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INCLUSÃO ESCOLAR DO CEGO

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INCLUSÃO ESCOLAR DO CEGO: preconceitos e potencialidades*
Alline Almeida Rocha 
RESUMO 
A inclusão escolar dos alunos cegos exige com que algumas medidas e características sejam consideradas, visando garantir a acessibilidade, a democracia e a qualidade do ensino para estes indivíduos. O objetivo geral deste estudo é apresentar os aspectos que envolvem a inclusão escolar do cego, identificando seus principais desafios e potencialidades. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica coletada em livros, artigos provenientes de base de dados reconhecidas pelo meio científico, teses, dissertações e periódicos que abordam o assunto foco deste trabalho. A pesquisa indica que as salas de recursos multifuncionais são ambientes responsáveis por fomentar e valorizar o uso de tecnologias assistivas para os alunos cegos, já que as mesmas disponibilizam ferramentas que facilitam os processos de comunicação, corrigem posturas e oferecem maior autonomia dos aprendizes no processo de ensino-aprendizagem.
Palavras-chave: Inclusão Escolar. Cego. Tecnologias Assistivas.
ABSTRACT
The inclusion of blind students in school requires that certain measures and characteristics be considered in order to guarantee accessibility, democracy and the quality of education for these individuals. The general objective of this study is to present the aspects that involve the school inclusion of the blind, identifying their main challenges and potentialities. A bibliographic research was carried out in books, articles from data bases recognized by the scientific community, theses, dissertations and periodicals that approach the subject of this work. The research indicates that multifunctional resource rooms are environments responsible for fostering and valuing the use of assistive technologies for blind students, since they provide tools that facilitate communication processes, correct postures and provide greater autonomy for learners in the process of learning. teaching-learning.
Keywords: School Inclusion. Blind. Assistive Technologies.
*Artigo para a obtenção do título de especialista em deficiência visual pela Faculdade Campos Elíseos.
1 INTRODUÇÃO 
Em toda sua vida, o ser humano passou por um processo de aprendizado por meio de ligações com outros indivíduos, a fim de se comunicar com outras culturas e colaborar com sua evolução histórica. Dessa maneira, o homem está aberto para a troca de experiências, sendo que cada vez que amplia o seu potencial de se relacionar, aperfeiçoa o seu vocabulário e sua capacidade de gerar imagens e desenvolver sons.
A escola serve como base para o desenvolvimento do ser humano, sendo responsável pela formação do mesmo relacionado ao tipo de cidadão que deseja criar. Portanto, é a escola que tem a função de estabelecer os métodos que servirá como base para o ensinamento de seus alunos, principalmente quando estes possuem alguma necessidade específica.
A educação é considerada agente fomentador no desenvolvimento de valores democráticos e de percepções éticas, necessárias para o crescimento do potencial dialógico e crescimento da capacidade autônoma de manter práticas morais, e consequentemente responsável pela inclusão social do cidadão na sociedade. 
Com isso, a inclusão escolar dos cegos exige com que algumas medidas e características sejam consideradas, visando garantir a acessibilidade, a democracia e a qualidade do ensino para estes indivíduos; sendo fundamental haver a ampliação dos currículos escolares que devem estar voltados para a vida prática do cego, possibilitando maior autonomia do processo de ensino aprendizagem.
O objetivo do governo em oferecer educação para todos os cidadãos se torna um dos maiores desafios, visto que o Brasil mantém ainda grande parcela de indivíduos excluídos do sistema educacional, onde os mesmos não possuem o devido acesso ao ensino. Apesar dos esforços dos órgãos competentes em ampliar a abrangência educacional, a universalização da educação ainda não atende à perspectiva democrática do ensino, muito menos as aspirações ao desenvolvimento e progresso da sociedade.
O objetivo geral deste estudo é apresentar os aspectos que envolvem a inclusão escolar do cego, identificando seus principais desafios e potencialidades. 
