja.
Persuadido de que ele está sendo con­
duzido pelo Espírito Santo, no dia seguinte 
Pedro e a delegação começam a jornada 
a Cesaréia. Seis cristãos judeus de Jope os 
acompanham. Estes cristãos vão junto por 
interessarem-se pelo que está acontecendo. 
Depois, eles se tomam testemunhas cru­
ciais da aceitação de Deus dos gentios na 
Igreja e do derramamento do Espírito Santo 
sobre os gentios (At 11.12). Visto que vão 
a Cesaréia com Pedro, podem confirmar o 
relato de Pedro em Jerusalém sobre o que 
aconteceu na casa de Cornélio.
Leva um dia inteiro e parte do seguinte 
para que Pedro e os outros cheguem a 
Cesaréia. Cornélio está esperando-os; ele 
já reuniu uma audiência composta de 
parentes e amigos íntimos (w . 24,27). 
Estas pessoas foram informadas do que o 
centurião fez e da avidez de ouvir a men­
sagem de Pedro. Elas devem ter sabido 
quanto tempo a viagem levaria e, assim, 
estão prontas e esperando pela chegada 
dos visitantes.
Quando Pedro entra na casa de Cor­
nélio, o centurião o recebe e ajoelha-se 
aos seus pés como que a adorá-lo. liste 
ato mostra humildade pessoal e grande
respeito pelo apóstolo como mensageiro 
de Deus. Pedro recusa aceitara reverência 
de Cornélio, o que demonstra sciicaríUer 
nobre. Ao longo do Novo Testamento 
ninguém, senão Deus, deve receber tal 
honra (At 14.14-18; Ap 19.10; 22.9). Pedro 
sente que a homenagem do centuiiílo é 
excessiva, e ele prontamente o ajuda a se 
eiguerdizendo: “Levanta-te, que eu também 
sou homem”, deixando claro que ele n;1<) 
é um anjo. Assim, os dois homens entram 
na casa e conversam como iguais.
Uma vez dentro, Pedro encontra um 
grupo de gentios reunidos para o ouvir, 
A visão que ele recebeu trata de certas 
comidas consideradas impuras ou imundas, 
mas com ela Pedro discerniu o signifi cud( > 
mais profundo de que ele não deve consl 
derar qualquer pessoa impura ou imunda, 
A religião judaica tinha-o ensinado que 
os judeus não deviam visitar os gentio» 
ou participar de refeições coni eles, niUN 
isto não é mais válido. A presença de 
Pedro na casa do gentio Cornélio rellete 
um afastamento radical em sua atlllld e 
para com os gentios. O Espírito Santo 
preparou Pedro para pregar o evangellli i 
e Cornélio para recebê-lo. Ambos o» ho­
mens responderam à direção divina de 
seus respectivos modos. Em conseqüêlll'lu, 
as velhas barreiras entre judeus e genlloN 
estão se desmoronando.
Os mensageiros contaram a Pedro o 
propósito pelo qual Cornélio o convldu 
(v. 22), mas o apóstolo julga apropriado 
pedir uma declaração sobre a razftú de 
ele ter sido chamado. Cornélio responde 
a pergunta de Pedro de maneira direta, 
resumindo e enfatizando alguns latos 
da visão. Ele estava orando quando de 
repente um homem pôs-se diante dele 
“com vestes resplandecentes” — m odo 
comum de descrever os mensageiros 
divinos (Mt 28.3; Lc 24.4; Ap 15,6), Kle 
conta outra vez o que o anjo lhe disse 
sobre a oração e doações, e que o an)<> < > 
instruiu a chamar Pedro em Jope. Tendo 
obedecido imediatamente as ordens do 
anjo, ele agradecé que o apóstolo tenha 
vindo tão prontamente,
Todos os reunidos na casa de C ornélio 
estilo "presentes d iante de Deus", dun*
Casas de telhado plano, vistas aqui na maquete de Jerusalém, erSm 
típicas na Cidade Santa. Foi no telhado de uma casa em Jope que 
Pedro, que sempre fora cuidadoso em obedecer ás leis dietéticas do 
Antigo Testamento e que não comeria alimento considerado impuro, 
espanta-se quando Deus lhe diz: “Não faças tu comum ao que Deus 
purificou". Logo, Podro entende que a mensagem de Deus significa a 
aceitação dos gentios na Igreja.
cio a en ten d er que q uand o a.s pessoas 
se reúnem , elas o fazem na presença de 
Deus. Esta nâo é m era reunião; 6 para o 
propósito de o uv ir tudo o que o Senhor 
q u e r que P edro lhes d iga. O apósto lo 
tem uma congregação ideal, a qual pos­
sui atitude maravilhosa para com Deus, 
sua palavra e seu m ensageiro. Eles nflo 
sabem o que Pedro lhes dirá, mas estão 
propensos a receber a palavra de Deus 
e obedecê-la.
Pedro imediatamente começa o sermão, 
C om o várias vezes tem os observado, ele 
foi capacitado pelo Espiritou testemunhar 
dejesus pt>r palavras ( Al 2,14-39; 4.8-12.) 
cobras (A t 4,29-33; 5,12-16), Em bora Lu­
cas não m encione novam ente q ue Pedro 
testifica a Cornéllo e sua casa na qualidade 
de apóstolo cheio do Espírito, obviam ente 
o que ele d iz ãquela casa gentia é uma 
mensagem profética Inspirada pelo Espírito 
(vv, 19,20; At I I 15-17), Esta m ensagem 
leni três partes principais,
1) Pedro começa abordando a situação espe* 
eíflca (w , Me dedura qua Deus trata 
i< idas um pcssi ms na mesma base. I )eus níl<) 
julga a ptwiimi com bane cm falores como 
nackmalidat Ic ini raç», mas cm caráter ■ "lí
agradável la I >eiis| aquele que, 
cm qualquer navio, o icmc e 
la/, () que é jusio", Pedro ensina 
que a salvaçflo srt 6 poNsivel 
pela fé no evangelho da nu «te 
o ressurreição de Jesus (IfiMio, 
Seguir regras morais nflo li irnii 
a pessoa aceitável a I kniN, liste 
evangelho é olcrecldo a u hIi ** 
sem restrição,eoniantoqiiPôlfN 
estejam dls|losli >s a se mw| teu 
der dos pecudi >s c act »nllarem 
Jesus para serem perdoados, 
Aos olhos deDeusaqupItfliqtle 
o temem e lii/cm o que ju&ttí 
sã() aqueles < |t ic esifli i um« aili w 
pela It* no Salvador,
2) Pedro descreve a carreira 
nessoal de Jesus, fornecendo 
tun sumário recomendável do 
KvangelhodeLuca*(W^Vi i l) 
Deus nflo dlNcrlmllW, [X»In I U* 
nflo enviou a mensagem poi 
melo tie Jesus Crlslo, (|lie ^ o 
Senhor de todos os povos, nflo apenwi de 
Israel (v, 36), O conteúdo da mensagem de 
Deus é as “boas-novas tia pu/", que Jemis 
pregou ao povo de Israel, "Pn/." se leleie íi 
pazcomDeusouãrecondltaçloofeivelilii 
;i todos os povos c é disponibilizada pela 
morte expiatória dejesus Cristo, I'a / cmaU 
que ausência dc discussfloe Inlml/atlr pai a 
com Deus; inclui experimentai' s i Wnçátw 
. positivas da salvação, Embora Jesus lenha 
pregado as boas-novas primeiramente pai a 
os judeus, a mensagem nflo era lencli aiada 
apenas para Israel,
Pessoas devotas com o Cornéllo c seun 
am igos têm conhecim ento do m lnlm ^rlti 
de Jesus que com eçou na (UilllélHdi;|)OlM 
([ue João Ik itls ia p reg o u o batism o, e 
as boas-novas de paz encheram a {# r i i 
da Judéla (v . 37). ( ) uso dc Pedro das 
palavras "vós bem sabeis" I ik I ícn que as 
pessoas presentes já ouviramo evangelho 
antes da pregação de Pedro, Ä l u / d a mir 
ratlva de Aios poderíam os prestimll' cjyt1 
estas pessoas estão ouvindo a prlmelrst 
m ensagem cHstfl de Pedro, mas IMlIpe,
o evangelista que m orava em CesairMa 
(A l 8,40; 21,8) , ou algum o tilrtí c re iilc 
p o d i ler lhe» apresentado o evangelho
em (h unIíIo iinlcrlor, A cone lusflo do ser- 
nulo, Pedro declara simplesmente que 
lodo o mundo (|iu* crô cm Crlslo recebe
0 pcrdClo dt* pmtdos (v. 43).
A referenda em Aios 11.1h, de que "até 
uosgenllc wcleu I )eus c > arrependimento para 
a vida", nác > Indica se este arrependimento 
ace intcceu anle.s ou depois que Pedro che­
gasse, S( >mc >s Informados em Atos ll,14que 
PecJro devia sei1 Chamado para que Comélio 
c sua genle lossem salvos. Contudo, nada 
é mencionado aqui claramente em relação 
ao arrependimento e conversão de Cor- 
nélloe seus amigos, A pregação de Pedro 
pode ler confirmado só a fé anterior que 
(:< irnélk > e sua gente tinham em Jesus. Mas
1 ucas não declara nada explicitamente sobre 
CNle cfelU). Antes, ele descreve Comélio em 
termos (udaicos como “temente a Deus” e 
seguidor da prática judaica da esmolaria e 
oração (Al 10.2).
( )ulra possível Interpretação é que como 
Pedrc) prega ao pessoal de Comélio, eles 
crêem no evangelho e são subseqüen- 
lemente batizados com o Espírito. Esta 
Interpretação, como a prévia, mantém 
illstlnção entre a habitação do Espírito 
Nanlo e o batismo com o Espírito. De 
acordo com esta visão, a imersão deles 
ii() Hspírlto ocorre imediatamente depois 
da conversão. A dupla experiência acon- 
lece concomltantemente. Uma questão é 
claru: Quando Pedro prega o evangelho, 
o ENpírlto Santo vem sobre os gentios 
tementes a Deus (v. 44; At 11.15).
(!< >ntinuandoa segunda parte do sermão, 
Peelre > faz breve esboço do que aconteceu 
a Jesus: (a) "Deus ungiu a Jesus de Nazaré 
ec >m o Espirite > Santo e com virtude.” Depois 
do batismo de Jesus no rio Jordão, o Espírito 
Santo ungiu Jesus para o seu ministério (Lc 
3,21,22; '1,1,14-21). O poder do Espírito o 
habilitou a lazer àçôes verdadeiramente 
Imas para as pessoas, Pelos milagres que 
íe/, lílt demonstrou o domínio cie Deus 
se il nt* o I )laho e as lc >rças do mal, Suas obras 
pe k le rosas moslram (|uc I )ei is estava com Iíle 
e irai nillumcli i por mele> dlile (Al 10.3H), ( )s 
tipÓNlolc )»llnl Him estado com Jesus desde o 
começo do seu nalnlstérlo (At 1.21,22), assim, 
el*s n u m testemunhas oculares do ciue Ele 
h l nu cidade dc Jerusalém e nas demais
reglóes do país dos judeus (Lc 4,31-44). 
Como testemunhas do ministério de Jesus, 
Pedro e seus companheiros confirmam a 
plena verdade do evangelho; (b) Jesus foi 
morto pelos judeus, "pendurando-o num 
madeiro" (veja comentários sobre At 5.17-32). 
Mas Deus o trouxe ã vida no terceiro dia e 
permitiu que um grupo seleto de testemu­
nhas o visse vivo na terra por um período de 
quarenta dias (Lc 24.13-53; At 1.3-11). Estas 
testemunham foram “ordenadas” (“escolhi­
das”, ARA) por Deus cie antemão. Então, 
Jesus não apareceu a todos os judeus, mas 
só aos que estavam preparados para serem 
testemunhas por associação longa e íntima 
com o Salvador. O testemunho dessas pes­
soas repousava sobretudo no fato de que 
eles comeram e beberam com Cristo depois 
da ressurreição (At 10.41; cf, Lc 24.13-43). 
Agora Pedro testemunha para estes gentios 
sobre a verdade central do evangelho — a 
ressurreição de Cristo.
3) Pedro fala sobre o mandato de Cristo para 
os apóstolos pregarem às pessoas. Como 
parte da mensagem,'eles devem declarar 
que Deus nomeou Jesus “juiz dos vivos e 
dos mortos” (v. 42; 2 Tm 4,1; I Pe 4,5). Ele 
é destinado a julgar todas as pessoas, do 
passado e do presente. No fim do mundo, 
alguns ainda estarão vivos na terra; eles 
como também os mortos enfrentarão o Cristo 
ungido pelo Espírito como o último juiz (cf. 
Jo 5.21,22). Deste, os profetas do Antigo 
Testamento testemunham, e seu testemunhe > 
concorda com a pregação apostólica "de 
que todos os que nele crêem receberão o 
perdão dos pecados pelo seu nome" (Al 
10.43; cf. Is 33.24; 53.4-6; Jr 31.34), Todos 
os que crêem em Jesus, quer judeus, quer 
gentios, terão os pecados perdoados.
O sermão de Pedro é interrompido de 
repente pelo fato cie que os crentes gentios 
recebem o dom carismático do Espírito Santo 
(w. 44-48). Temos uma Indicação de respos­
ta favorável de Comélio e seus amigos ao 
sermão: "Todos os que ouviam a palavra" 
(v. 44) e “magnificara Deus" (v. 46). Deus 
toma a Iniciativa deixa ndo e jue Espirito Sante) 
caia sobre (cf, epepasijn, v. 44) estes crentes 
Inclrcunelsos quando Pedro lhes prega, Eles 
recebem o me*mp batismo com o Espírito 
que os crentes no Dia de Pentcc< wies, (k mio
fiH-l
evidência audível, vlNÍvel c* Inicial de ser 
cheio como EspírlK>, c k >mélit) e «eus amigc >s 
falam em línguas— manlfestaySloque mais 
tarde faz os líderes judaicos glorificarem a 
Deus e reconhecerem que “até aos gentios 
deu Deus o arrependimento para a vida” 
(At 11.18).
Os seis cristãos judeus que acompa­
nham Pedro a Cesaréia ficam surpresos 
com a queda do dom carismático do Es­
pírito sobre estes gentios. É claro que 
Deus aqui derrama seu Espírito sobre a 
casa de Cornélio ao modo pentecostal. 
As semelhanças entre o derramamento 
do Espírito nesta ocasião em Cesaréia e 
no Dia de Pentecostes em Jerusalém são 
surpreendentes.
• Em ambas as ocasiões o Espírito en­
che os indivíduos que já são salvos. 
Antes que eles recebam a plenitude 
do Espírito, eles já são filhos de Deus e 
habitados pelo Espírito. Orecebimento 
do poder do Espírito para ministrar 
e servir é distinto do recebimento do 
Espírito pela fé para a salvação.
• Os discípulos no Dia de Pentecostes 
e os crentes em Cesaréia respondem 
de modo semelhante: falando em 
línguas (At 2.4; 10.46) e louvando 
a Deus (At 2.11; 10.46).
• Quando a Igreja emjerusalém ques­
tiona Pedro sobre a visita a Cornélio, 
ele declara que “caiu sobre eles o Es­
pírito Santo, como também sobre nós 
ao princípio” (At 11.15). Mais tarde, 
ele conta ao Conselho de Jerusalém 
que Deus deu o Espírito Santo à casa 
de Cornélio “assim como também a 
nós” (At 15.8). Sem a evidência de 
falar em línguas, Pedro, os seis cris­
tãos judeus e os líderes da Igreja em 
Jerusalém nunca teriam reconhecido 
que os gentios incircuncisos foram 
batizados com o Espírito e aceitos 
na família de Deus.
Depois da interrupção, Pedro continua 
o discurso. O batismo com o Espírito in­
dica que estes gentios são tilo aceitáveis a 
Deus como os crentes judeus. Cornélio e 
sua casa "receberam [,,,] o Espírito Santo” 
como os crentes no Dia de Pentecostes (v, 
47), Claro que Deus tomou a Iniciativa de
conceder o dom pentecostal d o líspírlto, 
mus o verbo "receberam" ( vc >/, ativa) Indlc# 
a necessidade de uma resposta hum ana a 
esta iniciativa d ivina. Antes tia ascensflo 
ao céu, Jesus p ro m eteu aos d iscípulos 
que eles receberiam pod er depois que o 
Espírito Santo viesse sobre eles (A t 1,8; 
cf. A t 2.38; 8.15; 19 2). A casa de C ornélio 
recebeu o pod er do Espírito, Ind icando 
claram ente a concom itante resposta hu­
m ana à iniciativa de Deus.
C om base no batism o com o Espírito, 
o apóstolo desafia qualquer um a negar o 
batism o em águas aos crentes gentios, a 
ordenança que serve com o sinal externo 
de conversão e, assim, de purificação de 
pecado. V isto que n inguém levanta ob|é- 
ção, Pedro ordena que os gentios sejatn 
“batizados em nom e do Senhor" (v , 48), 
Eles pertencem ajesus e com razâo podem 
ser batizados no seu nom e, porque éles 
lhe devem submissão com o Senhor,
O batism o com o Esp írito segue re* 
gularm ente o batism o em águas (veja At 
2.38; 8.14-17), mas aqui a capacltRÇflO 
pelo Espírito o precede. A obra do Hspíiito 
nãoestá ligada ao batismo em ílguas, Só 
depois de a casa de C ornélio ter sido Sfll« 
va e capacitada pelo Espírito para serem 
testemunhas proféticas é que Pedro lhe* 
administra o rito do batism o em águas, A 
visão em Jope convenceu Pedro de qutf 
“Deus não faz acepção de pessoas" (V. 
34)— que mesm o pessoas como Comélio 
são aceitas p o r Deus, Mas o 1'ntO de OH 
gentios receberem o batismo com o Ks* 
pírito ensina a Pedro uma segunda liçlOi 
A im parcialidade de Deus nflo se aplica 
som ente à salvação; apllca-se a todos 01 
seus dons (Stronstad, 1984, p, 67),
Deus não faz diferença entre crenít» 
gentios e judeus, Sem se converterem HO 
judaísm o, Cornélio e sua lam ília enirnm 
na Igreja em situação Igual a dos crlslflos 
judeus, e recebem o mesmo dom prof ético 
do Espírito dado aos crentes no Dia de 
Pentecostes, aos samarltanos (A t 8,14*17) 
e ao apóstolo Paulo (A l 9,17). O derra* 
m am ento do Espírito sobre a casa gentia 
de Cornélio torna-se ponto decisivo na 
mlssflo da Igreja, A Igreja Crlstft começa 
a alcançar gentios e judeus,
Ao término chi rcunlflo dc Pedro com 
Cornéllo, cm ve/dc sair Imediatamente, 
Pedro fica com o.s crentes gentios "por 
alguns dias", Sua curta permanência mostra 
a plena sociedade dos gentios na comu­
nidade crista, O evangelho torna possível 
que pessoas de diferentes formações e 
origens raciais tenham comunhão uns 
com os outros,
4.4.4. Pedro Defende seu M inistério 
(íl.1-18). () evangelho entrou para os 
gentios, e a casa de Cornélio foi cheia 
com o Espírito. Pedro teve papel signifi­
cativo neste desenvolvimento (At 10). As 
notícias voam, de forma que os crentes 
judeus e os apóstolos em Jerusalém ou­
vem que os gentios em Cesaréia recebem 
o evangelho.
