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Carolyn McLeod Confianca

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CONFIANÇA1 
Tradução parcial de Flavio Williges 
(Departamento de Filosofia/UFSM) 
 
 
A confiança é importante, mas é também perigosa. É importante, pois 
nos permite criar relações com pessoas e confiar nelas- no amor, dando 
conselhos, no reparo de problemas hidráulicos ou naquilo que precisarmos - 
especialmente quando sabemos que nenhuma força exterior nos obriga a dar 
tais coisas. Mas confiança também envolve o risco de descobrir que as 
pessoas em que confiamos poderão não se superar por nós, pois, se houvesse 
alguma garantia que elas poderiam se superar, então não teríamos nenhuma 
necessidade de confiar nelas. Assim, a confiança também é perigosa. O que 
nós arriscamos ao confiar é a perda das coisas que nós confiamos aos outros, 
incluindo, talvez, nosso amor-próprio que poderá ser abalado pela traição da 
confiança. 
Dado que a confiança é arriscada, a questão de quando ela está 
assegurada (warranted) é de especial relevância. Nesse contexto, 
‘assegurada/garantida’ significa justificada ou bem-fundada (onde confiança 
bem-fundada mira eficazmente a pessoa confiável). Se a confiança é garantida 
nesses sentidos, então o perigo da mesma ou é minimizado, como ocorre 
com a confiança justificada, ou eliminado inteiramente, como ocorre com a 
confiança bem-fundada. Deixando o perigo da confiança de lado, alguém 
poderia perguntar se a confiança é garantida no sentido de ser plausível. A 
confiança não pode ser garantida em uma situação particular, pois isso 
simplesmente não é plausível: as condições necessárias para isso não existem, 
como ocorre quando as pessoas sentem somente pessimismo umas em 
relação às outras. Esse verbete sobre confiança está estruturado como uma 
resposta à questão geral acerca de quando ou como a confiança é assegurada, 
onde ‘assegurada/garantida’ será amplamente entendido de modo a incluir 
‘justificado’, ‘bem-fundado’, e ‘plausível’. 
 
1
 Verbete escrito por Carolyn McLeod para a Stanford Enciclopedia of Philosophy. A 
referência para citação é a seguinte: McLeod, Carolyn, "Trust", The Stanford Encyclopedia of 
Philosophy (Fall 2015 Edition), Edward N. Zalta (ed.), URL = 
<http://plato.stanford.edu/archives/fall2015/entries/trust/> 
Uma resposta filosófica completa para essa questão deve explorar as várias 
dimensões filosóficas da confiança, incluindo a natureza conceitual da 
confiança e da confiabilidade, a epistemologia da confiança, o valor da 
confiança, e o tipo de atitude que é confiar. A fim de ilustrar como cada um 
desses aspectos é relevante, observe que a confiança está assegurada como, 
i. Plausível, novamente, apenas se as condições requeridas para a 
confiança existem (por exemplo, otimismo acerca da habilidade de 
outrem). Saber o que são essas condições requer entender a 
natureza da confiança. 
ii. bem-fundada, apenas se o alvo da confiança é confiável, o que faz a 
natureza da confiabilidade importante na determinação de quando 
a confiança é assegurada. 
iii. justificada, às vezes quando o alvo da confiança não é, de fato, 
confiável, o que sugere que a epistemologia da confiança é 
relevante. 
iv. justificada, frequentemente por que algum valor emergirá da 
confiança ou por que é valiosa em relação a algo ou em si mesma. 
Assim, o valor da confiança é importante. 
v. Plausivel, apenas quando é possível a alguém desenvolver confiança, 
dadas as suas circunstâncias (do agente) e o tipo de atitude mental 
que é a confiança. Por exemplo, a confiança não pode ser o tipo de 
atitude que alguém pode querer ter para si mesmo sem qualquer 
evidência da confiabilidade de uma pessoa. 
 
 
Esse ensaio explora essas diferentes questões filosóficas acerca da 
confiança. Ele também lida predominantemente com a confiança 
interpessoal, que eu considero o paradigma dominante da confiança. Ainda 
que alguns filósofos escrevam sobre a confiança que não é interpessoal, 
incluindo ‘confiança institucional’ (isto é, confiança nas instituições; ver, por 
exemplo, Potter 2002, Govier 1997, Townley e Garfield 2013) a confiança 
no governo (Hardin 2002) ou na inteligência artificial (que pode ser apenas 
semelhante à pessoa; ver, por exemplo, Coeckelbergh 2012, Taddeo e Floridi 
2011) e ‘auto-confiança’ (Govier 1993, Leherer 1997, Foley 2001, McLeod 
2002, Goering 2009, Jones 2012b, Potter 2013) muitos concordariam que 
essas formas de ‘confiança’ são coerentes apenas se elas partilham 
importantes características (isso é, podem ser modeladas a partir) da 
confiança interpessoal. Portanto, eu assumo que o paradigma dominante é o 
interpessoal. 