Quanto a abordagem, adotou-se a pesquisa qualitativa que busca o aprofundamento do fenômeno em estudo, sem se basear na representatividade numérica e quantificação de valores, mas sim na análise do tema proposto mediante diferentes abordagens. 
Quantos aos objetivos, a pesquisa é exploratória e possui como objetivo assegurar maior familiaridade com a problemática levantada, tornando a mesma mais explicita para a construção de hipóteses relevantes. 
Quanto aos procedimentos, a metodologia de escolha foi uma pesquisa bibliográfica que de acordo com Gil (2002) tem como objetivos principais: apoiar o desenvolvimento de um trabalho científico e contribuir com o alcance dos objetivos desejados mediante a coleta de referenciais teóricos em obras que abordam a temática proposta neste estudo. 
Como instrumento de coleta de dados, foram utilizados livros, artigos científicos, teses, dissertações e periódicos que abordam o assunto foco deste trabalho.
2 INCLUSÃO ESCOLAR DO ALUNO CEGO 
De modo geral, a inclusão social é o processo enfrentado pelas minorias da sociedade; a fim de atender as necessidades coletivas e disponibilização de oportunidades para que todos os cidadãos permaneçam engajados ativamente em todos os âmbitos, social, econômico, político e cultural. O processo inclusivo exige que a sociedade em geral se adapte às especificidades e peculiaridades das pessoas com deficiência, contribuindo com a integração das minorias e assegurando transformações efetivas na comunidade as quais os mesmos estão inseridos. 
De acordo com Sassaki (2006) com a inclusão, todos possuem o direito de participar ativamente e atuando no desenvolvimento do país. No cenário ideológico, a inclusão é capaz de superar as barreiras e vencer os desafios que os grupos estigmatizados vivenciam em sua socialização. 
Neste contexto, a Educação Inclusiva ocasionou mudanças profundas no sistema educacional brasileiro, com o objetivo de reorganizar os currículos e o trabalho pedagógico focado não só nas pessoas que possuem deficiências. Somente com a reestruturação destes fatores foi possível iniciar o enfrentamento da exclusão escolar, com a oferta de um ensino inclusivo devidamente interativo, dinâmico e construtivo.
Dutra (2006, p. 03) afirma que: 
A educação inclusiva é hoje o debate mais presente na educação do país. Nunca antes foi tão discutido o princípio constitucional de igualdade de condições de acesso e permanência na escola, implicando na necessidade de reverter os velhos conceitos de normalidade e padrões de aprendizagem, bem como, afirmar novos valores na escola que contemplem a cidadania, o acesso universal e a garantia do direito de todas as crianças, jovens e adultos de participação nos diferentes espaços da estrutura social.
Para Glat (2007), todos os aprendizes com deficiências deveriam estar integrados com os outros alunos nas classes comuns, porém, devendo ser realizadas manutenções das atividades que envolvessem o ensino inclusivo, a fim de estruturar e coordenar as propostas pedagógicas. A autora evidencia que a Educação Inclusiva incidiria, sobretudo, na reforma das mentes da sociedade, estendendo-se, dessa forma, para as instituições educativas, conforme a diversidade da população estudantil. 
No Brasil, conforme Mazzotta (2005), as Políticas Públicas que abrangem a Educação Inclusiva têm permanecido amparadas legalmente há décadas. No entanto, isto não assegurou a efetividade de suas propostas pedagógicas, uma vez que nas instituições escolares ainda são observadas inúmeras barreiras que prejudicam a implementação de ações cotidianas. Estas estão relacionadas com a falta de investimento público e de estratégias bem definidas, conteúdos contextualizados com a realidade social dos aprendizes, queatendam verdadeiramente suas necessidades, e assim contemplem o estudo de forma efetiva, proporcionando o pleno desenvolvimento.
Cabe ressaltar que um dos principais obstáculos a serem vencidos é o despreparo dos educadores, especialmente do ensino regular, que não se encontram capacitados, adequadamente, para lidar com as dificuldades de aprendizagens e com as necessidades dos alunos cegos. A contemplação da diversidade é o objetivo principal das políticas públicas inclusivas, criando contextos educacionais de acordo com a realidade vivenciada pelos educandos. 
