Buscar

SEMINÁRIO II INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS VOLUME 2 Documentos Google

Prévia do material em texto

Universidade Federal de São Carlos . 
Ensino Temático de Filosofia II 
Silvia Cristina Vergilio Pica, Ra 600539. 
São Carlos, 30 de Novembro de 2017. 
 
SEMINÁRIO II 
SIGMUND FREUD - INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS VOLUME 2 
 
No início do capítulo VII Sobre a psicologia dos processos oníricos, Freud inicia com o 
exemplo que a ele foi narrado por uma paciente, ‘ Ele causou impressão a essa senhora 
devido ao conteúdo, pois não deixou de resonha-lo, isto é, de repetir elementos desse sonho 
num sonho próprio’. O que Freud ouvira da paciente foi sobre o pai que sonha com seu filho, 
‘a criança esta parada ao lado de sua cama, pega seu braço e lhe sussurra em tom de 
repressão: Pai você não vê que estou queimando?’. Segundo a paciente, o significado dado 
foi muito óbvio, tendo em vista que alude apenas a sensação das velas e o clarão para dar 
uma sugestão ao pai do que estava acontecendo no momento, que era: ‘o vigia idoso 
adormecido e as roupas e um braço do querido cadáver queimados por uma vela que caíra 
acesa sobre ele’. 
Mas, Freud vai além dessa interpretação, pois seria o desejo do pai e assim no sonho a 
criança estava a se comportar como se estivesse viva, o fato da criança dizer que esta 
queimando seria a lembrança no sonho da febre levou o menino a morte, e desta forma, o 
sonho para o pai e um instante de prorrogação da vida de seu filho e assim demora para 
acordar, o que leva a vela caída sobre o caixão a queimar uma parte do cadáver de seu filho. 
 