____________________________________________________________
________________ 
1. A Natureza da Confiança e da Confiabilidade 
A confiança é uma atitude que temos em relação a pessoas que nós 
esperamos que sejam confiáveis, onde a confiabilidade é uma propriedade, 
não uma atitude. A confiança e a confiabilidade são, portanto, inteiramente 
distintas, embora, idealmente, aqueles em quem confiamos possam ser 
confiáveis e aqueles que são confiáveis possam ser alvos de confiança 
(trusted). Para garantir a confiança (isto é, plausível) em um relacionamento, 
os envolvidos nesse relacionamento devem ter atitudes mútuas que 
permitem a confiança. Contudo, para garantir a confiança (isto é, bem-
fundada), ambos envolvidos devem ser confiáveis. 
 Confiar requer que possamos, (1) ser vulneráveis aos outros 
(vulnerável à traição em particular); (2) pensar bem de outros, pelo menos 
em certos domínios; e (3) ser otimista que eles serão ou pelo menos poderão 
ser competentes em certos aspectos. Cada uma dessas condições para a 
confiança é relativamente controversa. Há, entretanto, uma condição 
ulterior que é controversa: que aquele que confia (trustor) seja otimista 
quanto ao alvo da confiança (trustee) poder ter um certo tipo de motivo para 
agir. As controvérsias giram em torno do último critério, pois não está claro 
qual tipo de motivo, caso haja algum, esperamos das pessoas que confiamos. 
Do mesmo modo, não é claro qual tipo de motivo, caso haja algum, 
uma pessoa confiável deve ter. Condições claras para a confiabilidade são que 
a pessoa seja competente e esteja comprometida a fazer o que a ele ou ele foi 
confiado. Mas essa pessoa pode também ter que se comprometer em certo 
aspecto ou por uma certa razão (por exemplo, ele ou ela se preocupam com o 
confiador (truster)). Essa seção explica essas várias condições para a confiança 
e confiabilidade e foca, em particular, na controvérsia em torno da condição 
sobre os motivos. 
Um critério importante para a confiança é que o confiador possa 
aceitar algum nível de risco ou de vulnerabilidade (Becker 1996). 
Minimamente, o que essa pessoa arrisca ou está em condição de 
vulnerabilidade é a falha do alvo da confiança (trustee) em fazer o que ele ou 
ela precisa que a pessoa faça. O confiador pode tentar reduzir esse risco 
monitorando ou impondo certas coerções no comportamento do alvo da 
confiança; ainda depois de um certo limiar talvez, por mais que ele ou ela 
monitore e coaja, ele ou ela confiarão menos nesta pessoa. A confiança é 
relevante “antes que se possa monitorar as ações dos ....outros” (Dasgupta, 
1988, 51) ou quando por respeito aos outros recusa-se a monitorá-los. Deve-
se ficar satisfeito com ele por ter algum poder discricionário ou liberdade 
(Baier 1986; Dasgupta 1988). Portanto, não se pode rejeitar a possibilidade 
de ser vulnerável. 
Uma condição associada à confiança é o potencial de traição (e, como 
será notado abaixo, a condição correspondente para a confiabilidade é o 
poder de trair). Annete Baier escreveu que “a confiança pode ser traída ou, 
pelo menos, acabar, mas não ser desapontada” (1986, 235). Em sua visão, o 
desapontamento é a resposta apropriada quando alguém simplesmente 
depende(relied on) de alguém para fazer algo, mas não confia nele ou nela para 
fazê-lo. Enquanto pessoas que monitoram e constrangem o comportamento 
de outras pessoas e não lhes permitem provar sua confiabilidade podem 
depender dos outros, elas não podem confiar nelas. Pois, embora sua 
dependência (reliance) possa vir a ser desapontada, ela não pode ser traída. 
Considere alguém que confia em objetos inanimados, tais como 
despertadores; quando eles quebram, não nos sentimos traídos, embora 
possamos ficar desapontados. A dependência sem a possibilidade de traição 
não é confiança. Assim, pessoas que confiam em outras de um modo tal que 
torna a traição impossível não confiam nas outras. (Para conhecer uma 
abordagem que resiste a essa visão, ver O’Neill 2012, p.307). 
As pessoas não confiam e não podem confiar em outras, caso 
suspeitem facilmente umas das outras (Govier 1997, 6). Se se assume o pior 
sobre alguém – “ela está atrasada por que ela não respeita meus 
sentimentos”, ou “eu aposto que ele está falando de mim pelas minhas 
costas”- então desconfia-se, ao contrário de confiar na pessoa. 