Quanto maiores forem as especificidades dos aprendizes, maiores serão as preocupações em oferecer um ensino realmente inclusivo e voltado para a funcionalidade e desenvolvimento de habilidades dos mesmos. Com isso, os esforços públicos devem partir da necessidade de elaborar propostas que apoiem o crescimento do indivíduo, independentemente de suas limitações.
Mazzotta (1982, p. 14) afirma que a: 
Pessoa com deficiência não é só aquela que tem uma deficiência visível. Inclui deficiência física, visual, auditiva, intelectual ou múltipla. De um modo geral, pode-se dizer que qualquer condição converte-se numa deficiência se causa problema à pessoa portadora dessa condição ou às pessoas com quem ela vive. É em relação ao meio onde vive a pessoa, à sua situação individual e à atitude da sociedade, que uma condição é ou não considerada uma deficiência. Considerando-se que, em decorrência dos fatores hereditários e ambientais, não há sequer duas pessoas exatamente idênticas, embora em sua essência todos os seres humanos sejam iguais, é natural que as respostas a estas exigências variem de acordo com as condições individuais de cada pessoa.
Diante desta afirmação, entende-se que a educação do indivíduo com deficiência é propiciada através dos mesmos contextos sociais e culturais do ensino de qualquer ser humano. A igualdade, a diversidade e o direito à educação devem caminhar juntos para a obtenção da inclusão, exigindo que as políticas públicas estabeleçam normativas que garantam a adequada formação dos professores e o oferecimento dos recursos, infraestruturas e materiais responsáveis pelo acolhimento de todos os aprendizes, sejam eles com deficiências ou não. 
3 A FUNÇÃO DAS SALAS DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS 
A Educação Inclusiva representa valores simbólicos importantes que asseguram a igualdade de direitos e oportunidades educacionais para todos em um ambiente escolar inovador e favorável ao desenvolvimento integral. O objetivo principal das intervenções pedagógicas inclusivas é facilitar a educação de alunos com deficiências no contexto da diversidade humana. Desse modo: 
A escola precisa se destacar como um local privilegiado para favorecer o processo de inclusão social dos cidadãos. Outro fator que se constata é que a própria escola regular ainda tem dificultado esse objetivo, trabalhando as situações educacionais comuns, propostas para os demais alunos, com uma prática pedagógica que não atende àqueles com necessidades especiais. Essas circunstâncias ainda apontem para a necessidade de uma escola transformadora que precisa modificar suas práticas e a sua visão atual (FANTINATO, 2014, p. 90). 
Nesse contexto, para possibilitar a implementação de intervenções pedagógicas inclusivas mais eficientes, em 2007, a partir da Portaria Normativa nº 13, de 24 de abril de 2007, foram implementadas as Salas de Recursos Multifuncionais (SRM’s) como uma ferramenta pedagógica da escola, a fim de complementar e suplementar as dificuldades e carências das classes. Seu principal objetivo foi o de atender os educandos com Necessidades Educacionais Específicas matriculados na rede de ensino regular, reduzindo as lacunas existentes em sua aprendizagem (BRASIL, 2012). 
Em 2008, foi promulgado o Decreto nº 6.571 que dispõe sobre o Atendimento Educacional Especializado (AEE), determinando “o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à formação dos alunos no ensino regular” (BRASIL, 2008, §1).
O artigo 3º do decreto citado expõe que o Ministério da Educação é responsável por prestar apoio técnico e financeiro às seguintes atividades destinadas a disponibilização do AEE: 
I - Implantação de salas de recursos multifuncionais;
II - Formação continuada de professores para o atendimento educacional especializado;
III - formação de gestores, educadores e demais profissionais da escola para a educação inclusiva;
IV - Adequação arquitetônica de prédios escolares para acessibilidade;
V - Elaboração, produção E distribuição de recursos educacionais para a acessibilidade; e
VI - Estruturação de núcleos de acessibilidade nas instituições federais de educação superior (BRASIL, 2008, p. 01).