Quando Pedro chega a Jerusalém en­
frenta a crítica dos crentes “que eram da 
circuncisão” (v. 2). Entre os cristãos judeus 
estes críticos constituem um subgrupo 
que 6 a favor da circuncisão dos gentios, 
exigindo que eles se tornem judeus an- 
les de se tornarem cristãos. Embora eles 
tenham reservas sobre Pedro ter lançado 
uma missão aos gentios, eles não o ata­
cam diretamente por pregar a eles, mas, 
antes, por ter comunhão às refeições com 
eles, isto é, por entrar em casa de gentios 
incircuncisos e comer com eles. Ele des­
considerou a lei da circuncisão e as leis 
dietéticas judaicas.
Na defesa, Pedro descreve os aconte­
cimentos que ocorreram em Cesaréia (w.
4-15; cf. At 10.24-48). Provavelmente esses 
cristãos judeus tinham recebido um relatório 
inexato, mas relatando os acontecimentos 
como eles na verdade ocorreram, Pedro 
mostra que Deus o tinha levado a fazer 
o que fez, Ele lhes conta sobre a visão, 
a audição da voz e a ordem do Espírito 
Santo para Ir com os homens a Cesaréia. 
A mensagem que acompanhou essa visão 
era que ninguém pode considerar impuro
0 que Deus léz puro. Em outras palavras,
1 ) c u n níloapenas aprova, mas Ele na veidacle 
Iniciou a pregação de Pedro aos gentios e 
u associação com eles. A visão invalidou 
as antigas leis dc aeparaç&o e justificou a 
boa vontude dc Pedro ter contato social 
com os gentios,
() tvlato desta história sublinha a grande 
Importância do derramamento do Espírito 
Santo sobre Cornéllo e sua casa, Ao recontá- 
la, Pedro menciona os “seis irmãos" pela 
primeira vez (v. 12) — anteriormente cha­
mados “alguns irmãos de Jope” (At 10.23). 
Eles tinham acompanhado Pedro a Cesaréia, 
eram testemunhas oculares do derramamento 
do Espírito Santo sobre os gentios e podem 
presumivelmente confirmartudo. Pedro nã( > 
menciona o fato de ele batizar os gentios 
nas águas, mas ele mostra que a mensagei11 
do anjo a Cornélio incluía a garantia de sal­
vação para sua casa (At 11.14), Em outras 
palavras, as ações de Pedro serviram ao 
grande propósito salvador de Deus. Nada 
é mencionado se Cornélio achou a salvaçãt > 
antes ou quando Pedro pregou.
Pedro fala aos judeus cristãos que an­
tes de ele terminar o sermão aos gentios, 
eles experimentam precisamente o que 
os seguidores dejesus experimentaram 
“ao princípio”, no cenáculo, no Dia de 
Pentecostes (w. 15,17). Cornélio e sua casa 
receberam o batismo cbm o Espírito e foram 
capacitados para o ministério subseqüente 
à salvação. Tendo experimentado a graça 
transformadora do Espírito, eles foram 
habilitados como testemunhas proféticas 
do evangelho. O sinal externo de línguas 
confirmou que Deus os tinha aceitado c 
ungido para serem seus servos,
De acordo com o capítulo 11, Pedro 
menciona explicitamente as línguas como 
parte do que aconteceu em Cesaréia, mas 
este sinal do Espírito é fortemente suge­
rido aos crentes cie Jerusalém mediante 
sua insinuação aos acontecimentos do 
Dia do Pentecostes: “Caiu sobre cies o 
Espírito Santo, como também sobre nós 
ao princípio” (v. 15); Deus deu aos gen­
tios “o mesmo dom que a nós" (v. 17). A 
menção cie línguas em Atos 10.46 torna 
desnecessária a referência a elas no capítulo 
11. Os cristãos judeus teriam reconhecidt > 
tal fala inspirada como o sinal inevitável 
cio batismo com o Espírito, Os gentios na 
casa de Cornélio entraram na lgrela no 
mesmo nível que o&crentes judeus e foram 
ungidos com poder para o ministério,
O derramamento do Espírito em Cesaréia 
lembra Pedro das palavras dc Jesus regls*
mídasem Atos l.S^Joflomlamenle hall/,nii 
com água, mas vós sereln balizados c< mm 
Espírito Santo" (v. 16), Esta promessa fora 
cumprida no Dia de Pentecostes e agora 
também em Cesaréia para os gentios, O 
evangelho tinha forçado a entrada para 
os gentios, e Pedro viu que Deus tinha 
lhes dado “o mesmo dom” com o sinal de 
línguas como no Dia de Pentecostes.
Para Pedro, a manifestação da glosso- 
lalia tem importante valor apologético, 
porque o Espírito tinha se manifestado 
desta maneira no Dia de Pentecostes, as 
línguas forneceram significativa prova de 
que Comélio e seus amigos tinham sido 
submergidos no Espírito. O derramamento 
do Espírito em Cesaréia foi tão decisivo 
quanto no Dia de Pentecostes. Ninguém 
poderia negar que estes gentios tinham 
sido cheios com o Espírito, e que Deus 
tinha aberto as portas da Igreja para eles. 
Reconhecer que Deus os tinha enchido com 
o Espírito — mas recusar agir de acordo
— eqüivale a opor-se a Deus.
Assim, Pedro pergunta aos críticos se 
eles acham que ele deveria ter impedido 
Deus de fazer o que Ele quis fazer(v. 17). A 
resposta óbvia é não. Pedro foi justificado 
ao entrar em casa de gentios, comer com 
eles e batizá-los, pois a intenção de Deus 
era não fazer distinção entre estes crentes 
gentios e os crentes judeus.
Ao ouvirem estes fatos narrados por 
Pedro, seus oponentes, os cristãos judeus 
na Judéia, deixam de criticar (v. 18). A 
manifestação pentecostal de línguas foi 
prova inegável da imersão dos gentios 
no Espírito. Eles aceitam a verdade e, sem 
reclamar, imediatamente louvam a Deus e 
reconhecem que “até aos gentios deu Deus 
o arrependimento para a vicia”. A porta da 
Igreja fora aberta aos gentios no momento 
em que Deus lhes deu a oportunidade de 
se arrependerem e receterem a vida eterna. 
Desta maneira, os cristãos gentios devem 
ser recebidos, e os crentes têm de louvar 
a Deus por saIvá-los e da r-lhes a plenitude 
do Espírito, Este relato fornece exemplo 
surpreendente da promessa de Jesus de 
que o Espirito Santo guiará os crentes a 
toda a verdade (Jo 16,13). Pedro nío saiba 
do plano de Deus de que Indrcunelso» en­
trassem nu igreja, Knrreittnio, orwueroncin 
h ordem do Espírito S in to (Al 11.12), ele 
foi guiado ii ema n< >vu verdade, O segundo 
relato subseqOente destes acontecimentos 
também levou os críticos em Jerusalém a 
chegarem ao mesmo entendimento. O Espí­
rito iluminou o coração e a mente de todos 
eles; todos viram nitidamente a evldêndl 
que tinha convencido Pedro, () Espírito 
ainda trabalha desta maneira;Ele alcança 
corações e mentes pelas Escrituras e dons 
espirituais (cf. 1 Co 12.8-11).
Não nos é dito até que pc>nto lónim, em 
Jerusalém, as implicações das nçóen ile 
Pedro. Sua explanação silencia OH crttlcOH, 
mas não está claro sejeaisalém está dlnrx wlH 
a seguir a direção de Pedro, A queMO nr 
os gentios podem tornar-se crlltftOH nem 
que primeiro se tornem judeus parece ler 
sido completamente resolvida aqui, imiH a 
mesma questão entra em pauta U1TIH VI*/, 
mais em Atos 15.
4.5. Os Atos de Barnabâ: lhn 
Profeta Cheio do ãSpMtO 
(11.19-26)
A missão gentia agora passa para Anilo* 
quia da Síria. Anteriormente Lucas linha 
mencionado como o fogo da perseglllçft») 
contra os primeiros crentes se llcendeu 
em Jerusalém depois do apedrejamento 
de Estêvão. Essa persegulçflo leve oefol* 
to cle multiplicar-se em vez tle silenciar 
o testemunho dos crentes: "Man oh qut 
andavam dispersos iam por todl parle 
anunciando a palavra” (At H.4),
Alguns destes primeiros mlsslonArlos 
cristãos foram a Antloqultt, cidade cerca 
de quatrocentos e oitenta quIlômetroH 
ao norte de Jerusalém. Sua ImportAncla 
política era devido ao fato de que Ht^ VlM 
como capital cia província romana (la 
Síria. Antioquia da Síria, a terceira m aior 
cidade do Império Romano (d e p o ll ile 
Roma e Alexandria), tornou-se a sede da 
expansão do cristianismo fora da Palestina 
e ligurava significativamente nas mlssOes 
cristas aos gentios (At 13,1*3; M,2fi*2H|
15,22-35; 1H.22),
A marcha do evangelho nflo pára em 
Samarla e Cesaréia, Algunn doa mlHHlo*
AM7
nárlon evangelizam tilo uo norle quanto 
a Fenícia Co aluai Líbano); outros vão à 
ilha de Chipre, a pátria cio Barnabé (At
11.19,20; cf. Al 4.36). Isto significa que 
havia cristãos na ilha antes de que Paulo 
e Barnabé pregassem o evangelho lá (At 
13.4-12). Outros missionários se aventuram 
indo muito mais ao norte, ã cidade famosa 
de Antioquia, com uma população cal­
culada em aproximadamente quinhentos 
mil habitantes (Marshall, 1980, p. 201) e a 
comunidade judaica girando em torno de 
sessenta e cinco mil durante a era do Novo 
Testamento (George, 1994, p. 170).
A maioria destes crentes dispersos pre­
gava somente “aos judeus” (v. 19), mas 
alguns crentes, de Chipre e Cirene dão 
um passo ousado e também pregam as 
boas-novas de Jesus “aos gregos”, isto é, 
aos gentios pagãos em Antioquia (v. 20). 
Parece que eles alcançaram Antioquia 
numa época posterior do que aqueles que 
pregavam somente aos judeus. Algo pode 
ter acontecido durante o intervalo para 
torná-los tão corajosos e revolucionários, 
como o derramamento do Espírito Santo 
em Cesaréia. Eles puseram em prática o 
que o Espírito levou Pedro a fazer com 
Cornélio e seus amigos.
A pregação do evangelho em Antioquia 
tem sucesso numérico, o qual é atribuído à 
“mão do Senhor” (v. 21). Quer dizer, Deus 
abençoa esse ministério e seu poder capacita 
os discípulos a trazerem muitos judeus e 
gentios daquela cidade à fé emjesus Cristo. 
O ministério de Pedro tinha aberto as portas 
da Igreja aos gentios em Cesaréia, mas a 
pregação do evangelho em Antioquia é 
o começo de um vigoroso esforço para 
evangelizar o mundo gentio.
Quando a Igreja em Jerusalém fica sa­
bendo do desperta mento espiritual em 
Antioquia, eles enviam Barnabé como 
representante para ajudar esses novos 
crentes. Ele é escolhido por causa de suas 
qualificações: “[Ele] era homem de bem 
e cheio do Espírito Santo e de fé” (v. 24). 
Anteriormente Lucas o apresentou como 
levita de Chipre e explicou o significado 
de seu n om e — "Filho da Consolação" 
(At 4,36). Movido por Impulso generoso, 
Burnubé age como dcfenior d» ex-pcrsc-
guitlore recentemente convertido Sa tilo (At 
9.26.30). Barnabé também é identificado 
como um dos profetas carismáticos em 
Antioquia (At 13. i ). Juntamente com alguns 
outros discípulos, ele está “sendo cheio 
continuamente de alegria e do Espírito 
Santo” (At 13-52, tradução minha).
Quando este líder ungido pelo Espírito 
chega a Antioquia, ele já vê manifestada 
na Igreja “a graça de Deus”. Ele não 
pode deixar de ver os efeitos da graça 
divina evidenciados no crescimento da 
Igreja e nas manifestações do Espírito 
(cf. At 10.45). A evidência da graça em 
Antioquia o alegra, e, condizente com 
seu nome, ele consola os novos crentes 
a proporem com todo o coração perma­
necerem fiéis ao Senhor. Neste contexto, 
a plenitude da unção do Espírito é o ca­
talisador por trás da exortação inspirada 
de Barnabé. A qualidade de seu caráter 
e a unção do Espírito em seu ministério 
o equipam perfeitamente a assumir o 
papel principal na Igreja judaico-gentia 
em Antioquia.
Barnabé é a única pessoa em Atos que 
Lucas diz que era “homem bom” (ARA, 
“homem de bem”, RC; Marshall, 1980, p. 
202). Como homem cheio do Espírito, ele 
fortalece os novos-convertidos, reconhe­
cendo que o plano de Deus para a Igreja 
está sendo cumprido em Antioquia. G jnic > 
resultado de seu ministério e presença, 
ocorre uma segunda onda de conversões, 
“Muita gente” crê emjesus Cristo sem que 
qualquer demandá legalista seja imposta 
sobre eles. Os servos de Deus que são 
fortes na fé e cheios do Espírito estão 
bem-equipados para a missão.
Logo depois de chegar a Antioquia, 
Barnabé reconhece o grande potencial 
da situação para o crescimento da Igreja, 
e sente a necessidade de mais ajuda no 
evangelismo e ensino. Seus pensamentos 
se voltam a Saulo, o homem a quem ele 
tinha ajudado em Jerusalém e que fora 
cheio com o Espírito para testemunhar de 
Jesus aos gentios (At 9.15-17). Por causa 
de perseguição, Saulo tinha fugido de 
Jerusalém e voltado ã sua cidade natal, 
Tarso ( Al 9.28-30), onde permaneceu por 
cercu de dez anos (cf, 01 1,21-24; 2,1),
fiNM
Talvez Barnabé leiilui ouvido falir sobre 
ele desde que chegou .1 Antioquia,
Barnabé está convencido de que este 
apóstolo cheio do líspíritoéa pessoa ade­
quada para servir como líder da congrega­
ção mista em Antioquia. Saulo pode lidar 
com judeus e gentios em termos iguais. 
Ele fora criado nas tradições judaicas (G1 
1.14; Fp 3-4-6), e seu lugar de nascimento 
era Tarso, cidade universitária influenciada 
pelo pensamento grego. Quando Barnabé 
viaja a Tarso a fim de recrutá-lo, Saulo já é 
missionário experimentado. Durante um 
ano inteiro estes dois homens trabalham 
juntos em Antioquia.
Parece que Antioquia requeria uma resposta 
contextuai diferente ao cristianismo do que a 
Judéia. O cristianismo no ambiente judaico 
era influenciado pela presença do templo 
em Jerusalém, pelos fariseus e zelotes, e por 
uma interpretação da fé cristã orientada à lei. 
Por outro lado, Antioquia se situava numa 
encruzilhada geográfica, política e cultural 
entre o oriente e o ocidente. Nesta cidade 
de grande diversidade cultural, Barnabé e 
Saulo serviram como pastores durante um 
ano. Entre o trabalho que faziam incluía-se 
evangelizar e formar os convertidos já exis­
tentes. Eles se reúnem na Igreja (provavel­
mente para culto) e ensinam muitas pessoas 
(v. 26). Muitos recebem Cristo, e Barnabé e 
Saul lhes ensinam o Evangelho.
Outro resultado significativo deste minis­
tério de um ano em Antioquia é que os 
seguidores de Jesus ficam conhecidos pelo 
novo nome de “cristãos” (v. 26; At 26.28; 1 
Pe 4.16). A palavra “cristão” se refere a um 
seguidor de Cristo. Os de fora identificam 
os crentes assim, porque eles confessam 
Cristo como Senhor. Eles são o povo do 
Messias. Referindo-se a eles como “cris­
tãos”, os incrédulos distinguem a Igreja da 
comunidade judaica. É natural e adequado 
chamar os crentes por cristãos, mas vindo 
de incrédulos o termo pode conter um 
elemento de ridículo e desprezo.
4.6. Os Aios deÂgabo: Um Profeta 
Cheio do Espírito ( 11.27-30)
Na narrativa sobre o ministério de Barnabé 
em Antioquia, Lucus apresenta Ágabo, lilerelaia <|tir* depois da dtegadu do Saulo 6 
ddade, "dencemm profetas de Jerusalém 
pani Antioquia" (v, 27), HntieelcNonci uilru 
st* Ágabo. Na Igreja primitiva, os profetas 
eram Indivíduos com o dom carismático 
de revelar a vontade de Deus. F.les agiam 
no interesse do bem-estar da comunidade 
cristã. Eram inspirados como porta-vozes 
do Espírito para promover e guiar a lgro|a 
em sua missão de divulgar o evangelho, 
Em Atos, Lucas descreve a proleda 
como o poder do Espírito Santo nos 01- 
timos dias (At 1.8; 2.17,33). No Dia de 
Pentecostes, a manifestação de línguas era 
identificada como profecia (At 2.4,11,17). 
Na igreja primitiva, qualquer membro da 
comunidade cristã poderia profetizar, mas 
a profecia estava principalmente ass< iduda 
com os que tinham um ministérlc) pn )féÜC< 1 
que incluía a predição de aeontcelmenlos 
futuros (At 11.28; 20.23-31), o pronuncia­
mento de julgamento divino (At l) , 11| 
28.25-28), o uso de ações simbólicas (Al
21.11), a proclamação da Palavra de Deus 
(At 13.1-5; 15.12-18) e o fortaledmenlO 
dos crentes (At 15.32).
A primeira menção em Atos do inl* 
nistério profético de Ágabo (cf. lambam 
At 21.10,11) tem a ver com sua pndlçli& 
inspirada de uma fome que se ahalerla 
sobre todo o Império Romano (At 11,2H), 
A referência de Lucas a Cláudio, Impemdi )r 
de Roma de 41 d.C. a 54 d.C,, fornece tllll 
ponto na história para datar os aconled- 
mentos em Atos. Temos de outras fontes 
informação de que durante o reinado de 
Cláudio ocorreu uma fome em várias par­
tes do mundo romano (cf. Suetônlo, Vltlti 
de Cláudio; Tácito, Anais). I louve severa 
fome na Judéia em cerca de 46 d,C., oailt1 
quejosefo relata que uma fome ulcftnflOU 
seu clímax. Esse poderia ser o anr) no 
qual Paulo e Barnabé levam dinheiro pniU 
aliviar a fome de Jerusalém,
As palavras proféticas de Agabu Ins- 
piram os cristãos em Antioquia a enviar 
uma oferta (coleta dc dinheiro) para a 
Igreja-míle em Jerusalém, a Hm cie ajudar 
na crise lmlnenle, Os cristãos dc Antloqull 
erfiem implicitamente na proleda e la/.em 
provisflolmedlatH puru juntar Itindos paru 
a Igreja cinjenisulém, Hsia fome mostrou«
fiNV
Igrujn numa caverna, A diroltn, 
datada do século I, em Antloqula, 
onde foi fundada a primeira Igreja 
cristo fora de Jerusalém, Fol fun­
dada por Paulo, Pedro o Barnabé. 
Os seguidores de Jesus torna­
ram-se conhecidos por crlstAos. A 
esteia do período romano, abnlxo, 
ainda está de pé á esquordu da 
entrada.
se mais aflitiva naquela região, por causa 
cia população aglomerada na Jucléia e 
da prevalência da pobreza. Enviar uma 
doação também serviu para aprofundar 
a comunhão dos crentes com aqueles 
em Jerusalém.
