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Patologia Geral

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A patologia é o estudo da doença. Volta-se ao estudo das alterações estruturais, bioquímicas 
e funcionais nas células, tecidos e órgãos que fundamentam doença. Através do uso de técnicas 
moleculares, microbiológicas e morfológicas, a patologia tenta explicar os porquês e as causas dos 
sinais e sintomas manifestados pelos pacientes enquanto fornece uma base racional para a terapia e 
o cuidado clínico. Assim, ela serve como ligação entre as ciências básicas e a medicina clínica e é a 
base cientifica para toda a medicina. 
Os quatro aspectos de um processo de doença que formam o cerne da patologia são a 
causa (etiologia), os mecanismos de seu desenvolvimento (patogenia), as alterações bioquímicas e 
estruturais induzidas nas células e órgãos do corpo (alterações moleculares e morfológicas) e as 
consequências funcionais dessas alterações (manifestações clínicas). 
Etiologia e causa. Reconhece-se que há duas classes principais de fatores etiológicos: 
genéticos (p. ex., mutações herdadas e doenças associadas com variantes genéticas, ou 
polimorfismo) e adquiridos (p.ex., infecciosos, nutricionais, químicos, físicos). O conceito de que 
agente etiológico seja a causa de uma doença não é aplicável à maioria das doenças. No geral, a 
maioria das doenças comuns são multifatoriais e surgem dos efeitos de vários estímulos externos em 
um individuo geneticamente susceptível. 
Patogenia. Refere-se à sequencia de eventos na resposta das células ou tecidos ao agente 
etiológico, desde o estimulo inicial à expressão final da doença. 
Alterações Moleculares e Morfológicas. As alterações morfológicas referem-se às 
alterações estruturais nas células ou tecidos que são características de uma doença ou diagnosticas de 
um processo etiológico. 
Perturbações Funcionais e Manifestações Clínicas. O resultado final das alterações 
genéticas, bioquímicas e estruturais nas células e tecidos são as anormalidades funcionais que levam 
às manifestações clinicas (sinais e sintomas) da doença, bem como à sua progressão. Na prática, 
todas as formas de doença começam com alterações moleculares ou estruturais das células. Essas 
lesões celulares e à MEC levam ao resultado final de lesão ao tecido e órgão, que determina os 
padrões morfológicos e clínicos da doença. 
 
Lesões Celulares 
 
Os agentes agressores causam modificações moleculares em células e tecidos, as quais se 
somam e, muitas vezes, resultam em alterações morfológicas. Lesões morfológicas aparecem em 
células, no interstício ou em ambos. Dependendo da duração e da intensidade da agressão, além da 
natureza do agente agressor, as lesões celulares podem ser reversíveis ou irreversíveis. É importante 
considerar que nem toda agressão resulta em alteração morfológica: esta só aparece quando os 
 
Patologia Geral 
 
 
Victor Coutinho Bastos 
 2 
transtornos moleculares e metabólicos são suficientemente intensos para modificar a estrutura de 
células e tecidos. 
 
Estresse Celular 
Diante de agressões diversas, as células são respostas gerais por meio de mecanismos 
semelhantes. Estes podem torná-las mais resistentes ou mais adaptadas à agressão ou, dependendo 
da intensidade desta, induzir morte celular. Em outros termos, quando agredidas, as células 
respondem mediante ativação de vias de sobrevivência iu de morte celular. Em conjunto, as 
respostas e modificações celulares que surgem diante das inúmeras agressões constituem o que se 
denomina estresse celular. As alterações funcionais e as lesões que aparecem nesses casos resultam 
de desvios metabólicos, tendo como consequência depósitos anormais (degenerações), morte celular 
(necrose ou apoptose) ou transtornos nos mecanismos de proliferação e diferenciação celulares. 
Qualquer que seja a sua natureza, as agressões podem: 
a) reduzir a oferta de O2 e nutrientes; 
b) alterar vias metabólicas que produzem energia; 
c) gerar radicais livres; 
d) agredir diretamente macromoleculas, em especial o DNA. 
 
 Estresse Oxidativo: 
Os radicais livres constituem importante mecanismo de agressão às células. São moléculas 
que apresentam um elétron não emparelhado no orbital externo, o que as torna muito 
reativas a qualquer outro tipo de molécula. Espécies reativas de oxigênio (ROS) e outros 
radicais livres podem ser produzidos no metabolismo normal de células, no entanto, diversas 
agressões produzem lesões por liberarem radicais livres. Substâncias químicas produzem 
radicais livres quando metabolizadas, radiações ionizantes os geram ao ionizar a água, fumaça 
de cigarro e alguns alimentos oxidados os contêm. 
Em condições normais, existe equilíbrio entre produção e inativação de radicais livres 
gerados naturalmente, o que garante a não ocorrência de lesões. Quando esse equilíbrio se 
rompe, seja por aumento na produção de radicais, seja por redução nos mecanismos 
antioxidantes, inicia-se um processo de estresse oxidativo que pode resultar em lesões. 
Para neutralizar ou minimizar os efeitos desses radicais, as células dispõem de vários 
mecanismos antioxidantes. A ativação de vias de adaptação ou indutoras de morte celular se 
dá de acordo com a intensidade da situação de estresse. 
 
 Retículo endoplasmático e estresse celular: 
Proteínas do choque térmico (HSP), as proteínas do estresse, exercem papel fundamental 
no estresse celular. Além de poderem ser excretadas e atuar como moléculas sinalizadoras de 
perigo, HSP desempenham importante função como chaperonas e chaperoninas, atuando no 
dobramento de proteínas e na manutenção desse dobramento até a chegada da proteína ao 
seu destino. 
Agressões diversas que levam à redução de ATP, que geram radicais livres ou que alteram 
o fornecimento de carboidratos para a glicação favorecem o aparecimento de proteinas 
nascentes mal dobradas, que se acumulam na luz do RE. Uma complexa via de sinalização 
age na tentativa de reparar tais proteínas e diminuir a velocidade de processos traducionais. 
Em casos de falha dessa resposta, vias apoptóticas são acionadas. 
 3 
 
 Mitocôndrias, lisossomos e estresse celular: 
Vias de sobrevivência agem sobre mitocôndrias, evitando alterações da permeabilidade da 
membrana (principalmente a interna). Vale ressaltar que as mitocôndrias, organelas 
responsáveis pela obtenção de energia, são repletas de radicais livres em sua matriz. 
Agressões à membrana lisossomal ocorrem, geralmente associadas à ativação de 
esfingomielinase, a qual gera ceramida e esfingosina; sendo esta capaz de interagir com a 
membrana lisossômica causando um aumento na permeabilidade, permite o extravasamento 
de catepsinas, indutoras da apoptose. 
 
 Agressões mecânicas e estresse celular: 
Os tecidos ficam normalmente submetidos à ação de forças mecânicas que comprimem 
e/ou distendem seus componentes, o que pode influenciar a atividade celular e a qualidade e 
quantidade de matriz extracelular (MEC). Estímulos mecânicos ocorrem em tecidos 
musculares e seu estroma, tecidos ósseo e cartilaginosos de sustento de carga, derme e vasos 
sanguíneos. 
A transdução quimio-mecânica de sinais se dá através da membrana citoplasmática de dois 
modos: pela ativação de canais iônicos que permitem a passagem de eletrólitos que atuam 
como ativadores de vias de ativação intracelulares, e pela ativação de moléculas de adesão 
linkadas ao citoesqueleto celular e à MEC. Falhas nessas vias podem levar a alterações 
morfológicas correlacionadas ao estresse. 
 
 Lesões no DNA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 4 
Degenerações 
 
O termo degeneração aplica-se a alterações morfológicas das células, não incluindo 
modificações no interstício. Resultam no acúmulo de substâncias no interior de células, não 
incluindo alterações no interstício. São semprereversíveis, ou seja, retirando-se o fator causal das 
lesões, as células voltam à normalidade. 
Em síntese, são lesões reversíveis secundárias às alterações bioquímicas que resultam em acúmulo de 
substâncias no interior das células. 
São diversos os tipos de degenerações. A classificação desses tipos se dá pela natureza 
química da substancia acumulada. A saber: 
(a) Por acúmulo de água e eletrólitos; 
(b) Por acúmulo de proteínas; 
(c) Por acúmulo de lipídeos; 
(d) Por acúmulo de carboidratos (em geral de origens genéticas). 
 
 Degeneração hidrópica: 
É a lesão celular reversível caracterizada por acúmulo de água e eletrólitos no interior das 
células, tornando-as tumefeitas, aumentadas de volume. É um dos tipos mais comuns de 
lesões não letais, sendo provocada por transtornos no equilíbrio hidroeletrolítico, resultando 
em retenção de eletrólitos e água em células. 
Sua etiologia (causa) advém de diversos fatores, os principais: 
I. Hipóxia, anóxia, exposição à desacopladores da fosforilação mitocondrial ou 
inibidores da cadeia respiratória; 
II. Hipertermia exógena ou endógena (febre), uma vez que o aumento da 
temperatura eleva consigo a taxa de consumo de ATP; 
III. Toxinas com atividade similar a de fosfolipases e/ou geradoras de radicais 
livres; 
IV. Substâncias inibidoras da Na+/K+ATPase. 
As patogenias associadas a essas causas, portanto, hão de ser: 
(a) Alteração da produção ou do consumo de ATP; 
(b) Interferências na integridade das membranas; 
(c) Modificação em subunidades proteicas da bomba de sódio e potássio; 
Os processos lesivos para essa degeneração confluem para uma falha no funcionamento 
da Na+/K+ATPase, o que leva a um aumento na retenção de sódio, um déficit em potássio, 
que, por sua vez, resultam num aumento da pressão osmótica, induzindo a entrada de água 
no citoplasma. 
Morfologicamente, os órgãos que sofrem deste processo passam por um aumento no peso e 
volume, palidez. Histologicamente, as células tornam-se tumefeitas, com citoplasma 
granuloso e acidófilo (eosinofílico) e há condensação da cromatina. 
 Degeneração hialina: 
Trata-se do acúmulo de material proteico e acidófilo no interior das células. Em alguns 
casos, resulta da condensação de filamentos intermediários e proteínas associadas que 
formam corpúsculos no interior das células; em outros representa o acumulo de material de 
origem viral; ainda, em alguns casos, o material hialino depositado é constituído por 
 5 
proteínas endocitadas ou sintetizadas em demasia (ex. imunoglobulinas em plasmócitos, que 
formam os chamados corpúsculos de Russel). 
Exemplos de situações patológicas desta degeneração podem ser observados nos 
corpúsculos de Mallory no fígado de alcoólatras ou de indivíduos com carcinoma hepatocelular; 
infecções pelo vírus da raiva, que formam os corpúsculos de Negri no cerebelo; e degenerações 
por acúmulos proteicos no epitélio tubular renal de indivíduos com proteinúria. 
 
