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Capítulo 10: Escoamento Viscoso Externo: Conceitos de Camada Limite PUCRS - DEM - Prof. Alé 10-1 EEssccooaammeennttoo EExxtteerrnnoo VViissccoossoo:: CCoonncceeiittooss ddee CCaammaaddaa LLiimmiittee Mecânica dos Fluidos 10-2 Conceitos de Camada Limite Capítulo 10 - Escoamento Viscoso Externo: Conceitos de Camada Limite 10.1 ESCOAMENTO EM TORNO DE CORPOS .................................................................................. 3 10.1.1 Efeito do Número de Reynolds no Escoamento Externo ............................................... 3 10.2 ESCOAMENTO SOBRE PLACA PLANA .................................................................................... 4 10.2.1 Forças Viscosas Predominantes – Reynolds muito baixo - Re=0,1............................... 4 10.2.2 Forças Viscosas Moderadas – Reynolds baixo - Re=10 .............................................. 4 10.2.3 Forças de Viscosas Confinadas – Reynolds Alto - Re=107 .......................................... 5 10.3 CARACTERÍSTICAS DA CAMADA LIMITE............................................................................... 6 10.4 ESPESSURA DA CAMADA LIMITE.......................................................................................... 7 10.5 ESPESSURA DE DESLOCAMENTO .......................................................................................... 7 10.6 ESPESSURA DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO ..................................................................... 8 10.7 COEFICIENTE DE ARRASTO EM PLACAS PLANAS ................................................................... 9 10.8 COEFICIENTE DE ARRASTO E FORÇA DE ARRASTO PELA TENSÃO DE CISALHAMENTO .......... 10 10.9 EQUAÇÕES DE BLASIUS – PLACA PLANA – CAMADA LIMITE LAMINAR ............................ 11 ESPESSURA DA CAMADA LIMITE.................................................................................................. 11 ESPESSURA DE DESLOCAMENTO DA CAMADA LIMITE.................................................................... 11 10.10 COEFICIENTE DE ARRASTO LOCAL OU COEF. DE TENSÃO DE CISALHAMENTO .................... 11 10.11 COEFICIENTE DE ARRASTO MÉDIO................................................................................... 11 10.12 TRANSIÇÃO DE ESCOAMENTO LAMINAR PARA TURBULENTO ........................................... 12 10.13 CAMADA LIMITE TURBULENTA EM PLACA PLANA .......................................................... 13 10.13.1 Coeficiente de Arrasto Local - Coeficiente de Tensão de Cisalhamento .................. 13 10.13.2 Coeficiente de Arrasto Médio ................................................................................. 13 10.14 ESPESSURA DA CAMADA LIMITE - ESCOAMENTO TURBULENTO....................................... 15 10.15 RESUMO DAS EQUAÇÕES DA CAMADA LIMITE EM PLACA PLANA .................................... 16 Capítulo 10: Escoamento Viscoso Externo: Conceitos de Camada Limite PUCRS - DEM - Prof. Alé 10-3 Capítulo 10 - Escoamento Viscoso Externo: Conceitos de Camada Limite Quando um corpo se move através de um fluido existe um interação entre este e o fluido. Tal interação pode ser descrita por forças que atuam na interface fluido-corpo. Estas forças se devem aos efeitos viscosos e aos efeitos de pressão. Em Engenharia, para avaliar os efeitos globais é mais interessante representar estas forças em função da denominada força de arrasto que atua na direção do escoamento e a força de sustentação que atua na direção normal ao escoamento denominada sustentação. O arrasto e sustentação podem ser obtidos pela integração das tensões de cisalhamento e as forças normais ao corpo. No Cap.11 são abordadas as forças de sustentação e arrasto para escoamentos externos viscosos sobre superfícies curvas tais como cilindros e aerofólios. No presente capítulo é abordado o escoamento externo sobre placas planas. 