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UNIVERSIDADE DO CONTESTADO - UNC CÍNTIA BOFF, DAILEN FINGER, GRASIELA SALVADOR E JULIANA PICOLOTO PATOLOGIAS EM ALVENARIAS E REVESTIMENTOS ARGAMASSADOS CONCÓRDIA 2017 2 UNIVERSIDADE DO CONTESTADO - UNC CÍNTIA BOFF, DAILEN FINGER, GRASIELA SALVADOR E JULIANA PICOLOTO PATOLOGIAS EM ALVENARIAS E REVESTIMENTOS ARGAMASSADOS Trabalho Acadêmico apresentado como exigência para obtenção de nota ou Título na disciplina de Patologia das Construções, do curso de Engenharia Civil, ministrado pela Universidade do Contestado – UNC, Campus Concórdia, sob Orientação do Professor Jefferson de Santana Jacob. CONCÓRDIA 2017 3 RESUMO Com o crescimento abundante da construção civil, a utilização das alvenarias e das argamassas de revestimento juntamente com seus componentes adicionais, podem trazer problemas futuros através de composição de traços incorretos, incompatibilidade nos projetos, escolha errada dos materiais, e principalmente pelo manuseio não qualificado em todas as fases da utilização. O trabalho pretende apresentar as principais causas das patologias nas alvenarias e nas argamassas, quer no estado fresco (plástico) como endurecido, resultando em trincas, empenamento, segregação, exsudação, retração, baixa resistência à abrasão, etc., como também as metodologias adequadas para evitar a ocorrência destas patologias. Palavras-Chave: Patologias. Construção. Argamassa. Alvenaria. 4 Lista de Figuras Figura 1 - Fissuras mapeadas em argamassas revestidas ....................................... 17 Figura 2 - Fissuras mapeadas em argamassas revestidas ....................................... 17 Figura 3 - Descolamento de placas ........................................................................... 19 Figura 4 - Fenômeno de empenamento .................................................................... 20 Figura 5 - Destacamento devido a presença de umidade ......................................... 21 Figura 6 - Eflorescência em alvenaria ....................................................................... 22 Figura 7 - Aparência do elemento após remoção de eflorescência ........................... 23 Figura 8 - Bolor .......................................................................................................... 24 Figura 9 – Muro com eflorescência ........................................................................... 25 Figura 10 - Localização da edificação aproximada ................................................... 25 Figura 11 - Croqui de localização da edificação ........................................................ 26 Figura 12 - Croqui fachada muro ............................................................................... 26 Figura 13 - Demonstração da localização do sol ....................................................... 27 Figura 14 - Patologia em alvenaria vista interna ....................................................... 28 Figura 15 - Patologia vista externa ............................................................................ 29 Figura 16 - Localização da edificação ....................................................................... 29 Figura 17 - Fachada da edificação ............................................................................ 30 Figura 18 - Croqui de localização .............................................................................. 30 Figura 19 - Representação 3D .................................................................................. 31 Figura 20 - Posição do sol ......................................................................................... 31 5 Lista de Tabelas Tabela 1 - Classificação de argamassas ................................................................... 10 Tabela 2 - Classificação de argamassas ................................................................... 11 Tabela 3 - Processo de deterioração de alvenarias e argamassas ........................... 14 Tabela 4 - Classificação das fissuras em alvenarias ................................................. 15 6 Lista de Gráficos Gráfico 1 - Período em que as patologias ocorrem ................................................... 12 Gráfico 2 - Origem das patologias ............................................................................. 