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Introdução Nesta aula vamos refletir sobre as questões filosóficas atuais e desafios à pratica educacional brasileira, analisando a complexidade da pluralidade de imagens ideais de educação, apontando as rupturas com o pensamento moderno e a transição à filosofia contemporânea. Em que consiste o processo educativo contemporâneo? O processo educativo contemporâneo é influenciado pela crise e a instabilidade às quais o mundo está sujeito desde o início do século XX, tanto no campo social, político e econômico, como também no campo da educação; O importante é compreender a fundamentação da complexidade da época contemporânea e analisar as ideias básicas dos educadores que marcaram o século XX e o início desse novo século; Não resta dúvida de que o século XX foi bastante rico em experiências educacionais e no pluralismo de teorias pedagógicas; Constatamos notáveis transformações tanto no campo, quanto na cidade e na mentalidade, de tal forma que podemos identificar a crise que a humanidade passa na transição do milênio; Há a constatação do envelhecimento de alguma coisa que não serve mais, e ao mesmo tempo o esforço no sentido de encontrar novos caminhos de saídas; A crise estando generalizada, é claro que a educação também será profundamente afetada; Na busca de novos caminhos a educação passando a ter um caráter político, devido à importância que exerce na sociedade, sendo instrumento de transmissão de cultura e formação da cidadania; A sociedade contemporânea marcada profundamente pela mentalidade utilitarista e pragmática em que tudo gira em torno do que dá retorno imediato, status e poder, precisa com urgência encontrar soluções. John Dewey (1859-1952) John Dewey, defensor do pragmatismo, trouxe para a educação uma contribuição nova onde houve avanços em termos de preocupação com a realidade do aluno, mas que ficou limitado ao conhecimento da dimensão psicológica deste, não conseguindo envolve-lo num projeto maior que garantisse a transformação da mesma. Para Dewey o processo educativo depende essencialmente da ligação da escola ao lar e à comunidade que o educando faz parte. A seguir, vamos conhecer mais sobre o processo educativo. Processo educativo O processo educativo deve integrar-se na experiência concreta, nos interesses e necessidades do educando, deve também se tornar processo individualizado. Nesse processo, as atividades manuais, práticas, assumem a mesma importância que desempenham na vida real. O processo educativo agrupará os educandos não por idade ou nível de instrução, e sim, por interesses reais, por tipo psicológico ou grau de capacidade intelectual. Nessa visão do processo educativo, o educador vem a ser o animador dentro de um processo de autoeducação. A melhor educação será aquela em que o educador menos intervém. Trata-se de imagem-ideal como energia ativa e criativa. A verdade do conhecimento não se considera mais como função relacional objetiva da mente com o objeto, mas sim, com aquilo que é eficaz na prática, aquilo que serve efetivamente como guia e orientador da ação concreta. Dewey, apoiando-se em Willian James, afirma que o essencial no processo educativo consiste na educação pela ação manual e intelectual, bases da própria experiência. O processo educativo consiste na constante reconstrução da experiência. Mas essa reconstrução depende da ação responsável e consciente do educando. Para cumprir essa função, o processo educativo deve evitar toda a aprendizagem mecânica e formal; deve evitar tudo o que é rotina ou repressão, sem, no entanto, cair no anarquismo. A eficácia de todo processo educativo depende do interesse produtivo do educando, que se mostra em um ambiente propício à liberdade e iniciativa. Trata-se de desenvolver o processo educativo dentro de um ambiente natural, onde o educando aprende a viver, e não num ambiente onde só se aprende informações, que só se referem à vida real de uma maneira oblíqua e indireta, ou que dizem respeito a um futuro remoto, que talvez o educando nunca venha a viver. Em outras palavras, a escola deve ser a réplica em miniatura da própria comunidade! O processo educativo deve levar o educando a assumir, de acordo com os interesses, os valores culturais da comunidade, a integrar a sua experiência na experiência da comunidade, pois são as forças da comunidade que atuam na sua vida e com estas ele terá que operar. O educador deve levar o processo de tal maneira que não haja conflito entre o esforço e interesse. Concretizar o ideal da socialização do processo educativo implica na sua crescente individualização, com o objetivo de aproximar-se melhor do meio em que o educando deve desempenhar suas aptidões e capacidades. Portanto, deve fundamentar-se nas características individuais do educando, principal agente do processo educativo. Anísio Teixeira (1900-1971) O Pragmatismo de Dewey e a Escola Nova serão trazidos para o Brasil, através do educador Anísio Teixeira que foi aluno e seu admirador nos Estados Unidos. O universo educacional de Anísio Teixeira aponta para uma íntima relação entre escola e sociedade, o que traz como