10.1 Escoamento em Torno de Corpos A característica do escoamento em torno de um corpo depende de vários parâmetros como: forma do corpo, velocidade, orientação e propriedades do fluido que escoa sobre o corpo. Os parâmetros mais importantes para descrever o escoamento sobre um corpo são o número de Reynolds e número de Mach. 10.1.1 Efeito do Número de Reynolds no Escoamento Externo O número de Reynolds (Re= ρ VD/µ) representa a relação entre os efeitos de inércia e os efeitos viscosos. • Sem os efeitos viscosos (µ=0) , o número de Reynolds é infinito. • Por outro lado na ausência de todos os efeitos de inércia (ρ=0) o número de Reynolds é nulo. Qualquer escoamento real apresenta um número de Reynolds entre esses limites. A natureza do escoamento varia muito se Re >>1 ou se Re <<1. A maioria dos escoamentos que nos são familiares estão associados a objetos de tamanho moderado com comprimento característico da ordem de 0,01m a 10m. As velocidades ao longe destes escoamentos (água e ar) apresentam ordem de grandeza de 0,01m/s até 100m/s. Desta forma o Re destes escoamento está entre 10 < Re < 109. Escoamentos com Re > 100 são controlados por efeitos de inércia. Escoamentos com Re < 1 são controlados por efeitos viscosos. A maioria dos escoamentos são controlados por efeitos de inércia. Antes de Prandtl a Mecânica dos Fluidos evoluiu com resultados teóricos e experimentais que diferiam. Prandtl introduziu o conceito de camada limite fornecendo o elo entre teoria e prática. Prandtl mostrou que muitos escoamentos viscosos podem ser analisados considerando duas regiões: uma próxima das fronteiras sólidas e outra cobrindo o restante. Apenas na região muito delgada adjacente a fronteira solida (camada limite) o efeito da viscosidade é importante. Na região fora da camada limite o efeito da viscosidade é desprezível e o fluido pode ser tratado como não-viscoso. Em muitas situações reais, a camada limite desenvolve-se sobre uma superfície sólida plana. Exemplo disso é escoamento sobre cascos de navios e de submarinos, asas de aviões e movimentos atmosféricos sobre terreno plano. Estes casos podem ser ilustrados pelo caso mais simples analisando uma placa plana. Tal caso será estudado a seguir. Figura 10.1 Camada limite sobre uma placa plana (espessura exagerada) Mecânica dos Fluidos 10-4 Conceitos de Camada Limite 10.2 Escoamento sobre Placa Plana 10.2.1 Forças Viscosas Predominantes – Reynolds muito baixo - Re≈0,1 As Fig. 10.2 a Fig.10.4 mostram três tipos de escoamentos sobre uma placa plana que tem comprimento L. Para o caso em que Re≈0,1 (Fig.10.2) os efeitos viscosos são predominantes afetando o escoamento uniforme. Devemos nos afastar consideravelmente da placa plana para alcançar uma região do escoamento que tem sua velocidade alterada em menos de 1%. A região afetada pelos efeitos viscosos é bastante ampla quando o número de Reynolds do escoamento é baixo. Figura 10.2 Escoamento sobre placa plana com efeitos viscosos predominantes 10.2.2 Forças Viscosas Moderadas – Reynolds baixo - Re≈10 Com o aumento do Re no escoamento (por ex. aumento de Uoo), neste caso Re≈10, a região onde os efeitos viscosos são importantes se torna menor em todas as direções, exceto a jusante da placa (Fig.10.3). Se observa que as linhas de corrente