 Degeneração mucóide: 
Sob essa denominação são conhecidas duas condições: (1) hiperprodução de muco por 
células caliciformes dos tratos digestivo e respiratório, levando-as a se abarrotar de 
glicoproteicas, ocasionando em morte celular; (2) síntese exagerada de mucinas em adenomas 
e adenocarcinomas, as quais podem extravasar para o interstício e conferindo-lhe aspecto de 
tecido mucóide. 
 
 Esteatose: 
É o acúmulo de gorduras neutras (mono, di ou triglicérides) no citoplasma de cels. que 
normalmente NÃO as armazenam. A lesão aparece todas as vezes que um agente interfere 
no metabolismo de ácidos graxos da célula, aumentando sua síntese ou dificultando sua 
utilização, seu transporte ou sua excreção. É causada por agentes tóxicos (ex. CCl4, que 
reduz a síntese proteica), hipóxia, alterações na dieta e distúrbios metabólicos de origem 
genética. Apesar de reversível, pode resultar em morte celular, dependendo da intensidade ou 
tempo de persistência da lesão. Tratando-se de fígado, essa morte pode evoluir para cirrose 
hepática e posterior insuficiência. 
 
Fisiologicamente, hepatócitos retiram da circulação ac. graxos e triglicerídeos provenientes 
da absorção intestinal e da lipólise no tecido adiposo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A etiologia da esteatose é diversa, sendo frequente que os agentes interfiram no 
metabolismo lipídico em diferentes pontos: 
(1) Aumento da síntese de lipídeos por maior aporte de ac. graxos decorrente da lipólise 
ou da ingestão excessiva; 
(2) Produção de ac. graxos a partir do excesso de acetil-CoA que não encontra condições 
de rápida oxidação no ciclo de Krebs; 
(3) Redução no uso de triglicerídeos ou de ácidos graxos para síntese de lipídeos 
complexos por falta de ATP ou fatores nitrogenados; 
(4) Menor formação de lipoproteínas por deficiência na síntese de apoproteínas; 
(5) Distúrbios no deslocamento e na fusão de vesículas que contêm lipoproteínas com a 
membrana plasmática, em decorrência de alterações funcionais no citoesqueleto; 
(6) Ingestão abusiva de álcool; 
 
 
Produção de Colesterol e ésteres; 
Síntese de lipídeos complexos (ex. fosfolípides) e glicerídeos; 
Geração de Acetil-CoA e corpos cetônicos. 
Ac. graxos 
lipoproteínas 
 6 
α
 
 
 
 
 
 Lipidoses: 
São acúmulos intracelulares de outros lipídeos que não triglicerídeos. Em geral, são 
representados por depósitos de colesterol e seus ésteres. Podem ser localizadas ou sistêmicas. 
Tais depósitos podem ser formados em artérias (aterosclerose), na pele (xantomas) e em 
sítios de inflamações crônicas. 
Aterosclerose é a doença caracterizada por depósitos de colesterol, ésteres de colesterol 
e, em menor quantidade, fosfolipídios e glicerídeos, na intima de artérias de médio e de 
grande calibres. Dislipidemia, com aumento de TGL’s e colesterol no plasma, é o principal 
fator de risco. Hipertensão, tabagismo, diabetes, estresse e sedentarismo são outros fatores 
envolvidos. 
Patogenia: a aterosclerose é tida como doença inflamatória, a qual se inicia supostamente 
por agressão ao endotélio, por agentes físicos químicos ou 
biológicos. 
A primeira reação é ativação do endotélio, que expressa 
moléculas de adesão e captura monócitos circulantes. Parece 
que a LDL oxidada é responsável por essa ativação, 
induzindo a síntese de TNF-α e IL-1, os quais estimulam a 
síntese de outras citocinas e quimiocinas responsáveis por 
ativar a diapedese de monócitos para a íntima e recrutamento de plaquetas. 
Os órgãos com esteatose apresentam aspecto morfológico variável. O fígado aumenta de volume 
e peso, perde sua consistência e passa a ter suas bordas mais arredondadas. A coloração torna-se 
pálida e amarelada. Microscopicamente, os triglicerídeos acumulam-se em pequenas vesículas ou 
glóbulos revestidos por membrana (lipossomos). Conforme a morfologia das células lesionadas, 
pode-se classificar a célula como em estado de esteatose macro ou microvesicular. Uma expressão 
comum é “anel em sinete”, utilizada para se referir à esteatose macrovesicular. 
 7 
Na íntima, monócitos são maturados (macrófagos) e capturam a LDL oxidada e a 
armazenam em vacúolos, o que lhes confere aspecto de células espumosas. Quimiocinas 
secretadas podem também induzir neoformação de células musculares lisas para a íntima e 
sua multiplicação. Miofibroblastos também podem se originar e secretar MEC, contribuindo 
na formação da capa fibrosa que envolve o núcleo lipídico. 
 
As placas ateromatosas apresentam aspectos diferentes conforme sua evolução: placa mole é uma 
lesão na intima do vaso, excêntrica, em forma de placa, que faz saliência na luz arterial. 
Microscopicamente, tem uma região central com grande quantidade de lipídeos extracelulares, 
sobretudo em formas de cristais de colesterol, associados a restos celulares, tendoem volta células 
espumosas, macrófagos, células musculares lisas, linfócitos e mastócitos. Margeando a lesão, pode-
se observar angiogênese e intensa deposição de MEC, este rico em proteoglicanas e pobre em fibras 
de colágeno. A tela subendotelial geralmente encontra-se com sua MEC amorfa. 
A placa fibrosada caracteriza-se por grande quantidade de cels. mm. lisas (miofibroblastos) na região 
subendotelial, as quais depositam MEC rica em colágeno, formando uma capa fibrosa. O núcleo 
dessas placas contém menos células espumosas, colesterol e seus ésteres e restos celulares. Vasos 
neoformados podem ser vistos margeando o local lesionado, com poucas células inflamatórias nas 
adjacências. Estas podem ser nomeadas placas estáveis, uma vez que embora possam reduzir a luz 
arterial, são menos propicias a complicações. 
Placas complicadas são as que sofrem erosões, fissuras ou rachaduras na superfície, favorecendo 
trombose. Hemorragias podem ocorrer por descolamento de sítios fibrosos, os quais podem causar 
embolia de vasos menores, com isquemia e/ou infarto de órgãos ou regiões. 
A calcificação de placas ateromatosas pode ocorrer, e, geralmente, tais placas tornam-se mais 
estáveis. 
 
Outros tipos de lipidoses conhecidos são as arterioloscleroses (deposição de colesterol e 
seus ésteres, associados com proteínas plasmáticas em vasos de pequeno calibre), formando 
regiões denominadas por lipo-hialinose da íntima; xantomas, lesões de pele em forma de 
nódulos ou placas que, quando superficiais, têm coloração amarelada por conta de 
macrófagos espumosos, comum em casos de aumento do colesterol sérico; e 
ensfingolipidoses, doenças causadas por acúmulos de esfingolipides seus produtos, 
decorrente da falta ou deficiência em enzimas lisossômicas. 
 
 Glicogenoses: 
São doenças genéticas caracterizadas pelo acúmulo de glicogênio em células do fígado, 
rins, músculos esqueléticos e coração que têm como causa deficiência de enzimas que atuam 
no processo de sua degradação. 
 
 Mucopolissacarisoses: 
São depósitos anormais de poliglicanos e/ou proteoglicanos, normalmente associadas a 
doenças metabólicas. Manifestações clínicas comuns dessas patologias são anormalidades no 
esqueleto, válvulas cardíacas e artérias, retardo mental e opacidade da córnea. 
 
 
 
 
 8 
Morte Celular: 
Necrose e Apoptose 
 
Duração, intensidade da lesão e a natureza do agente lesivo determinam a possibilidade de 
reversibilidade ou morte celular. Sendo um processo, a morte celular tem fatores de difícil 
estabelecimento para determinar a irreversibilidade, ou ponto de não retorno. Além disso, não se 
pode pautar o estabelecimento do ponto de irreversibilidade apenas por alterações morfológicas, 
muito embora, algumas vezes, alterações possam indicar lesões irreversíveis. É de importância 
ressaltar que alguns agentes agressores podem causar morte celular sem que nenhuma lesão a 
preceda. 
 
 Autólise: 
• Picnose → condensação da cromatina; 
• Cariorrexe → fragmentação e dispersão do núcleo no citoplasma; 
• Cariólise → digestão completa da cromatina e completo desaparecimento do núcleo. 
 
 Necrose: 
O termo necrose é utilizado para indicar a morte celular ocorrida em um organismo 
vivo e seguida de fenômenos de autólise (degradação enzimática dos componentes celulares 
por enzimas lisossomais da própria célula). É um processo exclusivamente patológico. 
Qualquer agente lesivo pode produzir necrose, normalmente por: 
I. Redução de energia, seja por obstrução vascular ou por inibição dos 
processos respiratórios; 
II. Produção de radicais livres; 
III. Ação direta sobre enzimas, inibindo processos vitais da célula; 
IV. Agressão direta à membrana citoplasmática. 
 
 
 Necrose por coagulação (isquêmica): 
Ocorre por um baixo aporte de O2, com consequente diminuição de ATP. Tal 
quadro leva ao favorecimento de vias anaeróbias de respiração, aumentando 
consequentemente a concentração de lactato, o qual promove a coagulação proteica. 
Esta coagulação justifica o fato de que, vistas ao microscópio, as áreas necrosadas 
permanecem com sua morfologia tecidual característica. 
Macroscopicamente, a área atingida é esbranquiçada e faz saliência na superfície 
do órgão, quase sempre circundada por um halo avermelhado (hiperemia que tenta 
compensar a isquemia ocorrida). Microscopicamente, além de alterações nucleares 
(cariólise), o citoplasma adquire aspecto granuloso e acidófilo, gelificado. 
 
