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Geoquímica I Estrutura Atómica; Classificação Geoquímica dos Elementos; Forças de Ligação Universidade Federal de Sergipe Departamento de Geologia Prof. Carlos Marques de Sá Aula 3 Sumário • Estrutura atómica • Tabela Periódica • Diferenciação dos elementos • Classificação Geoquímica dos Elementos • Substituições Iónicas • Forças de Ligação 2 Estrutura Atómica • Um átomo é constituído por um núcleo com protons (+) e neutrons (0), e envolto por uma “nuvem” eletrónica (-) • Num átomo sem carga o número de protons é igual ao número de eletrons. • um átomo caracteriza-se pelo seu número atómico (Z): o número de protons; e pelo número de massa (A): o número de nucleons. 3 Estrutura Atómica • O número atómico (Z) corresponde ao número de protons e o número de massa (A) correponde ao número de protons + neutrons, protons + neutrons também chamados de nucleons. Mas nem todos os átomos de um mesmo elemento têm o mesmo número de massa… 4 1H 2H 3H Isótopos: átomos que diferem apenas no número de neutrons presentes no núcleo. Estrutura Atómica 5 Estrutura Atômica • A massa atómica de um elemento é a média dos números de massa dos isótopos de um determinado elemento, ponderada pela ocorrência de cada isótopo. • Expressa em u.m.a que corresponde à múltiplicação do seu número de massa (A), por 1/12 da massa do núcleo de C (u.m.a). • Para 1 mole de átomos de C temos: • 1 u.m.a. = 1212 x 6x1023 = 1,66x10 -24g 6 Estrutura Atómica • Os átomos podem também perder ou ganhar eletrons, tornando-se eletricamente carregados, passando a chamar-se ions. • O átomo que captura um (ou mais) eletron é um anion. • O átomo que perde um (ou mais) eletron é um cation. 7 O sal da cozinha Estrutura Atómica 8 3o nível de energia (camada) 1o nível de energia (camada) Estrutura Atómica • Os electrons dispõem-se em camadas energéticas em torno do núcleo, descrevendo “órbitas” (mas não como os planetas!). • A posição de um eletron no espaço é definida por 4 números quânticos: • n: número quântico principal – função do raio (r), reflete também o nível energético da camada (pode ser: 1, 2, 3, ...) • l: número quântico azimutal – define o número de subcamadas ou orbitais e forma de orbital (pode ser: s, p, d, f, … l = n - 1) • m: número quântico magnético – define a orientação e forma da orbital (varia entre – l e + l) • s: número quântico de spin – determina o spin do electron (pode ser - ½ ou + ½) 9 10 • Estados quânticos permitidos (n,l,m,s): n=1: 1,0,0,±1/2 1s (2 eletrons) [2 electrons] n=2: 2,0,0 ,±1/2 2s (2 electrons) 2,1,(–1,0,1),±1/2 2p (6 electrons) [8 electrons] n=3: 3,0,0 ,±1/2 3s (2 electrons) 3,1,(–1,0,1),±1/2 3p (6 electrons) 3,2,(0,±1,±2),±1/2 3d (10 electrons) [18 electrons] n=4: 4,0,0 ,±1/2 4s (2 electrons) 4,1,(–1,0,1),±1/2 4p (6 electrons) 4,2,(0,±1,±2),±1/2 4d (10 electrons) 4,3,(0,±1,±2,±3),±1/2 4f (14 electrons) [32 electrons] Estrutura Atómica Formas das orbitais Estrutura Atómica 11 • Em cada uma das orbitais coexistem dois electrons com spins diferentes. • Segundo o princípio da exclusão de Pauli não podem existir dois eletrons no mesmo átomo com os mesmos quatro números quânticos. • As diferentes orbitais correspondem a diferentes níveis energéticos. Energias relativas das orbitais Estrutura Atómica 12 • Sequência de Preenchimento: 1s22s22p63s23p64s23d104p65s24d105p66s24f145d106p67s25f146 d10... • Uma forma de facilitar o preenchimento desta sequência é compondo a seguinte tabela e seguindo as setas do esquema. • Não existem na natureza elementos com