Os membros da congregação em Antio- 
quia voluntariamente tomam parte neste 
empreendimento conjunto a fim de evitar
o dano que ameaça os cristãos najudéia. 
Deve ter havido pelo menos três razões 
para semelhante ação.
1) Expros.sargratidãopela igreja tlejerusalém, 
da qual partira a mensagem do Evange­
lho,
2) Mostrar unidade com a comunldadc-mãe. 
E
3) Demonstrar amor crlstíU), Pelo fato de 
I)eiiN ter ahençi>:uli> a Igreja em Anlltiquia
numérica e materialmente, eles puderam 
enviar uma doação de amor significativa 
aos judeus cristãos. Todos os meinbrc>s da 
jovem congregação contribuem com o (fite 
podem (v. 29).
Fazia cerca de um ano que Paulo esta vtt 
em Antioquia quando a igreja o envia 
juntamente com Barnabé a Jerusalém, 
com a doação de amor. A primeira visita 
de Paulo a Jerusalém aconteceu três anos 
depois de sua conversão (Gl I. IH). A visita 
seguinte registrada em suas cartas ((112.1
10) foi identificada com a visita cie Atos I I 
ou com a de Atos 15. Os acontecimentos 
da visitada fome de Atos 11.27*30 lazem 
melhor paralelo com a visita de (iíilalas 
2. Lucas enfoca sefi relato na doação de 
amor feita pelos crentes de Antloqula, sem 
qualquer NUKCNtftoilnuNNunlotlnailiulNNflc)
min
de gentios na lgre|o (ii. o n mmenlArlos 
de Paulo em Cil 2.1-10),
Barnabé e Paulo entregam a doiiçAo 
pessoalmente “aos anciãos" da Igreja em 
Jerusalém. Esta é a primeira menção de 
anciãos cristãos em Atos. Eles provavel­
mente agiam ã semelhança dos anciãos de 
uma sinagoga judaica, no ponto em que 
eles presidiam sobre a congregação (cf. At 
15.13). A palavra “anciãos” não significa 
necessariamente que eles eram “homens 
velhos”, embora pareça provável que a 
liderança de uma congregação estivesse 
nas mãos de pessoas mais velhas. Não 
há dúvida de que a organização da Igreja 
ainda estava se desenvolvendo, mas com 
os anciãos tendo a cargo a administração 
dos assuntos locais, os apóstolos esta­
vam livres para se dedicar à pregação do 
evangelho. Quando os anciãos da Igreja 
emjerusalém recebem a doação de amor, 
eles fazem com que seja apropriadamente 
distribuída entre os necessitados.
Algreja em Antioquia manifesta verdadeira 
generosidade cristã. A doação de amor mostra 
aos cristãos em Jerusalém que a graça de 
Deus está em ação naquela cidade. A doação 
não apenas alivia a angústia das vítimas de 
fome, mas também serve para fortalecer 
a comunhão dos crentes judeus e gentios 
em Cristo. Além disso, a disposição desta 
nova congregação para com as possessões 
reflete a autenticidade da fé.
4.7. O Encarceramento de 
Pedro (12.1-24)
Lucas apresenta uma nova história. Ele 
não indica o tempo preciso, mas sugere 
que foi “por aquele mesmo tempo” da 
visita de Saulo e Barnabé a Jerusalém (v.
1). Os acontecimentos registrados aqui 
ocorrem emjerusalém. A perseguição e 
oposição anteriores ao Evangelho viera m 
das autoridades religiosas judaicas (At
4.1-6; 5.17,18,21-28; 6.12-15; 7.54— 8.3;
9.1). Até agora, os líderes religiosos, 
sobretudo os saduceus, perseguem os 
crentes sem a ajuda das autoridades civis. 
Mas agora a persegulçAo se Intensifica, 
e o rei da Paleitlno, Herodes Agrlpo I, 
assume o comando.
I lerodes Agripa rro filho de Arlltrtblllo 
e net< > île I ler< «les, < > ( S ronde, que relnovo 
sobre a ( iolllélo na épi>co d<> nascimento de 
Jesus (Mt 2.1 ), Como muitos dos membros 
da família de Herodes, Agrlpa serviu « mu > 
governante fantoche dos judeus durante o 
ocupação romana da Palestina. Ele cresceu 
em Roma, onde viveu em extravugAndo 
e desperdiçou o que tinha herdado, Um 
41 d.C., o imperador Cláudio o lez rei de 
todo o território governado por I leri ide«, < ) 
Grande, embora seu reinado tenha dursde > 
somente três anos. Quando ele voltOU ft 
Palestina se tornou popular e viveu no 
luxo. Ele buscava constantemente o lov< >r 
dos judeus e se apresentava como devi >li > 
da religião judaica, ainda que a fa mil hl de 
Herodes fosse não-judia provenlenle do 
Iduméia. Ciente de que a opinlâo judolui 
era contra a igreja, Agripa loma medldos 
para perseguir os crentes e aumento l'Niio 
popularidade.
Agripa começa a perseguir (hrikoo, 
“ferir, maltratar”) “alguns da igrejo" (V,
1). Aqueles que executavam suas ordeilN 
perseguiam os crentes tão Intensamente 
que estes sofrem mais do tinham sofrido 
anteriormente pelas mãos do Sinédrio, () 
principal alvo de Agripa era a llderanço do 
igreja. Ele quebrou o círculo Intcmo d o n 
discípulos de Jesus, mandando executor 
o apóstolo Tiago, filho de Zebedeu. NAo 
nos é dada a razão para a escolha de ‘I'lagi >, 
Ele é o primeiro apóstolo a sofrer marlírio, 
Ele morre pela espada, sendo, talvez, suo 
cabeça posta num bloco e cortodo por 
um executor.
Os judeus em gera 1 ficam satlsfelli >n w >i 11 
a perseguição de Agripa aos apóstolo«, A 
situação najudéia mudou desde os primei­
ros dias, quando a perseguição envo|vlo 
somente os líderes judeus, A hostllkfíllle 
para com o evangelho se disseminou, C) 
apoio que Agripa recebe da populoso o 
encoraja a intensificar as ações contra o» 
outros apóstolos, Por Isso, ele aprisiono 
Pedro claramente com a Intençfioilelazer 
comeleoi|ue fez com Tiago, F.vldcntemenlc 
Agripa estíl procurando destruir# Igrejude 
Jerusalém decapitando seus líderes,
Pedro ô preso durante o Festa dos PAes 
Asmos, uma festividade que durava wlr
691
dias depois da Páscoa (Êx 12. Mss), Nosdlas 
do Novo Testamento, estas festas tinham se 
tornado uma celebração única, de forma 
que os dois termos eram sinônimos (cf. 
Lc 22.1). Durante esta época, Jerusalém 
ficava apinhada de judeus que eram entu­
siásticos da lei. A fim de evitar a formação 
de perturbação ou a alienação dos judeus, 
Agripa mantém Pedro na prisão até depois 
da semana da Páscoa. Se ele fizesse um 
julgamento ou execução pública durante a 
semana da festa, os judeus teriam sentido 
que a festa fora profanada.
Determinado a assegurar que Pedro não 
fugisse, Agripa coloca uma guarda de dezes­
seis soldados (v. 4). Eledeveterouvidosobre 
o encarceramento anterior dos apóstolos 
e sua fuga da prisão sem o conhecimen­
to dos guardas (At 5.17-23). Dividido em 
quatro esquadras, cada esquadra de quatro 
guardas fica em serviço por três horas para 
vigilância vinte e quatro horas por dia. Dois 
destes guardas são algemados com Pedro, 
enquanto que os outros dois ficam de guarda 
à entrada da cela (v. 6).
Enquanto Pedro está na prisão, a Igre­
ja ora em seu favor. A intensidade das 
orações é indicada de dois modos no 
versículo 5.
1) O verbo “fazia [...] oração” (tempo 
imperfeito) reflete persistência em 
oração; eles mantêm-se em oração, 
sabendo que as impossibilidades 
humanas são possíveis com Deus.
2) O termo “contínua” (ektenos, “fervo­
rosa”) significa que eles reconhecem 
a urgência da situação; eles oram 
com palavras que são sentidas in­
tensamente nos corações. Não sa­
bemos se esta oração da Igreja é 
pela libertação de Pedro ou para que 
sua fé não falhe. Eles podem ter se 
lembrado que anteriormente Pedro 
tinha hesitado em face do perigo 
(Lc 22.54-62). Além disso, eles não 
esperam que Pedro seja livre, visto 
que Estêvão e Tiago tinham se tor­
nado mártires. Em todo caso, o ato 
poderoso de Deus de livrar Pedro 
ocorre no contexto da oração.
A descrição detalhada de libertação 
enfatiza que é Inteiramente um milagre
(vv, 6-11), Ura a última noite da semana 
da Páscoa, e Pedro esperava morrer na 
manhá seguinte. Ele se delta e dorme 
entre dois guardas, algemado a ambos. 
Deus subitamente intervém na situação 
enviando um anjo, que enche a cela da 
luz da glória divina. Precisamente o que 
Herodes queria evitar está a ponto de 
acontecer. O anjo desperta Pedro tocando- 
lhe o lado, e as algemas caem. Pedro 
obedece ao anjo amarrando o cinto e 
calçando as sandálias, e depois acom­
panha o visitante divino.
Enquanto ele está sendo libertado, Peclr< > 
tem a impressão de que está sonhando e não 
percebe que está de fato saindo da prisão. 
Ele pensa que o que está acontecendo é 
apenas uma visão, e não compreendendo 
a realidade da situação. Pedro e o anjo 
passam os dois guardas estacionados à 
porta da cela, evidentemente sem que eles 
reconheçam Pedro (v. 18). Quando chegam 
ao pesado portão de ferro da prisão, ele 
se abre milagrosamente sem causa visível.
O anjo acompanha Pedro à ma até que 
este esteja fora do alcance de perseguiçàc) 
dos guardas, e desaparece então.
O rei Agripa tomou grande precaução 
para evitar a fuga de Pedro. Esses esfor­
ços para conter o mensageiro cheio do 
Espírito de Deus tornam o milagre mais 
dramático. Quando Pedro percebe o que 
aconteceu, suas próprias palavras inter­
pretam o significado da libertação (v. II).
O que ele vira não era visão. Deus enviou 
um anjo e milagrosamente o salvou da 
mão de Agripa (cf. Dn 3.19-27). A Inter­
venção divina frustrou os oponentes da 
Igreja. É verdade que nenhum anjo livrou 
Tiago da espada do executor. Sua morte 
deve ser colocada na perspectiva ma loi' 
da vontade inescrutável de Deus, e vista 
como o lançamento da sombra da cruz, 
na decapitação cruel do apóstolo. Lucas 
não oferece explicação teológica para 
isto, mas o grande milagre da libertação 
de Pedro demonstra o pocler e ajuda sal­
vadores de Deus.
Os cristãos oram por Pedro, mas a liber­
tação milagrosa os surpreende (vv. 12-17). 
Depois de ser solto, Pedro decide Informar 
Imediatamente os amigos cristãos sobre
AM
o que aconteceu, As*lm, ele vnl ft casa tio 
Maria, mão dejt >a< > Marcos (mcncU>nu»l< > 
aqui pela primeira ve/; ti, lamhém Al 
12.25; 13.5,13; 15.37-39). Muitos crentes se 
reúnem na casa de Maria para orar st >bre 
o que talvez fosse a última noite da vida 
de Pedro. Pedro entra no portal que liga 
a rua ao pátio e começa a bater na porta 
do lado de fora, interrompendo a oração 
dos que estão no lado de dentro.
Uma criada chamada Rode atende a 
porta e fica empolgada quando reconhece 
a voz de Pedro. Esquecendo de destrancar 
a porta, ela volta correndo maravilhada 
para contar aos outros. Os cristãos na casa 
de Maria não acreditam nas palavras de 
Rode que afirmava que Pedro está à porta. 
Eles insistem que Rode estava fora de si, 
mas ela persiste firmemente que Pedro está 
lá fora. Os cristãos sugerem que ela viu a 
aparição do anjo de Pedro, que assumiu 
sua voz e aparência. Era crença comum 
entre os judeus que cada pessoa tinha 
um anjo da guarda (veja Strack e Biller- 
beck, vol. 1, pp. 781-782; cf. Mt 18.10; Hb 
1.14). Mas eles estão enganados; Pedro 
está realmente à porta e continua batendo. 
Quando os cristãos abrem a porta, ficam 
boquiabertos.
Depois que Pedro finalmente entra, 
com um movimento de mão as pessoas 
ficam quietas. Ele satisfaz a curiosidade 
explicando que Deus o libertou. Consi­
derando que os outros líderes da Igreja 
não estão presentes, Pedro exige que o 
milagre seja contado “a Tiago e aos irmãos”. 
Este Tiago é o irmão de Jesus (Mc 6.3). A 
maneira na qual ele é mencionado dá a 
entender proeminência na Igreja. Lucas 
e Paulo indicam que Tiago serviu como 
chefe da Igreja em Jerusalém (At 15.13; 
21.18; G11.19; 2.9,12).
Depois de Pedro ter pedido que os 
crentes passassem a notícia adiante para 
outros líderes da igreja, ele parte “para 
outro lugar”, o qual pode ter sido outra 
casa em Jerusalém t )ii, mais provavelmente, 
outro lugar fora da cidade por razões de 
segurança. Ele esperava que houvesse 
um esforço vigoroso para recapturá-lo, 
dificultando a ele se esconder com segu­
rança em Jenmalím, Depois do alguns
u mm Pedro volta a Jerusalém (Al IS,4,7), 
oml it mi p< >ssa ler vt >ltuclt > unterit irmenle, 
visto que Agripa viveu por curlo espaço 
tio tempo depois da partida tio Pedro (Al 
12,20-23).
Na manhã seguinte, a fuga tio Pedro í 
conhecida publicamente (vv. 18,19). Aossa 
altura, ele está seguro num esconderijo, 
Quando os guardas a quem ele estava 
algemado por cadeias acordam com a III/ 
do dia, eles vêem que o prisioneiro fugiu, 
Há grande confusão entre os guardas, nfli i 
sabendo o que aconteceu a Pedrc >, li los nflt i 
têm idéia de como ele conseguiu so st >ltar 
das cadeias e como os guardas poütHdo» 
à porta da cela não o viram passar, Tttdt i 
o que sabem é que Pedro fugiu,
Quando Agripa fica sabenck > do oc< itl1i lt i, 
ele exige que seus oficiais façam umi |W >■ 
cura minuciosa, mas eles não conseguem 
descobrir uma pista sequer do prlslt inolit t, 
Embora a incapacidade de encontrar Pt' 
dro confirme que um milagre esluprtulti 
aconteceu, Agripa se recusa a reconllouM111 
milagre. Ele interroga os quatros guaixIum en I 
serviço na hora da fuga de Pedrc >. I )ep< >ls t lo 
questioná-los, o rei os acusa de nogllgdnela 
e, como o texto literalmente diz, "mande H1 
os justiçar” (apachthenai), provavelmente 
não para a prisão, mas para a execuçflol V, 
19). Quando soldados romanos deixavam 
que um prisioneiro escapasse, em c< istlime 
eles receberem o mesmo castigo dcvldn 
ao prisioneiro. Desse modo, os gualdasinocentes tornam-se vítimas da vlolêiuia 
de Agripa.
Deus vindicou Pedro. Lucas prossegue 
a história apresentando prova adicional na 
morte de Agripa sobre a vindicaçlo divina 
(vv. 20-23). O rei vai a Cesaréltl ptim no 
encontrar com uma delegação de Twb o 
Siclom. Naquela época, havia antagonismo 
entre Agripa e t >s povt >s dessas duas ckladpH, 
Lucas nãt > dá explanações st >1 >re a dlsputtt, 
mas parece ter sido uma disputa econômica, 
As cidades de Tiro e Sltlom dopendlum 
dos campos de grãos da Judtfla paru alias* 
tecerem grande parte dos alimentos que 
precisavam. Agripa desviou para CcHitrélH 
as exportações de grilos destinadas a Tiro 
o Sldom, dessa lõrma diminuindo-lhe* a 
provIsAo do alimentos,
Comoqt leslfii >de | >< ilii leu piil illca, I >< >as 
relações NílO clc.scJílvfÍN, ( )s povoM tlessas 
grandes ddades pensam que é melhor 
ficar em paz com o rei, por Isso enviam 
uma delegação a Cesaréla para lazer paz. 
líles obtêm a amizade de Blasto, o cria­
do encarregado dos quartos particulares 
11< i rei. Através deste criado de confiança, 
eles conseguem uma audiência pública 
com Agripa. Josefo apresenta um relato 
mais detalhado dose segue. Na época do 
encontro, Agripa está numa festividade 
celel mitla em honra do imperador Cláudio. 
Ide está trajado com suas vestes reais; suas 
roupas esplendidas brilham ã luz do sol. No 
segundo dia da festa, o povo presente está 
contente, porque o ressentimento dos de 
Tlroc Siclom foi resolvido. Eles lisonjeiam 
o rei e o tratam como deus. Conforme 
|< iselb, pelo fato de o rei aceitar a aclama­
ção como deus, ele é subjugado com dor 
violenta e poucos dias depois morre em 
ag<mia (AntiguidadesJudaicas).
Lucas declara explicitamente que “feriu- 
o o anjo do Senhor”, e explica abrupta­
mente que, “comido de bichos, expirou” 
(v, 23). Ser comido de bichos é modo 
característico dos escritores antigos des­
creverem uma morte dolorosa resultan­
te de julgamento divino (cf. 2 Macabeus 
•),5-9; Josefo, Antiguidades Judaicas). A 
morte de Agripa I nos lembra das mortes 
de Ananias e Safira. Como aquele casal, 
Agripa mostra desrespeito a Deus e é fe­
rido de morte. Ele não está satisfeito em 
se opor a Deus, mas compete com Ele 
reivindicando honras divinas. O erro fatal 
(leste tirano arrogante é que ele “não deu 
glória a Deus" (v. 23). Como rei, ele está 
sujeito ao Rei Supremo do universo. Seu 
abuso de poder e arrogância trazem a ira 
divina sobre ele, Consistente com o que 
havia sido predito (Lc 1.52), o imediato 
julgamento de I)eus o abate.
Agripa I ousadamente perseguiu a Igreja, 
mas Isso não deteve o avanço do livan- 
gelho, liste oponente desafiante tio povo 
de I )eus morreu, mas "a palavra de Deus 
eresela e se multiplicava" (v. 24). Outra 
grunde Inversão aconteceu, O evangelho 
prospera sob peiwgulçflo, porque cada 
vez mula o povo ouve ti verdade e crê,
V Narrativa» lie Viagens: ( )s Atos de 
Paulo, um Profeta Itinerante e 
Cheio do líspírito 
( 1 2 . 2 5 — 2 2 . 2 1 ) .
