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Metodologia e Conteúdos Básicos de Língua Portuguesa (2)

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Prévia do material em texto

2012
Metodologia e
Conteúdos BásiCos de 
língua Portuguesa
Prof.ª Joseni Terezinha Frainer Pasqualini
Copyright © UNIASSELV 2012
Elaboração:
Prof.ª Joseni Terezinha Frainer Pasqualini
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
469
P284m Pasqualini, Joseni Terezinha Frainer
Metodologia e conteúdos básicos de língua portuguesa / Joseni 
Terezinha Frainer Pasqualini. Indaial : Uniasselvi, 2012. 
 183 p. : il 
 
ISBN 978-85-7830-563-5
1. Língua portuguesa.
I. Centro Universitário Leonardo da Vinci
II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título
Impresso por:
III
aPresentação
Neste Livro Didático, esperamos mediar o encontro com aspectos re-
levantes sobre a Língua Portuguesa, que venham atender suas expectativas e 
auxiliar sua prática pedagógica. Entendemos que o desafio do professor que 
trabalha com a disciplina de Língua Portuguesa é completar o conhecimento 
prévio que o aluno já tem sobre a leitura e a escrita, uma vez que o mesmo 
chega à escola com conhecimentos diversos. O professor, a partir desse co-
nhecimento prévio, planejará intervenções necessárias no intuito de propiciar 
a ampliação das habilidades linguísticas.
Os conteúdos deste livro foram organizados de maneira a refletir so-
bre o processo de fala, escuta, escrita e leitura. Além disso, apresentaremos 
algumas possibilidades de atividades para a sala de aula, mas há que se con-
siderar que o professor descobre junto com seus alunos a melhor maneira de 
mediar e, consequentemente, desenvolver as habilidades necessárias à inser-
ção da criança na condição de igualdade nas relações que estabelece com o 
seu entorno.
Desde já, agradecemos a companhia e lembramos que este é o mo-
mento de você consolidar algumas questões teóricas e práticas sobre o ensino 
da Língua Portuguesa, o que esperamos, contribua para que você se torne um 
professor sempre em busca de conhecimento e aperfeiçoamento.
Bons Estudos!
Prof.ª Joseni Terezinha Frainer Pasqualini
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfi m, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades 
em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o 
material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato 
mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação 
no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir 
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
Bons estudos!
UNI
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda 
mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza 
materiais que possuem o código QR Code, que 
é um código que permite que você acesse um 
conteúdo interativo relacionado ao tema que 
você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, 
acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor 
de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa 
facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
V
VI
VII
suMário
UNIDADE 1 - O HOMEM E A CAPACIDADE DE COMUNICAÇÃO ATRAVÉS
 DOS GÊNEROS TEXTUAIS ........................................................................................ 1
TÓPICO 1 - ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO............................................................................ 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 EMISSOR, RECEPTOR E CANAL DE COMUNICAÇÃO ........................................................... 4
3 MENSAGEM, CÓDIGO E REFERENTE .......................................................................................... 6
4 LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL ....................................................................................... 7
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 11
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 14
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 15
TÓPICO 2 - CONCEPÇÃO E TIPOLOGIA DE TEXTO ................................................................... 17
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 17
2 CONCEPÇÃO DE TEXTO E DISCURSO ........................................................................................ 17
3 GÊNERO E TIPOLOGIA TEXTUAL ................................................................................................. 20
3.1 CLASSIFICAÇÃO DOS TEXTOS QUANTO À TIPOLOGIA ................................................... 23
3.2 O TEXTO NARRATIVO ................................................................................................................. 23
3.3 O TEXTO DESCRITIVO ................................................................................................................. 25
3.4 O TEXTO ARGUMENTATIVO ..................................................................................................... 26
3.5 O TEXTO INJUNTIVO ................................................................................................................... 31
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 33
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 36
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 38
TÓPICO 3 - SUPORTE E GÊNERO TEXTUAL.................................................................................. 41
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 41
2 UMA MULTIPLICIDADE DE SUPORTES PARA UMA INFINIDADE DE GÊNEROS ....... 41
3 ALGUNS GÊNEROS E SUA CARACTERIZAÇÃO ...................................................................... 44
3.1 JORNALÍSTICOS ............................................................................................................................. 45
3.2 CIENTÍFICOS ................................................................................................................................... 46
3.3 HUMORÍSTICOS ............................................................................................................................. 47
3.4 PUBLICITÁRIOS .............................................................................................................................48
3.5 LITERÁRIOS .................................................................................................................................... 49
3.6 A CRÔNICA ..................................................................................................................................... 51
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 53
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 57
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 59
UNIDADE 2 - A ORALIDADE: UMA INTERAÇÃO LINGUÍSTICA .......................................... 61
TÓPICO 1 - COMUNICAÇÃO ORAL ................................................................................................. 63
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 63
2 CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA .................................................................. 64
3 HABILIDADES DE ESCUTA ............................................................................................................. 70
VIII
4 POSSIBILIDADES QUE ENVOLVEM A ORALIDADE E A ESCUTA NA SALA DE AULA .....74
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 78
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 83
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 85
TÓPICO 2 - A LÍNGUA ESCRITA ....................................................................................................... 87
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 87
2 INTERAÇÃO AUTOR, TEXTO E LEITOR ...................................................................................... 87
3 A ESCRITA COMO PRÁTICA SOCIAL .......................................................................................... 92
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 97
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 101
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 102
TÓPICO 3 - PROPOSTAS ENVOLVENDO TEXTOS ...................................................................... 105
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 105
2 O ENSINO NA PERSPECTIVA DO TEXTO: ESTRATÉGIAS DE ESCRITA ........................... 105
2.1 PRODUÇÃO ESCRITA NA ESCOLA: O QUE CONSIDERAR ................................................ 112
3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O LIVRO DIDÁTICO ................................................ 114
4 O PROFESSOR E A FORMAÇÃO CONTINUADA: PROGRAMA GESTAR ......................... 120
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 126
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 131
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 133
UNIDADE 3 - A ESCOLA COMO ESPAÇO PARA A FORMAÇÃO DE LEITORES ................. 135
TÓPICO 1 - A LEITURA E O LEITOR ................................................................................................. 137
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 137
2 LEITOR: UM PRODUTOR DE SENTIDOS .................................................................................... 138
3 A INTERTEXTUALIDADE ................................................................................................................. 140
4 A LEITURA DE IMAGEM .................................................................................................................. 143
5 LER E ESCREVER PRÁTICAS QUE SE ARTICULAM ................................................................. 145
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 149
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 150
TÓPICO 2 - ESTRATÉGIAS DE LEITURA ........................................................................................ 151
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 151
2 O ATO DE LER COM CRITICIDADE .............................................................................................. 151
2.1 ETAPAS INERENTES À LEITURA CRÍTICA ............................................................................. 152
3 PRÁTICAS DE LEITURA .................................................................................................................... 153
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 160
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 161
TÓPICO 3 - ATIVIDADES COM GÊNEROS TEXTUAIS A PARTIR DE SUPORTES 
MIDIÁTICOS .................................................................................................................... 163
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 163
2 O COMPUTADOR, A INTERNET E A SALA DE AULA ............................................................. 163
3 O HIPERTEXTO .................................................................................................................................... 166
3.1 A WEB E OS GÊNEROS TEXTUAIS ............................................................................................. 168
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 172
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 177
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 178
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 179
1
UNIDADE 1
O HOMEM E A CAPACIDADE DE 
COMUNICAÇÃO ATRAVÉS DOS 
GÊNEROS TEXTUAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Nesta unidade, você será capaz de:
• refletir sobre os elementos envolvidos no processo da comunicação; 
• discutir as noções de texto, discurso, tipologia textual e gênero textual, 
bem como possíveis diferenças que envolvem tais conceitos;
• reconhecer as principais características das tipologias textuais e de alguns 
gêneros, que fazem parte do cotidiano e devem ser explorados no espaço 
escolar; 
• favorecer a criticidade e o desenvolvimento linguístico do educando;
• compreender a noção de suporte como base de fixação do gênero.Esta unidade está organizada em três tópicos. Em cada um você encontrará 
atividades para maior compreensão das informações apresentadas.
TÓPICO 1 – ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO
TÓPICO 2 – CONCEPÇÃO E TIPOLOGIA DE TEXTO
TÓPICO 3 – SUPORTE E GÊNERO TEXTUAL
2
3
TÓPICO 1UNIDADE 1
ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
A comunicação pode ser concebida como um espaço de interlocução 
realizada enquanto processo social. O pressuposto dessa concepção prioriza a 
relação do sujeito com a língua e suas condições de uso, considerando-a não só 
como instrumento de informação, mas constitutiva do homem, como resultado 
das interações sociais. De acordo com Bordenave (1986, p. 17), a comunicação 
se confunde com a vida, comunicamos tanto quanto respiramos ou andamos, 
“somente percebemos a sua importância quando, por acidente ou uma doença, 
perdemos a capacidade de nos comunicar”.
Devemos considerar que, em todo ato de comunicação, existe uma intenção 
e um objetivo por parte de quem expressa uma mensagem. O processo se faz e refaz 
o tempo todo. Veremos a seguir os elementos que fazem parte dessa dinâmica.