13 7 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 8 1.1 Objetivos .............................................................................................................. 8 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 9 2.1 Alvenarias ............................................................................................................ 9 2.2. Argamassas ...................................................................................................... 10 2.3 Patologias em Alvenarias e Revestimentos Argamassados ......................... 12 2.3.1 Causas Mecânicas, Físicas, Químicas e Biológicas ................................... 13 2.3.2 Tipos de Patologias ........................................................................................ 15 2.3.2.1 Trincas e Fissuras ....................................................................................... 15 2.3.2.2 Retração ....................................................................................................... 18 2.3.2.3 Deslocamentos ............................................................................................ 19 2.3.2.4 Empenamento .............................................................................................. 19 2.3.2.5 Umidade ....................................................................................................... 20 2.3.2.6 Eflorescência ............................................................................................... 21 3. ANÁLISE DE ESTUDOS DE CASOS ...................................................... 24 3.1 Caso 01 ............................................................................................................... 24 3.2 Caso 02 ............................................................................................................... 27 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 32 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 33 8 1. INTRODUÇÃO No mundo das construções um determinado grau de patologias é encontrado em todas as fases de uma obra. Dificilmente encontramos obras sem algum erro cometido por qualquer um de seus colaboradores, desde o projeto inicial até seu acabamento final. Alvenarias e argamassas revestidas são itens fundamentais para as construções, proporcionandoestabilidade variando conforme a necessidade de acordo com onde estão sendo aplicadas. De um modo geral, as argamassas e as alevenarias devem satisfazer as condições de resistência mecânica, compacidade, impermeabilidade, constância de volume, aderência e durabilidade. Pode-se analisar a deterioração prematura de um revestimento, por exemplo, por suas diversas formas de ataque, que se classificam como físicas mecanicas, químicas e biológicas. Apesar do intenso uso dos revestimentos argamassados, é muito frequente a ocorrência de patologias nos mesmos, o que ocasiona prejuízos aos diversos setores envolvidos, podendo, em algumas circunstâncias, causar graves acidentes. A diminuição da incidência de patologias pode contribuir na redução dos custos para as construtoras, durante o período de garantia, bem como na redução dos custos de operação e de manutenção. Diante deste contexto, torna-se importante o estudo das principais patologias incidentes sobre os revestimentos argamassados e a disponibilização desta informação como forma de se evitar o aparecimento sucessivo das patologias e a repetição continuada dos mesmos erros. 1.1 Objetivos Este trabalho tem como objetivo estudar as principais patologias nas estruturas de alvenaria e nos revestimentos argamassados, por meio de estudos teóricos dos principais erros, e também através do estudo de casos na cidade de Concordia e região, constituído de levantamento e análise das manifestações patológicas. O estudo dos casos servirá para evidenciar as principais patologias presentes, verificar o índice de ocorrência das mesmas e identificar as suas possíveis causas. 