as orbitais g, h, i, etc. • Maior Z da TP é 120 (7s2). Tabela Periódica • A Tabela Periódica – Dimitri Mendeleiev 13 Dimitri Mendeleiev 1834-1907 Cientista genial, considerado um dos melhores professores do seu tempo, Dimitri Ivanovich Mendeleiev, entre muitos outros conhecimentos, deixou-nos a sua tabela periódica, ferramenta ubíqua das ciências exactas e naturais. Ao procurar organizar e classificar os elementos segundo as suas propriedades químicas, Mendeleev cria a tabela periódica através da qual consegue fazer várias correcções aos conhecimentos da época e predizer elementos ainda não descobertos. Estrutura Atómica • A Tabela Periódica é uma grelha de átomos neutros com elétrons estruturados em camadas energéticas. • A sua construção obedece à mecânica quântica das orbitais ou níveis de energia que o eletron pode ocupar (n, l, m, s). • Os elementos estão organizados na tabela periódica em ordem crescente do número atómico e concomitantemente das configurações eletrônicas que são responsáveis pelas suas distintas propriedades químicas. • Isto é útil para prever comportamentos químicos porque apenas as camadas externas de um átomo participam nas reações químicas normais. Verificam-se afinidades e propriedades químicas em comum, entre os elementos que se situam num mesmo período (linha) ou num mesmo grupo (coluna) da TP. 14 Tabela Periódica • A Tabela Periódica é uma grelha de átomos neutros com elétrons estruturados em camadas. É útil para prever comportamentos químicos porque apenas as camadas mais externas de um átomo participam nas reações químicas ordinárias… • A sua construção obedece à mecânica quântica que descreve os níveis de energia ou orbitais que o eletron pode ocupar (n, l, m, s) • Obedece também a outros dois princípios: • O Princípio de Exlusão de Pauli: não podem existir dois eletrons no mesmo átomo com os mesmos números quânticos; • O Princípio de Aufbau: o estado de equilíbrio de um átomo é obtido preenchendo as orbitais do menor para o maior nível de energia um eletron de cada vez. Maior estabilidade é atingida por orbitais totalmente cheias, meio cheias ou totalmente vazias. 16 Tabela Periódica 17 Elementos com o mesmo número de valência (número de eletrons na camada externa), possuem comportamento químico similar. Exemplos: C (Z=6) 1s22s22p2 ; Si (Z=14) 1s22s22p63s23p2 = [Ne]3s23p2 ; Ge (Z=32) 1s22s22p63s23p64s23d104p2 = [Ar]4s23d104p2 Tabela Periódica •Orbitais s e p preenchidas são muito estáveis; •Orbitais p ou d parcialmente preenchidas são também bastante estáveis. •Assim, os ions de um elemento são governados pela coluna em que se encontram na TP, ou seja, pelo número de eletrons na camada externa de um átomo neutro. •Elementos com baixa eletronegatividade libertam eletrons de valência preenchendo assim a camada externa - tornam-se cations positivamente carregados. •Elementos com elevada eletronegatividade fácilmente preenchem a camada externa capturando eletrons extra - tornam-se anions, negativamente carregados. 18 Tabela Periódica 19 Podemos subdividir a Tabela Periódica em Grupos e Famílias de elementos de acordo com o seu comportamento iónico: • Metais: tendem a doar eletrons • Não-Metais: tendem a ganhar eletrons • Metalóides: podem fazer ambos Metais Alcalinos Metais Alcalinos Terrosos Halogênios Gases Nobres Metais de Transição Lantanídeos Actinídeos Não-Metais Metais Metalóides Lantanídeos Actinídeos Tabela Periódica 20 Tabela Periódica Definições de algumas propriedades dos átomos: • Potencial de ionização: energia necessária para retirar um eletron da camada de valência de um dado elemento. • Eletronegatividade: força comque o núcleo atrai os seus eletrons da última camada. • Valência (ou estado de oxidação): configurações iónicas mais comuns para um dado elemento (determinadas por quantos eletrons são adicionados ou retirados ao ion). 