Paradigmaticamente, a confiança envolve sentir otimismo e não pessimismo 
quanto ao alvo da confiança (trustee) ser capaz de fazer algo por nós (ou para 
outros talvez), que é, em parte, o que nos torna vulneráveis à confiança. 
Como Karen Jones escreve, tal otimismo “restringe as inferências que 
faremos sobre as ações prováveis de outros. Confiar assim expõe-nos ao 
dano, pois dá surgimento à interpretação seletiva, o que significa que 
podemos ser enganados, que a verdade pode passar despercebida, como se 
fosse, diante de nossos olhos” (Jones, 1996, 12). 
Alguns - incluindo Jones em seus últimos trabalhos sobre confiança- 
argumentaram que o otimismo do confiador (trustor) esta presente em 
exemplos típicos de confiança, mas não em todas as instâncias (Jones 2004, 
McGeer 2008, Walker 2006 citado por McGeer). Tal otimismo está ausente, 
por exemplo, em casos de “confiança terapêutica” (Horsburgh 1960). Para 
ilustrar esse tipo de confiança, considere os pais que “confiam aos seus filhos 
a casa ou o carro da família, crendo que seus rebentos poderão abusar de sua 
confiança, mas esperando que tal confiança dispare, no momento adequado, 
um comportamento mais responsável e correspondente à confiança” 
(McGeer 241, sua ênfase, ver também Pettit 1995). A alegação de Jones e 
outros é que tal confiança envolve a atitude normativa que o alvo da 
confiança deve fazer o que alguém confia que ele ou ela faça, em vez do 
otimismo que ele ou ela fará. A confiança terapêutica é inusual nesse 
aspecto e noutros (o que ficará evidente posteriormente nesse verbete). O 
resto dessa seção trata com formas de confiança e confiabilidade mais usuais. 
Não ser otimista sobre a competência das pessoas também torna a 
confiança impossível. Sem confiar que as pessoas manifestarão alguma 
competência, não podemos confiar nelas. Nós usualmente confiamos em 
pessoas para fazerem certas coisas- por exemplo, cuidar de nossos filhos, nos 
orientar, ou serem honestas conosco- mas nós não podemos fazê-lo se 
pensamos que elas não demonstraram nenhuma habilidade relevante 
(incluindo habilidades morais de saber o que significa ser honesto ou cuidar, 
Jones 1996, 7; McLeod 2002, 19). Raramente, talvez nunca, confiamos nas 
pessoas completamente (isto é, A simplesmente confia em B). Em vez disso, 
“a confiança é geralmente uma relação tripartite: A confia em B para X” 
(Hardin, 2002, p. 9). 2 Ter confiança num relacionamento, portanto, não 
exige assumir que a outra pessoa será competente em cada aspecto. O 
otimismo sobre a competência da pessoa em pelo menos uma área é 
essencial. 
 
2
 Descrições da confiança como uma relação envolvendo três partes podem variar. Por exemplo, Baier 
descreve a relação como “A confia em B quanto ao item valorizado C” (1986); em outros palavras, A 
confia em B com C. Para objeções ao modelo de Baier, ver Jones 1996, 10, 17-19). Interessantemente, 
em “Trust and Terror”, Karen Jones objeta à análise das três posições da confiança por falhar ao 
descrever um tipo básico de confiança que o terror frequentemente destrói: o que Jones chama de 
“confiança basal” (2004). 
Quando confiamos em pessoas, somos otimistas não apenas que elas 
serão competentes para fazer o que confiamos a elas fazer, mas também que 
elas se comprometerão ao fazê-lo. Pode-se falar sobre esse compromisso ou 
em termos do que o confiador (trustor) espera do confiado (trustee) ou como 
uma condição para confiabilidade (e o mesmo é verdadeiro, naturalmente, 
da condição de competência). Para o benefício da simplicidade e para focar 
em algo nessa seção sobre a confiabilidade e não simplesmente sobre a 
confiança, eu farei referência ao compromisso na maioria das vezes como 
uma condição para a confiabilidade. 
 Embora tanto a competência e os elementos motivacionais da 
confiabilidade sejam cruciais, a natureza exata da última não é clara. Para 
alguns filósofos, importa apenas que o alvo da confiança (trustee) seja 
comprometido. O ponto central da confiabilidade em sua visão diz respeito 
ao compromisso contínuo do alvo da confiança, e, em particular, sob quais 
circunstâncias, caso haja, pode-se esperar tal compromisso de outra pessoa 
(ver, por exemplo, Hardin, 2002, 28). Por contraste, para outros filósofos, 
um compromisso contínuo de outra pessoa não é suficiente para a 
confiabilidade; de acordo com eles, as origens do compromisso importam, 
mas não exatamente sua existência ou a duração. O problema central da 
confiabilidade para esses filósofos não é precisamente se, mas também como o 
alvo da confiança (trustee) é motivado a agir. Em suas abordagens, alguns 
motivos são simplesmente incompatíveis com a confiabilidade. Para 
determinar qual a concepção correta, nós precisamos considerar diferentes 
motivos possíveis que poderiam estar na base do comportamento confiável. 