são deslocadasda posição original do escoamento uniforme, mas o deslocamento não é grande como na situação referente ao Re≈0,1. Figura 10.3. Placa Plana - Efeitos viscosos moderados Capítulo 10: Escoamento Viscoso Externo: Conceitos de Camada Limite PUCRS - DEM - Prof. Alé 10-5 10.2.3 Forças de Viscosas Confinadas – Reynolds Alto - Re≈107 Para escoamento com Re muito alto (Re≈107) predominam os efeitos das forças de inércia. Os efeitos das forças viscosas são praticamente desprezíveis em todos os pontos, exceto naqueles muito próximos da placa plana e na região de esteira localizada a jusante da placa (Fig. 10.4). Como a viscosidade do fluido não é nula o fluido adere à superfície sólida (condição de não escorregamento). Desta forma a velocidade varia desde zero na superfície da placa até um valor Uoo, na fronteira de uma região muito fina denominada camada limite. Essa região conhecida como camada limite (δ) é sempre muito menor que o comprimento da placa. A espessura desta camada aumenta na direção do escoamento e é nula no borda de ataque da placa. O escoamento na camada limite pode ser laminar ou turbulento. Se define a espessura da camada limite δ como a distância da superfície ao ponto em que a velocidade situa-se dentro de 1% da velocidade de corrente livre. Figura 10.4 Placa Plana - Efeitos de inércia importantes As linhas de corrente fora da camada limite são aproximadamente paralelas àplaca plana. O leve deslocamento das linhas de corrente externas (fora da camada limite) se deve ao aumento da espessura da camada limite na direção do escoamento e é nula no bordo de ataque da placa. A existência da placa plana tem pouco efeito nas linhas de corrente externas tanto na frente, acima ou abaixo da placa. Por outro lado, a região de esteira é provocada por efeitos viscosos. Camada Limite – Prandtl O físico alemão Prandtl (1875-1953) realizou um dos grandes avanços na Mecânica dos Fluidos, em 1903, concebendo a idéia da camada limite na qual define – Uma região muito fina dentro da camada limite e adjacente à superfície do corpo onde os efeitos viscosos são muito importantes, onde a componente axial da velocidade varia rapidamente com a distância y. Uma região fora da camada limite denominada região de escoamento potencial onde o fluido se comporta como se fosse um fluido não viscosos, ou investido onde as forças de cisalhamento são desprezíveis. Certamente a viscosidade dinâmica é a mesma em todo o campo de escoamento. Desta forma a importância relativa de seus efeitos (devido aos gradientes de velocidade) é diferente fora e dentro da camada limite. Os gradientes de velocidades normais ao escoamento são relativamente pequenos fora da camada limite e o fluido se comporta como se fosse não viscoso. Mecânica dos Fluidos 10-6 Conceitos de Camada Limite 10.3 Características da Camada Limite O tamanho da camada limite e a estrutura do escoamento nela confinado variam muito. Parte desta variação é provocada pelo formato do objeto onde se desenvolve a camada limite. A seguir se analisa o efeito da camada limite para o caso de um fluido viscoso e incompressível sobre uma placa plana de comprimento infinito (x varia de 0 a infinito). Se o Re é muito alto somente o fluido confinado na camada limite sentirá a presença da placa. Exceto na região fora da camada limite a velocidade será essencialmente igual a velocidade de corrente livre V=Ui. Para uma placa finita, o comprimento L pode ser utilizado como comprimento característico. No caso da placa plana de comprimento infinito definimos o Rex= Ux/ν. Se a placa é longa o Re é alto, apresentando uma