 Necrose por liquefação: 
Normalmente relacionada à infecções bacterianas focais ou fúngicas. Nesse tipo 
de necrose, o tecido adquire consistência mole, semifluida ou liquefeita. É comum após 
anóxia do tecido nervoso, na suprarrenal ou na mucosa gástrica. A liquefação pode 
também estar relacionada com ação enzimática de células inflamatórias, aquelas quais 
que liquefazem o tecido, podendo haver presença de pus. 
 
 
 
 
 9 
 Necrose caseosa: 
É comum na tuberculose e em doenças como a paracoccidioidomicose e a 
tularemia. A lesão parece decorrer de mecanismos imunitários de agressão envolvendo 
macrófagos e linfócitos T sensibilizados, alem de possível hipóxia. Microscopicamente, 
a principal característica é a transformação das células necróticas em uma massa 
homogênea, acidófila, amorfa, com alguns núcleos picnóticos ou fragmentados. As 
células perdem sua morfologia típica e contornos. 
 
 Esteatonecrose: 
Também conhecida como necrose enzimática do tecido adiposo, é encontrada 
tipicamente na pancreatite aguda necro-hemorrágica ou após trauma do T.A.. Lipases 
liberadas dos ácinos agem sobre TGL’s e os ácidos graxos originados, então, 
saponificam, concedendo ao órgão um aspecto esbranquiçado ou de “pingo de vela”. 
 
 Necrose fibrinóide: 
Decorre de reações imunes que envolvem os vasos sanguíneos, sendo, portanto, 
imunologicamente mediadas. Nesse tipo de necrose, há um aumento do depósito de 
fibrina, que, ao microscópio de luz, possui certa eosinofilia (acidofilia). 
 
 Necrose gangrenosa: 
O termo gangrena serve para designar uma forma de evolução de necrose que 
resulta da ação de agentes externos sobre o tecido necrosado. Caso haja desidratação da 
área necrótica, tem-se uma região de gangrena seca, ao passo que em contato com 
microorganismos (geralmente anaeróbios), enzimas por estes produzidas são capazes 
de liquefazer os tecidos mortos, dando origem à chamada gangrena úmida (ou, em 
outros casos, ainda mais específicos, gangrena gasosa). 
Morfologicamente, a gangrena seca confere uma cor arroxeada ao órgão, com 
aspecto mumificado, sendo comum em extremidades. Na gangrena úmida, observa-se 
um odor fétido que exala na área necrosada. Produtos do sitio lesado podem, inclusive, 
ocasionar um choque séptico. 
 
 Evolução: 
Regeneração. Quando o tecido necrosado tem capacidade regenerativa, os restos celulares 
são reabsorvidos por meio de resposta inflamatória local. Se a lesão é pequena e o estroma do 
tecido não é alterado, tem-se uma regeneração completa, a exemplo do que ocorre no fígado. 
Por outro lado, se a área necrótica for extensa e/ou se a trama reticular sofre colapso, há 
também a regeneração, com a diferença de que há a formação de nódulos, pelo não 
reestabelecimento da arquitetura do tecido. 
Cicatrização. É o processo pelo qual o tecido necrosado é reabsorvido e substituído por 
tecido conjuntivo cicatricial, o qual surge mediante estimulação por células inflamatórias, que 
secretam FGF (fator de crescimento de fibroblastos), PDGF (fator de crescimento derivado 
de plaquetas), TGF-β e VEGF. 
Encistamento. Ocorre quando o material necrótico não é absorvido devido ao tamanho 
ou por barrar leucócitos, a inflamação é apenas periférica, e a absorção da área lesada é lenta. 
Eliminação. Se a zona de necrose atinge a parede de umaestrutura canalicular qu se 
comunica com o meio externo, o material necrosado é lançado nessa estrutura e daí eliminado, 
originando uma cavidade. 
Calcificação. 
 
 
 10 
 Apoptose: 
Apoptose, ou morte celular programada, é um fenômeno dependente de ATP em que 
a célula aciona mecanismos que levam à sua morte. É um processo em que não há a 
autólise, e sim uma fragmentação das células, originando os chamados corpos apoptóticos, 
que são endocitados por células vizinhas. 
É um processo fisiológico, que pode ser incitado durante uma determinada situação 
patológica. Exemplos de apoptose fisiológica são extensos, tais como a degeneração do 
timo, de membranas interdigitais, apoptose de células acinares de gll. mamárias, 
diferenciação e renovação celular, entre outros. Em outra forma, a apoptose fisiológica é 
uma resposta frequente à determinadas injurias, como infecção virótica, hipóxia, lesões por 
radicais livres, agressão imunitária, radiações ionizantes, dentre outras. 
Variadas são as vias patogênicas que podem levar à morte celular por apoptose, a 
saber: 
I. Aumento da permeabilidade mitocondrial ocasionada por irradiações, estresse 
oxidativo, agressões químicas, hipóxia, etc; denominada via intrínseca. 
II. Ativação de receptores de membrana que possuem “domínios de morte”; 
denominada via extrínseca. 
 
Independente do estimulo, três vias são mais comuns na efetivação do processo 
apoptótico: 
a) Ativação de caspases: são proteínas que clivam resíduos de acido aspártico na 
estrutura de proteínas. Caspases ativadoras (8, 9 e 10) ativam caspases efetuadoras (3, 6 
e 7), as quais clivam outras proteínas e substratos, como DNA, laminas nucleares, 
proteínas do citoesqueleto e etc. 
 
b) Liberação de enzimas mitocondriais: Em caso de alterações da permeabilidade 
de membranas mitocondriais, há liberação de citocromo c e proteínas indutoras de 
apoptose, que podem ou não atuar sobre caspases (ativadoras e/ou efetuadoras). 
Proteínas de interesse conhecidas são a SMAC (segundo ativador mitocondrial de 
caspases), AIF (fator indutor de apoptose), endonuclease G, e etc. 
 
c) Proteínas citosólicas: essas proteínas regulam a apoptose, inibindo ou 
estimulando caspases ou influenciando na permeabilidade mitocondrial. 
d) Receptores com domínios de morte: este mecanismo também conta com a 
ativação de caspases, porem a ativação da via parte de interações celulares. 
e) Apoptose por estímulos externos que não atuam em receptores de membrana. 
f) Por ação de substancias que atuam diretamente na membrana mitocondrial. 
g) Por perda de estimulo trófico ou de ancoragem na MEC ou em outras células. 
 
 
 
 
 
 
 É importante destacar que a apoptose não induz inflamação! 
Morfologicamente, é de se observar que a apoptose atinge células individualmente, células quais 
que apresentam citoplasma encolhido e denso, cromatina condensada, disposta em grumos, 
acoplados à membrana plasmática. A fragmentação do núcleo (cariorrexe) pode ser observada e, 
nesse estagio, alterações no formato celular em forma de brotos contendo ácidos nucleicos em 
seu interior podem ser descritos. Os fragmentos advindos do brotamento são chamados corpos 
apoptóticos, que são vistos ao ML intensamente basófilos (em caso de apresentarem fragmentos 
nucleares em seu interior) ou acidófilos (onde apresenta apenas citoplasma condensado em seu 
interior). 
 11 
Alterações do Interstício 
 
 
O interstício ou matriz extracelular (MEC) é constituído por uma rede complexa de 
macromoléculas que preenchem os espaços intercelulares. As macromoléculas da MEC podem estar 
estruturadas em fibras (colágenas, reticulares e elásticas) ou em forma de um complexo amorfo, 
intimamente associado às fibras. Tais macromoléculas são: 
(1) Proteínas fibrosas (colágeno e elastina), que formam as fibras colágenas, reticulares e 
elásticas; 
(2) Proteínas não fibrosas, de aderência (laminina e fibronectina), que aderem as células 
à MEC , e proteínas organizadoras com função de aderência, como ondulinas e 
tenascinas; 
(3) Glicosaminoglicanos e proteoglicanos, que formam um gel altamente hidratado, a 
SFA. 
Convém afirmar que tais macromoléculas são sintetizadas e excretadas por fibroblastos, 
condroblastos, osteoblastos e odontoblastos. Algumas células epiteliais e musculares lisas também 
as produzem, especialmente quando se trata de constituintes das lâminas basais. 
 Colágeno: 
O colágeno é a proteína mais abundante do interstício, e sua síntese se dá da seguinte 
forma: 
I. Ativação de genes das cadeias alfa, com síntese de mRNA, com expressão 
modulada por FGF-a, TGF-β e IL-1. 
II. Síntese de cadeias alfa no citoplasma (pré-pró-colágeno) que continua no 
RER. 
III. Hidroxilação e glicosilação de lisinas e hidroxilação de prolinas (prolina 
hidroxilase dependente de Vit. C). 
IV. Associação das cadeias alfa em tripla hélice (peptídeos de registro intactos), 
dando origem ao pró-colágeno, solúvel e não polimerizável. 
V. Exocitose do pró-colágeno e remoção dos peptídeos terminais por pró-
colágeno peptidases, dando origem ao tropocolágeno. 
VI. Formação de fibrilas e fibras colágenas. 
 
 Alterações de fibras colágenas e reticulares: 
Modificações em fibras colágenas e reticulares podem ocorrer devido a defeitos 
genéticos que comprometem a estrutura, síntese ou degradação do colágeno, ou a 
alterações adquiridas que interferem na sua síntese ou degradação. 
Alterações genéticas são raras, e as doenças resultantes são complexas, manifestando-
se na pele, vasos sanguíneos, intestino, globo ocular e ossos. A síndrome de Ehlers-Danlos, 
por exemplo, está associada ao comprometimento da síntese de cadeias alfa e/ou da 
deficiência de lisinas hidroxilases, comprometendo a síntese do colágeno dos tipos VI e 
VII. Sinais dessa síndrome são fibras colágenas anormais, com pouca resistência à tensão, 
pele hiperextensível, frágil e vulnerável a traumas, articulações hipermóveis, entre outros. 
Outras doenças genéticas de etiologia na síntese de colágeno são a osteogênese imperfeita e 
dentinogênese imperfeita, que estão associados à defeitos na síntese de cadeias α. 
Defeitos adquiridos do colágeno decorrem de agressões que perturbam mecanismos 
pós-transcricionais da síntese. Carencia de vitamina C, inibidores enzimáticos como os da 
lisil oxidase, plolina hidroxilase, inibidores de crosslinking e degradação excessiva do 
 12 
colágeno em sítios de inflamação são reconhecidamente fatores etiológicos que culminam 
em vários problemas na estruturação e organização da MEC. 
 