Alguns filósofos acreditam que a confiabilidade pode ser “compelida 
através de normas” ou, mais geralmente, por força de coerções sociais 
(Hardin, 2002, p. 53; ver também O’Neill 2002, Dasgupta, 1988). Em um 
esforço para ser confiável, as pessoas podem sujeitar-se às coerções sociais, 
como alguém faz quando publicamente declara sua intenção de perder peso, 
colocando a si mesmo em risco de censura pública se falhar. 
Alternativamente, o confiador em um relacionamento pode introduzir 
coerções a fim de exigir que o alvo da confiança assine um contrato, por 
exemplo. A coerção imposta pode ser a motivação primária para ser 
confiável. Isso pode compelir ao compromisso contínuo fundado no auto-
interesse. Chamem a essa visão da confiabilidade de “visão do contrato 
social”. 
Muitos filósofos concordariam que a visão do contrato social é apenas 
uma descrição parcial do que poderia motivar a confiabilidade. Embora 
coerções sociais possam apoiar a confiabilidade, elas não podem explicar 
inteiramente a confiabilidade. Pois se pudessem, então o seguinte tipo de 
pessoa poderia ser confiável: um empregador sexista que trata empregadas 
mulheres bem apenas por que acredita que ele poderia enfrentar sanções 
legais se não o fizesse (Potter 2002, 5). Muitos poderiam argumentar que 
embora esse comportamento da pessoa seja previsível e confiável, não é 
confiável em um sentido genuíno. Esses teóricos podem distinguir entre a 
mera confiabilidade da confiabilidade que tem como base o fato que as 
pessoas sabem ou consideramos que ser confiável é ter o poder de trair, 
enquanto que pessoas que sabemos ou consideramos meramente confiáveis 
(reliable) podem apenas nos desapontar (Holton 1994). As empregadas 
mulheres podem saber que seu empregador trata-as bem só por que teme 
alguma sanção social. Nesse caso, ele não poderia traí-las, embora pudesse 
desapontá-las.E se isso fosse verdadeiro, ele não seria confiável para elas. 
 Uma alternativa para a visão do contrato social é a visão de acordo 
com a qual as pessoas confiáveis são motivadas por seus próprios interesses a 
manter a relação que elas têm com o seu confiador (trustor), o qual, por sua 
vez, encoraja-nas a encapsular os interesses dessa pessoa em seus próprios 
interesses. Russell Hardin defende essa visão do “interesse 
encapsulado”(2002). Contudo, ela também é problemática. Para ver por que, 
considere como ela aplica-se ao empregador sexista. Ele não está motivado 
por algum interesse em manter seu relacionamento com as empregadas 
mulheres: se ele pudesse demiti-las ou mesmo evitar contratá-las, então ele o 
faria. Ele não é, portanto, confiável. Imagine, no entanto, que ele tem um 
interesse em manter essas relações e, em função disso, ele trata as mulheres 
bem, ainda que seu interesse resulte de um desejo de mantê-las próximas, 
principalmente por que assim ele poderia imaginar-se fazendo sexo com elas. 
(Portanto, ele permanece um empregador sexista). Para satisfazer esse 
interesse, ele poderia ter que encapsular o seu interesse em manter a 
continuidade da relação. E isto poderia fazê-lo confiável na descrição de 
Hardin. Mas ele é confiável? A resposta é realmente “não”, se a mulher tem 
um interesse em ser bem tratada de um modo que não seja meramente 
superficial. Meu ponto aqui é que ser motivado pelo desejo de manter uma 
relação (a motivação central de uma pessoa confiável na visão dos interesses 
encapsulados) pode não envolver adotar todos os interesses do confiador que 
poderiam realmente torná-lo confiável para essa pessoa. Feitas as contas, 
assim como na visão do contrato social, a visão dos interesses encapsulados 
descreve apenas a dependência (reliability) e não a confiabilidade 
(trustworthiness). 
A visão do contrato social e a visão dos interesses encapsulados são 
ambas exemplos do que Karen Jones chama de “visões de avaliação de risco” 
acerca da confiança ou confiabilidade (1999,68). De acordo com elas, as 
pessoas confiam em outras sempre que elas assumem que o risco de confiar 
nos outros é baixo- pois está no auto-interesse desses pessoas agir desse 
modo- e assim elas confiam nelas. O auto-interesse determina a 
confiabilidade nessas descrições. Teorias de avaliação de risco em geral são 
populares entre teóricos da decisão racional e nas teorias do contrato social 
que presumem que as pessoas são naturalmente auto-interessadas. 