camada limite exceto na região muito pequena próxima da borda da placa. A presença da placa é sentida em regiões muito finas da camada limite e da esteira. Figura 10.5. Efeito rotacional de partículas de fluido dentro da camada limite Consideremos o escoamento de uma partícula de fluido no campo de escoamento. Quando a partícula entra na camada limite começa a distorcer devido ao gradiente de velocidade do escoamento – a parte superior da partícula apresenta uma velocidade maior do que na parte inferior. O elemento de fluido não tem rotação fora da camada limite mas começa a rotar quando atravessa a superfície fictícia da camada limite e entre na região onde os efeitos viscosos são importantes. O escoamento é irrotacional fora da camada limite O escoamento é rotacional dentro da camada limite. A partir de uma certa distância x do bordo de ataque, o escoamento na camada limite torna-se turbulento e as partículas de fluido tornam-se extremadamente distorcidas devido a natureza irregular da turbulência. Uma das características da turbulência é o movimento de misturas produzido no escoamento. Esta mistura é devido a movimentos irregulares de porções de fluido que apresentam comprimentos que variam da escala molecular até a espessura da camada limite. Quando o escoamento é laminar a mistura ocorre somente em escala molecular. A transição do escoamento de laminar para turbulência ocorre quando o Re atinge um valor critico (Rec). Placa Plana: • Rec varia de 2x105 até 3x106 . É função da rugosidade da superfície e da intensidade da turbulência. � Considera-se o valor crítico igual a Rec=5x105. ( 500.000) � Considera-se que a camada limite é turbulenta quando Rex > 3x106 ( 3.000.000) � Laminar Re < 5x105 Turbulento Re > 3,0 x10 6 Capítulo 10: Escoamento Viscoso Externo: Conceitos de Camada Limite PUCRS - DEM - Prof. Alé 10-7 10.4 Espessura da Camada Limite Na camada limite a velocidade muda de zero na superfície da placa até o valor da velocidade de corrente livre na fronteira da camada limite. Desta forma o perfil de velocidades u=u(x,y) que satisfaz as condições de contorno: V=0 em y =0 e V≈U00 em y =δ. Matematicamente como fisicamente o perfil de velocidade não apresenta nenhuma singularidade. Isto é, u tende a Uoo quando mais nos afastamos da placa (não é necessário que u seja precisamente igual a U00 em y=δ). Se define a espessura da camada limite δ como a distância da superfície ao ponto em que a velocidade situa-se dentro de 1% da velocidade de corrente livre. ∞== U,uy 990 onde δ 10.5 Espessura de Deslocamento A Fig. 10.6 mostra dois perfis de velocidade para escoamento sobre uma placa plana: um (Fig. 10.6a) considerando perfil uniforme de velocidade (sem atrito) e outro (Fig.10.6b) com viscosidade no qual a velocidade na parede é nula. Figura 10.6. Camada limite e conceito de espessura de deslocamento Devido à diferença de velocidade U – u dentro da camada limite, a vazão através da seção b – b é menor do que aquela na seção a – a . Se deslocarmos a placa plana na seção a – a de uma quantidade δ* , as vazões pelas seções serão idênticas. Esta distância é denominada espessura de deslocamento. Figura 10.7 Perfil de velocidade para definir espessura de deslocamento Rodrigo Textbox Rodrigo Textbox Mecânica dos Fluidos 10-8 Conceitos de Camada Limite A definição é verdadeira se ( )∫∞ −= 0* bdyuUbUδ onde b é a largura da placa. Desta forma: ∫∞ −= 0* 1 dyUuδ A espessura de deslocamento representa o aumento da espessura do corpo necessário para que a vazão do escoamento uniforme fictício seja igual a do escoamento viscoso real. Também representa o deslocamento das linhas de corrente provocado pelos efeitos viscosos. Tal idéia permite simular a presença da camada limite no escoamento pela adição de uma espessura dedeslocamento da parede real e tratar o escoamento sobre o corpos mais espessos como se fossem não viscoso. 