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POVOS INDÍGENAS

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FACULDADE BELFORD ROXO
CURSO: HISTÓRIA
DISCIPLINA: HISTÓRIA DOS POVOS INDÍGENAS
PROFESSOR: VINÍCIUS AGUIAR
ALUNA: JOYCE KELLY SANTOS SALAZAR
PERÍODO: 3º
FICHAMENTO: Aldeamentos indígenas do Rio de Janeiro. 
1- INTRODUÇÃO.
	Este texto trata-se de um fichamento do livro Aldeamentos Indígenas do Rio de Janeiro de 1997, cujo objetivo é o registro e análise dos fatos e ideias construídas sobre os povos indígenas brasileiros antes e depois da chegada dos portugueses ao Brasil. A língua, os costumes, as formas de trabalho, a construção religiosa, a interferência da cultura europeia na vida cotidiana das tribos e outros muitos aspectos que ao longo dos anos foram transformados junto com a própria geografia e história brasileira. Os autores do livro são José Ribamar Bessa freire, professor da Unirio e graduado em História pela Uerj, doutor pela École Des Hautes Études en Sciences Sociales e especialista em estudo dos povos indígenas. E Márcia Fernanda Malheiros formada em Ciências Sociais, doutora em Antropologia e História, com estudos direcionados também para História Indígena. 
2- OS ÍNDIOS DO RIO DE JANEIRO E SUAS ALDEIAS DE ORIGEM. 
QUEM ERAM 
	O primeiro tópico da primeira parte do livro inicia-se dando ênfase ao fato de que o território conhecido hoje com o estado do Rio de Janeiro era habitado, antes do portugueses por diversas tribos indígenas que diferentemente de como foram retratados ao longo dos anos, possuíam características próprias como língua, religião, rituais de caça, de morte, de nascimento, de convívio e habitação. 
	O texto nos fala como a vinda dos Europeus os transformaram num grande único povo, generalizando sua língua e os colocando em grupos familiares iguais. 
	Certamente toda a construção da história indígena passou por um filtro europeu, que pela falta de conhecimento do que cada povo se tratava os transformou em um grande desconhecido e superficial grupo étnico. Os autores nos dão como resposta para tal fato a resistência à aceitação da oralidade como construção de uma história. Os índios não deixaram registros ou quaisquer tipo de documento que pudesse defini-los e identificá-lo, não foram oportunizados em falar e assim se transformaram no que os detentores do poder de construção da história viam deles. 
	Na falta de conhecimento e também de critérios para caracterizar os povos, os europeus os deram nomes e agregavam vários povos em apenas um considerando algum tipo de semelhança, mas desconsiderando totalmente outras especificidades. Este trecho do livro então nos fala que a história real de quem são os índios foi pouco analisada ao longo dos anos, isso por que pouco de registrou e pouco de aprendeu sobre a essência indígena antes da interferência europeia. 
AS LÍNGUAS QUE FALAVAM. 
	
	Considerando que historicamente os indivíduos que se utilizam da mesma língua pertencem, quase sempre, ao mesmo povo, foi feito assim com os indígenas que passaram a pertencer à famílias indígenas de acordo com seu tronco linguístico, ou seja, de acordo com sua língua. 
	No Rio de Janeiro o livro cita que existia grande variedade de línguas que foram incluídas nos troncos Tupi e Macro-jê. As tribos foram classificadas, como dito anteriormente por sua semelhanças e designadas por fim para famílias que reuniam as línguas iguais, ou muito próximas. 
	Nesse período de catalogação dos povos e suas particularidades foi conhecido pelos portugueses a maneira de falar dos índios, e até puderam inferiorizar alegando pobreza de dialetos e sons. Apesar disso, a língua indígena nomeou e até hoje está presente na língua portuguesa. Por aqui, o idioma mais falado era o Tupinambá e segundo dados explícitos pelos autores no texto: “ Numa amostra coletada pelo linguista Aryon Rodrigues, 46% dos nomes populares de peixes e 35% dos nomes de aves são oriundos só do tupinambá” (FREIRE & MALHEIROS. 1997).
	Os índios com seu idioma passava informações importantes, ainda que tivessem escrita formal e nem mesmo houvesse uma construção concreta antes de um dicionário de palavras e seus significados, os portugueses perderam grandes oportunidades de evitar problemas futuros apenas conhecendo um pouco mais do que os índios diziam. O texto dá o exemplo recente de uma construção feita em uma área cujo nome dado pelos índios significava “pedra podre”. A construção depois de um período de muita chuva desabou, e como se tratava de um laboratório de Radioecologia, contaminou toda a área. 