Um tipo diferente de visão é aquela que Jones chama de uma 
descrição da confiabilidade “fundada na vontade”, que admite a 
confiabilidade apenas onde o alvo da confiança (trustee) é motivado por boa 
vontade (Jones 1999, 68). Essa visão origina-se no trabalho de Anette Baier e 
na influência que exerceu, mesmo fora da filosofia moral (por exemplo, na 
bioética e no direito, especialmente na lei fiduciária; ver, por exemplo, 
Pellegrino e Thomasma 1993, O’Neill 2002, e Fox-Decent 2005). De acordo 
com esta concepção, um alvo de confiança que é realmente confiável pode 
fazer coisas motivado por boa vontade em relação ao confiador, para o qual 
ou para quem o alvo da confiança é digno de confiança ou para ambos. 
Embora proponentes da visão de avaliação de risco poderiam provavelmente 
achar a visão da boa vontade muito restrita -realmente nós podemos confiar 
em pessoas sem presumir sua boa vontade- ela parece imune às críticas que 
aplicam-se aquelas concepções. Para resumir essas críticas: essas explicações, 
diferentemente da explicação que apela para a boa vontade, falham no que 
diz respeito à demanda que a pessoa confiável importe-se sobretudo com o 
confiador ou se importe com aquilo que ele ou ela valorizam. Como vimos, 
tal manifestação de preocupação e cuidado parece ser central para uma 
descrição completa da confiabilidade. 
A razão particular pela qual o cuidado é fundamental é que ele nos 
permite distinguir entre confiança e mera dependência (reliance). Eu tenho 
dito que os dois diferem, supostamente, por que apenas o primeiro pode ser 
traído. Mas por que isso é verdadeiro? Por que a confiança pode ser traída, 
embora a mera relação de dependência somente pode levar a algum tipo de 
desapontamento? A resposta que Baier dá é que a traição é a resposta 
apropriada para alguém em que se confia para agir a partir da boa vontade, 
em oposição a má vontade, egoísmo ou o costume resultante da indiferença 
(1986. 234-5). Aqueles que dizem que confiar podem envolver fiar-se 
(reliying on) nas pessoas para agir a partir de algum desses motivos não 
podem distinguir a confiança da dependência (reliance). Exemplos são os 
teóricos da avaliação de risco que, novamente, fazem da confiabilidade uma 
questão de auto-interesse. Embora o auto-interesse como motivo seja 
compatível com a boa vontade em relação aos outros, é também compatível 
com a má vontade e o egoísmo. A questão é como pode a confiabilidade ser 
diferente da mera dependência (reliance) se a confiança pode visar qualquer 
uma dessas atitudes? 
Embora seja útil para distinguir a confiabilidade da dependência, ou 
confiança da dependência, a descrição baseada na vontade de Baier não é 
perfeita, contudo. Críticas feitas a ela que sugerem que a boa vontade não é 
nem necessária e nem suficiente para a confiabilidade. Não é necessário, 
alguns dizem, por que nós podemos confiar nas outras pessoas sem presumir 
que elas tenham boa vontade. De fato, “frequentemente nos sentimos 
satisfeitos em confiar sem saber muito sobre a psicologia daquele em quem 
se confia, supondo meramente que eles têm traços psicológicos suficientes 
para dar conta do que se espera” (Jones, 2004, 4, citando Blackburn 1998). 
Essa objeção implica que a confiança pode estar assentada em diferentes 
tipos de motivos, o que é o caso da concepção da avaliação de risco da 
confiança, mas não acerca da abordagem baseada na vontade de Baier. 
Embora essas concepções sejam problemáticas, as explicações que partem da 
avaliação de risco têm seus méritos. Por exemplo, elas ajudam a explicar 
nossas tendências em confiar que pessoas estranhas serão moralmente 
decentes em relação a nós, o que presumivelmente pode ocorrer sem assumir 
que estranhos sintam boa vontade em relação a nós. 
 Pode-se dar sentido à confiança em estranhos sem adotar a visão da 
avaliação de risco, contudo, ou, em outros termos, sem assumir que o auto-
interesse pode ser motivo da confiabilidade do estranho. Dentre os motivos 
que podem estar na base da confiabilidade na ausência da boa vontade 
figuram o motivo de dar suporte aos compromissos morais, preencher uma 
obrigação moral ou aderir a uma norma social. Por exemplo, eu posso 
confiar na decência de um estranho simplesmente presumindo que ele está 
comprometido com a decência comum. Em última instância, o que eu estou 
presumindo sobre o estranho é sua integridade moral, que alguns dizem que 
é o motivo relevante para relações confiáveis (McLeod 2002, 21-27). Outros 
igualmente identificam esse motivo com uma obrigação moral e dizem que 
ele é atribuído ao alvo da confiança pelo próprio ato de confiar nele ou nela 
(Nickel 2007; e para uma descrição similar, ver Cohen e Dienhart 2013). 