A) O ESQUECIMENTO DOS SONHOS 
 
Freud, traz a colocação o que recordamos do sonho quando acordamos, o que 
conservamos do sonho. as lembranças, ou apenas fragmentos de como a nossa memória seria 
adulterada, incerta e infiel. E para poder narrar o sonho, reproduzir, acaba-se criando, 
embelezando, retocando o sonho, e assim o sonho original torna-se adulterado, correndo o 
risco de não se tem mais certeza do que foi sonhado. 
Nos desafios das interpretações do sonho, Freud traz o de Irma, que trata da diferença 
entre os números 51 e 56, e que o número 51 é mencionado várias vezes, levando a elaborar 
uma ‘ideia dominante que desperdiça anos de vida de maneira fanfarrona’, e desta forma 
cada análise, juntamente com os traços podem ser imprescindíveis para a interpretação de um 
sonho, que, ‘em suma, tratamos como um texto sagrado’, o sonho que é apresentado. Os 
1 
elementos do sonho pode sofrer um encadeamento de pensamentos que não são arbitrários, as 
modificações dos sonhos sofridos durante a redação da vigília. 
Freud, pedia aos pacientes que relataram e repetissem o relato do sonho, que 
raramente eram empregados as mesmas palavras, pois, ‘ os pontos fracos do disfarce onírico 
e me servem da mesma maneira como serviu a Hagen o sinal bordado na túnica de 
Siegfried’, o sonhador protege os pontos fracos, disfarce onírico, mas, chama a atenção para 
as coisas que vem deixando de lado. 
A dúvida quanto a felicidade do relato onírico quanto a reprodução correta do sonho, 
para Freud vem a ser uma ‘censura onírica, da resistência à erupção dos pensamentos 
oníricos na consciência’. E desta forma realiza-se um deslocamento e uma substituição sob 
a forma de dúvida, entre o pensamento onírico e o sonho, que acabou ocorrendo uma 
completa transvaloração. 
Com efeito a dúvida na análise de uma sonho que algumas coisas que aparecem, seja 
algo de pura certeza, pois na investigação de um elemento onírico, tudo que pode interromper 
o trabalho é uma resistência, e desta forma não é nada absurdo alguém dizer que, ‘não sei 
com certeza se isso ou aquilo estava no sonho’. 
Pode-se entender então que o esquecimento está sendo aplicado como uma espécie de 
censura psíquica. Freud, trata que durante a noite a elaboração onírica, pode transcorrer 
noites a fora, e deixar um rastro, e que; ‘não é possível duvidar de que esquecemos o sonho 
cada vez mais após o despertar. Muitas vezes, ele é esquecido apesar dos esforços preciosos 
para fixá-lo’. 
Pela análise é possível muitas vezes recuperar um fragmento, pois pode-se verificar 
que, ‘no esquecimento do sonho não faltou um propósito hostil’, sendo o esquecimento do 
sonho uma resistência em que a parte esquecida é a parte mais importante, pois é ela que dará 
a solução do sonho [relato de Freud pg. 540] 
Existe casos em que ao prosseguir o trabalho, o paciente é ajudado e estimulado, e 
acaba se reconciliando com um pensamento desagradável, é onde sai a exclamação que; 
‘agora lembro o que foi que sonhei!’, e assim Freud acaba por relatar sobre o esquecimento 
em que; ‘A experiência psicanalítica ainda nos ofereceu outra prova de que o esquecimento 
dos sonhos depende muito mais da resistência do que da estranheza existente entre o estado 
de vigília e o estado de sono’. 
Freud relata que algumas tenha sonhado e interpretou o sonho e que no final não se lembrava 
nem uma coisa nem de outra, pois a própria interpretação fora arrastada para o esquecimento, 
e assim Freud dirá, ‘ entre o trabalho interpretativo e o pensamento de vigília não há aquele 
abismo psíquico mediante ao qual os autores pretendem explicar de maneira exclusiva o 
2 
esquecimento do sonhos’. Ao contrariar as objeções, Morton Prince diz que o esquecimento 
‘é apenas um caso especial de amnésia em relação a estados psíquicos dissociados’ . Para 
Freud, o recalcamento (repressão, a resistência) ‘ é a causa tanto das dissociações quanto da 
amnésia em relação a seu conteúdo psíquico’ . 
Freud tentou interpretar alguns sonhos próprios para ter material de para suas teses, e gostou 
do resultado de sua persistência, pois os sonhos que deram mais resultados eram aqueles que 
eram mais recentes, pode fazer comparações com os sonhos do passado que estavam em suas 
anotações com os atuais, e assim chega a conclusão de que, os sonhos muitas vezes se 
comportam como sintomas neuróticos. ( Nos Estudos sobre a Histeria de 1895, fui capaz de 
comunicar a explicação do primeiro ataque histérico que uma mulher com mais de 40 anos 
tivera aos 15). 
O trabalho de interpretação do sonhos não é algo que se pode esperar que caia do céu, 
existe um grande esforço, uma dificuldade para se conter as críticas e preconceito intelectual 
pois deve-se travailler comme une bête (trabalhar como um animal) - Claude Bernard , e 
perseverar para ter resultados, mas sem preocupação e assim não sentirá ser um fardo uma 
tarefa difícil E a interpretação de um sonho não pode ser sempre realizada numa única 
sessão, e desta forma quando retomado encontra-se uma nova camada de sonho que pode 
chamar mais a atenção, uma novo acesso, e assim podemos chamar de interpretação 
fraccionada , e também não se pode dizer que hajauma ‘superinterpretação” de um sonho. 
Freud abre questão, pode-se interpretar todos os sonhos? e assim a resposta é não, 
pois, temos contra nós as forças psíquicas que distorcem o sonho, e vencer resistências 
interna de uma série inteira de sonhos. Sonhos consecutivos mostram que um deles toma 
como ponto central algo que se acha apenas na periferia de outro e vice- versa. 
Nos pontos onde o sonho torna-se obscuro e mergulha no desconhecido, é uma 
meada de pensamento que não pode ser emaranhada . De um modo mais geral o pensamento 
ou desejo onírico se desenvolve, como um cogumelo de seu micélio (filamentos do 
cogumelo). 
Sendo assim o principal responsável pelo esquecimento dos sonhos é a resistência 
psíquica. Então pode-se perguntar, ‘ o que propriamente possibilitou a formação do sonho em 
oposição a essa resistência?’. Um sonho de fato não teria ocorrido (a vida de vigília elimina 
o sonho) , a resistência houvesse sido tão acentuada durante a noite quanto o é de dia, ela 
perde a força durante a noite e o sonho se torna possível com a diminuição da resistência, mas 
3 
que ao despertar, ela recupera toda sua força. Assim, o estado de sono torna possível a 
formação de sonhos, porque reduz o poder da censura endopsíquica. 
parei na página 553-4 
As conclusões dos sonhos sobre as associações que dominam as reflexões, pois qualquer 
associação sempre conduz a alguma parte do conteúdo onírico, e é provável que nutrimos 
uma expectativa qualquer que pode extrair qualquer interpretação que possa chegar a algum 
ponto. Os procedimentos de análise dos sonho, as idéias involuntárias estão ligadas pelas 
representações que existe na análise dos sonhos, a intenção do inconsciente pode-se dizer que 
nada é arbitrário. 
Nos delírios Freud é categórico ao afirmar que os delírios nas pessoas são obras da censura 
que não mais se dá ao trabalho de ocultar o seu funcionamento, em vez de colaborar na 
produção de uma nova versão que seja, riscando tudo que possa fazer objeções, o 
inconsciente apaga aquilo que desaprova, de maneira que o que sobra se torna bastante 
desconexo. Os delírios são obras de censura para poder se proteger (censura de jornais na 
fronteira russa). (pg 557) 
Os processos orgânicos destrutivos do cérebro, de expressão dos sonhos por aquilo que ele 
nomeia como (representações-meta) associações superficiais aparecem ligadas a assonância, 
ambigüidade da palavra, coincidência cronológica sem relação interna dos sentidos; as 
associações como os chistes e em jogos de palavras, formam associações e cadeias de 
pensamentos que conduzem dos elementos dos conteúdos dos sonhos ao pensamentos 
intermediários e destes aos pensamentos oníricos, as análises dos sonhos, encontra-se 
exemplos que podem despertar a admiração; e nenhum chiste era reprovável demais que não 
pudesse formar uma ponte de pensamento ao outro, desta forma; Sempre que um elemento 
psíquico estiver ligado a outro por meio de uma associação chocante e superficial, também 
existe uma conexão e mais profunda entre ambos, submetida à resistência da censura. 
Segundo Freud as associações superficiais substituem as profundas ligações quando a censura 
torna intransitável nesses caminhos de ligações normais, como se fosse um trânsito de uma 
estrada que se torna intransitável por causa de uma inundação. 
Sendo assim existem dois casos que pode ser distinguido e que no essencial são um só: 
1) a censura se dirige apenas contra a ligação entre dois pensamentos que são separadamente 
objetáveis e a ligação entre eles ficará oculta e ocorrerá uma ligação superficial, e 
geralmente acha-se vinculada 
4 
a alguma parte do complexo de ideais inteiramente diferente daquele em que a ligação é 
reprimida e essencial se baseia. 
2 ) Ambos os pensamentos são em si próprios sujeitos à censura por causa do conteúdo, em 
que ambos não aparecem de forma correta, mas de uma forma modificada, e os dois 
pensamentos substitutos são escolhidos de tal maneira que produzem por meio de uma 
associação superficial a ligação essencial. 
Sob a pressão da censura, ocorreu um deslocamento nos dois casos: de uma associação 
normal, séria, a uma associação superficial, que parece absurda. 
As duas teses de Freud sobre o fluxo das representações que são: as representações-meta 
ocultas quando se renuncia às representações-meta consciente, sendo um substituto, 
deslocamento para as associações reprimidas mais profundas, sendo assim a psicanálise faz 
uso mais amplo nos casos de neurose, chegando a levar essas duas teses a pilares 
fundamentais de sua técnica (as teses aqui representadas, que de início soavam bastante 
improváveis, mais tarde receberam mais tarde receberam justificação e aplicação 
experimentais por meio dos ‘estudos diagnósticos associativos’ de Jung e de seus 
discípulos). 
No final desta parte Freud na interpretação durante a vigília seguimos um caminho que nos 
conduz de volta dos elementos do sonho para os pensamentos oníricos em que, o trabalho do 
sonho tomou o caminho inverso, e de forma alguma é provável que esses caminhos sejam 
transitáveis em sentido contrário’ e que ‘os pensamentos intermediários e os pensamentos 
oníricos ora neste, ora naquele ponto’, e que o material de pensamentos do dia, introduz uma 
intensa resistência ocorrida a noite. ‘Porém, o número ou a espécie de ligações colaterais que 
dessa forma tecemos durante a dia e´algo inteiramente insignificante do ponto de vista 
psicológico desde que elas nos levem aos pensamentos oníricos buscados’. 
B) A REGRESSÃO 
 