10.6 Espessura da Quantidade de Movimento A diferença de velocidades existente na camada limite U – u, provoca uma redução do fluxo da quantidade de movimento na seção b – b mostrado na Fig.7 . O fluxo é menor do que aquele na seção a – a da mesma figura. Esta diferença de fluxo de quantidade de movimento na camada limite, também conhecida como déficit do fluxo da quantidade de movimento no escoamento real é dada por: ( ) ( )∫ ∫∞ −=− 0 dyuUubdAuUu ρρ por definição estas integrais representam o déficit do fluxo da quantidade de movimento numa camada limite de velocidade uniforme U e espessura θ. Assim, ( )∫∞ −= 0 2 dyuUubbU ρθρ ∫∞ −= 0 1 dyU u U uθ as três definições de espessura de camada limite δ , δ*e θ são utilizadas nas análises de camada limite. A hipótese da camada limite ser fina é essencial para o desenvolvimento do modelo de escoamento. Esta hipótese, na análise do escoamento sobre uma placa plana garante que δ seja muito menor que x (δ <<x) e também que (δ* << x) e (θ << x) onde x é a distância em relação ao bordo de ataque da placa. Como ordem de grandeza se utilizam: = δ δ δ 8 1 3 1 min * turbulento arla = δ δ θ 10 1 7 1 min turbulento arla Rodrigo Typewriter Rodrigo Textbox Rodrigo Textbox Capítulo 10: Escoamento Viscoso Externo: Conceitos de Camada Limite PUCRS - DEM - Prof. Alé 10-9 10.7 Coeficiente de Arrasto em Placas Planas O coeficiente de arrasto ou de resistência de um corpo é dado por: DfDpD CCC += CDf representa o coeficiente de tensão de cisalhamento. AU F C DfDf 2 2 1 ∞ = ρ onde A representa a área superficial ou área molhada. Por exemplo numa placa paralela ao escoamento A=bxL onde b é a largura da placa. O termo CDp representa o coeficiente de arrasto por pressão. AU F C DpDp 2 2 1 ∞ = ρ Neste caso A pode representar projeção num plano normal da área do corpo. Por exemplo num cilindro A=DxL O coeficiente de arrasto total é assim definido: AU FC DD 2 2 1 ∞ = ρ onde FD= FDp + FDf No caso de uma placa perpendicular ao fluxo a tensão de cisalhamento não contribui para a força de resistência. O coeficiente de arrasto deve-se unicamente ao arrasto por pressão. Desta forma CD= CDp. Figura 10.8 Placa plana perpendicular ao fluxo No caso de uma placa plana paralela ao escoamento o arrasto deve-se unicamente ao atrito superficial. Desta forma CD= CDf. CD=CDp Mecânica dos Fluidos 10-10 Conceitos de Camada Limite 10.8 Coeficiente de Arrasto e Força de Arrasto pela Tensão de Cisalhamento Considerando que o perfil de velocidade u(x,y) da camada limite seja conhecido. A tensão de cisalhamento τw na parede que atua ao longo da superfície em qualquer posição x é determinado a partir da definição: 0 ),( = ∂ ∂= y w y yxuµτ Desta forma conhecendo a distribuição de velocidades na camada limite, pode-se determinar a força de cisalhamento, devido ao escoamento que está atuando sobre a superfície sólida. Como a equação anterior não é muito prática para aplicações de Engenharia define-se a tensão de cisalhamento ou força de arrasto local como função do coeficiente de arrasto local Cf. Também denominado coeficiente de tensão de cisalhamento (Cx no texto de Ozisik). 