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Nicolau Maquiavel Concluiu que tanto a Igreja quanto os Estados estavam corrompidos. Tinha um sonho de ver a Itália unificada. Seus textos foram colocados no index da Igreja Católica, no período da Contrarreforma. Observação fria e objetiva dos fatos, recorrendo à experiência histórica e à indução para fixar as normas de conduta política, mais propícias a assegurarem a conquista e a preservação do poder político. Critica à concepção agostiniana de uma natureza humana irremediavelmente decaída, onde a virtude era tida como um dom de deus. VIRTUDE – qualidade do governante FORTUNA – sorte (indica o permanente movimento da vida política). Se submete aos outros. No âmbito do humanismo cívico, a liberdade significa não apenas estar livre da interferência externa, mas também tomar parte ativa do governo da República. Experiência era importante para nortear o pensamento político. A arte do discurso visa persuadir as pessoas a se comportarem de uma determinada forma. ÉTICA E POLÍTICA Maquiavel trata a política de forma realista, rejeitando a metafísica e a teologia como referências que norteiam a reflexão sobre o poder. Sua obra representa a constituição de uma ciência política voltada para o estabelecimento das regras que regem a conquista e a manutenção do poder. Pensamento de Berli – “Maquiavel não contrasta duas esferas autônomas da ação: a política e a moral. Sua rejeição à moralidade cristã não se faz a partir de uma posição de amoralidade, mas sim por referência a um universo onde os homens estão interagindo com vistas a atingir finalidades públicas. Maquiavel acredita que é desrespeitosa a crença da existência de uma resposta correta e objetivamente válida à questão de como os homens devem viver. O Estado e o povo não podem e não devem ser governados com base em princípios voltados para a boa condução da vida individual. Defendia a coletividade. Maquiavel não avalia as ações políticas por referência à hierarquia interna de valores, e sim com base em seus resultados previsíveis. A ética como código de conduta ou ideal para o indivíduo, não pode ser conhecida por este a não ser que entenda a finalidade e o caráter da sua situação. Homem tende mais aos vícios do que às virtudes. Justificam os vício0s como virtudes. A CONSTRUÇÃO DO ESTADO Defendia a centralização do poder. Era patriota, detestava a ideia de viver sob o jugo de um estrangeiro. Sua mente estava voltada para a liberdade da comunidade política, antes que para a liberdade de cada um dos cidadãos. Ideólogo da formação do Estado republicano e não do Estado absoluto. Principado deve ser governado de acordo com uma única vontade política, residindo o poder em uma pessoa física. Deve-se ter respeito a determinados procedimentos para que se chegue à efetivação de um consenso. Concerne à constituição de uma ordem que permita o desenvolvimento da vida republicana. Quando a sociedade está ordenada, o costume funciona como um princípio norteador para enfrentar os desafios da fortuna. Mas, quando o governo está corrompido, é preciso situar a virtude exclusivamente no campo da ação eficaz. Dificuldade, para o príncipe, de obter a lealdade de “seu povo”. O povo não se sente seguro para apoiar uma proposta que ainda não se efetivou. O trânsito para a nova ordem dificilmente será pactuado, devendo ser considerada a necessidade do uso da força para chegar ao poder. O príncipe não deve ser um bom príncipe por conta da dificuldade de governar a sociedade, pela necessidade de jogar com outros pretendentes à posição por ele ocupada. Existe a violência que restaura e a que destrói. Os fins justificam os meios. Os benefícios devem ser distribuídos aos poucos. Destaca duas alianças possíveis: com a aristocracia e com o povo (não é ingrato e raramente comete erros nas escolhas dos magistrados). ARISTOCRACIA – risco considerável para o príncipe porque eles o tratam como um igual e podem, a qualquer momento, retirar seu apoio. POVO – é mais fácil obter o seu apoio ou mantê- lo numa posição de indiferença. Critica a escolástica. Entre ser amado e ser temível, é melhor ser temível pelo fato de o amor se manter por obrigações que podem ser rompidas, mas o medo está sempre atento à possibilidade de punição. Governante nunca deve ser odiado Mais importante do que garantir a liberdade e a justiça é garantir a paz e proteger a cidade dos invasores estrangeiros. Estabilidade e segurança. Engano como