Na A regressão Freud traz que o sonho é um ato psíquico genuíno, que é impulsionado por 
um desejo a ser realizado, e que com suas peculiaridades é absurdos resulta em uma censura 
psíquica que acaba sofrendo deformações. Assim ele retoma ao sonho do pai com a criança 
que arde em chamas que vai para além do desejo aí realizado, pois a realização dos sonhador 
chama-lhe a atenção o caráter da vivência da cena do sonho, em que um pensamento é 
5 
objetivado no sonho, a imagem da criança no viva, que ‘Em primeiro lugar, portanto, e por 
causa da realização de desejo que o processo de pensamento do sonho foi transformado num 
sonho’. 
As transformaçõe do pensamento é representado como uma situação imediata, é transformado 
em imagens visuais e em fala, com isso como devemos explicar o trabalho do sonho ou como 
devemos encaixá-lo no encadeamento dos processos psíquicos?, desta forma, ‘Uma delas é a 
figuração sob a forma de situação presente, com omissão do ‘talvez, a outra, a transposição 
do pensamento em imagens visuais e em fala.’ 
Vejamos outro exemplo em que ‘ o desejo onírico não se separa da continuaçãodo 
pensamento de vigília’, no sonho de Irmã, o pensamento figurado é optativo ‘se’ é 
suprimido e transformado no presente direto: Sim, Otto é o responsável pela doença de Irma . 
Os sonhos utilizam o tempo presente da mesma maneira e com o mesmo direito que os 
devaneios: o tempo presente é aquele em que os desejos são apresentados como atendidos. 
Porém observa-se um diferencial nos conteúdos do sonho diurno não é pensado e sim tem 
diferencial que é transformado em imagens sensoriais, a que se dá crédito e parecem ser 
experimentadas, desta forma, ‘Meu sonho Autodidasker - a fantasia diurna com professor N. 
É um desses em que se mesclaram poucos elementos sensíveis e mais do que se eu tivesse 
pensado seu conteúdo durante o dia.’ Além das lembranças e das representações das imagens 
sensoriais, não são apenas próprias dos sonho, mas igual as alucinações e das visões, as 
imagens aparecem indiferentes da saúde ou dos sintomas das psiconeuroses. 
No aparelho psíquico, as discussões dedicadas ao sonho em que o grande Fechner está 
presente em sua tentativa de construir um modelo para o aparelho psíquico (Psicofísica) , a 
cena de ação dos sonhos é diferente daquela da vida ideacional de vigília. 
O aparelho psíquico de que aqui se trata também nos é conhecido sob a forma de preparado 
anatômico. [..] O lugar psíquico corresponde então a um lugar no interior de um aparelho 
que forma um dos estágios prévios da imagem. Seu modelo é o de um aparelho ótico 
(microscópio composto, máquina fotográfica, telescópio) , a localização psíquica 
corresponderá a um ponto do aparelho em que surge uma das etapas preliminares de uma 
imagem. ‘No caso do microscópio e do telescópio, como se sabe, tais lugares são em parte 
lugares ideais, regiões em que não há nenhum componente palpável do aparelho. 
O aparelho psíquico como um instrumento composto , aos componentes dos quais dará o 
nome de instâncias ou sistemas : podem talvez ficar numa relação espacial regular uns com os 
6 
outros, da mesma maneira pela qual os diversos sistemas de lentes de um telescópio que se 
encontram arranjadas sucessivamente. Esse arranjo, atravessa seqüência espacial do sistema 
psíquico, em que certos processos psíquicos os sistemas percorrem uma sequência temporal 
determinada. 
Ao atribuir ao aparelho uma extremidade sensível e uma motora, em que na extremidade 
sensível contém um sistema que recebe as percepções e na extremidade motora há outra que 
abre as comportas da motilidade, em que o processo psíquico transcorre da extremidade 
perceptiva à extremidade motora. O esquema mais geral do aparelho psíquico teria o seguinte 
aspecto. 
 