consequência a concepção de uma escola ativa, baseada na ciência, na democracia e no trabalho. Se a sociedade passava por mudanças era preciso que a escola preparasse o novo homem, o homem moderno, para integrar-se à nova sociedade que deveria ser essencialmente democrática. É o fazer, através do método experimental, que deve definir a escola ativa e democrática. Os nossos sistemas de educação abrigam eternos vícios do intelectualismo, do dogmatismo e de uma burocracia que impede enveredar por caminhos mais eficazes, portanto teóricos educadores tentaram buscar soluções para essa situação. Escola nova: A concepção da Escola Nova, de um lado, resgatou a importância do sujeito da aprendizagem. De outro, acabou dando margem para chegar a uma visão intimista, individualista do tipo “cada um é cada um”. Na verdade, cada um é um pouco do outro, do grupo ao qual pertence. Você sabia? Anísio Teixeira, sendo aluno de John Dewey nos Estados Unidos, compartilha com seu professor dessa nova visão de trabalhar a educação. Anísio traz e implanta a tendência da Escola Nova para a educação brasileira. Paulo Freire (1921-1997) Um outro educador que trouxe perspectivas diferentes para a educação foi Paulo Freire. Ele introduziu uma nova visão e apresentou uma proposta muito mais profunda do que Dewey, pois via na educação a possibilidade da transformação da sociedade. Acreditava que isto seria possível por meio da conscientização que o educando tinha de si próprio e dos problemas que afetam a sociedade. A proposta de educação de Paulo Freire está voltada para a transformação da realidade não só educacional, como a social em um sentido amplo. Paulo Freire: Freire parte da análise da realidade vivida pelo povo brasileiro. Aposta em um processo educativo que reconheça os direitos das massas populares a uma educação popular. Reconhece a urgência da democratização da cultura nacional. Para Freire, o sucesso do processo educativo depende essencialmente da liberdade do educando. É tendo liberdade que este será motivado para uma participação crítica no processo educativo e, consequentemente, social. A visão de Freire o leva a substituir a escola tradicional, monoliticamente estruturada, por outro veículo educativo mais maleável, mais participativo e baseado no diálogo: o círculo da cultura. No círculo da cultura, o próprio educando se coloca em primeiro plano, desde a primeira etapa da programação do processo. Desde o início, ele é orientado pelo educador, que procura estabelecer e despertar sua consciência para perceber e compreender a realidade em que vive. Você sabia? O processo educativo não é transmissão, tampouco doação, mas sim, participação em uma situação concreta desafiadora de onde brota significação para o educando. A alfabetização e a conscientização são inseparáveis das situações desafiadoras e de relevância social e política. Todo o processo educativodeve levar à conscientização quanto à significação real dessas situações vividas pelo educando. É fundamental que ele tome consciência dos seus interesses e lute para defende-los, em prol de um bem maior: a sociedade. Seguindo esse caminho ele terá uma visão mais ampla de suas possibilidades de se afirmar como sujeito e não mais como objeto na história. Desta forma, o processo educativo levará o sujeito a se libertar peso da exclusão da órbita de decisões que lhe foi imposto. Caminhada ao longo da vida Paulo Freire conseguiu chegar até onde chegou graças à sua abertura, esperança, sonho. Isto se concretizou através de suas experiências e caminhada ao longa de sua vida, sempre disposto a aprender, pesquisador de sua prática e leitor curioso dos grandes filósofos e educadores. Banido no Golpe Militar Ao ser banido do Brasil no Golpe Militar, Paulo Freire levou consigo aquilo em que mais acreditava: suas esperanças com a educação. Exílio No exílio, teve oportunidade de diálogos com outras culturas, confrontos, novas experiências e trocas e não restam dúvidas de que isso somado à novas leituras, aportou contribuições que possibilitaram enriquecer mais a sua prática e avançar saindo da visão escolanovista para uma visão de transformação da sociedade. Verifique seus conhecimentos! Para finalizar esta aula, propomos a você um desafio. Abaixo você dispõe de uma lista de elementos estudados nessa aula e também uma afirmação sobre cada um destes elementos. Leia atentamente as afirmações e tente identificar a qual elemento cada uma corresponde. Anísio Teixeira; Processo educativo; Paulo Freire; John Dewey. a) Para John Dewey o processo educativo depende essencialmente da ligação da escola ao lar e à comunidade que o educando faz parte. b) Anísio Teixeira trouxe para o Brasil a teoria da Escola Nova. c) Paulo Freire trouxe novas perspectivas para a educação, pois via na educação a possibilidade da transformação da sociedade, ajudando esse educando na conscientização de si e dos problemas que afetam a sociedade. d) O processo educativo deve levar o educando a tomar consciência dos seus interesses e colocá-lo em defesa e luta dos mesmos, em prol de um bem maior, a sociedade.
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