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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ COLEGIADO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO AGROINDUSTRIAL METODOLOGIA DE CONTROLE ESTATÍSTICO DA QUALIDADE PROFESSORA TAINARA RIGOTTI DE CASTRO TÓPICO I - INTRODUÇÃO AO CONTROLE DA QUALIDADE CONCEITUAÇÃO DE QUALIDADE Podemos definir a qualidade de várias maneiras. A maioria das pessoas tem uma compreensão conceitual de qualidade como algo relacionado a uma ou mais características desejáveis que um produto ou serviço deva ter. Assim, qualidade, enquanto conceito, é um valor conhecido por todos e, no entanto, definido de forma diferenciada por diferentes grupos ou camadas da sociedade — a percepção dos indivíduos é diferente em relação aos mesmos produtos ou serviços, em função de suas necessidades, experiências e expectativas. O Quadro 1 apresenta definições da qualidade sob o ponto de vista de diferentes autores, sob diferentes enfoques. ENFOQUE AUTOR CONCEITOS DE QUALIDADE Cliente Juran A qualidade consiste nas características do produto que vão ao encontro das necessidades dos clientes e, dessa forma, proporcionam a satisfação em relação ao produto Deming A qualidade é a perseguição às necessidades dos clientes e homogeneidade dos resultados do processo. A qualidade deve visar às necessidades do usuário, presentes e futuros Feigenbaum Qualidade é a combinação das características de produtos e serviços referentes a marketing, engenharia, fabricação e manutenção, através das quais o produto ou serviço em uso, corresponderão às expectativas do cliente Conformidade Crosby Qualidade (quer dizer) conformidade com as exigências, ou seja, cumprimento dos requisitos Produto Abbott As diferenças de qualidade correspondem a diferenças na quantidade de atributos desejadas em um produto ou serviço Quadro 1 – Definições de qualidade sob o ponto de vista de distintos autores A qualidade tornou-se um dos mais importantes fatores de decisão dos consumidores na seleção de produtos e serviços que competem entre si. O fenômeno é geral, independe do fato de o consumidor ser um indivíduo, uma organização industrial, uma loja de varejo, ou um programa militar de defesa. Compreender e melhorar a qualidade é um fator chave que conduz ao sucesso, crescimento e a uma melhor posição de competitividade de um negócio. CONTROLE TOTAL DA QUALIDADE (TQC) O Controle Total da Qualidade, do inglês Toltal Quality Control (TQC), é uma estratégia para implementação e gerenciamento das atividades de melhoria da qualidade em toda a organização. O TQC começou no início dos anos 80, com as filosofias de Demng e Juran como ponto central. Ela evoluiu para um espectro mais amplo de conceitos e ideias envolvendo organizações participativas e cultura do trabalho, foco no cliente, melhoria da qualidade do fornecedor, integração do sistema de qualidade com os objetivos da empresa, e muitas outras atividades para enfocar todos os elementos da organização em torno da melhoria da qualidade. O Quadro 2 ilustra as diferenças entre a cultura organizacional TQC e uma organização mais tradicional. 5 ASPECTO EMPRESA TRADICIONAL TQC Missão global Maximizar o retorno sobre o investimento Atender ou superar os requisitos do cliente Objetivos Ênfase no curto prazo Equilíbrio entre os de curto prazo e os de longo prazo Administração Nem sempre receptiva; tem objetivos incoerentes Receptiva; incentiva os inputs de funcionários; tem objetivos coerentes Papel do gerente Dar ordens, obrigar a cumprir Ser um instrutor, remover barreiras, desenvolver a confiança Requisitos do cliente Não constituem a prioridade mais alta; podem não ser claras Tem a mais alta prioridade; é fundamental identificá-los e compreendê-los Problemas Atribuir a culpa, punir Identificá-los e resolvê-los Resolução de problemas Não sistemática; por indivíduo Sistemática; em equipe Melhorias Erráticos Contínuos Fornecedores Adversários Parceiros Funções De escopo estreito, especializadas; muito esforço individual Amplas, mais