FIGURA 1 
 P M 
 
 
Sendo o processo reflexo o modelo de todo o funcionamento psíquico, pois a percepções que 
os chegam, restam apenas alguns traços em nosso aparelho psíquico em que, podemos 
chamar de traço mnêmico , ou de memória, funções estas que estão relacionadas com esses 
traços mnêmico. E supondo que o primeiro aparelho receba estímulos da percepção, mas não 
a conserve, que não tenha memória, e que tenha por detrás algo que transforme a excitação 
momentânea em traços permanentes. 
Desta forma temos a figura: 
Gráfico 2 
 P Mn Mn’ Mn’’ M 
 
 
7 
O que se sabe então sobre a percepções que agem sobre o sistema P no aparelho e são 
retidas na memória são mais que os conteúdos simples e únicos de cada uma delas. Na 
memória, elas estão associadas, ligadas umas às outras e as novas ganham novas ligações, 
criam novos laços com as já existentes chamamos esse fato de associações, e que o sistema P 
não tem memória, e com isso os elementos do P seriam intoleravelmente estofados em 
função do resto de uma ligação anterior. E assim a função associativa se encontram na 
função do sistema mnemônico . Freud supõe que as associações consista em: Nas diminuições 
da resistência e de facilitações, a excitação se propaga de um dos elementos Mn 
preferencialmente a um segundo do que de um terceiro elemento Mn, em que as mesmas 
excitação se propaga pelos elementos P, assim o primeiro desses sistemas Mn, conterá a 
fixação da associação por simultaneidade . 
O sistema P, não tem nenhuma capacidade de memória, e assim fornece a consciência toda a 
multiplicidade das qualidades sensíveis, nossas lembranças, sem excluir as mais profundas 
gravadas em nos, ( essencialmente inconscientes). 
O que chamamos de nosso caráter se baseia nas marcas mnêmicas de impressões, e essas 
impressões são as que se tornaram fortes em nossa primeira infância, assim as lembrança se 
tornam novamente conscientes, sem nenhuma qualidade sensível em comparação com a 
percepção. Caso se confirme: nos sistemas ψ memória e qualidade para a consciência se 
excluem mutuamente, então se abriria uma compreensão promissora das condições de 
excitação neuronal. Segundo Freud na nota de rodapé, afirmei mais tarde que a consciência 
surge, por assim dizer, no lugar do traço mnêmico - (nota sobre o bloco mágico). 
A composição do aparelhos psíquico nas extremidades sensíveis ocorrem sem levar em conta 
o sonho suas explicações psicológicas deriváveis. 
Falando da formação dos sonhos, supôs a existência de duas instâncias, uma das quais, 
funcionando como uma tela ou um filtro – a crítica – em sua estreita relação com a 
consciência, excluiu a primeira. E ficando com a instância crítica, conclui-se que mantêm 
relações mais estreitas com a consciência, do que a instância criticada, podemos identificar a 
instância crítica com aquilo que guia nossa vida de vigília e também decide sobre nosso agir 
consciente. Assim o sistema localizado na extremidade, chamamos de último sistema na 
extremidade motora de pré-consciência. Os quais indicam que os processos excitatórios 
podem chegar à consciência sem maior obstáculo , desde que atinja um grau de intensidade 
que chame a atenção. Nele está a chave da motilidade voluntária. 
8 
Sendo assim, chamamos de inconsciente o sistema que se encontra por trás dele, pois não 
tem acesso à consciência, exceto pelo pré-consciente . 
 
FIGURA 3 
 P Mn Mn’ Ics Pcs 
 
 
Em qual sistema situamos a formação dos sonhos? No inconsciente, no sistema Ics. Mais 
tarde se verá que o processo da formação de sonhos é obrigado aligar -se a pensamentos 
oníricos pertencentes ao pré-consciente . Mas ao considerarmos o desejo onírico, a força que 
impulsiona para a formação dos sonhos é fornecida pelo inconsciente Ics . Assim, o sistema 
inconsciente é o ponto de partida para a formação dos sonhos . a excitação onírica e todas as 
outras formações dos pensamentos se manifestam de forma a prolongar no Pcs e obter o 
acesso à consciência . (ler citação da página 570) 
Desta forma a redução da censura nos sistemas Ics e Pcs podem explicar as formações 
oníricas como Autodidasker , que não explicam o sonho do pai que sonhou que a criança 
ardia ( em chamas), como pode se explicar os sonhos alucinatórios. Freud dirá que nos 
sonhos alucinatórios a excitação se movimenta numa direção para trás -retrógrado, pois e m 
vez de ir em direção à extremidade motora , ela vai para a extremidade sensória e atinge o 
sistema perceptivo . Sendo assim se chamarmos de progressiva a direção segundo a qual o 
processo psíquico, partindo do inconsciente, continua na vigília aí reside o caráter 
regressivo dos sonhos. (ler nota de rodapé 570 - 115) 
A Regressão é uma peculiaridade psicológica do processo onírico que não pertence apenas 
no sonhar, também faz parte do processo recordação intencional e de outros processos de 
nosso pensamento normal. No entanto, esse recordar nunca se estende além das imagens 
mnemônicas , ele não consegue gerar animação alucinatória das imagens perceptuais. 
 
9 
Nos sonhos, as intensidades aderidas, as representações são transferidas, deslocada para 
outra, e a modificação do processo psíquico , possibilita investir no sistema P até a completa 
vivacidade sensível na direção inversa, a partir dos pensamentos. E o que se pode analisar é 
que a hipótese da Regressão nos sonhos é útil não só por explicar o sentido inverso aí 
percorrido. 
Eis o que é chamado de regressão: ‘ quando no sonho, a representação volta a se 
transformar na imagem sensorial da qual certa vez resultou . Porém, mesmo esse passo exige 
justificação. Para que dar um nome se isso não nos ensina nada de novo’. 
Sobre o nome regressão: ‘ nos serve na medida em que relaciona esse fato que conhecemos 
com o esquema do aparelho psíquico dotado de uma direção’. 
 