FIGURA 1 – COMUNICAÇÃO
FONTE: Disponível em: <http://comunicacaocomcompetencia.blogspot.com/>. Acesso em: 20 
abr. 2012.
http://comunicacaocomcompetencia.blogspot.com/
UNIDADE 1 | O HOMEM E A CAPACIDADE DE COMUNICAÇÃO ATRAVÉS DOS GÊNEROS TEXTUAIS
4
2 EMISSOR, RECEPTOR E CANAL DE COMUNICAÇÃO
As pessoas se comunicam o tempo todo de diversas maneiras, por meio 
de desenho, pintura, escrita, por gestos, telefone, internet, dentre outros. Antes de 
refletirmos sobre os elementos envolvidos no processo da comunicação, é essencial 
que recordemos que o linguista russo Roman Jakobson (1974) caracterizou seis 
funções de linguagem, ligadas a todo o processo comunicativo, quais sejam: a 
função referencial, cuja ação resulta na objetividade da informação; a emotiva ou 
expressiva, na qual são encontradas as opiniões ou emoções daquele que profere 
a mensagem; a função conativa ou apelativa, que possui como principal objetivo 
influir no comportamento dos participantes; a fática, que, por sua vez, possui como 
escopo manter acessível o diálogo entre os interlocutores; a denominada função 
poética, que ocorre quando a construção e a elaboração da mensagem é pensada a 
partir do literário; e, por último, a função metalingüística, que acontece quando o 
código explica um elemento do próprio código. Além disso, é importante observar 
que a linguagem sempre varia de acordo com a situação e as funções de linguagem 
nunca estão isoladas, mas se mesclam e se combinam.
Quando nos comunicamos, desejamos confirmar algo ou demonstrar 
sentimentos, persuadir alguém, dentre outros intentos, mas para que a comunicação 
aconteça são necessários que alguns elementos se relacionem. Observe o esquema 
a seguir:
FONTE: Disponível em: <www.coladaweb.com/img/gallery/linguagem_2.JPG>. 
Acesso em: 22 set. 2010.
FIGURA 2 – ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO 
Chamamos de emissor quem fala ou escreve a alguém, aquele que emite 
uma mensagem, considerado como fonte da informação.
TÓPICO 1 | ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO
5
É denominado de receptor ou destinatário quem ouve ou lê o que foi 
transmitido pelo emissor. A comunicação efetiva-se quando a mensagem incide 
de alguma maneira sobre o receptor. Entendida não necessariamente como 
compreensão, mas recepção. Para tanto, o homem utiliza sinais devidamente 
organizados de acordo com o espaço físico, o assunto tratado e os meios utilizados 
para a comunicação.
FONTE: Disponível em: <macieldealmeida.blogspot.com>. Acesso em: 16 dez. 2010.
FIGURA 3 – EMISSOR E RECEPTOR
Outro elemento que faz parte desse esquema é o canal ou contato, ou seja, 
a via de circulação de mensagens. No conjunto da comunicação, deverá ser um 
elemento comum ao codificador e ao decodificador da informação veiculada. Os 
órgãos dos sentidos são considerados canais de comunicação. Podemos receber 
mensagens auditivas por meio de palavras, músicas e sons variados. Também são 
transmitidas mensagens por meio do tato, como: pressões, trepidações, toque, 
dentre outros. Os vários aromas, como, por exemplo, um perfume, são mensagens 
olfativas e as gustativas envolvem temperos e sensações de quente, frio ou morno. 
Como vimos, os sentidos são os canais físicos pelos quais uma mensagem é 
transmitida, mas para que se estabeleça a comunicação é necessário alguém para 
lhe dar sentido.
UNIDADE 1 | O HOMEM E A CAPACIDADE DE COMUNICAÇÃO ATRAVÉS DOS GÊNEROS TEXTUAIS
6
3 MENSAGEM, CÓDIGO E REFERENTE
Para que a comunicação se efetive é imprescindível o emissor, o receptor e o 
canal. Ligada a esse processo está a mensagem, que se constitui a partir do conteúdo 
das informações propagadas, ou seja, da combintação de signos destinados a 
transmitir uma informação específica. A mensagem pode ser entendida como um 
conjunto de palavras ou frases dispostas numa unidade de sentido coerente para 
um determinado contexto.
O referente ou contexto é também parte integrante do ato de comunicação, 
entendido como o objeto ou a situação à qual a mensagem se refere. A produção e a 
recepção de mensagens estão sempre relacionadas às circunstâncias que ocorrem, 
pois o contexto delimita e precisa os signos, não há texto sem contexto.
Há dois tipos de referentes: o situacional e o textual. O primeiro é constituído 
pelos elementos da situação do emissor e do receptor e pelas circunstâncias de 
transmissão da mensagem. Ocorre em situações nas quais emissor e receptor 
estão em contato direto com os referentes. Perceba, caro(a) acadêmico(a), que, 
por exemplo, em uma sala de aula, quando a professora se dirige ao aluno e diz 
“feche o caderno, guarde o material”, a mensagem remete a uma situação espacial, 
temporal e a objetos reais. O segundo referente, denominado textual, é constituído 
pelos elementos do contexto linguístico que estabelecem a conectividade e a 
retomada de ideias, construindo uma cadeia significativa e garantindo a unidade 
do texto. 
Analise a frase extraída de Koch (2006, p. 101): “Os caminhoneiros fizeram 
uma paralisação, bloqueando totalmente as principias rodovias do território 
nacional. Considere-se que esse meio de transporte é vital para a economia do país”. 
O pronome demonstrativo esse se refere a caminhões e, nesse caso, é considerado 
um exemplo de referente textual.
Além disso, o contexto desempenha um papel primordial e a ideia de 
comunicação sem o mesmo se torna insustentável. Van Dijk (apud KOCH, 2006, p. 
33) define contexto como o “conjunto de propriedades da situação social que são 
sistematicamente relevantes para a produção, compreensão ou funcionamento do 
discurso e de suas estruturas”. 
Isso significa que, para que um texto seja compreendido e cumpra 
seu objetivo, deve apresentar os seguintes fatores de textualidade: coerência, 
coesão, intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade e 
intertextualidade. As pessoas aplicam “os fatores ou princípios de textualidade a 
todo conjunto de palavras com que se defrontam, buscando fazer com que essas 
palavras possam ser entendidas como um texto – compreensível, normal e com 
sentido”. (BEAUGRANDE; DRESSLER, 1981 apud VAL, 2004, p. 3). 
TÓPICO 1 | ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO
7
Outro elemento presente no ato da comunicação é o código, um conjunto 
de signos com regras convencionais, que permite, a um grupo social, a elaboração 
de uma mensagem. O emissor lança mão do código para elaborar sua mensagem e 
o receptor, por sua vez, identificará esse sistema de signos. É importante ressaltar 
que a comunicação se efetivará por meio da linguagem verbal e não verbal. 
Refletiremos sobre isso no próximo item.
Caro(a) acadêmico(a), uma proposta voltada ao ensino da Língua Portuguesa é a 
de o professor levar o aluno a atentar para esses fatores presentes em textos, pois o sentido não 
reside tão somente na sua materialidade, está atrelado às condições de produção, ou seja, às 
condições cognitivas, sociais e interacionaisque estão imbricadas nos eventos comunicativos.
IMPORTANT
E
4 LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL
“... é na linguagem e pela linguagem que o homem se constitui como sujeito”.
(Benveniste)
O homem dispõe de recursos verbais e não verbais para se comunicar. 
A linguagem ou código verbal é aquela que comporta a fala ou escrita, que se 
concretiza numa determinada língua e se manifesta por palavras. Contudo, além 
dessa, há outras formas de linguagem, como a pintura, a mímica, a dança, a 
música, sinais luminosos, dentre outros, que são denominadas de linguagem não 
verbal. Por meio dessas linguagens, o homem representa o mundo, exprime seu 
pensamento, comunica-se e influencia os outros. Nos dois tipos de linguagem são 
combinados os signos, de acordo com certas regras, obedecendo a mecanismos de 
disposição. Há que se considerar que um mesmo fato poderá ser transmitido por 
meio de um código verbal ou não verbal.
A linguagem verbal é linear, ou seja, signos e sons que a constituem 
ocorrem um após o outro no tempo da fala ou no espaço da linha escrita. Em 
outras palavras, cada fonema é empregado num momento distinto do outro.
O Soneto de Fidelidade de Vinícius de Morais corresponde a um belo 
exemplo de linguagem verbal, através de palavras.
Soneto de Fidelidade
“De tudo ao meu amor serei atento 
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto 
Que mesmo em face do maior encanto 
Dele se encante mais meu pensamento.
UNIDADE 1 | O HOMEM E A CAPACIDADE DE COMUNICAÇÃO ATRAVÉS DOS GÊNEROS TEXTUAIS
8
Quero vivê-lo em cada vão momento 
E em seu louvor hei de espalhar meu canto 
E rir meu riso e derramar meu pranto 
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure 
Quem sabe a morte, angústia de quem vive 
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive): 
Que não seja imortal, posto que é chama 
Mas que seja infinito enquanto dure. 
(Até um dia meu anjo)”
FONTE: Disponível em: <http://pensador.uol.com.br/de_tudo_ao_meu_amor_serei_atento/>. 
Acesso em: 20 abr. 2012.
Já na linguagem não verbal, vários signos podem ocorrer simultaneamente. 
Quando contemplamos um quadro, captamos de maneira imediata o conjunto de 
seus elementos e, depois, por um processo analítico, decompomos essa totalidade. 
A linguagem não verbal pode estar presentes na literatura, nas histórias em 
quadrinho, charges...
FIGURA 4 – HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
FONTE: Disponível em: <http://painsalgodaodoce.blogspot.com/2012/01/linguagem-nao-verbal.
html>. Acesso em: 20 abr. 2012.
TÓPICO 1 | ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO
9
Ou ainda, encontramos nas placas e sinalização.
