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Apelação Civil Pronta LDS

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EXCELENTÍSSIMO DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CIVIL DA 
COMARCA DE BAURU/SP. 
 
 
 
 
PROCESSO Nº 
 
 
 
 
VIAÇÃO METEORO LTDDA., já qualificada nos autos da ação em epígrafe, 
inconformada com a R. sentença, vem mui respeitosamente por meio de seu 
procurador abaixo assinado, à presença de Vossa Excelência, nos termos do 
artigo 1.009 do código de processo civil, interpor o presente: 
RECURSO DE APELAÇÃO 
Em face de CAIPIRA HORTALIÇAS LTDA-ME., qual também se encontra 
devidamente qualificada nos autos. 
Requerendo a Vossa Excelência que se digne a receber o presente recurso, 
que o faz dentro do prazo legal, nos efeitos suspensivos, devolutivos, e, 
consequentemente, remetido para o Tribunal de Justiça de São Paulo, para 
que dele conheça dando-lhe provimento. 
Junta para tanto comprovante de recolhimento de custas de preparo e as 
razoes da apelação. 
 
Nos termos em que, Pede e espera deferimento. 
Bauru/SP, 23 de Novembro de 2018. 
 
Advogado 
OAB/SP nº 
RAZÕES DA APELAÇÃO 
 
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 
COLENDA CÂMARA CIVIL 
DOUTO RELATOR 
APELANTE: VIAÇÃO METEORO LTDA. 
APELADO: CAIPIRA HORTALIÇAS LTDA-ME. 
PROCESSO Nº 
 