2 2 ∞ = UC fw ρτ onde ρ é a massa específica do fluido e U00 a velocidade de corrente livre. Desta forma conhecendo o coeficiente da tensão de cisalhamento Cf podemos determinar a força de arrasto exercida pelo fluido que está escoando sobre a placa plana. Igualando as equações anteriores se obtém: 0 2 ),(2 =∞ ∂ ∂= y f y yxu U C ν o coeficiente local de arrasto poderá ser determinado se o perfil de velocidade u(x,y) na camada limite for conhecido. O valor médio do coeficiente da tensão de cisalhamento CDf de x=0 até x=L é definido como: ∫ = = L x fDf dxCL C 0 1 determinado o CDf podemos calcular a força de arrasto FD atuando sobre a placa de x=0 até x=L numa largura da placa b (lembrando que a área superficial é A=bxL). 2 2 ∞ = UbLCF DD ρ Obs. Para placa plana paralela à direção do escoamento. CD=CDf. Capítulo 10: Escoamento Viscoso Externo: Conceitos de Camada Limite PUCRS - DEM - Prof. Alé 10-11 10.9 Equações de BLASIUS – Placa Plana – Camada Limite Laminar Para o caso de placa plana existem diferentes soluções para determinar a espessura da camada limite, espessura de deslocamento da camada limite, coeficiente de arrasto local e coeficiente de arrasto médio. Em 1908 Blasius, discípulo de Prandtl, obtém a solução exata da camada limite numa placa plana (gradiente de pressão nulo) considerando: � Escoamento em regime laminar. � Escoamento permanente � Escoamento bidimensional � Escoamento incompressível Soluções aproximadas foram também determinadas para tal problema considerando o perfil de velocidades como um polinômio de segundo grau, de terceiro grau e de quarto grau. A seguir são apresentadas as equações denominadas exatas, determinadas por Blasius, válidas para escoamento laminar Re < 5,0x105 até 1,0x106 Figura 10.9. Esquema de placa plana Espessura da camada Limite x x Re 5 =δ Espessura de deslocamento da camada limite ∞ = U vx73,1*δ ou também xRe 73,1* =δ 10.10 Coeficiente de arrasto local ou Coef. de tensão de cisalhamento 2/1Re 664,0 x fC = 10.11 Coeficiente de arrasto médio Podemos determinar o coeficiente de arrasto médio CDf integrando Cf de x=0 até x=L ∫ = = L x fDf dxCL C 0 1 2/12/1 Re 328,1 Re 664,02 LL DfD CC === onde ReL= VL/ν v xU x 00Re = x L Rodrigo Textbox Mecânica dos Fluidos 10-12 Conceitos de Camada Limite 10.12 Transição de Escoamento Laminar para Turbulento O valor de Re de transição é uma função muito complexa de vários parâmetros como rugosidade da superfície, curvatura da superfície e intensidade das perturbações existentes no escoamento. No caso do ar a transição de escoamento laminar para turbulento, na camada limite sobre uma placa plana, ocorre para Rec na faixa de 2x105 a 3x106. Para efeitos práticos utiliza o valor fixo Rec=5x105 que na verdade corresponde ao limite inferior da região de transição. O processo de transição envolve instabilidade do campo de escoamento. Pequenas perturbações impostas sobre a camada limite, como vibrações na placa, rugosidade da superfície, pulsações no escoamento principal aumentam ou diminuem a instabilidade dependendo do lugar onde a perturbação for introduzida: � Se a perturbação ocorre em Rex < Rec são amortecidas fazendo com que a camada limite retorne ao regime laminar � Se a perturbação ocorre em Rex > Rec irão crescer transformando o escoamento em regime turbulento. � A mudança do escoamento laminar para turbulento também provoca uma mudança na forma do perfil de velocidades. Figura10.10 Perfis de velocidades em placa plana - regime laminar, transição e turbulento (ar). Observa-se na Fig.10.10 que o perfil turbulento de velocidades é mais plano apresentando um alto gradiente de velocidade na parede. Trata-se do escoamento de ar com uma velocidade de corrente livre de 27m/s. • Numa placa plana a camada limite será sempre turbulenta para Re > 4,0 x106 Capítulo 10: Escoamento