‘Na regressão o encadeamento dos pensamentos oníricos é reduzido a sua matéria-prima’. 
O que explicará a possibilidade regressão durante o dia, seria provavelmente as alterações 
nos investimentos energéticos dos sistema individuais, mediante as quais eles se tornam mais 
ou menos transitáveis para o fluxo da excitação, que ela poderia ser produzido por mais de 
um tipo de alteração. Durante o dia há uma corrente fluindo o tempo todo do sistema ψ das 
P até a motilidade, cessa durante a noite, não permanecendo mais o estado de excitação. 
Ao explicar a regressão do sonho, é preciso explicar outras regressões relacionadas aos 
estados patológicos da vigília, que podem ocorrer de forma ininterrupta em sentido 
progressivo como para as (Alucinações histéricas, paranóia, visões) , que correspondem a 
regressão que são pensamentos transformados em imagens que sofrem transformações, e se 
acham íntima ligados com as lembranças reprimidas ou que permaneceram inconscientes. 
Fonte de lembrança reprimida, Ex . Menino que não dormia por ve r rostos verde com olhos 
vermelhos. E a visão de uma histérica de 40 anos, que vê seu irmão no quarto embora ele não 
poderia, pois estava internado no hospício. (página 573) 
Nessa regressão patológica não se pode desprezar a influência de lembranças infantis que 
foram reprimidas ou permaneceram inconscientes. E assim esse exemplos não estão livres ao 
estado de sono, e assim não é útil para a demonstração. 
Ele volta a fazer uso da análise de uma paranóica, que sofria de alucinações, nota de rodapé - 
“ Novas observações sobre as neuropsicoses de defesa 1896”. 
Ex. Caso Anna O., As cenas infantis evocadas eram encaradas como alucinações. Nos 
pensamentos relacionados com as lembranças bloqueadas pela censura, mas que ela se arrasta 
10 
para uma figuração em que existe psiquicamente. Nos estudos sobre a histeria as lembranças 
ou fantasias, são alucinações, quando conseguem torná-las conscientes. 
As experiências infantis ou as fantasias, representam nos pensamentos oníricos , da 
frequência com que fragmentos delas aparecem no conteúdo onírico , e como os conteúdos 
dos desejos oníricos derivam deles Em uma concepções sobre o sonho ele poderia também 
ser descrito desta forma , “como o substituto de uma cena infantil, modificada pela 
transferência para algo recente.” . Desta forma não se tem renovação de uma cena infantil, 
ela é apenas o retorno sob a forma de sonho. 
A Regressão, sempre que surge, seria um efeito da resistência que se opõe ao avanço do 
pensamento até a consciência pelo caminho normal, bem como da atração simultânea que 
lembranças simultâneas dotadas de força sensorial exercem sobre ele, nota de rodapé, 117- 
numa exposição da teoria do recalcamento caberia desenvolver o fato de que um 
pensamento é recalcado pela ação conjunta de dois fatores que o influenciam, - é repelido 
de um lado pela a censura (Cs), e atraído de outro pelo (Ics). 
E a regressão precisa ser compensada pelo reforço de outros motivos regressivos , e que nos 
casos patológicos de regressão, como nos sonhos, os processos de transferência de energia, 
podem ser diferentes dos que na regressões da vida psíquica normal, desta forma o que pode 
ser descrito como ‘consideração pela figurabilidade’, podemos relacionar com a ‘a atração 
seletiva das cenas tocadas- visualmente lembranças - pelos pensamentos oníricos’. 
Sobre o papel que a regressão desempenha, que não menos importante na teoria da formação 
dos sintomas neuróticos, do que na teoria do sonho pode-se distinguir três formas: 
 
a) uma regressão tópica- desenvolvido nos sistemas ψ, 
b) uma regressão temporal- formação psíquica mais antiga, 
c) uma regressão formal - expressões e figurações primitivos que substituem os 
habituais. 
Em todo o caso os três tipos podem ser considerados um só, pois o antigo em termos 
temporais é ao mesmo tempo primitivo e próximo da extremidade perceptiva na tópica 
psíquica. 
E assim nesse tema, o sonhar é em seu todo uma regressão às condições mais remotas do 
sonhador, uma revivificação de sua infância, das moções de impulso [Triebregungem] 
dominantes nela e dos modos de expressão nela disponíveis. 
11 
As afirmações de Nietzsche sobre o sonho, em que ‘no sonho continua a agir em nós esse 
antiquíssimo fragmento de humanidade’, e por meio da análisedos sonhos pode-se conhecer 
as heranças arcaicas do homem, assim nos parece que o sonho e a neurose conservaram mais 
antiguidades psíquicas do que fomos capazes de supor. E assim a psicanálise, pode querer um 
lugar de destaque nas ciências, pois, se esforça para reconstruir as fases mais antigas e mais 
obscuras dos primórdios da humanidade. 
 