9 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Alvenarias É o sistema construtivo formado de um conjunto coeso e rígido unidos entre si, em fiadas horizontais que se sobrepõem uma as outras. Para Valle: Entende – se por “alvenaria” a associação de um conjunto de unidades de alvenaria (tijolos, blocos, pedras, etc) e ligante (s) que resulta num material que possuiu propriedades mecânicas intrínsecas capazes de construir elementos estruturais. Nas alvenarias antigas, as unidades de alvenaria eram, vulgarmente, a pedra ou o tijolo cerâmico, eventualmente reforçada com estrutura interna de madeira. (VALLE, 2008, p.2) Ainda segundo Valle (2008), as estruturas de alvenaria abordam métodos de aprendizagem de tentativa e erro, associados aos elementos estruturais de resistente a transmissão de esforços solicitantes de tração e compressão da estrutura. Aparentemente as estruturas não tem ligação em seus elementos, mas mesmo assim algumas estruturas demonstram sua capacidade e eficácia durante anos. Para Nascimento (2002), a estruturação de alvenarias pode ser dividida em dois grupos, quanto à utilização e função, bem como a estrutura adotada para receber cargas definidas em projetos, ou somente para vedação, as quais podem ser definidas por “alvenarias auto portantes” e “alvenarias de vedação”. A alvenaria auto portante ou alvenaria estrutural tem como principal característica dispensar a utilização de vigas e pilares, ficando a cargo dos blocos estruturais o papel de resistir aos esforços solicitantes da obra. Em alvenarias vedação ou convencionais, como popularmente conhecidas, tem função primordial em uma edificação de promover a vedação, a partir da separação de ambientes e fachadas. Neste tipo de construção, todo o peso é absorvido pela estrutura de pilares e vigas, afirmando então, que este tipo de alvenaria não a desempenho estrutural. 10 2.2. Argamassas Argamassas são materiais de construção de mistura homogênea com mistura de um ou mais aglomerantes, agregados miúdos e água, podendo conter ainda aditivos e adições minerais. São empregadas para assentamento de tijolos, blocos, pastilhas, azulejos, etc. Servem ainda para revestimento de paredes, tetos, e para regularização de pisos e reparos de peças de concreto. Carasek (2007) aborda a classificação das argamassas relacionando a alguns critérios. Essa apresentação é demonstrada abaixo: Tabela 1 - Classificação de argamassas Critério de Classificação: Tipos: Quanto à natureza do aglomerante Argamassa aérea Argamassa hidráulica Quanto ao tipo de aglomerante Argamassa de cal Argamassa de cimento Argamassa de cimento e cal Argamassa de gesso Argamassa de cal e gesso Quanto ao número de aglomerantes Argamassa simples Argamassa mista Quanto à consistência da argamassa Argamassa seca Argamassa plástica Argamassa fluida Quanto à plasticidade da argamassa Argamassa pobre ou magra Argamassa média ou cheia 11 Argamassa rica ou gorda Quanto à densidade da massa da argamassa Argamassa leve Argamassa normal Argamassa pesada Quanto à forma de preparo ou fornecimento Argamassa preparada para obra Mistura semipronta Argamassa industrializada Argamassa dosada em central Fonte: Carasek, 2007. As argamassas ainda podem ser classificadas quanto ao seu emprego, para Carasek (2007): Tabela 2 - Classificação de argamassas Função Tipo Construção de Alvenarias Argamassa de assentamento (elevação de alvenaria); Argamassa de fixação, ou encunhamento – alvenaria de vedação; Para revestimento de paredes e tetos Argamassa de chapisco; Argamassa de emboço; Argamassa de reboco; Argamassa de camada única; Argamassa para revestimento decorativo monocamada; Para revestimento de pisos Argamassa de contrapiso; Argamassa de alta resistência 12 para piso; Para revestimentos cerâmicos (paredes e pisos) Argamassa de assentamento de peças cerâmicas; Argamassa de rejuntamento Para recuperação de estruturas Argamassa de reparo Fonte: Carasek, 2007. 2.3 Patologias em Alvenarias e Revestimentos Argamassados Usualmente, quando se contrata uma construtora e engenheiros para a realização de um projeto, o resultado inicial é satisfatório, atendendo as necessidades exigidas pelo proprietário. No entanto, há projetos que podem contribuir para a execução de uma obra com mais qualidade, que passam despercebidos, e que são notados no decorrer ou tempo depois do termino da obra. De acordo com Verçoza (1991) os principais problemas relacionados à construção civil podem ser classificados da seguinte forma: “40% referem-se ao projeto; 28% referem-se à execução; 18% referem-se aos materiais utilizados; 10% referem-se ao mau uso; 4% referem-se ao mau planejamento”. Gráfico 1 - Período em que as patologias ocorrem Fonte: Duarte et. al (2010) Periodo em que Ocorrem as Patologias Projeto Execução