	Quantas dessas informações se perderam pelos europeus por não considerarem a conhecimento indígena?
AS ALDEIAM ONDE MORAVAM
	“A aldeia era a maior unidade política das sociedades indígenas.” (FREIRE & MALHEIROS. 1997) A fala posterior retirada do texto tratado demonstra como era a visão de moradia e família indígena antes da interferência europeia nessa elaboração de vida desses povos. 
	Uma comunidade que estabelecia seu líder religioso e político, que possuía cada uma sua autonomia e maneira de lidar com as demandas do dia a dia. O Cacique, morubixaba ou tuxaua era o chefe e envolvidos no trabalho desses chefe estava toda a comunidade dividindo tarefas e organizando de maneira apropriada a seus costumes uma sociedade igualitária. 
	Assim como visto no tópico anterior, o idioma indígena denominava nomes que tinham o significado real das coisas da qual se falava e suas aldeias eram nomeadas sob o mesmo aspecto. Considerava-se localização, característica geográfica da terra, condições climáticas, fauna, flora e muitos outros aspectos locais para se designar um nome. 
	Sabe-se que haviam no Rio de Janeiro uma grande quantidade de aldeias e cada aldeia abrigava em sua estrutura também enorme quantidade de índios. O texto fala que pesquisadores registraram entre 1550 e 1560 um total de 36 aldeias apenas na Ilha do Governador, e em volta da Baía de Guanabara outras 32 aldeias. As aldeias tupinambás, ainda dentro de índice desses relatos de pesquisadores comportavam entre 500 e 3.000 índios, ou seja, grande parte do Rio de Janeiro era formado pela cultura e forma de vida indígena até a chegada dos portugueses.
	Os autores esclarecem que esses dados são levantamento feitos à base de palpite e muito pouco de estudos sobre esses povos. Além disso como estratégia para encobrir o grande número exterminado pelos europeus, a estimativa era feita sempre para baixo. 
COMO VIVIAM
	O texto divide as informações dos modos de vida em duas famílias, os Tupis e os Puris. Com base na relação dessas famílias com a natureza e com a invasão europeia, podemos caracterizar também outras famílias. 
	Os tupis, por se localizarem no litoral eram os mais conhecidos pelos portugueses. Segundo Freire e Malheiros (1997):
Viviam em aldeias ou tabas, compostas de quatro a oito malocas que eram habitações retangulares, grandes e sem divisões internas, dispostas em círculo e protegidas por uma cerca ou paliçada. No centro da taba, havia um pátio ou uma praça, onde faziam suas reuniões e assembleias.
	Estavam em proximidade de rios, e em terras férteis como também é dito no texto. 
	A família Puri foi menos conhecida, mas dentro da denominação Puri destacam-se outras famílias que possuíam características específicas. Os goitacás, por exemplo foi um povo conflitante com os portugueses e foram exterminados sem deixar qualquer registro. O que se tem escrito desses povos é que se tratavam de guerreiros, com porte físico para tais atividades. 
	Os povos citados viviam da caça, da plantação e dos produtos da própria flora brasileira, exerciam a pesca, mas sem a engenharia de barcos e canoas. Eram habilidosos com arpões e flechas . Suas características físicas os diferenciavam perante os estrangeiros e também diante de outras tribos indígenas. O texto tratará de alguns povos caracterizando-os por seu porte física, maneira com que cortavam os cabelos, cor de pele mais ou menos avermelhada. 
	Os índios, como bem avalia o texto, possuíam grande habilidade de adaptação, observação e construção teórica da natureza que o cercava. As tribos
nomeavam os animais, as plantas, as catalogavam como medicinais, ritualísticas e faziam uso dessa natureza em seu dia a dia como parte dela e não como dono. 
O POVO FLUMINENSE E A HERANÇA INDÍGENA
	O livro tratou dos índios até este ponto como um povo desconhecido que não teve voz para construir sua própria história. A Herança dita no título deste trecho enfatiza que o Rio de Janeiro e o Brasil em geral carrega consigo grande carga histórica indígena que poderia ser muito maior se não fosse o grande número de extermínio, a falta de construção do histórico indígena e conhecimentos de botânica, biologia, adaptação, observação milenar. O texto fala: “Deram, portanto, contribuição fundamental para a formação do povo brasileiro, fluminense e carioca, num processo histórico conflitivo, quase sempre violento, que merece ser melhor estudado.” (FREIRE & MALHEIROS.1997)
3- ÍNDIOS CATEQUIZADOS E AS ALDEIAS DE REPARTIÇÃO.
