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FICHAMENTO O QUE É DIREITO ROBERTO LYRA FILHO

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LYRA FILHO, Roberto. O que é Direito. 11o ed. São Paulo: Brasiliense, 1982. 61 p. Disponível em: http://www.institutoveritas.net/livros-digitalizados.php?baixar=194. Arquivo capturado em 10 de Março de 2018. 
“A maior dificuldade, numa apresentação do Direito, não será mostrar o que ele é, mas dissolver as imagens falsas ou distorcidas que muita gente aceita como retrato fiel.” (p.3);
Nesse trecho, apresenta-se quão complexa é a desconstrução dos conceitos arraigados em torno de um definição do Direito, pois o que se vê instaurado nos que procuram apresentar uma compreensão em torno deste, são formulações que vêm ao mundo dialético por meio de ideias segregatícias, discriminatórias e que validam o status quo.
“As relações entre Direito e Justiça constituem aspecto fundamental do nosso tema e, também ali, muitas nuvens ideológicas recobrem a realidade das coisas.” (p.3);
A despeito da concepção purista da relação entre Direito e Justiça, esta ideia de Justiça, está pautada em ideologias que apenas oferecem superficialidade, ou seja, espelhos, imagens falsas de como a realidade realmente se apresenta.
“A lei sempre emana do Estado e permanece, em última análise, ligada à classe dominante, [...], na qualidade de proprietários dos meios de produção.” (p.3);
O que vemos é uma separação entre direito e lei. Nos apresentando o caráter impositivo das leis, em que elas são ferramentas de manutenção da estrutura classicista, visando uma continuidade da opressão da classe trabalhadora.
“[...] na pretensão do poder que, cedendo à “abertura” inevitável, quer, depois, controlar o diâmetro,[...] “radicalismo de toda oposição que ameace garantir o status quo [...] separar os “confiáveis”[...] e os “não confiáveis [...].” (p.4);
O governo autoritário, cede, por meio da pressão das lutas sociais, o “lugar de fala” do contraditório para poder exercer controle deste e ridiculariza-lo. Cria-se uma propaganda em torno dos que divergem e anseiam pela mudança social como loucos que falam/sonham com o “impossível”.
“[...] como notava o líder marxista italiano, Gramsci, a visão dialética precisa alargar o foco do Direito, abrangendo as pressões coletivas[...].” (p.4);
Ao autor citar um dos grandes materialistas históricos, Gramsci, nos traz a ideia de que o Direito, assim como todo ambiente de disputas, precisa se adaptar para que possa abarcar as minorias e a classe trabalhadora, ou seja, há uma necessidade de visibilidade desses discursos para que possam entrar e não serem, mais ou menos, importantes que os proferidos pelos que são detentores do poder. 
“[...] chamados Direitos Humanos. Estes, como veremos, conscientizam e declaram o que vai sendo adquirido nas lutas sociais e dentro da História, para transforma-se em opção jurídica indeclinável.” (p.5);
Os Direitos Humanos como porta-voz da história (associada) d(as) lutas sociais.
“Uma exata concepção do Direito não poderá desprezar todos esses aspectos do processo histórico, em que o círculo da legalidade não coincide, sem mais, com o da legitimidade[...].” (p.5);
A ideia que esse fragmento passa é de que para haver uma concepção correta do Direito não podemos dissociar a ideia de legalidade (as normas) e a legitimidade (a quem a norma serve. A que interesses ela contempla.), ou seja, não desconsiderar todo o processo histórico das lutas sociais.
“[...] que nada é, num sentido perfeito e acabado; que tudo é, sendo.” (p.6);
O Direito está sempre em movimento, sendo assim, abranger ele de forma pura, pronta e acabada é um equívoco, o Direito, antes de tudo tem que ser visto como parte dos conflitos.
“Isto não significa, porém, que é impossível determinar a “essência” do Direito[...].” (p.6);
O Direito, mesmo mutável e adaptativo, apresenta uma constante que deriva da observação de sua aplicação prática.
“[...] nas ideologias, a “essência” do Direito vai transparecendo, embora de forma incompleta ou distorcida.” (p.7);
Nas diferentes formas de enxergar o mundo jurídico, aquilo que o Direito é, vem a tona, mesmo que necessitado, decrepito, mal produzido e esmaecido.
“[...] nem toda a crença é ideologia [...] mas toda ideologia se manifesta como crença (na medida em que nesta ficamos, sem verificar se, assim fazendo, é adotada a boa ou má posição; simplesmente parece que outra qualquer posição é inconcebível e só pode surgir por burrice, ignorância ou safadeza dos que a mantêm).” (p.9);
A ideologia inicialmente é crença, pois nos cega, na medida em que nos torna intransigente em relação as contestações que são propostas por outrem. 