O palco agora está armado para a pre­
gação do evangelho por todo o mundo 
gentio. Deste ponto em diante, Lucas 
confina a narrativa aos acontecimentos 
proeminentes na vida de Paulo. Pedro 
foi o porta-voz dominante em Atos capí­
tulos Ja 12, mas daqui em diante o foco 
se centraliza no ministério de Paulo. Por 
meio dele e seus cooperadores, que são 
capacitados pelo Espírito Santo, o evan­
gelho é pregado e as fronteiras da Igreja 
continuam se estendendo muito além tia 
Palestina. Como observamos, até agora 
t) Espírito Santo tem dirigido os assun­
tos da Igreja, e o relato de Lucas sobre 
as viagens de Paulo deixam claro que o 
Espírito continua dirigindo e capacita ntlc > 
t) povo de Deus.
5.1. A Primeira Viagem 
M issionária 
(12.25— 15.35)
Tendo cumprido a missão emjerusalém 
(cf. At 11.27-30), Barnabé e Saulo, levando 
consigo João Marcos, voltam a Antloqula, 
Aqui, Lucas apresenta Marcos (At 12.25), 
Foi para a casa tle sua mãe, Maria, que 
Pedro se dirigiu quando Ibi solto da prisão, 
Logo depois tia chegada a Antioquia, a 
Igreja naquela cidade começa nova fase 
cie atividade missionária. Por esforços 
próprios, Antioquia se torna centro vilal 
para as missões cristãs. A narrativa de 
Lucas tio que se chama a primeira via­
gem missionária tle Paulo começa com 
a escolha tio líspírito Santo de Barnabé 
e Saulo para uma obra especial.
5.1.1. Antloqula: Barnabé e Saulo 
sc Separam (12.25— 13.3). A igreja em 
Antioquia é servida por profetas e mestres, 
Na Igreja primitiva, profetas e mestres eram 
indivíduos cheios do Espírito, freqüente­
mente mencionado,<eomo proeminentes 
pregadores da palavra (Um 12,6-H; I Co 
I2.2H.21); líl'4,11), O Novo Testa mento n£u > 
liiz dlslInçÃi»dura entre estes d< >ls i »fielt >s,
e ii mesma pessoa pode ser ambos, Hm 
geral, um proleta eru inalNesponlflneoem 
seus pronunciamentos, lalando no povo 
por inspiração com base em revelação, 
tendo a atenção dirigida aos propósitos 
de Deus em relação ao futuro; um mestre 
inspirado era mais didático e expunha 
as Escrituras e os fundamentos da fé. Ele 
buscava dar direção à Igreja com base no 
que tinha acontecido no passado (Theo- 
logical Dictionary of the New Testament, 
eds. G. Kittel e G. Friedrich, Grand Rapids, 
1964-1976, vol. 6, p. 854).
Lucas alista cinco homens como pro­
fetas e mestres. Ele não dá indicação de 
quem era o quê; provavelmente não havia 
como traçar clara linha divisória entre o 
ministério de qualquer um deles. Todos 
os cinco estavam envolvidos na exposição 
das Escrituras e tinham dons carismáticos 
para pronunciamentos inspirados. Nume­
rado entre estes líderes espirituais estão 
Bamabé e Paulo (Saulo). Barnabé está em 
primeiro lugar na lista, sugerindo que ele 
era considerado o mais proeminente.
Lucas faz importante referência à ado­
ração no versículo 2. Ele não indica que a 
congregação está presente, mas isso pode 
ser presumido. Em outras palavras, a nova 
iniciativa para expansão do evangelho 
ocorre no cenário de adoração ao Senhor 
Jesus, jejum e oração. Os profetas e mestres 
eram sensíveis às necessidades espirituais 
e passavam tempos juntos em adoração e 
jejum. A palavra traduzida por “servindo” 
(Jeitourgeó) tem a ver com culto religioso, 
como ocorria no templo. A idéia comuni­
cada por esta palavra é a de prestar culto e 
adoração ao Senhor, mas na Septuaginta a 
palavra é usada para fazer culto, sobretudo 
pela oração (Bauer, W. F. Arndt e F. W. 
Gingrich, A Greek-English Lexicon of the 
New Testament and OtherEarly Christian 
Literature, Chicago, 1979, pp. 470-471). 
Elemento importante da adoração que 
prestam deve ter sido a oração.
Os profetas e mestres demonstram a 
seriedade das orações jejuando (cf. At
14.23). Durante um destes períodos o 
Espírito Santo reafirma a verdade revela­
da a Pedro (At 10,9-20) e dirige a Igreja a 
ampliar seu testemunho. Ele ordena que
Itarnabé e? Saulo se|am "apartados" (ithbo- 
Wto, "e< >iisagra r" ), Hsle verl x » era usailt > n< > 
sentido da consagraçflo dos levitas para 
a obra il qual Deus j;i os tinha chamado 
( Nm 16.9), Também se refere ;) separaçflo 
de Paulo para se tornar apóstolo ( Km 1, 11 
Gl 1.15). Presumivelmente esta mensagem 
do Espírito Santo é comunicada por um 
ou mais dos profetas.
Asentença: “Para a obra a que os tenho 
chamado” (v. 2) indica que estes homens 
já tinham sido chamados antes, Quer dizer, 
Deus já tinha tomado uma cleclsftc) s< >bre a 
obra de Barnabé e Saulo, Saulo, sabemos, 
fora comissionado pelo Senhor no mo­
mento de sua conversão para evangelizar 
aos gentios (At 26.16-18). Sua cxpetiíncia 
na estrada de Damasco lnclufn grande 
transformação de sua vida ao conhecer 
Jesus Cristo como Salvador, e profunda 
revelação de que ele foi chamado para 
ser apóstolo aos gentios, Nilo temos melo 
de saber quando exatamente Harnabérecebeu sua chamada,.
A obra de Barnabé e Saulo se origina 
com Deus — não com planos inventa­
dos pelos homens — e é empreendida 
em obediência à voz do Espírito, Por 
conseguinte, a Igreja em Antloquia co­
missiona formalmente Barnabé e Saulo 
como missionários. Antes de fazê-lo, ela 
jejua e ora, e depois impõe as mitos nos 
dois homens. A imposição de mitos aqui 
não é a ordenação ao ministério, mas 
a consagração a um trabalho especial, 
Dá-lhes uma responsabilidade solene, 
concedendo-lhes força e recomendando- 
os à graça de Deus. Barnabé e Saulo sflo 
enviados como representantes da lgre|a 
em Antioquia.
5.1.2. Chipre (13.4-12). A prlmeÉa 
viagem missionária começa em Antloquia 
com o Espírito Santo falando pelos pro­
fetas. Lucas enfatiza que o Espírito Santo 
está dirigindo esta missão e enviando os 
missionários (v. 4), procedimento que sc 
mostra programático para as três viagens 
de Paulo. No começo de cada uma, Lu­
cas observa a obra do Espírito e mostra 
como Paulo faz a obra de um apóstolo 
e profeta cheio do Espírito (cf. At 15.4| 
16.6-8; 19.1-7).
Hurnuhé r Smilt) Inldum u vlugem, Imlo 
a Sclêuda, o p< >rto murftlmo de Aniloqiila.
I )e lá, eles navegam ao porto de Salamina, 
loeall/ado na extremidade oriental da ilha 
dc Chipre. Esta ilha era o local de nasci­
mento de Barnabé e era campo adequado 
para a obra missionária, visto que tinha 
grande população judaica. O evangelho 
jíí havia sido pregado em Chipre com 
algum sucesso (At 13.19,20). A estratégia 
tios missionários é começar a pregar o 
evangelho nas sinagogas judaicas.
Pregar nas sinagogas torna-se caracte­
rística do trabalho missionário de Paulo 
(At 13.14,46; 14.1; 17.1,10; 18.4,19; 19.8). 
Começando lá, Barnabé e Saulo seguem 
o princípio de oferecer o evangelho pri­
meiramente para os judeus, e depois para 
os gregos (Rm 1.16; cf. os comentários de 
Jesus em Jo 4.22). Virtualmente falando, a 
sinagoga também forneceu oportunidade 
para estabelecer um ponto de contato para 
o evangelho. Ali, ordinariamente, judeus, 
prosélitos e gentios tementes a Deus pode­
riam ser alcançados. João Marcos acompanha 
os dois missionários como “cooperador” 
(byperetes, “assistente”), ajudando em to­
dos os sentidos, inclusive ensinando aos 
convertidos os elementos da fé. Pouco é 
sabido sobre o sucesso da pregação dos 
missionários em Salamina.
Depois de curta permanência em Salami­
na , os missionários viajam a Pafos, capital de 
Chipre, cerca de cento e quarenta e cinco 
quilômetros de Salamina na extremidade 
ocidental da ilha. Lucas faz uma pausa na 
narrativa para relatar o encontro dos mis­
sionários com dois homens em particular: 
Sérgio Paulo, o procônsul (anthypatos, 
chefe de uma província senatorial) roma­
no de Chipre; Elimas, o Mágico, também 
conhecido pelo nome judaico de Barjesus. 
Lucas caracteriza Sérgio Paulo como “ho­
mem inteligente” (ARA; “varão pmdente”, 
RC), significando que ele tem capacidade 
mental e não é engabelado pelo mágico (v. 
7). Como era comum no mundo antigo, o 
procôncul tinha atração pela magia e con­
sultava feitiçaria e quiromancia a respeito 
de questões Importantes.
Entre oN assistentes de Sérglc > Paulc > está 
o judeu mágico barjesus. Barjesus dedica-
se amadoramente ii maglu e se considera 
profeta, afirmando ter Inspirações, Mesmo 
que Sérgio Paulo tenha atração por ma­
gia, ele mostra surpreendente abertura ao 
evangelho pedindo para falar com Paulo 
e Barnabé. Quando ele fica sabendo que 
estes dois homens trazem as boas-novas 
de Cristo, o procônsul os chama para ouvir 
o que eles têm a dizer. Podemos presumir 
que Sérgio Paulo fica impressionado com 
a mensagem dos apóstolos.
O sucesso de Paulo e Barnabé convence 
Barjesus de que sua influência sobre o 
procônsul chegou ao fim; assim, ele teme 
que venha a perder sua posição. Barjesus 
faz os maiores esforços para afastar o pro­
cônsul do evangelho cristão. A oposição 
aberta do mágico resulta numa confron­
tação entre Paulo, o verdadeiro profeta 
(At 13-1), e o falso profeta. Esta conversa 
é a segunda confrontação do cristianismo 
com a magia (cf. At 8.9-24).
Sabendo que Barjesus está tentando obs­
truir a verdadeira palavra de Deus, Paulo 
assume forte ação profética contra ele (At
13.9-11). Ele está “cheio do Espírito Santo” 
(v. 9; cf. v. 4) e pelo poder do Espírito pro­
nuncia julgamento sobre este inimigo do 
evangelho. Ele descreve o caráter de Barjesus 
como “filho do diabo”. Quer dizer, o mágico 
está cheio de poder e engano satânico, e 
sua magia é inspirada por demônios. Ele é 
“inimigo de toda a justiça” e está a “pertur­
bar os retos caminhos do Senhor” (v. 10). 
“Os retos caminhos” se referem aos planos 
de Deus e seus ensinos que conduzem à 
fé, especialmente ao avanço da missão da 
Igreja (cf. Pv 10.9; Os 14.9). O falso profeta 
está tentando torcer e perverter a verdade 
de Deus em mentira.
Como profeta de Deus e cheio do Espí­
rito, Paulo pronuncia uma maldição sobre 
este agente do Diabo. A expressão “mão do 
Senhor” (v. 11) alude ao poder do Senhor 
para julgar e castigar. O castigo que se 
abateu sobre Barjesus é cegueira, de forma 
que “a escuridão e as trevas” (v. 11b) caem 
sobre ele, e ele fica procurando alguém 
para o conduzir pela mão. Por causa da 
misericórdia do Senhor, esta cegueira é 
temporária (cf, “por algum tempo", v. I la). 
() castigo de Barjesus lembra a conversão
flVft
dePauk i, nu qual ele viu 11 ( irlsti > ivsNUiTel« i 
e ficou cego, A cegueira de Paulo foi o 
resultado de seu encontro lianslormailtir 
com o Salvador, mas a cegueira domflglco 
é um aviso, com o propósito de levd-loao 
arrependimento. Não somos Informados 
sobre o tempo que Barjesus ficou cego e 
se ele se converteu,.
A missão divina dos missionários é con­
firmada por este milagre de julgamento. 
Quando o governack >r vê o que aconteceu, 
ele se torna cristão. Ele associa o poder 
profético de Paulo e Barnabé com o que 
ele aprendeu do Senhor sobre seus en­
sinos. O milagre confirma a mensagem 
do evangelho. Atônito pela “doutrina do 
Senhor” (v. 12), o procônsul crê emjesus. 
Muito provavelmente “Senhor” se refere a 
Jesus (cf. w . 10,11). Em Atos, Lucas nunca 
fala dos ensinos do Pai, mas somente dos 
ensinos do Filho, Jesus Cristo.
Deste relato, dois fatos particulares são 
evidentes.
1) A viagem missionária começa com a 
confrontação de um prático em magia, 
um falso profeta. A vitória sobre o 
mágico é paralela ao encontro de 
Pedro com Simão, o feiticeiro (At 8.9- 
25). Barjesus, agente do Diabo, não 
pode deter a marcha do Evangelho.
A primeira fase da viagem de Paulo 
e Barnabé é bem-sucedida, porque 
eles foram dotados com a plenitude 
do Espírito Santo e porque o poder 
do evangelho é superior ao poder 
demoníaco do mundo.
2) A sentença: “Saulo, que também se 
chama Paulo” (v. 9) expressa que 
Lucas a partir de agora se referirá 
a Paulo pelo nome romano em vez 
do nome hebraico, Saulo. Muitos 
judeus, que viviam fora de Pales­
tina, tinham um nome hebraico e 
um nome romano. Como cidadão 
romano, provavelmente adquiriu 
seu nome romano anteriormente. 
Lucas menciona o outro nome aqui, 
porque deste ponto em diante, Paulo 
se torna o líder mais proeminente 
na Igreja. É mais adequado identifi­
car Paulo pelo nome romano, visto 
que ele começou seu ministério ao
mundo gentis, e é o nome que Paulo 
nun cm Nuwt curtas, Note lumbóm 
que nie este acontecimento, Lucas 
ivglslrtui a ordem d<>,s n<mies comc>
" I lama bé e Saulo", ma» de ag< >ra em 
diante <5 "Paulo e os que estavam 
com ele" (cf. v. 13).
5.1.3-Antloqula da I%Idla(13.13-92). 
Deste ponto em diante, Paulo torna-se o 
figura central na narrativa de Lucas e o líder 
do empreendimento missionário, Barnabé 
e João Marcos são simplesmente "ou quo 
estavam com ele”. Os três homens esco­
lhem como próximo campo de trabalhoo sul da Ásia Menor. Paulo já evangellzi >u 
a Cilicia (cf. At 9.30; 11.25,26), mas ag< >* 
ra os missionários desejam apresentar 0 
evangelho na área oeste da Cllícii, 
Deixando Chipre, os três navegam pura 
Perge, capital da região chamada Panfiila, 
cerca de doze quilômetros para o Inlerli >r, 
Muito provavelmente eles desembarcam 
em Atália, o porto marítimo de Perge, 1,(1, 
João Marcos decide não pr< >ssegu Ir viagem, 
mas voltara casa emjeaisalém. Lucas nfli > 
dá razão para esta decisão. O que quer que 
seja, sua desistência mostra-se extremamente 
insatisfatória para Paulo. Mais tarde, no 
começo da segunda viagem misslonílrla, 
Paulo recusa permitir que Marcos se )unte 
ao partido missionário, e Paulo e Barnabé 
têm amarga separação (At 15.37-39). Porém, 
anos depois, Paulo escreveu aos crente» em 
Colossos estas palavras de aprovaçíloi "Se 
ele [João Marcos] for ter convosco, recebei* 
o” (Cl 4.10; cf. 2 Tm 4.11).
Após curta permanência em Perge, Paulo 
e Barnabé vão a Antioquia da Pisídla, Im­
portante centro militar do sul da Ásia Me­
nor. Esta cidade, cerca de cento e sessenta 
quilômetros de Perge, ficava justamente 
fora da província da Pisídia,e atraía número 
considerável cle pessoas judias, 15e ac* >rcl( > 
com a prática normal dos mlsslcmárit >s, eles 
começam o trabalho na cidade pregando o 
evangelho na sinagoga judaica. No sábado, 
Paulo e Barnabé U >mam imx lesU >s assetlli in 
na congregação entre o povo,
Lucas não nos dá completa dcscrlçAo 
do culto na sinagoga, mas normalmente 
tais reuniões começam com u leitura da 
Lei de Moisés e do Livro dos 1’rol'elas e
0U7
IlôuclaCHIPRE
Salamina
Mar Mediterrâneo
EGITO
I !iliil(|r<>|ii<>tnPf]íosdo 
século IV, embaixo, é a 
it ii iliii iiitiga lgre|a na Ilha
i In ChlpiB, e oslá associa-
i In com a primeira viagem 
missionária de Pauto. A 
Ingerida no local declara 
quo Paulo foi amarrado 
a esta coluna, adma,e 
fiyollndo.
passam para a oração; a seguir, éfeito um 
sermão, geralmente cie caráter oratório,
I » >r alguém presente que seja habilitado. 
Talvez lenha se sabido que Paulo e Bar 
nabe silo mestres visitantes. Pode ser que 
os líderes das sinagogas tivessem algum 
conlalo com eles antes do início d<> culto 
da sinagoga, líles convidam estes dois 
iiilssli mãrl< >s para < >lerecer “alguma palavra 
de c< insolação" (/xiraklcsls, “ex< irtação"), 
HIpmnÔo tratados como "Irmilos", ou sejam, 
judeus, e niK) como crcnlcN, Paulo actila
o convite amigável e se levanta para dis­
cursar à congregação.
Entre os gentios era habitual o indivídiK > 
ficar em pé para discursar a um grupo. 
De pé, Paulo gesticula com a mão para 
chamar a atenção da congregação. Ele 
reconhece a presença de judeus e gentic>s, 
pessoas tementes a Deus (cf. At 10.2), que 
desejam adorar o Deus de Israel.
A mensagem de Paulo em Antioquia é 
(> primeiro e maior exemplo cle pregação 
missionária cle Paulo. O fato de Lucas 
registrá-lo não eleve ser considerado comi > 
cópia total do sermão que Paulo entregou 
naquele dia. Sua mensagem inspirada 
pelo Espírito segue um padrão simples 
da pregação cle Pedro (At 2.14-36; 3.12- 
26; 10.34-43) e da pregação de Estêvão 
(At 7.2-53). Paulo esboça as principais 
características da história de salvação, 
mostrando como Deus elaborou seu plano 
para Israel. ( I ) Ele começa com um breve 
relaloda história da bondade de I )euspara 
com Israel (vv. 16b-22); (2) lileargumenta 
que, de acordo com profecias do Aniign 
Testamento, Jesus provi>u ser o Salvador 
medlanle sua morte* e ressurreição (vv,
fi'JM
2 3 -3 7 )i (3 ) Kle apresenta que ei perdfto 
de pecados est.i disponível som ente por 
Jesus Cristo (vv. 3H-41).