generalistas; muito esforço de equipe Foco Orientado para o produto Orientado para o processo Quadro 2 – Comparação entre a cultura da TQC e a cultura das organizações tradicionais Geralmente, as empresas que implementam uma abordagem TQC possuem equipes de alto nível que lidam com as iniciativas de qualidade estratégica utilizando ferramentas e metodologias nos processos produtivos. O Quadro 3 apresenta a distinção entre essas aplicações. CONCEITO ASPECTO NA QUALIDADE METODOLOGIA Refere-se a uma abordagem, normalmente estruturada numa sequência lógica de passos, empregada por um grupo de pessoas para resolver um determinado problema, desde a sua identificação até a implantação de uma solução e acompanhamento dos resultados obtidos. Metodologias da Qualidade FERRAMENTA Refere-se a uma técnica específica de auxílio no tratamento (descrição, análise, etc.) de um conjunto de dados, seja numérico ou de linguagem. Sete Ferramentas da Qualidade Ferramentas Organizacionais Ferramentas Gerenciais Quadro 3 – Metodologias e Ferramentas da Qualidade O Quadro 4 apresenta as principais metodologias e ferramentas utilizadas para a melhoria da qualidade. METODOLOGIAS DA QUALIDADE SETE FERRAMENTAS DA QUALIDADE FERRAMENTAS ORGANIZACIONAIS FERRAMENTAS GERENCIAIS 1. Seis Sigmas 2. Análise dos Modos de Falha e Efeitos (FMEA) 3. Desdobramento da Função Qualidade (QFD) 4. Análise de Árvore de Falha (FTA) 5. Metodologia de Análise de Solução de Problema (MASP) 1. Folhas de Verificação 2. Diagramas de Processos 3. Diagramas de Correlação 4. Análise de Pareto 5. Diagramas de Causa e Efeito (ou Diagrama de Ishikawa) 6. Histogramas 7. Cartas de Controle de Processos (CEP) 1. Brainstorming 2. 5W2H 3. 5S 4. Padronização 5. SETFI Ferramenta de Priorização 6. Análise de Valores 7. Benchmarking 1. Diagrama de Relações 2. Diagrama de Afinidades 3. Diagrama em Árvore 4. Matriz de Priorização 5. Matriz de Relações 6. Diagrama do Processo Decisório 7. Diagrama de Atividades ou diagrama de setas Quadro 4 – Principais metodologias e ferramentas da qualidade 6 RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS A resolução de problemas constitui um dos procedimentos básicos do TQC. Para que os esforços de resolução de problemas sejam bem sucedidos, eles deverão obedecer a uma abordagem padrão (Quadro 5). ETAPA DESCRIÇÃO Etapa 1 Definir o problema e estabelecer uma meta de melhoria Definir os problemas através de cuidadosa consideração; não percorrer esta etapa com muita rapidez, porque ela servirá como ponto focal dos esforços de resolução de problemas Etapa 2* Coletar os dados A solução precisa ser baseada em fatos Etapa 3* Analisar o problema Etapa 4* Gerar soluções possíveis Etapa 5 Escolher uma solução Assegurar-se de conhecer os critérios para a escolha de uma solução (referir-se à meta estabelecida na primeira etapa). Aplicar os critérios de escolha às soluções possíveis e selecionar a melhor solução Etapa 6 Implementar uma solução Manter todos informados sobre a implementação da solução Etapa 7* Monitorar a solução para verificar se ela realmente cumpre a meta Caso contrário, modificar a solução ou voltar à primeira etapa *nessas etapas são utilizadas Ferramentas da qualidade Quadro 5 – As etapas básicas na resolução de problemas Um importante aspecto da resolução de problemas segundo a abordagem TQC é a eliminação de sua causa,para evitar que ele volte a ocorrer. Por isso, os usuários da abordagem TQC consideram frequentemente os problemas como ―opo rtunidades de melhoria‖. UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ COLEGIADO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO AGROINDUSTRIAL METODOLOGIA DE CONTROLE ESTATÍSTICO DA QUALIDADE PROFESSORA TAINARA RIGOTTI DE CASTRO TÓPICO II - CONTROLE ESTATÍSTICO DA QUALIDADE (CEQ) INTRODUÇÃO AO CEQ O Controle Estatístico da Qualidade (CEQ) é um sistema amplo e complexo que tem por finalidade a inspeção, a análise e a ação corretiva aplicados a um processo produtivo. A inspeção de uma pequena porção dos produtos leva a uma