uma ferramenta, confundindo a mente do povo e, assim, preservando uma boa reputação. Jogo da política = aparência. Condena a neutralidade política. Defende o uso da força bruta. Maneira de como Maquiavel vê o ser humano: • Ávido. • Interesseiro. • Invejoso. • Ciumento. • Insaciável em seus desejos. • Ingrato. • Inconstante. • Dissimulado. • Mentiroso e covarde. A política é uma disputa pela glória (ser reconhecido e entrar no imaginário da sociedade). ESPELHOS DOS PRÍNCIPES – manuais de como os governantes devem comportar-se no poder. • Manter o Estado. • Honra, glória e fama. • Ações não deve, ser as mesmas porque mudam os tempos. • Não existe uma regra geral. • Cada situação deve ser julgada de forma separada. As pessoas tem uma dimensão simbólica do poder. As vezes é necessário ter uma boa maldade para produzir o bem comum. Um governo eficiente é aquele que tem a paz de comunicar-se com o imaginário do povo. Regras políticas: • Não existe apoio incondicional. • Não confie nos seus aliados. • Jogo das circunstâncias – devem ser acompanhadas. • Imponderabilidade. • Bom estadista = prever os problemas antes deles acontecerem. • Adoção de novas leis = não terão apoio sempre. PERSPECTIVA REPUBLICANA Discursos (1517-1519). 1° - Estuda diversas modalidades de fundação do Estado. 2° - Desenvolvimento do Estado. 3° - Modos de transformação do Estado, analisando a natureza das conjurações que ameaçam o detentor de poder. A garantia da liberdade estaria na constituição de um corpo de cidadãos capazes de exercer, impessoalmente, a autoridade política. Se as leis afetam a todos, devem ser aceitas por todos e, se houvesse alguma iniciativa dos governantes no sentido de alterar o controle popular da política, tal intuito poderia ser impedido pelo próprio povo. As propostas de leis deviam ser publicadas com antecedência. Legitimação conferida à ambição política, desde que vinculada à conquista da glória (conferida pelo poder público) e honra (desempenho pessoal). Uma condição importante para ter-se uma vida cívica livre e feliz é, portanto, a criação de instituições eficazes pelas quais o poder soberano resida no conjunto inteiro dos cidadãos. “Esperança de ascender às honras públicas, de fazer uma carreira por seus esforços próprios, é igual em todos”. Essa competição estimula em cada cidadão a vontade de desenvolver seus talentos e o resultado é uma república forte e eficiente. Aprimoramento do espírito público > máquina governamental. O príncipe, os aristocratas e o povo governam juntos. Instabilidade própria a quaisquer tipos puros de governo. Na república, a representação simultânea das três bases sociais de cada um dos tipos confere ao poder do Estado o máximo de estabilidade almejável. Sustenta que são os conflitos que promovem a busca pel boa legislação que, por sua vez, propicia a educação para a virtude. Se os cidadãos não se dispuserem a abrir mão do cuidado com seus interesses individuais de modo a contribuir para realizar os fins coletivos, a república torna-se insustentável. Liberdade política, que permita a participação de todos na gestão da vida coletiva, da qual, em última instância, depende a liberdade cívica (garantea vida, propriedade e honra). Maquiavel reconhece que apenas um pequeno número de pessoas aspira a ser politicamente livre. Para salvaguardar a liberdade, indica como principal vantagem da aliança com a aristocracia o fato de que os cargos público por ela ocupados satisfazerem parte da ambição. Sob o império de uma boa constituição, um povo será tão estável, prudente e grato quanto um príncipe. As boas leis nascem da desordem que todos condenam. A institucionalidade republicana continua a ser mais propícia à duração de uma boa ordem, ainda que de difícil implantação em uma sociedade extremamente desigual. A corrupção é definida claramente como a incapacidade de alguém dedicar suas energias ao bem comum e, paralelamente, colocar os próprios interesses acima da comunidade. Principal causa da ordenação defeituosa é a constituição de uma oligarquia. O cidadão rico é tentado a comprar o apoio político, fazendo com que seja mais vantajosa a lealdade de caráter privado do que a prestação do serviço público. Maquiavel critica a sociedade na qual a calúnia é prática normal. Direito de acusar sem medo, desde que apresente provas. O conflito de classes era visto não como o solvente, mas como o cimento de uma república.
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