 Elastina: 
O principal componente das fibras elásticas é a elastina, proteína altamente 
hidrofóbica, não glicosilada, rica em prolina e glicina. É excretada nos espaçoes 
intercelulares onde forma filamentos e bainhas, nos quais as moléculas se ligam umas às 
outras por ligações cruzadas. Assim ligadas, as moléculas de elastina em repouco 
permanecem enoveladamente frouxas e unidas entre si; no entanto, quando estiradas, essas 
moléculas se distendem, mantendo-se unidas pelas ligações cruzadas. 
 
 Alterações de fibras elásticas: 
Podem ser congênitas ou adquiridas. As congênitas se devem a alterações gênicas, 
especialmente as relacionadas com a lisil oxidase. As adquiridas estão associadas a defeitos 
na síntese, por inibição enzimática ou a transtornos malconhecidos sobre as fibras já 
formadas. Um exemplo é a elastose de vasos e do endocárdio decorrente do aumento de 
sua síntese por fibras musculares estimuladas por maior distensão do vaso ou do 
endocárdio. Fragmentação de fibras é encontrada na derme e na parede de vasos 
sanguíneos por exposição prolongada à luz solar e na senilidade. A elastólise se deve ao 
aumento da atividade de elastases, por redução de antiproteases, a exemplo do enfisema 
pulmonar. 
 
 Glicosaminoglicanose proteoglicanos (SFA): 
Glicosaminoglicanos são polissacarídeos não ramificados, fortemente hidrofílicos, 
porem pouco flexíveis, razão pela qual se enovelam ao acaso, formando aglomerados 
frouxos que ocupam grande volume em relação à massa. A abundância de cargas negativas 
atrai vários íons catiônicos e grande quantidade de água. Essa arquitetura molecular cria um 
estado de turgência na substância fundamental que a torna capaz de suportar grande força 
de compressão. O ácido hialurônico é o principal componente dos glicosaminoglicanos. 
Proteoglicanos são sintetizados no Golgi, para onde é transportada a proteína central 
após sua síntese no RER. O número de moléculas de glicosaminoglicanos que se associam 
á proteína é variável e alguns proteoglicanos da matriz ligam-se à membrana de células ou 
são transmembranosos, funcionando como correceptores de fatores de crescimento; outros 
ficam associados à moléculas do glicocálice. 
 
 Alterações da substancia fundamental: 
Alterações isoladas da substância fundamental amorfa são raras. Pode haver 
despolimerização de poliglicanos e proteoglicanos por ação de anticorpos ou de 
imunocomplexos depositados. Imunocomplexos e células inflamatórias levam não só à 
despolimerização de poliglicanos e proteoglicanos como também a alterações em outros 
componentes da matriz, produzindo lesões mais complexas conhecidas como 
transformações do interstício. 
 
 Proteínas não fibrosas da matriz: 
Além de colágeno e elastina, a matriz extracelular contém outras proteínas 
importantes, como a fibronectina, laminina e etc. 
A fibronectina, proteína extracelular de adesão, possui sítios de ligação para 
receptores celulares (integrinas), colágeno, fibrina e heparina, e é importante na organização 
da matriz e no deslocamento de células no interstício. 
 13 
Laminina, produzida por células epiteliais, é componente essencial das laminas basais; 
sua molécula liga-se ao colágeno IV, sulfato de heparano, integrinas, toxinas bacterianas e 
lipopolissacarídeos. A tenascina e a entactina são elementos importantes na organização 
espacial da matriz extracelular. 
 
 Alterações de membranas basais: 
As membranas basais são constituídas por colágeno tipo IV, laminina e 
proteoglicanos associados em matrissomos. A integridade das membranas basais é 
importante para manter a atividade funcional dos epitélios sob os quais eles se localizam, 
além de indispensável para a função de filtro que controla a passagem de macromoléculas e 
de agregados moleculares. 
Depósitos anormais de substancias diversas podem formar-se em membranas basais 
de muitos órgãos: (a) imunocomplexos e imunoglobulinas na membrana basal de 
glomérulos, alterando a permeabilidade; (b) na amiloidose, a substancia amiloide pode 
depositar-se em membranas basais; (c) metais pesados, como mercúrio e bismuto. 
 
 Transformação do interstício: 
 
Transformação do interstício corresponde a alterações complexas dos componentes 
da MEC, sendo as principais: 
 
 Transformação hialina (hialinose): 
Caracteriza-se por depósitos acidófilos no interstício, formados por proteínas do 
plasma que exsudam e depositam-se na MEC. É o que ocorre na íntima de pequenas 
artérias e arteríolas de indivíduos com hipertensão arterial. Nesse caso, o material proteico, 
originado em parte do plasma, geralmente está associado a lipídeos, razão pela qual se fala 
em lipo-hialinose. Hialinização do interstício é uma transformação hialina na qual as fibras 
colágenas e a SF tornam-se intensamente acidófilas (eosinofílicas). As fibras colágenas 
ficam tumefeitas e mais espessas, porém homogêneas, perdendo o aspecto fibrilar normal. 
Essa hialinização é comum no queloide, em cicatrizes hipertróficas e em muitos tipos de 
fibrose. O colágeno tumefeito torna-se menos hidratado, friável, e de sua fragmentação há 
liberação de FGF, que culmina na síntese de mais colágeno. 
 
 
 Transformação mucoide: 
Consiste em aumento da substância fundamental. Com isso, há dissociação das firas 
colágenas, que ficam dispersas em fibrilas finas, conferindo ao interstício aspecto de tecido 
mucoso. Em alguns tumores, o estroma adquire aspecto mucoide também por mecanismo 
desconhecido (possivelmente por produção anormal de poliglicanos e proteoglicanos que 
expandem a arte amorfa da MEC). 
 
 Transformação fibrinoide: 
Caracteriza-se morfologicamente pelo achado, na MEC, de material acidófilo 
semelhante a depósitos de fibrina. 
 
 Amiloidose: 
A amiloidose representa um grupo de doenças que tem em comum a deposição no 
interstício de material proteico fibrilar, a substancia amiloide. Os depósitos amiloides 
formam massas de tamanho variado, e são representados por material amorfo e acidófilo 
que se deposita no interstício, comprimindo e hipotrofiando células. 
 14 
Amiloidoses podem ser sistêmicas ou localizadas; primarias ou secundarias; adquiridas 
ou hereditárias: 
(a) Amiloidose reacional ou secundaria a inflamações crônicas; 
(b) Sistêmica secundária a proliferação de plasmócitos; 
(c) Sistêmica não associada a proliferação de plasmócitos; 
(d) Associada ao Alzheimer; 
(e) Sistêmica familial da febre do Mediterrâneo; 
(f) Secundária a hemodiálise prolongada; 
(g) Familial hereditária polineuropática; 
(h) Localizada idiopática; 
(i) Amiloidose de origem endócrina associada a neoplasias; 
(j) Amiloidose senil. 
Para cada tipo de amiloidose, tipos específicos de depósitos proteicos surgem, de 
origens diversas. 
A patogênese da amiloidose é complexa e ainda pouco conhecida. Especula-se que 
haja um estímulo para a produção de um precursor que, após modificações (como 
dobramento incorreto), acumula-se em um órgão ou vai para a circulação e, através dela, 
deposita-se em diversos locais. 
 
Calcificações 
 
Calcificação patológica (ou ectópica) consiste na deposição de sais de cálcio em locais 
normalmente não calcificados. A diferença básica entre calcificações fisiológicas (como a que ocorre 
no tecido ósseo) e as patológicas, é que, na calcificação fisiológica, os depósitos minerais ocorrem 
sobre uma matriz colágena, formando o osteoide. Já em calcificações patológicas, a deposição 
mineral ocorre em outros substratos celulares (viáveis ou necróticos) e extracelulares (tecido 
conjuntivo ou secreções). 
As calcificações patológicas podem ser subdivididas em: 
(a) Calcificação distrófica; 
(b) Calcificação metastática; 
(c) Calcificação idiopática. 
 
 Calcificação distrófica: 
 Resulta de modificação local nos tecidos, estando diretamente associada a essas 
modificações e fatores locais; 
 Muitas vezes associada a uma nutrição tecidual anormal; 
 É recorrente em necroses (sobretudo locais de necrose caseosa, por coagulação e 
esteatonecrose), ocorrendo em quadros de pancreatite aguda com esteatonecrose, ateromas, 
cicatrizes, e em órgãos como glândulas salivares, pâncreas, pulmões de tuberculosos e em 
fetos mortos (litopédio) ; 
 A deposição de cálcio ocorre de maneira gradativa, iniciando-se por núcleos 
periféricos basófilos (núcleos primários), que induzem um aumento local na concentração 
de fosfato e cálcio, com remoção de inibidores da calcificação. Fosfolipideos de membrana 
representam núcleos primários, apresentando afinidade com íon Ca++, formando cristais 
 15 
inicialmente apoiados sobre a membrana celular. Vale ressaltar que ateromas e tecidos 
necróticos costumam ser abundantes em lipídeos, que podem formar microvesículas e 
assim propiciar a calcificação. 
 Fibras elásticas, colágenas, proteínas desnaturadas, fosfoproteinas, ácidos graxos e 
bactérias podem atuar como nucleadores. 
 
 Calcificação metastática: 
 Designa o tipo de calcificação resultante da reabsorção óssea e da excreção 
inadequada de íons, promovendo a deposição destes em outros locais; 
 É favorecida por hiperfosfatemiae hipercalcemia (para vias de regra, diz-se que 
sempre que as concentrações séricas de cálcio e fosfato, para um normal de 35 a 40, 
excedem 60 ou 70, ocorre calcificação metastática); 
 A precipitação de cálcio inicia-se em mitocôndrias, com aumento da 
permeabilidade celular ao cálcio proporcionado pelo PTH, podendo também iniciar-se em 
membranas basais de pulmões e rins. 
 