análise de sua qualidade, o que determinará a ação a ser adotada de modo a manter o nível de qualidade. Geralmente, as inspeções são realizadas antes e após a produção, envolvendo procedimentos de aceitação por amostragem (procedimento de inspeção aplicável a lotes de itens), conforme ilustrado na Figura 1. Figura 1 – Abordagens para assegurar a qualidade Conforme observado na Figura 1, as melhores empresas enfatizam a qualidade incorporada no processo, reduzindo esforços de inspeção. Cada organização industrial se encontra num estágio distinto desse processo em que as menos progressistas dependem predominantemente de inspeção. As empresas mais progressistas, por sua vez, alcançaram um nível de qualidade suficientemente elevado, de modo a dispensar inspeção em larga escala. A atividade de análise é fundamental no ciclo de controle, pois estabelece o relacionamento entre o produto sob controle e os parâmetros de inspeção (Figura 2). Figura 2 – Atividade de análise Quando encontrado erros no processo é necessário a tomada de ações corretivas efetivas para a melhoria da qualidade no processo. AS SETE FERRAMENTAS DA QUALIDADE Existe uma série de ferramentas que uma organização pode utilizar para a resolução de problemas e para a melhoria do processo. Elas servem para organizar, interpretar e maximizar a eficiência no uso de dados, basicamente de dados do tipo numérico, através do estabelecimento de procedimentos organizados de coleta, apresentação e análise de dados relativos aos processos e produtos de uma organização. As sete ferramentas da qualidade são frequentemente referidas como as sete ferramentas básicas da qualidade, sendo elas: Folhas de verificação, Diagrama de processo, Diagrama de correlação, Análise de Pareto, Diagrama de causa e efeito, Histograma e, Cartas de controle. O Quadro 6 apresenta os objetivos de cada uma dessas ferramentas. Processo de fabricação Medida Comparação ERRO Padrão Aceitação por amostragem Controle do Processo (CEP) Aperfeiçoamento contínuo Inspeção antes/ após a produção Ação corretiva durante a produção Qualidade embutida no processo Empresas menos progressistas Empresas mais progressistas 5 FERRAMENTA OBJETIVO A QUE SE PROPÕE Folha de verificação Registro e agrupamento logicamente organizado de dados e informações a respeito de uma tarefa ou processo estudado Diagrama do processo Identificação de pontos em um processo onde problemas tendem a ocorrer por meio de fluxogramas Diagrama de correlação Estabelecimento da relação ou associação entre dois fenômenos, parâmetros ou fatores ou variáveis de um processo estudado Análise de Pareto Identificação das causas possíveis e mais significativas ou prioritárias de efeitos ou eventos ocorridos num processo Diagrama de causa e efeito Identificação de fatores ou causas (variáveis de verificação) que geram ou sustentam uma degeneração da qualidade ou determinado problema (variável de controle) ou efeito de um processo ou produto Histograma Representação gráfica do número de vezes que determinada característica ou fenômeno ocorre (distribuição de frequência) no processo estudado Cartas de controle Sinalização do comportamento, temporal, de variáveis relacionadas à dinâmica de dado processo Quadro 6 – As sete ferramentas básicas da qualidade e seus objetivos Folhas de verificação Uma folha de verificação (check sheet), exemplificada na Figura 3, é uma ferramenta simples, utilizada frequentemente para se identificar problemas. As folhas de verificação são concebidas em formatos que permitem ao usuário registrar e organizar os dados de maneira que facilite sua coleta e análise. O formato pode ser o de um simples formulário para lançar marcas de verificação. As folhas de verificação são projetadas com base naquilo que o usuário está tentando obter ou aprender por intermédio da coleta de dados. Um exemplo de folha de verificação pode ser observado abaixo. LISTA DE VERIFICAÇÃO Estágio de fabricação Produto Data Seção Inspetor Total Inspecionado Turno VERIFICAÇÃO DIA DEFEITO 1 2 3 4 A