21 Tabela Periódica 22 +1,-1 +1 +1 +1 +1 +1 +1 +2 +2 +2 +2 +2 +2 +3 +3 +4 +4 +5 +3,+4 +5 +3,+4 +5 +3,+6 +3,+4 +5,+6 +4,+6 +2,+7 +4,+5 +6,+7 +2,+3 +3,+4 +4 +2,+3 +3,+4 +2,+3 +1,+2 +3,+4 +1,+2 +2 +2 +1,+2 +3 +3 +1,+3 +4 +2,+4 +5 +3 -2,+6 +4,+6 -1 -1 -1 0 0 0 +3 +3 -4,+4 +4 -3,+3 +5 +3,+5 -2 -2,+6 -1 -1 0 0 0 +3 +3 +3,+4 +4 +3 +3,+4 +5 +3 +3,+4 +5,+6 +3 +3 +2,+3 +3 +3,+4 +3 +3 +3 +3 +3 +3 1 2 3 4 5 6 7 IA IIA IIIA IVA VA VIA VIIA VIIIA IIIB IVB VB VIB VIIB VIIIB IB IIB Lanthanides Actinides 1 3 11 19 37 55 87 4 12 20 38 56 88 21 39 22 40 72 23 41 73 24 42 74 25 75 26 44 76 27 45 77 28 46 78 29 47 79 30 48 80 5 13 31 49 81 6 14 32 50 82 7 15 33 51 83 8 16 34 52 84 9 17 35 53 85 10 18 36 54 86 2 57 89 58 90 59 91 60 92 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 +4 +4,+6+3,+5+2,+4+1,+3 +1,+3+2,+4+3,+4 Valências segundo as colunas (grupos) Tabela Periódica 23 Energia de Ionização Tabela Periódica • O carácter metálico de um elemento diminui ao longo do período da TP. Este é medido pela eletronegatividade. • As eletronegatividades de Pauling são medidas adimensionais calculadas a partir das forças de ligação entre átomos em moléculas. • A eletronegatividade cresce com Z, sendo que os gases inertes não atraem elétrons. 24 Tabela Periódica 25 Eletronegatividade Tabela Periódica • O tamanho de um átomo é extremamente difícil de medir experimentalmente, sendo definido como o raio de máxima densidade de carga na orbital mais exterior. • Mas o raio atómico efectivo depende também do número e tipo de átomos ou ions adjacentes e da carga iónica. • Em ligações entre átomos idênticos o raio é igual a metade da distância interatómica. • Em ligações entre ions diferentes a distância interatómica é controlada pelas forças de atração e repulsão entre os ions, e as suas cargas, segundo a Lei de Coulomb: • F = k [(q+)(q-)/d2] 26 Tabela Periódica • Raios atómicos 27 Tabela Periódica • Átomos dos diversos elementos têm: • Raio iônico e valência variável – Cations (+) - geralmente menor raio iónico; – Anions (-) - geralmente maior raio iónico; – Valência - varia dependendo do nº atómico e interação com outros ions. 28 29 Tabela Periódica Tabela Periódica • Alguns conceitos a recordar: • O raio iônico de séries isoeletrónicas decresce com o aumento do número atómico. • O raio de ions com a mesma carga de um mesmo grupo, cresce com o aumento do número atômico. • O raio de ions do mesmo elemento decresce com o aumento da carga positiva e cresce com o aumento da carga negativa. • O raio de ions com cargas +2 ou +3 dos metais de transição do quarto período decresce com o aumento de Z, implicando uma contração da nuvem eletronica (orbitais 3d preenchidas). • Ions de elementos diferentes podem ter raios iônicos semelhantes. 30 Diferenciação dos Elementos • Os meteoritos condríticos serão vestígio dos planetesimais primitivos que por acreção deram origem aos planetas como a Terra. • Os principais elementos que constituem as fases minerais presentes nos meteoritos são Fe, Mg, Si, O e S. • O Fe devido à sua abundância é comum em todas as fases condensadas – fase metálica, fase silicato, fase sulfeto. • Piroxênio: (Fe,Mg)SiO3; Olivina: (Fe,Mg)2SiO4; Kamacita-Taenita: FeNi; Troilite: FeS: 31 Diferenciação dos Elementos • Os elementos mais eletronegativos que o Ferro concentraram- se na fase metálica; • Os menos eletronegativos que o ferro concentraram-se na fase silicatada. • A fase sulfeto atrai os elementos que formam com o enxofre e com os metalóides ligações moleculares. 