No Brasil, a Portaria Interministerial nº 362, de 24 de outubro de 2012, trata da linha de crédito subsidiado para a aquisição de bens e serviços de tecnologia assistiva para indivíduos com necessidades especiais. Os instrumentos oferecidos os auxiliam em sua vida diária e prática, sendo que os recursos como pranchas de comunicação e vocalizadores incentivam a função comunicativa. 
A AEE inserido nas SRMs atende à legislação vigente, ofertando um ensino mais facilitador do aprendizado, promovendo a permanência dos alunos com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação na escola regular, mantendo adaptações curriculares capazes de fomentar melhores propostas pedagógicas. Assim: 
[...] o AEE deverá ser realizado nas SRMs, sendo esse o espaço destinado para o atendimento das diversas necessidades educacionais especiais e, também, para o desenvolvimento das diferentes complementações ou suplementações curriculares. Assim, a SRM deverá ser organizada com diferentes equipamentos e materiais, de modo a atender, conforme cronograma e horários, alunos com deficiência, altas habilidades/superdotação, dislexia, hiperatividade, déficit de atenção ou outras necessidades educacionais especiais. Dessa forma, os profissionais atuantes nesse ambiente precisam, também, serem “multi”, dependendo dos alunos para eles direcionados (MILANESI, 2012, p. 24).
Os professores da SRM precisam considerar alguns princípios que norteiam o trabalho da Educação Inclusiva, como: caracterizar a deficiência do aluno, identificar suas principais dificuldades e limitações, e compreender a singularidade da história de vida individualmente. Assim, poderão escolher os principais recursos e tecnologias que facilitarão as interpretações e aquisição do conhecimento. Os conteúdos desses ambientes devem permear um aprendizado significativo propiciando experiências positivas para os deficientes, a partir da cooperação entre os educadores e a família dos alunos (CIA; RODRIGUES, 2014).
O ensino praticado nas SRM’s contribui com o processo de construção do conhecimento, tornando-o mais prazeroso e significativo para o aluno. O trabalho dos conteúdos científicos pode ser realizado mais efetivamente através de estratégias didáticas que interacionem as disciplinas aos métodos mais divertidos, principalmente para crianças com deficiências que precisam de novos incentivos para não perder o interesse pelo estudo. 
Este ambiente é capaz de atuar nas funções subjetivas que influenciam o desempenho e a produtividade das crianças com necessidades especiais, já que oferece uma perspectiva intervencionista na conscientização delas para as relações em grupos. As dinâmicas contribuem significativamente no reconhecimento dos conflitos e resolução dos mesmos, facilitando a convivência entre as crianças, impactando diretamente no aumento do potencial das capacidades relacionadas ao processo de aprendizagem.
4 PONTENCIALIDADES E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS PARA ALUNOS CEGOS
Os ambientes computacionais são utilizados na SRM, garantindo diferentes adaptações, recursos e formas de utilização da tecnologia assistiva, possibilitando a interação com o computador, um instrumentovastamente utilizado no processo de ensino e aprendizagem. O uso da tecnologia assistiva nas SRM's é fundamental para a promoção da Educação Inclusiva, atuando na redução dos obstáculos que rondam a aprendizagem, que impedem que o aluno cego possa fazer parte das atividades cotidianas. Torna-se relevante destacar que não basta os docentes e atuantes nestes ambientes, apenas incorporar as tecnologias na rotina do aprendiz, sendo essencial que os educadores despertem seu interesse para com as mesmas.
Para Santos (2010, p. 54), “os recursos que visam à expansão de possibilidades das pessoas com deficiência são conhecidas como tecnologias assistivas; dentre elas: a linguagem de sinais, textos audíveis, escrita braille, leitores de tela, simuladores de teclado e vocalizadores etc”. Ressalta-se que os instrumentos eletrônicos de massa como televisão, computadores, tablets, etc., também estão sendo utilizados na disseminação do conhecimento para deficientes. 