B C SUBTOTAL TOTAL REJEITADO Figura 3 – Exemplo de Folha de Verificação Muitos formatos diferentes podem ser utilizados para se elaborar ma folha de verificação, e existem muitos tipos de folhas diferentes; sendo comumente utilizadas para registrar defeitos e/ ou para identificar a localização dos defeitos. EXEMPLO: Uma indústria de plástico moldado faz inspeções após a produção, no Setor de Expedição. Durante o Turno A, o assistente João inspecionou 1.000 produtos, dos quais 20% apresentaram problemas de qualidade, elabore e preencha a lista de verificação (check list) utilizada por João, levando em consideração os problemas encontrados: Marcas na superfície (34%); Trincas (18%); Peças incompletas (16%); Deformações (10%); Outros (Arranhões, Manchas, Envegadura, Peças sobressalentes e, Desgaste) (22%). _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ 6 Resolução: Diagramas de Processo O diagrama de processo, também chamado de fluxograma é a representação visual de um processo. Como ferramenta de resolução de problemas, um fluxograma pode ajudar o analista a identificar pontos em um processo onde problemas tendem a ocorrer. Num fluxograma (Figura 4), os losangos representam pontos de decisão no processo e, os retângulos representam procedimentos. As setas mostram a direção do ―fluxo‖ das etapas que constituem um processo. Figura 4 – Representação do fluxograma Para construir um fluxograma simples, deve-se começar listando as etapas do processo. A seguir, classificam-se cada etapa como um procedimento ou um ponto de decisão. Não se deve detalhar excessivamente o fluxograma, para que não seja cansativo; no entanto, deve-se tomar o cuidado de não omitir qualquer etapa importante. EXEMPLO: Construa um fluxograma do processo baseado nos passos a seguir: 1. Cachorro dá entrada no pet shop; 2. Recepcionistado pet shop verifica quais serviços serão executados: Se tosa e banho, segue o processo 3 em diante; caso apenas banho, segue para o processo 4; 3. Cachorro é levado para a tosa; 4. Cachorro é levado para o banho; 5. Após banho, cachorro é encaminhado para secagem; 6. Cachorro é encaminhado para antipulga e colocação de coleira e adereços; 7. Cachorro é encaminhado ao canil; 8. Devolução ao dono. n Resolução: 7 Diagramas de Correlação Um diagrama de correlação, também chamado de diagrama de dispersão, pode ser útil para avaliar se existe uma correlação entre os valores de duas variáveis. Uma correlação pode apontar para a causa de um problema. No exemplo disposto na Figura 5, existe uma relação positiva (devido à inclinação ascendente da curva) entre a Variável B e a Variável A. Figura 5 – Exemplo de diagrama de correlação Quanto mais alta for a correlação entre duas variáveis, tanto menor será a dispersão entre os pontos – eles tenderão a ficar alinhados. Ao contrário, se houver uma pequena ou nenhuma correlação, os pontos ficarão completamente dispersos. Os passos para montar um Diagrama de correlação são: 1. Coleta e ordenação dos dados: coletar e ordenar os dados que se julgue como tendo possível relação; 2. Representar graficamente os dados: desenhar sobre um plano cartesiano um ponto para cada par de dados (x,y), ordenando os valores que se considera independente (causa) sobre o eixo horizontal x e os valores da classe dependente (efeito) sobre o eixo y; 3. Análise do gráfico: analisar os dados estatisticamente para determinar se existe ou não correlação. As ferramentas utilizadas são a reta de regressão e o coeficiente de correlação linear. A reta de regressão é a linha que melhor representa um conjunto de pontos. A função que aproxima a reta é ŷ = a + bx, em que ŷ é a variável dependente (efeito), a é a ordenada na origem, b é a inclinação da reta de regressão e x é a variável independente (causa). A inclinação é dada pela Equação 1. b = n XY − X Y n X2 − X 2 Equação 1 Em que: x = valores da variável independente; y = valores da variável dependente; ẍ = média dos valores de x; ȳ = média dos valores de y; n = números de observações ou pares de