FIGURA 5 - PLACAS
FONTE: Disponível em: <http://alunacriativa.wordpress.com/category/uncategori
zed/page/2/>. Acesso em: 20 abr. 2012.
A pintura de Leonardo da Vinci é um exemplo de linguagem não verbal 
dentro da pintura. Para cada pessoa será uma mensagem.
UNIDADE 1 | O HOMEM E A CAPACIDADE DE COMUNICAÇÃO ATRAVÉS DOS GÊNEROS TEXTUAIS
10
FIGURA 6 - LINGUAGEM NÃO VERBAL
FONTE: Disponível em: <poeticia.blogspot.com>. Acesso em: 20 abr. 2012.
Os textos verbais e não verbais reproduzem a realidade e/ou exploram 
temas abstratos. Assim, podemos concluir que há inúmeras formas de linguagem 
verbal e não verbal. Na história em quadrinhos de Maurício de Sousa observamos 
que pode ocorrer ao mesmo tempo a linguagem verbal e não verbal, chamada de 
linguagem mista. Em que encontramos palavras e figuras.
TÓPICO 1 | ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO
11
FIGURA 7 - LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL, CHAMADA DE LINGUAGEM MISTA
FONTE: Disponível em:<http://blogdogh.spaceblog.com.br/88189/Tirinhas-Cebolinha-e-o-
Anjinho/>. Acesso em: 20 abr. 2012.
Parece impossível pensar a humanidade sem essas formas de linguagem, 
suporte para o compartilhamento de experiências, saberes, sentimentos, cultura 
e conhecimento. Além disso, a linguagem se materializa em diferentes textos. 
Sendo assim, no próximo tópico refletiremos sobre as principais diferenças entre 
tipologia e gêneros textuais.
Para aprimorar seus estudos, leia a síntese sobre as funções da linguagem 
realizada por Richard Romancini, tendo por base os estudos de Ramon Jakobson.
NOTA
LEITURA COMPLEMENTAR
FUNÇÕES DA COMUNICAÇÃO, SEGUNDO JAKOBSON
Richard Romancini
Ao estudar a comunicação verbal, e preocupado em particular com a 
“função poética” da linguagem, o linguista Roman Jakobson (1960) propôs um 
modelo de fatores implicados na comunicação, com base na esquematização 
abaixo:
CONTEXTO
MENSAGEM
CONTACTO (CANAL)
CÓDIGO
REMETENTE DESTINATÁRIO
UNIDADE 1 | O HOMEM E A CAPACIDADE DE COMUNICAÇÃO ATRAVÉS DOS GÊNEROS TEXTUAIS
12
A partir desse modelo, postulou que cada um “desses seis fatores 
determina uma diferente função da linguagem” (Jakobson, 1995, 123). Ele notou 
que dificilmente uma mensagem possuiria apenas uma função, mas é possível 
notar uma função predominante em cada mensagem.
As funções correspondentes a cada um dos fatores da comunicação verbal 
(mas também a outras) são as seguintes:
Função referencial (CONTEXTO) – também chamada de função denotativa 
ou cognitiva, é aquela cujo foco é a definição, explicitação, caracterização de 
aspectos do contexto da comunicação (Ex.: “O veículo possui cinco marchas”; “A 
casa é amarela”).
Função emotiva (REMETENTE) – visa expressar a atitude de quem 
transmite a mensagem. (Ex.: “Ai, que dor!”; “Sinto-me ótimo, hoje”).
Função conativa (DESTINATÁRIO) – ao orientar-se em função do 
destinatário (para quem se comunica algo), possui no vocativo e no modo 
imperativo sua fórmula padrão (Ex.: “Não faça isso!”; “Beba Coca-cola”).
Função fática (CONTACTO/CANAL) – serve fundamentalmente para 
prolongar ou interromper a comunicação ou verificar se o canal funciona. (Ex.: 
“Alô, está me ouvindo”; “Hmm-Hmm”).
Função metalinguística (CÓDIGO) – é quando o código utilizado enfoca o 
próprio código (Ex.: um cartaz que simule a feitura de um cartaz; um filme dentro 
de um filme).
Função poética (MENSAGEM) – neste tipo de função – que não se resume 
à poesia – a mensagem, utilizando diferentes recursos de linguagem (rima, 
sinestesia, aliteração, metáfora, metonímia etc.), volta-se, por assim dizer, para 
ela mesma (“I like Ike”; “Podre pé do papa”). Outra maneira de falar sobre essa 
função é dizer que na mensagem em que ela predomina houve uma projeção do 
eixo da seleção (paradigma) sobre o da combinação (sintagma).
Abaixo a correspondência entre funções e elementos do modelo de 
comunicação, conforme Jakobson.
REFERENCIAL
POÉTICA
FÁTICA
METALINGUÍSTICA
EMOTIVA APELATIVA
TÓPICO 1 | ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO
13
Referência
JAKOBSON, Roman. Linguística e Poética. In: Linguística e comunicação. 
São Paulo, Cultrix, 1995. p. 118-62.
FONTE: Disponível em: <http://sites.google.com/site/richardromancini/
funcoesdacom>. Acesso em: 14 out. 2010.
14
Neste tópico vimos que:
• Chamamos de emissor quem fala ou escreve a alguém.
• É denominado de receptor ou destinatário quem ouve ou lê o que foi transmitido 
pelo emissor. 
• O canal ou contato é a via de circulação de mensagens. No conjunto da 
comunicação, deverá ser um elemento comum ao codificador e ao decodificador 
da informação veiculada. 
• Os sentidos são os canais físicos pelos quais uma mensagem é transmitida.
• O homem utiliza recursos verbais e não verbais para se comunicar. O código 
verbal é aquele que comporta a fala ou a escrita. A linguagem verbal é linear, ou 
seja, signos e sons que a constituem ocorrem um após o outro no tempo da fala 
ou no espaço da linha escrita.
• A linguagem não verbal se utiliza de símbolos, pintura, a mímica, sinais 
luminosos, dentre outros.
• Na linguagem verbal e não verbal são combinados os signos, de acordo com 
certas regras, obedecendo a mecanismos de disposição. Há que se considerar 
que um mesmo fato poderá ser transmitido por meio de um código verbal ou 
não verbal.
• As formas de linguagem são suporte para o compartilhamento de experiências, 
saberes, sentimentos, cultura e conhecimento.
RESUMO DO TÓPICO1
15
( ) O emissor é aquele que fala ou escreve a alguém; é considerado fonte da 
informação.
( ) É denominado de receptor quem ouve ou lê o que foi transmitido pelo 
emissor. 
( ) Para a elaboração da mensagem, o homem se utiliza de sinais devidamente 
organizados de acordo com o espaço físico, o assunto tratado e os meios 
utilizados para a comunicação.
( ) O canal ou contato é também um dos elementos que fazem parte da 
comunicação; pode ser entendido como a via de circulação de mensagens. No 
conjunto da comunicação, deverá ser um elemento comum ao codificador e ao 
decodificador da informação veiculada.
( ) O referente ou contexto é também parte integrante do ato de comunicação, 
entendido como o objeto ou a situação à qual a mensagem se refere. A produção 
e a recepção de mensagens estão sempre relacionadas às circunstâncias que 
ocorrem, pois o contexto delimita e precisa os signos; não há texto sem contexto.
( ) Outro elemento presente no ato da comunicação é o código, um conjunto de 
signos com regras convencionais que permite a um grupo social a elaboração de 
uma mensagem. O emissor lança mão do código para elaborar sua mensagem, 
e o receptor, por sua vez, identificará esse sistema de signos.
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) A sequência correta é: V - V - V - V - V - V.
b) ( ) A sequência correta é: F - V - F - V - V - V.
c) ( ) A sequência correta é: V - F - F - F - V - V.
d) ( ) A sequência correta é: F - F - V - V - F - V.
AUTOATIVIDADE
1 Para que a comunicação aconteça são necessários alguns 
elementos. Sobre os mesmos, classifique V para as sentenças 
verdadeiras e F para as falsas.
2 Estudamos que o homem dispõe de recursos verbais e não 
verbais para se comunicar. Escreva algumas das características 
que representam cada uma dessas linguagens.
3 Leia, novamente, a Leitura Complementar que se encontra ao 
final do Tópico 1 e, em seguida, elabore um resumo contemplando 
as funções da linguagem.
16
A _______________ é também denominada de função denotativa ou cognitiva, 
é aquela cujo foco é a definição, explicitação, caracterização de aspectos do 
contexto da comunicação.
A _______________ visa expressar a atitude de quem transmite a mensagem.
A _______________ geralmente possui o vocativo e o modo imperativo como 
uma de suas características. 
Uma das características da _______________ é a utilização de diferentes 
recursos de linguagem tais como a rima, a sinestesia, a aliteração, a metáfora, a 
metonímia, dentre outras.
a) ( ) função referencial - função emotiva - função poética - função 
metalinguística.
b) ( ) função conativa - função poética - função referencial - função fática.
c) ( ) função metalinguística - função fática - função referencial - função 
poética.
d) ( ) função referencial - função emotiva - função conativa - função poética.
4 Ramon Jakobson (1974) postulou seis diferentes funções da 
linguagem. Ainda segundo o mesmo autor, dificilmente uma 
mensagem possuiria apenas uma função, mas é possível notar 
uma função predominante em cada mensagem. No que se refere às 
funções da linguagem, preencha as lacunas e em seguida assinale a 
alternativa que apresenta as palavras que completam as lacunas corretamente: 
17
TÓPICO 2
CONCEPÇÃO E TIPOLOGIA DE TEXTO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Para nos expressar oralmente, fazemos uso de palavras ou frases, dispostas 
numa unidade de sentido que denominamos texto. O processamento textual, quer 
em termos de produção, quer em termos de compreensão, é constituído a partir 
de estratégias inscritas no enunciado. Assim, em diferentes situações de uso, os 
enunciados vão sendo organizados em termos de extensão, conteúdo e estrutura, 
conservando características comuns, daí a serem considerados tipos relativamente 
estáveis. Bakhtin (1997) denomina gêneros de discurso esses tipos estáveis de 
enunciado. A seguir, apresentaremos algumas noções de texto, tipologia textual, 
gênero textual e possíveis diferenças que envolvem tais conceitos.
