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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE AD 1 Fundação Cecierj / Consórcio Cederj Curso de Licenciatura em Letras – EAD Profª Drª: Silmara Dela Silva Tutora a distância: Profª Ms. Fernanda Luzia Lunkes AD1- LINGUÍSTICA III Instruções: Escreva à tinta (azul ou preta) e com a maior legibilidade possível. Não escreva em tópicos. Escreva um texto coerente e coeso, em registro linguístico compatível com o trabalho acadêmico formal. 1. No fragmento textual a seguir, a linguista Eni Orlandi fala sobre duas tendências nos estudos da linguagem. Faça um comentário sobre essas duas posições, mostrando os seus conhecimentos sobre elas. Em sua resposta, localize os estudos linguísticos que se desenvolvem a partir da década de 1960 em uma dessas duas tendências e dê exemplo de ao menos um objeto teórico estudado pela Linguística a partir dessa época. “Essa divisão, que atravessa a história da linguística, apõe os partidários de que existe uma ordem interna, própria da língua, àqueles que defendem a ideia de que essa ordem reflete a relação da língua com a exterioridade, incluindo determinações históricas e sociais. [...] embora os estudos linguísticos se desenvolvam em várias direções, acabam sendo atravessados e definidos por essas tendências conflitantes...”. (ORLANDI, E.P. O que é linguística. 2 ed. São Paulo: Brasiliense, 2009. p. 17) No fragmento textual de Eni Orlandi, podemos observar que a autora discorre a respeito das duas grandes tendências que norteiam os estudos linguísticos: as perspectivas formalistas e funcionalistas. São reconhecidas como formalistas as perspectivas teóricas que tomam como foco de seus estudos a língua enquanto um sistema, restrigindo suas preocupações aos elementos internos a esse sistema. É o caso, por exemplo, dos estudos estruturalistas, que se desenvolvem a partir da publicação do Curso de Linguística Geral, por Saussure, e também do gerativismo, proposto por Chomsky, no final da década de 1950. Já as disciplinas de tendência funcionalista, que ganham força a partir da década de 1960, têm como proposta estudar a língua em uso, analisando o sistema linguístico e as suas relações com a exterioridade, que compreendem os sujeitos e as condições sócio-históricas em que ocorrem as enunciações. São essas as tendências teóricas da Linguística que se desenvolvem na época da chamada “guinada pragmática”. Como exemplos de objetos teóricos que passam a ser estudados pela Linguística nesse período, podemos mencionar os atos de fala (na Pragmática), o texto (na Linguística Textual), a conversa (na Análise da Conversação) e o discurso (na Análise de Discurso), por exemplo. 2. Explique o que são os gêneros do discurso (ou gêneros discursivos) na perspectiva de Bakhtin. Considerando os aspectos relacionados ao gênero, faça uma análise do que ocorre no texto “Petição ao prefeito”, de Vinícius de Moraes. Os gêneros do discurso são definidos por Bakhtin como tipos relativamente estáveis de enunciados associados às diferentes esferas da atividade humana. Os gêneros discursivos são heterogêneos e possuem inúmeros tipos, uma vez que cada prática humana demanda tipos de enunciados específicos em sua realização. Apesar disso, os enunciados apresentam regularidades, o que pode ser atestado pelas três características que Bakhtin propõe para o seu estudo: o estilo, o conteúdo temático e a construção composicional. No texto “Petição ao prefeito”, de Vinícius de Moraes, o que temos é justamente a relação entre gêneros discursivos, no caso, uma petição e um poema. Considerando as três características que definem um gênero discursivo, podemos observar que o texto de Vinícius de Moraes apresenta o conteúdo temático de uma petição dirigida a um prefeito, solicitando melhorias para uma das ruas da cidade. Quanto à construção composicional, o texto apresenta-se como um poema, e não como um texto em prosa, o que seria o esperado para uma petição. Por fim, em seu estilo, o texto combina tanto elementos característicos de uma petição, como a linguagem formal e os pronomes de tratamento, como de um poema, no caso, as rimas em alguns de seus versos. 