Materiais Mau Uso Mau Planejamento 13 Normalmente as patologias começam a aparecer dentro dos quatro anos de construção. Observa-se que durante a obra o aparecimento de patologias tem um porcentual pequeno, pois se leva em conta os erros de detalhamento do projeto, que vão sendo corrigidos ao longo da execução. Em relação ao primeiro até o quarto ano as patologias vão se agravando, pois nessa época, a escolha dos materiais errada e os traços incorretos costumam a relatar em problemas visíveis. Gráfico 2 - Origem das patologias Fonte: Duarte et. al (2010) A falta de detalhamento é e sempre foi o maior erro cometido em relação à realização de obra. No entanto, a escolha errada dos materiais, e a execução sem qualidade levam ao aparecimento de patologias dentro dos agentes físicos mecânicos e químicos, que aparecem ao longo do tempo, sem quese possa evitá- los. 2.3.1 Causas Mecânicas, Físicas, Químicas e Biológicas Para Carasek (s.d), a deterioração dos elementos de alvenaria, bem como dos revestimentos argamassados é decorrente de diversas formas de ataque, as quais podem ser classificadas em mecânicas, físicas, químicas e biológicas. Ainda para Carasek: [...] No entanto, essa distinção entre os processos é meramente didática, pois, na prática, os fenômenos frequentemente se sobrepõem, sendo, Origem que levou ao aparecimento da Patologia: Projeto (55%) Execução (31%) Materiais (11%) 14 portanto, necessário considerar também as suas interações. Além disso, geralmente, os problemas nos revestimentos se manifestam através de efeitos físicos nocivos, tais como, desagregação, descolamento, vesículas, fissuração e aumento da porosidade e permeabilidade. (CARASEK, s. d, p.1) Segundo Souza e Ripper (1998), causas intrínsecas são os processos de deterioração, ocasionadas durante a construção ou utilização da mesma, falhas humanas. Ocorre por ação do próprio material e por ação externa, ou seja, acidentes. As causas extrínsecas por Souza e Ripper (1998), independem do corpo estrutural das obras. O fator primordial para que esse processo transcorra, são as ações externas, de outra forma, são vistas como os fatores que atacam de “fora para dentro” durante a concepção e a vida útil da mesma. Tabela 3 - Processo de deterioração de alvenarias e argamassas Fonte: Souza e Ripper, 1998. Processos de deterioração Mecânica Choque de veículos; Recalque de fundações; Ações imprevisíveis (acidentes), etc. Químicas Ar e gases; águas agressivas; águas puras; Reações de sulfatos, etc. Biológicas Crescimento de microrganismos; Crescimento de vegetação, etc. Física Variação de temperatura; Movimentação na interface de diferentes materiais; Insolação; Ação de águas, etc. 15 2.3.2 Tipos de Patologias 2.3.2.1 Trincas e Fissuras Para Cassotti (2007), as trincas e fissuras são problemas patológicos que atingem as edificações, e podem interferir na estética, durabilidade e características estruturais da obra. As mesmas podem surgir em diferentes fases de projeto, bem como em fundações, estrutural, arquitetônico, instalações hidráulicas, elétricas, na execução de alvenarias, etc. Podem ser classificadas quanto a forma de manifestação, a atividade e a variação de temperatura: Tabela 4 - Classificação das fissuras em alvenarias Fonte: Página revista téchne 1 Tecnicamente, e de forma geral, as fissuras são denominadas de diversas formas, variando conforme sua espessura. Segundo a ABNT - NBR 9575 – 2003, microfissuras são aberturas com espessura inferior a 0,05 mm, fissuras inferior ou igual a 0,5 mm, e trincas maiores que 0,5 mm e inferior a 1,0 mm. 1 Disponível em:<http://techne17.pini.com.br/engenharia-civil/160/trinca-ou-fissura-como-se-originam- quais-os-tipos-285488-1.aspx> Acesso em 27. Out. 2017. Fissuras Geométricas Ativas Passivas Sazonais Progressivas Fissuras Mapeadas Passivas Ativas Sazonais 16 As fissuras ativas são aquelas que dão progresso ao seu estado, pode ser pelo aumento de sua largura, bem como o comprimento longitudinal. As ativas podem tem uma subdivisão, que são as sazonais (ocorrem devido a variação térmica e a umidade), e as progressivas (são aquelas que podem causar problemas estruturais devido seu avanço). Já as passivas, não há variação do seu tamanho ou largura com o passar do tempo, de forma geral, tem seu avanço estacionado. A fissuração pode ocorrer antes ou depois do endurecimento