2 CONCEPÇÃO DE TEXTO E DISCURSO
De acordo com Koch (2000), o conceito de texto depende do conceito de 
língua e sujeito e, por esse motivo, sempre teremos à disposição mais de uma 
definição de texto. A autora parte da concepção interacional, dialógica, na qual os 
sujeitos são percebidos atores e construtores, sendo que o texto é lugar de interação 
ativa. Desse modo, o conceitua como:
[...] uma manifestação verbal constituída de elementos linguísticos 
selecionados e ordenados pelos falantes durante a atividade verbal, de 
modo a permitir aos parceiros, na interação, não apenas a depreensão 
de conteúdos semânticos, em decorrência da ativação, de processos e 
estratégias de ordem cognitiva, como também a interação (ou atuação) 
de acordo com as práticas socioculturais. (KOCH, 2000, p. 22). 
Nessa interação, os sujeitos envolvidos constroem uma representação do 
que querem informar, ativando, para tanto, saberes e conhecimentos prévios e, 
além disso, aplicam os “fatores ou princípios de textualidade, ou seja, a coerência, a 
coesão, a intencionalidade, a aceitabilidade, a situacionalidade, a informatividade 
e a intertextualidade, os quais corroboram para que as palavras possam ser 
entendidas como um texto inteligível” (BEAUGRANDE; DRESSLER, 1981 apud 
VAL, 2004, p. 4). 
Quanto à coerência, essa depende significativamente dos conhecimentos do 
leitor. Os sujeitos envolvidos necessitam partilhar o vocabulário, as características 
18
UNIDADE 1 | O HOMEM E A CAPACIDADE DE COMUNICAÇÃO ATRAVÉS DOS GÊNEROS TEXTUAIS
da língua, os tipos e gêneros textuais, a visão de mundo, as crenças, as expectativas 
e os valores. Outro princípio é a coesão, responsável pela unidade formal do texto. 
Essa é construída através de mecanismos gramaticais e lexicais. A coerência e a 
coesão têm em comum a característica de promover a inter-relação semântica 
entre os elementos do discurso. A primeira faz referência à lógica entre os 
conceitos, e a segunda, por sua vez, à expressão desse vínculo no plano linguístico. 
Beaugrande e Dressler (1981) falam ainda de outro componente de textualidade: 
a intertextualidade, que concerne aos fatores que fazem a utilização de um 
texto dependente do conhecimento de outro(s) texto(s). O fator denominado 
situacionalidade, diz respeito aos elementos responsáveis pela pertinência e 
relevância do texto quanto ao contexto em que ocorre a situação comunicativa. 
Além disso, há que se considerar que o interesse do leitor vai depender do grau 
de informatividade de que o texto é portador. Já a intencionalidade faz menção 
ao propósito do produtor em construir um discurso coerente, coeso e capaz de 
satisfazer os objetivos que tem em mente numa determinada situação comunicativa. 
A aceitabilidade, por sua vez, diz respeito à expectativa do receptor e constitui a 
contraparte da intencionalidade. 
Sendo assim, para elaborar um texto, faz-se uso de estruturas e formas mais 
ou menos estáveis, conteúdos específicos e utiliza-se fatores de textualidade que, 
de certo modo, são diretamente influenciados pela história discursiva individual 
do escritor. 
Nessa reflexão sobre os fatores de textualidade, a pretensão é mostrar a 
você, acadêmico(a), que, na prática da escrita, existem muitos aspectos a serem 
considerados, pois uma sequência textual se refere à maneira de organizar 
o texto linearmente, formando uma unidade coesa e coerente, expressando 
linguisticamente o efeito de sentido. Já as modalidades discursivas são formas de 
organização dos gêneros textuais com a finalidade de produzir um efeito discursivo 
específico nas relações entre os usuários de uma língua.
A lingüística, durante muito tempo, limitou seus estudos às dimensões 
da frase, como unidade por excelência, com significação autônoma. Com o 
alargamento dos estudos, ocorre uma mudança de posicionamento, passando a 
conceber o texto, e não mais a frase, como unidade de sentido. Segundo Fiorin 
(2006, p. 13), as frases não podem ser consideradas de formaisolada, mas sim 
dentro do encadeamento que se articula internamente para instituir uma rede de 
sentidos, pois “Todo texto contém um pronunciamento dentro de um debate de 
escala mais amplo.”.
O ser humano está inserido em um contexto, vive em uma rede de relações 
sociais, que têm em comum proibições, regras, permissões, que exercem influência 
direta sobre cada componente do grupo. Segundo Meurer (1997, p. 15), “vivemos em 
ambientes institucionalmente organizados, [...] as instituições são caracterizadas por 
práticas e valores específicos e que tais valores são expressos através da linguagem”. 
O autor em questão define texto e discurso como:
TÓPICO 2 | CONCEPÇÃO E TIPOLOGIA DE TEXTO
19
O discurso é o conjunto de afirmações que, articuladas através 
da linguagem, expressam os valores e significados das diferentes 
instituições; o texto é realização linguística na qual se manifesta o 
discurso. Enquanto o texto é uma entidade física, a produção linguística 
de um ou mais indivíduos, o discurso é o conjunto de princípios, 
valores e significados por trás do texto. Todo discurso é investido de 
ideologias, isto é, maneiras específicas de conceber a realidade. Além 
disso, todo discurso é também reflexo de uma certa hegemonia, isto 
é, exercício de poder e domínio de uns sobre outros. A partir dessas 
características, o discurso organiza o texto e até mesmo estabelece como 
o texto poderá ser, quais tópicos, objetos ou processos serão abordados 
e de que maneira o texto deverá ser organizado. (MEURER, 1987, p. 45).
Sendo assim, os textos são diferentes em função das diferentes instituições 
que os criam. Por exemplo, um texto criado dentro do discurso da Igreja será 
diferente de um criado dentro do discurso de partidos políticos, cada qual, em seu 
discurso, expressará determinadas ideologias, determinadas maneiras de ver e ler 
o mundo.
FIGURA 8 – MANEIRAS DE VER E LER O MUNDO
FONTE: Disponível em: <http://www.wallinside.com/o-mundo-em-nosso-olhar>. 
Acesso em: 20 abr. 2012.
Os eventos discursivos são as atividades de linguagem efetuadas em 
determinados ambientes discursivos, através de gêneros textuais, que, por sua 
vez, são instituídos de modalidades discursivas e de sequências textuais, com 
objetivos específicos de interação. O uso de gêneros do discurso como o judiciário, 
20
UNIDADE 1 | O HOMEM E A CAPACIDADE DE COMUNICAÇÃO ATRAVÉS DOS GÊNEROS TEXTUAIS
o midiático, o escolar, o religioso, o familiar, o político se refere aos ambientes 
discursivos. No tópico a seguir, abordaremos as principais características, bem 
como as possíveis diferenças inerentes ao gênero e à tipologia textual.
3 GÊNERO E TIPOLOGIA TEXTUAL
A palavra gênero tem sido usada desde Platão, para diferenciar o modo 
pelo qual os textos se caracterizam como gênero lírico, dramático e épico. Faraco 
(2003, p. 108) acerca da etimologia da palavra gênero afi rma que “a base indo-
europeia - gen- signifi ca ‘gerar’, ‘produzir’. Em latim, ligada a esta base aparece o 
substantivo genus, generis, genitum, gignere que signifi ca ‘gerar’, ‘criar’, ‘produzir’, 
‘provir’”. 
Ainda segundo Faraco (2003), o termo gênero é usado para designar tipos 
de textos; é uma extensão da noção de descendência. Dizendo de outro modo, 
o ser humano é agrupado por descendência de um mesmo ancestral, os escritos 
possuem certas características ou propriedades comuns e podem, também, a partir 
das mesmas, serem agrupados.
Para Bakhtin (1997), todo o enunciado oral ou escrito corresponde a um 
gênero, que por sua vez possuem uma estabilidade relativa e são aprendidos na 
sociedade da qual o sujeito faz parte. O autor classifi ca os gêneros em primário e 
secundário. O primário corresponde à linguagem familiar, informal. Os gêneros 
secundários são mais complexos, sistematizados, tais como o teatro, o romance, os 
textos científi cos, dentre outros.
UNI
Mikhail Mikhailovitch Bakhtin nasceu em 1895. Formou-se em História e Filologia 
na Universidade de São Petersburgo, mesma época em que iniciou encontros para discutir 
linguagem, arte e literatura com intelectuais de formações variadas, no que se tornaria o 
Círculo de Bakhtin.
FONTE: Disponível em: <http://www.sul21.com.br/blogs/miltonribeiro/tag/mikhail-bakhtin/>. 
Acesso em: 20 abr. 2012.