Deixando de lado a preocupação que tais visões “moralizam” a confiança 
impropriamente, Amy Mullin argumenta que pessoas confiáveis são 
realmente motivadas por um tipo de compromisso que não pode ser moral: 
um compromisso com uma norma social particular (2005, 316). 
Assim como ser desnecessário, a boa vontade não pode ser suficiente 
para a confiabilidade por três razões. Em primeiro lugar, alguém que tenta 
manipular “você”- um manipulador da sua confiança (Baier 1986)- pode 
“confiar em sua boa vontade sem confiar em você” (Hoton 1994, 65). 
Portanto, Zac Cogley afirma que a confiança envolve a crença não 
simplesmente que alvos de confiançapossam manifestar boa vontade, mas 
que eles devem-na a nós (2012). Em segundo lugar, fazer a confiabilidade 
repousar unicamente na boa vontade não consegue explicar a confiança que 
não é bem-vinda. Quando as pessoas não recebem bem sua confiança, elas 
não estão fazendo objeções ao seu otimismo acerca da sua boa vontade 
(quem poderia objetar a isso?), mas apenas ao fato que você está contando 
com elas. Assim, o otimismo acerca da boa vontade é insuficiente e, de 
acordo com Karen Jones, precisa ser casado com a expectativa que o alvo da 
confiança é “favoravelmente movido pelo pensamento que (você está) 
contando com ele (1996, 9). Em terceiro lugar, você pode esperar que 
pessoas sejam confiavelmente benevolentes em relação a você sem confiar 
nelas (Jonas 1996, 10). Você pode pensar que sua benevolência não está 
estruturada pelos tipos de valores que, para você, são essenciais à 
confiabilidade. (4). Disso se segue que alguma expectativa sobre valores 
compartilhados ou normas pode ser uma elemento importante da confiança 
(Lahno 2001, McLeod 2002, Mullin 2005, Smith 2008). 
Outras críticas às caracterizações da confiança baseadas na vontade 
dizem respeito a como iremos interpretar a “boa vontade”. Em boa parte da 
discussão acima, ela é estritamente concebida de modo a envolver um 
sentimento amigável ou um apreço pessoal. Contudo, Jones nos convida, em 
seu primeiro trabalho, a entender a boa vontade de um modo tal que ela 
poderia estar fundada na benevolência, retidão ou algo similar, ou em um 
sentimento amigável (1996, 7). Em seu artigo posterior, contudo, ela se 
preocupa que ao definir a boa vontade assim tão amplamente nós “podemos 
torná-la um saco de gatos sem sentido que meramente informa a presença de 
algum motivo positivo e um motivo que pode ou não estar realmente 
direcionado ao confiador” (2012, 67). Se essa alegação for correta, e um 
entendimento estrito da boa vontade for realmente um fator limitador, 
então as teorias baseadas na vontade encontram-se diante de sérios 
problemas. 
Para recapitular o tópico dos motivos, embora as teorias baseadas na 
vontade sejam influentes, elas estão ainda abertas a um conjunto de críticas 
substantivas. Os filósofos que estão menos interessados em distinguir a 
confiabilidade da dependência (reliability) rejeitam tais descrições, tendo 
como base o fato de serem muito restritas. Por contraste, aqueles que 
pensam que essa distinção é importante seguem Baier e identificam o motivo 
relevante como sendo a boa vontade (por exemplo Potter 2020); ou 
combinam a confiança na boa vontade com certas expectativas (Cogley 
2012); ou abandonam a exigência da boa vontade inteiramente e substituem-
na por outra, tal como a integridade moral ou obrigação moral. Em 
accréscimo a isso, a literatura disponível revela algum debate justamente em 
torno de como entenderemos a “boa vontade”. 
