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A HORA DE JOGO DIAGNÓSTICA CONCEITO A hora de jogo diagnóstica constitui um recurso ou instrumento técnico, que o psicólogo utiliza dentro do processo psicodiagnóstico, com a finalidade de conhecer a realidade da criança. Estabelecimento de um vínculo transferencial breve, cujo objetivo é o conhecimento e a compreensão da criança. DIFERENÇA A hora de jogo diagnóstica é um processo que tem começo, desenvolvimento e fim em si mesma, opera como uma unidade e deve ser interpretada como tal. É um elo a mais no qual novos aspectos e modificações estruturais vão surgindo pela intervenção do terapeuta. O BRINCAR Na atividade lúdica o mediador é o brinquedo oferecido, que expressa o que a criança está vivenciando naquele momento. No brincar há uma comunicação do tipo espacial, no qual são incluídos mais elementos do processo primário através de princípios como os de condensação, atemporalidade e deslocamento, atuados pelo próprio brincar. SALA DE JOGO E MATERIAIS Quarto não muito pequeno, mobiliário escasso, possibilitando a liberdade de movimentos da criança. Distribuídos sem correspondência, dando ao paciente a possibilidade de ordenação que corresponda às suas variáveis internas, em função de suas fantasias e/ou de seu nível intelectual. SALA DE JOGO E MATERIAIS A caixa ou cesto deve estar presente porque pode funcionar como um elemento lúdico a mais e porque será um continente depositário da produção que o entrevistador deseje deixar ao final da hora. SALA DE JOGO E MATERIAIS Critério de funcionalidade: selecionar brinquedos de diferentes tamanhos, texturas e formas. Para facilitar os jogos agressivos incluir armas, espadas, sacos de areia. Para estimular a área comunicativa, telefones, lápis de cor etc. Materiais estruturados e não estruturados possibilitando a criança a expressão, sem que a experiência se torne invasora. SALA DE JOGO E MATERIAIS Sugestão de materiais; Papel tamanho A4, Lápis preto e colorido ( lápis de cera), Tesoura sem ponta Massas para modelar, Borracha, Cola, Apontador, Barbante, Dois ou três bonequinhos (articulações e tamanhos diferentes), Famílias de animais selvagens, Famílias de animais domésticos, SALA DE JOGO E MATERIAIS Dois ou três carrinhos de tamanhos diferentes que possam funcionar como continentes, Dois ou três aviõezinhos com as mesmas propriedades, Duas ou três xícaras com seus respectivos pires, Colherinhas, Alguns cubos médios (aproximadamente seis), Trapinhos, Giz, Bola. ALGUNS DOS ELEMENTOS PRINCIPAIS QUE DEVERÃO SER OBSERVADOS 1.Linguagem: Vocabulário rico e amplo ou reduzido. Pronuncia incorreta de determinadas sílabas ou ainda enfatizado, erotizado. 2. Coordenação Motora: Mostra equilíbrio e desenvoltura em sua locomoção no manejo do brinquedo ou não? 3. Atenção: Consegue se concentrar ao escolher uma determinada atividade/cena lúdica ou muda constantemente de interesses? 5. Modulação do Afeto: Estabelece laço com psicólogo de imediato e dá sinais de segurança ou adota uma atitude desconfiada e temerosa? 6. Desenvolvimento da Cena Lúdica: Qual é o tema predominante, que personagens são escolhidos e que funções desempenham? 7. Apresentação do conflito: Como define a situação problema? Demonstra angústia? Como resolve? Interrompe de forma abrupta? 8. Comportamento durante jogo de regras: Respeita e considera as regras? Como lida com a derrota? 9. Criatividade na escolha das atividades: Demonstra diversidade na escolha e elaboração dos enredos simbólicos? 