O PROJETO COLONIAL
	Como sugere o título o que ocorreu no século XVI no Brasil foi a expansão do comércio e a necessidade por parte dos portugueses de ampliar território em busca de novas fontes de riquezas. Consequentemente o índio foi incluído nesse projeto, e numa posição de obstáculo que foi vencido com a doação de terras a donatários que passaram a ter direitos sobre os bens daquela terra, inclusive a força escrava indígena. 
	Além da escravidão como força de trabalho e exploração da terra, este trecho do livro conta como os índios tupinikins foram usados como guerreiros, soldados do exército portugueses contra os franceses e como eles auxiliaram na invasão de terras indígenas compactuantes com os franceses. Índio contra índio a benefício dos europeus. 
	No entanto haverão também atos de resistência indígena, como a citada antes do goitacás, que se recusaram a servir aos invasores e destruíram algumas vezes plantações e povoados estabelecidos pelos portugueses. 
	Apesar da resistência goitacá, a grande realidade brasileira da época era a criação de alianças entre os portugueses e as aldeias. Trabalho escravo concordado por falta de entendimento, e trabalho escravo compulsório que será regulamentado e efetivado através de 3 tipos de recrutamento.
Esse sistema de trabalho previa três formas de recrutamento, ou seja, três modos diferentes de retirar o índio de sua aldeia de origem e levá-lo para a zona de ocupação europeia: a guerra justa, o resgate e o descimento. As duas primeiras formas transformavam o índio em escravo, a última em “índio de repartição”, combinando assim dois tipos de relação de trabalho. É possível descrever sucitamente algumas características de cada uma dessas formas. (FREIRE & MALHEIROS. PÁG 50. 1997)
	
	Então, como descrito o índio encontraria de qualquer modo, com uma forma de repressão e deslocamento se seriam levados a mudar seus hábitos e adaptá-los à uma vida condizente com a crença de sociedade europeia. 
A ESCRAVIDÃO INDÍGENA: “OS NEGROS DA TERRA”
	Os primeiros escravizados no Brasil foram os índios, e o texto busca neste trecho sintetizar como se deu e quais as primeiras razões alegadas pelos portugueses para buscarem nesses povos a força de trabalho. Logicamente, como é colocado pelos autores, os índios eram a força de trabalho barata, gratuita achada nas terras brasileiras e passam a ser usados como única alternativa de exploração da terra e produção à exportação. Por conta disso, as três modalidades criadas pelos invasores de retirar o índio de seus povoados e trazê-los para o trabalho foram efetivadas e por longos períodos justificadas. 
	A guerra justa, era uma das fontes de criação dessa categoria de trabalhadores. Trata-se de invasão às terras, luta contra a resistência e captura de pessoa para o trabalho. Tanto violento e “eficaz” essa maneira de apreensão do índio que se tornou uma prática fora de controle, criando até mesmo, como o próprio livro afirma, uma devastação desses povos no litoral, diminuindo a mão-de-obra e obrigando ao rei estabelecer leis que só considerariam legais as guerras pré- determinadas e julgadas pelo rei para atenderem benefícios para o governo. 
	Os resgastes já se tratavam de uma toca entre portugueses e os índios aliados. Os prisioneiros de guerras entre aldeias eram trocados por objetos e armar europeias. Era uma outra maneira bastante abrangente e até mesmo menos invasiva de conquistar trabalhadores para a elaboração dos projetos portugueses. De todo modo, os índios tornavam-se escravizados dos europeus e eram mais um produto retirado de sua origem pela exploração de terras e busca de riquezas.
	 As principais consequências desse processo de escravização a longo prazo, apresentadas pelo texto, é a mudança de hábitos culturais indígenas e desaparecimento da identidade. 
A REPARTIÇÃO: OS ÍNDIOS ALDEADOS.
	O texto nos fala que uma alternativa para a não escravidão, estava no deslocamento dos índios de suas aldeias, para repartições portuguesas que catequizariam, batizariam “civilizariam” esses índios, tornando-os cristãos e separando-os dos outros índios considerados gentios. Esta prática não evitava a prestação de serviço do índio ao português, visto que para se ter dignidade e ser perante Deus e os homens uma pessoa de bem, civilizada e cristã, era necessário trabalho. 
