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Microbiota normal do corpo animal Profa. Ms. Priscilla Maria Carvalho Oliveira Microbiota normal de um hospedeiro saudável A microbiota normal consiste de uma grande variedade de bactérias e fungos, encontrados sobre ou nas cavidades de animais saudáveis, sem a produção de doença. As superfícies do corpo em contato com o meio exterior, como pele, cavidade oral, trato respiratório superior, trato gastrointestinal, porção distal da uretra e vagina, são colonizados por uma comunidade de microrganismos que constituem a microbiota normal composta principalmente por bactérias e, em menor escala, fungos. Os tecidos internos do corpo saudável estão usualmente livres de microrganismos. A microbiota pode ser classificada em residente e transitória. Microbiota residente – consiste em tipos relativamente fixos de microrganismos, encontrados com regularidade em determinadas áreas, podendo sofrer alterações relacionadas com a idade, em algumas regiões do organismo. Microbiota transitória - formada por microrganismos provenientes do meio ambiente, que habitam a pele e as mucosas por horas, dias ou semanas, não se estabelecendo de forma permanente. • A microbiota intestinal dos animais jovens difere, acentuadamente dos animais mais velhos. A microbiota é influenciada pela localização geográfica, estada nutricional e clima. • Os estudos mais antigos sobre a microbiota normal dos animais domésticos negligenciavam o número dos microrganismos anaeróbios obrigatórios dos intestinos. A microbiota normal dos animais domésticos não tem sido tão estudada como na medicina humana. • A pouca informação obtida revela que ela é, provavelmente semelhante à microbiota do homem. Algumas bactérias podem ser isoladas sobre a superfície e no corpo de animais. Os microrganismos que se comportam como possíveis patógenos se diferenciam por seus efeitos aos diferentes tecidos de um mesmo hospedeiro. E coli que é comensal no intestino pode originar uma enfermidade grave no trato urinário e na cavidade peritonial. Alguns microrganismos comensais, em determinado habitat, podem tornar-se patogênico em outro habitat modificado patologicamente ou imunossuprimido, por outra causa qualquer. Deste modo, os estreptococos da cavidade oral que acidentalmente, passam à corrente circulatória podem colonizar uma válvula cardíaca lesionada e iniciar uma endocardite bacteriana. Se não houvesse esta lesão, os estreptococos seriam eliminados pelos macrófagos. O mesmo acontece com as bactérias intestinais que são levadas ao sistema circulatório, sendo posteriormente eliminadas por mecanismos de defesa tanto humoral como celular. No hospedeiro não competente, entre os quais, se incluem os animais recém nascidos que não tenham ingerido colostro, a penetração destes microrganismos pode desencadear uma septicemia fatal. Origem da microbiota normal Sob o ponto de vista microbiológico quando o feto inicia seu trânsito, através do canal do parto, ele é estéril. O feto entra em contato com microrganismos após o parto ou após o seu nascimento. O ambiente imediato ao recém-nascido está repleto de microrganismos que são eliminados pela mãe ou por outros animais. Estes agentes são ingeridos, competindo por nichos e, com o tempo, se estabelecem como parte da microbiota normal. Durante os primeiros dias ou meses de vida do hospedeiro a microbiota se encontra em estado de fluxo pelo intercâmbio de microrganismos correspondentes a nichos do hospedeiro em conseqüência da mudança de dieta. Origem da microbiota normal Cada parte do corpo animal, em condições ambientais especiais, tem sua própria mistura particular de microrganismos. A predileção dos microrganismos por um sítio é influenciado por propriedades como temperatura, pH, presença de nutrientes. Efeitos de agentes antimicrobianos sobre a microbiota normal A administração de agentes antimicrobianos causa ruptura do balanço ecológico entre hospedeiro e microbiota. A extensão das alterações depende do espectro, da dose, da via de administração. Deve ser salientado que o transporte de agente antimicrobianos pela mucosa intestinal e vaginal, pelas glândulas salivares e sudoríparas ou na bile interfere com a microbiota de diversos locais anatômicos. Efeitos da microbiota indígena A microbiota indígena exerce numerosos efeitos, tanto na defesa do hospedeiro como na produção de nutrientes, no processo digestivo e no desenvolvimento de tecidos e órgãos. Eventualmente, pode constituir importantes reservatórios de agentes etiológicos para doenças infecciosas. DEFESA DO HOSPEDEIRO A microbiota indígena pode atuar na proteção contra infecções através da exclusão de microrganismos e da estimulação do sistema imunitário. O termo “interferência bacteriana” refere-se a habilidade de determinado organismo de proteger o hospedeiro contra a invasão por microrganismo exógenos, interferindo com sua capacidade de adesão ou produzindo substâncias antagonistas ou tóxicas, como bacteriocinas, ácidos ou peróxido de hidrogênio. Bacteriocinas produzidas por estreptococos do grupo viridans são consideradas barreiras importantes contra a colonização da orofaringe por Streptococcus pneumoniae, Streptococcus pyogenes e bastonetes Gran negativos. De maneira semelhante a produção de ácidos graxos de cadeia curta pela microbiota do intestino grosso pode dificultar a colonização do órgão por patógenos Boca e nasofaringe Micrococos (aeróbios e anaeróbios; pigmentados e não pigmentados), Staphylococcus e Streptococcus hemolíticos e não hemolítico; Bacillus spp; lactobacilos; bacilos fusiformes, Actinomyces, Veillonella e outros cocos Gram negativos, coliformes e Proteus spp, espiroquetas, micoplasmas, Pasteurella spp, difteróides, pneumococos, leveduras incluindo, Candida albicans e Haemophilus spp Jejuno e Íleo Um pequeno número de bactérias está presente nesta porção do trato intestinal dos animais. Intestino Grosso Streptococcus fecais, E. coli, Enterobacter, Klebsiella, Pseudomonas spp, Proteus spp, estafilococos, clostrídios: Clostridium perfringens; C. septicum e outras espécies (anaeróbios Gram negativos, espiroquetas, lactobacilos). Traquéia, Brônquios e Pulmões Poucas bactérias e fungos residem nestas estruturas. Vulva Difteróides, micrococos, coliformes e Proteus spp, enterococos, leveduras, anaeróbios Gram negativos. As mesmas espécies de organismos e outros podem ser encontrados no prepúcio dos machos. Vagina O número e tipo de bactérias que podem ser identificadas com o ciclo sexual e a idade. A porção anterior da vagina e a cérvice de éguas saudáveis possuem poucas bactérias. Alguns dos microrganismos recuperados da vagina são estreptococos hemolíticos e não hemolítico, coliformes e Proteus spp, difteróides e lactobacilos, micoplasmas, fungos e leveduras. Pele Há uma grande e variada flora sobre pêlo e pele. Staphylococcus epidermidis e S. aureus, comumente ocorrem assim como outros micrococos. Dos muitos organismos isolados não se sabe se faz parte da microbiota residente ou transitória. Leite Micrococos, estafilococos, estreptococos não hemolíticos micoplasmas e difteróides, incluindo Corynebacterium bovis estão freqüentemente, presentes nas glândulas mamária de animais aparentemente hígidos 2
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