32 • A distribuição dos elementos num campo gravitacional como o da Terra é controlada pelas fases de maior importância que podem ser formadas e não pelas suas densidades ou pesos atómicos, como se poderia esperar. • Os processos de diferenciação podem ser simulados por uma experiência de fusão de um condrito que resulta em 3 líquidos imiscíveis e um vapor… Liquido Silicatado Liquido Sulfetado Liquido Metálico Fase Gasosa Siderófilo Calcófilo Litófilo Atmófilo H, He, N, gases nobres Alcalinos, Alcalino- terrosos, Halogéneos, B, O, Al, Si, Sc, Ti, V, Cr, Mn, Y, Zr, Nb, Lantanídeos, Hf, Ta, Th, U Cu, Zn, Ga, Ag, Cd, In, Hg, Tl, As, S, Sb, Se, Pb, Bi, Te Fe, Co, Ni, Ru, Rh, Pd, Os, Ir, Pt, Mo, Re, Au, C, P, Ge, Sn • Na classificação de Goldschmidt os elementos são classificados de acordo com a sua distribuição entre os quatro tipos de fluidos acima referidos. Classificação Geoquímica dos Elementos 33 Classificação Geoquímica dos Elementos • Victor Moritz Goldschmidt • Um dos pais da Geoquímica. Doutorado aos 23 anos. Professor de Mineralogia e Petrologia na Universidade de Oslo aos 24 anos. Preso num campo de concentração nazi em 1942. Foge para Inglaterra com ajuda da resistência. • Grandes contribuições científicas: • Aplicação da Regra das Fases de Gibbs a problemas geológicos (metamorfismo de contacto); • Cunha a expressão Diferenciação da Terra, e estuda os seus processos - Classificação geoquímica dos elementos. • Estuda cristaloquímica determinando a estrutura de 200 compostos; • Explica as mudanças na estrutura através da variação dos raios iônicos – princípio da coordenação; • Publica o ciclo geoquímico do Carbono; • Explica a “contração dos lantanídeos”; • Estuda a apatite para fabrico de fertilizantes; • …… 1888 – 1947 Nasceu em Zurique na Suiça, morreu em Oslo, Noruega. 34 Classificação Geoquímica dos Elementos • A classificação geoquímica dos elementos é baseada nas suas afinidades químicas (fases silicática, sulfetada e metálica) e é basicamente consequência da configuração eletrônica do elemento e consequentemente da sua posição na tabela periódica. • O comportamento geoquímico de um elemento é em grande medida governado pela sua valência e raio iônico, estando ambos sistematicamente relacionados ao grupo e período da Tabela Periódica. 35 36 • A classificação de Goldschmidt encontra-se bem expressa e individualizada na Tabela Periódica dos Elementos: Classificação Geoquímica dos Elementos H Li Na K Rb Cs Fr Be Mg Ca Sr Ba Ra Sc Y Ti Zr Hf Rf V Nb Ta Db Cr Mo W Sg Mn Tc Re Bh Fe Ru Os Hs Co Rh Ir Mt Ni Pd Pt Cu Ag Au Zn Cd Hg Ga In Tl Ge Sn Pb As Sb Bi Se Te Po Br I At Kr Xe Rn B Al C Si N P O S F Cl Ne Ar He La Ac Ce Th Pr Pa Nd U Pm Np Sm Pu Eu Am Gd Cm Tb Bk Dy Cf Ho Es Er Fm Tm Md Yb No Lu Lr 1 2 3 4 5 6 7 IA IIA IIIA IVA VA VIA VIIA VIIIA IIIB IVB VB VIB VIIB VIIIB IB IIBLanthanides Actinides 1 3 11 19 37 55 87 4 12 20 38 56 88 21 39 22 40 72 104 23 41 73 105 24 42 74 106 25 43 75 107 26 44 76 108 27 45 77 109 28 46 78 29 47 79 30 48 80 5 13 31 49 81 6 14 32 50 82 7 15 33 51 83 8 16 34 52 84 9 17 35 53 85 10 18 36 54 86 2 57 89 58 90 59 91 60 92 61 93 62 94 63 95 64 96 65 97 66 98 67 99 68 100 69 101 70 102 71 103 Atmophile Lithophile Chalcophile Siderophile Artificial Atmófilo Litófilo Calcófilo Siderófilo