TÓPICO 2 | CONCEPÇÃO E TIPOLOGIA DE TEXTO
21
Marcuschi (2002) distingue tipo de gênero textual. De acordo com esse autor, 
os tipos textuais abrangem a narração, a descrição, a argumentação, a exposição e 
a injunção. Os gêneros textuais, por sua vez, são inúmeros, tais como: telefonema, 
carta, romance, dentre outros. Além disso, estabelece outras diferenças, com as 
quais os tipos textuais constituem os enunciados encontrados no interior de um 
gênero. Veja o quadro a seguir: 
TIPOS TEXTUAIS GÊNEROS TEXTUAIS
1 constructos teóricos definidos 
por propriedades linguísticas 
intrínsecas; 
2 constituem sequências linguísticas 
ou sequências de enunciados e não 
são textos empíricos; 
3 sua nomeação abrange um conjunto 
limitado de categorias teóricas 
determinadas por aspectos lexicais, 
sintáticos, relações lógicas, tempo 
verbal; 
4 designações teóricas dos tipos: 
narração, argumentação, descrição, 
injunção e exposição. 
1 realizações linguísticas concretas 
definidas por propriedades 
sociocomunicativas; 
2 constituem textos empiricamente 
realizados cumprindo funções em 
situações comunicativas; 
3 sua nomeação abrange um 
conjunto aberto e praticamente 
ilimitado de designações concretas 
determinadas pelo canal, estilo, 
conteúdo, composição e função; 
4 exemplos de gêneros: telefonema, 
sermão, carta comercial, carta 
pessoal, romance, bilhete, aula 
expositiva, reunião de condomínio, 
horóscopo, receita culinária, bula 
de remédio, lista de compras, 
cardápio, instruções de uso, outdoor, 
inquérito policial, resenha, edital 
de concurso, piada, conversação 
espontânea, conferência, carta 
eletrônica, bate-papo virtual, aulas 
virtuais etc. 
FONTE: Disponível em: <http://www.idadecerta.seduc.ce.gov.br/download/eixo_
alfabetizacao_10_110809_porto_aldeia/generos_textuais_marcusck.doc.>. Acesso em: 20 jul. 2010.
QUADRO 1 – GÊNEROS TEXTUAIS: DEFINIÇÃO E FUNCIONALIDADE
Segundo Marcuschi, (2002), os gêneros contribuem para as atividades 
que envolvem a comunicação, são flexíveis e dinâmicos, ou seja, nas sociedades 
anteriores à comunicação escrita, o conjunto de gêneros desenvolvido pelas 
mesmas era limitado. Há que se considerar que com o advento da cultura impressa, 
da industrialização e, mais recentemente, da tecnologia, ocorreu uma expansão 
de novos gêneros e formas de comunicação. As novas tecnologias favorecem o 
surgimento de novos gêneros, ao mesmo tempo em que esses possuem marcas de 
seus antecessores, é o caso do correio eletrônico, que tem nas cartas pessoais ou 
comerciais e no bilhete os seus antecessores.
22
UNIDADE 1 | O HOMEM E A CAPACIDADE DE COMUNICAÇÃO ATRAVÉS DOS GÊNEROS TEXTUAIS
FIGURA 9 – CORREIO ELETRÔNICO
FONTE: Disponível em: <http://blogsigblog.blogspot.com/>. Acesso em: 
20 abr. 2012.
De acordo com o exposto, a expressão tipo de texto, usada no cotidiano e 
nos livros didáticos, é empregada de forma equivocada. Uma carta pessoal é um 
gênero textual e contém em seu interior várias sequências tipológicas. Ao falarmos 
ou escrevermos, estaremos sempre “arranjados” no interior de algum gênero que 
são permeados por tipos textuais. 
DICAS
Caro(a) acadêmico(a), para aprofundar suas reflexões, sugerimos a leitura do 
livro “Produção Textual, Análise de Gêneros e Compreensão”, de Luiz Antonio Marcuschi.
FONTE: Disponível em: <http://www.travessa.com.br/PRODUCAO_TEXTUAL_ANALISE_DE_
GENEROS_E_COMPREENSAO/artigo/4369a3e1-62ff-403c-a8c8-94b9c5ed521a>. Acesso 
em: 16 dez. 2010.
TÓPICO 2 | CONCEPÇÃO E TIPOLOGIA DE TEXTO
23
O trabalho com gêneros converge para o que preconizam os Parâmetros 
Curriculares Nacionais, no que se refere ao fazer pedagógico, ou seja, exploração 
dos mais variados gêneros. Todavia, antes de refletirmossobre questões que 
envolvem o texto em sala de aula, aprofundaremos nossos estudos acerca das 
tipologias textuais e suas principais características.
3.1 CLASSIFICAÇÃO DOS TEXTOS QUANTO À TIPOLOGIA
Como vimos anteriormente, os gêneros textuais são inúmeros e os tipos 
textuais podem ser classificados em textos narrativos, argumentativos, descritivos 
e injuntivos. A seguir, faremos uma explanação das principais características de 
cada uma dessas tipologias textuais, por entender que as mesmas fazem parte do 
cotidiano e devem ser exploradas no espaço escolar, com o intuito de favorecer a 
criticidade e o desenvolvimento linguístico do educando.
3.2 O TEXTO NARRATIVO
A narração é um tipo de texto real ou ficcional, em que se conta uma história, 
um acontecimento ou um ato. Na linguagem profissional, seu uso é frequente em 
relatórios, termos de audiências e atas, dentre outros. É também muito explorada 
na literatura.
Os elementos que fazem parte da narrativa literária são recursos dos quais 
o escritor lança mão para a dinamização das personagens e do enredo, com o 
intuito de atrair a atenção do leitor. Nesse sentido, é importante que, na escola, o 
professor atente para esses aspectos, a fim de que esse possa refletir juntamente 
com os alunos o que engendra uma narração.
A narrativa estrutura-se a partir da apresentação, também conhecida como 
início, na qual o autor apresenta parte do ambiente, algumas circunstâncias e 
personagens presentes na história. Outro aspecto é o conflito ou a complicação, 
período em que o aparente equilíbrio dá lugar a transformações expressas em 
um ou mais episódios que se sucedem. Já no clímax a narrativa atinge seu ponto 
máximo, que converge para o desfecho e, geralmente, acontecendo a solução do 
conflito. Observe a narração que segue de Carlos Drummond de Andrade.
O furto da flor
Carlos Drummond de Andrade
Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício cochilava, e eu 
furtei a flor. 
24
UNIDADE 1 | O HOMEM E A CAPACIDADE DE COMUNICAÇÃO ATRAVÉS DOS GÊNEROS TEXTUAIS
Trouxe-a para casa e a coloquei num copo. Logo senti que ela não estava 
feliz. O copo destinava-se a beber, e uma flor não é para ser bebida.
Passei-a para um vaso e notei que ela me agradecia, revelando melhor 
sua delicada composição. Quantas novidades há numa flor, se a contemplarmos 
bem.
Sendo o autor do furto, eu assumia a obrigação de conservá-la. Renovei 
a água do vaso, mas a flor empalidecia. Temi por sua vida. Não adiantava 
restituí-la ao jardim. Nem apelar para o médico de flores. Eu furtara, eu via 
morrer.
Já murcha e com a cor particular da morte, peguei-a docemente e fui 
depositá-la no jardim onde nascera. O porteiro estava atento e repreendeu-me:
-Que ideia a sua de vir jogar lixo neste jardim!
FONTE: ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos Plausíveis. Rio de Janeiro: José Olímpio. 
(s.d).
Nessa narrativa, percebe-se a presença bem distinta da introdução, na qual 
são expressas as informações necessárias ao entendimento do texto; a complicação, 
em que as personagens iniciam o desencadeamento do processo e o aparente 
equilíbrio dá lugar a transformações; o clímax, no qual se verifica o ponto de maior 
tensão; e, por fim, a conclusão, em que a questão é organizada e o equilíbrio é 
retomado. 
Outro elemento da narrativa faz menção à fala das personagens. Essa pode 
ser marcada pelo discurso direto (reprodução direta das falas das personagens) 
ou discurso indireto livre, em que a narrativa é permeada pela intervenção do 
narrador e pela fala das personagens. Outro tipo de discurso encontrado é o 
indireto. Nesse caso, cabe ao narrador a tarefa de contar os fatos que se sucedem 
com as personagens. 
Além disso, uma narrativa pode ser conduzida por um narrador não 
participante, que se situa fora dos acontecimentos, ou por uma personagem que 
convive com os outros na história narrada e toma parte da mesma. A narrativa, 
portanto, poderá ser escrita na primeira ou na terceira pessoa do discurso. Veja 
um exemplo de narrador não participante, ou seja, a ele cabe somente o papel de 
contar a história:
A filha mais amada que qualquer outra
 
Era uma vez um rei que tinha uma filha. Não tinha duas, tinha uma e 
como só tinha essa gostava dela mais do que qualquer outra.
A princesa também gostava muito do pai, mais do que de qualquer 
outro, até o dia em que chegou o príncipe. Aí ela gostou do príncipe mais do 
que de qualquer outro.
TÓPICO 2 | CONCEPÇÃO E TIPOLOGIA DE TEXTO
25
O pai, que não tinha outra para gostar, achou logo que o príncipe 
não servia. Mandou investigar e descobriu que o rapaz não tinha acabado os 
estudos, não tinha posição, e o reino dele era pobre. Era bonzinho, disseram, 
mas enfim, não era nenhum marido ideal para uma filha de quem o pai gosta 
mais do que de qualquer outra.
O rei então chamou a fada madrinha da princesa. Pensaram, pensaram, 
e chegaram à conclusão de que o jeito melhor era botar a moça para dormir. 
Quem sabe, no sono sonhava com outro e se esquecia dele.
Dito e feito, deram uma batida mágica para a jovem, que adormeceu na 
hora, sem nem dizer boa-noite.
FONTE: COLOSANTI, Marina. Uma ideia toda azul. Rio de Janeiro: Nórdica, 1979. p. 53-54.
