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pens pol MAQUIAVEL

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Pensamento Político de Maquiavel
(1469-1527)
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O pensamento político anterior a Maquiavel
O pensamento político medieval é teocrático (Sto. Agostinho - V – fé sobrepõe-se /Sto. Tomás de Aquino - XIII – fé abrindo espaço para razão).
 O pensamento político renascentista recusa a idéia de teocracia, mas afirmava que o poder político só seria legítimo e justo se estivesse de acordo com a vontade de Deus e a Providência Divina – agora não dogmático, mas ecumênico e intelectualizado.
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Semelhanças entre os dois estilos de pensamento:
Remetem-se ao ideário cristão.
Fundamentam a política em Deus, na Natureza ou na Razão, ou seja, em elementos anteriores e exteriores à política, servindo de fundamentos a ela.
Afirmam que a política é a instituição de uma comunidade una e indivisa, cuja finalidade é realizar o bem comum e a justiça.
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A boa política é feita pela comunidade harmoniosa, pacífica e ordeira.
O bom governo depende da ação de um príncipe virtuoso e racional, portador da justiça, da harmonia e da indivisibilidade da comunidade.
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O pensamento político de Maquiavel
Para formular sua teoria política, Maquiavel partiu da experiência real de seu tempo.
Observou, como diplomata e conselheiro dos Governantes de Florença, as lutas europeias de centralização monárquica.
Viu a ascensão da burguesia comercial das grandes cidades e a fragmentação da Itália, dividida em reinos, ducados, repúblicas e Igreja.
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Coordenadas teóricas básicas
Concebia o fenômeno histórico como constituído por ciclos: os fatos históricos se repetem, a ordem sucede à desordem.
Concebia a natureza humana como egoísta, ambiciosa, ingrata, volúvel, movida pelas paixões e desejos insaciáveis.
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O contraste com o pensamento teológico e renascentista
Maquiavel não admitia um fundamento anterior e exterior à política (Deus, Natureza ou Razão).
Toda cidade é dividida por dois desejos: o dos grandes de oprimir e comandar e o do povo de não ser oprimido e nem comandado.
A cidade é tecida por lutas internas. Assim, não é uma comunidade homogênea nascida da vontade divina, da ordem natural ou da razão humana.
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Opõem-se ao conceito da boa comunidade política constituída para o bem comum e a justiça.
A sociedade é dividida e não pode ser vista como uma comunidade una, indivisa, homogênea, voltada para o bem comum.
A política é obra dos conflitos existentes na própria sociedade e a sua finalidade não é, como diziam os pensadores gregos, romanos e cristãos, a justiça e o bem comum, mas a tomada e manutenção do poder.
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As qualidades de um príncipe:
O verdadeiro príncipe é aquele que sabe tomar e conservar o poder.
O príncipe precisa ter virtú, ou seja, as qualidades para tomar e permanecer no poder, mesmo que use a violência, a mentira, a astúcia e a força.
O príncipe não pode ser odiado, mas respeitado e temido.
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Virtú e Fortuna
A virtú não consiste num conjunto fixo de qualidades morais opostas à fortuna. Virtú é a capacidade do príncipe para ser flexível às circunstâncias, mudando com elas para agarrar e dominar a fortuna.
Um príncipe deve mudar com a sorte, deve ser volúvel, inconstante. Dependendo das circunstâncias, será cruel ou generoso, mentirá ou será honrado, deverá ceder à vontade dos outros ou ser inflexível.
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A fortuna é sempre favorável para quem deseja agarrá-la. É a sorte que se oferece como presente para quem é ousado e está disposto a vencê-la.
O ethos ou o caráter do príncipe deve variar com as circunstâncias.
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Ação Política
Astúcia e capacidade para adaptar-se às circunstâncias e aos tempos.
Não tem nada a ver com as virtudes éticas e morais da teologia cristã.
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Consiste em ter eficácia prática e utilidade social, ou seja, busca atingir resultados.
Secularização da política.
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Legitimidade de um regime político
Qualquer regime político será legítimo se não estiver a serviço dos desejos e interesses de um particular ou de um grupo de particulares.
Todo regime político em que o poderio de opressão e comando dos grandes é maior do que o poder do príncipe e esmaga o povo é ilegítimo.
Para que um governo seja legítimo, o poder do príncipe deve ser superior ao dos grandes e estar a serviço do povo.
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Excertos da obra O Príncipe
 “Um príncipe deve servir-se da natureza da besta, deve dela tirar as qualidades da raposa e do leão, pois este não tem defesa alguma contra os laços, e a raposa, contra os lobos. Precisa, pois, ser raposa para conhecer os laços e leão para aterrorizar os lobos. Os que se fizerem unicamente de leões não serão bem sucedidos.”
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“(...) O que melhor souber valer-se das qualidades da raposa se sairá melhor. Mas é necessário disfarçar muito bem esta qualidade e ser bom simulador e dissimulador. E tão simples são os homens, e obedecem tanto às necessidades presentes, que aquele que engana sempre encontrará quem se deixe enganar.” (Niccolò di Bernardo dei Machiavelli– O Príncipe)

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