I) Depoisdedirigir-seà multidão por: "Varões 
israelitas e os que temeis a Deus” (v. 16b), 
Paulo resume a história gloriosa de Israel, 
falando da bondade de Deus para com Israel 
do Êxodo aos dias de Davi (vv. 17-22). Vol­
tando aos patriarcas, o primeiro dos quais 
foi Abraão, ele diz: “O Deus deste povo de 
Israel escolheu a nossos pais”. Enquanto 
os israelitas viviam como estrangeiros e 
escravos no Egito, Deus os fez prosperar, 
aumentando-lhes a população e a força, 
de forma que eles se tornassem uma nação 
poderosa. Milagrosamente Deus estendeu 
seu braço poderoso e libertou seu povo da 
escravidão do Egito. Apesar das falhas dos 
israelitas e do modo como eles trataram 
Deus durante os quarenta anos de viagem 
a Canaã, Deus tolerou o povo (v. 18). Ele 
defendeu sete nações em Canaã e deu esta 
terra a seu povo.
Deus fez tudo o que está recitado aqui 
em quatrocentos e cinqüenta anos. Este 
período é difícil de calcular. Presumivel­
mente cobre os quatrocentos anos passados 
no Egito, os quarenta anos peregrinando 
no deserto e os outros dez anos durante o 
tempo da entrada em Canaã até à época em 
que a terra foi dividida entre as tribos.
Paulo prossegue narrando a história, 
discutindo o tempo da entrada em Canaã 
ao longo da era dos juizes até o fim do 
reinado de Saul, como rei. A expressão 
“depois disto [deste tempo]” (lit., “depois 
destas coisas”, v. 20) se refere à série de 
acontecimentos que Paulo falou nos ver­
sículos 17 a 20, que foram concluídos 
com a derrota das sete nações por Josué. 
Logo em seguida à entrada de Israel na 
Terra Prometida, Deus lhes deu juizes que 
eram líderes carismáticos — indivíduos 
espiritualmente dotados que capacitaram 
os israelitas a vencer os inimigos.
Embora os juizes tenham fornecido 
liderança inspirada, os israelitas even­
tualmente pediram um rei. Em resposta 
ao pedido, Deus lhes deu Saul como rei. 
De acordo com registros históricos, este 
homem tia tribo dc Benjamim reinou so­
bre cies durante quarenta anos, embora
a duroçfto do reinado nÊo seja dada no 
A n 11 gt ilbst 111 nc nt o (ef, Josefo, / U / / í/f hufai 
Judaicas). Deus retirou Saul porque ele 
foi considerado Inadequado para u tareia, 
e ungiu Davi rei em seu lugar.
Paulo cita o testemunho divino rela­
tivo a Davi: “Achei a Davi, filho dejea- 
sé, varão conforme o meu corayflo, que 
executará toda a minha vontade" (v, íl\ 
cf. 1 Sm 13.14; Sl 89.20), Estas palavras 
se referem ao caráter de Davi como um 
todo. Na verdade, Davi cometeu grande« 
pecados, mas seus pecados nâo mudaram 
a estimativa que Deus tinha a respeito 
dele, porque Davi se arrependeu, Saul 
fracassou na obediência e adoraçílo dc 
Deus. Davi, fazendo a vontade divina c 
arrependendo-se, provou ser o tipo de 
homem que Deus queria que ele fosse, 
Paulo conclui a primeira parte dosermfto, 
mostrando que Davi se estabeleceu como 
o rei ideal de Israel.
2) Nesta seção do sermão, Paulo ImedlRtA* 
mente passa para seu tema principal: Jesill, 
o prometido Filho cie Davi, Jesus é multo 
maior que Davi porque Ele é o Salvador 
ungido (vv. 23-37). Antes do ministério 
público de Jesus, João Batista pregou um 
batismo de arrependimento, conclaman­
do o povo de Israel a se arrepender e wr 
batizado, Seu ministério foi o comiço ile 
uma nova era e apresentou Jesus como 0 
Messias. Como precursor de Jesus Cristo, 
João foi o vínculo crucial entre Davi e o 
Senhor. Antes de completar seu ministério, 
ele negou que fosse o Messias prometido, 
Alguém que vinha depois dele seria maior 
que ele. Jesus era tão grande illie Joflo 
não se sentia digno de fazer o trabalho de 
escravo de lavar os pés de Jesus,
Depois de se dirigir audiôncl# fca- 
vamente (v. 26; cf. v. 16), Paulo passa 
diretamente para os sofrimentos e morte 
de Jesus na cruz (vv. 27-29), Ele exnllea 
que os judeus dc Jerusalém c seus líderes 
não reconheceram Jesus como Messias, 
nem eles entenderam o testemunho pro­
fético no Antigo Testamento, o qual cies 
ouviam nas sinagogas a cada sábado. Sem 
saberem, os judeus cumpriram o nlano 
de Deua que tinha sido proclamado pe­
los profetas relativo ao Messias, Nem os
juilcus nemIMIalos puderam :u lutr base 
legal na qual condenar Jesus, Embora o 
Sinédrio o acusasse de blasfômia, eles 
não conseguiram provar. Mesmo assim, 
o povo judeu e seus líderes condenaram 
Jesus o o crucificaram.
Paulo se refere à cruz por “madeiro”, 
tia mesma maneira que Pedro (At S.30; 
10.39; 1 Pe 2.24). Ele não faz distinção 
entre os inimigos de Cristo que o crucifi­
caram e seus amigos. No verbo “puseram”, 
no versículo 29, estão os amigos como 
José de Arimatéia e Nicodemos que o 
desceram da cruz e o enterraram numa 
tumba. Mas Jesus não permaneceu no 
sepulcro, pois Deus o ressuscitou dos 
mortos. Quer dizer, Deus fixou seu selo 
em Jesus como Salvador ressuscitando-o 
depois da crucificação. Esta ressurreição 
vindicou sua afirmação de ser o Cristo. 
A cruz e a ressurreição não devem ser 
separadas; elas permanecem unidas como 
o poderoso ato redentor de Deus.
O Salvador ressurreto apareceu aos 
discípulos, que tinham estado comjesus ao 
longo do seu ministério público, durante 
um período de “muitos dias” (v. 31; cf. Lc 
24.13-53; At 1.3-9)- Eles o conheciam bem 
e não podiam estar enganados. Tendo 
visto o Jesus ressurreto vezes sem conta, 
eles estavam perfeitamente qualificados 
para testemunhar “para com o povo” (i.e., 
os judeus) acerca da realidade do triunfo 
sobre a morte. Paulo tem em mente, de 
forma primária, a pregação do evangelho 
feita pelos apóstolos para os judeus na 
Palestina e, talvez, também sua posição 
como testemunha escolhida de Deus para 
os gentios. O ponto principal é que a pro­
clamação da ressurreição de Jesus não se 
apoiava em rumores ou tradições humanas, 
mas no testemunho de homens e mulheres 
que tinham visto com os próprios olhos 
o Salvador ressurreto.
À medida que Paulo proclama as boas- 
novas, ele quer que os ouvintes judeus 
fiquem propensos a aceitar a promessa 
dada aos antepassados (v, 32). As “boas- 
novas" já não são questão de promessa, 
mus de cumprimento, porque I )eus cum­
priu a promessa dada aos patriarcas, O 
pronome "n<V\ na Ira no "a iión" (v. 32),
Inclui os juileus que estilo presenles e 
Paulo, mas a presença de pessoas lemen 
tesa Deus na audiência (w . 16,26) pode 
sugerir que estas pessoas são vistas conic > 
descendentes espirituais dos antepas­
sados judeus (cf. Km 4.11-25). A antiga 
promessa do Messias fora cumprida na 
vida e ministério de Jesus, inclusive na 
sua ressurreição gloriosa.
A verdade de Deus ressuscitar Jesus d< >s 
mortos é nova para a audiência de Paulo. 
Pelo fato de lhes faltar conhecimento, ele 
apela não só para as testemunhas oculares, 
mas também para o testemunho da Escri­
tura como prova da ressurreição de Jesus. 
Primeiro ele cita o Salmo 2.7: “Meu filho és 
tu; hoje te gerei”. Quando um homem era 
ungido rei em Israel, entendia-se que ele 
devia ser representante da nação e, como 
tal, estava numa relação nova comjavé, o 
Senhor. Depois do batismo dejesus no rio 
Jordão, Ele foi ungido pelo Espírito Santo 
para o ministério, experiência semelhante 
à unção de um rei, que é representar a 
nação diante de Deus. Quando o Espírito 
capacitou Jesus para a obra carismática, 
uma voz lhe falou do céu nas palavras 
do Salmo 2.7: “Tu és meu Filho amado” 
(Lc 3-22). Esta Escritura afirmou a filiação 
divina de Cristo.
A vitória dejesus sobre a morte provou 
que Ele era o Filho de Deus. Embora a 
filiação dejesus já fosse uma realidade e 
não tenha começado na ressurreição, a 
primeira Páscoa o confirmou como o Filho 
divino de Deus (cf. Rm 1.4; Hb 1.5). Há os 
que insistem que na ressurreição dejesus 
Deus o adotou como Filho, apelando pa ra 
o Salmo 2 como base de interpretação. Mas 
durante seu ministério terrenojesus já era 
o Filho de Deus (Lc 3.22; 9.35; Jo 1.14). 
Os seguidores dejesus o declararam ser 
o que sempre Ele foi — o Filho de Deus. 
A realidade de sua ressurreição lhe deu 
prova final de que ele era Salvador e Rei 
para sempre.
Paulo cita duas outras passagens es­
treitamente ligadas como profecias da 
ressurreição de Cristo; Isa ias 55.3 e Salmo 
16,10. Isaías sugere que na ressurreição 
dejesus Ele enrrou numa nova existência 
para "nunca mal* tomur í> corrupção" ( Ai
13.34), Sun ressurreição envi ilvlu iiuiIm t|iic 
ser restabelecido í\ vida, Ncculi >s anlosde 
Cristo morrer na cru/, Deus prometem a 
Davi um descendente para reina mo trono 
parasemprei2 Sm 7.8-16). lista promessa 
foi renovada em Isaías 55.3; Paulc) destaca 
que Deus cumpriu essa promessa ago- 
ra ressuscitando Jesus dos mortos para 
se sentar no trono de Davi (cf. Lc 1.32). 
Deus concedeu sobre Jesus “as santas e 
fiéis bênçãos de Davi”; a palavra “vos” (At
13.34) diz respeito não apenas a Jesus, 
mas a todos os que põem a confiança 
nEle. Os crentes recebem as seguras ma­
nifestações da graça de Deus prometidas 
a Davi, como o perdão de pecados e a 
vida eterna por Cristo.
O Cristo ressurreto e exaltado reinará 
para sempre, porque Deus não deixará 
que seu Santo “veja corrupção” (Sl 16.10). 
O “Santo” se refere a Jesus, o Messias, 
não a Davi que morreu e cujo corpo viu 
corrupção permanecendo no sepulcro 
(cf. At 2.25-32). Em contraste com Davi,
o corpo de Jesus não ficou no sepulcro. 
A profecia do Salmo 16.10 não se refere 
a Davi, mas a Jesus, que triunfou sobre 
a morte e nunca morrerá novamente. 1 )e 
novo, mais que a ressurreição de Jesus está 
envolvida aqui. A bênção prometida no 
Salmo 16.10 aplica-se a “vos", os crentes 
(Is 55-3). O cumprimento das bênçãos 
de Deus a Davi por Jesus Cristo também 
garante aos crentes que eles serão res­
suscitados. A ressurreição de Jesus torna 
possível e conduz a nossa.
3) Na conclusão do sermão de Paulo, ele 
enfatiza que o perdão de pecado é pos­
sibilitado pela fé no Cristo ressurreto (vv. 
38-41; cf. At 2.38; 3.19; 5.31; Lc 24.47). Ele 
se dirige novamente à sua audiência por 
“varões irmãos”, incluindo os israelitas e os 
gentios tementes a Deus. Ele lhes explica o 
significado que a ressurreição de Jesus tem 
para aqueles que confiam nEle. A salvação 
vem “por este” —Jesus—, significand< > que 
somente pela morte e ressurreição dejesus
o perdão de pecado pode ser proclamado 
e oferecido às pessoas.
O uso que Paulo faz da palavra "justi­
ficados" (cHkaioo) díí ao sermfto ênfase 
distintivamente paullna e significa baslea-
menu* "declaradi iniloeulpad» >" a palavra 
e um tornu > legal usudi > no« tribuna Is para 
expressar ovorodlclodeabsolvlçflo, Aqui, 
Puuloousa para descrever a condlçfloda 
quelos que crêem em Cristo, () veredicto 
divino é culpado (Um 3,23), masoserenies 
são absolvidos, porque a penalidade polo 
pecado foi paga por outro: Cristo. Ele re 
mete os pecados e trata os crente« como 
se nunca tivessem pecado, colocando-o» 
em relação certa com Ele mesmo,
O versículo 39 resume esta doutrina du 
justificação. Noladonegatlv« >, ulngi lémpodc 
afiançar perdão de pecado ou JustIllcaçAt > 
observando as regras e regulamentou da 
lei mosaica. O modo como esto versículo 
foi traduzido pode significar erroneamente 
que a lei de Moisés pode nos livrar do 
alguns pecados, embora não de outros, 
Este versículo não deve ser diminuído do 
sua eficácia com o sentido do que Crlslo 
fornece remédio para os pecados mio a 
lei não fornece. O ponto de Paulo o que 
a lei não oferece remédio algum, A lol do 
Moisés não pode, de forma alguma, i io n 
justificar ou nos livrar do pecado.
No lado positivo, o versículo 39 cnlutl/u 
que a justificação e o perdão do pecado 
são oferecidos pela fé em Cristo, Embora 
a lei mosaica não nos possa justificar, a lé 
em Cristo nos livra de todos os pecados,
1 )eus tem um meio universal do sulvaçAi ii 
“Todo aquele que crê", Gentios e judeu* 
são “justificados”. Deus declara como jUM* 
to aos seus olhos todos os que põem a 
lé em Cristo. Qualquer esforço humano 
para garantir o perdão de pecados pelas 
obras da leié fútil.
Paulo conclui o sermão com uma ad­
vertência profética de I labacuque 1,1, í ) 
teor das palavras do profeta, cltadaÉpor 
ele, nu >stra que o prejfeta está so rclorliuli t 
ã Iminente invasão e destruição do Judí 
pelos babilônios (c. 605 a.C,), lilo apo­
ia para esta profecia como advcrlôndu 
contra rejeitar o evangelho que ele ostfl 
pregando. Indubitavelmente, as obser» 
vaçõos do Paulo sobre a lol do Molsís 
devem ter despertado preocupação tle 
alguns ilos ouvintes judeus, Se rejeitam a 
graça |u«tlficudoru de Deus oferecida em 
Cristo, eles so Identificam com aqueles u
/Ul
quem I lubucuquc* lalou palavras temero­
sas, t|imiul» Deus cNtavu la/endo açftes 
lito p« hI(t< >.síts < |iu* lom acreditaria, A 
rejeição que os Incrédulos dão no evange­
lho nos dias de Paulo é tilo Indesculpável 
quantoa Incredulidade doque despreza ram
0 lompo da Invasão babilónica nos dias 
do proleta (I lb 1.5-11).
A narrativa de Lucas da experiência na 
slnagí >ga c< inlinua com a resposta do povo 
ao sermão (vv. 42-49) e a perseguição e 
pari Ida dos missionários (vv. 50-52). O ser­
mão do Paulo inspirado pelo Espírito causa
1 m >funda impressão na maioria da audiência. 
Quando Paulo e Barnabé começam a sair 
da sinagoga, muitos expressam interesse 
em ouvi-los no sábado seguinte.
I )ep<>is da despedida da congregação, 
Lucas registra C|ue “muitos dos judeus 
e dos prosélitos religiosos” seguem os 
missionários. Como já indicado, alguns 
dos presentes na sinagoga eram gentios 
que “temem a Deus” (vv. 16,26). Estes 
tementes a Deus eram gentios que ado­
ravam o Senhor, mas que não tinham se 
convertido inteiramente ao judaísmo. A 
IVase “prosélitos religiosos” (lit., “prosélitos 
que adoram”) se refere aos gentios que 
eram totalmente convertidos ao judaísmo; 
eles tinham aceitado a circuncisão e sen-
l iam forte ligação com a forma judaica de 
adoração. Quando saem, muitos destes 
devotos gentios e judeus ficam falando 
com Paulo e Barnabé e expressam pro­
fundo interesse na mensagem.
Enquanto falam com as pessoas, Paulo 
e Barnabé as encorajam a permanecerem 
fiéis “na graça de Deus”. Aqui, graça não 
deve ser considerada no sentido técnico 
de recebera salvação oferecida porjesus 
Cristo. Estas pessoas ainda não crêem no 
evangelho; portanto, elas ainda não são 
salvas. Mas Paulo as exorta a continuar 
confiando na bondade e favor de Deus 
e a permanecer investigadores sérios da 
verdade, crendo que Jesus é o cumpri­
mento das promessas de Deus no Antigo 
Testamento.
Durante a semana seguinte, a notícia 
sol nr o sermão missionário na sinagoga se 
espallui pela cidade de Anlloqula, Como 
retalhado, "qiiUNc Ioda a cidade" vai íi
sinagoga no srtbado seguinte para ouvir 
a mensagem crlslá, "a palavra de Deus", 
pregada por Paulo. O apóstolo entrega 
um sermão, não registrado por Lucas, 
no qual apresenta com mais detalhes a 
verdade proclamada no sábado anterior. 
Certamente ele declara a insuficiência da 
lei em justificar qualquer pessoa aos olhos 
de Deus e a suficiência de Cristo em nos 
livrar do pecado e nos levara uma relação 
certa com Deus (v. 39).
Quando os judeus (provavelmente 
os líderes da sinagoga) vêem as grandes 
multidões ávidas para ouvir Paulo, eles 
“encheram-se [pimplemi] de inveja [zelos, 
“ciúmes”]” (v. 45). O mesmo verbo que 
aparece aqui pimplemi, é usado para fa­
lar dos discípulos que são cheios com o 
Espírito no Dia de Pentecostes (At 2.4) e 
dos discípulos em Antioquia que ficaram 
cheios de alegria e do Espírito Santo (At 
13-52). As autoridades judaicas não são 
movidas pelo Espírito Santo, mas por um 
espírito invejoso. Eles desejam preservar a 
santidade da lei e temem que o evangelho 
afaste da sinagoga os tementes a Deus. 
Eles têm dúvidas sobre o que Paulo está 
pregando e não podem ver Deus em ação 
no seu meio, justamente como a profecia 
de Habacuque antecipou (v. 41). A fim 
de deter o movimento religioso, eles dis­
cordam do que Paulo diz e declaram que 
seus ensinos são mentirosos.
Neste momento, parece inútil argumen­
tar com estes líderes. Eles estão ficando 
abusivos ao contradizerem a mensagem 
cristã e dão pouca importância ao que os 
apóstolos estão dizendo. Os missionários 
falaram aberta e corajosamente, e com 
certeza inspirados pelo Espírito Santo. 