A principal causa de hipercalcemia é a hipersecreção de paratormônio (PTH, ativador osteoclástico), 
associada a uma hiperplasia de paratireoides ou a um hiperparatireoidismo primário ou secundário. No 
hiperparatireoidismo secundário a insuficiência renal crônica, a redução de cálcio e a retenção de fosfatos 
provoca a hiperplasia de paratireoides. Acometimento ósseo por neoplasias, doença de Paget, ou imobilização 
prolongada também podem levar à hipercalcemia. 
Depósitos de cálcio tendem a se formar em locais de pH levemente alcalino, como interior da parede 
estomacal, rins, pulmões, veias pulmonares e artérias sistêmicas. Órgãos extensamente acometidos 
apresentam-se muito endurecidos e calcários: o pulmão adquire aspecto comparado a fina esponja de banho, a 
deposição de cálcio nos túbulos renais leva à nefrocalcinose, que pode desencadear uma insuficiência renal e 
hiperparatireoidismo II. Nesse caso, é possível visualizar inúmeros focos de deposição de cálcio nos túbulos, 
não devendo ser confundidos com a litíase renal. 
 
 
 Calcificação idiopática: 
 Consiste em depósitos de calcificação geralmente cutâneos e frequentemente 
múltiplos, sem lesão prévia e com níveis séricos normais de cálcio e fosfato. As lesões 
podem ulcerar-se, permitindo drenagem do material calcário. 
 
 Patogênese: 
Os mecanismos envolvidos na calcificação patológica tem sido investigados 
particularmente quanto à calcificação arterial e de valvas cardíacas. Em artérias, pode 
ocorrer calcificação na camada média e/ou na intima, neste caso em placas ateromatosas. 
Calcificação da média leva a perda de complacência e de elasticidade do vaso, com aumento 
da pressão de pulso. Calcificação intimal em placas ateromatosas pode associar-se a 
alterações na resistência dos ateromas à ruptura, favorecendo trombose; a ruptura é mais 
comum na interface entre áreas calcificadas e não calcificadas. À medida que focos de 
calcificação coalescem (unem-se), com desaparecimento de áreas não calcificadas, o risco de 
ruptura diminui, pois reduz as zonas de interface. 
São vários indícios que demonstram que a calcificação vascular teria alguma relação 
com a mineralização fisiológica, principalmente apontando o fato de que células musculares 
arteriais são capazes de secretar proteínas da matriz óssea, como osteocalcina, BMP’s, 
osteopontina, osteoprogeterina e outros, como alguns mediadores inflamatórios derivados 
de macrófagos e monócitos. 
 16 
Cálculos 
 
A palavra cálculo é usada para designar massas sólidas, esféricas, ovais ou facetadas, 
compactas, de consistência argilosa a pétrea, que se formam em certos órgãos, particularmente 
vesícula biliar e rins. 
A composição dos cálculos varia dos cálculos varia de acordo com o órgão. Na vesícula 
biliar, formam-se a partir de modificações na composição da bile, sobretudo saturação de um de 
seus componentes, o que possibilita a precipitação de frações insolúveis, em geral em torno de um 
núcleo orgânico (células descamadas, bactérias ou o próprio muco) Podem ser únicos ou múltiplos, 
puros ou mistos, com proporções variáveis de colesterol, bilirrubinato, sais orgânicos e inorgânicos 
de cálcio e sais biliares. 
Nos rins, outra sede frequente de cálculos, a composição destes é variável, dadas as 
próprias características químicas da urina. A maioria é formada por cálcio, sob a forma de oxalatos e 
fosfatos de cálcio, podendo também haver cálculos formados por ácido úrico. Quando preenchem 
ou se amoldam aos cálices maiores e menores, fixando-se nessa localização, os cálculos são 
chamados coraliformes, Cálculos não coraliformes localizam-se na pelve renal, no ureter ou na 
bexiga. 
Em sialolitíases, concreções sólidas formam-se nos ductos de glândulas salivares. Na 
maioria dos casos, a formação do cálculo parece estar relacionada com sialadenite crônica 
obstrutiva. Estagnação de secreções ricas em cálcio ocasiona a precipitação luminal, possivelmente 
em torno de células degeneradas ou partículas de muco, formando sialólitos, sendo estes mais 
frequentes nas submandibulares. 
 
 
Pigmentações 
 
Denomina-se pigmentação o processo de formação e/ou acúmulo, normal ou patológico, 
de pigmentos no organismo. Pigmentação patológica pode ser sinal de alterações bioquímicas 
pronunciadas; em muitas doenças, o acúmulo ou a redução de certos pigmentos é um dos aspectos 
mais marcantes. 
 
 Pigmentações endógenas: 
Pigmentações endógenas resultam, em geral, de hiperprodução e acúmulo de 
pigmentos sintetizados no próprio organismo. Podem ser derivados da hemoglobina, 
melanina, ácido homogentístico e lipofuscina. 
 
 Pigmentações hemoglobínicas: 
 Pigmentos biliares: 
O principal pigmento biliar é a bilirrubina (Bb), produto final do catabolismo da 
fração heme da hemoglobina e de outras hemoproteínas. São duas as razoes para a 
atenção para com a Bb. Em primeiro lugar, porque o aumento acentuado dos níveis 
sanguíneos de Bb não conjugada, particularmente em recém-nascidos, pode causar lesão 
cerebral irreversível, morte e, nos casos de sobrevida, sequelas neurológicas permanentes. 
Em segundo lugar, porque o conhecimento de seu metabolismo é essencial pra o 
diagnóstico de um grande número de doenças do fígado e do sangue. 
 
 17 
Formação da bilirrubina. Aproximadamente 80% da Bb provêm da hemoglobina 
livre resultante da hemocatarese, que ocorre principalmente no baço, no fígado e na 
medula óssea. O restante deriva de outras hemoproteínas e do pool de heme livre. Para 
que Bb possa ser liberada a partir da hemoglobina, é necessário que a fração heme seja 
primeiro separado da fração proteica, numa reação enzimática que culmina na formação 
de biliverdina, que é rapidamente reduzida a Bb pela biliverdina redutase. Toda essa etapa 
ocorre no interior de macrófagos. 
Transporte no sangue. A Bb é lançada no sangue sob uma forma insolúvel, a 
bilirrubina não conjugada. Sendo insolúvel, ela não pode ser eliminada diretamente, sendo 
necessária sua ida ao fígado, ligada a albumina. Níveis elevados de Bb não-conjugada no 
plasma sanguíneo de recém nascidos podem ocasionar extravasamento de Bb pela barreira 
hematoencefalica ainda não desenvolvida ou lesada por hipóxia ou isquemia e causar lsao 
neuronal irreversível, resultando em sequelas fisiológicas. 
Captação, transporte e conjugação por hepatócitos. Na membrana plasmática 
sinusoidal dos hepatócitos (polo basal), existem sistemas transportadores independentes 
de sódio para diversos ânions orgânicos, como para Bb. A captação de anions orgânicos 
parece ser modulada por hormônios sexuais, especialmente (e positivamente) por 
estrógenos. A conjugação da Bb com acido glicurônico ocorre na luz do REL. A Bb 
conjugada é inócua, hidrofílica, solúvel em água e frouxamente ligada à albumina, sendo 
excretada quando tem seus níveis plasmáticos aumentados. 
Excreção em canalículos biliares. A excreção da Bb conjugada para os 
canalículos biliares depende do transporte de Bb através da membrana canalicular dos 
hepatócitos. Lançada nos canalículos biliares, a Bb conjugada flui, através dos ductos 
biliares intra e extra-hepáticos, até o duodeno. No intestino, sofre ação da microbiota e 
transforma-se em urobilinogênio, que é em parte, reabsorvido no íleo terminal e 
reexcretado pelo fígado e rins. 
 
 Hemossiderina: 
É também um pigmento resultante da degradação da hemoglobina e contem ferro. 
A hemossiderina representa uma das duas principais formas dearmazenamento 
intracelular de ferro: a outra é a ferritina. O ferro é vital para todos os seres vivos, pois 
participa de inúmeros processos metabólicos, dada sua importância, é necessário um 
equilíbrio constante entre absorção, transporte, armazenamento e utilização. Por ser 
 Icterícia é o sinal clínico causado por elevação dos níveis plasmáticos de Bb acima de 
35μM/L e sua deposição na pele, esclera, mucosas e na maioria dos tecido e órgãos, em especial 
fígado e rins, nos quais produz coloração que vai do amarelo ao negro. Microscopicamente, a Bb 
é vista como grânulos ou glóbulos amorfos de castanho-esverdeados a negros, evidentes no 
citoplasma de células de Kupffer e hepatócitos, e também na luz de canalículos biliares. 
As causas de elevação da Bb circulante e, portanto, de icterícia são muitas, pois as 
doenças que a provocam são variadas e de natureza muito diferente. Icterícias podem ocorrer 
por: 
(a) Aumento da produção de Bb em anemias hemolíticas, por exemplo; 
(b) Redução na captação e no transporte da Bb por hepatócitos, por exemplo, em 
doenças genéticas; 
(c) Diminuição na conjugação da Bb, por doenças genéticas (ex.); 
(d) Redução na excreçao celular da Bb, em doenças genéticas (ex.); 
(e) Obstrução à eliminação canlicular intra e extra-hepática da Bb, por tumores e 
cálculos (ex.); 
(f) Outros mecanismos associados, como cirrose e hepatites. 
 
 18 
Hb desoxigenada 
(vermelho-azulado ou 
negro-azulado) 
Início da degradação 
da Hb e produçao de 
biliverdina e Bb 
(Verde-azulado ou 
amarelado) 
Formação de 
Hemossiderina 
(cor ferruginosa ou 
amarelo-dourada) 
altamente reativo, o ferro em excesso é armazenado e/ou sequestrado por diversas 
proteínas, como a transferrina, a lactotransferrina, melanotransferrina, heme, ferritina e 
hemossiderina. 
A ferritina é formada pela associação da proteína apoferritina com o ferro, 
amplamente distribuída no citoplasma de eritrócitos e eritroblastos. A quantidade de 
ferritina em hemácias reflete o balanço entre a oferta de ferro para a medula óssea e a 
necessidade de síntese da hemoglobina, mostrando-se diminuída nos casos de anemia por 
deficiência de ferro. A degradação da ferritina no citosol resulta em liberação completa do 
ferro. Quando há oferta excessiva de ferro, a ferritina forma hemossiderina. Esta 
transformação dá-se pelo seguinte modo: 
I. Incorporação de ferritina do citosol em forma de agregados pelo REL, 
constituindo vacúolos autofágicos; 
II. Fusão dos vacúolos com lisossomos, formando lisossomos secundários 
(siderossomos); 
III. Desnaturação seguida de degradação enzimática das proteínas da membrana 
envoltória e da ferritina; 
IV. Persistência de agregados maciços e insolúveis de ferro, constituindo a 
hemossiderina (que aparece como grânulos intracitoplasmáticos grosseiros, 
castanho-escuros ou amarelo-dourados). 
A deposição excessiva de hemossiderina em tecidos pode ser localizada ou 
sistêmica (respectivamente denominadas hemossiderose localizada e sistêmica). A primeira 
é encontrada em hemorragias, em que a hemossiderina é vista no interior de macrófagos 
cerca de 24-48h após o início do sangramento. 
 