10. Observação: Contribuir com a criança no sentido de ajudá-la a “reparar” suas ações destrutivas colando ou consertando os brinquedos. INSTRUÇÕES Definição de papéis, Limitação do tempo e do espaço, Material a ser utilizado, Objetivos esperados. INSTRUÇÕES Esclarecer para a criança que o material sobre a mesa pode ser usado como ela quiser, que observaremos a brincadeira com o propósito de conhecê-la e de compreender suas dificuldades para uma ajuda posterior, tudo isso num tempo e lugar determinados. PAPEL DO PSICÓLOGO Papel passivo já que funciona como observador, e ativo na medida em que sua atitude atenta e aberta (atenção flutuante). A função específica consiste em observar, compreender e cooperar com a criança. PAPEL DO PSICÓLOGO Transferência: adquire características particulares que respondem, por um lado, à brevidade do vínculo e, por outro, ao fato de que o meio de comunicação sejam os brinquedos oferecidos pelo psicólogo. Contratransferência: elemento que pode ajudar a compreensão da criança se for conscientemente integrada pelo psicólogo. INDICADORES NA HORA DE JOGO DIAGNÓSTICA Considerar os itens mais importantes para fins diagnóstico e prognóstico. ANÁLISE DOS INDICADORES 1) Escolha de brinquedos e de brincadeiras; 2) Modalidade de brincadeiras; 3) Personificação; 4) Motricidade; 5) Criatividade; 6) Capacidade simbólica; 7) Tolerância à frustração; 8) Adequação a realidade. ESCOLHA DE BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS De acordo com as características individuais, a modalidade de abordagem dos brinquedos pode assumir estas formas; 1. De observação à distância (sem participação); 2. Dependente ( à espera de indicações do psi.); 3. Evitativa (de aproximação lenta ou à distância); 4. Dubitativa (pegar e largar brinquedos); 5. De irrupção brusca sobre os materiais; 6. De irrupção caótica e impulsiva; 7. De aproximação, tempo de reação inicial para estruturar o campo e, em seguida, desenvolver uma atividade. ESCOLHA DE BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS Deve-se levar em conta o tipo de brinquedo escolhido para estabelecer o primeiro contato. Quanto ao tipo de jogo é necessário ver se tem princípio, meio e fim. Se os jogos correspondem ao estágio de desenvolvimento da criança. ESCOLHA DE BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS Tipos de brinquedos esperados; 3 anos: tipo egocêntrico, não toma o entrevistador como participante. 4 a 5 anos: maior aproximação ao real, com crescente preocupação na veracidade da imitação exata. Psicólogo pode assumir papel ativo ou para ajudar. 5 a 6 anos: começa a incluir a intencionalidade, propósito de realizar uma tarefa. 7 a 11 anos: estabelecido os esboços de regras, pode atribuir e assumir papéis explicitados de antemão e próximo à realidade. MODALIDADES DE BRINCADEIRAS Forma com que o ego manifesta a função simbólica. Entre as modalidades temos: 1. Plasticidade 2. Rigidez 3. Estereotipia e perseverança MODALIDADES DE BRINCADEIRAS 1. Plasticidade: pode se manifestar de diferentes maneiras; expressando a mesma fantasia ou defesa através de mediadores diferentes, ou uma grande riqueza interna por meio de poucos elementos que cumprem diversas funções. 2. Rigidez: geralmente utilizada diante de ansiedades muito primitivas para evitar a confusão. Criança adere a certos mediadores, de forma exclusiva e predominante, para expressar a mesma fantasia. MODALIDADES DE BRINCADEIRAS 3. Estereotipia e perseverança (patológica): desconexão com o mundo externo cuja a única finalidade é a descarga; repete-se uma outra vez a mesma conduta e não há fins comunicacionais. OBS: Típico de crianças psicóticas ou comlesões orgânicas. PERSONIFICAÇÃO Capacidade de assumir e atribuir papéis de forma dramática. Como elemento comum a todos os períodos evolutivos normais possibilita a elaboração de situações traumáticas, a aprendizagem de papéis sociais, a compreensão do papel do outro e o ajuste de sua conduta em função disso, o que favorece o processo de socialização. MOTRICIDADE Possibilidade de observar a falta de funcionalidade motora. Possibilidade