Mas o pronunciamento ousado aumentou 
a oposição das autoridades judaicas. Essa 
rejeição do evangelho dá a Paulo e Barnabé 
a oportunidade de declarar sua missão: “Era 
mister que a vós se v( >s pregasse primeirc > 
a palavra de Deus” (v. 46). De acordo 
com o plano divino, o evangelho deve ser 
apresentado primeiramente aos judeus, e 
depois aos gentios (J<m 1,16; 2.10). De lugar 
em lugar, mesmo em terras gentias, sua 
prática era Ir primeiro aos judeus, Agora 
que CHICN judeus rejeitaram o evangelho,
7IIJ
on mlHNlonrtrlo» e»tflo Iivm’.i da obrigação 
e se vollam pniii on gentloN,
Pelo latode on judeu» terem recuNatlo 
crer no evangelho, cIon pronunciam s( >bre 
si mesmos o julgamento de que eles não 
são “dignos da vida eterna”. A palavra 
“dignos” (axios) não se refere a mérito 
pessoal, mas à sua desqualificação por 
incredulidade de receber a vida eterna. Essa 
vida é a vida na era vindoura, oferecida 
somente por meio de Cristo, e é assunto 
exclusivamente da graça de Deus. Ninguém 
dentro de si mesmo é digno dela.
Visto que os judeus rejeitaram o evan­
gelho, Paulo e Barnabé anunciam aber­
tamente a missão gentia (w. 46,47), e os 
gentios presentes ficam deliciados em 
ouvir que o evangelho é direcionado a 
eles (v. 48). Eles respondem alegrando-se 
e glorificando “a palavra do Senhor”. A 
missão gentia é o cumprimento direto da 
profecia de Isaías 49.6 (citada em At 13.47). 
Capacitado pelo Espírito, Jesus, o Servo 
do Senhor, traz a luz da salvação para os 
gentios (Lc 2.32). De modo semelhante, 
os missionários capacitados pelo Espírito 
levam a luz do evangelho “até aos confins 
da terra” (At 1.8).
Lucas acrescenta: “E creram todos quan­
tos estavam ordenados para a vida eterna” 
(v. 48). Os verbos “estavam ordenados” 
têm sido entendidos no sentido de en­
dossar a predestinação e ensinar que a 
salvação pessoal de indivíduos é resultado 
do eterno decreto de Deus. O contexto 
nos ajuda a compreender o significado 
de Lucas. Os judeus foram indiferentes 
à vida eterna e se recusaram a crer no 
evangelho, ao passo que os gentios cre­
ram nas boas-novas e receberam o dom 
da vida de eterna. É claro que a escolha 
humana tem uma parte na fé salvadora. 
A resposta de crer ou recusar crer não é 
dada por decreto eterno. As Escrituras 
colocam a responsabilidade da resposta 
ao evangelho na pessoa que o ouve e 
nunca em Deus. Ninguém recebe a vida da 
ressurreição ã parte do ato consciencioso 
da fé em Cristo, O que Lucas está ensi­
nando é que o grande plano de salvação 
tie Deus Inclui gentios, e que está sendo 
Irrevogavelmenle revelado nu pregaçfto
do ('vimgrllio nos gentio», Ao crerem no 
evangelho de* fortim ordenados a vida 
elerna — quer tllzer, a vida do mundo 
vindouro despontou em CrlNlo. Éa vida da 
ressurreição que Deus ordenou que lodo» 
os que crerem em Jesus Cristo rccebcrflo 
(Arrington, 1988, p. 137).
Os judeus em Antloqula rejeitaram o 
evangelho, mas não podem deixar de 
divulgá-lo por toda a região (vv, 49-52), 
Cada vez mais pessoas no terrltórl» > eircun 
vizinho ouvem falar da palavra tli > Senhc >r, 
Por causa do triunfo tio evangelho, on 
judeus intensificam a oposição a l’aul< > e 
Barnabé (cf. v. 45). Várias mulhercN gen 
tias locais haviam se tomado adepta» do 
judaísmo. Entre estas mulheres temente« 
a Deus estavam aquelas que provável 
mente eram esposas tle proeminente» 
cidadãos gentios. Os judeus Instigam cnIu» 
mulheres socialmente importa nleN contra 
os missionários.
As mulheres sempre estavam entre a 
maioria dos adeptos fiéistio evangelho, 
mas estas mulheres com seus marldc >» »A< > 
induzidos a tomar atitude hostil contra ( >n 
missionários. Paulo e seus cooperadore» 
são forçados a deixar a cidade, lile» e»UK) 
indignados e mostram que sabem que ( >n 
judeus são responsáveis pela expulsflo 
dos apóstolos. Assim, antes tle saírem, 
eles sacodem o pó dos pés como NÍmlJO- 
lo de que eles estão livres tle qualquer 
responsabilidade pelos que rejeitaram o 
evangelho (cf. Mc 6,11; Lc 10.16),
Depois que os missionário» deixam 
Antioquia, os novos crentes enfrentam 
perseguição. Não obstante, o coraçAo 
destes novos-convertldos não está Chel( > 
tle pesar e medo. Antes, o Espírito Santo 
ministra às suas necessidades cspirltlmln, 
Por conseqüência, eles estilo enelo i de 
alegria e tio Espírito Santo, On verbo» 
“estavam cheios” (eplerounto, tempo 
imperfeito) se refere à ação linear no 
tempo passado ("estava estando cheio*"), 
descrevendo a capacitação e InspIraçAo 
carismáticas do Espírito Santo que e»le» 
discípulos experimentariam diariamente, 
O Espírito enche continuamente e capa» 
cita os crenlcN durante e»te período de 
compulsão espiritual,
Anteriormente estes novos crentes ti­
nham com certeza recebido o batismo 
inicial com o Espírito, mas como os dis­
cípulos no Dia de Pentecostes eles são 
novamente cheids com o Espírito (cf. At 
4.31). A experiência inicial pode ser des­
crita como batismo (imersão) no Espírito 
ou enchimento do Espírito, mas há outros 
enchimentos para necessidades ou tarefas 
específicas. O enchimento com o Espírito 
não é somente uma experiência inicial; deve 
ser uma realidade contínua e a condição 
normal dos crentes pentecostais.
5.1.4. Icôn io (14.1-7). Depois de 
saírem de Antioquia, Paulo e Barnabé 
tomam a estrada que leva ao sudeste, até 
que eles chegam a Icônio, cerca de cento 
e quarenta e cinco quilômetros. Lucas 
faz apenas breve resumo do ministério 
dos missionários naquela cidade (v. 3), 
mas o que Eles experimentam torna-se 
a resposta típica ao evangelho em fu­
turos empenhos missionários. Quando 
eles chegam a Icônio, eles vão à sinagoga 
local, onde, como era costume, começam 
o trabalho. Na sinagoga, os missionários 
acham pessoas preparadas para ouvir as 
boas-novas.
De acordo com o padrão estabelecido 
na primeira viagem missionária (At 13.46;
14.1), a pregação é dirigida primeiramente 
aos judeus. Inspirados pelo Espírito, Paulo 
e Barnabé falam com grande persuasão. 
A pregação produz convicção e leva à 
conversão grande número de judeus e 
gentios tementes a Deus (v. 1). A men­
sagem missionária não cai em ouvidos 
surdos, contanto que seja julgado por 
méritos próprios e sem interferência. Mas 
dificuldades não demoram a aparecer. 
Judeus incrédulos incitam os sentimentos 
de gentios (não ligados à sinagoga) contra 
“os irmãos” (os crentes). Eles envenenam 
a mente desses gentios, provavelmen­
te usando calúnia falsa e maliciosa. Em 
conseqüência, surge dentro da cidade a 
oposição ao evangelho, tanto de judeus 
quanto de gentios.
Paulo e Barnabé passam “muito tempo” 
pregando em Icônio. Apesar da resistência, 
eles pregam “ousadamente", modo caracte­
rístico de descrever pregadores inspirado«
pelo Espírito (cf. At 9.27; 18.26; 19,8; 26.26). 
O testemunho inspirado e profético pelo 
Espírito sobre a graça salvadora de Deus 
revelada em Cristo tem a aprovação de 
Deus, que confirma a mensagem inspirada 
“permitindo que por suas mãos [de Paulo 
e Barnabé] se fizessem sinais e prodígios”. 
O próprio Deus dá testemunho da palavra 
em forma de milagres, justamente como 
fizera em Jerusalém (At 5.12).
Lucas não dá detalhes sobre estes mi­
lagres, mas a pregação e os milagres têm 
um efeito decisivo nos habitantes da cida­
de. Eles ficam divididos em sua lealdade. 
Alguns são leais aos judeus e outros, a 
Paulo e Barnabé, que são identificados 
como “apóstolos”. Pela primeira vez em 
Atos Lucas fala sobre eles como apóstolos. 
Aqui, esta designação é usada em sentido 
mais geral, para indicar que estes homens 
foram enviados como missionários pela 
Igreja em Antioquia (At 13-3).
O evangelho sempre causa divisão; às 
vezes, acirrada e dolorosa (Mt 10.34). A 
resistência ao evangelho em Icônio atin­
ge um clímax. Os judeus incrédulos e os 
gentios unem-se para ferir os missionários 
fisicamente. Eles ganham a cooperação 
das autoridades municipais (ou líderes da 
sinagoga) para insultá-los e apedrejá-los (v. 
5). Paulo e Barnabé ficam sabendo a tempo 
de uma conspiração contra eles e fogem, 
indo para Listra e Derbe. Listra era posto 
romano de destacamento avançado que se 
situava a apenas trinta e dois quilômetros
Tomando conhecimento de uma conspiração para 
os matar em Icônib, Paulo e Barnabé viajam para 
Uttra e Derbe.
• Icônio 
• L istra
Derbe
A H H I J!S Al'C W K ) | ,( )IS 14
(Ir Icônio; Derbr hcava tim pouco mais 
cie oitenta qiillômelros dc I.lstra, Nestas 
cidades e mi "província circunvizinha" oh 
missionários pregam u.s boas-novas dc 
Cristo, A oposição c|uc encontram não 
diminui o compromisso em declarar a 
palavra que traz vida e salvação.
5.1.5. Listra (14.8-18). Listra era uma 
cidade bastante insignificante. Quando 
Paulo e Barnabé ali chegam, eles não 
encontram sinagoga judaica. É possível 
que a população de Listra fosse totalmente 
gentia. Aqui, Paulo prega o evangelho ao 
ar livre, nas ruas ou num espaço perto da 
porta da cidade. Novamente vemos o duplo 
testemunho das palavras proféticas (sermão) 
e das obras (sinais e prodígios).
O relato de Lucas nos mostra a resposta 
dos pagãos ao evangelho. Evidentemente 
a pregação de Paulo tem alguma refe­
rência ao ministério de curas de Jesus e 
ao poder do Espírito Santo, e o Espírito 
capacita o apóstolo a fazer curas seme­
lhantes como prova da missão divina. 
Ele observa um homem que o ouve e 
que desde o nascimento era coxo (v. 8). 
Pelo Espírito Santo, Paulo discerne que 
este homem incapacitado tem fé para ser 
curado. Capacitado pelo Espírito, Paulo 
ordena que ele se levante. Imediatamen­
te o homem é curado, salta e começa a 
caminhar. Cura semelhante de um coxo 
feito por Pedro (cf. At 3.1-10) suscitou a 
hostilidade dos judeus, e a cura em Listra 
instiga uma confrontação com a religião 
e superstição pagãs.
As pessoas ficam pasmas com o que 
aconteceu diante de si. A excitação leva as 
pessoas a gritar na língua local, o idioma 
íicaônico (do qual pouco se conhece). Nem 
Paulo ou Barnabé entendem o que eles 
estão dizendo, mas as pessoas são rápidas 
em concluir que dois deuses semelhantes 
a homens desceram do céu. Elas chegam 
a essa conclusão em resultado de lendas 
gregas sobre deuses que vêm ã terra na 
forma de homens.
Em certa lenda local, Zeus e Hermes 
visitaram a área de Listra disfarçados de 
mendigos. A princípio, ninguém ofereceu 
hospitalidade a estas deidades, mas final* 
mente dois velhos camponeses, Ellemom
e mim esposa Hauris, loram amflvels com 
eles sem saberem que eram deuses, Tt)da 
a população foi destruída, com exceçflu 
deste casal anclãoU Mello, Mcltinior/hso) 
Quando os missionários curam o homem 
incapaciladc >, estas pess< >as cc mcluem i |t ie 
eles são deuses, Elas vêem em Paulo e 
Barnabé características que lemliram mui* 
deidades supremas, barnabé devia ler 
uma aparência nobre e é tomado como 
Zeus, o principal deus dos gregos, Con 
siderando que Paulo fez o discurso, eles
o identificam como Hermes, o deus da 
eloqüência e do discurso,
Por conseguinte, o povo local quer 
prestar honras adequadas a rNlcs dois 
deuses, a quem eles presumem qU0 es­
tão disfarçados de homens (vv, l,VH), 
Por causa cia barreira idiomática, Paulo 
e Barnabé não sabem o que eslfl acon 
tecendo, mas o sacerdote local de Zchia 
faz preparativos para oferecer sacrifício» 
a eles como deuses. O templo de Zeus 
estava localizado imediatamentefora da 
cidade ou peito da porta da cidade, A llm 
de que as pessoas prestem honra apro­
priada aos visitantes, o sacerck>le I ra/ In >U 
e grinalda de flores perto de onde Paulo 
e Barnabé estão.
À medida que o sacerdote se dirige 
ao altar do templo, os dois missionários 
percebem que a intenção 6 lhes (lar honras 
divinas oferecendc > sacrifícios de alllltlBIs, 
Em outras palavras, Paulo eBamal tacham» 
se como objetos de adoraçflo Idrtlalra, 
Eles ficam extremamente chocadi >s, ( )i iint» 
protesto contra o que as pessoas eslflo a 
ponto de fazer, eles rasgam as vantes, () 
rasgamentode roupas na tratllyRo|U(jalc# 
é uma reação formal diante de I >la$|$iiila 
(Mc 14.63), mas aqui 6 sinal de angUNila 
e agitação. Os dois apóstolos explicam 
que eles são meros homens e iifto deu 
ses. Pela razão de ter sido Ibl o Senhor 
Deus que fez milagres pelas mftos deles, 
eles negam enlallcamcntea honra divina 
e insistem que têm a mesma nature/,a, 
limitações e debilldades como qualquer 
ser humano. Só o Deus vivo e verdadeiro 
merece ser adorado,
Sem hesitar, Paulo aproveita noportunl* 
t la de para explicar fts j iess( »as a i nilure/a i li >
ATOS DOS AI’USTOI.OS M
verdadeiro Deu,s. Nesta ocasião, o sermão 
reflete travos característicos da pregação 
crista primitiva aos gentios. As pessoas 
em Listra não têm formação judaica ã qual 
Paulo possa apelar, assim ele nào faz refe­
rência ao Antigo Testamento. Ele começa 
condenando a idolatria, exortando-as a 
se converterem “dessas vaidades” (v. 15), 
i|ue significam a adoração de ídolos. Já 
não há desculpa para adorar tais objetos, 
porque Deus se revelou no evangelho. 
As boas-novas que ele proclama instrui 
o povo a se voltar ao Deus vivo, que se 
revelou na criação.
0 povo de Listra devia fazer o que 
Paulo mais tarde mencionou acerca dos 
tessalonicenses: “Dos ídolos vos conver­
testes a Deus, para servir ao Deus vivo e 
verdadeiro” (1 Ts 1.9). A ênfase principal 
de Paulo está em Deus como Criador, 
notando a bondade e o poder de Deus 
revelados nas obras de criação e provi­
dência. Na criação, o Deus vivo se revela 
visivelmente a todas as pessoas de todas 
as épocas e lugares (cf. At 17.24-31; Rm 
1.20). Os gentios podem ver com os olhos 
a prova da existência de Deus. Deus deu 
prova de si mesmo fazendo coisas boas 
e mostra que tipo de Deus Ele é, dando 
colheitas no tempo certo, provendo comi­
da e enchendo o coração das pessoas de 
alegria. Este Deus é o verdadeiro objeto 
de adoração, mas os idólatras adoram 
a criação e toldam a distinção entre o 
Criador e a criatura.
Nas gerações passadas, o Deus vivo 
permitiu “andar todos os povos em seus 
próprios caminhos” (v. 16). Vivendo como 
lhes agradavam, eles trilharam o caminho 
da idolatria, adorando a criatura em vez do 
Criador. Naquela época, eles não tinham 
revelação específica da vontade divina em 
Jesus Cristo. Por causa dessa ignorância, 
Deus não fez conta da idolatria. Agora 
Ele se revelou em Cristo, tornando-lhes 
indesculpável a ignorância e obrigando- 
os a se converterem dos ídolos ao Deus 
vivo.
1 )cus deixou umu testemunha de si mes­
mo no universo crludo, embora o pecado 
lenha arruinado a crluçío ( ( In ,117-19; Km
H, I H - ), p, em ci >nMqUéndn, rrl leie Impcr
feitamente a glória de Deus. A revelação 
geral oferecida pela criação nunca pode 
trazer ninguém numa relação salvadora 
com Deus. Só por meio de Jesus Cristo, 
o Filho de Deus, há revelação que salva. 
Embora a morte e ressurreição de Jesus 
sejam o que é requerido para salvação 
pessoal, estes elementos distintivos estão 
faltando no sermão de Paulo conforme 
registrado aqui; Paulo presumivelmente 
explicou o evangelho ao povo de Listra 
antes de ele concluir o sermão.
O propósito de Lucas é mostrar que a 
pregação missionária de Paulo aos gen­
tios pagãos incluía não só uma ênfase na 
obra salvadora de Cristo, mas também 
em sua revelação através do universo 
criado. A ênfase em Deus como Criador 
e Sustentador serve para introduzir a pro­
clamação do evangelho. Paulo menciona 
“o evangelho” (ARA) no versículo 15. Ele 
não o desenvolve no momento, mas fala 
sobre o que Deus tinha feito “nos tempos 
passados”, permitindo aos gentios viverem 
em seus próprios caminhos (v. 16). Este 
fato implica que agora Deus fez algo de 
uma nova maneira para se revelar. Ele o 
fez pelo Filho Jesus Cristo.
As palavras de Paulo impedem que 
a multidão preste honra divina a ele e a 
Barnabé oferecendo sacrifícios (v. 18), 
mas contê-la não é tarefa fácil. Eles es­
tão profundamente entrincheirados na 
superstição pagã, e a cura do homem 
incapacitado causoü forte impressão sobre 
eles. Eles ainda não estão certos de quem 
são Paulo e Barnabé.
5.1.6. De Derbe para A ntioqu ia 
(14.19-28). Enquanto Paulo e Barnabé 
estão enfrentando a situação em Listra, 
notícias sobre as atividades dos missionários 
alcançam os ouvidos dos inimigos, e logo 
os judeus que forçaram Paulo e Barnabé 
a deixar Icônio e Antioquia chegam a 
Listra. A distância de Antioquia a Listra 
era de cerca de duzentos quilômetros, 
e de aproximadamente sessenta e cinco 
quilômetros de Icônioa Listra. Estes judeus 
percorreram grande distância para causar 
dificuldades aos missionários.
A cena cm Llatru muda abruptamente. 
Huulo e Barnubé nc tornam objetou ile
ódio dos judeu» c|ii(* querem malfl hm 
lím Icônio, )(KU'ii.s c* Kcnli<>s c.sliiviim prc 
parados paia apedre|a los (v. S), mas os 
missionários luziram. Tão persistente e 
intenso é o ódio, que os judeus de Antio- 
quia e Icônio estão determinados a pôr 
em execução os planos leitos. Desejando 
silenciar o evangelho, estes judeus, junto 
com a cooperação de cidadãos de Listra, 
apedrejam Paulo e arrastam o corpo para 
fora da cidade, onde eles o deixam como 
morto. Não há dados na narrativa para 
explicar por que só Paulo foi vítima do 
apedrejamento, e não Barnabé com ele.