Schirmer et al. (2007, p. 31) denominam tecnologia assistivas como sendo a “expressão utilizada para identificar todo o arsenal de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiências e, consequentemente, promover vida independente e inclusão”. Entende-se que este tipo de tecnologia atua no desenvolvimento e manutenção de novas habilidades funcionais dos indivíduos com deficiência, podendo ser utilizada em diferentes etapas de seu crescimento. 
Para Bersch (2008), tecnologia assistiva é um termo recente, e que identifica todos os recursos humanos, físicos e intelectuais que atuam na ampliação de potenciais funcionais de pessoais com deficiência, cuja missão é promover maior independência e inclusão. A autora afirma que, quando inserida no ambiente educativo para alunos cegos, a tecnologia assistiva favorece e simplifica as tarefas pedagógicas, fazendo com que o aluno possa obter um desempenho mais satisfatório nas funções desejadas e obtenha por fim, um conhecimento mais significativo.
Estas tecnologias promovem aos indivíduos com deficiência visual independência, qualidade de vida e inclusão social, já que atua na manutenção e devolução de suas potencialidades . Assim, os aprendizes se tornam preparados para obter experiências significativas, fomentando sua interação social, fundamental para o seu desenvolvimento, promovendo suas habilidades ao invés de suas dificuldades e limitações (SANTAROSA, 2002).
No entanto, para colocar em prática estas ferramentas no ambiente inclusivo, é preciso superar dois importantes desafios: o primeiro se refere à formação dos professores que precisam estar preparados e qualificados para atender aos alunos cegos, podendo ainda identificar as principais estratégias e recursos para facilitar o aprendizado; o segundo se refere à disponibilização de tecnologias assistivas e uma sala de aula multifuncional, garantindo com que o aluno tenha acesso a instrumentos eficientes (SANTAROSA, 2002).
Pode-se observar também que as crianças, quando incentivadas por profissionais capacitados e comprometidos, podem ter suas funções cognitivas potencializadas através de estratégias didáticas consistentes e responsabilidade afetiva de seus educadores (GLAT, 2007).
Com base nisto, observa-se que as tecnologias assistivas necessitam ser projetadas de maneira com que esta interação permita o desenvolvimento de contextos maiores, considerando que a principal função que abrange a construção do saber. Para tanto, existem determinadas características voltadas para o processo de padronização que facilitam ainda mais a aprendizagem, dentre elas: reusabilidade, autonomia, iinteratividade e a interoperabilidade (SONZA et al, 2013).
Estudos recentes têm demonstrado a viabilidade e a inserção de tecnologias assistivas em sala de aula, a fim de ampliar as oportunidades de aprendizagem dos alunos com deficiências, e demonstrando que estas ferramentas podem contribuir não apenas na questão reabilitacional do indivíduo, mas, sobretudo, através do encontro da tecnologia com a educação propiciando uma complementação educativa.
Duek (2014) analisou as práticas pedagógicas de professores em uma escola da rede pública no ensino inclusivo a partir de tecnologias assistivas. O autor afirma que a partir de adaptações e uso de instrumentos como desenhos, figuras, imagens, pranchas, objetos variados e computador os educadores conseguem estabelecer vínculos mais significativos com aqueles alunos que possuem dificuldades em se comunicar. Os docentes relataram que o computador é um dos recursos mais importantes na complementação do estudo, pois pode ser usado por todos os alunos que possuem deficiência, já que apresenta uma ampla variedade de programas específicos visuais e de voz que atendem as necessidades dos alunos, inclusive de deficientes visuais e auditivos. 
Por sua vez, Marcelo Pimentel, um aluno deficiente visual do Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob a coordenação do Prof. Dr. José Antônio dos Santos Borges, informático e engenheiro de Sistemas e Computação, desenvolveu o sistema DOSVOX para microcomputadores voltado para os indivíduos com deficiências visuais cuja comunicação é realizada a partir de síntese de voz, proporcionando melhor independência no estudo. 