 
C) SOBRE A REALIZAÇÃO DE DESEJOS 
 
O que inicia este capítulo encontrava-se fazendo outras amarras e reaparece para dar mais um 
ponto, pois, Freud inicia esta parte com o mesmo a que dera início ao capítulo da regressão: 
O do pai que sonha que a criança queimava, (em chamas). Um sonho tão perturbador como 
este, além da hipótese de prolongar a vida do filho e da de poder dormir, em que consiste a 
realização de desejo. 
Dadas as análises por detrás do sonho se oculta um valor psíquico, em que segundo 
Aristóteles, o sonho é o pensamento que prossegue no estado de sono- enquanto se está 
adormecido. 
Sendo assim que papel desempenha aí a realização de desejo? E seria possível ignorar de 
alguma forma a predominância do pensamento que prossegue desde a vigília ou que é 
estimulado pela nova impressão sensorial? 
A realização de desejos levou a divisão de dois grupos: os sonhos que se mostravam 
abertamente como realização de desejos: e o outro cuja realização de desejo era 
irreconhecível, muitas vezes ocultas por todos os meios. 
E assim pode ser perguntado, de onde provém o desejo que se realiza no sonho, assim 
relacionar ‘de onde’ - a essa resposta: à oposição entre a vida diurna que se tornou 
consciente e uma atividade psíquica que permaneceu inconsciente e que pode se manifestar 
apenas durante a noite. 
Três origens dos desejos: 
12 
1) ter sido excitado durante o dia e não ter encontrado satisfação em consequência de 
circunstância externas; assim um desejo reconhecido e pendente fica reservado para a 
noite; 
2) ele pode ter surgido durante o dia, mas ter sido rejeitado; resta-nos então um desejo 
pendente, porém reprimido; 
3) ele pode não ter relação com a vida diurna e estar entre aqueles desejos que apenas 
durante a noite, provindos do material reprimido, se agitam em nós. 
O esquema do aparelho psíquico localiza um desejo do primeiro tipo do sistema Pcs, 
enquanto o desejo de segundo tipo que foi recalcado no sistema do Pcs para o Ics, enquanto 
que o desejo do terceiro tipo acredita-se ser incapaz de sair do sistema Ics. 
Cabe colocarmos uma quarta fonte dos desejos oníricos - os desejos atuais, (sede ou 
necessidade sexual). 
Freud traz exemplos de desejos reprimidos durante o dia que desafogam no sonho como o da 
senhora zombeteira, em que lhe fazem uma pergunta sobre o noivo da amiga, o que ela pensa 
dele, e ela se reprimi ao dizer o que pensa ( a verdade que não foi dita - um homem comum 
desses que se encontra as dúzias), e a senhora sonha com a mesma pergunta e responde desta 
forma - ( para fazer novas encomendas basta informar o número). 
Assim todos os sonhos são sujeitos a distorções, que provém do inconsciente, e não são 
percebidos durante a noite. 
Já nos sonhos infantis, os desejos não realizados durante o dia podem ser facilmente excitador 
do sonho. 
Mas que um desejo não realizado em um adulto durante o dia não baste para a realização de 
um sonho a noite, e assim a moção de desejo oriunda do consciente fornecerá uma 
contribuição para instigar o sonho, assim o sonho não surgirá se o desejo pré-consciente não 
souber buscar um reforço, e a saber sobre o inconsciente que: Imagino que o desejo 
consciente apenas se transforma em excitador do sonho quando consegue despertar um 
desejo inconsciente similar por mei0 do qual se reforça. 
Os desejos inconscientes segundo o que são obtidas da psicanálise das neuroses, estão 
sempre em movimento, sempre prontos para se expressar e se aliar a uma moção do 
consciente. Segundo a citação 119, eles partilham esse caráter de indestrutibilidade com 
todos os outros atos psíquicos realmente inconscientes, isto é, pertencentes apenas ao 
sistema Ics. Eles são caminhos abertos de uma vez por todas, que jamais ficam abandonados 
13 
e sempre levam o processo excitatório à descarga toda vez que a excitação inconsciente volta 
a investi-los. Para me servir de uma imagem: não há para eles outra forma de aniquilação 
do que a das sombras do reino dos mortos na Odisséia, que despertam para uma vida tão 
logo tenham bebido sangue. O processo que dependem do sistema pré-consciente são 
destrutíveis num sentido inteiramente diferente. É nessa diferença que se baseia a 
psicoterapia das neuroses. 
Os desejos recalcados, são de origem infantil, segundo descobrimos pela investigação 
psicológica das neuroses. 
Pondo de lado a tese do desejo onírico, e substituindo por outra que: o desejo figurado no 
sonho tem de ser um desejo infantil, assim sendo no caso dos adultos provém do Ics, nas 
crianças que não tem censura ou separação estão entre o Pcs e o Ics, ou que produzem apenas 
paulatinamente, é um desejo de vida de vigília não realizado e não recalcado. 
Colocando em segundo plano para a formação do sonho as moções de desejo pendente da 
vida consciente de vigília. 
Para Freud, problemas não resolvidos, preocupações torturantes ou grandes números de 
impressões fazem com que atividade do pensamento prossiga durante o sono, que conserva os 
processos psíquicos do sistema que chamamos de pré-consciente, desta forma, durante o 
sono, podemos estabelecer os grupos: 
1) o que não é terminado durante o dia devido a uma interrupção casual, 
2) o que não é terminado ou não é resolvido devido ao enfraquecimento de nossa 
capacidade intelectual, 
3) o que é rechaçado e reprimido durante o dia - ( a este se acrescenta um vasto 
grupo). 
4) o que se agitou em nosso Ics devido ao trabalho do pré- consciente durante o dia. 
5) as impressões diurnas indiferentes e por isso não resolvidas. 
As excitações lutam por expressões também durante a noite, desta forma o estado de sono 
impossibilita o prosseguimento habitual do processo excitatório, no pré-consciente e sua 
conclusão na entrada na consciência. 
A excitação noturna no Pcs , não resta outro caminho, portanto, do que aquele tomado pelas 
excitações de desejo proveniente do Ics , que precisa buscar reforço nos Ics e acompanhar os 
rodeios das excitações inconscientes. 
14 
Segundo Freud um bom exemplo onírico é o sonho com seu amigo Otto, que faz aparecer 
com os sintomas da doença de Basedaw ( doença auto imune, que provoca superprodução de 
hormônios da tireóide - Bócio), Com a preocupação com a aparênciade Otto, durante a noite 
essa preocupação se transformou em um sonho comunicado, que no primeiro momento 
parecia ser um absurdo, e no segundo momento não correspondia a nenhuma realização de 
desejo. 
Neste sonho identifiquei com um certo Barão L . e o próprio Freud era o Prof. R . Diz ele: 
Deve ter estado preparado sempre em meu Ics para a identificação como o Prf . R . que por 
meio desta se realizava um dos desejos imortais da infância – desejo megalomaníaco . 
O pensamento diurno, na verdade não era um desejo, e sim, ao contrário, uma preocupação, 
precisou arranjar de algum modo a ligação com um desejo infantil, um inconsciente 
reprimido que então fez nascer para a consciência. 
O sonho, quanto ao pensamento onírico lhe oferecem material que se opõem a realização do 
desejo, ou seja, preocupações justificadas, reflexões dolorosas ou juízos desagradáveis, que 
podem ter variedades de resultados como: 
a) o trabalho do sonho pode substituir toda a representação desagradável por 