O ministério de Paulo em Listra foi 
frutífero. Os indivíduos que se tornaram 
discípulos se reúnem ao redor dele depois 
que os atacantes saem. Nada é dito sobre 
quanto tempo eles têm de esperar até 
que Paulo mostrasse sinais de vida. Sua 
recuperação implica que Paulo pode ter 
morrido e voltado à vida. Bruce diz que 
a recuperação “tem cheiro de milagre” 
(1952, p. 296). Mais tarde Paulo escreve 
que ele traz no corpo as marcas da paixão 
e morte de Jesus (Gl 6.17) — possível 
referência aos efeitos do apedrejamento 
brutal que ele sofreu em Listra. Os crentes 
gálatas teriam sabido em primeira mão das 
“marcas”. Assim que pode caminhar, ele 
se levanta e volta à cidade. A recuperação 
de Paulo vindica o evangelho. Oposição e 
violência não diminuem o compromisso 
desses homens cheios do Espírito para 
com a missão designada por Deus.
No dia seguinte, Paulo e Barnabé vão 
para Derbe. Em contraste com Antioquia, 
Icônio e Listra, os apóstolos não sofrem 
perseguição aqui. Eles têm êxito em evan­
gelizar as pessoas, enchendo a cidade das 
boas-novas de Cristo e ganhando mui­
tos novos discípulos. A primeira viagem 
missionária alcança seu clímax com uma 
colheita abundante de almas.
Uma característica importante da mis­
são cie Paulo é a revisitação de igrejas 
recentemente estabelecidas. Colocando 
a vida nas mãos, Paulo e Barnabé voltam 
a Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia (v.
21). Nestes luzires eles provêem cuidado 
pastoral fortalecendo a alma dos c rentes 
e encorajando-os a permanecerem fiíMs
iiot|iie cies crtVm. < )s crcnlcs ifMn de eu 
lar preparade>s para enfrentar In >mIIidade 
e perseguição. Só por melo de multa* 
Irlinilaçòes e sofrimentos é que eles en 
tram 110 Reino de Deus. Aqui, o Kelnode 
Deus é o futuro governo de Deus na eru 
vindoura, na Segunda Vinda de CrlNto, 
O caminho para esse Reino níU> 6 1'Acll. 
Os que andam no caminho que conduz 
à vida porvir devem esperars<ilrer (d l,c 
21.12-19; 1 Ts 3.2-4; 2 Ts 1.5). Solíer 11A0 
é apenas a sorte dos cristãos primitivou, 
mas dos cristãos em geral. E parle da )«»1** 
nada ao Reino. O prêmio ao término du 
jornada faz com que valha a pena reslslli 
os sofrimentos.
O ministério de “confirmar o Animo" 
(v. 22) envolve mais que só culdnd( > pit» 
toral. Também inclui alguma eslmlimi 
organizacional e consiste na nomeaçAo 
de anciãos “em cada igreja" (v, 23). A 
organização de Paulo e Barnabé dou ll 
deres da Igreja é semelhante ít lldtrunÇH 
da sinagoga judaica. Os anciãos serviam 
como líderes de igrejas locais, como o» que 
supervisionavam a sinagoga e seu culto, 
Os anciãos designados nestas n< ivas lgit'|u» 
eram responsáveis pelo culto, InstruvAo, 
administração e disciplina da c< >1 igtcgavíli • 
(ct. 1 Tm 3.1-7; Tt 1.5-9).
Para Paulo e Barnabé a deslgnaçfli 1 de 
anciãos é de grande importAncla, e por 
isso o fazem “orando com je|uns" (v, 21) 
Como vimos, os sete diáconos du lgre|n 
em Jerusalém foram separado» pm'H o 
ministério com oração e a lmpo»K A(i de 
mãos (At 6.6). Quando o Hspírllo ,Santo 
desigm >u Pa u lo e Barna bé coi no m l»»lon A 
rios, a igreja em Antioquia orou e |e|iiou, 
e depois impôs as mãos sobre ele» p o» 
enviou na primeira viagem ml»»l(Atll'lM 
(At 13-2,3). A verdadeira designa-lo ao 
ministério envolve mais que a apr< iva^fli» 
de seres humanos. () líspirlloSantoclumw 
os indivíduos ao ministério e os capacllii 
deforma que p<),ssam cumprira eliamndn, 
Depois que os anciãos sito designado» 
nas igrejas recentemente estabelecida», 
Paulo e Barnabé entregam o» novo» 
convertidos ao cuidado do "Senhor n u 
quem haviam crido" quando »e tomumm 
crlstAos(v. 23).
Tendo fortalecido espiritualmente uh 
novas IgieJíin c organl/,ando*as tlc forma 
adequada, <>s missionários descem de 
Antioquia da Plsídia para Perge, que foi 
o primeiro lugar que visitaram quando 
chegaram de Chipre CAt 13.14). Na primeira 
visita em Perge eles tinham passado sem 
pregar, Esperando por um navio que ia 
a Antloquia da Síria, eles evangelizam a 
cidade pela primeira vez. Nada é dito a 
respeito tio fruto do trabalho ali. Paulo e 
llarnabé navegam do porto de Atália, que 
ficava perto dali, para irem a Antioquia 
da Síria.
Ao voltarem a Antioquia, os missioná­
rios dilo um relatório para a congregação 
(iue os tinha comissionado. Provavelmente 
n 11igiiém tinha tido notícias de Paulo e Bar- 
nabé desde cjue a Igreja os enviara durante 
um culto especial de oração e jejum. Estes 
; 11 jóstc>los estão ansiosos em contar à Igreja 
sobre o progresso do evangelho entre os 
gentios. Eles querem que a congregação 
saiba o que foi feito e como.
No relatório, Paulo e Barnabé não se 
detêm nos sofrimentos e violências que 
enfrentaram, nem se vangloriam da de­
dicação e força em face da perseguição. 
() relatório enfatiza duas coisas:
1) “Quão grandes coisas Deus fizera poreles”. 
fi expressiva que a ênfase caia no que Deus 
fez. O sucesso foi devido a Deus, porque 
Ele operou por eles. O Espírito Santo deu 
início, capacitou e os sustentou na missão. 
Os apóstolos suportaram grande adversi­
dade, mas o trabalho do Espírito por meio 
deles é a razão do sucesso.
2) Deus “abrira aos gentios a porta da fé”. Uma 
porta de fé aberta significa que os gentios 
têm acesso às bênçãos do evangelho (cf. 1 
Co 16.9; 2 Co 2.12; Cl 4.3). Quando Deus 
abre uma porta, ninguém a fecha (cf. Ap 
3.7). A fé em Jesus Cristo é a única porta 
para o Reino cie Deus. () fato de Deus abrir 
a porta da fé sempre tem conseqüências 
de longo alcance. Uma duração de tempo 
considerável, provavelmente semanas, e 
não anos, passa entre o relatório de Paulo 
e Barnabé e a viagem deles ao Concílio de 
Jerusalém (v. 2H; cf, Al 15.2),
9.1.7. ltcNuIludoi O Concílio deje- 
riiNuléin( 15.1-33). Na primeira viagem
mlsslonílrla, muitos gentio» enlranim nu 
Igreja. O sucesso inicial da missflo gentia 
estava sujeito a suscitar preocupações 
entre os cristãos judeus conservadores, 
especialmente considerando que os gentios 
foram recebidos com pleno status cristão, 
sem que lhes fosse exigido observarem 
quaisquer rituais judaicos. Judeus crentes 
rígidos insistiam que os gentios converti­
dos tivessem de passar pela circuncisão, 
o principal distintivo do judaísmo, para 
a completa admissão ao povo de Deus. 
Eles começaram a ensinar: “Se vos não 
circuncidardes, conforme o uso de Moisés, 
não podeis salvar-vos” (v. 1). A salvação 
somente pela graça se tomou um problema 
pastoral, que se centraliza em torno de 
diferenças doutrinárias e culturais.
Por conseguinte, a aceitação dos gen­
tios sem a circuncisão tornou-se questão 
teológica que a Igreja achou necessária 
tratar numa reunião em Jerusalém. Pedro 
já defendera com sucesso a aceitação dos 
gentios incircuncisos da casa de Corné- 
lio, mas aquela discussão não resolveu 
bem a questão (At 11.18). O problema 
ficou sério e tornou necessário o escla­
recimento da mensagem. Uma reunião 
é convocada em Jerusalém para resol­
ver a questão teológica da relação dos 
gentios crentes com a lei de Moisés. Esta 
reunião é conhecida como Concílio de 
Jerusalém. Presentes na reunião estão os 
representantes das duas igrejas locais — 
Antioquia e Jerusalém.
A reunião está registrada em Atos 15, que 
é significativo ponto decisivo no Livro de 
Atos. Neste capítulo, Pedro é mencionado 
pela última vez, e depois deste capítulo, 
Lucas enfoca exclusivamente Paulo e seu 
ministério. Porém, mais importante é a 
decisão do concílio que remete à igreja 
oficialmente a pregar o evangelho aos 
gentios e a admiti-los na comunhão cristã 
somente com base na fé.
A importância desta decisão pode ser 
difícil para os cristãos de hoje entenderem. 
À luz do Novo Testamento, os proponen­
tes da circuncisão tjjnham um caso fraco. 
Na época do Concílio de Jerusalém não 
havia cílnon do Novo Testamento ao qual 
eles poderiam recorrer, Além disso, os
7UH
líderes do |)ovii tie* I ) i m i n , ilc AhlHfln uim 
tllasile P;iiilo, llnluimsliliii licimiiilmli w, 
t‘ o Antigo Testamenti > enslna que u fir 
cuncisãoera unuiexlgf'ncla perptMua ((in
17.9-14). O próprio Jesus nunca ensinou 
explicitamente que a circuncisão não era 
mais necessária. O peso destas evidências 
não deveria ser negado.
Não obstante, a Igreja no Concílio de 
Jerusalém decide que a circuncisão — a 
obra da lei — já não é necessária. O Espí­
rito Santo guia e dirige os assuntos desta 
importante reunião. O relato de Lucas 
sobre o Concílio de Jerusalém tem várias 
características: (1) Introdução do tema da 
circuncisão em Antioquia (w. 1,2); (2) a 
cena do conflito em Jerusalém (w. 3-5); 
(3) os discursos (w.6-21); (4) a carta do 
concílio aos crentes gentios (w . 22-29); e 
(5) o relatório para a Igreja (w . 30-35).
1) O relato de Lucas sobre a controvérsia da 
circuncisão começa em Antioquia da Síria 
(w. 1,2). A unidade da Igreja naquela lo­
calidade está ameaçada pela chegada de 
alguns judeus cristãos que querem que 
todos os cristãos sigam a lei de Moisés. 
Este incidente pode ser o mesmo referido 
em Gálatas 2.12. Estes judeus cristãos eram 
chamados “judaizantes”, porque eles criam 
que todo aquele que recebesse o evan­
gelho deveria se converter ao judaísmo e 
guardar a lei de Moisés, particularmente 
a circuncisão.
O ensino dos judaizantes cria divisão 
na Igreja. Eles entram num espírito de 
exclusivismo judaico e pronunciam que 
os crentes gentios incircuncisos não são 
salvos, e que a fé em Cristo não é o bas­
tante para a salvação. Estes agitadores 
dogmaticamente insistem que a circuncisão 
deve ser acrescentada à fé no Salvador. 
O versículo 24 indica que eles afirmam 
ser uma delegação oficial de Jerusalém e 
agem no interesse dos apóstolos e anciãos; 
mas Lucas não dá a impressão de que eles 
sejam representantes oficiais,porque ele 
identifica a Judéia, em vez de Jerusalém, 
como lugar do qual eles vieram (v. 1). 
Estes mestres não-autorizados encontram 
forte resistfinda em Antioquia. O eslbrço 
para judaizar a Igreja cria acalorado debate 
e tem o potendul de dividir a Igreja em
diMsiuivOes, um,K omsedeemjemsuldn 
e outra, em Antioquia, A Integridade iln 
evangelho e a unidade tia Igrejn eslAoem 
|( >g<>, A palavra traduzida por "nílo pequena 
discussão" (stasls) significa literalmente 
“insurreição, facção, discórdia", ao plisso 
que a palavra traduzida por "contenda" 
(zetesis) quer dizer "disputa, dlscilSSAo", 
Estas duas palavras descrevem uma níiii 
ação dominada por conflito que (' pro 
vocada por raiva, desunião e iIIncusnÍIo, 
Paulo e Barnabé parecem estar no ccntPo 
da controvérsia, A questão nfto pode sei 
solucionada deixando-a em extinto latente 
ou varrendo-a para debaixo tio tapete, nu 
esperança de que venha a desupareeer, 
Por causa do perigo de cisão e tia impor 
tância da mensagem missionária, llliHi dal» 
gaçãoéenviada ajerusalém paru resolvei 
o assunto. Entre os representante* estflo 
Paulo e Barnabé cujo trabalho mlMlnilA 
rio poderia ser especificamente ufctMctei 
pela tentativa dos judaizantes de impor a 
lei judaica sobre os crentes gentio«, Itle» 
devem apresentar a disputa "nos uprtsto 
los e aos anciãos” — grupo mendomulo 
cinco vezes no capítulo (vv, 2,4,6,22,23), 
Eles servem como parte estabeledda ilu 
estrutura organizacional da lgre|a,
No grego, a frase “aos apóstolos c nu» 
anciãos” é modificada por um nó HrtlgO 
“os”, indicando que eles deverlnm «Pl 
considerados como um grupo em ve* 
de dois, embora as funções possam «r 
sobrepor. Este grupo 6 o corpt> ma Is «lli i 
de líderes na Igreja. Não há dllvida ilr 
que no ministério que cumpriram hmi 
ve manifestações dos dons eapIriUlrtl*, 
Sendo guiados pelo Espírito, ele« e o» 
outros terão a sabedoria para soluclonlr 
a questão de forma que a integrlilHil^jdu 
Evangelho seja mantida,
2) Os delegados partem para Jerusalím (v.
2), Quando viajam, Paulo e Harnabé a pro- 
veitam a oportunidade para informar o 
progresso do evangelho entre os gentio», 
Ainda que Lucas não nos tenha dito nada 
sobre a pregação tio evangelho nu PenI* 
da, evidentemente há comunidades iTistfl* 
na Penlda e Sumaria, lista omissAo í um 
lembrete tle que Lucas é seletivo no que 
registra, Em vez tle apresentar um relato
7(W
exaustivo do crescimento da l^ rcju no sé­
culo I, ele mostra a natureza universal da 
fé e enfatiza a expansão do evangelho de 
lerusalém a Roma.
A medida que os representantes re­
contam vezes sem conta que os gentios 
se voltam para Deus, as notícias trazem 
grande alegria ao coração dos crentes. Em 
contraste com os judaizantes, as congre­
gações da Fenícia e Samaria regozijam-se 
com o triunfo do evangelho no mundo 
gentio. As igrejas na Fenícia (compostas 
por judeus crentes) e os cristãos samari- 
tanos partilham a atitude de Paulo para 
com a circuncisão. Apoio para a missão 
gentia é muito difundido. Com certeza a 
alegria destas igrejas dá a Paulo e Barna- 
bé a garantia de apoio para o Evangelho 
enquanto eles o pregam, e para suas ati­
vidades missionárias.
A delegação de Antioquia recebe calo­
rosa recepção da Igreja e seus líderes (v
4). A palavra “recebidos” (paradechomai) 
significa “receber como convidados”. Tais 
boas-vindas entusiásticas não seriam pos­
síveis se os líderes emjerusalém já tivessem 
concordado com os judaizantes. Paulo 
e Barnabé fazem um relatório sobre a 
primeira viagem missionária, a qual eles 
empreenderam sob a direção do Espírito 
Santo (At 13.2). Eles enfatizam “quão gran­
des coisas Deus tinha feito com eles”. A 
aprovação divina do ministério foi atestada 
por milagres poderosos e a conversão de 
numerosos gentios. O relatório deve ter 
alegrado o coração desses simpatizantes 
da missão gentia.
Mas na audiência estão crentes que per­
tencem ao partido dos fariseus (v. 5). Como 
os judaizantes que tinha ido a Antioquia, 
estes fariseus convertidos crêem que os 
gentios devem passar pela circuncisão para 
que sejam salvos. No Evangelho de Lucas, 
os fariseus, em sua maioria, estão entre os 
oponentes dejesus, e nos primeiros capítulos 
de Atos eles também manifestam hostili­
dade para com a Igreja. Mas agora alguns 
deles se tornaram crentes, c exercem forte 
influência. Eles se apegaram tenazmente a 
algumas de suas antigas convicções sobre 
a lei, c nJlo causa surpresa que eles estejam 
no lado errado do debute.
Eni|uunto ouvem o relatório de Paulo 
e Barnabé, os ex-farlseus aproveitam a 
oportunidade para destacar o que eles 
consideram sério defeito na instrução dos 
missionários. Eles insistem que os gen­
tios convertidos devem ser circuncidados. 
Depois que os ex-fariseus declaram sua 
posição, os apóstolos e anciãos se encar­
regam da situação. Eles adiam a reunião 
sem discutir a questão, mas dão a entender 
que querem dar à questão consideração 
mais formal.
3) A segunda reunião parece ser mais for­
mal. Os apóstolos e anciãos se reúnem 
para esclarecer a mensagem missionária. 
Parece ser uma reunião geral, incluindo 
a liderança e também a congregação (w.
12,22). No centro da controvérsia está a 
questão teológica fundamental: O que se 
exige para a salvação— os gentios têm de 
se tornar judeus para serem salvos ou só a 
fé é suficiente? Quando a reunião começa, 
as coisas ficam tensas; várias argumentações 
são dadas sobre cada lado do assunto. As 
manifestações expressam convicções fortes 
e adversárias. “Havendo grande contenda”,
o debate atinge um cume. É então que Pedro 
se levanta e faz o primeiro de três discursos 
cruciais para a resolução do assunto,
a) O discurso de Pedro (At 15.5-11). Pedro 
enfatiza que há um só meio de salvação1— 
“pela graça do Senhor Jesus Cristo” (v. 11). 
Ele sustenta esta verdade apelando para a 
experiência de Comélio (At 10.1—11.18). 
Seu argumento contém três pontos:
(i) O próprio Deus tomou a iniciativa de 
fazer conhecido o evangelho aos gentios. 
No começo da missão para os gentios, 
Deus o escolheu a pregar o evangelho a 
Comélio e seus amigos e garantir-lhes que 
eles são aceitos na Igreja. Em certo nível 
muito prático, a conversão dos gentios se 
deve a esta iniciativa divina.
(ii) Evidência visível da aprovação de Deus 
é que a família de Cornélio recebeu o ba­
tismo com o Espírito. Pedro insiste que 
Deus deu à casa de Cornélio o Espírito 
Santo “assim como também a nós” no Dia 
de Pentecostes (y. 8). Os crentes gentios 
em Cesaréia falaram em línguas como si­
nal de serem capacitados pelo Espírito (Al 
10.45,46). Deus conhecia os corações desses
gei ii!< >s ei )im >c< inliece os ec iraçAes tlt* loc las 
;is pessoa»; é por Isso <|ik* Hle os cnciicu 
cio Espírito, Es.síi experiência os equipou 
a serem testemunhas, da mesma maneira 
que o derramamento do Espírito fez nos 
discípulos no Dia de Pentecostes.