Claramente a maioria das concepções discutidas até aqui descrevem a 
confiabilidade como uma relação entre um alvo de confiança (trustee) e 
alguma atitude, compromisso ou condição estruturadora (como, por 
exemplo, uma coerção social). De acordo com uma posição diferente, 
encontrada no trabalho de Richard Holton (1994), as condições que dão 
surgimento à confiabilidade não residem no relacionamento do alvo da 
confiança com seus ou suas atitudes, compromissos, etc, mas, em vez disso, 
na perspectiva que o confiador (trustor) assume em relação ao alvo da 
confiança (trustee). Holton argumenta que essa perspectiva (uma perspectiva 
participante, Strawson 1974) envolve a prontidão da parte do confiador para 
se sentir traído. Embora essa visão tenha recebido atenção positiva (por 
exemplo Hieronymi 2008, McGeer 2008), alguns acham-na insatisfatória, 
pois ela não explica obviamente o que pode justificar uma reação à traição, 
em vez do mero desapontamento, quando alguém não consegue honrar a 
confiança de alguém (ver Nickel 2007, 318). Por contraste, outros dizem que 
a perspectiva participante não faz “o trabalho de distinguir” em alguns casos, 
tal como ocorre quando um filho confia em sua mãe simplesmente por que 
ele sabe que ela o ama, e, assim, uma teoria da perspectiva participante da 
confiança está sujeita a contra-exemplos (Simpson 2012, 553). 
Contudo, alguns expandiram a teoria de Holton de um modo que 
minimiza pelo menos algumas das crítica a ela. Margaret Urban Walker 
explica que ao assumir uma perspectiva participante em relação aos outros, 
nós damos suporte à sua responsabilidade (2006, 79). Assim, não esperamos 
que ajam simplesmente como assumimos que farão, mas como eles deveriam. 
Em outras palavras, nós temos expectativas normativas em vez de meramente 
preditivas acerca deles. Walker acredita que toda confiança, na base- não só a 
confiança terapêutica- envolve ter expectativas normativas (e Jones, em seu 
ultimo trabalho, concorda, 2012ª). Se isto estiver correto, então ser confiável 
é vivenciar essas expectativas e falhar ao fazê-lo pode resultar em traição. Isto 
é como uma teoria da perspectiva participante pode explicar como a 
confiança pode ser traída. 
Uma última concepção sobre a confiabilidade estabelece que ela é 
uma virtude. Considere, primeiro, por que as descrições baseadas na vontade 
não capturam essa visão. Alguém pode mostrar boa vontade em relação a 
outro e ser confiável dentro do escopo de seu relacionamento (pense num 
réu confesso com sua mãe) sem ser alguém que nós descreveríamos como 
confiável (Potter 2002). Às vezes, pensamos a confiabilidade como um traço 
de caráter que as pessoas virtuosas possuem. Nancy Nyquist Potter faz 
menção a tal traço como “confiabilidade completa” e distingue-o da 
“confiabilidade específica”: a confiabilidade que é específica a certas relações 
(25). Para ser inteiramente confiável, alguém deve ter a disposição a ser 
confiável em relação a alguém. Chamem isso de descrição da “virtude”. 
Pode soar estranho insistir que a confiabilidade é uma virtude ou, em 
outras palavras, uma disposição moral a ser confiável (Potter 2202, 25, 
Hardin 2002, 32). Qual disposição exatamente ela supostamente é? É uma 
disposição normalmente a honrar a confiança da pessoa? Seria estranho, 
dado que a confiança pode não ser desejada se a confiança em questão for 
imoral (por exemplo, considerar alguém confiável para esconder um 
assassinato) ou se ela mal-interpreta a natureza da relação de alguém com a 
pessoa confiada (por exemplo, ser considerado confiável como amigo por 
mera familiaridade). Talvez a confiabilidade seja, em vez disso, uma 
disposição a responder à confiança de modo apropriado, conforme quem 
“estiver na relação” com o confiador e dadas outras virtudes que se possui ou 
se deve possuir (por exemplo, justiça e compaixão) (Potter, 25). Essa é 
essencialmente a visão de Potter sobre a confiabilidade. Modelando a 
confiabilidade na concepção aristotélica da virtude, ela define uma pessoa 
confiável como “aquela que pode ser considerada, como uma questão do tipo de 
pessoa que ela ou ele é, como alguém que tomaria conta daquelas coisas que outros 
lhes confiam e (seguindo a doutrina do meio) cujos modos de cuidar não são nem 
excessivos e nem deficientes” (sua grifo 16)3. 
A crítica recente à descrição da virtude vem de Karen Jones (2012ª). 
Como ela expica, se ser confiável for uma virtude, então ser inconfiável seria 
um vício, mas isso não pode ser correto, por nós nunca somos exigidos a 
exibir um vício, ainda que se possa exigir que as pessoas não sejam confiáveis 
(84). Um exemplo disso é quando somos considerados por duas pessoas 
diferentes para fazer duas coisas incompatíveis e ser confiável a um exige que 
não sejamos confiáveis a outro (83). Para defender sua teoria da virtude, 
Potter poderia ter que insistir que, em tal situação, ou alguém está 
simplesmente sendo forçado a desapontar alguém, em vez de ser considerado 
não-confiável,ou que esse tipo de confiabilidade em questão seja especifico e 
não característico da confiabilidade completa. 