do concreto. Suas principais causas são relacionadas aos problemas á seguir: Antes do Endurecimento: Depois do Endurecimento: Sobrecarga Estrutural; Variações térmicas; Carbonatação do cimento; Reação álcali-agregado; Corrosão do aço Química; Retração de secagem; Movimento durante a execução; Assentamento plástico; Perda De água; Areias com retração Físicas; Movimento da sub-base; Movimento do concreto fresco; Dentre todos esses processos que podem relatar em fissuras, seu formato divide-as em tipos, entre eles: a) Fissuras mapeadas: Essas fissuras distribuem-se por todo o revestimento e são recorrentes da retração. Diversos os fatores que contribuem para esse tipo de fissuras, destacando-se as argamassas com baixa retenção de água, a cura imprópria, a falta dela e a aderência com a base, a retração da argamassa por excesso de finos, ou o cimento como único aglomerante e água de amassamento. As condições climáticas tem uma grande influencia, devido à aplicação em dias muito quentes, podendo provocar uma hidratação precoce, causando essas fissuras mapeadas. 17 Figura 1 - Fissuras mapeadas em argamassas revestidas Fonte: Página Fórum da Construção 2 b) Fissuras Horizontais: Essas fissuras são decorrentes da argamassa por hidratação retardada do oxido de magnésio da Cal, ou pela expansão da argamassada devido o ataque dos sulfatos. As fissuras horizontais ocorrem principalmente no topo das paredes, onde os esforços a compressão do peso próprio são maiores que nos demais lugares do corpo. Figura 2 - Fissuras mapeadas em argamassas revestidas Fonte: Página Imaizumi Engenharia 3 2 Disponível em: < http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=36&Cod=287> Acesso em 27. Out. 2017 3 Disponível em: http://www.imaizumiengenharia.com.br/noticias/detalhe/3> Acesso em 27. Out. 2017 18 2.3.2.2 Retração Esse fenômeno ocorre através da redução de volume, devido à secagem muito rápida pela ação do sol e do vento, principalmente por causa da perda de água da argamassa para o ambiente, por evaporação, e para a base de aplicação. A retração evolui durante a pega e após o endurecimento das argamassas, em condições normais de exposição ao ar. A retração que ocorre com a argamassa ainda fresca é uma questão de contração volumétrica do material pela saída da água de mistura. Na argamassa endurecida, após a saída da água livre presente nos vazios capilares, a retração é provocada pela perda da água adsorvida, isto é, perda da água que está fisicamente aderida à parede dos vazios capilares da pasta. Para que ocorra a reação química completa, entre o cimento e a água, são necessários cerca de 2 a 32% de água em relação à massa de cimento. Portanto, um fator médio de água/cimento de 40% é suficiente para a hidratação completa do cimento. Podem-se considerar três tipos de retrações: a) Retração de secagem: Processo onde se adiciona agua, acarretando a retração da secagem que esta relacionada à quantidade adicionada, logo após a agua. Esse tipo de retração está relacionado a diversos fatores, que potencializam seus valores, através da quantidade de cimento; relação água/cimento; finura e composição química do cimento; cura; granulometria dos agregados; umidade relativa; forma geométrica; adensamento e espessura. b) Retração química: a reação química entre o cimento e a água acarreta em perda de volume, onde de reação sofre uma retração de cerca de 30% do seu volume original. c) Retração plástica: a retração plástica é característica de concreto fresco, causado pela tensão capilar da água nos poros do concreto. Ocorrem nas primeiras horas depois da mistura do concreto, poucodepois do desaparecimento do brilho da pasta úmida. Sua causa ocorre quando a perda d’água por evaporação superficial supera a quantidade de água de exsudação, ativando forças capilares na água dos poros. 