de encaixe. Preensão e manejo. Alternância de membros. Lateralidade. Movimentos voluntários e involuntários. Movimentos bizarros. Ritmo de movimento. CRIATIVIDADE Criar é unir ou relacionar elementos dispersos num elemento novo e diferente. Isso exige um ego plástico capaz de abertura para experiências novas. Gratificante e enriquecedora, produto de um equilíbrio entre princípio de prazer e princípio de realidade. Alteração desta função pode se dar em duas direções opostas; submissão extrema à realidade desagradável, indicadora de elementos destrutivos. absoluta intolerância à frustração e o afeto concomitante que ela desperta. TOLERÂNCIA À FRUSTRAÇÃO Pode ser detectada, na hora de jogo, pela possibilidade de aceitar as instruções com as limitações que elas impõem. A avaliação correta de tal função é importante em nível diagnóstico, mas, principalmente, quanto ao prognóstico. Fundamental diferenciar onde a criança situa a fonte de frustração: se deriva do mundo interno ou do mundo externo. TOLERÂNCIA À FRUSTRAÇÃO A capacidade de tolerar a frustração está intimamente relacionada com o princípio de prazer e o princípio de realidade. O princípio de prazer é o que regula a satisfação dos desejos através das funções egóicas, o que a criança faz, instintivamente, ao buscar a satisfação do desejo. CAPACIDADE SIMBÓLICA O brincar é uma forma de expressão da capacidade simbólica e a via de acesso às fantasias inconscientes. Quanto mais elementos uma criança utiliza para expressar seu mundo interno, maiores possibilidades egóicas revela, no sentido de refletir na realidade toda uma série de significados adquiridos mediante um processo de capacitação para simbolizar. ADEQUAÇÃO À REALIDADE Um dos primeiros elementos a ser avaliado na hora de jogo é a capacidade da criança em se adequar a realidade. Tal adequação permite avaliar as possibilidades egóicas, embora ela possa adaptar-se ou não aos limites que esta situação lhe impõe; a) Aceitação ou não do enquadramento espaço temporal com as limitações que isto implica b) Possibilidade de colocar-se em seu papel e aceitar o papel do outro. O BRINCAR DA CRIANÇA NORMAL 1) Adequação à realidade: Boa capacidade de adaptação. 2) Escolha de brinquedos e brincadeiras: em função da necessidade de interesses da idade. 3) Capacidade simbólica: possibilidade de expressar fantasias com maior riqueza. 4) Modalidade de brincadeiras: rico, fluido e plástico. 5) Motricidade:adequada. 6) Criatividade:boa, em função de sua liberdade interna. 7) Personificação: maior fluidez. Possibilidade de trocar papéis. 8) Tolerância à frustração: capacidade de tolerar, a modificação da realidade sem submetimento. O BRINCAR DA CRIANÇA NEURÓTICA 1) Adequação à realidade: reconhecimento parcial. 2) Escolha de brinquedos e brincadeiras: determinada pela área conflitiva. 3) Capacidade simbólica: compulsão à repetição. 4) Modalidade de brincadeiras: alternância em função das defesas predominantes. 5) Motricidade:variável. 6) Criatividade: diminuída; depende do grau da síntese egóica. 7) Personificação: personagens mais próximos da realidade. Rigidez na atribuição de papéis. 8) Tolerância à frustração: baixo limiar ou super adaptação. O BRINCAR DA CRIANÇA PSICÓTICA 1) Adequação à realidade: carece de adequação. 2) Escolha de brinquedos e brincadeiras: responde a uma intencionalidade de estruturação psicótica. 3) Capacidade simbólica: atuação direta das fantasias. 4) Modalidade de brincadeiras:estereotipia, perseverança, rigidez. 5) Motricidade: movimentos bizarros, mudanças bruscas. 6) Criatividade: não existe como possibilidade egóica. 7) Personificação: personagens cruéis com grande carga de onipotência. 8) Tolerância à frustração: Mínima. Predomina o princípio de prazer.
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