Artificial Lantanídeos Actinídeos Classificação Geoquímica dos Elementos 37 38 Classificação Geoquímica dos Elementos Regras de Goldschmidt: • O comportamento dos elementos é controlado pela facilidade com que se substituem num dado mineral. Esse comportamento obedece às regras seguintes: • Ions com raio similar (diferença de menos de 15%) substituem-se com igual facilidade; • Ions cuja carga difere numa unidade podem efectuar substituição desde que numa posição que equilibre essa diferença de carga (neutralidade do cristal). Ions de carga muito diferente (>1) não se intersubstituem com facilidade. • Em qualquer substituição o ion com maior potencial iônico (carga/raio) forma uma ligação mais forte e origina um mineral mais estável. • Ions com eletronegatividade muito diferente não se intersubstituem com facilidade mesmo que a carga e o raio sejam similares • (Se dois ions têm raios similares e a mesma carga o ion menor entrará mais fácilmente no retículo cristalino que o maior.) Classificação Geoquímica dos Elementos • Diagrama de Potencial Iónico de Goldschmidt 39 40 P o te n c ia l d e 1 ª io n iz a ç ã o ( e V ) E le c tr o n e g a ti v id a d e Classificação Geoquímica dos Elementos Substituições Iónicas • As regras de Goldschmidt são a base para predizer como um elemento menor entra na estrutura de um cristal, quando este se forma a partir de um melt que arrefece ou de uma solução aquosa. • Estes processos são descritos como admissão, captura e camuflagem. • Camuflagem – quando um elemento de maior importância “camufla” um de menor importância com a mesma carga e raio similar (ex: Al3+ camufla Ga3+; Si4+ camufla Ge4+) • Captura - quando um elemento de maior importância “captura” um de menor importância com carga maior ou raio menor (ex: K+ captura Ba2+ e Sr2+) • Admissão - quando um elemento de maior importância “admite” um de menor importância de menor carga e raio similar ou da mesma carga e raio maior (ex: Mg2+ admite o Li+) 41 Substituições Iónicas • A partição de elementos menores entre os cristais e o liquido é definida pelo coeficiente de distribuição: • D = 𝐶𝑥 𝐶𝑙 • Em que Cx é a concentração do elemento menor no cristal do mineral e Cl é a concentração do elemento menor no liquido. • A magnitude de D é relacionada com os termos descritivos da seguinte forma: • D > 1 captura; D < 1 admissão; D = 1 camuflagem 42 Substituições Iónicas • A distribuição dos teores de um elemento menor em cristais de minerais coexistentes pode ser utilizada para estimar a temperatura de sua formação. • Como os cristais são mais permeáveis a íons estranhos quanto maior for a temperatura os coeficientes de distribuição são principalmente dependentes da temperatura. • Se dois minerais A e B co-precipitam um elemento menor y pode entrar na estrutura desses minerais a uma dada temperatura, de acordo com os coeficientes de distribuição: 43 Substituições Iónicas • DA = ( 𝐶𝑥 𝐶𝑙 )A • DB = ( 𝐶𝑥 𝐶𝑙 )B • 𝐷𝐴 𝐷𝐵 = 𝐶𝑥 𝐴 𝐶𝑥 𝐵 = K (constante) • As temperaturas para os valores de uma dada constante são determinadas experimentalmente, como no gráfico ao lado. 44 Geotermómetro da distribuição de CdS entre esfalerita e galena, baseado nas experiências de Bethke e Barton (1971). Classificação Geoquímica dos Elementos • A ocorrência dos elementos nos minerais e rochas, como constituintes maiores ou menores, depende das suas abundâncias e propriedades químicas. • Os elementos maiores formam os minerais das rochas acomodando os menores na malha cristalina por substituições iônicas. • Os íon que não “encaixam” nos principais minerais das rochas dizem-se incompatíveis. 