 
 
A deposição sistêmica de hemossiderina ocorre em consequência de aumento na 
absorção intestinal de ferro, que ocorre especialmente em anemias hemolíticas e após 
transfusões de sangue repetidas. O pigmento acumula-se em macrófagos do fígado, baço, 
medula óssea linfonodos e, mais esparsamente, nos da derme, do pâncreas e dos rins. A 
longo prazo, pode haver deposição de hemossiderina no parênquima de alguns órgãos, 
como fígado, pâncreas, coração e glândulas endócrinas. Não há, na maioria dos pacientes, 
lesão celular decorrente da pigmentação suficiente para provocar distúrbio funcional dos 
órgãos afetados. 
A hemocromatose hereditária é uma forma especial de hemossiderose sistêmica, 
na qual há um aumento na absorção intestinal de ferro. Essa absorção exagerada propicia 
a deposição absurda He hemossiderina em macrófagos, interstício e células 
parenquimatosas do fígado, pâncreas, pele, hipófise e coração, alem de outros órgãos, 
produzindo hipotrofia e fibrose do parênquima. Esse processo resulta em cirrose hepática, 
hipotrofia do pâncreas exócrino e endócrino, provocando diabetes, hipogonadismo e 
insuficiência cardíaca. 
 
 Pigmentações derivadas da melanina: 
A melanina é um pigmento cuja cor varia do castanho ao negro, cuja função-mor no 
organismo é a proteção contra a radiação UV-B, além de desempenhar ação antioxidante, 
absorver calor, cosmética, de camuflagem para algumas espécies animais e reforço da 
cutícula de insetos e da parede de células vegetais. Existem dois tipos de melanina: (a) a 
 19 
Durante o envelhecimento, há perda progressiva da pigmentação melânica dos pelos, resultando 
na formação de cabelos grisalhos e brancos. Admite-se que cabelos brancos decorram de 
apoptose, provavelmente mediada por lesão do DNA mitocondrial por estresse oxidativo, 
resultando em redução de melanócitos nos folículos pilosos. 
Hipopigmentação melânica dos núcleos do tronco encefálico que contêm neuromelanina é uma 
das alterações mais evidentes na doença de Parkinson. A perda da neuromelanina nessa doença 
deve-se À destruição progressiva dos neurônios pigmentados da substância negra. 
eumelanina, insolúvel, de coloração castanha a negra com a ação foto protetora e 
antioxidante; (b) feomelanina, solúvel em solução alcalina, de coloração amarela a 
vermelha, também antioxidante. A tonalidade da pele e de pelos varia conforme a 
proporção destes dois tipos de melanina. 
A síntese de melanina ocorrem em melanócitos (originados de células precursoras da 
crista neural), que constituem, na pele, cerca de 10% da população da coamada basal da 
epiderme, no interior do chamado melanossomo. O precursor geral para a síntese de 
melanina é a tirosina. 
 
 Hiper e hipopigmentação melânicas: 
A produção excessiva e a redução da síntese de melanina são frequentes e originam 
numerosas doenças, causadas por disfunção de uma ou mais etapas da melanogênese. 
A hiperpigmentação pode ser produzida por: 
a) Aumento no número de melanócitos normais e neoplásicos; 
b) Incremento da melanogênese; 
c) Produção de melanossomos gigantes; 
d) Defeito na eliminação de melanina através da epiderme. 
As lesões hiperpigmentadas mais comuns são efélides (sardas), nevos e melanomas. 
Ao lado dessas doenças, diversas substâncias podem causar hiperpigmentação melânica, 
como medicamentos (levodopa, sulfonamidas, cloroquinas), anticoncepcionais orais, 
metais pesados e agentes quimioterápicos. 
A hipopigmentação pode ser congênita (albinismo, p.ex.) ou adquirida (p. ex., 
vitiligo), e é causada por: 
a) Migração e diferenciação anormal de melanoblastos; 
b) Redução da atividade da tirosinase; 
c) Estrutura anormal dos melanossomos; 
d) Diminuição da melanização dos melanossomos; 
e) Redução da transferência de melanossomos para os queratinócitos; 
f) Aumento da degradação dos melanossomos em melanócitos. 
 
 Pigmentações Exógenas: 
Pigmentos diversos penetram no organismo junto com o ar inspirado e com os 
alimentos ingeridos, ou são introduzidos por via parenteral. As partículas depositam-se, em 
geral, nos pontos do primeiro contato com as mucosas ou a pele. Aí podem ser retidas, 
eliminadas ou transportadas para outros locais via circulação sanguínea ou linfática., ou por 
macrófagos. 
Antracose. Decorre da deposição de derivados de carvão por inalação, sendo 
frequente em fumantes e moradores de regiões com altos índices de poluição atmosférica. 
Outras denominações podem ser empregadas pela origem do material depositado, tais 
 20 
como pulmão da choupana ou doença pulmonar por partículas adquiridas domesticamente. Uma vez 
inalado, o pigmento é fagocitado por macrófagos alveolarese transportado aos linfonodos 
regionais. O grande acúmulo de pigmento pode acompanhar-se de fibrose e levar a 
diminuição considerável da capacidade respiratória. 
Argiria. É a deposição de sais de prata em tecidos, em geral sob a forma de sulfetos 
de prata. Nos olhos, é denominada argirose. 
Tatuagem. É uma forma de pigmentação exógena em geral limitada à pele, que 
resulta da introdução de pigmentos insolúveis na derme, proposital ou acidentalmente. No 
primeiro caso, pigmentos são inoculados (com agulhas), conforme o desejo e tempo de 
permanência almejados, na derme ou no estrato córneo da epiderme. O pigmento 
inoculado é fagocitado sobretudo por macrófagos, podendo também ser fagocitado por 
cels. endoteliais e fibroblastos, também sendo encontrado na MEC. Queratinócitos 
fagocitam os pigmentos quando estes são inoculados mais superficialmente, na epiderme. 
 
 
Distúrbios da Circulação 
 
A circulação do sangue e a distribuição de líquidos no organismo são feitas pela ação 
coordenada do coração, dos vasos sanguíneos e Fo sistema linfático. As artérias conduzem o sangue 
aos tecidos; na microcirculação ocorrem as trocas metabólicas; as veias retornam o sangue ao 
coração, que o movimenta continuamente; cabe aos vasos linfáticos o papel de reabsorver o excesso 
de líquidos filtrado na microcirculação. 
A circulação do sangue exerce três tipos de força ou pressão sobre os vasos: (1) compressão 
radial/distensão (tensão) causada pela pressão intraluminal; (2) extensão longitudinal, provocada por 
hiperextensão do vaso; (3) cisalhamento (shear stress), que atua tangencialmente na superficie interna 
do vaso e tende a raspar as células endoteliais. O cisalhamento é diretamente proporcional À 
velocidade do fluxo e inversamente proporcional ao diâmetro vascular. Quando essas forças 
ultrapassam a resistência da parede, surgem lesões variadas, como dilatações ou rupturas vasculares. 
A regulação do fluxo sanguíneo nos capilares é feita pelas arteríolas. Nem todos os capilares 
estão abertos ao mesmo tempo, e o volume de sangue é muito menor do que o espaço vascular de 
todos os capilares. Isso significa que a irrigação dos tecidos ocorre de modo alternado por causa da 
abertura e do fechamento das arteríolas por períodos curtos em diferentes partes dos órgãos. 
 
|Hiperemia 
 
Hiperemia consiste no aumento da quantidade de sangue no interior dos vasos de um órgão 
ou território orgânico. Hiperemia pode ser ativa ou passiva, aguda ou crônica. 
Hiperemia ativa consiste em dilatação arteriolar com aumento do fluxo sanguíneo local. A 
vasodilatação tem origem simpática ou humoral e leva à abertura de capilares “inativos” o que 
resulta na coloração rosa intensa ou vermelha do local atingido e em aumento da temperatura. Ao 
microscópio, os capilares encontram-se repletos de hemácias. Hiperemia ativa pode ser: fisiológica, 
quando há necessidade de maior irrigação, como ocorre nos músculos esqueléticos durante o 
exercício, na mucosa gastrointestinal durante a digestão, na pele em ambientes quentes (para 
aumentar a perda de calor) ou na face diante das emoções; ou patológica, que acompanha inúmeros 
processos patológicos, principalmente inflamações agudas. 
Hiperemia passiva também conhecida como congestão, decorre de redução da drenagem 
venosa, que provoca distensão de veias distais, vênulas e capilares; por isso mesmo, a região 
comprometida adquire coloração vermelho-escura, devido à alta concentração de hemoglobina 
 21 
desoxigenada. Pode ser localizada (obstrução de uma veia) ou generalizada (insuficiência cardíaca). 
Congestão pode ser causada por obstrução intrínseca de uma veia (compressão do vaso, trombose, 
torção de pedículo vascular, etc.) ou por redução do retorno venoso, como o que acontece na 
insuficiência cardíaca. Na insuficiência cardíaca esquerda ou em casos de estenose ou insuficiência 
da valva mitral, surge congestão pulmonar; na insuficiência cardíaca direita, há congestão sistêmica. 
Na congestão aguda, os vasos mostram-se distendidos e o órgão é mais pesado; na crônica, o órgão 
pode sofrer hipotrofia e apresentar micro-hemorragias antigas. Como na hiperemia passiva há 
aumento da pressão hidrostática intravascular, congestão e edema encontram-se muitas vezes 
associados. As hiperemias passivas mais importantes são dos pulmões, do fígado e do baço. 
Na congestão pulmonar, os capilares alveolares encontram-se cheios de sangue e dilatados; 
os septos tornam-se alargados por edema intersticial e, ao longo prazo, sofrem fibrose e ficam 
espessados. Por causa de microrrupturas de capilares, há passagem de hemácias para os alvéolos e 
sua fagocitose por macrófagos alveolares, os quais passam a constituir as chamadas “células da 
insuficiência cardíaca”. Congestão é causa frequente de importante de edema pulmonar. 
Congestão hepática, aguda ou crônica, é provocada na maioria das vezes por insuficiência 
cardíaca congestiva, e, menos comumente, por obstrução das veias hepáticas ou da veia cava 
inferior. Na congestão aguda, o fígado encontra-se discretamente aumentado de peso e volume e 
tem coloração azul-vinhosa; ao corte, flui sangue das veias centrolobulares dilatadas. Na congestão 
crônica, o órgão tem coloração vermelho-azulada, e as regiões centrolobulares ficam deprimidas e 
circundadas por parênquima hepático às vezes amarelado, conferindo o aspecto de noz-moscada. 
Ao microscópio, os sinusoides são alargados e os hepatócitos centrolobulares estão hipotróficos por 
hipóxia. Em fase avançada, pode haver necrose e hemorragia centrolobulares e fibrose das veias 
centrolobulares e dos sinusoides. 
Congestão do baço aguda é causada sobretudo por insuficiência cardíaca; o órgão encontra-
se pouco aumentado de volume, cianótico e repleto de sangue. Congestão crônica é encontrada 
principalmente em casos de hipertensão porta. O baço é aumentado de volume, endurecido por 
fibrose e com focos de hemorragia recente ou antiga. A esplenomegalia congestiva pode 
acompanhar-se de hiperesplenismo, que se caracteriza por anemia, leucopenia e plaquetopenia, 
isoladas ou associadas (pancitopenia). Retirada cirúrgica do baço corrige o hiperesplenismo. 
 