representações contrários e reprimir os afetos desprazerosos correspondentes, 
b) as representações desagradáveis, mais ou menos modificadas, mais ou menos 
modificada, mas bem reconhecíveis, entram no conteúdo onírico manifesto. 
Os sonhos de conteúdos desagradáveis podem ser percebidos de maneira diferente ou ser 
acompanhados da totalidade do afeto desagradável. E nas análises demonstram que os 
sonhos desprazerosos, ~sao realizações de desejos, um desejo inconsciente recalcado, e 
assim: 
a) o desejo inconsciente coincide com o desejo consciente, 
b) se torna visível a divergência entre o inconsciente e o inconsciente - o recalcado e o 
eu- realizando-se a situação do conto dos três desejos que a fada concede ao casal. 
A satisfação pela realização do desejo recalcado pode ser tão grande que equilibra os afetos 
desagradáveis relacionados com os restos diurnos. 
O eu adormecido tenha uma participação ainda maior na formação do sonho, reage com uma 
indignação violenta à satisfação concretizada do desejo recalcado que chegue a dar um fim ao 
sonho por meio da angústia. 
15 
Os sonhos desprazeroso também podem ser sonhos punitivos , pois o que eles realizam é 
igualmente um desejo inconsciente e de uma punição do sonhador devido a uma moção de 
desejo recalcada e ilícita. 
Nas análises psicológica mais sutil mostra a diferença entre os outros sonhos de desejos, 
como é no caso do grupo b, que o desejo inconsciente formador do sonho pertencia ao 
recalcado; e nos casos dos sonhos punitivos trata-se de um desejo inconsciente que não 
precisa ser atribuído ao recalcado. 
No mecanismo da formação do sonho, é muito mais transparente se introduzirmos a oposição 
entre o ‘eu’ e ‘recalcado’ no lugar do ‘consciente’ ‘inconsciente’. 
Freud irá discutir a categoria dos sonhos de punição e diz que, neste caso, o desejo elaborador 
do sonho não é um desejo inconsciente Ics , mas um desejo punitivo a reagir contra este e 
pertencente ao eu, embora seja ao mesmo tempo, um desejo inconsciente (pré-consciente). 
Freud traz como exemplo o sonho aflitivo com seu filho, de quem não tinham notícias e o 
fermento dos pensamentos oníricos, expectativa desagradável. (Descrição do Sonho página 
589) . 
Freud no início do sonho percebe o esforço enérgico para substituir os pensamentos 
desagradáveis pelos seu oposto. Os disfarces são tênues, e acaba transparecendo o que deve 
ser reprimido. 
1) Freud estava outra vez sem receber notícia do filho que estava a lutar no Front. 
2) A soma de dinheiro não provém do filho e sim do que ele havia recebido no 
consultório médico, 
3) A mãe presente, algo terrível, 
4) O reconhecimento da morte do filho - morte heróica, e os pertences. 
O sonho nada mais foi o que na verdade queria negar, a realização de um desejo, percebida 
por meio de distorções, o lugar, as roupas do filho, o armário onde ao invés de se retirar algo 
o filho coloca algo, todos isso faz parte de um desejo recalcado. (página 588). 
O desejo onírico, o derivamos da região do Ics , e analisando sua relação com os restos 
diurnos, que por sua vez podem ser desejos ou moções psíquicas de qualquer tipo, ou 
simplesmente impressões recentes. 
Desta forma, baseados em nosso raciocínio, não seria possível que esclarecêssemos aqueles 
casos extremos em que o sonho, como continuador do trabalho diurno leva a bom termo uma 
tarefa irresolvida da vigília 
16 
Freud recorre ao esquema do aparelho psíquico com o intuito de explicar a natureza psíquica 
do desejo, pois este é a força motivadora dos sonhos. Recorre às idéias do Projeto, no qual 
descrevia um aparelho reflexo primitivo cuja finalidade é a descarga de energia. Pelas 
exigências da vida, vindas das necessidades somáticas, o aparelho é obrigado a sofrer 
transformações que alteram a função de descarga motora. É necessário reter um quantum de 
energia para que o ser não pereça. Freud imagina um bebê em sua primeira situação de 
desconforto e urgência: Com fome, regido por puras sensações e expressões motoras, ele grita 
e dá pontapés inúteis, pois a excitação interna (fome) é contínua (não é por impacto) e vai se 
somando. Com o auxílio externo (seio da mãe) atinge a experiência de satisfação que põe fim 
ao estímulo. A partir daí, a percepção particular da nutrição é um componente a imagem 
mnêmica da experiência de satisfação permanecerá para todo o sempre associada ao traço 
de memória da excitação produzida pela necessidade. Assim, na vez seguinte em que esta 
necessidade se apresenta, imediatamente em uma moção psíquica que pretende investir outra 
vez na imagem mnêmica e novamente trazer de volta a própria percepção: restabelecer a 
situação da satisfação original. 
E Freud escreve: Uma moção dessas é que chamamos de desejo . O reaparecimento da 
percepção é a realização do desejo , e o caminho mais curto é uma vi a que conduz 
diretamente da excitação à ocupação completa da percepção e no estado primitivo do 
aparelho: o desejo terminava em alucinação. Assim essa primeira atividade psíquica visa a 
‘identidade perceptiva’ , que está ligada à satisfação da necessidade. 
A experiência da vida deve ter transformado esta primitiva atividade do aparelho está 
associada em uma atividade secundária, provinda de fora, e a satisfação não ocorre, pois o 
interno equivale ao externo, e precisa ser mantido, como acontece na psicoses alucinatórias, e 
nas fantasias, (objeto psíquico) que se esgotam na conservação do objeto desejado. E assim é 
necessário deter à regressão antes que ela se torne completa, de maneira a que não avance 
além da imagem mnêmica e seja capazde buscar outros caminhos que conduzam à desejada 
imagem perceptiva a partir do mundo externo. Assim, a inibição bem como o subsequente 
desvio da excitação, tornam-se a tarefa de um segundo sistema que controla a motilidade 
voluntária. Toda a atividade de pensamento que se desenvolve na imagem mnêmica, até a 
produção da identidade perceptiva do mundo exterior, representa apenas um rodeio para a 
realização do desejo . O pensar então nada mais é do que o substituto do desejo alucinatório, e 
17 
se o sonho é a realização do desejo, e assim apenas um desejo é capaz de impelir nosso 
aparelho psíquico ao trabalho. 
Assim, os sonhos, que também realizam seus desejos ao longo do curto caminho da 
regressão, preservam para nós uma amostra do método primário de funcionamento do 
aparelho psíquico, abandonado como ineficaz, e banido para a noite, tal como as armas 
primitivas que são encontradas no quarto de brinquedos (o arco e a flecha), o sonhar é uma 
parcela de vida psíquica infantil superada. 
Desta forma para Freud, a censura é a guardiã de nossa saúde psíquica na medida em que 
impede que ocorra o curto circuito do desejo. À noite, ela relaxa a guarda (ainda que não 
durma profundamente) qualquer que seja as moções oriundas do Ics que se agitem no 
cenário; não são capazes de colocar em movimento o aparelho motor, que é o único de capaz 
de influenciar o mundo exterior. O estado de sono garante a segurança da fortaleza a ser 
vigiada. Nos casos de psicose, a guardiã é sobrepujada, e permitem que o s Pcs dominam a 
fala (motora) e ocasionam a regressão alucinatória. 
 