45 Classificação Geoquímica dos Elementos • Existem outras classificações geoquímicas, desenvolvidas posteriormente à de Goldschmidt, como a que separa em elementos voláteis mais abundantes no sistema solar do que na Terra, ou a que divide os elementos incompatíveis em LILE (large ion litophile elements) (elementos litófilos de grande ião) e HFSE (high field strength elements) (elementos de grande força de campo). 46 Classificação Geoquímica dos Elementos • Raio iônico e carga são os fatores que determinam o fracionamento de metais entre mineral e fundido ou fase fluida. 47 • Potencial iônico (z/r): • Separa os elementos incompatíveis em: • z/r < 2 → LILE • e • z/r > 2 → HFSE Classificação Geoquímica dos Elementos • Os elementos incompatíveis tendem a acumular-se nas fases tardias de diferenciados magmáticos (pegmatitos, filões hidrotermais). • Exemplos destes elementos são K+, Rb+, Cs+, Sr2+, Ba2+, ETR, Zr4+, Hf4+, Nb5+, Ta5+, Th4+ e U4+ (são os LILE e os HFSE). • Um mineral formado a altas temperaturas é mais tolerante a ions estranhos do que um formado a baixas temperaturas. 48 Classificação Geoquímica dos Elementos • A possibilidade de substituição por ions de raios semelhantes (1ª regra de Goldschmidt) depende do meio, da temperatura e da compatibilidade das suas ligações e números de coordenação. • A capacidade de substituição por ions de carga similar (2ª regra de Goldschmidt) envolvem, no caso de cargas diferentes, uma compensação dessa deficiência através de uma segunda substituição, que preserve a neutralidade elétrica do cristal – processo de substituição conjugada que dá origem a variações nas composições dos minerais (ex. feldspatos). 49 Forças de ligação • Uma ligação química resulta da redistribuição de eletrons de valência de dois ou mais átomos, originando uma configuração mais estável. • Existem cinco tipos gerais de forças de ligação: • Ligação Iónica; Ligação Covalente; Ligação Metálica; Ligação de Van der Waals; Ligação de Hidrogénio • Estas forças controlam a maior parte das propriedades físico-químicas dos minerais, sendo que quanto mais forte a ligação, maior é a dureza do mineral, mais elevado o ponto de fusão e mais baixo o coeficiente de expansão térmica. 50 Forças de Ligação • Ligação Iônica: Transferência de electrons de um elemento para o outro que resulta no preenchimento das camadas de valência (configuração de gás nobre). A atracção electrostática mantém os ions juntos. Os ions ligam-se de forma a que as cargas positivas igualem as negativas. Ex: Na: 1s22s22p63s1 Cl: 1s22s22p63s23p5 51 Forças de Ligação • Ligação Covalente: • Electrons partilhados quando as orbitais de dois elementos diferentes se sobrepõem. • Apresenta características mistas entre a ligação iônica e metálica. • Estabilidade dos gases nobres atingida por partilhade eletrons. • 52 Forças de Ligação • Ligação Metálica: • Os electrons são partilhados por todos os núcleos movendo-se livremente na estrutura cristalina, como um “mar” de electrons, e podendo sair for a desta; • Forma-se dada a baixa electronegatividade dos elementos metálicos que têm electrons fracamente ligados na orbital de valência. Mar de eletrons na ligação metálica, em que estão imersos os nucleos dos elementos. Forças de Ligação Variações contínuas 100% covalente, metálica ou iónica 50 % covalente e 50% metálica Parcialmente covalente – metálica - iónica A ligação covalente pura é rara, (ex. H2, O2, N2). Existe sempre uma certa tendência iónica. Não existe uma ligação puramente iônica. 