“[...] a ideologia é cegueira parcial da inteligência entorpecida pela propaganda dos que a forjaram.” (p.9);
A fim de continuar a dominação, as formas de ver o mundo(ideologias), porém, sem nenhum compromisso com a realidade, são reafirmadas e moldadas pela classe dominante. 
“[...]não é mais possível o funcionamento, por exemplo, daquela crença de que “cada um tem o seu lugar”, como se este fosse imposto pela natureza das coisas – por Deus ou pela racional partilha - e não pelos interesses entronizados duma classe dominante.” (p.12);
Essa concepção apresenta a impossibilidade de negar a luta de classes afirmando a vontade de um ser metafisico, ou que o lugar de opressão seja algo dado por algum ser assim, ao invés de ser imposto pelo desejo de dominação da classe burguesa.
“Não adianta ver que “o mundo está errado” e encolher os ombros, fugindo para algum “paraíso artificial”, no porre, no embalo, no sexo obsessivo ou na transferência de qualquer atuação positiva para mais tarde, noutra vida, no “além”.” (p.13);
Para transformar a alienação em uma consciência crítica, há à exigência da luta, do conflito voraz. Não é apenas saber que algo não está certo, mas ir atrás dessa revolução e não apenas esperar por algum desígnio além-homem, ou ficar cego pela diversão exacerbada. 
 “Somente uma nova teoria realmente dialética do Direito evita a queda numa das pontas da antítese (teses radicalmente opostas) entre direito positivo e direito natural.” (p.15);
Só o debate com o intuito de criar uma síntese dialética (sempre em movimento) dessas posições complementares, observando o contexto histórico e as lutas sociais, sendo o positivismo com sua adoração pelas leis e o direito natural(jusnaturalismo) com seus ideais universalistas de justiça advinda antes e além homem, de seres idealizados, superiores e transcendentes, pode evitar uma queda nas suas antíteses e realmente trazer uma concepção próxima a realidade do que o Direito é.
“Já se falou, por isto, em “eterno retorno”, diante da longevidade iurisnaturalista.” (p.27);
O positivismo (ideologia mais usada no nosso momento histórico) e o jusnaturalismo não são ideologias jurídicas dissociadas, mas antes em movimento reciproco, pois o positivismo enquanto encontra seguridade nas leis, busca legitimidade e embasamento na ideologia jusnaturalista, sendo assim, esta está sempre em “eterno retorno”.
 “O caminho para corrigir as distorções das ideologias começa no exame não do que o homem pensa sobre o Direito, mas do que juridicamente ele faz.” (p.29);
A ideia para um Direito responsável e preocupado com a realidade está na apreensão teórica do que os sujeitos estão fazendo na prática jurídica.
 “Aplicando-se ao Direito uma abordagem sociológica será então possível esquematizar os pontos de integração do fenômeno jurídico na vida social, bem como perceber a sua peculiaridade distintiva, a sua “essência” verdadeira.” (p.33);
Apenas com o trabalho da sociologia é que se pode trazer o caráter prático da aplicação do Direito, ou seja, enquanto estudiosa das relações do indivíduo com a sociedade e vice-versa, apenas a sociologia é capaz de responder a quem e como estão sendo aplicados, recepcionados e exercidos os fenômenos jurídicos, nos dando a realidade do Direito e não ideologias baseadas em classicismo e opressão. 
“O legalismo é sempre a ressaca social de um impulso criativo jurídico.” (p.55);
A aplicação da lei como medida de todas as coisas surge da inconstânciado que o jurista descreveu, com aquilo que é visto de forma prática na sociedade.
“O Direito, em resumo, se apresenta como positivação da liberdade conscientizada e conquistada nas lutas sociais e formula os princípios supremos da Justiça Social que nelas se desvenda.” (p.57);
A expressão máxima do Direito está no movimento em promover a liberdade (conquista social e histórica) dos espoliados e oprimidos, contemplando as lutas sociais e tornando legitima suas vitórias. 
“Marx dizia, com humor, que “ninguém luta contra a liberdade; no máximo, luta contra a liberdade dos outros...”.” (p.59).
Marx é o autor escolhido para finalizar o livro de forma brilhante, onde assinala que toda movimentação do cerceador de liberdades alheias está no medo de perder seus privilégios, sendo assim, esmaga a liberdade econômica e social das classes que são historicamente marginalizadas, impede o acesso delas a um Direito que realmente seja ligado as suas demandas.

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