A teoria dos sintomas psiconeuróticos - eles culminam da tese de também devem ser 
compreendidos como realizações de desejo do inconsciente, em que o sonho se transforma no 
primeiro termo de uma série extremamente importante para a psiquiatria. 
Outros termos da realização dos desejos, assim nos sintomas histéricos, em que se percebe a 
falta de sonho, pois precisa encontrar duas correntes da vida psíquica, e a expressão de um 
desejo inconsciente ele ainda precisa somar um desejo do pré-consciente, em que o sintoma é 
formado pelo menos duplamente. 
E assim pode-se dizer que: um sistema histérico apenas surge quando duas realizações de 
desejo opostas, cada uma delas oriunda da fonte de um sistema psíquico diferente, podem 
coincidir numa só expressão. 
Freud traz o exemplo dos vômitos histéricos da paciente que mostram por uma lado a 
realização de uma fantasia inconsciente dos anos da puberdade, e de estar constantemente 
grávida, e estar se relacionando com vários homens, os vômitos assim seria um mecanismo 
de defesa por dizer tiraria dela a a forma beleza. 
Outra observação de Freud é feita em relação ao desejo de dormir por parte do 
pré-consciente, pois ele facilita a formação dos sonhos: No sonho do pai com o filho morto, a 
idéia de que o filho pegava fogo foi tirada no sonho e prolongou o sono e até aqui o que 
18 
sabemos é que o sonho exprime a realização do desejo do inconsciente . Assim o desejo de 
dormir empresta seu apoio, realizando o desejo e produzindo as modificações. Esse desejo 
de dormir (mantido pelo pré-consciente) é ainda mais claro com a aproximação do despertar, 
situação na qual somos perturbados por estímulos externos. Esses sonhos tecem modificações 
nos estímulos a fim despejá-los de quaisquer possibilidades de atuarem como lembretes 
do mundo externo; como : ‘vou permitir o sonho’ essa é a motivação ‘senão precisarei 
acordar’ , o desejo de dormir empresta seu apoio ao desejo inconsciente, sendo um (sonho de 
comodidade). 
Desta forma chega a conclusão: de que durante todo o estado do sono sabemos estar 
sonhando com a mesma certeza que sabemos estar dormindo. Para algumas é evidente a 
constatação noturna de que dormem e sonham, e que parecem ter consciência de dirigir a sua 
vida onírica. 
O Marquês d’Hervey dizia ter o poder sobre seus sonhos, e podia conduzi-los na direção que 
quisesse, mudar o curso a sua vontade, assim parecia que o desejo de dormir deu origem ao 
desejo (pré-consciente) de sonhar. 
Ferenczi afirma: ‘O sonho trabalha de todos os lados o pensamento que ocupa a vida 
psíquica no momento, abandona uma imagem onírica quando há perigo iminente de 
fracasso da realização de desejo e experimenta um novo tipo de solução, até que 
finalmente consegue criar uma realização de desejo que satisfaça as duas instâncias da 
vida psíquica mediante um compromisso’. 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
 
 
 
20

Continue navegando