I – DOS FATOS 
A Apelada ajuizou Ação de Indenização por Perdas e Danos Materiais, em face 
do Apelante tendo em vista a colisão entre os veículos Ford Ranger, placa 
GGG-1123, de propriedade da Apelada e um Ônibus, placa GPW-1336, de 
propriedade da Apelante, acarretando aos envolvidos grandes prejuízos. 
Após ser citada, a Apelante ofereceu contestação com reconvenção, conforme 
artigo 343 do código de processo civil, e Denunciou a Lide a Seguradora 
Trafegar S.A, tendo o requerimento de denuncia deferido por meio de Agravo 
de Instrumento. 
Ainda foi alegado pela Apelante ausência total de provas nos autos por parte 
da Apelada, tendo em vista que a perícia foi inconclusiva, não sendo possível 
afirmar quem deu causa ao acidente. 
Após a contestação foi designado audiência para oitiva das testemunhas, que 
em depoimento uma das testemunhas citou ter visto o veiculo de propriedade 
da Apelada ter invadido a via contrária por encontrar-se desgovernado. 
Realizada a audiência para provas testemunhais, e já produzidas as demais 
provas o R. juiz “a quo”, proferiu sentença atribuindo culpa concorrente às 
partes, atribuindo 60% de culpa à Apelada e 40% de culpa à Apelante. Ao 
distribuir a culpa concorrente, a fundamentação da decisão estava em 
contradição com a parte dispositiva da sentença, sendo que, tal percentual 
referido na fundamentação deveria refletir também na parte dispositiva. 
Contudo, não foi o que ocorreu, pois ao atribuir o percentual de culpa de cada 
uma das partes inverteu os percentuais no momento da condenação, atribuindo 
60% da culpa para Apelada e 40% por culpa da Apelante, persistindo desta 
forma na condenação da reconvenção, custas processuais e honorários 
advocatícios. 
Além da contradição, também se omitiu quanto ao julgamento da Denunciação 
da Lide, não enfrentando os argumentos trazidos no processo 
tempestivamente. 
Houve também divergência entre a fundamentação e a parte dispositiva da 
decisão onde o R. juiz valorou as provas e concluiu que o acidente foi causado 
pela invasão do veículo da Apelada à mão direcional da Apelante, o que não se 
harmoniza com a culpa concorrente da Apelante ora sentenciada e sim 
harmoniza-se com a culpa exclusiva da Apelada. 
Foi então interposto Embargos de Declaração, qual foi parcialmente atendido. 
Com relação á Denunciação da Lide, considerando o provimento do Agravo de 
Instrumento, fez- se acrescentar o deferimento na fundamentação: 
“Condeno a Denunciada a arcar, solidariamente, com o 
pagamento da condenação, as custas processuais e 
honorários advocatícios na mesma proporção a que a 
Denunciante foi condenada.” (fls...) 
Concernente à contradição em relação à culpa no acidente, este foi indeferido 
sob alegação de que os Embargos não seria a ferramenta cabível para a 
reforma do pedido. 
Por derradeiro, quanto à distribuição da condenação, o R. juiz entendeu que a 
ponderação da Apelante estava correta conforme mostra trecho das fls. (...): 
“De fato, na fundamentação, após sopesar as circunstâncias, 
entendi que a culpa pelo evento danoso objeto da presente 
ação deve ser em 60% para a Autora e 40% para a Ré...” 
Ocorre que mesmo após a reforma pelos Embargos de Declaração, o R. juiz 
manteve a inversão de 60% para a Ré e 40% para a Autora incidindo nos 
valores atribuídos aos honorários e as custas processuais. Deixou também de 
julgar todos os pedidos trazidos nos Embargos, ou seja, a impugnação do valor 
da causa. Já referente aos juros moratórios de 1%, ao mês, o juiz sentenciou a 
contar da data da citação, o que contradiz a súmula 54 do STJ que diz a contar 
do fato danoso. 
II – DO DIREITO 
DA TEMPESTIVIDADE 
A teor do artigo 1.003, §5 do código de processo 
civil, o prazo para a interposição do referido recurso é de 15 dias úteis. 
Portanto, conclui-se que são tempestivos os presentes embargos de 
declaração, tendo em vista que a data da publicação da decisão foi no dia 16 
de Novembro de 2018, sexta-feira, este terminará dia 07 de Dezembro de 
2018, segunda-feira. 
PRELIMINARMENTE – DA AUSÊNCIA DE DECISÃO DA IMPUGNAÇÃO DO 
VALOR DA CAUSA 
Houve sentença “citra petita” ao deixar os juízes “a quo” de julgar todos 
pedidos trazidos nos Embargos, conforme demonstrados nos fatos, vistas as 
fls. (...). Tal hipótese gera a nulidade da sentença devendo o juiz julgar nos 
limites do que foi pedido a fim de não violar o Princípio da Congruência, o que 
diversamente ocorreu no caso em tela. 
Assim ocorrendo, a sentença proferida é “citra petita”, por ter deixado de 
analisar alguns pedidos trazidos para apreciação, conforme acórdão proferido 
pelo Superior Tribunal de Justiça (Recurso Especial nº 267156/PA. Relator 
Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira): 
“Segundo o sistema jurídico, nula é a sentença por julgamento 
‘citra petita’ quando a questão debatida não é solucionada pelo 
juiz, que deixa de apreciar parte do pedido.” 
Além da violação do Princípio da Congruência, está sendo violado o princípio 
da inafastabilidade da jurisdição contemplado no inciso XXXV do 
artigo 5º da Constituição brasileira, pois o Judiciário está deixando de apreciar 
matéria trazida para análise. A consequência desta violação de dispositivos 
legais está no fato de o juiz estar cometendo “error in procedendo”. Ocorre que 
o erro no procedimento gera a nulidade da decisão, ou seja, outra deverá ser 
praticada pelo julgador a fim de observar adequadamente a regra do processo, 
conforme regra preestabelecida no artigo 283, caput, do Código de Processo 
Civil. 
Nos termos dos artigos 1.013, § 3º III e 292, V, ambos do código de processo 
civil: 
Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento 
da matéria impugnada. 
§ 3o Se o processo estiver em condições de imediato 
julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando: 
III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, 
hipótese em que poderá julgá-lo; 
Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da 
reconvenção e será: 
V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o 
valor pretendido; 
Requer a Vossa Excelência, preliminarmente, que seja apreciado o pedido de 
impugnação ao valor da causa, com o provimento do recurso de apelação, para 
alterar o valor da causa para R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil reais). 
DAS RAZÕES PARA O PEDIDO DE REFORMA DA DECISÃO: 
A R. sentença, prolatada pelo MM. Juiz Singular, não reflete a realidade dos 
fatos e por simples leitura, é possível concluir que não há que se dizer em 
culpa concorrente pelos motivos a seguir: 
A - DA CULPA EXCLUSIVA DA APELADA PELO ACIDENTE – DECISÃO EM 
CONTRARIEDADE ÀS PROVAS PRODUZIDASPELOS AUTOS: 
O R. juiz “a quo” sentenciou o fato como culpa concorrente nos termos do 
Artigo 945 do CC, decisão contraria as provas produzidas nos autos, tendo em 
vista o acidente só ter ocorrido devido o veículo de a Apelada ter invadido a 
contramão. 
Assim mostra o trecho da sentença fls. (...): 
“No entanto, o depoimento da testemunha, bem como dos 
peritos que cobriram o evento, indicavam que o veículo da 
autora teria invadido a contramão direcional, vindo a colidir no 
veículo da ré”. 
Quando um dano ocorre por culpa exclusiva da vítima, se torna causa de 
exclusão do próprio nexo causal, pois o agente causador do dano é um mero 
meio do acidente. Portanto, quando ausente o nexo causal, não há que se falar 
em responsabilidade do agente consoante os ensinamentos de Cavalieri: 
"Causas de exclusão do nexo causal são, pois, caso de 
impossibilidade superveniente do cumprimento da obrigação 
não imputava ao devedor ou agente" (CAVALIERI, Sérgio. 
Programa de responsabilidade civil, 2006, pág. 89). 
Inversamente, a luz do Artigo 186 e 927 ambos do CC, quem na verdade 
cometeu ato ilícito e tem o dever de indenizar é a Apelada. 
Continuando, o R. juiz prolata nas fls. (...): 
“Considerando essas circunstâncias, ambos os motoristas 
infringiram o disposto nos artigos 28, 29, inciso II e 34, do 
Código Brasileiro de trânsito”. 
A própria inicial da Apelada relata as condições climáticas, o óleo na pista, a 
tentativa da mesma de conduzir o veículo até o acostamento, fatores esses que 
contribuíram para que a Apelada invadisse a mão contrária da pista e 
provocasse o acidente por não observar os Artigos supracitados. 
Tendo em vista que na própria sentença em sua parte dispositiva indica que o 
veículo da autora teria invadido a contramão, vindo a colidir com o veículo da 
ré, ainda que alertado nos Embargos de Declaração o R. juízo entendeu por 
manter a culpa concorrente, infringindo desta forma os artigos 186 e 927 do 
código civil e aplicação equivocada dos artigos 944 e 945, ambos também do 
código civil. 
Requer, portanto, a reforma da decisão para condenar a Apelada ao 
pagamento da quantia de R$ 22.000,00 (vinte e dois mil reais), referentes ao 
conserto do veículo. 
B - PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE – CULPA CONCORRENTE COM 
ALTERAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DE CULPA: 
Conforme condiz no artigo 945 do código civil: 
Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o 
evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em 
conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor 
do dano. 
A distribuição do percentual de culpa da sentença deve estar em conformidade 
com a gravidade do fato causado no evento danoso. E avaliando os 
depoimentos das testemunhas, peritos e policiais, verifica-se que a causa 
preponderante do acidente foi a invasão do veículo na contramão direcional o 
que atrai, no mínimo, 80% da responsabilidade do acidente para a Apelada. 
Ofendendo desta forma o referido artigo 945 do código civil, pois não houve a 
devida distribuição da condenação na proporção de culpa das partes. 
C - DA DISTRIBUIÇÃO EQUIVOCADA DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS 
– PEDIDO DE REFORMA DA DECISÃO – IMPOSSIBILIDADE DE 
COMPENSAÇÃO DE HONORÁRIOS: 
Os honorários, na hipótese de sucumbência recíproca, não se compensam 
conforme sentenciado, por se tratar de direito autônomo do advogado nos 
termos do artigo 23 do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil. 
E ainda a luz do artigo 85, §14 do código de processo civil: 
Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários 
ao advogado do vencedor. 
§ 14. Os honorários constituem direito do advogado e têm 
natureza alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos 
oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a 
compensação em caso de sucumbência parcial. 
E conforme condiz com o artigo 86 do código de processo civil: 
 