(iii) Deus não fez distinção entre “nós” (os 
judeus) e “eles” (os gentios) (v. 9). Pela fé, 
os corações dos crentes judeus e gentios 
foram limpos de pecado. Cornélio e seus 
amigos foram purificados do pecado do 
mesmo modo que os cristãos judeus. Os 
crentes judeus e os crentes gentios não 
foram salvos pela circuncisão e obediência 
à lei (v. 11). Deus lhes concedeu pureza 
interior pelo ato da fé e também os en­
cheu do Espírito. Tudo o que importava 
aos olhos de Deus era a fé emjesus Cristo. 
Igualmente, não devemos fazer distinção 
entre judeus e gentios.
Pedro prossegue advertindo contra tentar 
Deus procurando adicionar exigências à 
salvação (v. 10). Tentar Deus é ir contra 
sua vontade revelada (cf. At 5.9; Êx 17.2; Dt 
6.16), e Deus revelou que aceita os gentios 
só pela fé. Demandar observância da lei 
põe Deus em teste e desafia sua aceitação 
dos gentios pela fé em Cristo. Qualquer 
tentativa em modificaro plano divino de 
salvação provocará a ira de Deus. Como a 
Igreja pode pôr um “jugo” desnecessário 
no pescoço dos gentios?
Pedro sabe que guardar a lei para salvação 
é um fardo intolerável. Sobre este assunto, 
ele faz duas observações:
a) Os judeus descobriram que a lei é muito 
pesada para ser observada e impossível de 
ser guardada. Ninguém jamais foi salvo pela 
obediência à lei, nem mesmo judeus que 
dedicaram a vida tentando guardá-la; (b) 
Há somente um meio de salvação — “pela 
graça do Senhor Jesus Cristo”. Deus salva 
pela graça e fé, não pela lei.
b) O discurso de Paulo (At 15.12). A evi­
dência apresentada por Pedro é impor­
tante, e os fariseus começam a abrandar. 
Indubitavelmente Lucas registrou apenas 
um resumo do que foi dito. Todos falaram 
livremente. Mas á medida que Pedro fala, o 
Espírito Santo aquieta os corações, pois na 
reunião, altamente carregada de dlssensSo, 
estabelece-se o silêncio (v. 12), Com oh
fariseu* mantendo a pn/, o Bipírlto Santo 
Inclui Harnahe e Paulo a se levantarem 
e falarem sobre o assunto, Hles contam 
novamente a história de como Deus lhes 
abençoou o ministério entre os gentios e 
lhes deu a aprovação nos trabalhos que 
fizeram mediante a execução de "grandes 
sinais e prodígios” feitos pelas mitos deles, 
Eles contam a história de como I )eus feriu 
de cegueira um mágico clprlota (Al 1,1,H
11), curou um homem Incapacitado em 
Listra (At 14.8-10) e livrou Paulo tle um 
apedrejamento (At 14.19,20). Deus tem 
guiado a missão gentia.
O testemunho de Barnabé e Paulo nftose 
limitava a milagres, mas também incluiu comn 
a graça salvadora de I)eus linha vlslliulo os 
gentios. Deus tinha trabalhado pc >i h.nn.il te 
e Paulo para fazer os gentios tteelUliem 
Cristo como Salvador (At I3,12,44|4M), A 
medida que os missionários pregmn tios 
gentios e os organizam cm congregitçOei, 
eles o fazem sem circuncisão e sem exlgli 
que os convertidos guardassem a lei, 
c) O discurso de Tiago (Al 15,13*21). De 
pois que o discurso de Pedro acaliim o 
concílio, e Barnabé e Paulo fazem um 
relatório do que Deus “havia 1'eltC > | n >r meli i 
deles entre os gentios", Tiago, tllrlgldo 
pelo Espírito Santo, propõe uma siiluçlli i 
decisiva (vv. 13-21). Ele parece lei -.li l<> o 
principal líder na Igreja (Al 12. J7| 21, IHI, 
ainda que Lucas não o idenlHiqur i niini 
tal. Ele mostra-se ser Tiago, o ifliiAn do 
Senhor. Tiago era uma coluna du Igfelii 
(G1 2.9) e preside a reunião, () sllm. lo 
de Lucas concernente às suas credeiieltih 
indica autoridade inconcussa.
Como Pedro,Tiago também chíimaaalençElo 
à iniciativa divina (cf. vv. 7,14), exprtWMli 
do sua aprovação do que Slmáo (o nome 
judaico de Pedro) dissera s< >bre a vIsllHÇtlf i 
de Deus aos gentios, Ele declara o lema 
do discurso no versículo 14; o propósito 
de Deus é “tomar deles um povo puni o 
seu nome", Ele insiste que a Idéia de os 
gentios serem Incluídos entre o povo tle 
Deus não é uma verdade nova, ()s proíelus 
tinham predito a conversão deles, e pre 
sença dos gentios tis Igreja é cumprimento 
de profecias do Antigo Testamento (eC, Is 
V)„1 H; /,(' 2,11), A tareia de Tiago éduplai
• i i
nu ml rui' pela lÍNcrlinni que Deu.s Homprc* 
(|i i In Niilvíir on gentios, e propor uma solu 
Ção prática iio problema levantado poios 
íarlNcus crentes.
(1)(;timo prova bíblica, Tiago cita a versão 
grega (I.XX) de Amós 9.11,12 (cf, tambémjr 
12,1S; Is 45.21) que moslra que a prolecia 
do Anllgo Testamento concorda com a 
mensagem do evangelho. Nos versículos
I )i'évl< is, Amós predisse a destruição de Israel, 
que seria a subversão do tabernáculo ou 
casa de Davi. Pelo profeta, Deus prometeu 
rec< instruir “o tabernáculo de Davi, que está 
ca íd( i”. ()s descendentes de Davi reinaram 
como reis, e assim a construção da casa 
só pode ser feita por um descendente de 
Davi, que subirá uma vez mais ao trono.
1 )epois da destruição de Jerusalém em 586 
a.C., ninguém da família de Davi ocupou o 
trono até quejesus foi ressuscitado e entro­
nizado no céu. Deus cumpriu a promessa 
pela ressurreição do crucificado Filho de 
Davi. Pelo triunfo sobre a morte, a casa 
de Davi (skene, “tenda, barraca, taberná­
culo") é reconstruída desde as ruínas. Esta 
reconstrução foi seguida pelo “resto dos 
homens” (os gentios) que busca ao Senhor, 
que tem acontecido desde que Pedro visitou 
a casa de Cornélio. Pelo Salvador, Deus 
criou um novo povo, a Igreja Cristã, a qual 
inclui gentios e judeus. Um novo tempo 
de salvação amanheceu. “Desde toda a 
eternidade” Deus tornou conhecido pela 
Escritura sagrada seu propósito de chamar 
Iodos os povos à salvação (v. 18). Tiago 
acredita que Amós estava confiante de que 
Deus laria o que Ele prometera (v. 19). 
(li) Com base em Amós 9.11,12, Tiago 
submete duas propostas de solução para 
a controvérsia. A primeira é que ninguém 
interfere com o plano de Deus aceitar os 
gentios. Tiago enfatiza sua autoridade com 
suas surpreendentes palavras de abertura: 
“Pelo que julgo que” (v. 19). A base de seu 
julgamento autorizado é o testemunho de 
Pedro, a Escritura e a direção especial do 
Espírito Santo (cf. v. 28). Determinado a 
não comprometer o evangelho, ele convo­
ca o concílio a não atender as demandas 
do* fuildcuN, Deve-Ne parar tle perturbar 
on dlNcípuloN gcntloN requerendo-lhes a 
circuncisão c u gimrdu du leü’cla pregação
do evangelho, os gentios foram salvos e 
batizados com o Espírito sem observar a 
lei de Moisés, Como Pedro declarou, impor 
a lei Imponente sobre os gentios se mos­
trará um fardo opressivo e lhes dificultará 
v< >ltarem-se para Deus. Assim, Tiago rejeita 
os judaizantes que exigem que os crentes 
gentios se tornem judeus (prosélitos) a fim 
de serem salvos.
A segunda proposta de Tiago revela um 
entendimento mais profundo da lei do 
que demonstra os fariseus crentes. A 
própria lei provê uma solução, porque 
impôs certos regulamentos aos gentios 
que vivem entre os judeus (Lv 17—18). 
Tiago apela para estas proibições. Ele não 
exorta os crentes gentios a se submeterem 
à circuncisão ou guardarem as muitas 
prescrições legais da lei, mas com base 
em Levítico 17 e 18, ele recomenda que 
eles evitem certas práticas pagãs.
Estas práticas são:
[a] A abstinência de comida usada na 
adoraçãode ídolos. Muitos gentios co­
miam carne que havia sido oferecida 
a deuses pagãos. Como crentes, eles 
devem evitam comer carne sacrificial 
(cf. Lv 21.25), que era considerada 
imunda por sua conexão com a ido­
latria. Eles devem ser sensíveis às 
convicções dos judeus.
[b] A abstinência de imoralidade sexual. 
Esta proibição tem implicações morais 
fortes, proibindo relações promíscuas 
que faziam parte de adoração e fes­
tas pagãs. Incluir sexo ilícito como 
parte de religião toma o pecado mais 
repulsivo, embora esta proibição 
se refira mais às relações sexuais 
ilícitas de Levítico 18.6-20. Muitos 
gentios não viam o sexo ilícito como 
pecado, mas só como uma função do 
corpo. É uma transgressão moral. A 
abstinência de tal coisa é requerida 
para pureza de vida.
[c] A abstinência de carne de animais 
não apropriadamente mortos, e
[d| a abstinência de sangue. Estes duas 
proibições podem ser tratadas jun- 
tu.N, vlsto que estão proximamente 
relacionadas, Em conformidade com 
certitN IcIn dIetétIcaN (Lv 17.10-15;
cfi Dl 12, U>,23)|©SjlldetlSCVllilVHIIl 
comer animal do qual o sangue nío 
tinha sido escoado, Entre os gen­
tios, os animais usados na adoração 
sacrifical eram estrangulados ou 
sufocados até morrer (NewInterna­
tional Dictionary ofNew Testament 
Theohgy, ed. C. Brown, 4 vols., Grand 
Rapids, 1975-1985, vol. 1, p. 226). Os 
animais mortos desta maneira retêm 
o sangue e não seriam comidos. Por 
causa dos sentimentos de muitos 
cristãos judeus, os gentios devem 
se privar de carne de animais que 
foram estrangulados.
No tratamento das exigênciaspara os 
cristãos gentios, note que Tiago não propõe 
que eles sejam circuncidados. Ele pede apenas 
que eles evitam certas práticas que ofendem 
os judeus e declara que certas exigências 
devam ser condições de comunhão para os 
gentios que se associam com cristãos judeus. 
Reconhecendo que Deus aceitou ambos, 
Tiago recomenda que os dois grupos façam 
concessões um ao outro para preservar a 
unidade da Igreja. A solução não abole a 
lei, mas pela ajuda do Espírito ele interpreta 
a lei mais corretamente.
Jesus prometera que “o Espírito Santo 
[...] vos ensinará todas as coisas e.vos 
fará lembrar de tudo quanto vos tenho 
dito” 0o 14.26; cf. Jo 16.13). O Espírito 
inspira insights na Escritura. Suas obras 
e poder são fundamentais para a prega­
ção do evangelho aos gentios (At 8.29,39;
10.19,20,44-46; 11.12; 13.2; 15.28). Pelo 
fato de os insights de Tiago serem inspi­
rados pelo Espírito, os crentes gentios não 
devem ficar ofendidos pelos regulamentos 
ou vê-los como arbitrários e penosos. Para 
os judeus dispersos entre os gentios, as 
Escrituras mosaicas eram lidas e prega­
das semanalmente nas sinagogas. Como 
resultado, estes regulamentos serão bem 
conhecidos pelos gentios, e eles devem 
estar dispostos a observá-los por respeito 
aos crentes judeus. Fazendo assim, eles 
evitam criar cisma no corpo de Cristo.
Levando em conta o restante do Novo 
Testamento, estes regulamentos, com exce­
ção do negu lamento que requer abstinência 
de imoralldudc\ nunca estavam sujeitos
«os erlstíios gentios, Paulo, por exemplo, 
deixa com a consciência cristã a queatflodf 
comer comida sacrificada a ídolos ( | CoH), 
Por outro lado, porque nenhum princípio 
está em jogo, ele mesmo se submeteu a 
purificação ritual para evitar ofender os 
cristãos judeus (At 21.17-36).
4) As propostas de Tiago têm Arme base mi 
Escritura e são motivadas pelo Espirite > StinK >, 
Elas prevalecem. Como Tiago recomen 
dou ao concílio (v. 20), é feita uma cartl 
às igrejas gentias para anunciar a decisAo 
dos apóstolos e anciãos (v. 23). A COlíUl 
nidade de crentes escolhe dois homens 
altamente respeitados entre eles, Judas e 
Silas, para acompanhar Paulo e Birnabé 
a Antioquia. A carta é enviada aos crente* 
em Antioquia, Síria e Cilicia, mostrando 11 
âmbito da influência de Jerusalém, fl dlrl 
gida principalmente a Antioquia, sl ddmle 
na qual a circuncisão tinha se tornado mu 
assunto. Antioquia também era a sede da 
Igreja que era a fortaleza para a mlssflo 
gentia (At 11.20-26). A carta contém três 
pontos significantes.
a) Os judaizantes que foram a Antioquia 
não tinham autoridade para dizer às < ml ras 
igrejas o que fazer (v. 24). O repúdio de 
terem responsabilidade pelo ensino dos 
judaizantes sugere que eles não devem 
ser relacionados com os fariseus crentes 
emjerusalém. Os crentes entre os fariseus 
obedecem a decisão do concílio, Porém, 
os judaizantes que saíram de Jerusalém 
e causaram dificuldade em outras Igrejas 
tinham agido por iniciativa própria; suas 
demandas eram estranhas ao Evangelho 
Estes autonomeados emissários tinham 1'elti ■ 
grande dano. A palavra traduzida por "Imns 
tornaram” (anaskeuazo) significa "destn ilt" 
ou “demolir o que foi construído", EImn 
falsos ensinos tinham mal representiidi i h 
Igreja emjerusalém e levados 08 crentes n 
duvidar que a salvação é só uma qiiestflo 
de graça e fé.
li) A comunidade de crentes envia repre­
sentantes oficiais para explicar as decisões 
feitas emjerusalém (vv, 25-27), Entre 
os escolhidos para irem com Pâulo e 
Barnabé estãojudas e Silas, A igreju em 
Antioquia tinha enviado Paulo e Harnahé 
a Jerusalém como representantes; agora
4 ii vez de a Igivja em JeruMlém enviar 
on cIoín homens como rcprcseniantes, On 
crlsuios emjerusalém descrevem Paulo e 
Hamabé como "amados" (agapetos), ex­
pressando a alia estima que eles gozavam 
entre eles, Como estes cristãos também 
reconhecem, Paulo e Barnabé tinham 
enfrentado grandes perigos na primeira 
viagem missionária (At 13.50; 14.2,5,19). 
() risco de vida por causa de Jesus Cristo 
os fez mais queridos à igreja-mãe. Não 
há que duvidar que os judaizantes man­
tinham opinião completamente diferente 
dos dois missionários, mas nada é dito 
na carta apostólica sobre isso.
A Igreja manifesta grande sabedoria ao 
enviar homens altamente respeitados, 
Judas e Silas. Ambos são descritos como 
profetas (v. 32), o que indubitavelmente 
é a base do seu ministério. Eles devem 
ter tido forte influência profética como 
líderes na igreja de Jerusalém (v. 22). 
Além de serem portadores da carta, estes 
profetas recebem ordens rígidas para 
explicar oralmente seu conteúdo. A carta 
é breve e precisará de pouca explicação 
adicional se alguém tiver perguntas. Judas 
e Silas também poderão atestar o acordo 
e afirmar que os crentes estão unidos no 
tratamento do assunto,
c) A decisão que o Concílio de Jerusalém 
tomou foi inspirada pelo Espírito Santo 
(v. 28). Desde o Dia de Pentecostes, Ele 
tinha capacitado e guiado as ações e de­
cisões dos cristãos primitivos. Aqui Lucas 
fornece outro exemplo — a direção do 
Espírito Santo na Igreja com respeito à 
doutrina que afeta a salvação de almas. 
A decisão acatada em Jerusalém foi apro­
vada pelo Espírito Santo e pela Igreja. O 
trabalho do Espírito é descrito em termos 
de deliberação, As palavras “pareceu bem 
ao Espírito Santo e a nós” sugerem que 
o Espírito Santo tomou esses crentes em 
deliberação consigo mesmo.
Jesus tinha prometido que o Espírito 
conduziria os discípulos nas suas deci­
sões CJo 16.13). Tiago está perfeitamente 
correto chamando a atenção ít função 
ativa do Espírito no processo de tomada 
de decisão da Igreja, A carta é produto 
da combinação dc autoridade divina c
la imana, emlx ira a ônfase esteja na direção 
e autoridade do Espírito Santo, <) próprio 
Espírito levou a igreja a tomar esta decisão 
(Shepherd, 1994, p. 218). O Espírito diri­
giu a comunidade a ir além dejerusalém 
e Jucléia através do ministério de Filipe 
(Át 8.29,39); dirigiu Pedro a Cesaréia e 
batizou Cornélio com o poder profético 
para testemunhar, e foi diretamente res­
ponsável pela excursão missionária de 
Paulo e Barnabé (At 13-1-3). O Espírito 
abriu a porta da Igreja aos gentios sem 
exigir que eles se tomassem judeus.
As exigências mínimas são repetidas na 
carta enviada a Antioquia (v. 29). Atendê-las 
é ação endossada pelo Espírito, embora o 
Espírito nunca aprove comprometimen­
to com coisas básicas e essenciais. Com 
a exceção da proibição de imoralidade 
sexual, as outras são fardos secundários 
necessários para a comunhão na Igreja. 
A carta tem um tom firme de autorida­
de. Se observada, esta política ajudará a 
manter e enriquecer a comunhão dentro 
da comunidade cristã.
A mensagem é concluída com um ape­
lo cortês para seguir a deliberação do 
concílio. As palavras “fareis bem” podem 
ser consideradas com o sentido de fazer 
o que é correto e recomendável. Como 
resultado, estes crentes que fazem o que 
é certo podem esperar ser abençoados,
5) Depois que os representantes autorizados 
recebem a instrução da Igreja, eles partem 
para Antioquia (v. 30). Quando chegam, 
reúnem a congregação local e apresentam a 
carta. Ao lerem-na para a Igreja, os crentes 
alegram-se sobremaneira pela exortação 
(v. 31). A resposta alegre está tipicamente 
associada com a obra do Espírito (Lc 1,41- 
44; 10.21; At 8.8; 13.52); sua grande alegria 
é uma alegria inspirada pelo Espírito. Além 
disso, a mensagem encoraja os crentes. 
Eles reconhecem a carta comoparaklesis, 
uma “exortação”. Ela lhes dá a garantia de 
que eles podem permanecer inclrcuncisos 
e ainda ser aceitos como cristãos plenos, 
mantendo a unidade com os crentes judeus 
(Haenchen, 1971, p. 454).
Igualmente, Judas e Silas exortam (J>u- 
rakafco, mesma raiz que pamhlusis) os 
cristãos (v, 32), listes

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