	Ocorria então o que foi chamado de descimento, ou seja, o ato de descer de suas aldeias e se instalarem nos aldeamentos missionários que possuíam toda uma estrutura civilizatória, como igreja e escola. O índio receberia panos de algodão, seriam alugados e receberiam ensinamentos doutrinários. 
	Muitas eram as problemáticas envolvidas no trabalho não escravo, mas compulsório determinado pelas aldeias missionárias. Os índios eram alugados, mas não devolvidos, as índias tornavam-se esposas de portugueses para que não precisassem serem devolvidas, a alimentação era inadequada, o trabalho desumano. Com os esvaziamentos das aldeias missionários por conta das fugas e “roubos” de índios, colaborava para novos descimentos e foram se tornando ciclos infinitos de busca e apreensão de índio. 
	As tribos foram sendo reduzidas à estoque de pessoas, que como o texto fala, serviam como força militar, como engrenagem de produção, base construtora e não possuíam sequer o direito de permanecer culturalmente intactos. Com os descimentos e aldeamentos portugueses, suas culturas foram compactadas, suprimidas, misturando-se ao longo dos anos e perdendo essencialmente suas antigas origens.
DE ALDEIA A POVOADO.
	Como o título do trecho sugere, deixaram de existir então, com todas essas invasões e mudanças, as aldeias culturalmente autônomas e passaram a existir povoados com grande mistura de povos. 
	O local era pré determinado pelos portugueses que os separavam de acordo com alguns critérios e os obrigavam a viver naquele espaço juntos, como se não houvesse qualquer tipo de característica conflitante, o índio deveria adaptar-se a novos povos, línguas, rituais etc. 
	O primeiro povoado foi instalado, como diz o texto, na atual cidade de Niterói, e outras também foram criadas ao longo da costa, indo para o interior com o tempo. 
	O período pombalino extinguiu algumas aldeias e estabeleceu regras que tiraram ainda mais a cultura indígena, como por exemplo a proibição de falarem qualquer outra língua que não fosse o português, a proibição da nudez entre muitas outras medidas. 
	Além disso, as terras indígenas antes pertencentes aos índios como sesmarias, continuavam a serem invadidas e desapropriadas usando de justificativa que o índio não utilizava bem as terras. O governo então usava dessas justificativas para explorar mais uma vez o índio e sua posses naturais. 
DE ÍNDIO A CABOCLOS.
	Os índios catequizados, colonizados, cujas terras pertenciam legalmente à coroa, eram conhecidos como caboclos. Se utilizavam da língua geral, língua essa que tinha português como base. Mas outras classes de índios, como os “bravos” ainda existiam. Esses seriam os índios não civilizados, que conservavam seus dialetos e costumes. Travavam batalhas
para manterem seus territórios e autonomia. 
	Além dessas duas categorias citadas a cima, o texto fala ainda do índios destribalizados, índios que foram expulsos de suas terras e aldeamentos. Sem identificação viviam nos centros urbanos sem categorização, sem identidade indígenas. O texto dá exemplos de índios que ao morrerem eram enterrados sem identificação de tribos. 
O ÍNDIO NA CORTE
	Segundo o texto houve ainda, em certo período, grande migração indígena para corte, onde primeiro serviam como domésticos, e quando não empregados perambulavam pela cidade. Criaram-se então grupos de aldeias que viviam de acordo com a demanda da corte, mas estabeleciam algum contato com suas raízes culturais. Muitos registros foram feitos da presença do índio do dia a dia da cidade, até a decadência dessa presença do índio. 
CONCLUSÃO
	
	O texto fichado foi capaz de demonstrar a mim, e acredito que a qualquer leitor, o quão imatura e maquiada é a história indígena dada nos anos inicias nas escolas do nosso país. Pouco se sabe sobre a verdadeira história indígena verdadeira e portanto pouco se valoriza a cultura e a identidade indígena. 
	A preservação, que deixou de ser respeitada desde os primórdios do Brasil se prolifera até os dias atuais, embora seja possível perceber através de leituras como essas, que nossa sociedade brasileira atual dependeu e é um grande produto das raízes indígenas e do trabalho exercido por eles por séculos nessas terras. 
	Acredito que a partir da leitura deste texto muitos esteriótipos sobre a vida indígena com a chegada do portugueses, a construção da nação brasileira serão desmistificados, por isso tão importante esta leitura e estudo. 
BIBLIOGRAFIA
FREIRE, José Ribamar Bessa & MALHEIROS, Maria Fernanda; ALDEAMENTOS INDÍGENAS DO RIO DE JANEIRO. 1997.

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