Mas antes de disputar com a teoria da virtude, por que não 
simplesmente endossar a concepção magra da confiabilidade (isto é, a 
confiabilidade especifica), de acordo com a qual X é confiável para mim só 
no caso em que eu possa confiar em X? Duas coisas podem ser ditas. 
Primeiro, a concepção robusta- isto é, da confiabilidade como uma virtude- 
não pretende deslocar a concepção magra. Nós podemos e nos referimos a 
algumas pessoas como confiáveis no sentido específico ou magro e outros 
como confiáveis em um sentido mais completo ou robusto. Segundo, alguém 
poderia argumentar que a concepção robusta explica melhor do que a magra 
por que as pessoas inteiramente confiáveis são tão dependentes quanto são. 
Isso está entranhado em seu caráter. Portanto, elas devem ter um 
compromisso contínuo, e melhor ainda, seu compromisso deve vir de uma 
fonte que seja compatível com a confiabilidade (isto e, a virtude em oposição 
ao mero auto-interesse). 
Uma descrição da confiabilidade que inclui a idéia que a 
confiabilidade é uma virtude pode parecer ideal apenas se se pensa que a 
gênese do compromisso da pessoa confiável é importante. Se se pensa que 
isto importa apenas se – não como- o confiador pode ser motivado a agir, 
então se pode assumir que as coerções sociais e o auto-interesse podem fazer 
 
3
 À medida que ela vê a confiabilidade como uma disposição moral, os filósofos modelaram noutra 
teorias além daquela de Aristóteles, incluindo a teoria moral de Kant e o consequencialismo (ver, por 
exemplo, Hardin 2002, 36-40). 
o trabalho tão bem quanto uma disposição moral. Tal controvérsia explica 
por que descrições filosóficas da confiabilidade divergem uma de outra na 
questão do que poderia motivar uma pessoa confiável (por exemplo, 
coerções sociais, interesses, boa vontade, disposição moral) 4. Não 
surpreende, então, que uma divergência similar ocorra nas descrições da 
confiança, como aquelas descrições que giram em torno do tipo de 
motivação que procuramos de pessoas que confiamos. 
O trabalho recente acerca da confiança tem tomado uma ou mais dos 
seguintes caminhos ao tratar com a controvérsia sobre motivos: 1) têm sido 
dadas descrições “genealógicas” da confiança ou confiabilidade, que 
envolvem perguntar por que temos esses conceitos, dadas os tipos de seres 
que somos (por exemplo, sociais, reflexivos, ver Jones 2012ª, Simpson 2012). 
Por exemplo, Jones argumenta que os conceitos existem essencialmente por 
causa da necessidade que temos de sermos capazes de contar uns com os 
outros; e pode mesmo exigir que assinalemos essa disposição aos outros. 2) 
Alguns filósofos adotaram uma visão pluralista, de acordo com a qual 
existem formas diferentes de confiança ou confiabiildade, em vez de uma 
simples variante ou conceito deles (por exemplo, Simpson 2012). E 3) alguns 
tem investigado a natureza da traição intimamente como um aspecto para 
ganhar mais clareza acerca do que é a confiança, em particular suas 
dimensões normativas (O’Neill, 2012, Cogley 2012, Hardin 2011). Este 
último desenvolvimento é particularmente bem-vindo, dado quão pouco 
trabalho filosófico tem sido feito sobre a traição. 
A controvérsia sobre motivo ainda persiste, contudo. Felizmente, a 
despeito dela, há coisa que nós podemos dizer com certeza sobre a confiança, 
que são relevantes para decidir quando ela está assegurada. O confiador deve 
ser capaz de aceitar que por confiar, ele ou ela torna-se vulnerável, 
usualmente à traição. O confiado deve ser competente e comprometido a 
fazer o que o confiador espera dele ou dela e pode ser comprometido de um 
modo particular. Por fim, em casos paradigmáticos de confiança, pelo menos 
 
4
 Pontos de convergência entre teorias filosóficas da confiabilidade tem a ver com assumções que elas 
fazem sobre a finluência de normas sociais e convencões em quem pode ser confiável. Filósofos tendem 
a concordar que se a sociedade é estruturada de tal modo que é difícil para as pessoas serem confiáveis, 
as pessoas seram provvavelmente menos nesse aspecto. Filósofos feministas em geral concordam que 
em sociedades opressivas, as pessoas oprimidas são esteriotipadas como não-confiáveis, tornando difícil 
em muitos contextos a essas pessoas serem confiáveis (por que elas raramente são confiadas) ou a 
serem reconhecidas como confiáveis (ver, por exemplo Friedman 2004, 228, Webb 1992, 390, Daukas 
2006). 
o confiador deve ter otimismo quanto ao confiado ser realmente competente 
e comprometido.

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