Outro aspecto faz alusão ao espaço, ambiente, ou cenário, por onde se 
desenvolve a trama e circulam as personagens. Seu meio familiar, social, tipo 
de habitação, clima, vestuário são elementos do espaço que corroboram para a 
significação e a verossimilhança da narrativa. 
O tempo também é fator a ser considerado, sendo assim, o narrador pode se 
posicionar de diferentes maneiras em relação aos acontecimentos. Ele pode narrar 
os fatos no tempo em que eles estão acontecendo, narrar um fato já concluído ou 
entremear presente e passado.
3.3 O TEXTO DESCRITIVO
Fazer uso da linguagem para representar a imagem de alguma cena, seres 
ou objetos é adotar o ato de descrever. Os textos que possuem como estratégia 
predominante a descrição oferecem a possibilidade de visualizar o cenário, as 
personagens, os objetos no qual uma determinada ação se desenvolve. Podemos 
encontrar a descrição em romances, novelas, contos, nos textos de jornais e revistas, 
nos dicionários, em textos científicos, dentre outros.
A reprodução fiel do objeto é uma das características do texto descritivo, 
para tanto o escritor emprega a linguagem denotativa. Em textos literários, pode-
se observar a descrição com uma linguagem subjetiva: o objeto é idealizado a 
partir de como ele é visto e sentido, fazendo uso da linguagem conotativa, das 
comparações, das metáforas.. Além disso, na organização desse tipo de texto, quem 
escreve capta a realidade a partir de um ponto de vista, organizando as ideias 
no intuito de informar o leitor, convencê-lo, transmitir impressões, sentimentos 
e emoções. A descrição também aparece nos textos argumentativos, nesse caso, 
fornece dados para o desenvolvimento da arguição. Observe o texto que segue do 
escritor Graciliano Ramos:
26
UNIDADE 1 | O HOMEM E A CAPACIDADE DE COMUNICAÇÃO ATRAVÉS DOS GÊNEROS TEXTUAIS
Entreabriu a porta, mergulhou na faixa de luz que passou pela fresta, correu 
o trinco devagarinho. Avançou, temendo esbarrar nos móveis. Acostumando a 
vista, começou a distinguir manchas: cadeiras baixas e enormes, que atravancavam 
a saleta. Escorregou para uma delas, o coração aos baques, o fôlego curto. Afundou 
no assento gasto. As rótulas estalaram, as molas do traste rangeram levemente. 
Ergueu-se precipitado, encostou-se à parede, com receio de vergar os joelhos. Se 
as juntas fizessem barulho, os moradores iriam acordar, prendê-lo. Achou-se fraco, 
sem coragem para fugir ou defender-se. Acendeu a lâmpada e logo se arrependeu. 
O círculo de luz passeou no assoalho, subiu numa cadeira e sumiu-se. A escuridão 
voltou. Temeridade acender a lâmpada.
FONTE: RAMOS, Graciliano. Um Ladrão. In: ______. Insônia. São Paulo: Record, 1947. 
O texto apresentado é classificado como narração, uma vez que o escritor 
fez uso de uma das características básicasdessa tipologia textual, qual seja, 
a sequência cronológica, marcada pela sucessão de ações que são expressas 
através dos verbos entreabriu, mergulhou, correu, avançou... Note, porém, que a 
narrativa é interrompida para dar espaço à descrição: cadeiras baixas e enormes, 
que atravancam a saleta. É como se a cronologia da narrativa parasse para, em 
seguida, a descrição ser retomada. Pode-se dizer, então, que a descrição apresenta 
uma suspensão do curso do tempo para sublinhar as características de um objeto, 
ser ou processo. Além disso, a que se considerar que existem textos descritivos 
ditos puros, como é o caso das listas, por exemplo.
3.4 O TEXTO ARGUMENTATIVO
Ao consultar o dicionário (HOUAISS; VILLAR, 2009), constatamos que a 
palavra argumento pode ser entendida como apresentar ideias em objeção a outras 
ideias; entrar em controvérsia; discutir, disputar. Caracteriza-se por ampliar 
a discussão de um assunto ou tema, com o objetivo de influenciar, persuadir, 
conquistar. Um argumento, geralmente, vem acompanhado de provas e técnicas 
de convencimento, com o intuito de provocar adesão ou mudança de um ponto de 
vista. 
Um texto argumentativo pode ser analisado a partir de uma intenção. 
Segundo Koch (1984), a intenção institui a seleção e a elaboração da estratégia 
argumentativa, desde a seleção do tema, a estruturação, bem como os recursos 
linguísticos e estilísticos a serem utilizados para melhor persuadir o leitor. Observe 
a estrutura de um texto argumentativo. O primeiro exemplo é de argumentação 
formal, o segundo é de argumentação informal. 
A nomenclatura é de Garcia. Vejamos, primeiramente, como o autor 
caracteriza a argumentação formal:
TÓPICO 2 | CONCEPÇÃO E TIPOLOGIA DE TEXTO
27
1 Proposição (tese): afirmativa suficientemente definida e limitada; 
não deve conter em si mesma nenhum argumento. 
2 Análise da proposição ou tese: definição do sentido da proposição 
ou de alguns de seus termos, a fim de evitar mal-entendidos. 
3 Formulação de argumentos: fatos, exemplos, dados estatísticos, 
testemunhos etc. 
4 Conclusão. 
O texto a seguir contém os elementos da argumentação formal.
Gramática e desempenho linguístico
Gilberto Scarton 
1 Pretende-se demonstrar no presente artigo que o estudo intencional 
da gramática não traz benefícios significativos para o desempenho linguístico 
dos utentes de uma língua.
2 Por “estudo intencional da gramática” entende-se o estudo de 
definições, classificações e nomenclatura; a realização de análises (fonológica, 
morfológica, sintática); a memorização de regras (de concordância, regência e 
colocação) - para citar algumas áreas. O “desempenho linguístico”, por outro 
lado, é expressão técnica definida como sendo o processo de atualização da 
competência na produção e interpretação de enunciados; dito de maneira mais 
simples, é o que se fala, é o que se escreve em condições reais de comunicação.
3 A polêmica pró-gramática x contra gramática é bem antiga; na verdade, 
surgiu com os gregos, quando surgiram as primeiras gramáticas. Definida 
como “arte”, “arte de escrever”, percebe-se que subjaz à definição a ideia da 
sua importância para a prática da língua. São da mesma época também as 
primeiras críticas, como se pode ler em Apolônio de Rodes, poeta Alexandrino 
do séc.II a.C.:
Raça de gramáticos, roedores que ratais na musa de outrem, 
estúpidas lagartas que sujais as grandes obras, ó flagelo dos poetas 
que mergulhais o espírito das crianças na escuridão, ide para o 
diabo, percevejos que devorais os versos belos. 
4 Na atualidade, é grande o número de educadores, filólogos e 
linguistas de reconhecido saber que negam a relação entre o estudo intencional 
da gramática e a melhora do desempenho linguístico do usuário. Entre esses 
especialistas, deve-se mencionar o nome do Prof. Celso Pedro Luft com sua obra 
“Língua e liberdade: por uma nova concepção de língua materna e seu ensino” 
(L&PM, 1995). Com efeito, o velho pesquisar apaixonado pelos problemas da 
língua, teórico de espírito lúcido e de larga formação linguística, reúne, numa 
mesma obra convincente, fundamentação para seu combate veemente contra o 
ensino da gramática em sala de aula. Por oportuno, uma citação apenas:
28
UNIDADE 1 | O HOMEM E A CAPACIDADE DE COMUNICAÇÃO ATRAVÉS DOS GÊNEROS TEXTUAIS
Quem sabe, lendo este livro muitos professores talvez abandonem 
a superstição da teoria gramatical, desistindo de querer ensinar 
a língua por definições, classificações, análises inconsistentes e 
precárias hauridas em gramáticas. Já seria um grande benefício. (p. 
99) 
5 Deixando-se de lado a perspectiva teórica do Mestre acima referida, 
suponha-se que se deva recuperar linguisticamente um jovem estudante 
universitário cujo texto apresente preocupantes problemas de concordância, 
regência, colocação, ortografia, pontuação, adequação vocabular, coesão, 
coerência, informatividade, entre outros. E, estimando-lhe melhoras, lhe fosse 
dada uma gramática que ele passaria a estudar: que é fonética? Que é fonologia? 
Que é fonemas? Morfema? Qual é coletivo de borboleta? O feminino de cupim? 
Como se chama quem nasce na Província de Entre-Douro-e-Minho? Que é oração 
subordinada adverbial concessiva reduzida de gerúndio? E decorasse regras de 
ortografia, fizesse lista de homônimos, parônimos, de verbos irregulares..., e 
estudasse o plural de compostos, todas regras de concordância, regências..., 
os casos de próclise, mesóclise e ênclise. E que, ao cabo de todo esse processo, 
se voltasse a examinar o desempenho do jovem estudante na produção de um 
texto. A melhora seria, indubitavelmente, pouco significativa; uma pequena 
melhora, talvez, na gramática da frase, mas o problema de coesão, de coerência, 
de informatividade - quem sabe os mais graves - haveriam de continuar. Quanto 
mais não seja porque a gramática tradicional não dá conta dos mecanismos que 
presidem à construção do texto.