Art. 86. Se cada litigante for, em parte, vencedor e vencido, 
serão proporcionalmente distribuídas entre eles as despesas. 
Parágrafo único. Se um litigante sucumbir em parte mínima do 
pedido, o outro responderá, por inteiro, pelas despesas e pelos 
honorários. 
Ao dar provimento parcial aos Embargos de Declaração, a alteração dos 
percentuais ali fixados deveria ter causado a alteração do percentual de 
distribuição dos ônus sucumbenciais. A sentença de forma equivocada invocou 
a Súmula 306 do STJ, para determinar a compensação dos honorários de 
sucumbência, não observando a vedação de compensação constante no 
referido artigo 85, §14º do código de processo civil. 
Portanto deve a parte Apelada ser responsabilizada totalmente pelas despesas 
e honorários de sucumbência 
III – DOS PEDIDOS 
Diante do exposto requer que: 
- Seja a Apelada intimada para apresentar contrarrazões nos termos do Art. 
1.030 do CPC, sob pena de revelia. 
- Sejam acolhidos as preliminares julgando procedente a impugnação ao valor 
da causa, no sentido de alterar o valor da causa para o importe de R$ 
75.000,00 (SETENTA E CINCO MIL REAIS) nos termos do Art. 1.013, § 3º, 
inciso III. 
- Sejam julgados improcedentes os pedidos iniciais e totalmente procedentes 
os pedidos da reconvenção, para considerar procedente a impugnação ao valor 
da causa, bem como para condenar a Apelada no pagamento da quantia de 
R$22.000,00 (vinte e dois mil reais) com inversão dos ônus sucumbenciais. 
- Caso não entende dessa forma, deve o recurso ser provido parcialmente, 
para alterar o percentual da responsabilidade pelo acidente, bem como 
alteração dos ônus sucumbenciais e despesas processuais, retirando-se a 
compensação de honorários. 
Nos termos em que, Pede e espera deferimento. 
Bauru/SP, 23 de novembro de 2018. 
 
Advogado 
OAB/SP, nº.

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