3. De acordo com a perspectiva teórica da linguística textual, alguns critérios, tais como coesão, coerência, intencionalidade, informatividade, aceitabilidade, situacionalidade e intertextualidade, são elementos essenciais para se entender o modo com os textos funcionam. Explique em que consiste a intertextualidade e mostre o seu funcionamento no anúncio publicitário da rede Hortifruti, exposto a seguir. Fonte: <http://detodaforma.blogspot.com.br/2012/03/as-propagandas-divertidas-e-criativas.html>. A intertextualidade compõe os fatores de textualidade (os outros fatores são a coesão, a coerência, a intencionalidade, a informatividade, a aceitabilidade e a situacionalidade) e permite que um texto tenha uma significação global e não seja uma junção caótica de palavras. A intertextualidade coloca em cena um conhecimento (previamente) partilhado de outro(s) texto(s) entre autor e leitor para que o texto produza determinados sentidos para o leitor, sendo por este motivo considerada um importante fator de coerência. A intertextualidade se constitui diante da inter-relação entre dois ou mais textos na sequência textual. Há diferentes formas de manifestação da intertextualidade, dentre elas a citação, o plágio e a alusão, que fazem referência de maneira mais ou menos explícita a outro(s) texto(s). No texto publicitário da Hortifruti, temos a citação de uma sequência amplamente reconhecida do filme Tropa de Elite: “pede pra sair”. Há outros elementos que também estabelecem relações intertextuais com a obra fílmica: a substituição do termo “tropa”, que compõe o título do filme, “Tropa de Elite”, pelo termo “horta”, produzindo outro título, “Horta de Elite”; a escolha do acessório a compor a imagem do fruto, numa referência ao “Capitão Nascimento”, personagem principal da produção brasileira. A propaganda da Hortifruti, deste modo, faz citação explícita ao filme Tropa de Elite, considerado um fenômeno nacional de bilheteria, o que facilita o reconhecimento do leitor da intertextualidade em questão. 4. Discorra sobre o objeto de estudos da análise da conversação. O que caracteriza uma conversa? Aponte ao menos duas características do texto conversacional que podem ser observadas no fragmento exposto a seguir. L1 – Há quanto tempo está nessa casa? L2 – há um ano e um mês L1 – que é que você faz aqui? L2 – eu cozinho e arrumo L1 – você cuida também de crianças? L2 – cuido muitcho bem L1 – fica muito tempo durante/ com ela... com elas? L2 – depende do tempo/ se ela for saí: e não tivé quem fique eu fico até:: o: tempo todo... se não tivé outra eu eu posso ficá até um ano.. dois... depende L1 – você gosta de crianças? L2 – gosto bastante (Fonte: Projeto sobre a Linguagem Falada pela Empregada Doméstica, L.A. Marcuschi, UFPE. Extraído de: DIONÍSIO, A. Análise da conversação. In: MUSSALIM, F.; BENTES, M.C. (Orgs.). Introdução à linguística: domínios e fronteiras. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2001. p. 67-99.) A Análise da Conversação (AC) tem como objeto de estudos o texto oral e, mais especificamente, a conversa espontânea, coletada no ambiente natural em que ocorre. A conversa possui alguns elementos que a caracterizam, como o tópico, os turnos, os pares adjacentes, os marcadores conversacionais, dentre outros. O fragmento textual extraído do artigo de Ângela Dionísio possui várias características que permitem classificá-lo como uma conversa espontânea. Dentre elas, podemos mencionara presença de dois interlocutores (o que se infere pela troca de turnos entre L1 e L2), a organização textual no par pergunta-resposta, e a presença de marcas linguísticas características da oralidade, como o termo “tivé”, por exemplo. As pausas presentes também marcam o caráter não planejado da conversa.
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