19 2.3.2.3 Deslocamentos Esse processo ocorre principalmente em placas endurecidas pela formação de vazios abaixo da camada de revestimento. Suas principais causas são argamassa muito rica ou pouca aderência à superfície de base. Quando a casca do descolamento mostra-se quebradiça, uma das possíveis causas é a argamassa magra ou aplicação prematura de tinta impermeável sobre o reboco. O reparo consiste na substituição completa do revestimento.Outra causa seria o empolamento que acontece devido à hidratação tardia da cal e o excesso de umidade. O reparo consiste na substituição do reboco. Figura 3 - Descolamento de placas Fonte: Arquiteta Dra. Monica Kofler (2016) 4 2.3.2.4 Empenamento Esse fenômeno trás como consequência, distorções das bordas e cantos de uma placa, que ocorrem através da umidade entre as fases do corpo. Esse processo está relacionado com o fenômeno de retração, conduzindo a perda de aderência, fissuras, má funcionamento das juntas, devido à perda de contato da placa com a sub-base, piorando também com o nivelamento. A exsudação, a cura diferenciada e o posicionamento de armaduras, são os principais fatores que causam o empenamento. 4 Disponível em: <https://www.slideshare.net/MonicaKofler/aula-arquitetura-patologias-e- revestimentos> Acesso em 30. Out. 2017 20 Figura 4 - Fenômeno de empenamento Fonte: Congresso Brasileiro do Concreto (2010) 2.3.2.5 Umidade Esse tipo de patologia pode ocorrer por varios fatores, e em diversos elementos das edificações. É fator essencial para o aparecimento de bolores, eflorescência, ferrungens, mofo, perda de pinturas, e até causa de acidentes estruturais As umidades podem manifestar-se de diversas formas e tem as seguintes origens: causadas durante a construção, por capilaridade, por chuvas, condensação e resultantes de vazamento em redes hidráulicas. A umidade se manifesta através dos problemas abaixo: Vazamento e goteiras nos telhados; Vazamentos em lajes de cobertura; Vazamentos em pisos e paredes; Vazamentos em reservatórios. A chuva é o agente mais comum para gerar umidade, tendo como fatores importantes à direção e a velocidade do vento, a intensidade da precipitação, a umidade do ar e fatores da própria construção (impermeabilização, porosidade de elementos de revestimentos, sistemas precários de escoamento de água, dentre outros). Segundo (ABNT 9575, 2003), para evitar a patologia relacionada à umidade, é importante que o projetista elabore ainda em fase de concepção do projeto de modo 21 eficiente e adequado evitando a passagem indesejável de fluidos, proteger as estruturas, etc. Quando detectada a causa, é importante realizar reparos o mais breve possível, evitando assim a danificação dos demais elementos construtivos, uma vez que os mesmos tendem se destacar quando presentes a umidade. Para a solução desta patologia é necessário realizar a retirada de todo o revestimento atacado e refazê-lo com aplicação de produtos adequados para impermeabilização. Figura 5 - Destacamento devido a presença de umidade Fonte: as autoras 2.3.2.6 Eflorescência Segundo Silva (2011), conforme citado por Santos e Silva Filho (2008), eflorescência pode ser predeterminada como depósitos salinos de metais alcalinos (sódio e potássio) e alcalinos - terrosos (cálcio e magnésio), que surgem na superfície de revestimento, como paredes, tetos, pisos, etc. Tem 22 aparência esbranquiçada e muitas vezes, pode ser agressiva causando degradação profunda. Figura 6 - Eflorescência em alvenaria Fonte: Página Souza Filho Impermeabilizantes 5 A ocorrência desta patologia é causada por três fatores principais, teor de sais presentes nos componentes e matérias, presença de água e a pressão hidrostática, originando a eflorescência, aflorando a mesma a superfície. Outros elementos podem causar essa manifestação patológica, os quais podem ser a quantidade de solução formada, o quanto da solução irá imergir, a elevação da temperatura, a qual aumenta a velocidade de evaporação favorecendo a solubilização dos cristais salinos, a porosidade dos elementos, entre outros. Para solucionar essa patologia, na maioria dos casos, é usar uma escova de aço realizando a limpeza do local, lavando com água em abundante. Existem ainda produtos químicos para realiza a remoção de alguns tipos de eflorescência, necessitando de estudo minucioso do elemento químico, visto que a utilização de produtos incorretos pode afetar na durabilidade do elemento construtivo. . 