dados. A ordenada na origem calcula-se de acordo com a Equação 2. a = Y−b X n Equação 2 O coeficiente de correlação linear r é determinado pela Equação 3. r = n XY − X Y n X2 − X 2× n Y2 − Y 2 Equação 3 O r assume valores entre -1 e +1. Quanto mais próximo de 0 o r indica fraca relação entre os dados, e quanto mais próximo de |1|, maior será tal relação. O sinal indica se a relação é positiva (+) ou negativa (-) entre as variáveis x e y. O quadrado do coeficiente da correlação (r 2 ), é chamado de coeficiente de Pearson e, portanto, é sempre positivo. Se esse coeficiente for igual a 0,92, por exemplo, significa que, além de uma forte correlação entre x e y, 92% dos valores de y são explicados pela ação da variável x. Variável A Variável B 8 Caso sejam observados pontos muito afastados no diagrama, isso pode ser devido a erros na medição ou registros dos dados ou devido alguma mudança nas condições do processo. De qualquer maneira, devem- se estudar as causas que os originaram e afastá-los da análise. EXEMPLO: Elabore um diagrama de dispersão para o conjunto de dados a seguir. Existe correlação entre as variáveis? Coloque a primeira variável no eixo horizontal e a segunda no eixo vertical. Idade Índice de absenteísmo X 2 Y 2 X.Y 24 6 30 5 22 7 25 6 33 4 27 5 36 4 58 1 37 3 47 2 54 2 28 5 42 3 55 1 ΣX= ΣY= Σ X2= Σ Y2= X.Y= Resolução: ______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ 9 Análise de Pareto A análise de Pareto, também chamada de diagrama de Pareto, é um método que permite focalizar a atenção nas áreas problemáticas mais importantes. Este conceito afirma que, em geral, relativamente poucos fatores são responsáveis por uma grande proporção do total de casos ou observações (por exemplo, reclamações, defeitos, problemas). O conceito, por intermédio da classificação dos casos de acordo com seu grau de importância, é utilizado para se focalizar na resolução dos problemas mais importantes, deixando-se de lado os de importância menor. Na Figura 6 observa-se um exemplo do gráfico utilizado nessa análise. Figura 6 – Representação gráfica do diagrama de Pareto Os passos para montar um diagrama de Pareto são: 1. Ordenar os valores de modo decrescente (do maior para o menor), em função da magnitude de cada um deles; 2. Calcular a magnitude total do conjunto de fatores; 3. Calcular a porcentagem total que representa cada fator, assim como a porcentagem acumulada; 4. Traçam-se as barras correspondentes a cada fator, em que cada barra representa sua magnitude por meio do eixo vertical esquerdo; 5. Traçam-se as porcentagens correspondentes, representadas pelo eixo vertical direito. É importante ressaltar que para categorias com pequena representatividade, cria-se a categoria ―outros‖ de modo a alocar tais grandezas. Entretanto, não é conveniente que essa categoria represente grandes porcentagens. EXEMPLO: Uma empresa fabrica e entrega seus produtos para várias lojas de varejo e deseja reduzir o número de devoluções. Para isto, a empresa levantou o número de ocorrências geradoras de devolução da entrega no último semestre. Faça o Diagrama de Pareto para os dados apresentados a seguir: RAZÕES NÚMERO DE OCORRÊNCIAS FREQUÊNCIA Separação errada 45 Faturamento incorreto 60 Atraso na transportadora 125 Pedido errado 30 Atraso na entrega 140 Preço errado 20 Produto danificado 65 Outros 15 Total500 Ordenação: RAZÕES FREQUÊNCIA FREQUÊNCIA ACUMULADA Total C B A D E Percentual acumulado Frequência 10 Resolução: Diagrama de Causa e Efeito (Ishikawa) O diagrama de causa e efeito, também chamado de diagrama em espinha de peixe, oferece uma abordagem estruturada para a pesquisa das possíveis causas de um problema. Foi criado pelo professor japonês Ishikawa para ajudar trabalhadores que ficavam desorientados durante a resolução de problemas, diante da quantidade de fontes possíveis responsáveis pelos mesmos. Essa ferramenta tem por objetivo deixar clara a relação entre o ―efeito‖ (problema) e todas as variações/ possibilidades de ―causa‖ (distribuídas entre os fatores 6 