6 Poder-se-á objetar que o ilustração de há pouco é apenas hipotética e 
que, por isso, um argumento de pouco valor. Contra-argumentar-se-ia dizendo 
que situação como essa ocorre de fato na prática. Na verdade, todo o ensino 
de 1° e 2° graus é gramaticalista, descritivista, definitório, classificatório, 
nomenclaturista, prescritivista, teórico. O resultado? Aí estão as estatísticas dos 
vestibulares. Valendo 40 pontos a prova de redação, os escores foram estes no 
vestibular 1996/1, na PUC-RS: nota zero: 10% dos candidatos, nota 01: 30%; 
nota 02: 40%; nota 03: 15%; nota 04: 5%, ou seja, apenas 20% dos candidatos 
escreveram um texto que pode ser considerado bom.
7 Finalmente, pode-se invocar mais um argumento, lembrando que são 
os gramáticos, os linguistas - como especialistas das línguas - as pessoas que 
conhecem mais a fundo a estrutura e o funcionamento dos códigos linguísticos. 
Que se esperaria, de fato, se houvesse significativa influência do conhecimento 
teórico da língua sobre o desempenho? A resposta é óbvia: os gramáticos e os 
linguistas seriam sempre os melhores escritores. Como na prática isso realmente 
não acontece, fica provada uma vez mais a tese que se vem defendendo.
8 Vale também o raciocínio inverso: se a relação fosse significativa, 
deveriam os melhores escritores conhecer - teoricamente - a língua em 
profundidade. Isso, no entanto, não se confirma na realidade: Monteiro Lobato, 
quando estudante, foi reprovado em língua portuguesa (muito provavelmente 
por desconhecer teoria gramatical); Machado de Assis, ao folhar uma gramática, 
declarou que nada havia entendido; dificilmente um Luis Fernando Veríssimo 
saberia o que é um morfema; nem é de se crer que todos os nossos bons escritores 
TÓPICO 2 | CONCEPÇÃO E TIPOLOGIA DE TEXTO
29
seriam aprovados num teste de português à maneira tradicional (e, no entanto, 
eles são os senhores da língua!).
9 Portanto, não há como salvar o ensino da língua, como recuperar 
linguisticamente os alunos, como promover um melhor desempenho linguístico 
mediante o ensino-estudo da teoria gramatical. O caminhoé seguramente outro. 
O esquema do texto em seus quatro estágios é:
• Primeiro estágio: primeiro parágrafo, em que se enuncia claramente a tese a 
ser defendida.
• Segundo estágio: segundo parágrafo, em que se definem as expressões 
“estudo intencional da gramática” e “desempenho linguístico”, citadas na 
tese.
• Terceiro estágio: terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo e oitavo parágrafos, 
em que se apresentam os argumentos.
• Quarto estágio: último parágrafo, em que se apresenta a conclusão. 
Observe, agora, a caracterização da argumentação informal. A 
argumentação informal apresenta os seguintes estágios:
1 Citação da tese adversária. 
2 Argumentos da tese adversária. 
3 Introdução da tese a ser defendida. 
4 Argumentos da tese a ser defendida. 
5 Conclusão. 
Leia o texto de Luís Alberto Thompson Flores Lenz, Promotor de Justiça.
Considerações sobre justiça e equidade
Luís Alberto Thompson Flores Lenz
1 Hoje, floresce cada vez mais, no mundo jurídico e acadêmico nacional, 
a ideia de que o julgador, ao apreciar os caos concretos que são apresentados 
perante os tribunais, deve nortear o seu proceder mais por critérios de justiça 
e equidade e menos por razões de estrita legalidade, no intuito de alcançar, 
sempre, o escopo da real pacificação dos conflitos submetidos à sua apreciação.
2 Semelhante entendimento tem sido sistematicamente reiterado, na 
atualidade, ao ponto de inúmeros magistrados simplesmente desprezarem 
ou desconsiderarem determinados preceitos de lei, fulminando ditos dilemas 
legais sob a pecha de injustiça ou inadequação à realidade nacional.
3 Abstraída qualquer pretensão de crítica ou censura pessoal aos 
insignes juízes que se filiam a esta corrente, alguns dos quais reconhecidos 
como dos mais brilhantes do país, não nos furtamos, todavia, de tecer breves 
considerações sobre os perigos da generalização desse entendimento.
4 Primeiro, porque o mesmo, além de violar os preceitos dos Arts. 126 e 
30
UNIDADE 1 | O HOMEM E A CAPACIDADE DE COMUNICAÇÃO ATRAVÉS DOS GÊNEROS TEXTUAIS
127 do CPC, atenta de forma direta e frontal contra os princípios da legalidade 
e da separação de poderes, esteio no qual se assenta toda e qualquer ideia de 
democracia ou limitação de atribuições dos órgãos do Estado.
5 Isso é o que salientou, e com a costumeira maestria, o insuperável 
José Alberto dos Reis, o maior processualista português, ao afirmar que: “O 
magistrado não pode sobrepor os seus próprios juízos de valor aos que estão 
encarnados na lei. Não o pode fazer quando o caso se acha previsto legalmente, 
não o pode fazer mesmo quando o caso é omisso”.
6 Aceitar tal aberração seria o mesmo que ferir de morte qualquer espécie 
de legalidade ou garantia de soberania popular proveniente dos parlamentos, 
até porque, na lúcida visão desse mesmo processualista, o juiz estaria, nessa 
situação, se arvorando, de forma absolutamente espúria, na condição de 
legislador.
7 A esta altura, adotando tal entendimento, estaria institucionalizada a 
insegurança social, sendo que não haveria mais qualquer garantia, na medida 
em que tudo estaria ao sabor dos humores e amores do juiz de plantão.
8 De nada adiantariam as eleições, eis que os representantes indicados 
pelo povo não poderiam se valer de sua maior atribuição, ou seja, a prerrogativa 
de editar as leis.
9 Desapareceriam também os juízes de conveniência e oportunidade 
política típicos dessas casas legislativas, na medida em que sempre poderiam 
ser afastados por uma esfera revisora excepcional.
10 A própria independência do parlamento sucumbiria integralmente 
frente à possibilidade de inobservância e desconsideração de suas deliberações.
11 Ou seja, nada restaria, de cunho democrático, em nossa civilização.
12 Já o Poder Judiciário, a quem legitimamente compete fiscalizar 
a constitucionalidade e legalidade dos atos dos demais poderes do Estado, 
praticamente aniquilaria as atribuições destes, ditando a eles, a todo momento, 
como proceder.
13 Nada mais é preciso dizer para demonstrar o desacerto dessa 
concepção.
14 Entretanto, a defesa desse entendimento demonstra, sem sombra 
de dúvidas, o desconhecimento do próprio conceito de justiça, incorrendo 
inclusive numa contradictio in adjecto.
15 Isto porque, e como magistralmente o salientou o insuperável 
Calamandrei, “a justiça que o juiz administra é, no sistema da legalidade, a 
justiça em sentido jurídico, isto é, no sentido mais apertado, mas menos 
incerto, da conformidade com o direito constituído, independentemente da 
correspondente com a justiça social”.
16 Para encerrar, basta salientar que a eleição dos meios concretos de 
efetivação da Justiça social compete, fundamentalmente, ao Legislativo e ao 
Executivo, eis que seus membros são indicados diretamente pelo povo.
17 Ao Judiciário cabe administrar a justiça da legalidade, adequando o 
proceder daqueles aos ditames da Constituição e da Legislação. 
 
 Esquema do texto em seus cinco estágios:
TÓPICO 2 | CONCEPÇÃO E TIPOLOGIA DE TEXTO
31
● Primeiro estágio: primeiro parágrafo, em que se cita a tese adversária.
● Segundo estágio: segundo parágrafo, em que se cita um argumento da tese 
adversária “... fulminando ditos dilemas legais sob a pecha de injustiça ou 
inadequação à realidade nacional”.
● Terceiro estágio: terceiro parágrafo, em que se introduz a tese a ser defendida.
● Quarto estágio: do quarto ao décimo quinto, em que se apresentam os 
argumentos.
● Quinto estágio: os últimos dois parágrafos, em que se conclui o texto mediante 
afirmação que salienta o que ficou dito ao longo da argumentação. 
FONTE: Adaptado de: <http://www.pucrs.br/gpt/argumentativo.php>. Acesso em: 20 set. 
2010.
Os aspectos sobre os textos argumentativos são assunto amplo e objeto de 
estudo de áreas diversificadas, tais como Análise do Discurso, Linguística do Texto, 
Pragmática, dentre outras, o que contribui para melhores resultados pedagógicos, 
na orientação da leitura e da aprendizagem da escrita.
3.5 O TEXTO INJUNTIVO
É um tipo de texto que, geralmente, requer uma resposta direta ou indireta 
do receptor. É organizado de modo a incidir diretamente sobre os sentidos. Verbos 
no imperativo, “Investigue e descubra se o rapaz estudou e qual sua posição social”. 
No presente do indicativo, com sujeito indeterminado: “Chegou-se à conclusão de 
que o jeito melhor era botar a moça para dormir”, são algumas das marcas dessa 
tipologia textual.
Outro exemplo de tipologia injuntiva pode ser retirado de uma receita. 
Veja a receita de Massinha de modelar: 
Material
2 xícaras (cerca de 250 ml) de farinha de trigo;
1 xícara (cerca de 125 ml) de sal;
água suficiente para dar consistência de pão à massa (pouco mais do que 1 
xícara);
2 colheres de sopa de óleo comestível.
Se preferir, o óleo de amêndoa deixa um cheiro agradável nas mãos;
Corante comestível de várias cores.
Se optar por anilina, verifique se está escrito “comestível” na embalagem. É o 
mesmo tipo usado para enfeitar bolos.
Outra opção é o coloral de origem vegetal ou pó de suco instantâneo.