5 Disponível em: https://souzafilho.com.br/blog/posts/eflorescencia> Acesso em 30. Out.2017 23 Figura 7 - Aparência do elemento após remoção de eflorescência Fonte: Página Votorantin Cimentos 6 2.1.9 Bolor Esse fenomeno caracteriza-se pelas manchas esverdeadas ou escuras (mofo) e desagregação da argamassa. Entre as possíveis causas estão à umidade constante e falta de exposição ao sol. Essa patologia provoca alteração na superfície, exigindo na maioria das vezes a recuperação ou até mesmo a necessidade de se refazer revestimentos. O crescimento de bolor está diretamente ligado, à existência de umidade. É comum o emboloramento em paredes umedecidas por infiltração de água ou vazamento de tubulações. A prevenção para que o bolor não aconteça, deve ser tomada ainda em fase de projeto, garantido a edificação uma boa ventilação, iluminação e insolação adequada, reduzindo o risco de condensação da superfícies internas, e evitando riscos de infiltração, uma vez que a umidade está presente nesses tipo de patologia. Para a remoção da patologia, é necessária a utilização de soluções fungicidas, ou até mesmo a remoção da do substrato afetado, por outros que tenham resistência ao crescimento desta patologia. 6 Disponível em: http://www.mapadaobra.com.br/inovacao/atendimento-tecnico-da-votorantim- resolve-eflorescencia-nos-rejuntes-de-imovel Acesso em: 30. Out.2017 24 Figura 8 - Bolor Fonte: Eliseu Mezzomo da Silva (2016) 3. ANÁLISE DE ESTUDOS DE CASOS Neste capitulo será realizado estudos de casos de patologias em edificações no município de Concórdia e Irani – SC, cidades distantes 42,5 Km (quilômetros), as quais possuem variações climáticas semelhantes, sendo elas uma edificação residencial com fissuras horizontais, e um muro com eflorescência. 3.1 Caso 01 Identificação da Obra: Rua: Passos Maia – Planalto –SC. Idade da Obra: aproximadamente 3 anos. Obs: Muro, constituido por alvenaria estrutural. (Os pilares servem para ter sustentação para uma cerca de metal que ainda não foi feita.) Diagnóstico: A patologia identificada foi eflorescência. Por se tratar de um local com mais presença de cimento a eflorescência acontece com maiores frequência, isso porque na ocorrência de das chuvas a água escorre por dentro dos blocos, dissolvendo a “cal livre” que se está acumulada. 25 Prognóstico: Para evitar esse tipo de patologia, devem-se utilizar impermeabilizantes como argamassas poliméricas ou silicones hidrufugantes (siliso) e pinche (igol), paraevitar a retenção de água na argamassa, assim evitando a eflorescência. Solução: A solução para este caso seria revestir com um pinche asfáltico, após isto, rebocar o mesmo utilizando aditivos próprios para bloquear a absorção da água. Figura 9 – Muro com eflorescência Fonte: as autoras Localização da Edificação Residencial através do Google Earth Figura 10 - Localização da edificação aproximada Fonte: Google Earth MURO COM PATOLOGIA 26 Croqui da Localização da Obra Residencial com Patologia: Figura 11 - Croqui de localização da edificação Fonte: as autoras Croqui do Muro com patologia (Vista Frontal): Figura 12 - Croqui fachada muro Fonte: as autoras Localização do Sol: Através do aplicativo “SEI ONDE PASSA O SOL” encontrado no link: http://www.seionde.com.br podemos localizar a posição do sol para região de Concórdia, distrito de Planalto - SC onde foi identificado à posição Leste para o nascer, e Oeste para o por do sol. EFLORESCÊNCIA 27 Figura 13 - Demonstração da localização do sol As escolhas dos materiais inadequados, que serão expostos diretamente com as intempéries, podem levar a deterioração antes do seu tempo natural, podendo ser um dor principal motivos das patologias em fachadas e muros. Um muro de blocos cerâmicos, expostos ao sol que é um forte agente químico, pode perder as suas características de resistência, colaborando para diversas esse tipo de patologia florescer. Em relação ao muro analisado, os raios solares não contribuíram tanto para a patologia, pois o muro não fica exposto ao sol durante o dia, porem, trata-se de um local com bastante umidade por fazer sombra o dia todo, o que colabora para dissolução da cal, causando a eflorescência. 