M’s), que podem contribuir para esse efeito, dispostas no Quadro 7. FATORES DESCRIÇÃO Método Toda a causa envolvendo o método que estava sendo executado no trabalho (parâmetros do processo, tecnologia utilizada) Material Toda causa que envolve o material que estava sendo utilizado no trabalho (composição química, porosidade, durabilidade, etc.) Mão de obra Toda causa que envolve uma atitude do colaborador (procedimento inadequado, pressa, imprudência, ato inseguro, condições físicas e emocionais, treinamento, etc.) Máquina Toda causa envolvendo a máquina que estava sendo operada (desgaste de ferramentas; ajuste das máquinas; vibrações das máquinas; flutuações elétricas, hidráulicas e pneumáticas; etc.) Medida Toda causa que envolve os instrumentos inspeção, de medida, sua calibração, a efetividade de indicadores em mostrar as variações de resultado, se o acompanhamento está sendo realizado, se ocorre na frequência necessária, etc. Meio ambiente Toda causa que envolve o meio ambiente em si (poluição, calor, poeira, etc.) e, o ambiente de trabalho (layout, falta de espaço, luminosidade, temperatura, radiação, dimensionamento inadequado dos equipamentos, etc.) Quadro 7 – Descrição das variações em torno dos fatores 6M’s Na Figura 7 pode se observar um diagrama de causa e efeito genérico. Figura 7 – Diagrama Espinha de Peixe Problema Material Máquina Mão de obra Método Meio ambiente Medida 11 Obs.: Geralmente, essa ferramenta é utilizada em conjunto com o Brainstorming (Ferramenta organizacional). EXEMPLO: A Pizzaria ADM é uma pequena empresa que produz e entrega pizzas a domicílio. Recentemente, os clientes têm reclamado da demora para a entrega das pizzas. A Pizzaria ADM, levantou o número de reclamações, estratificou estes dados por dia da semana e descobriu que os atrasos ocorrem principalmente aos sábados. Com isto, o gerente geral reuniu todos os funcionários e, em uma reunião de brainstorming, elaborou o diagrama de causa e efeito ilustrado a seguir: FATORES MÁQUINAS MÃO DE OBRA MÉTODOS MATERIAIS PROBLEMAS Carros / Motos não funcionam Motorista erra endereço Expedição insatisfatória Faltam ingredientes Fornos não funcionam Funcionários Faltam Tratamento incorreto de grandes pedidos Elabore o diagrama espinha de peixe com base no brainstorming realizado. Resolução: Histogramas Um histograma (Figura 8), também conhecido como ramo de folhas, é um gráfico de colunas/ barras que mostra, de maneira visual muito clara, a frequência com que ocorreu um determinado valor ou grupos de valores, ou seja, mostra a variação sobre uma faixa específica. Figura 8 – Representação do Histograma Através dessa ferramenta é possível constatar, entre outras coisas, se a distribuição é simétrica, qual a faixa de variação dos valores, e se existem quaisquer ocorrências incomuns. Por meio da Figura acima é possível observar uma simetria dos dados, o que pode apontar que o processo está sob controle, em que somente causas comuns estão presentes. EXEMPLO: Construir um histograma que represente o número de reclamações de clientes de um dado restaurante ao longo de 15 dias, apoiando-se nos seguintes dados: Dia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Clientes 12 13 10 10 15 11 12 11 14 9 12 13 12 13 12 A B C D E Frequência 12 Resolução: Cartas de Controle do Processo (CEP) As Cartas de controle do processo são gráficos de controle utilizados para monitorar um processo, visando verificar se o output do processo é aleatório. Ele pode ajudar a detectar a presença de causas de variações corrigíveis. Os gráficos de controle podem também indicar quando um problema ocorreu, fornecendo insight para a causa do problema. Na Figura 9 pode se visualizar que uma carta de controle possui dois limites de controle: um limite superior de controle (LSC) e um limite inferior de controle (LIC) que separam os desvios aleatórios dos não aleatórios. O CEP será detalhado no Tópico III. Figura 9 – Representação visual da Carta de Controle LSC LIC
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