 
|Edema 
É o acúmulo de líquido no interstício* ou em cavidades do organismo. Pode ser localizado 
ou sistêmico e, de acordo com sua composição, transudato ou exsudato. Transudato é um líquido 
com baixo teor de proteínas e com densidade <1.020 mg/mL. A existência de um transudato indica 
que a permeabilidade vascular continua preservada, permitindo a passagem de água, mas não a de 
macromoléculas e proteínas. Macroscopicamente, o transudato é um liquido claro e seroso. 
Exsudato é um líquido rico em proteínas e com densidade >1.020 mg/mL. Indica um aumento da 
permeabilidade vascular, o que resulta caracteristicamente da ação de substancias liberadas nos 
processos inflamatórios. Macroscopicamente, o liquido é turvo e, devido ao teor de fibrinogênio, pode 
mostrar precipitado de proteínas. O exame citológico desse liquido revela ainda a presença de cels. 
inflamatórias. 
Os edemas de cavidades recebem nomes particulares, formados pelo prefixo “hidro-” 
seguido do local do edema (p. ex. hidrotórax, hidropericárdio, hidroperitônio (ou ascite). Anasarca é 
o nome pelo qual se denomina o edema generalizado, geralmente grave e com amplo aumento 
tecidual subcutâneo. 
 
 
 
 22 
 Etiopatogênese: 
 
A patogênese dos edemas pode ser compreendida a partir do conhecimento dos 
fatores que regulam o transporte dos líquidos na microcirculação. A homeostase dos 
líquidos é regulada por: 
a) Receptores da pressão intraluminal; 
b) Receptores para volume; 
c) Concentração de sódio no plasma; 
d) Hormônios (h. natriurético atrial, ADH, 
renina); 
e) Sistema nervoso (estimulação da sede ou 
sudorese); 
f) Aquaporinas de membrana. 
 
A diferença das pressões hidrostáticae 
oncótica movimenta os líquidos entre os vaso e o 
interstício. Quando a diferença de pressões 
hidrostáticas intra e extravascular é maior que a 
diferença ente as pressões oncóticas intra e 
extravascular, ocorre saída de líquidos dos vasos; 
quando a situação se inverte, ocorre reabsorção de 
líquidos. Normalmente, os capilares e vênulas 
conseguem reabsorver 85% do filtrado para o 
interstício; os 15% restantes são drenados pelo 
sistema linfático. 
De acordo com esses princípios, o edema 
forma-se pelos seguintes mecanismos: 
I. Aumento da pressão hidrostática 
intravascular; 
II. Redução da pressão oncótica do plasma; 
III. Aumento da permeabilidade capilar, com 
saída de líquidos e proteínas para o interstício; 
IV. Aumento da pressão oncótica intersticial; 
V. Obstrução da drenagem linfática. 
 
 
 
 Edema generalizado: 
Caracteriza-se por aumento de líquido intersticial em muitos dos órgãos. Manifesta-se 
predominantemente no subcutâneo, sendo mais evidente nos pés, nos tornozelos, pernas, 
região sacral, e região periorbitária. O edema generalizado é provocado por fatores que 
atuam de maneira sistêmica e forma-se em inúmeras situações, descritas a seguir: 
 Redução da pressão oncótica do plasma, que leva a uma redução do volume 
intravascular e acúmulo de água em todos os órgãos. Com redução do volume 
intravascular, há ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona, que promove 
maior retenção de Na+ e água pelos rins, realimentando o edema. 
 Insuficiência cardíaca: na insuficiência cardíaca esquerda, há aumento da pressão 
capilar pulmonar e hiperemia passiva, podendo culminar num edema pulmonar. 
Quando a insuficiência é do coração direito, aparece edema nos membros inferiores, 
na região sacral, e nas cavidades pleural, pericárdica ou peritoneal. Quando o débito 
Etiopatogênese dos Edemas 
Aumento da Pressão Hidrostática Intravascular 
Insuficiência cardíaca congestiva 
Cirrose hepática (hipertensão porta) 
Obstrução do retorno venoso 
Trombos; 
Compressão externa dos vasos (neoplasias, etc.) 
Imobilização (falta da “bomba muscular”); 
Força da gravidade (posição ortostática). 
 
Alterações da Pressão Oncótica 
Diminuição da pressão oncótica plasmática 
Perda de proteínas 
Glomerulopatias (síndrome nefrótica); 
Gastroenteropatias. 
Redução da síntese proteica 
Desnutrição; 
Cirrose hepática. 
Aumento da pressão oncótica intersiticial 
Aumento da permeabilidade capilar 
Toxinas bacterianas; 
Reação imunitária (p. ex. anafilaxia); 
Aminas vasogênicas (ex. picadas de insetos); 
Toxinas (armas químicas tipo gás mostarda); 
Alterações metabólicas (uremia, hipóxia, 
choque); 
Aumento de substâncias hidrofílicas no interstício 
Hipotireoidismo; 
Mucopolissacaridoses. 
 
Obstrução linfática 
Inflamações; 
Parasitos (p. ex. filariose); 
Neoplasias em linfonodos; 
Retirada cirúrgica de linfonodos (ex. câncer de mama); 
Radioterapia. 
 23 
cardíaco cai, há estímulo do sistema adrenérgico (sobre receptores α1-adrenérgicos 
periféricos) com vasoconstrição e diminuição da filtração glomerular, causando 
retenção de sódio e água. 

 Proteinúria, cirrose hepática: A redução de proteínas plasmáticas, seja por excreção 
exacerbada ou síntese insuficiente, leva à diminuição da Poncótica. 
 
 Edema localizado: 
É provocado por um fator que atua localmente, podendo, às vezes, ser a manifestação 
inicial de edema generalizado. As principais sedes e causas de edema localizado estão 
descritas a seguir: 
 Edema de membros inferiores: pode ser provocado por insuficiência cardíaca ou por 
causa locais, como obstrução da veia cava inferior (por tromboses, neoplasias, 
gravidez, ascite, etc.); obstrução linfática como acontece na filariose ou na remoção de 
linfonodos; e ainda na insuficiência valvular venosa. 
 Edema pulmonar: o leito capilar pulmonar é algo particular. Aumento da pressão 
capilar, redução da pressão oncótica intravascular ou agressão aos capilares pode, 
isolados ou em conjunto, provocar edema pulmonar. Quando isso acontece, o liquido 
acumula-se inicialmente nos septos interalveolares (nos quais não existem vasos 
linfáticos); se a causa persistir, o liquido passa para os alvéolos. O acúmulo de líquidos 
no interstício causa redução da distensibilidade pulmonar, prejudicando a aeração; 
além disso, causa prejuízo nas trocas gasosas por causa do espessamento dos septos; 
as trocas gasosas ficam ainda mais prejudicadas quando há inundação dos alvéolos 
pelo liquido extravasado, pois este não permite o fluxo de ar. Em muitas situações, há 
também agressão endotelial, o que provoca perda de proteínas, causando aumento da 
pressão oncótica intersticial e intensificação do edema. 