Viscoso Externo: Conceitos de Camada Limite PUCRS - DEM - Prof. Alé 10-13 10.13 Camada Limite Turbulenta em Placa Plana 10.13.1 Coeficiente de Arrasto Local - Coeficiente de Tensão de Cisalhamento A partir de dados experimentais Schilichting apresentou a seguinte correlação para o coeficiente de arrasto local para placa plana lisa. 7 x 52,0 10Re5x10 para do váli Re0592,0 <<= −xfC para número de Reyndols altos, recomenda-se a correlação de Schultz-Grunow: ( ) 9x7-2,584 10Re10 para válido Relog370,0 <<= xfC 10.13.2 Coeficiente de Arrasto Médio Para uma camada limite que é inicialmente laminar e passa por uma transição em algum ponto sobre a placa plana, o coeficiente de arrasto turbulento deve ser ajustado para levar em conta o escoamento laminar no comprimento inicial. Figura 10.11. Placa plana com região laminar, transição e turbulenta. Consideremos um escoamento na camada limite sobre uma placa plana que seja: Laminar na região entre 0 ≤ x ≤ xc e Turbulenta na região xc < x ≤ L . Coeficiente de Arrasto Local Os coeficientes locais de atrito em cada uma das duas regiões são: (laminar) xx0 em Re664,0 c5,0 ≤≤= −xfc - Eq. de Blasius o)(turbulent xem Re0592,0 c2,0 Lxc xf ≤<= − - Eq. de Schilichting Coeficiente de Arrasto Médio O coeficiente de arrasto médio CDf (igual a CD em placa plana) na região inteira + = += ∫∫ ∫∫ − − − − dxx v Udxx v U L c dxcdxc L c L xc xc D L xc xTurb xc xLamD 2,0 2,0 00 0 5,0 5,0 00 0 059,0664,01 1 Mecânica dos Fluidos 10-14 Conceitos de Camada Limite efetuando a integração se obtém: L cc LDC Re Re328,1Re074,0 Re074,0 5,08,0 2,0 − −= − válido para Rec ≤ ReL < 107 , Definição do Número de Reynolds Total e Crítico e Local v LU L 00Re = é o número de Reynolds para o comprimento total (L) da placa plana. v xU c c 00Re = é o número de Reynolds crítico da transição do escoamento laminar para turbulento v xU x 00Re = é o número de Reynolds crítico em qualquer posição da placa Forma Geral do Coeficiente de Atrito Médio O coeficiente médio de arrasto CD sobre a região onde o escoamento é parcialmente laminar e parcialmente turbulento, depende do valor do número de Reynolds crítico Rec . Por isto a Eq. anterior é especificada de maneira mais compacta. 7 Lc 2,0 10Re Re para válido Re Re074,0 <<−= − L LD BC Válida quando existe a camada limite turbulenta com camada laminar anterior. O termo B é dada como: ( ) arLaDoDTurbulent CCcB minRe −= o qual depende do número de Reynolds crítico ( Rec ) e das características do arrasto plenamente laminar e turbulento. Para diversos número de Rec o valor de B é dado a seguir. = = = = = 6 c 5 c 5 c 5 c 101Re para 3340 105Re para 1740 103Re para 1050 102Re para 700 x x x x B • No caso em que B=0 corresponde ao escoamento turbulento começando desde x=0 e desta forma se utiliza e equação para regime turbulento denominada Eq. de Karman-Prandtl: 72,0 10ReRe para Re074,0 <<= − LcLD C Para altos número de Reynolds 107 < Re < 109 se utiliza a seguinte expressão: ( ) LLDC Re 1610 Relog 455,0 58,2 −= para 10 7 < Re < 109 Capítulo 10: Escoamento Viscoso Externo: Conceitos de Camada Limite PUCRS - DEM - Prof. Alé 10-15 10.14 Espessura da Camada Limite - Escoamento Turbulento Utilizando uma relação empírica para a tensão de cisalhamento na parede na forma: 2 5/1 0 0296,0 ∞ ∞= =∂ ∂= U xU v y u y w ρµτ são obtidas expressões que permitem avaliar a espessura da camada limite turbulenta para placa plana. 1. Para a camada limite plenamente turbulenta, começando da borda de ataque da placa (x=0). 5/1Re381,0)( −= x x xδ 2. No caso em que a espessura da camada limite é laminar até o ponto em que Rec=5x105, e então se torna plenamente turbulenta. 