Uma das importantes características desse sistema é que ele foi desenvolvido com tecnologia totalmente nacional, sendo o primeiro sistema comercial a sintetizar vocalmente textos genéricos na língua portuguesa. Tanto o software quanto o hardware são projetos originais, de baixa complexidade, adequados à nossa realidade (SONZA et al., 2013, p. 207-208). 
Além de manter um diálogo amigável com o usuário, este sistema possui programas específicos e interfaces adaptativas, possibilitando sua inserção no ambiente educativo, uma vez que oferece condições de alfabetização e letramento aos aprendizes com deficiência visual. Para que os alunos possam utilizar o sistema, torna-se fundamental que os mesmos se adaptem às vozes e as velocidades dos diálogos.
Diante dos exemplos citados, observa-se que a utilização dos softwares educativos no ambiente escolar auxilia no processo de observação, comparação e argumentação, onde o ensino inclusivo deve priorizar o crescimento do conhecimento diante de atividades que zelam pelo saber. A inclusão de jogos educativos pode otimizar o conhecimento infantil a respeito dos conceitos curriculares, favorecendo a obtenção de novas habilidades direcionadas a resolução dos problemas.
Conforme relatam Hazard et al. (2007), existem diversos tipos de softwares educativos voltados para as necessidades dos alunos com deficiência com elevada quantidade de opções de acessibilidade que já são incorporados nos sistemas operacionais. Dessa forma, podem ser modificados de modo a atender alunos com vários tipos de deficiências. Por exemplo, um aluno com dificuldades de coordenação motora pode fazer uso de teclados especiais ou outros instrumentos que substituem o mouse. Para tanto, basta alterar as opções de acessibilidade do Windows e fazer uso das teclas de aderência ou opções de contraste atendendo pessoas com deficiências visuais.
Rodrigues (2013), em seu estudo, ressaltou a importância desses ambientes garantirem o acesso a todos os instrumentos nela dispostos, bem como o uso adequado da tecnologia assistiva. Sem uma avaliação adequada desta tecnologia e o direcionamento correto para o aluno com deficiência, os atendimentos realizados aos indivíduos com deficiências são prejudicados significativamente, podendo causar evasão escolar, desvalorização das potencialidades e traumas que dificultarão o alcance dos objetivos propostos pelas SRM's. 
CONCLUSÃO 
Através deste estudo foi possível compreender que a Educação Inclusiva é uma das principais ferramentas para garantir a inserção de deficientes no ambiente de trabalho, pois permite com que estes tenham acesso desde sua infância às propostas educativas que poderão contribuir com seu desenvolvimentoprofissional futuramente. Neste contexto, a Educação Inclusiva voltada para os alunos cegos surge como uma necessidade, visto que esses indivíduos apresentam algumas limitações em seu processo de aprendizado e necessitam de alguns recursos e estratégias específicas. 
Verificou-se que a formação qualificada e atualizada dos educadores é fundamental para assegurar a prática de propostas mais produtivas, especialmente no campo da Educação Inclusiva, onde os alunos cegos enfrentam dificuldades e obstáculos decorrentes de sua deficiência. Com isso, os professores estarão preparados para inserir novos recursos e estratégias que beneficiarão e facilitarão o ensino para este público.
As salas de recursos multifuncionais são ambientes responsáveis por fomentar e valorizar o uso de tecnologias assistivas para os alunos cegos, já que as mesmas disponibilizam ferramentas que facilitam os processos de comunicação, corrigem posturas e oferecem maior autonomia dos aprendizes no processo de ensino-aprendizagem.
Pode-se constatar também que as decisões que envolvem o uso de tecnologias assistivas e os recursos de acessibilidade na Educação Inclusiva incidem em uma avaliação detalhada das necessidades dos educandos de acordo com suas limitações, bem como dos instrumentos disponíveis para viabilizar o uso das ferramentas. Isto facilita a escolha dos melhores recursos e ferramentas capazes de ampliar as oportunidades de aprendizagem dos alunos cegos. 
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