32
UNIDADE 1 | O HOMEM E A CAPACIDADE DE COMUNICAÇÃO ATRAVÉS DOS GÊNEROS TEXTUAIS
Preparo:
Junte a farinha ao sal, obtendo uma mistura homogênea. Adicione corante à 
água que será usada para dar consistência à massa. Aos poucos, misture a água 
corada à mistura de farinha e sal, e vá misturando até obter um ponto de massa 
de pão.
Se você quiser obter uma cor mais forte, adicione mais corante à massa. Por fim, 
adicione aos poucos o óleo e misture bem. 
FONTE: GREGG, Elizabeth M. Dê uma atividade a seu filho quando ele não tiver o que fazer. Rio 
de Janeiro: José Olympio, 1988. p. 123
FONTE: Disponível em: <http://www.adjorisc.com.br/jornais/jornaldepomerode/noticias/n-29-
junho-2010/com-as-m-os-na-massa-1.313149>. Acesso em: 20 abr. 2012.
FIGURA 10 – CRIANÇAS COM AS MÃOS NA MASSA
Vimos, com relação ao exposto até aqui, que não podemos considerar gênero 
como sinônimo de tipo textual, uma vez que cada qual possui especificidades e 
características queos distinguem. 
Caro(a) acadêmico(a), sugerimos que, para aprofundar as reflexões, você 
leia a Leitura Complementar que segue. 
TÓPICO 2 | CONCEPÇÃO E TIPOLOGIA DE TEXTO
33
LEITURA COMPLEMENTAR
GÊNERO TEXTUAL E TIPOLOGIA TEXTUAL: COLOCAÇÕES 
SOB DOIS ENFOQUES TEÓRICOS
Sílvio Ribeiro da Silva 
[...] O que pretendemos neste pequeno ensaio é apresentar algumas 
considerações sobre Gênero Textual e Tipologia Textual, usando, para isso, as 
considerações feitas por Marcuschi (2002) e Travaglia (2002), que faz apontamentos 
questionáveis para o termo Tipologia Textual. No final, apresento minhas 
considerações a respeito de minha escolha pelo gênero ou pela tipologia.
Luiz Antônio Marcuschi (UFPE) defende o trabalho com textos na escola a 
partir da abordagem do Gênero Textual. Marcuschi não demonstra favorabilidade 
ao trabalho com a Tipologia Textual, uma vez que, para ele, o trabalho fica limitado. 
[...]
Por outro lado, autores como Luiz Carlos Travaglia (UFUberlândia/MG) 
defendem o trabalho com a Tipologia Textual. Para o autor o trabalho com o 
texto e com os diferentes tipos de texto é fundamental para o desenvolvimento 
da competência comunicativa. De acordo com as ideias do autor, cada tipo de 
texto é apropriado para um tipo de interação específica. Deixar o aluno restrito 
a apenas alguns tipos de texto é fazer com que ele só tenha recursos para atuar 
comunicativamente em alguns casos, tornando-se incapaz, ou pouco capaz. 
Marcuschi afirma que os livros didáticos trazem, de maneira equivocada, 
o termo tipo de texto. Na verdade, para ele, não se trata de tipo de texto, mas de 
gênero de texto. O autor diz que não é correto afirmar que a carta pessoal, por 
exemplo, é um tipo de texto como fazem os livros. Ele atesta que a carta pessoal é 
um Gênero Textual.
O autor diz que em todos os gêneros os tipos se realizam, ocorrendo, muitas 
das vezes, o mesmo gênero sendo realizado em dois ou mais tipos. Ele apresenta 
uma carta pessoal como exemplo, e comenta que ela pode apresentar as tipologias 
descrição, injunção, exposição, narração e argumentação [...]. Realmente é raro um 
tipo puro. Num texto como a bula de remédio, por exemplo, que para Fávero & 
Koch (1987) é um texto injuntivo, tem-se a presença de várias tipologias, como a 
descrição, a injunção e a predição. [...]
Travaglia (2002) diz que uma carta pode ser exclusivamente descritiva, ou 
dissertativa, ou injuntiva, ou narrativa, ou argumentativa. Acho meio difícil alguém 
conseguir escrever um texto, caracterizado como carta, apenas com descrições, ou 
apenas com injunções. Por outro lado, meio que contrariando o que acabara de 
afirmar, ele diz desconhecer um gênero necessariamente descritivo. 
34
UNIDADE 1 | O HOMEM E A CAPACIDADE DE COMUNICAÇÃO ATRAVÉS DOS GÊNEROS TEXTUAIS
Quando acontece o fenômeno de um texto ter aspecto de um gênero, mas ter 
sido construído em outro, Marcuschi dá o nome de intertextualidade intergêneros. 
Ele explica dizendo que isso acontece porque ocorreu no texto a configuração de 
uma estrutura intergêneros de natureza altamente híbrida, sendo que um gênero 
assume a função de outro. [...]
Aspecto interessante a se observar é que Marcuschi afirma que os gêneros 
não são entidades naturais, mas artefatos culturais construídos historicamente pelo 
ser humano. Um gênero, para ele, pode não ter uma determinada propriedade e 
ainda continuar sendo aquele gênero. Para exemplificar, o autor fala, mais uma vez, 
da carta pessoal. Mesmo que o autor da carta não tenha assinado o nome no final, 
ela continuará sendo carta, graças as suas propriedades necessárias e suficientes. 
Ele diz, ainda, que uma publicidade pode ter o formato de um poema ou de uma 
lista de produtos em oferta. O que importa é que esteja fazendo divulgação de 
produtos, estimulando a compra por parte de clientes ou usuários daquele produto.
Para Marcuschi, Tipologia Textual é um termo que deve ser usado para 
designar uma espécie de sequência teoricamente definida pela natureza linguística 
de sua composição. Em geral, os tipos textuais abrangem as categorias narração, 
argumentação, exposição, descrição e injunção (Swales, 1990; Adam, 1990; 
Bronckart, 1999). [...] Gênero Textual é definido pelo autor como uma noção 
vaga para os textos materializados encontrados no dia a dia e que apresentam 
características sociocomunicativas definidas pelos conteúdos, propriedades.
[...] Marcuschi apresenta alguns exemplos de gêneros. Os exemplos que 
ele traz são telefonema, sermão, romance, bilhete, aula expositiva, reunião de 
condomínio etc.
Semelhante opinião entre os dois autores citados é notada quando falam 
que texto e discurso não devem ser encarados como iguais. Marcuschi considera 
o texto como uma entidade concreta realizada materialmente e corporificada em 
algum Gênero Textual. 
Discurso para ele é aquilo que um texto produz ao se manifestar em 
alguma instância discursiva. O discurso se realiza nos textos. Travaglia considera 
o discurso como a própria atividade comunicativa, a própria atividade produtora 
de sentidos para a interação comunicativa, regulada por uma exterioridade sócio-
histórico-ideológica.
[...] Para concluir, acredito que vale à pena considerar que as discussões 
feitas por Marcuschi, em defesa da abordagem textual a partir dos Gêneros 
Textuais, estão diretamente ligadas ao ensino. Ele afirma que o trabalho com o 
gênero é uma grande oportunidade de se lidar com a língua em seus mais diversos 
usos autênticos no dia a dia. Cita os Parâmetros Curriculares Nacionais, dizendo 
que ele apresenta a ideia básica de que um maior conhecimento do funcionamento 
dos Gêneros Textuais é importante para a produção e para a compreensão de 
textos. 
TÓPICO 2 | CONCEPÇÃO E TIPOLOGIA DE TEXTO
35
O que Travaglia mostra é uma extrema preferência pelo uso da Tipologia 
Textual, independente de estar ligada ao ensino. Sua abordagem parece ser mais 
taxionômica. Ele chega a afirmar que são os tipos que entram na composição da 
grande maioria dos textos. Para ele, a questão dos elementos tipológicos e suas 
implicações com o ensino/aprendizagem merece maiores discussões.
Marcuschi diz que não acredita na existência de Gêneros Textuais ideais 
para o ensino de língua. Ele afirma que é possível a identificação de gêneros com 
dificuldades progressivas, do nível menos formal ao mais formal, do mais privado 
ao mais público e assim por diante. Os gêneros devem passar por um processo de 
progressão, conforme sugerem Schneuwly e Dolz (2004). 
Acho que vale à pena dizer que sou favorável ao trabalho com o Gênero 
Textual na escola. A fórmula de ensino de redação, ainda hoje muito praticada 
nas escolas brasileiras que consiste fundamentalmente na trilogia narração, 
descrição e dissertação, tem por base uma concepção voltada essencialmente para 
duas finalidades: a formação de escritores literários - caso o aluno se aprimore 
nas duas primeiras modalidades textuais - ou a formação de cientistas - caso da 
terceira modalidade (ANTUNES, 2004). Além disso, essa concepção guarda em 
si uma visão equivocada de que narrar e descrever seriam ações mais “fáceis” do 
que dissertar, ou mais adequadas à faixa etária, razão pela qual esta última tenha 
sido reservada às séries terminais - tanto no ensino fundamental quanto no ensino 
médio.
FONTE: Adaptado de: SILVA, Sílvio Ribeiro da. Gênero textual e tipologia textual: colocações sob 
dois enfoques teóricos. Disponível em:<http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/
textos/g00003.htm>. Acesso em: 15 fev. 2010.
36
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico estudamos que:
• O texto é um espaço que promove a interação, no qual os sujeitos envolvidos 
constroem uma representação do que querem informar, ativando, para tanto, 
saberes e conhecimentos prévios.
• Os princípios de textualidade, quais sejam: a coerência, a coesão, a 
intencionalidade, a aceitabilidade, a situacionalidade, a informatividade e a 
intertextualidade, corroboram para que as palavras possam ser entendidas

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