3.2 Caso 02 Identificação da Obra: Edificação Residencial Rua: Ângela Griza – Irani –SC. Idade da Obra: aproximadamente 15 anos. Fonte: www.seionde.com.br 28 Diagnóstico: A patologia identificada é fissura horizontal. Ocasionada possivelmente devido aos traços de massa para reboco feito em duas etapas. A exposição direta a radiação solar, contribuiu para a aceleração no processo de dilatação entre ambas as massas, resultando em fissuras. A fissura se da, de maneira mais objetiva, na argamassa, elemento menos resistente do conjunto. Prognóstico: Para evitar esta patologia, primeiramente, o engenheiro deve ter em mente a probabilidade de ela ocorrer, e desta forma projetar os elementos da região superior de forma que os mesmos consigam resistir ao máximo às dilatações. Em segundo lugar saber que os materiais de impermeabilização, geralmente na cor preta, retêm o calor, e isso contribui para as dilatações. Solução: Para esse caso, obtemos duas alternativas; a mais utilizada devido ao baixo custo seria a utilização de argamassa corrida para corrigir as imperfeições e evitar novas dilatações. Porém, o mais correto seria a remoção total do emboço da alvenaria, reembolsando novamente a parede com o traço correto, sendo assim, a alternativa com custos mais elevados. Figura 14 - Patologia em alvenaria vista interna Fonte: as autoras 29 Figura 15 - Patologia vista externa Fonte: as autoras Localização da Edificação Residencial através do Google Earth: Figura 16 - Localização da edificação Fonte: Google Earth EDIFICAÇÃO RESIDENCIAL 30 Vista Frontal da Edificação Residencial através do Google Earth: Figura 17 - Fachada da edificação Fonte: Google Earth Croqui da Localização Da Edificação com Patologia: Figura 18 - Croqui de localização Fonte: as autoras 31 Croqui da Edificação com Patologia (Planta 3D): Figura 19 - Representação 3D Fonte: as autoras Localização do Sol: Através do aplicativo “SEI ONDE PASSA O SOL” encontrado no link: http://www.seionde.com.br podemos localizar a posição do sol para a Cidade de Irani - SC onde foi identificado o nascer do sol no sentido Leste, e o por do sol sentido Oeste. Figura 20 - Posição do sol Fonte: www.seionde.com.br FISSURAS 32 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho procurou reunir e demonstrar patologias em alvenarias e revestimentos argamassados, juntamente com suas causas e possíveis soluções. Inovações tecnológicas têm como objetivo o aprimoramento e racionalização neste setor da construção civil. Salienta-se a necessidade de uma mão de obra especializada, sendo esta responsável por grande parte do surgimento de patologias. A previsão e prevenção do mesmo iniciam-se ainda na fase inicial, evitando o surgimento de patologias ao decorrer do tempo. Na análise de estudos de caso, observou-se que entre nossas edificações, a eflorescência é uma das manifestações patológicas mais comuns, ela se dá devido à presença de Hidróxido de Cálcio e por haver uma maior presença de cimento que em exposição à chuva ocorre este fenômeno. Após o surgimento, a solução resume- se em bloquear a passagem de água no local. Outro problema apresentado é a infiltração, devido à umidade que está presente em todas as fases de uma edificação, desde o projeto até sua manutenção. O problema designa-se pelo acumulo de água que se distribui e é absorvido causando bolor e estufando a pintura, isto pela má ou inexistente impermeabilização da edificação. A localização do Sol, e as intempéries do tempo, são fatores que contribuem muito para futuras patologias. O estudo da região, e do local aonde será feita a construção é de máxima importância para a elaboração de um projeto adequado. Para se obter mais eficácia e economia se faz necessário primeiramente um estudo do local, levando em consideração o clima e método de execução do futuro projeto, seguindo as recomendações e se disponibilizando por uma mão de obra especializada, a construção visará melhores resultados e promovendo uma durabilidade satisfatória em relação a patologias. 33 REFERÊNCIAS CINCOTTO, M. A. Patologia das argamassas de revestimento – análise e recomendações. 1983. 25 f. Monografia 8 – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S/A – IPT, São Paulo, 1983. MONTE, R.; UEMOTO, K. L.; SELMO, S. M. S. Qualificação de aditivos incorporadores de ar para argamassas de assentamento e revestimento. In: Simpósio Brasileiro de Tecnologia de Argamassas, 5º. Anais... São Paulo, 2003, p. 181-194. NEVILLE, A.M. Propriedades do Concreto.1ed. São Paulo: Pini, 1982. 828p. DUARTE, Rafael et al. Principais patologias no concreto. Minas Gerais: 2010. 12 slides, color. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfbkYAF/patologias-construcao-civil>. Acesso em: 10 out. 2017. SILVA, J.M.; ABRANTES, V. Patologia em paredes de alvenaria: causas e soluções. In: Seminário sobre Paredes de Alvenaria – Inovação e possibilidades atuais. Universidade do Minho. Lisboa. 2007. 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