7515/1 10Re5x10 para válidaRe10256Re381,0)( <<−= −− xxx x xδ A Fig. 10.12 apresenta graficamente um resumo os tipos de coeficiente de arrasto médios para placa plana lisa. Figura 10.12 Coeficiente de arrasto para placa plana lisa. Mecânica dos Fluidos 10-16 Conceitos de Camada Limite 10.15 Resumo das Equações da Camada Limite em Placa Plana Como ser observa existe uma grande quantidade de equações que podem ser utilizadas para avaliar o coeficiente de arrasto médio em placas planas. O uso de cada equação dependerá do regime de escoamento. A placa poderá apresentar escoamento plenamente laminar, escoamento plenamente turbulento ou se na placa plana existe uma região com escoamento laminar e posteriormente uma região com escoamento turbulento. A seguir, para simplificar, podemos utilizar as seguintes relações em exercícios específicos. I - Camada Limite Laminar Perfis de Velocidade Linear δ y U u = Parabólico 2 2 −= δδ yy U u Senoidal = δ pi y U u 2 sen Equação de Blasius 3x105 < Rex < 5x105 2/1Re 664,0 x fC = 2/1Re 328,1 L DC = x w U Re 332,0 2ρτ = x x x Re 5)( = δ x x x Re 73,1)(* = δ )(346,0)(* xx δδ = )(7 1)( xx δθ = II - Camada Limite Turbulenta (escoamento turbulento desde a borda de ataque) Perfis de Velocidade Exponencial 7/1 = δ y U u Equação de Kárman – Prandtl (Rec=5x105) 72,0 10ReRe para Re074,0 LcLD C <= − 75/1 10ReRe para Re0594,0 Lcxf C <= − Equação de H. Schlichting ( ) 9 L 7 58,2 10 Re 10 para Relog 455,0 <<= L DC 4/1 20233,0 = δ νρτ U Uw 5/1Re381,0)( −= x x xδ 8 )()(* xx δδ = )( 72 7)( xx δθ = III – Camada Limite Turbulenta com Camada Laminar Anterior 7 L 52,0 10Re 5x10 para Re 1700Re074,0 <<−= − L LDC ( ) 9 L 7 58,2 10Re 10 para Re 1700 Relog 455,0 <<−= LL DC 7515/1 10Re5x10 para Re10256Re381,0)( <<−= −− xxx x xδ Rodrigo Textbox Rodrigo Textbox Rodrigo Textbox Rodrigo Textbox Capítulo 10: Escoamento Viscoso Externo: Conceitos de Camada Limite PUCRS - DEM - Prof. Alé 10-17 Exemplo - Comparação das Variáveis para Camada Limite Laminar e Turbulenta. Água (ρ=1000kg/m3 e ν=1x106 m2/s) escoa com velocidade de U=1,0 m/s sobre uma placa plana de L=1m. Avalie a espessura da camada limite δ(x), a espessura de deslocamento δ*(x) e espessurade quantidade de movimento θ(x) e a tensão de cisalhamento na parede τw(x) para x=L. (a) Considere que é mantido escoamento laminar em toda a placa. (b) Considere que a camada limite é provocada, de modo que se torna turbulenta a partir na borda de ataque. 1. Determinamos o número de Reynolds para x=L. ν UL L =Re 6 6 10101 11Re == − x x L (a) Considerando Equações para Regime Laminar x x x Re 5)( = δ x x x Re 73,1)(* = δ )( 7 1)( xx δθ = mm x 5 10 51 6 ==δ mmxx 73,15346,0)(* ==δ mmx 71,0 7 5)( ==θ 000664,0 10 664,0 Re 664,0 6 === x fC ( ) 2 2 3 2 332,0 2 11000000664,0 2 m N m kg x UC fw === ∞ ρτ (b) Considerando Equações para Regime Turbulento 5/1Re381,0)( −= x x xδ 8 )()(* xx δδ = )( 72 7)( xx δθ = ( ) mmxx 2410381,01)( 5/16 == −δ mmx 3 8 24)(* ==δ mmx 34,224 72 7)( ==θ ( ) 00375,0100,0594 Re0594,0 5/165/1 === −−xfC ( ) 2 22 875,1 2 1100000375,0 2 m N x UC fw === ∞ ρτ Espessura da camada limite 8,4 5 24 )min( )( == arLa Turbulento δ δ Espessura de deslocamento da camada limite 73,1 73,1 3 )min( )( * * == arLa Turbulento δ δ Espessura da quantidade de movimento 86,3 71,0 74,2 )min( )( == arLa Turbulento θ θ Tensão de cisalhamento na parede. 63,5 332,0 87,1 )min( )( == arLa Turbulento w w τ τ Obs: Existe um crescimento maior das variáveis na camada limite turbulenta devido a uma tensão de cisalhamento na parede mais alta. Rodrigo Textbox Rodrigo Textbox Rodrigo Textbox