 Edema Cerebral: Consiste num aumento de liquido intersticial e/ou *intracelular no 
tecido nervoso. Como o cérebro não dispõe de drenagem linfática e como a calota 
craniana é rígida, pequenos aumentos do volume cerebral por edema são suficientes 
para causar aumento da pressão intracraniana. O paciente com edema cerebral 
apresenta cefaleia, vômitos, tontura e, nos casos mais graves, perda da consciência e 
óbito. 
 
|Hemorragia 
 
Hemorragia ou sangramento é a saída do sangue do espaço vascular para o compartimento 
extravascular ou para fora do organismo. Pode ser, portanto, interna ou externa e recebe nomes 
particulares segundo sua localização. Sangramento pode ocorrer com ou sem solução de 
continuidade do vaso. 
Pode ocorrer por rexe, ou seja, por ruptura dq parede vascular ou do coração, geralmente 
associados à traumas, enfraquecimentos da parede vascular ou hipertensão; por diapedese, estando 
relacionada a alterações das células endoteliais e/ou na membrana basal dos vasos (causadas por 
anóxia, embolia gordurosa, septicemia por meningococos, e reações de hipersensibilidade mediada 
por IgE, ou de tipo I). 
A hemorragia tecidual pode ocorrer com padrões distintos, cada um com suas implicações 
clinicas próprias: 
 A hemorragia pode ser externa ou estar confinada dentro de um tecido. Qualquer 
acúmulo nos tecidos é chamado de hematoma. Os hematomas podem ser 
relativamente insignificantes ou tão graves que resultam em óbito. 
 24 
 Hemorragias minúsculas (1 a 2 mm) na pele, nas membranas mucosas ou nas 
superfícies serosas são chamadas de petéquias. Estão comumente associadas ao 
aumento local da pressão intravascular, trombocitopenia ou defeitos da função 
plaquetária. 
 Hemorragias levemente maiores (≥ 3 mm) são chamadas de púrpuras. Estas podem 
estar associadas Às mesmas doenças que causam petéquias, ou podem ser 
secundárias a trauma, inflamação vascular (vasculite) ou a aumento da fragilidade 
vascular (p. ex. na amiloidose). 
 Hemorragias localizadas no interior de órgãos, com destruição parcial dos mesmos e 
manifestações gerais súbitas recebem o nome de apoplexias. Geralmente decorrem de 
torções de pedículos vasculares, traumas, acometendo geralmente trechos do 
intestino delgado, testículos e ovários. 
 Hematomas subcutâneos maiores (> 1 a 2 cm) são chamados equimoses. Os glóbulos 
vermelhos nessas lesões são degradados e fagocitados pelos macrófagos, levando às 
pigmentações hemoglobínicas. 
 Dependendo da localização, um grande acúmulo de sangue em uma cavidade 
corporal é denominado de hemotórax, hemopericárdio, hemoperitônio ou hemartrose. Os 
pacientes com sangramento excessivo podem desenvolver icterícia pela destruição 
intensa de glóbulos vermelhos e hemoglobina. 
As consequências das 
hemorragias são variadas e 
dependem da quantidade de sangue 
perdido, da velocidade da perda e do 
local afetado. As principais 
consequências ou complicações são: 
(1) choque hipovolêmico, quando 
há perda rápida de grande 
quantidade de sangue (>20%); (2) 
anemia, quando o sangramento é de 
caráter crônico e intermitente;(3) 
asfixia, em casos de hemorragia 
pulmonar intensa; (4) 
tamponamento cardíaco, que ocorre 
especialmente após ruptura 
ventricular. O sangue extravasado 
ocupa todo o espaço pericárdico e, 
como a pressão do sangue extravasado é superior à pressão venosa dos átrios e das veias cavas e 
pulmonares, surgem compressão dessas estruturas e redução do enchimento diastólico, queda 
acentuada do débito cardíaco e choque cardiogênico. (5) hemorragia intracraniana que, quando 
compromete regiões vitais e/ou tem intensidade ou tempo elevados, pode ocasionar a morte do 
paciente. 
 
 
 
Nomenclatura das hemorragias 
Epistaxe Hemorragia das fossas nasais. 
Equimose Sangramento em pequenos focos, maiores que as petéquias. 
Hemartrose Sangue nas articulações . 
Hematêmese Vômito de sangue. 
Hematoma Sangramento circunscrito formando coleção volumosa. 
Hematúria Sangue na urina. 
Hemopericárdio Sangue na cavidade pericárdica. 
Hemoperitônio Sangue na cavidade peritoneal. 
Hemoptise Expectoração de sangue. 
Hemotórax Sangue na cavidade pleural. 
Melena Sangue nas fezes. 
Menorragia Menstruação prolongada ou profusa, em intervalos regulares. 
Menstruação Sangramento uterino clínico e fisiológico da mulher. 
Metrorragia Sangramento uterino irregular entre os ciclos. 
Otorragia Sangramento pelo conduto auditivo externo. 
Petéquia Sangramento puntiforme. 
Púrpura Múltiplos pequenos focos de sangramento. 
Sufusão Sangramento plano, difuso e extenso em mucosas. 
Diátese hemorrágica é definida como a tendência a sangramentos sem causa aparente 
(hemorragias espontâneas) ou hemorragia mais intensa ou prolongada após traumatismo. Diátese 
hemorrágica deve-se a anormalidades da parede vascular, das plaquetas e dos sistemas de 
coagulação ou de fibrinólise. 
 25 
Trombose 
Lesão Endotelial 
Alteração do Fluxo 
Sanguíneo 
Hipercoagulabilidade 
do Sangue 
|Choque 
 
O choque pode ser definido como a condição em que há falência circulatória caracterizada 
por queda abrupta na pressão arterial, hipoperfusão generalizada de tecidos e órgãos e hipóxia 
celular. Com exceção do choque séptico, os pacientes apresentam pele pálida e úmida, extremidades 
frias, colapso de veias superficiais, hipotensão arterial, distúrbios do estado de consciência e 
insuficiência respiratória e renal. No choque séptico, a pele mostra-se inicialmente rosada, quente e 
bem irrigada. Mais tarde, surgem hipotensão arterial, distúrbios da consciência e insuficiência 
respiratória e renal. 
► O choque cardiogênico instala-se quando o coração torna-se incapaz de bombear 
adequadamente o sangue. Isso ocorre geralmente quando há destruição extensa do 
miocárdio, sobretudo quando acomete o ventrículo esquerdo; quando o coração torna-se 
incapaz de realizar uma contração efetiva; quando ocorre bloqueio mecânico do órgão 
como no tamponamento cardíaco. 
► O choque hipovolêmico ocorre quando há perda súbita de quantidade apreciável 
de líquidos do organismo, podendo ser provocado por sangramento intenso, perda de 
plasma ou desidratação. 
► O choque séptico é provocado sobretudo por infecções por patógenos Gram
_ 
LPS 
e menos frequentemente por bactérias Gram+. Nesses casos, ocorre liberação de vários 
mediadores químicos, podendo ocorrer ativação generalizada de leucócitos conhecida como 
síndrome de resposta inflamatória sistêmica. A liberação de citocinas e de TNF-α ativa 
cels. endoteliais e a geração de radicais livres, enquanto a liberação de proteases lesa 
o endotélio. 
► O choque anafilático resulta de uma reação antígeno-anticorpo mediada por IgE 
na superfície de mastócitos e basófilos, provocando a liberação de várias substâncias. O 
efeito mais grave das substâncias liberadas é dilatação de grande número de vasos na 
microcirculação, o que resulta na queda da pressão arterial (P.A.) e do retorno venoso ao 
coração. 
► O choque neurogênico é menos frequente e caracteriza-se por desregulação 
neurogênica que resulta em redução do tônus de artérias e veias, queda na resistência 
vascular periférica e diminuição do retorno venoso ao coração. 
 
 
|Trombose 
 
É o processo patológico caracterizado pela solidificação do sangue dentro dos vasos ou do 
coração, em indivíduo vivo. Trombo é a massa sólida formada pela 
coagulação do sangue. Coágulo, por outro lado, significa massa não 
estruturada de sangue fora dos vasos ou do coração ou formada post-
mortem. 
Os trombos podem ser venosos ou arteriais. Os venosos 
são formados primariamente por hemácias presas em uma rede 
de fibrina, além de algumas plaquetas, e formam-se em áreas de 
estase após ativação do sistema de coagulação. Os trombos 
arteriais contêm principalmente plaquetas, possuem 
relativamente pouca fibrina e formam-se em locais com 
lesão endotelial e fluxo sanguíneo de alta velocidade. 
 
 
Tríade de Virchow 
 26 
Etiopatogênese. Resulta de ativação patológica do process normal da coagulação 
sanguínea, que pode ocorrer quando existe: (1) lesão endotelial; (2) alteração do fluxo sanguíneo; (3) 
hipercoagulabilidade do sangue. A lesão endotelial promove a adesão de plaquetas ao tecido 
conjuntivo subendotelial. Alterações do fluxo sanguíneo favorecem a trombose. Retardamentos do 
fluxo (provocados por insuficiência cardíaca, vasodilatação, aumento do hematócrito, aumento da 
viscosidade, redução da contração vascular em acamados e ainda eventos da síndrome da 
hiperviscosidade) diminuem a velocidade sanguínea, favorecem a agregação de hemácias e plaquetas, 
e ainda aumentar a permanência de fatores da coagulação ativados no local. O aumento da 
velocidade ou a presença de turbulências (sobretudo em regiões de bifurcações, aneurismas, e 
emergência de ramos arteriais) provocam alterações do fluxo laminar e aumento das forças de 
cisalhamento. A hipercoagulabilidade, provocada por aumento do número de plaquetas 
(trombocitose) ou de suas modificações funcionais, além de outras alterações de fatores pró- ou 
anticoagulantes, congênitas ou adquiridas. 
 
Evolução e consequências. Logo depois da formação de um trombo, ocorre ativação do 
sistema de fibrinólise e iniciam-se reações locais relacionadas com a organização desse sistema. A 
interação desses três elementos (formação, lise e organização) determina a evolução e as 
consequências da trombose. 
► Crescimento: se o processos de coagulação predomina sobre o a trombolise, ocorre 
aumento do trombo, podendo fazer com que este oclua a luz vascular. Desta oclusão da 
luz vascular pode ocorrer isquemia, quando o trombo é arterial; ou dificuldade no retorno 
venoso, provocando edema, quando o trombo encontra-se em veias. Dependendo do 
tempo em que o trombo fique na veia, e do seu grau, pode também levar à isquemia. 
► Lise: quando o sistema fibrinolítico é muito ativo, pode ocorrer dissolução total ou 
parcial do trombo, inclusive com restabelecimento da integridade vascular. A lise de 
trombos é estimulada por substancias ditas trombolíticas e é mais eficiente quando a 
fibrina depositada ainda não se encontra estabilizada. 
► Organização: nos casos de equilíbrio entre coagulação e fibrinólise, neoformação e 
lise são simultâneas nas margens do trombo, de modo que seu volume permanece 
constante. A partir do segundo dia, o endotélio se adere sobre a superfície do trombo 
(reendotelização). A região central do trombo, com baixa irrigação, sofre necrose e os 
restos celulares são aos poucos fagocitados e há migração e proliferação simultânea de 
fibroblastos e células endoteliais, formando um tecido de granulação semelhante ao 
encontrado em qualquer tecido em cicatrização. Nesse momento, o trombo pode evoluir 
de dois modos: (1) incorporação à parede do vaso ou do coração; (2) recanalização. No 
ultimo caso, os capilares neoformados crescem e anastomosam-se amplamente ao mesmo 
tempo em que os fibroblastos, com progressivo

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