54 Forças de Ligação • Variação do potencial de primeira ionização, aumenta à medida que as orbitais vão sendo preenchidas. Repare-se 4d – caracter metálico. • Variação da eletronegatividade, aumenta à medida que as orbitais vão sendo preenchidas. Note-se a baixa eletronegatividade dos metais – as eletronegatividades refletem o decréscimo do carater metálico dos elementos ao longo do período. • Variação do carácter covalente em ligações únicas com o oxigênio – quanto menor o carácter metálico, maior o carácter covalente da ligação. 55 Forças de Ligação 56 Pares iónicos Pares covalentes Tendências para formar pares iónicos e pares covalentes As famílias de elementos da Tabela Periódica refletem o seu comportamento iónico: • Metais: tendem a doar eletrons • Não-Metais: tendem a ganhar eletrons • Metalóides: podem fazer ambos 57 • Pares de átomos com eletronegatividade muito dispar atingem maior estabilidade trocando eletrons e assim formando ligações iônicas. Elementos com eletronegatividade muito alta ou muito baixa são geralmente litófilos. • Pares de átomos com eletronegatividade idêntica ou similar partilham eletrons. Elementos com eletronegatividade intermédia e orbitais d cheias ou vazias formam ligações covalentes (p.ex. com S) e são calcófilos. • Elementos com eletronegatividade intermédia e 4 a 8 eletrons na orbital d tornam-se estáveis numa ligação metálica e são geralmente siderófilos. Cl– Cl– Cl– Cl– Cl– Cl– Cl– Cl– Cl– Cl– Cl– Cl– Cl– Cl– Cl– Cl– Na+ Na+ Na+ Na+ Na+ Na+ Na+ Na+ Na+ NaCl, iônico C ClCl Cl Cl CCl4, covalente Cr3+ Cr3+ Cr3+ Cr3+ Cr3+ Cr3+ Cr3+ Cr3+ Cr3+ Cr3+ Cr3+ Cr3+ Cr, metálico Electrons condutores deslocalizados Forças de Ligação Forças de Ligação • Os minerais podem apresentar diferentes tipos de ligações frequentemente ocorrendo dois ou mais tipos diferentes de ligações no mesmo mineral. • A dissociação da calcita em água ilustra o carácter iónico existente entre as ligações Ca2+ + CO3 2- : CaCO3 + H2O → Ca 2+ + HCO3 - + OH- • O anião carbonato não se dissocia porque as suas ligações C – O têm carácter altamente covalente. 58 Forças de Ligação • Repare-se que a molécula de água tem uma ligação que é 60% covalente. Dado que a eletronegatividade do oxigênio é maior que a do H, desenvolve-se uma carga negativa nos oxigênios da molécula de água – a molécula de água diz-se polar. 59 • A hibridização das orbitais s do H com p do O, leva a que o ângulo entre eles seja > 90°. • Este facto é também responsável pela polaridade da molécula de água. Bibliografia • Choudhuri, A. (1997). “Geoquímica para Graduação”. Ed. Unicamp. • Faure, G. (1991). “Principles and Applications of Geochemistry”. Prentice Hall • Krauskopf, K.B. (1972). “Introdução à Geoquímica” vol. I. Ed. Polígono • Mason, B. (1966). “Principles of Geochemistry”. Wiley International Edition • White W.M. 2013. “Geochemistry”. Ed. John Wiley & Sons. 60 OBRIGADO PELA VOSSA ATENÇÃO! • Metais Alcalinos – Li, Na, K, Rb, Cs, Fr • Metais Alcalino-Terrosos – Be, Mg, Ca, Sr, Ba, Ra • Metais de transição – Sc, Y, La, Ac, Ti, Zr, Hf, Rf, V, Nb, Ta, Db, Cr, Mo, W, Sg, Mn, Tc, Re, Bh, Fe, Ru, Os, Hs, Co, Rh, Ir, Mt, Ni, Pd, Pt, Cu, Ag, Au, Zn, Cd, Hg, Al, Ga, In, Tl, Sn, Pb, Bi; • Metalóides – B, Si, Ge, As, Sb, Te, Po, At • Não Metais – H, C, N, O, F, P, S, Cl, Se, Br, I • Gases Nobres – He, Ne, Ar, Kr, Xe, Rn • Lantanídeos - Ce, Pr, Nd, Pm, Sm, Eu, Gd, Tb, Dy, Ho, Er, Tm, Yb, Lu • Actinídeos – Th, Pa, U, Np, Pu, Am, Cm, Bk, Cf, Es, Fm, Md, No, Lr 61
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